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Aula compartilhada de Humanidades propõe debate sobre corrupção

Postado em 27/03/2015 10h01min

Por Tuane Eggers

A área de Humanidades da Univates iniciou, na última quinta-feira, dia 26, uma nova proposta de atividade: uma aula compartilhada sobre temas em comum entre diversas disciplinas. O tema do primeiro evento foi “Corrupção e mobilização social” e reuniu professores e estudantes das disciplinas de Temas Contemporâneos, Sociologia e Antropologia e Filosofia e Ética.

A partir de abordagens iniciais dos professores Mateus Dalmáz, Régis Casarin, Fabiane Bauman e Tiago Weizenmann, a proposta foi promover debate multidisciplinar, contando com a participação ativa dos estudantes. Dessa forma, Dalmáz iniciou as explanações fazendo resgate histórico das principais manifestações ocorridas nos últimos 30 anos no Brasil: Diretas Já, em 1984; Fora Collor, em 1992; junho/julho de 2013; e março de 2015. O professor justificou o período escolhido por ser exatamente o tempo em que se completam 30 anos de democracia no país.

De acordo com Dalmáz, nossa sociedade é considerada individualista, preocupada apenas com seus próprios interesses, e é muito raro encontrar algum ponto em comum para se mobilizar. “Somos conhecidos como a sociedade do espetáculo e, geralmente, somos seduzidos por temas midiáticos, algo para o qual a mídia nos seduziu de alguma forma”, explicou.

Para o professor, por mais que todos estivessem motivados a ir contra o sistema político de determinada época, foi somente quando a mídia transmitiu o que acontecia que foi possível atingir mais pessoas. “O fenômeno midiático trouxe às ruas muita gente. Gente que gostava de política, que se engajava nas causas, mas também gente que não entendia nada sobre o assunto”, ressaltou Dalmáz, acrescentando o caso do presidente Collor, em 1992, quando as pessoas não sabiam dizer qual era a sua corrupção, mas sabiam que “ele era corrupto”.

Sobre as manifestações de junho e julho de 2013, o docente comentou sobre a novidade da mobilização pela internet. “O que levou as pessoas às ruas foi o caso de que os fatos não eram apenas midiáticos, mas também estavam nas mídias interativas. Em março de 2015 foi a mesma coisa, pois o protesto foi amplamente divulgado por todas as mídias”, acrescentou.

Dalmáz lembrou que, para chamar a atenção de tanta gente ao mesmo tempo, a causa da mobilização assume caráter muito particular, em forma de espetáculo, e por isso torna-se tão sedutora. Para ele, os interesses envolvidos nessas manifestações costumam ser efêmeros. “Em resumo, as mobilizações foram interessantes, juntaram pessoas, apareceram na mídia, mas quando surgiu algo mais interessante elas se desfizeram”, completou.

Em seguida, o docente Régis Casarin abordou as diferenças sutis entre as manifestações de 2013 e de 2015: enquanto as primeiras surgiram de causas específicas, como o aumento da passagem de ônibus e lutas por causas de minorias, a de 2015 mostrou um viés mais conservador. “Neste ano, vimos a polarização em torno de um assunto, que é a corrupção”, destacou ele, acrescentando que, por terem foco mais amplo, as manifestações atuais devem ter continuidade.

Após, a professora Fabiane Bauman propôs aos participantes refletirem sobre o que é a corrupção, questionando se ela é mesmo algo atual ou se sempre existiu. Ao comentar sobre a polarização que existe hoje, alertou para o fato de que muitas pessoas estão pedindo a volta da ditadura militar. “Devemos ter a noção de que todas as manifestações hoje são muito bem-vindas sempre. Que bom que vivemos em um regime chamado democracia e que podemos ir às ruas protestar”, afirmou.

Citando o livro “A banalidade da corrupção”, de Céli Regina Jardim Pinto, a professora falou que existe hoje um discurso de demonização da política e dos partidos, com a ideia de que a sociedade civil é imune ao mal da corrupção. “Se a política possui esse viés corrupto é porque ela reflete a sociedade”, advertiu Fabiane. Como exemplo, ela citou as pequenas corrupções cotidianas que perpassam todas as classes sociais. “Quando falamos de corrupção, falamos de situações que permeiam tanto nossas relações diárias e pessoais quanto esse âmbito maior, que é a política e o governo. Mas é um engano pensar que basta tirar a presidente para acabar com a corrupção. É muito mais complexo do que isso”, comentou ela.

Fabiane complementou a ideia lembrando que não podemos considerar a corrupção limitada a um partido, a um governo ou a um regime político. “Será que somos mesmo mais corruptos hoje do que éramos antes? Não temos como quantificar isso, pois sabemos dos fatos quando eles são divulgados. Temos que lembrar que hoje existe mais investigação. De qualquer forma, a mídia não inventou a corrupção, mas ela cria discursos sobre o tema”, argumentou.

A atividade também contou com a presença da turma de Brasil Republicano II, do curso de História, disciplina ministrada pela professora Silvana Faleiro, além de estudantes de outras disciplinas e demais interessados. A previsão é que ocorram mais edições de aulas compartilhadas da área de Humanidades durante o ano.

 

Texto: Tuane Eggers

A partir de falas de quatro professores, aula compartilhada propôs debate multidisciplinar sobre a corrupção

Tuane Eggers

A partir de falas de quatro professores, aula compartilhada propôs debate multidisciplinar sobre a corrupção

Tuane Eggers

A partir de falas de quatro professores, aula compartilhada propôs debate multidisciplinar sobre a corrupção

Tuane Eggers

A partir de falas de quatro professores, aula compartilhada propôs debate multidisciplinar sobre a corrupção

Tuane Eggers

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Tuane Eggers

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Tuane Eggers

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