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Professor aborda desdobramentos midiáticos do caso da Bruxa do Guarujá em tese de doutorado

Postado em 26/10/2017 11h37min e atualizado em 26/10/2017 11h41min

Por Artur Dullius

Docente dos cursos de Comunicação Social da Univates Micael Behs agora é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos. Concluída em junho, a tese abordou o processo de midiatização do caso da Bruxa do Guarujá (mulher que foi confundida com uma sequestradora de crianças, sendo linchada e morta por populares) e buscou analisar a forma que os boatos são geridos nas redes digitais.

Artur Dullius

Alocado na linha de pesquisa em Midiatização e Processos Sociais, Behs levou em conta três objetos empíricos para a análise: a página Guarujá Alerta no Facebook, o site jornalístico Folha.com e as suas respectivas seções de comentários. “As construções de sentido em torno do caso se desdobram a partir de interações entre os três meios em análise. A página e o site desenvolvem estratégias distintas de acesso ao seu sistema, situação que desencadeia experiências autorregulatórias, assim como confusões entre produção e recepção produtiva”, explica Behs. Segundo o pesquisador, todo usuário da internet hoje se configura como um ator social midiatizado, compartilhando a mídia corporativa o poder de agendamento dos temas discutidos pela sociedade.

A análise se baseou nos conceitos de circulação, midiatização, boato, incerteza e disrupção, demonstrando o potencial do funcionamento das redes e reiterando o lugar mediador que segue reservado ao jornalismo em tempos de indistinção entre produtores e receptores de meios semiotécnicos. “A pesquisa me permitiu ver que, ao contrário de uma sociedade de fluxos unidirecionais, em que a dinâmica de disseminação do boato é mais linear e previsível, a conectividade permite lateralidades e bifurcações que conduzem essas histórias às mais diversas interpretações”, afirma o professor.

A tese, aprovada com nota 10 pela banca examinadora, foi orientada pelo professor Dr. Jairo Ferreira e envolveu a análise de mais de 4 mil comentários. Segundo Behs, a extensa análise permitiu constatar que, no caso analisado, coube ao campo jornalístico, prioritariamente, realizar um trabalho de curadoria de conteúdos, legitimando a sua narrativa por meio de um esforço de checagem de informações já disseminadas em rede. “É gratificante ver que algo que você escreveu tem uma contribuição a oferecer para o campo da comunicação, no qual cada vez mais se discute o poder de alastramento de informações falsas e as consequências desse fenômeno", conclui.