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A energia na palma da mão

Postado em 07/02/2017 10h37min

Por Artur Dullius

A crescente demanda de consumo energético, o interesse de países importadores em reduzir a dependência do petróleo e a necessidade de diminuir os problemas ambientais provenientes do uso de combustíveis fósseis vêm direcionando esforços para a utilização de fontes renováveis de energia. 
 
As características geográficas e o destaque no setor de agroindústria tornam o Rio Grande do Sul um estado com alto potencial para atender essa necessidade, especialmente na produção de Biogás e Biometano (biogás purificado). Um dos maiores entraves, porém, para a geração dessa energia é a dispersão da biomassa, principalmente quando se trata de dejetos de animais, os quais representam um percentual considerável dos recursos estimados no estado. 
 
A utilização desses recursos residuais, além de se caracterizar como uma fonte renovável de energia, contribuem também para um melhor tratamento de uma série de resíduos orgânicos, reduzindo impactos ambientais que lhes são inerentes. Em se tratando de energias limpas, estrategicamente o biometano e o biogás podem ser considerados a melhor alternativa a curto prazo para promover o atendimento da demanda crescente do Rio Grande do Sul por energia e combustível.
 
Pensando na ampliação dessa oferta, a partir dessa fonte limpa e renovável, a Univates, com apoio da Sulgás e da Secretaria de Minas e Energia do Estado, realizou um levantamento técnico para a elaboração do Atlas da Biomassa, convergindo em um amplo estudo sobre as regiões potenciais de produção de biogás e biometano no RS. O projeto consistiu no mapeamento de biomassas residuais dos setores agroindustriais, incluindo dejetos de animais, frigoríficos e laticínios, além do setor vitivinícola e dos aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto doméstico.
Conforme Odorico Konrad, coordenador do projeto, esse estudo vem ao encontro do conceito de desenvolvimento sustentável, com o objetivo de ofertar fontes de energia que possam suprir as necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das gerações futuras. “Trata-se de um estudo inédito no Rio Grande do Sul, uma vez que esse atlas permite conhecer as potencialidades de biomassas no Estado e serve como um instrumento para elaboração de políticas no setor energético e de futuros investimentos”, afirma Konrad.
 
Atrativo para investidores
 
Além disso, o professor da Univates lembra que o projeto pode ser considerado um atrativo para investidores. Segundo ele, saber que existem biomassas potenciais não era suficiente, foi preciso identificar as regiões com potencial gerador e demanda energética. “É preciso saber onde estão as biomassas para poder atrair investidores. Todo mundo, antes de realizar um investimento, precisa entender se aquela potencialidade existe ou não, e o atlas vem justamente para demonstrar isso. Ele consegue mostrar isso de forma muito mais clara que a gente tinha até pouco tempo”, salienta.
 
Geração de Biomassa no RS
 
O estudo foi realizado a partir de um levantamento baseando-se nas 28 regiões dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes). Considerando todas as biomassas avaliadas no levantamento, estima-se que o montante disponível no Rio Grande do Sul seja em torno de 85,7 milhões de toneladas ao ano. Dentre as biomassas com maior representatividade destacam-se os dejetos de bovinos, suínos e de aves.
 
 
Produção de Biogás e Biometano no RS
 
Com base na estimativa de biomassas geradas no Estado, calculou-se que elas teriam um potencial de geração de biogás estimado em torno de 9 milhões de m³/dia, dos quais se acredita que possam ser extraídos aproximadamente 5,4 milhões de m³/dia de biometano.
 
Para fins de utilização, é necessário, no entanto, lembrar que o biometano resultante de aterro sanitário e de ETE ainda não foi regulamentado pela Agência Nacional de Petróleo, de acordo com a Resolução n. 8, de 30 de janeiro de 2015, sendo considerado apto para utilização como biocombustível, até o momento, apenas o biogás originado de fontes agrossilvipastoris. Além disso, muitas vezes essas biomassas, embora disponíveis, não são passíveis de serem coletadas e transportadas para um local estratégico para a sua conversão. 
Considerando, portanto, a logística de transporte das biomassas e a utilização de biomassas regulamentadas, a estimativa de produção média de biogás seria de 3 milhões m³/dia ou 1,6 milhões m³/dia de biometano. “Nós temos uma potencialidade gigantesca de produção de biogás. A Sulgás negocia aproximadamente 2 milhões de m³ de gás natural por dia, então poderíamos duplicar a oferta de gás no mercado”, observa Konrad.
 
O atlas das biomassas pode ser conferido na íntegra no site da Univates: www.univates.br/editora-univates/e-books.
 
Texto: Artur Dullius
 

Elise Bozzetto

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