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Abordagem da crise hídrica na mídia é tema de pesquisa

Postado em 07/07/2015 11h02min

Por Nicole Morás

Nunca se falou tanto sobre água como no início deste ano, quando São Paulo enfrentou uma crise hídrica sem precedentes – apesar de estimativas que apontavam para isso e da realidade já vivenciada em locais como o Nordeste brasileiro e o Oriente. Na Univates, o assunto é tema de pesquisa das professoras Jane Mazzarino, Luciana Turatti e Margarita Gaviria Mejía, a partir de desdobramentos de estudos anteriores relacionados ao meio ambiente.

Coordenadora do projeto “Práticas ambientais e redes sociais: comunicação e cidadania”, Jane iniciou suas pesquisas na área ambiental há 14 anos. Já investigou sobre movimentos ambientais, interação entre atores sociais na coleta de resíduos domésticos e educação ambiental formal. Atualmente, o foco do grupo está nos processos de divulgação midiática dos temas ambientais por diferentes setores da sociedade – e, em especial, um recorte no quesito água.

Pesquisa sobre comitês de bacia
Há artigos em processo de finalização que abordam a divulgação de informações na internet pelos comitês de gerenciamento de bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul em 2013 e 2014. Os dados mostram que de 25 comitês em funcionamento no Estado, 16 não atualizam nem sites, nem redes sociais. “Há pouca atualização das informações num período semanal por parte dos comitês, com algumas exceções, o que mostra que eles não estão aproveitando as ferramentas virtuais para informar o cidadão sobre o assunto”, afirma Jane. Ela explica que foi identificado que 66% de todo o conteúdo analisado foi publicado apenas por quatro comitês, com uma média de um post por semana, geralmente contendo uma imagem e uma notícia.

A crise hídrica em São Paulo
Conforme Jane, em 2015 estão sendo verificados quais os enquadramentos e a frequência de divulgação sobre a crise hídrica em São Paulo ao longo de 2014 em 10 veículos de comunicação do governo e não governamentais. Outro estudo investiga os discursos em circulação na comunidade do Facebook “Crise da Água em São Paulo”. Nessa comunidade, os dados coletados são do período entre setembro de 2014 e março deste ano, resume a professora. 

Da mesma forma que o observado nos comitês de bacia gaúchos, uma análise preliminar aponta que o movimento social também não está usando de forma alternativa seus canais de comunicação, aplicando a mesma lógica da mídia tradicional. “A mídia pauta o movimento social e é preciso levar em conta que a mídia comercial utiliza muitas fontes oficiais. Geralmente esses veículos noticiam a temática a partir da tragédia, ou seja, quando há enchentes ou escassez. Os movimentos sociais compartilham essas notícias e verifica-se que há pouca variedade de fontes e, consequentemente, pouco espaço para a discussão pública”, argumenta.

Analisando previamente, Jane afirma que é possível dizer que a mídia não cumpre papel pró-ativo em relação a temas públicos, ficando a reboque dos acontecimentos. “Sabia-se que existiria a crise hídrica, mas era distante do cotidiano, por isso, a mídia e as pessoas em geral não se importavam muito”, analisa. Para Jane, a crise hídrica talvez tenha um lado positivo se vier a legitimar os comitês de bacia como espaço de debate sobre um tema público relacionado com a vida.

Áreas de pesquisas do grupo Práticas ambientais e redes sociais

1. Investigação sobre a situação no trato dos resíduos sólidos domésticos no Vale do Taquari
2. Processos de educação ambiental em escolas municipais de Lajeado
3. Midiatização de notícias sobre recursos hídricos em jornais gaúchos: estaduais e regionais
4. Produção de notícias sobre temas ambientais por Organizações Não Governamentais da área ambiental internacionais e nacionais
5. Informação ambiental ofertada por comitês de bacia hidrográfica gaúchos por meio de ferramentas da internet
6. A crise hídrica em São Paulo em notícias de sites de 10 organizações governamentais e não governamentais e na comunidade do Facebook “Crise da Água em São Paulo”

Texto: Nicole Morás

Projeto “Práticas ambientais e redes sociais: comunicação e cidadania investiga a crise hídrica

divulgação/FreeImages

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