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Pesquisa investiga potencialidades do mamãozinho-do-mato

Postado em 03/08/2016 09h30min

Por Ana Amélia Ritt

O popularmente conhecido jaracatiá ou mamãozinho-do-mato é alvo de estudos na Univates. Trata-se de uma árvore nativa da espécie Vasconcellea quercifolia, encontrada no Vale do Taquari, que apresenta crescimento rápido, sendo de fácil produção para comercialização. Utilizada popularmente para a fabricação de doces (a partir de seu tronco ralado em substituição ao coco), a planta, atualmente, vinha sendo esquecida. A pesquisa realizada na Instituição está vinculada aos Programas de Pós-Graduação de Biotecnologia (PPGBiotec) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) e investiga as características físico-químicas das partes comestíveis dessa planta, metodologias para a produção de mudas em escala e de qualidade e diferentes atividades do látex e do extrato de seus frutos e folhas.
 
A professora e pesquisadora Elisete Maria de Freitas afirma que o fruto do mamãozinho-do-mato é rico em proteínas e o caule, em sais minerais. “Inclusive, ele é rico em aminoácidos essenciais que atuam no bom funcionamento do organismo”, afirma. No entanto, para favorecer sua exploração, é preciso produzir mudas. Assim, na Instituição também estão sendo desenvolvidas pesquisas com a participação de outros professores e bolsistas no intuito de definir variáveis ambientais que favoreçam a produção de mudas por estaquia. Dessa forma, será possível obter mudas com a mesma qualidade de produção. Além disso, os extratos dos frutos e de folhas estão sendo analisados com o objetivo de investigar possibilidades de uso da espécie como antimicrobiana e antioxidante, por exemplo. Essa parte da pesquisa está sendo dificultada pela baixa produção de frutos nos últimos dois anos. “Normalmente a planta produz muitos frutos de dezembro a fevereiro, porém, em 2015, a produção foi muito baixa e, em 2016, além de ser baixa, a frutificação ocorreu por um período mais longo, dificultando a coleta de frutos em quantidade suficiente para as análises”, comenta a professora.
 
Além das propriedades nutricionais e da possibilidade de apresentar outros usos, a planta é grande produtora de papaína. Essa enzima é a mesma que vem do mamão papaia e que é utilizada nas indústrias farmacêutica e alimentícia. Apesar da possibilidade de obter a enzima de uma planta nativa e de fácil cultivo, o Brasil a importa. Considerando que a espécie é nativa, ou seja, natural daqui, o mamãozinho poderia ser uma alternativa para a obtenção da papaína. Elisete explica que a planta é pouco explorada comercialmente na região e cita, como único exemplo, uma empresa de Arvorezinha que atua na produção de doces.
 
Elisete ressalta que ela sempre teve foco nas espécies nativas e que esse foi mais um motivo para escolher o mamãozinho-do-mato. “A planta estava quase esquecida, e conversando com algumas pessoas, descobri que ela era utilizada para a produção de doces e de pães. Decidi, assim, pesquisar mais sobre ela. Isso porque precisamos contribuir com a preservação da biodiversidade brasileira por meio de exploração sustentável. É o conhecimento das potencialidades das espécies que vai contribuir para a compreensão da importância de preservar os ecossistemas naturais”, afirma.
 
Outros estudos realizados no Chile e na Argentina com a espécie identificaram um gene com resistência ao vírus causador da mancha anelar do mamão, uma praga que provoca grandes perdas econômicas para os produtores. O desenvolvimento de um híbrido do mamãozinho com o mamão papaia poderia gerar plantas resistentes à praga. “Além disso, uma espécie do mesmo gênero do mamãozinho tem propriedades antitumorais, aumentando o interesse pela espécie que é nativa da região”, comenta.
 
As pesquisas que envolvem a Vasconcellea quercifolia são realizadas pelos professores da Univates Elisete Maria de Freitas, Lucélia Hoehne e Eduardo Miranda Ethur, por dois bolsistas do curso de Ciências Biológicas da Instituição e pelo professor Claudimar Sidnei Fior, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Além desses, a aluna do PPGBiotec Zabelita Fardin Folharini concluiu seus estudos com a espécie em março de 2016, participando significativamente dos resultados obtidos.
 
Texto: Ana Amélia Ritt
Mamãozinho-do-mato é alvo de estudos na Univates.

Divulgação

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