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Vida que nasce no campus

Postado em 23/09/2016 11h41min

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Com área total de 566.262,59 m² e apenas 14,25% de área construída, o campus da Univates é formado por diversas áreas com cobertura vegetal que favorecem a reprodução de aves. Por isso, não é raro observar ninhos e filhotes, especialmente próximo aos espaços destinados a estacionamento. Para assegurar que vidas novas nasçam no campus, a equipe de gestão ambiental da Instituição monitora os ninhos periodicamente, isolando os locais ocupados. As espécies mais comuns são coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e quero-quero (Vanellus chilensis).

De acordo com a bióloga responsável pela ação, Cátia Gonçalves, o espaço arborizado e o cuidado com a desinsetização e desratização proporcionam um local propício à alimentação. “Tomamos todas as medidas sanitárias no interior dos prédios, conforme a legislação, mas fazemos um trabalho bastante minucioso para que a desinsetização e a desratização não afetem a área externa, já que insetos e roedores são alimentos para as espécies que encontramos no campus”, explica ela. Cátia acrescenta que há ninhos não só nas áreas gramadas, mas também no chão coberto com brita. “Fazemos um controle ostensivo e contamos com a ajuda de trabalhadores de serviços gerais e da comunidade acadêmica para detectar novos ninhos”, finaliza a bióloga.

Conforme o professor do curso de Ciências Biológicas, mestre Hamilton Grillo, a ocorrência de reprodução de aves no campus pode ser entendida como um indicador de qualidade ambiental. Ele explica que, como muitas espécies de aves não apresentam grande tolerância aos ambientes antropizados, especialmente ambientes urbanos, o grau de qualidade ambiental varia com o grau de tolerância de cada espécie em relação ao nível de integração entre ambiente urbano e elementos naturais presentes no campus. “Sem dúvida, a reprodução de espécies  aqui é um indicativo de que o sistema de gestão ambiental da Instituição vem trilhando bons caminhos nas questões ambientais do campus. Em artigo publicado em 2014 , sobre a avifauna do campus da Univates, foram listadas 114 espécies registradas em quatro anos de observação. Várias delas, como o sabiá-barranco, aracuã, coruja-buraqueira, beija-flor-dourado e gaturamo-serrador, se reproduzem aqui”, afirma ele.

Conforme Grillo, a importância dessas ocorrências está na reposição de animais para prestação de serviços ambientais, como aves que comem frutas e dispersam as sementes de árvores que, ao crescerem, capturam carbono, armazenam água e amenizam o aquecimento global. “Quanto à ocorrência no campus, demonstra a importância do local como refúgio da fauna em meio à urbe”, finaliza ele.

Também já houve registro de mamíferos pelo campus, como preás, esquilo-caxinguelê e ouriço-cacheiro, além de insetos, como a abelha-europeia (Apis melifera). Pessoas que circulem pelo campus e vejam ninhos habitados e não sinalizados podem avisar a Instituição pelo e-mail ouvidoria@univates.br para que a equipe de gestão ambiental providencie o isolamento.

Saiba mais: reprodução de aves na região
Conforme o professor Hamilton Grillo, no Vale do Taquari, a reprodução da maioria das aves silvestres está condicionada à elevação de temperatura e ao aumento das horas de iluminação solar na primavera e no verão. Essas características ambientais também interferem na reprodução de outros animais e na floração e frutificação das plantas, fornecendo mais alimento para as aves e seus filhotes do que no outono e no inverno. Sendo assim, no período do ano no qual estamos entrando, é bastante comum que sejam encontrados filhotes de aves em ninhos ou iniciando suas atividades fora deles.

“É de extrema importância para os filhotes que, se vistos no chão ou em qualquer local, não sejam removidos de onde estão, pois os pais estarão esperando que as pessoas saiam de perto para poder alimentá-los. A alimentação de muitos filhotes não pode ser reproduzida em cativeiro, quer em qualidade ou em quantidade. A maioria dos filhotes retirados de onde estão tem maior chance de morrer do que sobreviver com alimentação artificial. Quanto mais novo o animal, menores as chances de viver. Nenhum ser humano se dispõe a catar centenas de inseto por dia nem realizar centenas de alimentações por dia. Portanto, é melhor conter-se e deixar o filhote onde for encontrado”, alerta ele.

Texto Nicole Morás

Coruja-buraqueira é uma das espécies encontradas no campus

Nicole Morás

Filhotes de quero-quero também podem ser vistos no campus da Univates

Tuane Eggers/Arquivo

Equipe de Gestão Ambiental da Univates monitora ninhos na área do campus

Nicole Morás

Coruja-buraqueira é uma das espécies encontradas no campus

Dieter Uhl/Arquivo

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