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Pesquisa busca identificar causas de gestação de alto risco no Vale

Postado em 20/02/2017 15h02min

Por Nicole Morás

 A saúde materna das mulheres do Vale do Taquari está em estudo por meio de uma pesquisa realizada na Univates com o objetivo de investigar as principais morbidades que atingem as gestantes de alto risco e que possivelmente comprometem o desenvolvimento do bebê no período gestacional, impactando na saúde do bebê e da mãe. A investigação “Análise da Atenção à Saúde Materno-Infantil” é realizada em parceira com o Ambulatório de Gestação de Alto Risco (Agar), com abrangência do Vale do Taquari, e sob a coordenação da professora doutora Ioná Carreno.
 
Segundo Ioná, embora ainda sejam dados parciais, já é possível identificar que a primeira consulta no ambulatório ocorre, geralmente, no segundo trimestre de gestação, ou seja, da metade para o final da gravidez. “Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, mais a gestante será monitorada e haverá menos prejuízo para a saúde da mãe e do bebê. Muitas vezes alguma situação de saúde que é mais sutil durante a gestação se agrava no momento do parto, quando fica mais difícil tomar medidas que reduzam possíveis complicações”, afirma.
 
Para evitar essas complicações, Ioná ressalta a importância da realização do  pré-natal. “O acompanhamento realizado por uma equipe treinada e interdisciplinar, com uma estrutura adequada, não deixa com que a gravidez de alto risco se torne grave, garantindo uma gravidez mais saudável para mãe e bebê”, explica. Acrescenta que, na maioria das vezes, o pré-natal é realizado na Unidade Básica de Saúde, facilitando o acesso a toda população, e que o não comparecimento no pré-natal pode gerar problemas durante a gravidez, parto e até no pós-parto.
 
Ao final, o estudo deve contemplar a análise das gestantes atendidas no Agar durante o período de 2014 a 2016. Dados preliminares de 2014 apontam que a ocorrência de hipertensão gestacional, diabetes mellitus gestacional, depressão, aumento de idade são os principais fatores de risco registrados. O perfil do grupo de gestantes de alto risco do ano de 2014 foi, na sua maioria, de mulheres de 30 a 34 anos, de cor branca, com ensino fundamental, com companheiro e grávidas do segundo filho ou mais.
 
Além de analisar e discutir  as condições de nascimento desses bebês na região, a pesquisa também analisará o perfil sociodemográfico, obstétrico e neonatal de pacientes atendidos pelo AGAR e investigará o acesso aos serviços de saúde prestados pelo ambulatório às gestantes de alto risco.
 
Segundo Ioná, a partir dos dados da pesquisa será possível analisar as estratégias desencadeadas pelos profissionais da saúde e as políticas públicas de saúde vigentes em relação à saúde materno-infantil. “Conseguiremos ter uma ideia do impacto do Agar na saúde das gestantes e nas condições de saúde dos seus bebês na região do Vale do Taquari, podendo avaliar lacunas que possam constituir oportunidades para a criação de estratégias que venham a beneficiar a saúde materno-infantil”, afirma a coordenadora da pesquisa.
 
O estudo conta com a participação de cinco professores dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Antropologia, quatro bolsistas (uma Bolsa de Iniciação Tecnológica e três Bolsas de Iniciação Científica) e financiamento da Univates e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Até o momento foram apresentados dois Trabalhos de Conclusão de Curso e dois artigos científicos  foram aprovados para publicação em 2017. O grupo de pesquisa tem vasta publicação de artigos científicos na área da saúde coletiva e saúde materno-infantil com dados da região. 
 
Motivo de encaminhamento ao Agar (fator de risco)
Hipertensão Arterial Sistêmica - 21%
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) - 12,9%
HAS + DMG - 4,7%
Outros - 15,9%
Alterações em exames laboratoriais - 10,7%
Idade - 7,7%
Depressão - 7,3%
DM + TPP + > 35 anos - 5,6%
Aborto - 3,9%
RCIU  - 3%
HIV - 2,6%
Toxoplasmose - 2,1%
Gemelar - 0,9%
Câncer de Colo - 0,9%
Ignorado  - 0,9%
 
Multidisciplinariedade
 
Para tratar da questão da gravidez de alto risco de forma multidisciplinar, a pesquisa conta com a participação dos seguintes cursos:
Enfermagem - coordenação da pesquisa, trabalho sobre epidemiologia e políticas públicas
Medicina -  abordagem da obstetrícia baseada em evidências científicas
Psicologia - abordagem das formas de enfrentamento da gestação de alto risco, de casos de  violência contra a mulher, depressão, aborto, falta de planejamento familiar, relacionamento familiar
Nutrição - análise de recordatório alimentar, Índice de Massa Corporal (IMC), aumento de peso, aleitamento materno e início da alimentação infantil
Área de Humanidades - análise das condições sociais e culturais materno-infantil e ênfase na saúde das imigrantes haitianas
 
Texto: Nicole Morás

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