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Sistemas agroflorestais: sem agroquímicos, rentáveis e dentro da lei

Postado em 01/09/2017 09h01min

Por Ana Amélia Ritt

Produção de alimentos e conservação ambiental são os princípios dos sistemas agroflorestais, tema do estudo da mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Univates (PPGSAS) Miriam Helena Kronhardt, orientada pela professora e doutora em Botânica Elisete Maria de Freitas e coorientada pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Claudimar Fior. Sua dissertação, intitulada “Sistemas agroflorestais como proposta para a recuperação de áreas degradadas no  Vale do Taquari”, envolve a análise e o conhecimento desse método de produção de alimentos que vem se tornando comum em todo o Brasil e está ganhando força no Rio Grande do Sul. Um dos objetivos da pesquisa é mostrar que essa prática pode ser aplicada no Vale do Taquari, onde ainda é pouco conhecida e são raros os casos de sua aplicação. 
 
Os sistemas agroflorestais comportam espécies arbóreas e agrícolas. A combinação das espécies e o manejo da área são feitos com um cuidado especial e faz com que a nutrição das plantas ocorra pelo próprio sistema. “Um exemplo se dá com a poda das árvores, pois a partir dela haverá matéria orgânica que, ao se decompor, fornecerá ‘nutrientes’ (adubo) para  o solo e, consequentemente, para as plantas em cultivo. Um solo bem nutrido vai proporcionar desenvolvimento de plantas mais saudáveis e mais produtivas”, explica a pesquisadora. 
 
Conforme Miriam, o método é uma alternativa ao que se faz hoje na agricultura, já que, ao contrário da monocultura, comum no Vale do Taquari, o sistema agroflorestal agrega uma grande diversidade de espécies. “Isso é uma vantagem, porque vai ao encontro do que temos nos ambientes naturais. Se observarmos ecossistemas sem a interferência do homem, constataremos que existe diversidade de espécies e que elas estão em harmonia, cada uma contribuindo de uma forma para manter o equilíbrio. Já na monocultura isso não acontece, pois rompemos as relações entre as espécies, eliminando os inimigos naturais. Quando rompemos as relações naturais, temos desequilíbrio e, consequentemente, pragas, sendo necessária a aplicação de agroquímicos”, relata, afirmando que, no sistema agroflorestal, não são necessários insumos ou fertilizantes, pois o próprio sistema mantém o equilíbrio do ambiente.
 
Para essa harmonia com a natureza, porém, é importante que haja um manejo especial. A mestranda destaca a importância de conhecer a região, o clima, o tipo de solo e suas plantas típicas. “É um processo lento, que exige estudo e planejamento e que, quando bem manejado, trará retorno favorável aos proprietários, pois são economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis”, explica.
 
Além da possibilidade de gerar alimentos livres de agroquímicos, a legislação permite a implantação dos sistemas agroflorestais em Áreas de Preservação Permanente (APP), por exemplo na beira de rios, visando à recuperação da cobertura vegetal. Também constituem uma alternativa para as áreas de reserva legal, já que todas as propriedades rurais precisam manter 20% de sua área total com vegetação nativa (no caso do Vale do Taquari, 20% precisa ser de florestas). Nesse caso, a legislação também permite que sejam agroflorestas. “Então, além dos sistemas agroflorestais garantirem retorno econômico ao produtor rural e mais saúde, estarão atendendo o que prevê a legislação”, conta a pesquisadora, ressaltando que o estudo também busca a divulgação dessa alternativa produtiva aos agricultores.
 
Atualmente, após investigar sistemas agroflorestais em outras regiões do Estado, Miriam desenvolverá uma proposta para a implantação em uma propriedade do Vale do Taquari. 
 
Inscrições abertas
O Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) está com inscrições abertas para o mestrado. As inscrições podem ser realizadas até 29 de setembro pelo link www.univates.br/ppgsas/processoseletivo. O PPGSAS pretende formar profissionais capazes de gerar, disseminar e aplicar conhecimento científico, tecnológico e legal nas áreas de Tutela jurídica ambiental e Sustentabilidade da cadeia produtiva. 
 
Texto: Ana Amélia Ritt
Sistemas agroflorestais comportam espécies arbóreas e cultivos agrícolas

Miriam Helena Kronhardt

Mestranda do PPGSAS busca alternativa sustentável para produção de alimentos

Ana Amélia Ritt

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