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Nicole Morás

PPGAD realiza pesquisa com instituição da Suécia

Postado em 22/11/2017 16h40min e atualizado em 22/11/2017 17h05min

Por Nicole Morás

Doutor Göran Sahlén é professor visitante do exterior na Univates desde 2015

Nicole Morás

Por meio do Programa Professor Visitante do Exterior (PVE) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desde 2015 o professor sueco Göran Sahlén, da Högskolan i Halmstad, colabora com a pesquisa “Efeitos da fragmentação de habitats sobre a biodiversidade da taxocenose de Odonata (Insecta: Odonata) na porção do bioma pampa do Rio Grande do Sul”, coordenada pelo professor Eduardo Périco no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.

A pesquisa é desenvolvida no Laboratório de Ecologia e Evolução e, após as coletas realizadas nas visitas anteriores, Sahlén e Périco agora se dedicam à análise dos materiais e à produção de três artigos que apresentarão os dados obtidos.

O último trabalho publicado em novembro pelo grupo foi “Effect of tree plantations on the functional composition of Odonata species in the highlands of southern Brazil”, no qual eles abordam a presença de Odonata (ordem de insetos a que pertencem as libélulas) e a plantação de árvores.

O estudo relaciona a presença de libélulas em áreas com vegetação nativa e com florestas mistas que tenham vegetação nativa e plantas exóticas. “Nossos resultados sugerem que a conversão de áreas nativas para plantações de árvores, especialmente exóticas, resulta em uma mudança nas comunidades de Odonata menos especializadas e com alterações nas características biológicas das espécies, refletindo nos grupos funcionais. Esse resultado destaca o impacto negativo associado à conversão de florestas nativas em plantações exóticas, ou seja, os odonatas com traços especializados são limitados ao locais com florestas nativas, o que torna crucial a conservação dessas áreas”, aponta Périco.

Conforme o professor da Univates, as espécies e os ambientes estudados são diferentes no Brasil e na Suécia, mas é possível fazer relação entre as pesquisas realizadas.

Professor Eduardo Périco, coordenador da pesquisa

Nicole Morás

No país europeu, as mudanças climáticas são mais visíveis pois o clima é temperado, ficando mais explícito o aquecimento global. Além dos dados do Brasil e da Suécia, a pesquisa será ampliada com informações da Namíbia, onde o professor Sahlén também realiza estudos
Eduardo Périco

O projeto de pesquisa conta com a participação de cinco bolsistas de iniciação científica, um mestrando, três doutorandos e dois pesquisadores em estágio de pós-doutorado.

Grupo que desenvolve a pesquisa com o professor Goran Sahlén

Nicole Morás

Professor Goran Sahlén, ao centro, com o grupo de pesquisa no Laboratório de Ecologia e Evolução

Discentes realizaram pesquisa na Suécia

O PVE da Capes também prevê o intercâmbio de estudantes no exterior, por isso o bolsista de iniciação científica Norton Dametto e a doutora Marina Dalzochio, que realiza estágio de pós-doutorado no PPGAD, passaram cerca de cinco semanas na Suécia, recebidos pelo professor Sahlén. No período, eles conheceram o sistema de pesquisa sueco. Dametto e Marina também coletaram e tabularam informações atualizadas e identificaram materiais para o banco de dados sobre mudanças climáticas mantido na Högskolan i Halmstad. Segundo Marina, a partir dos dados deste banco, foi possível perceber que há um certo padrão no aumento da temperatura média registrada na Suécia e foram registradas mudanças em relação às comunidades de libélulas estudadas desde 1997.

Nicole Morás

“Em 20 anos houve aumento de 1ºC na temperatura média da Suécia, o que é bastante, visto que a projeção era de 0,6ºC até 2025. Ou seja, o aumento registrado foi maior e em um período menor”, revela Marina, acrescentando que a partir desses dados é possível fazer modelagem de cenários sobre mudanças climáticas futuras. Sobre o bioma pampa, por exemplo, estão sendo montadas projeções até 2070.

Segundo Périco, 3ºC o aumento de 3°C na temperatura média do planeta seria o suficiente para derreter grande parte das geleiras do mundo, o que causaria um aumento do nível dos oceanos e afetaria as cidades costeiras. 

“Se chegássemos a um aumento de 3ºC, seria uma catástrofe”, analisa o professor. Ele explica que não é possível medir o impacto das mudanças climáticas diretamente no homem, por isso são utilizados outros indicadores e realizadas pesquisas em plantas e animais, de forma que seja possível estimar o que pode ocorrer com o ser humano. “As mudanças climáticas afetam diretamente toda a cadeia de produção de alimentos e a saúde, além de possibilitarem o surgimento de novos vírus, principalmente em áreas de clima tropical”, exemplifica ele.

Ainda em relação às mudanças ambientais, Marina afirma que as libélulas são aquáticas, de modo que elas refletem a qualidade da água, ou seja, alterações no ambiente afetam a água e, por consequência, a população de libélulas. “Assim, se há libélulas, é provável que a água das proximidades seja de melhor qualidade”.

Saiba mais

A colaboração entre os professores Sahlén e Périco iniciou há cerca de seis anos, quando realizaram intercâmbio de docentes entre as instituições, nos anos de 2011 e 2013, por meio do programa Linnaeus-Palme. Desde 2015, esta é a sexta visita do professor sueco à Instituição, pois ele vem para o Vale do Taquari duas vezes por ano, geralmente nos meses de abril e novembro, quando as libélulas estão em atividade na fase adulta. Saiba mais sobre esta pesquisa aqui.