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Pesquisa analisa uso de vermicompostagem em solos contaminados

Postado em 29/11/2016 08h57min

Por Nicole Morás

O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates realiza pesquisas que utilizam plantas como fonte para o desenvolvimento de medicamentos, porém as plantas também estão sendo pesquisadas para serem usadas como remédio para a própria natureza - uma alternativa chamada de biorremediação, que ocorre a partir de processos de vermicompostagem.
 
A pesquisa “Bioprodução de hidrolisados proteicos e avaliação da vermicompostagem vertical em solos contaminados com metais pesados”, coordenada pela professora Lucélia Hoehne, busca verificar a eficiência da vermicompostagem em solos contaminados com metais pesados para a revitalização desse solo com fertilizante - o que é realizado por minhocas e demais microrganismos que trabalham na decomposição de materiais orgânicos.
 
De acordo com Lucélia, os solos estudados são escolhidos aleatoriamente e contaminados com cromo, zinco, cádmio e chumbo. “Esses dois últimos são os principais metais pesados encontrados e podem causar câncer. Por isso, contaminamos o solo em laboratório para que possamos ter controle sobre as variáveis. Depois disso, introduzimos as minhocas para que elas realizem a vermicompostagem e deixem, dessa maneira, o metal ligado ao solo, para que não fique biodisponível para a planta. Outro estudo está ocorrendo de maneira contrária: estamos testando algumas plantas que podem ajudar a extrair esses metais pesados”, explica ela. Lucélia cita como exemplo um estudo publicado recentemente na revista internacional Water, Air and soil pollution, em que a aveia preta foi utilizada como fitoextratora.
 
“Em proporção de 25% de húmus no solo contaminado, a planta cresceu e absorveu cromo e chumbo. Em proporção de 50% de húmus no solo contaminado, a planta absorveu cádmio. Porém, observamos que a aveia preta não é a fitoextratora mais adequada, pois os metais pesados ficaram concentrados na sua raiz, de forma que seria necessário substituí-la por uma nova planta que absorvesse metais e translocasse-os para sua parte aérea, para que pudéssemos cortar o caule”, avalia a pesquisadora.
 
Outra linha da pesquisa é realizada para investigar o desenvolvimento das plantas nos solos contaminados de forma que elas não absorvam esses metais. “Testamos diferentes concentrações, mudando as proporções de húmus no solo não contaminado para ver a melhor condição em que a planta cresce e que o metal não seja absorvido por ela. Isso possibilitaria o uso dos solos, mesmo que contaminados”, explica Lucélia.
 
Com esse método, o exemplo é a cebolinha cultivada em solo contaminado com cromo e proveniente de resíduos de curtume. “Com 60% de solo contaminado e 40% de húmus conseguimos um desempenho melhor da planta, que se desenvolveu com um tamanho maior em relação a outras proporções de solo contaminado e húmus, com maior massa fresca, maior comprimento da parte aérea e sem o registro de absorção de cromo na parte das folhas. O húmus resultante da vermicompostagem estabiliza os metais no solo, que não são absorvidos pela planta”, explica Lucélia. 
 
A pesquisa é realizada desde 2012 e conta com três bolsistas de iniciação científica e uma bolsista de mestrado, além da colaboração de vários professores do PPGBiotec e de parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
 
Etapas da pesquisa
 
Escolha aleatória do solo
Contaminação do solo com diferentes metais pesados e diferentes proporções
Inserção das minhocas para o processo de vermicompostagem por 60 dias
Nova avaliação do solo
 
Vermicompostagem:
 
O processo de decomposição realizado pelas minhocas concentra os teores de fósforo, nitrogênio e potássio, sendo aproveitados como fertilizantes.
 
Minhocas para o tratamento de efluentes
 
Em parceria com a Bidatek, empresa vinculada ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), a pesquisa do PPGBiotec trabalha com um biofiltro de minhocas para o polimento final de resíduos de empresas alimentícias, como a Sorvebom. Em uma estrutura de poço, são inseridas as minhocas, que recebem jatos de efluentes para seu tratamento final, de forma que eles possam retornar ao meio ambiente sem serem poluentes. 
 
Texto: Nicole Morás
 

Felipe Stefani

Felipe Stefani

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