1 UNIVERSIDADE VALE DO TAQUARI - UNIVATES CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS CONTROLE DE CUSTOS APLICADOS NA PRODUÇÃO DE LEITE E FRANGO DE CORTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL DO VALE DO TAQUARI Márcia Valduga Lajeado, maio de 2018. Márcia Valduga CONTROLE DE CUSTOS APLICADOS NA PRODUÇÃO DE LEITE E FRANGO DE CORTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL DO VALE DO TAQUARI Monografia apresentada na disciplina de Estágio Supervisionado em Contabilidade II, do Curso de Ciências Contábeis, da Universidade do Vale Taquari - UNIVATES, como requisito para obtenção do título de Bacharela em Ciências Contábeis. Professor: Ms. Francisco Cezar dos Reis Leal Lajeado, maio de 2018 AGRADECIMENTOS. Agradeço, Primeiramente a Deus, por chegar a este momento tão esperado na minha vida acadêmica. A minha avó Marlene (nona), por todo o apoio, sendo muitas vezes, pai, mãe e avó ao mesmo tempo. Ao meu namorado, Diego, por toda paciência, compreensão, carinho e amor, em todos os momentos difíceis desta caminhada. A minha Luninha, por deixar a vida mais colorida. Ao meu irmão, cunhada e avós, que deram todo o suporte para a realização deste trabalho. A toda minha família, por aguentar meus momentos de mau humor, principalmente com a pressão do tal do TCC II e da Avançada II. Ao meu professor orientador, não menos importante, Ms. Francisco dos Reis Leal, pelas horas dedicadas a este trabalho, deixando as partes terríveis, um pouco mais leves, graças a todo o apoio. Obrigada a todos! RESUMO Na atividade rural é comum os produtores não possuírem controle sobre os gastos incorridos no processo produtivo, e assim, não avaliando corretamente a rentabilidade da atividade exercida, gerando uma carência de não saber se está tendo lucro ou prejuízo com seu produto. Diante dessa situação, surge a pergunta: Analisando a produção de leite e a criação de frango de corte, qual apresenta melhor resultado, em uma propriedade rural do município de Nova Bréscia/RS? O objetivo geral deste trabalho foi implantar um controle de custos na propriedade rural, voltado à atividade de produção leiteira e de criação de frangos de corte, visando encontrar o custo e o lucro de cada atividade. A metodologia envolveu a abordagem quantitativa, os procedimentos técnicos consistiram na pesquisa documental e entrevista. A coleta de dados se deu através das notas de compra e de entrevista com o proprietário. Após identificar os custos das atividades e suas depreciações, foram identificados e mensurados os bens que compõem o patrimônio, suas receitas, custos e despesas. Posteriormente, foi elaborada a demonstração de resultado do exercício e realizada a análise custo-volume-lucro. A pesquisa foi aplicada, nos meses de maio a dezembro de 2017, obtendo um resultado satisfatório para a criação de frango de corte e não satisfatório para a atividade leiteira. Palavras-chave: Atividade Leiteira. Criação de frango de corte. Custos. Análise custo - volume - lucro. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Custeio por absorção ................................................................................ 31 Figura 2 - Custeio Variável ........................................................................................ 32 Figura 3 - Equação para análise do lucro .................................................................. 35 Figura 4 - Ponto de equilíbrio .................................................................................... 35 Figura 5 - Ponto de equilíbrio contábil ....................................................................... 36 Figura 6 - Ponto de equilíbrio econômico .................................................................. 37 Figura 7 - Fórmula da Depreciação ........................................................................... 38 Figura 8 - Fórmula da Margem de Contribuição ........................................................ 39 Figura 9 - Cálculo da Margem de Segurança ............................................................ 40 Figura 10 - Comparativo entre pesquisa qualitativa e quantitativa ............................ 43 Figura 11 - Imagem propriedade, Sistema de Cadastro Ambiental Rural ................. 50 Figura 12 - Aviário, parte interna ............................................................................... 52 Figura 13- Aviário, parte externa ............................................................................... 52 Figura 14 - Lenha ...................................................................................................... 53 Figura 15 - Trator ...................................................................................................... 53 Figura 16 - Plantel ..................................................................................................... 54 Figura 17- Resfriador de leite .................................................................................... 54 Figura 18 - Alimentação das vacas ........................................................................... 55 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Patrimônio alocado à atividade leiteira e à criação de frango de corte .... 57 Tabela 2 - Plantel dos animais .................................................................................. 58 Tabela 3 - Produtividade das vacas em lactação ...................................................... 59 Tabela 4 - Depreciação bens de uso comum ............................................................ 60 Tabela 5 - Depreciação das benfeitorias na atividade leiteira ................................... 61 Tabela 6 - Depreciação do plantel ............................................................................. 62 Tabela 7- Depreciação das benfeitorias da atividade avícola ................................... 64 Tabela 8 - Receita com venda de leite ...................................................................... 66 Tabela 9 - Renda complementar à atividade leiteira - Venda de animais ................. 67 Tabela 10 - Receita criação de frango de corte......................................................... 68 Tabela 11 - Receitas totais ........................................................................................ 69 Tabela 12 - Gastos específicos da atividade leiteira ................................................. 72 Tabela 13 - Gastos específicos da produção frango de corte ................................... 74 Tabela 14 - Gastos Totais ......................................................................................... 75 Tabela 15 - Custos variáveis na atividade leiteira ..................................................... 78 Tabela 16 - Custos variáveis na criação de frango de corte ..................................... 79 Tabela 17 - Custos fixos atividade leiteira ................................................................. 80 Tabela 18 - Custos fixos criação de frango de corte ................................................. 80 Tabela 19 - Despesas variáveis atividade leiteira ..................................................... 81 Tabela 20 - Despesas variáveis criação de frango de corte ...................................... 83 Tabela 21 - Despesas fixas atividade leiteira ............................................................ 84 Tabela 22 - Despesas fixas criação de frango de corte ............................................ 85 Tabela 23 - Custeio variável atividade leiteira ........................................................... 86 Tabela 24 - Custeio variável na atividade criação de frango de corte ....................... 87 Tabela 25 - Margem de contribuição na atividade leiteira ......................................... 89 Tabela 26 - Margem de contribuição na criação de frango de corte ......................... 90 Tabela 27 - DRE Atividade leiteira ............................................................................ 91 Tabela 28 - DRE criação de frango de corte ............................................................. 93 Tabela 29 - DRE geral ............................................................................................... 94 Tabela 30 - Ponto de equilíbrio contábil na atividade leiteira - volume físico ............ 97 Tabela 31 - Ponto de equilíbrio contábil na atividade leiteira - volume monetário ..... 97 Tabela 32 - Ponto de equilíbrio contábil na criação de frango de corte - volume físico .................................................................................................................................. 98 Tabela 33 - Ponto de equilíbrio contábil na criação de frango de corte - volume monetário .................................................................................................................. 99 Tabela 34 - Ponto de equilíbrio econômico na atividade leiteira - volume físico ..... 100 Tabela 35 - Ponto de equilíbrio econômico na atividade leiteira - volume monetário ................................................................................................................................ 100 Tabela 36 - Ponto de equilíbrio econômico na criação de frango de corte - volume físico ........................................................................................................................ 101 Tabela 37 - Ponto de equilíbrio econômico na criação de frango de corte - volume monetário ................................................................................................................ 102 Tabela 38 - Ponto de equilíbrio financeiro na atividade leiteira - volume físico ....... 103 Tabela 39 - Ponto de equilíbrio financeiro na atividade leiteira - volume monetário 104 Tabela 40 - Ponto de equilíbrio financeiro na criação de frango - volume físico ..... 105 Tabela 41 - Ponto de equilíbrio financeiro na criação de frango de corte - volume monetário ................................................................................................................ 105 Tabela 42 - Margem de segurança na atividade leiteira - volume físico .................. 107 Tabela 43 - Margem de segurança na atividade leiteira - volume monetário .......... 107 Tabela 44 - Margem de segurança na atividade leiteira – percentual ..................... 108 Tabela 45 - Margem de segurança na criação de frango de corte - volume físico .. 109 Tabela 46 - Margem de segurança na criação de frango de corte - volume monetário ................................................................................................................................ 109 Tabela 47 - Margem de segurança na criação de frango de corte – percentual ..... 110 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 1.1 Tema ................................................................................................................... 11 1.2 Delimitação do tema ......................................................................................... 11 1.3 Problema de pesquisa ...................................................................................... 12 1.4 Objetivos ............................................................................................................ 14 1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................. 14 1.4.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 14 1.5 Justificativa ........................................................................................................ 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16 2.1 Origem da contabilidade ................................................................................... 16 2.1.1 Contabilidade .................................................................................................. 17 2.2 Contabilidade Rural........................................................................................... 18 2.2.1 Depreciação .................................................................................................... 19 2.2.2 Depreciação Rural .......................................................................................... 20 2.3 Impostos sobre a comercialização .................................................................. 20 2.3.1 Fundesa ........................................................................................................... 20 2.3.2 Funrural ........................................................................................................... 21 2.4 Contabilidade de custos ................................................................................... 21 2.4.1 Terminologia em custos ................................................................................ 22 2.4.1.1 Gasto ............................................................................................................ 22 2.4.1.2 Investimento ................................................................................................ 23 2.4.1.3 Custo ............................................................................................................ 23 2.4.1.4 Despesa ........................................................................................................ 24 2.4.1.5 Desembolso ................................................................................................. 24 2.4.1.6 Perda ............................................................................................................ 24 2.4.2 Classificação dos custos ............................................................................... 25 2.4.2.1 Custos diretos ............................................................................................. 25 2.4.2.2 Custos indiretos .......................................................................................... 26 2.4.2.3 Custos fixos ................................................................................................. 26 2.4.2.4 Custos variáveis .......................................................................................... 27 2.5 Custos na atividade rural .................................................................................. 27 2.5.1 Custos diretos na atividade rural .................................................................. 28 2.5.2 Custos indiretos na atividade rural .............................................................. 29 2.5.3 Custos fixos na atividade rural ..................................................................... 30 2.5.4 Custos variáveis na atividade rural .............................................................. 30 2.6 Métodos de custeio ........................................................................................... 31 2.6.1 Custeio por absorção ..................................................................................... 31 2.6.2 Custeio variável .............................................................................................. 32 2.6.3 Demonstrações Resultado Exercício (DRE) ................................................ 33 2.7 Análise custo-volume-lucro ............................................................................. 34 2.7.1 Ponto de equilíbrio ......................................................................................... 34 2.7.1.1 Ponto de equilíbrio contábil ....................................................................... 36 2.7.1.2 Ponto de equilíbrio econômico .................................................................. 36 2.7.1.3 Ponto de equilíbrio financeiro .................................................................... 37 2.7.2 Margem de contribuição ................................................................................ 38 2.7.3 Margem de segurança .................................................................................... 39 2.7.4 Formação do preço ........................................................................................ 40 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 42 3.1 Tipos de pesquisa ............................................................................................. 42 3.1.1 Quanto à abordagem ...................................................................................... 43 3.1.2 Quanto aos objetivos ..................................................................................... 43 3.1.3 Quanto aos procedimentos técnicos ............................................................ 44 3.1.3.1 Estudo de caso ............................................................................................ 45 3.1.3.2 Pesquisa documental .................................................................................. 45 3.2 Unidade de análise ............................................................................................ 46 3.3 Coleta dos dados .............................................................................................. 47 3.4 Análise dos dados ............................................................................................. 47 3.5 Limitações do método ...................................................................................... 48 4 CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE RURAL .............................................. 49 4.1 Apresentação da propriedade .......................................................................... 49 4.2 Descrição do processo de produção............................................................... 51 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS .............................................. 56 5.1 Análise do patrimônio ....................................................................................... 56 5.1.1 Patrimônio alocado à atividade leiteira e à criação de frango de corte ..... 56 5.1.2 Plantel dos animais ........................................................................................ 58 5.2 Depreciação ....................................................................................................... 59 5.2.1 Depreciação bens de uso comum ................................................................ 60 5.2.2 Depreciação Atividade Leiteira ..................................................................... 61 5.2.3 Depreciação do plantel .................................................................................. 62 5.2.4 Depreciação Atividade de Frango de Corte ................................................. 64 5.3 Receitas .............................................................................................................. 65 5.3.1 Receitas atividade leiteira .............................................................................. 65 5.3.1.1 Renda complementar à atividade leiteira – Venda de animais ................ 67 5.3.2 Receitas Criação de frango de corte ............................................................ 67 5.3.3 Receitas Totais ............................................................................................... 69 5.4 Gastos totais e específicos .............................................................................. 70 5.4.1 Gastos específicos ......................................................................................... 70 5.4.1.1 Gastos específicos atividade leiteira ......................................................... 72 5.4.1.2 Gastos específicos produção frango de corte ......................................... 73 5.4.1.3 Gastos totais atividade leiteira e da criação de frango de corte ............. 75 5.4.2 Custos e despesas ......................................................................................... 77 5.4.2.1 Custos variáveis .......................................................................................... 77 5.4.2.1.1 Custos variáveis atividade leiteira .......................................................... 77 5.4.2.1.2 Custos variáveis criação de frango de corte ......................................... 78 5.4.2.2 Custos fixos ................................................................................................. 79 5.4.2.2.1 Custos fixos atividade leiteira ................................................................. 80 5.4.2.2.2 Custos fixos criação de frango de corte ................................................ 80 5.4.2.4 Despesas variáveis ..................................................................................... 81 5.4.2.4.1 Despesas variáveis atividade leiteira ..................................................... 81 5.4.2.4.2 Despesas variáveis criação de frango de corte ..................................... 83 5.4.2.5 Despesas fixas ............................................................................................ 84 5.4.2.5.1 Despesas fixas atividade leiteira............................................................. 84 5.4.2.5.2 Despesas fixas criação de frango de corte ............................................ 85 5.4.3 Custeio variável .............................................................................................. 86 5.4.3.1 Custeio variável atividade leiteira .............................................................. 86 5.4.3.2 Custeio variável criação de frango de corte ............................................. 87 5.4.4 Margem de contribuição ................................................................................ 89 5.4.4.1 Margem de contribuição na atividade leiteira ........................................... 89 5.4.4.2 Margem de contribuição na criação de frango de corte .......................... 90 5.4.5 DRE .................................................................................................................. 91 5.4.5.1 DRE atividade leiteira .................................................................................. 91 5.4.5.2 DRE criação de frango de corte ................................................................. 93 5.4.5.3 DRE geral ..................................................................................................... 94 5.4.6 Análise custo-volume-lucro .......................................................................... 95 5.4.6.1 Ponto de equilíbrio ...................................................................................... 96 5.4.6.1.1 Ponto de equilíbrio contábil .................................................................... 96 5.4.6.1.1.1 Ponto de equilíbrio contábil na atividade leiteira ............................... 96 5.4.6.1.1.2 Ponto de equilíbrio contábil na criação de frango de corte .............. 98 5.4.6.1.2 Ponto de equilíbrio econômico ............................................................... 99 5.4.6.1.2.1 Ponto de equilíbrio econômico na atividade leiteira ........................ 100 5.4.6.1.2.2 Ponto de equilíbrio econômico na criação de frango de corte ....... 101 5.4.6.1.3 Ponto de equilíbrio financeiro ............................................................... 103 5.4.6.1.3.1 Ponto de equilíbrio financeiro na atividade leiteira .......................... 103 5.4.6.1.3.2 Ponto de equilíbrio financeiro na criação de frango de corte ......... 104 5.4.6.2 Margens de segurança .............................................................................. 106 5.4.6.2.1 Margens de segurança atividade leiteira .............................................. 106 5.4.6.2.2 Margens de segurança na criação de frango de corte ........................ 108 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 111 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 114 APÊNDICES ........................................................................................................... 121 10 1 INTRODUÇÃO O agronegócio representa um papel importante na economia, na geração de emprego e renda para a população brasileira. A produção familiar vai além dos limites da propriedade, ou seja, ela depende de infraestrutura, logística, mão de obra qualificada, acesso à informação, menos burocratização nas leis, qualidade nos insumos, entre outras necessidades. Juntamente com os aspectos que influenciam o agronegócio, temos a tecnologia, porém, nem sempre as novidades tecnológicas garantem o futuro da propriedade. Não adianta ter tecnologia, desalinhada aos objetivos e processo de gestão. Mudança comportamental é necessária, sempre balizada por meio da prudência e da coragem. Constantes evoluções e buscas por aquisição de produtos de melhor qualidade exigem investimentos e diversos gastos. É comum, nesse cenário, os produtores não possuírem controle sobre os custos incorridos no processo produtivo, dificultando o conhecimento real sobre os gastos consumidos. Não tendo a dimensão do custo gerado e do lucro obtido sobre seu investimento, o produtor não tem como avaliar corretamente a rentabilidade da atividade que executa. Segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), publicado digitalmente em 2017, o produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro deverá crescer 2% neste ano (2017), passando a responder por 23% do total. Acredita-se que esse percentual continuará aumentando nos 11 próximos anos. Conforme a revista Balde Branco, o consumo per capita de leite, anual, no Brasil é de 156 litros. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2016, cada pessoa consumiu 41,10 KG de carne de frango. Conforme dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), via publicação digital em 2017, o estado do Rio Grande do Sul (RS) apresentou no primeiro trimestre de 2017, o PIB com variação nula (0,0%) em relação ao trimestre do ano anterior. Entre as maiores atividades, a única que obteve resultados positivos foi à agropecuária num percentual de 3,5% em relação ao trimestre do ano anterior. A indústria no RS teve queda de 1,0%, enquanto, no Brasil, esta foi de 1,1%. Da mesma forma, os serviços no Estado apresentaram variação negativa menor que a queda observada na economia brasileira (-0,1% antes -1,7%). 1.1 Tema Gestão de custos na atividade leiteira e na criação de frango de corte em uma propriedade de pequeno porte do Vale do Taquari, localizada no município de Nova Bréscia, RS. 1.2 Delimitação do tema O presente estudo foi desenvolvido em uma propriedade rural que é conduzida por dois casais. Os mesmos fazem a atividade de manejo e cuidado do rebanho, alojam os frangos até o abate, além de outras atividades que possuem esporadicamente. A atividade leiteira iniciou na propriedade em 1995. Naquela época, utilizavam o leite para consumo próprio e produzir e comercializar queijo. Desde o ano de 2009, toda a produção de leite passou a ser vendida para empresas da região e a partir de 2014 a Cooperativa dos Suinocultores de Encantado (COSUEL) compra toda a produção. 12 A atividade de frango de corte iniciou-se em 1998 com a construção de uma granja de 90 metros de comprimento por 14 de largura, com capacidade de criação de até quinze mil (15.000) cabeças para criação de frango de corte nacional (até 57 dias) para a empresa Cia Minuano de Alimentos Ltda. A partir dos anos 2000, a granja passou a ser parcialmente automatizada e começou a alojar em média vinte e dois mil (22.000) frangos do tipo exportação (até 32 dias) para a antiga empresa Perdigão S/A, atual Brasil Foods S/A (BRF). Exclusivamente nesta propriedade, foi implantado um controle de custos, o qual está sendo utilizado pelo produtor rural como uma ferramenta gerencial, gerando informações que permitem o planejamento, o controle e a tomada de decisão. Dessa forma, a propriedade rural este tendo capacidade para acompanhar a evolução do setor, controle de custos, diversificação de culturas e comparação de resultados. O período analisado foi de 01/05/2017 a 31/12/2017. 1.3 Problema de pesquisa No setor leiteiro, sempre existiu um período de alta de preços (outono e inverno) e de baixa (primavera e verão). De acordo com a Secretaria de Agricultura, pecuária e Irrigação do RS (2017), a situação da cadeia leiteira, neste ano, está em estado grave, em função dos altos estoques de leite em pó, devido ao baixo consumo no mercado interno e pelo volume de leite importado através dos países do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), por um valor inferior ao valor praticado em nosso país. As empresas estão vendendo menos, a menor valor, e os produtores acabam recebendo ainda menos pelo litro de leite. No setor avícola, segundo o texto digital da Revista Portal do Agronegócio, publicado em 2017, os preços pagos pelo setor avícola, registrados no primeiro trimestre de 2017, ficaram praticamente estáveis. Porém, conforme divulgação da Revista Avicultura Industrial, em seu site, em 04/12/2017, apesar de os preços estarem estáveis, em volume, o Brasil embarcou 3,599 milhões de toneladas de 13 janeiro a novembro de 2017, ante 3,633 milhão de toneladas no mesmo período em 2016, um decréscimo de 0,93%. De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (FETRAF-RS) em 10/08/17, atualmente, a cadeia leiteira se encontra em crise, principalmente pela baixa do preço pago ao agricultor. Essa crise está associada à crise econômica que vive o Brasil e que remeteu a retração do consumo, por causa da redução do poder aquisitivo, desemprego, baixo valor do salário mínimo. Outro elemento da crise é a importação de leite da Argentina e Uruguai, que só nos primeiros cinco meses do ano foram de US$ 223,5 milhões, 71 milhões a mais do que no mesmo período do ano passado. A FETRAF-RS ainda cita que o terceiro elemento que contribui para crise é a política tributária adotada pelo governo estadual, através dos decretos 53.059 de 09/06/2016 – que reduziu o ICMS de 18% para 12% sobre a importação de leite em pó, quando industrializado por empresas do Estado; O Decreto 53.184 de 06/09/2016 – estabeleceu o ICMS de 4% sobre a importação de leite por empresas também sediadas no RS, mas que transferem o leite importado para outra indústria do grupo, localizada em outro estado. Conforme entrevista fornecida ao Site G1, pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), de Lajeado, no ano de 2017, quase 25 mil produtores de leite abandonaram a atividade no RS. Houve uma queda de 22% no número de produtores no estado. A diminuição na produção leiteira, atividade do agronegócio que mais emprega pessoas no Brasil, produz reflexos negativos também na economia gaúcha. O produtor depende do mercado nacional para a venda de leite e, depende das exportações para a atividade da criação de frango. O mercado nacional do leite está em crise e o internacional do frango está estável, porém com redução de quantidades exportadas. Seguindo esse contexto, se verifica a necessidade de se conhecer o real custo da atividade, pois a qualquer momento os valores podem mudar e já não se sabe mais se está ganhando o suficiente para manter a produção e ainda gerar lucro. 14 A propriedade em estudo não possui um controle estruturado, para apurar o custo e analisar os resultados, gerando uma carência de não saber se está tendo lucro ou prejuízo com seu produto. Diante dessa situação, surge a pergunta: Analisando a produção de leite e a criação de frango de corte, qual apresenta melhor resultado, em uma propriedade rural do município de Nova Bréscia/RS? 1.4 Objetivos Os objetivos a seguir apresentados estão divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 1.4.1 Objetivo geral Implantar um controle de custos na propriedade rural, voltado à atividade de produção leiteira e de criação de frangos de corte, visando encontrar o custo e o lucro de cada atividade. 1.4.2 Objetivos específicos - Revisão bibliográfica referente à contabilidade de custos, contabilidade rural e contabilidade de custos aplicada à atividade rural; - Identificar e mensurar o patrimônio utilizado para cada atividade, bem como suas depreciações; - Identificar e mensurar os custos oriundos da atividade leiteira e da criação de frango de corte, bem como as suas receitas. 15 - Classificar e avaliar os custos e despesas de cada atividade. - Elaborar demonstração de resultado de ambas as atividades. - Analisar os resultados obtidos de uma forma gerencial como, por exemplo, custo - volume - lucro. 1.5 Justificativa A contabilidade de custos é importante para uma empresa, assim como para uma propriedade rural. Com ela pode-se fazer a formulação dos preços para venda, estabelecendo as políticas do mercado e, principalmente, apoiando quanto à tomada de decisão. A competitividade também existe no meio rural, portanto, o produtor deve estar preparado, para frequentes oscilações de preço e, consequentemente, deve saber seu custo real, para suprir possíveis quedas de preço. Esta pesquisa serviu de apoio para o proprietário no controle de custos, auxiliando na solução de possíveis problemas no processo produtivo. Com esse estudo, o proprietário conseguiu saber de fato, qual é o custo do seu negócio, o valor do resultado e se o negócio está sendo lucrativo para a propriedade. Para a acadêmica, a elaboração deste trabalho de pesquisa contribuiu de forma importante, pois aperfeiçoou os conhecimentos sobre contabilidade de custos e gerencial, além de ter aprimorado a qualificação profissional. Para a Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES) a pesquisa pode servir de ferramenta para novos estudos, principalmente no âmbito de contabilidade rural, gerencial e da contabilidade de custos, em pequenas propriedades agrícolas. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO Conforme Marion (2014), a influência teórica, sobre o cotidiano das pessoas pode ser percebida nas mais variadas áreas do conhecimento, especialmente nas ciências sociais, onde se enquadra a contabilidade. A fundamentação teórica dá apoio e orientação ao estudo, principalmente na análise e interpretação dos dados coletados. Neste capítulo, são apresentados os conceitos, que contribuem para a estruturação da metodologia, compreensão e a análise do objeto pesquisado. 2.1 Origem da contabilidade Padoveze (2017) acredita que a contabilidade surgiu com o começo da civilização. A necessidade de controlar e armazenar bens surgiu quando o homem deixou de ser nômade. Existem fatos históricos da contabilidade registrados pelos povos sumérios, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, gregos, etc. Iudícibus; Marion; Faria; (2017) dizem que a contabilidade teve origem em torno de 4000 anos A.C. e que desde aquela época a sua função era de avaliar a riqueza do homem e o quanto ela aumentava. Utilizam passagens bíblicas que são do livro de Jó, considerado o mais antigo da bíblia: “E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas”. 17 “E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois e mil jumentas” (LIVRO DE JÓ, CAPÍTULO XLII, VERSÍCULO XII). Para Yamamoto; Paccez e Malacrida (2011), o início da contabilidade se relaciona ao desenvolvimento socioeconômico da sociedade, desde a criação da moeda, pois antes dela, as coisas eram registradas, apenas de forma física. Com a moeda, passou-se a mensurar a variação da riqueza. 2.1.1 Contabilidade Sá (1998) refere-se à contabilidade como um sistema de informação que controla o patrimônio de uma entidade. A entidade contábil representa o conjunto patrimonial que uma pessoa física ou jurídica possui. No caso da pessoa jurídica, pode ou não ter fins lucrativos. Ciência que tem por objeto o estudo do Patrimônio a partir da utilização de métodos especialmente desenvolvidos para coletar, registrar, acumular, resumir e analisar todos os fatos que afetam a situação patrimonial de uma pessoa (GONÇALVES; BATISTA, 2011, p.3). Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2017), o papel fundamental da contabilidade geral é a segurança que ela oferece, pois elimina as incertezas e tem atributos suficientes para auxiliar o poder da decisão, tanto para a melhor estratégia, quanto para resolver os problemas que decorrem da competitividade do mercado. Marion (2014) cita que a contabilidade não se refere a uma ciência exata. Ela se refere a uma ciência social aplicada, pois é com a ação humana que se gera e se modifica o fenômeno patrimonial. Entretanto, a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como sua principal ferramenta. Conforme Marion (2014), os registros contábeis são muito importantes para as empresas, pois são baseados nestes números, que os gestores tomam suas decisões. Através da análise dos registros, sabe-se a real situação de uma empresa, se sua atividade está atingindo o resultado esperado ou planejado. 18 2.2 Contabilidade Rural A contabilidade Rural é a contabilidade geral aplicada às empresas Rurais. Seu surgimento se deve à necessidade de se obter um maior controle do patrimônio das propriedades. Crepaldi (2016) destaca que as funções da contabilidade rural são:  Ajudar a tomar a decisão do que produzir, como e quando, se baseando no mercado e recursos do local;  Monitorar a pratica de trabalho que está sendo desenvolvida;  Avaliar os lucros ou prejuízos da safra. O produtor rural, que é devidamente registrado, passa a se chamar Empresário Rural, desde que se inscreva na Junta Comercial. Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas (MARION, 2014). Marion (2014) cita os tipos de contabilidade, conforme os ramos de atuação:  Agrícola: aplicada às empresas agrícolas;  Rural: aplicada às empresas rurais;  Zootécnica: aplicada às empresas que exploram a Zootécnica.  Pecuária: aplicada às empresas pecuárias;  Agropecuária: aplicada às empresas agropecuárias;  Agroindústria: aplicada às empresas agroindústria Silva (2011, p.46) destaca os principais conceitos que foram utilizados para a realização deste trabalho: 19  Instalações e benfeitorias: são as construções (estábulos, armazéns e pocilgas) e melhoramentos (açudes e estradas) para a área rural. As benfeitorias utilizam altos investimentos, por isso devem ser muito bem planejadas.  Animais de produção: são os destinados à criação e reprodução. Eles fornecem desde o produto final como carne, leite ou ovos e as matérias primas, como exemplo o leite para o queijo.  Maquinas e equipamentos agrícolas: são os instrumentos utilizados no trabalho rural. Como exemplo, um trator.  Insumos: são todos os bens necessários para a produção, pode ser considerado insumo: sal mineral, ração, vacinas, fertilizantes, sementes, entre outras. Crepaldi (2016) destaca que a contabilidade rural é pouco utilizado em nosso país, tanto pelos empresários, como pelos contadores. O autor acredita que isso acontece, por falta de conhecimento na área. Eles não têm ideia da importância da clareza e da segurança, que geram as informações obtidas, através desta contabilidade. Essa falta de entusiasmo também pode acontecer, devido à mentalidade conservadora dos agropecuaristas, pois insistem em manter seus controles, se baseando na experiência do passar dos anos. 2.2.1 Depreciação Ribeiro (2015) destaca que a depreciação se refere à diminuição em parcelas que os bens sofrem, em resultado do desgaste e do uso, das ações da natureza e por se tornar obsoleto. A Norma Brasileira de Contabilidade sobre o ativo imobilizado (NBC TG 27) define depreciação como sendo a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. O Art. 183, § 2o, da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) cita o seguinte sobre depreciação: § 2º. A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (A) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; 20 Sobre os métodos de depreciação, Ribeiro (2015) destaca que o mais utilizado no Brasil é o linear, ou em linha reta. Ele se baseia em aplicar taxas contínuas, durante o tempo que for estimado a vida útil para o bem. Se a vida útil for de 10 anos, a taxa de depreciação por ano vai ser de 10%. 2.2.2 Depreciação Rural Os autores Santos, Marion e Segatti (2009) afirmam que na pecuária, os gados reprodutores, que são os touros e as vacas, também sofrem depreciação, ou seja, diminuem sua capacidade de produzir, com o passar do tempo. De acordo com Marion (2014), a depreciação rural não deve ser calculada da mesma forma que a depreciação fiscal, com uma taxa anual, se apropriando da depreciação do ano entre as culturas da propriedade. O autor destaca que os equipamentos agrícolas, não são utilizados o tempo todo em função das chuvas, geadas, entre safra e ociosidades. Recomenda-se apropriar a depreciação conforme as horas de uso nas respectivas culturas. 2.3 Impostos sobre a comercialização As atividades agrícolas possuem impostos e contribuições sobre a comercialização. Na comercialização do leite, incidem os impostos Fundesa e Funrural e nos frangos, apenas o Funrural. 2.3.1 Fundesa O FUNDESA é um fundo criado pelas Cadeias de Produção e Genética da Avicultura, Suinocultura, Pecuária de Corte, Pecuária de Leite. Sua finalidade é 21 complementar as ações de desenvolvimento e defesa sanitária animal, no Estado do Rio Grande do Sul (FUNDESA, 2014). Também serve para assegurar aos seus contribuintes indenizações caso haja enfermidades infectocontagiosas. Este fundo é amparado via legal e jurídica, está de acordo com a legislação que regulamenta os fundos privados do Brasil, tem regulamentação através da Lei 12.380, de 28.11.2005 (FUNDESA, 2014). A FUNDESA tem como missão: Propor e apoiar o desenvolvimento de ações de defesa sanitária animal, promovendo a melhoria dos padrões de qualidade, assegurando a saúde pública e ampliando a competitividade no mercado. Agilidade e celebridade na intervenção nos eventos sanitários (FUNDESA, 2014). 2.3.2 Funrural FUNRURAL é o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, previsto no artigo 25 da Lei nº 8.212/91, com redação dada pelas Leis nº 8.540/92, 9.528/97 e 10.256/01. Trata-se de um imposto de contribuição previdenciária, que incide sobre a receita bruta, resultante da comercialização da produção rural. Está destinado ao custeio do seguro de acidente do trabalhador rural. De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009 (IN 971), o fato gerador para o Funrural é a receita bruta da comercialização do produto rural. A alíquota aplicada é de 2,3%, sendo 2% para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 0,1% destinado ao financiamento das prestações por acidente do trabalho e 0,2% destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). 2.4 Contabilidade de custos Cita Padoveze (2017) que a contabilidade de custos pode ser comparada com um centro que processa informações. Ele recebe os dados, acumula, analisa, 22 processa e interpreta de forma organizada, gerando como resultado, diversas informações, que podem ser difundidas a distintos níveis gerenciais. Conforme Iudícibus; Marion; Faria (2017), a contabilidade de custos é focada no cálculo, interpretação e controle dos custos dos bens e serviços da empresa. Martins (2010) descreve que a contabilidade de custos é uma técnica que serve para identificar, medir e informar os custos dos produtos ou serviços. Surgiu da necessidade de avaliar os estoques das indústrias. Hoje também é fundamental para a contabilidade gerencial. Expressa Martins (2010) que, antigamente, a contabilidade de custos era apenas um controle auxiliar para avaliar os estoques e lucros e, hoje, passou a ser uma importante ferramenta para tomar decisões gerenciais. 2.4.1 Terminologia em custos Da mesma forma que as demais ciências, os custos utilizam definições e conceitos próprios, que serão tratados nesta seção, para a melhor compreensão dos assuntos estudados por esta área. 2.4.1.1 Gasto Retrata Souza e Diehl (2009) que o gasto se refere ao valor empregado na entidade para comprar bens ou serviços. Ele retrata o esforço financeiro e pode ser concretizado no ato da compra, ou depois. Leone (2012) define gasto pelo compromisso financeiro assumido por uma entidade, no ato da aquisição de bens ou serviços, que irá resultar em variação do patrimônio, sendo qualitativa no início e posteriormente quantitativa. O Gasto pode ser determinado por gasto de investimento, quando vai para o ativo, ou com gastos de consumo, quando serão consumidos no processo de produção. 23 Bornia (2010, p. 15) grifa que “o gasto é todo o valor dos insumos comprados pela empresa, independente de terem sido utilizados ou não”. O gasto é realizado independente de ter pagamento ou não, basta ter a compra efetivada. 2.4.1.2 Investimento Destaca Bornia (2010) que o investimento é a quantia paga por determinados materiais comprados pela organização, que não foram aplicados no período, os quais serão utilizados em períodos posteriores. Souza e Diehl (2009, p. 10) destacam que: [...] investimento é o esforço feito pela empresa, visando retorno em períodos futuros. Classifica-se como investimento todo valor que a entidade aplica para objetivar o benefício futuro, como máquinas, equipamentos, instalações, participações em outras empresas, entre outros. 2.4.1.3 Custo “Custo é o valor utilizado para produzir ou distribuir produtos ou serviços. Custo é consumo de um fator de produção, medido em valores monetários para obter-se um produto, bem ou serviço que irá gerar renda” (LEONE, 2012, p.32). Conforme Souza e Diehl (2009), a parte do gasto que vai agregar ao produto é denominada como custo. Refere-se à parte do esforço de produção que irá se transferir ao produto. As perdas também podem ser inclusas, ou seja, são aquelas partes do esforço de produção que deveriam ter ido para o produto, mas não foram devido a alguns erros na produção. 24 2.4.1.4 Despesa Conforme Leone (2012), as despesas são os gastos que ocorrem durante a comercialização ou através dos investimentos, na medida em que são utilizados nas operações. O conceito mais utilizado é o contábil. Nele as despesas são todos os gastos que são gerados, para se conseguir receita em troca. Segundo Souza e Diehl (2009, p. 11), “na contabilidade geral as despesas são consideradas por custos do período, pois são alocadas ao custo da empresa no instante da venda. Nos termos gerenciais, custos e despesas não tem diferenças”. Marion (2014) considera despesas, todos os gastos não identificáveis com a cultura que são acumulados ao estoque. Como exemplo, temos despesas de venda, despesas administrativas e despesas financeiras. 2.4.1.5 Desembolso Martins (2010) descreve desembolso como o pagamento originado da aquisição de um bem ou serviço. Ele pode ocorrer antes, durante ou depois do momento do gasto. or e em lo, se or e etuada uma com ra de material com dias de ra o ara o agamento, o gasto ocorrer imediatamente, mas o desembolso s ocorrer dois meses depois (BORNIA, 2010, p.15). 2.4.1.6 Perda Para Leone G; Leone R. (2010), as perdas são consideradas perdas, quando não fazem parte do processo normal da produção, ou seja, quando elas não foram programadas. As perdas são absorvidas pelos custos de produção, representando uma diminuição de ativo, sem que haja receita ou ganho. 25 “Perdas anormais são aquelas que consomem recursos acima do necessário para a fabricação do produto, como exemplo, um incêndio. Uma perda normal seria um vazamento” (SOUZA; DIEHL, 2009, p. 20). 2.4.2 Classificação dos custos Os custos podem ser classificados de acordo com as variações no volume produzido, na forma de identificação e também podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, pois há uma medida objetiva de seu consumo nesta fabricação. Neste sentido, os custos são classificados como diretos, indiretos, fixos e variáveis. 2.4.2.1 Custos diretos Conforme Leone e Leone (2010), os custos diretos são os que são claramente apontados com o objeto do custeio. Nesse custo não há necessidade de rateio. Souza e Diehl (2009) destacam que neste custeio, os custos e as despesas são analisadas com o objetivo de identificar sua correta relação à existência do produto. Expressa Bornia (2010) que o centro de custo direto deve representar o esforço dedicado a cada produto, a unidade de trabalho deve apresentar, da melhor forma, a quantidade de trabalho do custo direto aplicada em cada produto. 26 2.4.2.2 Custos indiretos Leone e Leone (2010) definem que os custos indiretos são os custos que não são facilmente distinguidos com o motivo do custeio. Por não ter grande relevância, em relação ao produto, alguns custos são alocados aos custeios através de rateios. Conforme Souza e Diehl (2009) tem-se como exemplo de custo indireto o salário de um supervisor de fábrica industrial. Quando a empresa fabrica diversos produtos, com volume e produção variável, não é possível distinguir de forma direta quanto vai do salário para cada produto, para isso é feito rateio entre os produtos. Conforme Martins (2010, p. 49): ada ve que necessário utilizar qualquer fator de rateio para a apropriação ou cada ve que h o uso de estimativas e não de medição direta, fica o custo incluído como indireto. 2.4.2.3 Custos fixos Os custos fixos são aqueles que não variam conforme o período de tempo e capacidade instalada em relação ao volume produzido. Eles vão existir, mesmo que não tenha produção. Temos como exemplo de custos fixos o aluguel e a depreciação, independente da produção, eles sempre serão os mesmos ( , 2). São considerados fixos todos os custos que periodicamente oneram a empresa independentemente do nível de atividade. São necessários para manter certo nível desejado de atividade e, por isso, denominam-se também custos da estrutura (SOUZA; DIEHL, 2009, p. 28). Ou seja, os custos fixos sempre irão existir, havendo produção ou não. 27 2.4.2.4 Custos variáveis Conforme Bruni e Fama (2012), nos custos variáveis, o valor se altera diretamente conforme a função das atividades da entidade. Quanto mais produção, maior é o valor do custo variável. Temos como exemplo as compras de matéria prima e embalagens, quanto maior a produção, maior também é o consumo. custeamento vari vel um crit rio usado ara acumular os custos de qualquer objeto ou segmento da Empresa. ormalmente, o custeamento vari vel a licado ao sistema de acumulaç o de custos das o eraç es fabris. Entretanto, o critério pode ser empregado quando o contador desejar determinar o custo de qualquer outro segmento da Empresa que não seja o de produção (LEONE 2012, p.391). Os custos variáveis irão existir somente se houver produção. Caso não tenha produção, não existirão custos variáveis. 2.5 Custos na atividade rural Silva (2011) cita que em virtude de cada vez necessitar de mais eficiência e mais economia, com o abandono pelo governo, o produtor rural se obriga a evoluir em relação aos métodos administrativos. Mas para que isso seja possível, precisa- se conhecer com detalhe todas as suas atividades: saber os custos, riscos e potenciais de produção. Sempre que possível precisa tomar as decisões se baseando nos números e fatos. Custos são gastos (ou sacrifícios econômicos) relacionados com a transformação de ativos (exemplo: consumo de insumos ou pagamento de salários (CREPALDI, 2016, p. 106)). Para Marion (2014) consideram-se custos todos os gastos identificáveis direta ou indiretamente com a cultura. Todos os gastos como milho, ração, sal mineral, medicamentos, material genético, a mão de obra direta e indireta, combustível, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados no manejo. 28 Marion (2014) expressa que para este tipo de atividade, calcula-se o custo, da mesma forma que os produtos de uma indústria: Pela ocasião da venda do produto, baixa-se todo o estoque, portanto, a apuração do lucro neste tipo de atividade será no momento da venda. Os custos na atividade rural são divididos em diretos, indiretos, fixos e variáveis. 2.5.1 Custos diretos na atividade rural Para Crepaldi (2016), os custos diretos são os que são apropriados de forma direta, sem haver o rateio, sobre os produtos agrícolas, basta ter uma unidade de consumo (pode ser em kg, metros, horas, etc.) estes custos variam conforme a quantidade produzida. Crepaldi (2016) ainda cita exemplos de custos diretos na atividade rural:  Insumos: geralmente o produtor rural sabe qual a quantia exata de insumos que ele utiliza para determinado produto agrícola. Tendo o valor do insumo, aplica-se diretamente o custo sobre o produto.  Mão de obra direta: são os custos de mão de obra utilizados para tal produto. Sabendo o tempo trabalhado para cada produto, é possível apropriá-lo diretamente.  Depreciação de equipamento agrícola: quando o equipamento é utilizado para a produção de apenas um tipo de produto.  Energia elétrica: quando é possível saber o quanto foi utilizado para a produção de cada produto. 29 2.5.2 Custos indiretos na atividade rural Marion (2014) define os custos indiretos na atividade rural, como os que são rateados, por não ser facilmente identificados, justamente por ter mais de um produto na propriedade. Para distinguir o quanto um trator trabalhou para cada produto, deve-se distinguir o número de horas que o trator trabalhou e posteriormente fazer rateio. Geralmente este rateio é feito conforme a produção de cada produto. Na prática, a separação de custos em diretos e indiretos, além de sua natureza, leva em conta a relevância e o grau de dificuldade de medição. Por exemplo, o gasto de energia elétrica (força) é, por sua natureza, um custo direto; porém, devido às dificuldades de medição do consumo por produto agrícola e ao fato de que o valor obtido através de rateio, em geral, pouco difere daquele que seria obtido com uma medição rigorosa, quase sempre é considerado custo indireto de produção (CREPALDI 2016, p. 108). Crepaldi (2016) descreve que os custos indiretos são aqueles que sempre necessitam de algum cálculo, rateio ou estimativa para saber qual o valor utilizado para cada produto. O mesmo autor cita alguns exemplos de custos indiretos:  Depreciação de equipamentos agrícolas: quando são utilizados para a produção de mais de um produto agrícola.  Aluguel do local para produzir pasto ou produtos.  Energia elétrica: quando não pode ser associada diretamente ao produto.  Impostos e taxas da propriedade rural.  Manutenção e conservação de equipamentos agrícolas. 30 2.5.3 Custos fixos na atividade rural Eles existem tendo ou não produção. É importante ressaltar que eles podem variar em função de grandes oscilações no volume produzido, mas num geral, são eternamente fixos (CREPALDI, 2016). Silva (2011) considera como alguns exemplos de custos fixos na atividade rural a mão de obra permanente, depreciação das máquinas, benfeitorias, impostos e juros sobre o capital. A apropriação deles sobre os produtos é feita, geralmente em forma de rateio. Crepaldi (2016) destaca que o aluguel do pasto pode sofrer um reajuste em determinado mês do ano, mas não deixa de ser fixo, pois sempre será pago, independente do mês e quantidade produzida. 2.5.4 Custos variáveis na atividade rural Consideram-se custos variáveis os custos que variam conforme o volume de produção. Como maior exemplo, temos os insumos, eles vão variar conforme a produção, e se naquele mês não houver produção, eles não irão existir. Eles aumentam conforme a produção aumenta (MARION, 2014). Silva (2011) cita como exemplos de alguns insumos que variam conforme a produção, que são: as sementes, adubos, mão de obra, entre outras. Em geral os custos variáveis representam as despesas diretas ou explicitas decorrentes do uso dos capitais circulantes de maquinas e benfeitorias, dos custos de oportunidade da terra e do capital fixo (custos fixos) (SILVA, 2011, p.53). 31 2.6 Métodos de custeio Bruni e Fama (2012) destacam que os métodos de custeio se referem às formas como se registram os custos e como são distribuídos internamente na empresa. Nestes métodos são identificados os custos dos estoques de produção. Conforme Souza; Clemente (2011) os custos acumulados por processo são agregados em certos períodos de tempo. Ao final destes períodos, os custos acumulados são destinados às quantidades produzidas. 2.6.1 Custeio por absorção Cita Martins (2010) que o custeio por absorção consiste em apropriar todos os custos aos produtos gerados. Todos os gastos referentes ao esforço de produção são divididos aos produtos ou serviços gerados. O custeio por absorção, no Brasil, é regulamentado pelo Pronunciamento Técnico CPC 16, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). A Figura 1 a seguir, mostra como funciona o custeio por absorção. Figura 1 - Custeio por absorção Fonte: Martins 2010, p.37 32 Na Figura 1 observa-se que os custos são agregados diretamente aos estoques e posteriormente baixados no custo do produto vendido (CPV). As despesas vão direto para a demonstração de resultado do exercício (DRE), na conta de despesas. Leone (2012) define que este critério de custeio necessita de muita organização, com os recursos materiais e humanos, é preciso também à manutenção e controle dos parâmetros indispensáveis para executar as várias fases do rateio, bem como o trabalho de analisar os resultados. O mesmo autor evidencia que os empresários preferem optar pelo uso deste critério, pois com ele, as empresas, mesmo sendo pequenas ou médias, começam a crescer. O departamento de custos fica completo, acolhendo gradualmente os procedimentos do custeio por absorção. 2.6.2 Custeio variável Conforme Bruni e Fama, (2012) neste sistema de custeio, os custos e as despesas variáveis são distribuídos nos produtos acabados, que ao serem diminuídos da receita, geram um valor conhecido como margem de contribuição. Os custos e despesas fixas são subtraídos da margem do período, como representa a figura a seguir. Figura 2 - Custeio Variável Fonte: Souza; Clemente, 2011, p.62. 33 Verifica-se na Figura 2 que neste tipo de custeio os custos e despesas variáveis são agregadas ao custo dos produtos, enquanto os custos fixos vão direto para a demonstração do resultado do exercício (DRE), nas despesas do período. “Portanto, como só são alocados aos produtos, os custos variáveis, ficando os fixos, estes acabam por serem considerados despesas do período” (MARTINS 2010, p.198). Bornia (2010) destaca que compreendendo os sistemas de custeios como filosofias, ligadas entre si pelos objetivos, do sistema de custos, pode-se dizer que este custeio é ligado com usar os custos para apoiar nas decisões de curto prazo, pois os custos variáveis se tornam relevantes e os fixos não. 2.6.3 Demonstrações Resultado Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício procura demonstrar o quanto a organização lucrou ou teve prejuízo naquele determinado exercício. A DRE possui padrões exigidos pela Receita Federal, mas cada organização pode adequá-la conforme a sua necessidade. Conforme Leone e Leone (2010, p.27) “[...] devem ser preparados para atender a necessidades especificas dos interessados no desem enho da entidade”. A conta receita evidência o quanto a organização vendeu naquele período. Para a produção do produto ou serviço vendido, a organização classifica seu gasto como CVM (custo da mercadoria vendida) ou CPV (custo do produto vendido). Por fim, a DRE busca evidenciar o lucro da organização, isto é, o quanto ela vai arrecadar monetariamente após realizar todos os pagamentos apresentados no exercício. O lucro é representado por uma simples equação, conforme Leone G.; Leone . ( . ) mencionam “[...] eceitas – Custos = Lucro. O lucro vai depender dos custos e das vendas”. 34 2.7 Análise custo-volume-lucro Este capítulo do trabalho visa mostrar uma das fermentas gerenciais mais usadas, que é a análise da relação entre volume, custo e lucro. Através dela, conseguimos avaliar os resultados com relação às metas estabelecidas. Verifica-se também o nível de comprometimento das receitas (SOUZA; CLEMENTE, 2011). A lucratividade de uma organização está associada, entre outras, a três importantes variáveis inter-relacionadas: volume produtivo, receitas e custos. volume rodutivo in luencia os outros dois em uma situaç o normal, quanto maior ele, maiores ser o os custos e maiores as receitas, gerando também maior lucro (SOUZA; DIEHL, 2009, p. 258). Bornia (2010) cita que planejar o lucro da empresa é muito importante para o auxílio e a tomada de decisões. Análise do custo-volume-lucro determina o quanto as alterações nas quantidades vendidas interferem no lucro. 2.7.1 Ponto de equilíbrio Bornia (2010, p.58) diz que “o ponto de equilíbrio, também conhecido como ponto de ruptura, é o ponto das vendas onde o lucro é nulo”. Souza; Clemente (2011, p. 172) cita que: [.] ponto de equilíbrio se refere à quantidade mínima que precisa ser produzia e vendida para que os custos sejam pagos. Ou seja, cobre os custos, mas sem gerar lucro. A análise do ponto de equilíbrio é muito utilizada, mas existem algumas hipóteses que precisam ter o máximo de cuidado, para que as informações sejam interpretadas de forma correta. São elas:  Clareza na conduta dos custos variáveis.  Conhecer ao máximo as atividades do processo  Conhecer os custos fixos que serão utilizados para a atividade pretendida. 35 Figura 3 - Equação para análise do lucro Fonte: Souza; Clemente, 2011, p.172. Na Figura 3, observa-se que a equação para análise do lucro é igual à receita total, diminuindo-se o custo total. Assim, o Ponto de Equilíbrio pode ser definido também, [...], conforme apresentado a seguir. Fonte: Ribeiro, Osni Moura, p. 130, 2015. A Figura 4, a seguir, representa a fórmula do ponto de equilíbrio. Figura 4 - Ponto de equilíbrio Fonte: Ribeiro, Osni Moura, p. 134, 2015. Conforme Figura 4, o cálculo do ponto de equilíbrio contábil é feito pela divisão dos custos e despesas fixas pelo valor da margem de contribuição unitária de cada produto da empresa. 36 No decorrer deste capítulo, vamos conhecer os pontos de equilíbrio contábil, econômico e financeiro. 2.7.1.1 Ponto de equilíbrio contábil Crepaldi e Crepaldi (2017) destacam que o ponto de equilíbrio contábil, também conhecido como ponto de equilíbrio operacional (PEC) é alcançado quando os totais das somas das margens de contribuição forem o mesmo montante suficiente para cobrir todos os gastos. Neste ponto, contabilmente, não há lucro, nem prejuízo. Representa a quantidade de equilíbrio entre o somatório dos custos e das despesas com a receita total, conforme representa a Figura 5, a seguir. Figura 5 - Ponto de equilíbrio contábil Fonte: Alves, 2013, p.75. Conforme Figura 5 o cálculo do ponto de equilíbrio contábil é feito pela divisão dos custos e despesas fixas pela porcentagem da margem de contribuição unitária de cada produto comercializado pela empresa. Bornia (2010) descreve que no ponto de equilíbrio contábil, são considerados os custos e despesas contábeis que tem relação com o funcionamento da empresa. 2.7.1.2 Ponto de equilíbrio econômico Alves (2013) cita que o ponto de equilíbrio econômico (PEE) é o que visa verificar o ponto em que a empresa atinge o retorno desejado sobre o capital aplicado ou o lucro que deseja. 37 Conforme Crepaldi e Crepaldi (2017), o PPE representa a quantidade que iguala a soma dos custos e despesas, acrescidos do Custo de Oportunidade com a receita total. O custo de oportunidade é o que representa a lucratividade que a empresa teria se aplicasse seu capital em outro local, ao invés de sua própria empresa. Bornia (2010) destaca que para o ponto de equilíbrio econômico, são considerados nos custos e despesas fixas, todos os custos de oportunidade. O PEE mostra qual a real rentabilidade que a atividade obtém se comparado com outras opções de investimento. A Figura 6, a seguir, representa o ponto de equilíbrio econômico. Figura 6 - Ponto de equilíbrio econômico Fonte: Crepaldi; Crepaldi, 2017, p.181. Conforme a Figura 6, o cálculo do ponto de equilíbrio econômico é feito pela soma dos custos e despesas fixas com o custo de oportunidade, dividido pela da margem de contribuição unitária. 2.7.1.3 Ponto de equilíbrio financeiro Bornia (2010) comenta que no ponto de equilíbrio financeiro, os custos considerados, são apenas os que já foram desembolsados. Com ele a empresa vai saber o quanto terá que vender para não ficar sem dinheiro, para cobrir as necessidades de desembolso. Caso a empresa trabalhe abaixo do ponto de equilíbrio financeiro, terá problemas de caixa, precisando contratar empréstimos, o que só vai piorar a situação. 38 Crepaldi e Crepaldi (2017) destacam que o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) representa a quantidade que iguala o total dos custos e despesas que representam desembolso financeiro para a empresa mais a receita total, dividindo-se pela margem de contribuição unitária. A depreciação deve ser excluída do cálculo, pois ela é uma despesa que não gera desembolso, conforme apresenta a Figura 7, a seguir. Figura 7 - Fórmula da Depreciação Fonte: Crepaldi; Crepaldi, 2017, p.181. Apresenta a Figura 7 que o cálculo do ponto de equilíbrio financeiro é feito pela soma dos custos e despesas fixas, menos a depreciação, dividido pela da margem de contribuição unitária. 2.7.2 Margem de contribuição Conforme Padoveze (2017) a margem de contribuição caracteriza o lucro variável. Ela corresponde à diferença entre o preço de venda unitário e os custos e despesas variáveis por unidade. A margem de contribuição tem a finalidade de mostrar facilmente a potencialidade de cada produto, mostrando como cada um contribui para amortizar os gastos fixos, e, depois, formar o lucro propriamente dito (MARTINS, 2010). A seguir, será apresentada a fórmula da margem de contribuição: 39 Figura 8 - Fórmula da Margem de Contribuição Fonte: Leone, 2012, p. 34 A Figura 8 apresenta a fórmula da margem de contribuição. Margem de contribuição é a diferença do preço de venda com as despesas e custos variáveis. Resumindo, a margem de contribuição, retrata a quantidade da receita total com a soma de custos e despesas que representam desembolso financeiro para a empresa. Os gastos com depreciação são excluídos por não representar desembolso para empresa. 2.7.3 Margem de segurança Cita Leone (2012) que a margem de segurança é a diferença entre o que se pode produzir e o que se pode ser comercializado, no que tange à quantidade do informada no ponto de equilíbrio e a quantidade de produtos. Seu nome se refere ao intervalo que a empresa tem para obter lucros, depois de atingir o ponto de equilíbrio. Bornia (2010, p. 64) destaca que: Através da margem de segurança podemos saber o quanto as vendas podem cair, sem haver prejuízo para a empresa. Podendo ser medida pelas quantidades, pelo valor ou pelo índice. A forma mais utilizada é pelo índice, pois gera informações mais fáceis para a administração utilizar. “Um fato que deve ser observado com maior importância é que o percentual admissível de redução depende da receita total, pois se a receita mudar, o percentual de redução também irá sofrer alteração” (SOUZA; DIEHL, 2009, p. 270). 40 Abaixo, segue Figura 9, com a fórmula para o cálculo da margem de segurança: Figura 9 - Cálculo da Margem de Segurança Fonte: Souza; Diehl, 2009. Onde, MSO= Margem de segurança operacional. Quantidade no PE= Quantidade no ponto de equilíbrio. Assim, com este cálculo, pode-se determinar o nível de vendas da empresa. 2.7.4 Formação do preço Bruni e Fama (2012) destacam que o ato de estabelecer um preço é considerado um dos pontos mais importantes para qualquer empresa. Existem autores que dizem que este feito representa a arte do negócio. O êxito depende diretamente da formação de preço. De acordo com Bornia (2010), o preço de venda é estabelecido começando pelos custos, mais uma margem de lucro, tendo-se a seguinte equação: E S Bruni e Fama (2012, p. 252) citam alguns objetivos em relação à formação dos preços de venda:  Ter o maior lucro possível em longo prazo;  Permitir a maximização lucrativa da participação de mercado;  Aumentar a capacidade de produção, evitando tempo ocioso;  Maximizar o capital aplicado visando o aumento dos negócios. 41 Bornia (2010) afirma que a competição está cada vez mais acirrada no ambiente de negócios e isso faz com que os preços alternem o tempo todo, deixando a formação do preço de venda dependente do mercado. Neste sentido, a formação de preço em propriedades agrícolas ligadas à atividade leiteira e de criação de frango de corte é limitada ao mercado e suas condições. O valor pago aos produtores depende do consumo, quanto maior ele for maior será o preço pago. 42 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo visa apresentar a metodologia utilizada na realização deste trabalho. Tendo como objetivo principal implantar um controle de custos na propriedade rural, voltada à atividade de produção leiteira e de criação de frangos de corte, visando encontrar o custo e o lucro de cada atividade. Roesch (2013) destaca que o capítulo da metodologia descreve como o projeto vai ser realizado, deve-se partir dos objetivos do projeto para definir que tipo de método será mais adequado. Conforme Gonçalves; Meirelles (2004, p. 91) a metodologia “a ciência que estuda os m todos de investigaç o e a a resentaç o de resultados cientí icos”, ou seja, uma ciência que estuda os caminhos para se chegar a este conhecimento científico. 3.1 Tipos de pesquisa A pesquisa se divide em quatro tipos que se diferenciam quanto à abordagem: natureza, forma, objetivos e procedimentos técnicos. Vergara (2010, p. 46) descreve que “o leitor precisa ser informado sobre o tipo de pesquisa que se realizará, seus conceitos e justificativas”. 43 3.1.1 Quanto à abordagem A presente pesquisa é quantitativa, quanto à forma de abordagem. Malhotra (2012, p.111) define “pesquisa quantitativa como a metodologia de pesquisa que viza quantificar os dados e, normalmentee, utiliza uma análise estatística”. “A pesquisa quantitativa deve ser adotada quando o objetivo do projeto implica em medir alterações ou avaliar resultados, visando garantir um bom resultado” (ROESCH 2013, p. 130). A seguir é apresentado uma comparação de pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa, conforme a Figura 10. Figura 10 - Comparativo entre pesquisa qualitativa e quantitativa Fonte: Malhotra (2012, p.111). Conforme Figura 10, a pesquisa em questão trata-se de pesquisa de natureza quantitativa. 3.1.2 Quanto aos objetivos Quanto aos objetivos a pesquisa é classificada em exploratória. Esta tem como objetivo proporcionar uma maior familiaridade com o problema, tendo levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas ligadas a experiências práticas. 44 De acordo com Gil (2010) toda pesquisa tem seus objetivos, que tendem a ser diferentes aos de qualquer outra, em relação aos objetivos mais gerais, as pesquisas podem ser classificadas em exploratórias, descritivas e explicativas. Gil (2010) cita que através de pesquisa exploratória obtém-se uma maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Estas pesquisas têm como objetivo principal, o aprimoramento de ideias. Conforme Vergara (2010) pesquisa exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que poderão surgir durante ou no final da pesquisa. Neste sentido, esta pesquisa classifica-se como exploratória por ter levantamento bibliográfico, através de documentos e entrevista não estruturada com o proprietário rural, que possui experiências práticas do negócio. 3.1.3 Quanto aos procedimentos técnicos Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa se divide em estudo de caso, documental. De acordo com os procedimentos técnicos, está pesquisa classifica-se em estudo de caso e documental, pois serão pesquisados documentos fiscais disponíveis na propriedade e o estudo do setor financeiro. Para Gil (2010) podem ser identificados muitos delineamentos de pesquisa. Na definição dos delineamentos são considerados muitos elementos, nenhum sistema de classificação pode ser exaustivo. Podem-se encontrar pesquisas que não se enquadrem em qualquer uma das categorias propostas, também não se pode garantir que as pesquisas possam ser enquadradas em uma única modalidade. 45 3.1.3.1 Estudo de caso Para Ribeiro da Silva (2003) o estudo de caso, é um estudo que analisa um ou poucos fatos com profundidade, sua maior utilidade é verificada em pesquisas exploratórias, o objeto de pesquisa pode ser o indivíduo, a propriedade, uma atividade. Vergara (2010) descreve que estudo de caso é uma forma de pesquisa que analisa com profundidade um objetivo anunciado o estudo de caso considera a unidade social sob enfoque do indivíduo, família, instituição, comunidade, entre outras; que em sua totalidade tem como objetivo compreendê-la. É, portanto, uma investigação que pesquisa as peculiaridades no seu contexto real. Conforme Yin (2010), quanto mais as questões buscarem esclarecer uma circunstância, do ti o “como” ou “ or que”, deve ser utili ado o m todo do estdo de caso. Ele faz com que os investigadores obtenham as caracteristicas, mas significativas do que acontece na vida real. Este método também é importante quando exige descrever de forma ampla e profunda de um fenomeno social. As evidências mais comuns na realização do estudo de caso são: documentos, entrevistas, registros, observações diretas e artefatos físicos. Para a presente pesquisa, foi utilizado o estudo de caso, pois aprofunda as informações de um ou de poucos objetos, e assim obtêm-se resultados mais detalhados e exatos. 3.1.3.2 Pesquisa documental Para Vergara (2010), pesquisa documental baseia-se em dois tipos de documentos: os documentos de primeira mão, que não recebem qualquer tratamento analítico, tais como documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias ou gravações. De acordo com Ribeiro da Silva (2003), a pesquisa documental difere da 46 pesquisa bibliográfica, pois utilizam materiais que ainda não receberam tratamento analítico, suas fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Foi realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados, como: registros, notas fiscais, ofícios, memorandos. A pesquisa documental buscou dados das notas fiscais de compra e venda e informações referentes à área financeira da propriedade. 3.2 Unidade de análise Para Vergara (2010) população da pesquisa é um conjunto de elementos que possuem as características que serão o objeto de estudo. População amostral é uma parte do universo escolhida sob um critério de representatividade. Ribeiro da Silva (2003) também descreve que a população alvo é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam uma característica em comum. O universo da pesquisa, também conhecido como população da pesquisa, representa o total de dados diferentes que tem alguma característica semelhante em determinado estudo (COLAUTO; BEUREN, 2006). Marconi; Lakatos (2010) citam que a delimitação do universo cita coisas ou pessoas, fenômenos, entre outros, que serão analisados de acordo com as suas características tipo, local onde vivem, idade, sexo, entre outras. Amostra se refere a uma pequena parte da população, selecionada de acordo com as regras da pesquisa. A unidade de análise, desta pesquisa, é uma propriedade rural de pequeno porte, que trabalha com a atividade leiteira e criação de frango de corte, localizada em Linha Ernesto Alves, interior do município de Nova Bréscia/RS. A propriedade é conduzida pelos casais Gian Valduga e Tabata Maffi Valduga e Danilo Zonatto e Marlene Zonatto. 47 3.3 Coleta dos dados Para Ribeiro da Silva (2003), nesta etapa se deve definir as técnicas a serem utilizadas na pesquisa. Para Vergara (2010) o leitor deve ser informado sobre a fonte dos dados utilizados para responder ao problema proposto. Segundo Gil (2010), para uma melhor qualidade nos resultados obtidos no estudo, recomenda-se utilizar mais de uma técnica de coleta de dados. Os dados podem ser obtidos mediante análise de documentos, entrevistas, depoimentos pessoais e observação. Nesta pesquisa foram coletados os dados primários e secundários através de pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos pertinentes ao assunto. Já a pesquisa documental foi feita através de arquivos, relatórios bancários, documentos fiscais, e estudo de caso, com a observação e entrevistas com o gestor da propriedade, para interpretar e analisar o custeio do leite. 3.4 Análise dos dados Andrade (2003, p. 154) descreve que através da análise procura-se verificar as relaç es e istentes entre o enômeno estudado e outros atores, “o objetivo da análise é organizar, classificar os dados para que deles se extraiam as respostas ara os roblemas ro ostos, que ser o objeto da investigaç o”. Segundo Vergara (2010), nesta etapa da pesquisa se explica para o leitor como se pretende analisar os dados da pesquisa, justificando porque tal análise é adequada aos propósitos do projeto. Nesta pesquisa os dados foram analisados e interpretados pela estudante, apresentando-os em forma de números e percentuais, fazendo comparações entre os exercícios contábeis, onde se verifica um crescimento ou uma perda na gestão da propriedade. Os mesmos foram analisados e apresentados de forma quantitativa para uma melhor compreensão ao leitor. 48 Esta pesquisa foi desenvolvida com base na análise dos dados de fontes primárias disponibilizados pelo produtor, como, por exemplo, as notas fiscais de compra de ração, vacinas, medicamentos, entre outras. 3.5 Limitações do método De acordo com Vergara (2010), todo método tem possibilidades e limitações, podendo haver críticas do leitor explicitando quais as limitações que o método escolhido oferece. A limitação do método está restrita a falta de controles qualificados para aprofundar os relatórios, pois alguns dos dados e informações podem não ter sido registrados, dificultando a análise de alguns indicadores. Outra limitação é a inaplicabilidade desta pesquisa em diferentes propriedades, em função das suas particularidades. 49 4 CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE RURAL Neste capítulo descrevem-se as características da propriedade rural, que se fazem necessárias para uma melhor compreensão das atividades. 4.1 Apresentação da propriedade Para fazer esta pesquisa foi necessário dispor de uma familiaridade com a propriedade rural e seu funcionamento. Nesta parte será apresentada a propriedade rural e suas principais características. A propriedade rural em análise pertence a uma família composta por dois casais que fazem a atividade de manejo e cuidado do rebanho, alojam os frangos até o abate, além de outras atividades que possuem esporadicamente. A propriedade pertence à família desde 1990, quando foi doada por meio de divisão de herança. Possui seis hectares de tamanho e está localizada no interior do município de Nova Bréscia, no Vale do Taquari, RS, aproximadamente, a 180 km da capital Porto Alegre. A figura 11 apresenta a imagem por satélite de toda a propriedade. 50 Figura 11 - Imagem propriedade, Sistema de Cadastro Ambiental Rural. Fonte: Sistema de Fonte: Cadastro Ambiental Rural (SICAR), engenheiro ambiental Marcelo Capra. O modelo de sistema utilizado para a criação de frango de corte é o Sistema de Produção Integrada (PI). Conforme dados relatados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 10/01/2017, o PI é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e gêneros alimentícios de qualidade, baseado em boas práticas agrícolas, com gestão racional dos recursos naturais e privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável. Destaca o MAPA que: “ tem como estrutura b sica as oas r ticas grícolas - BPA, previstas nas Normas Técnicas Específicas – NTE e documentos auxiliares, como manuais, grades de agrotóxicos, cadernos de campo e de beneficiamento que promovem o atendimento e o respaldo aos marcos regulatórios oficiais do país. Tais procedimentos visam oferecer garantias de eficácia na adoção das BPA, com ganhos de sustentabilidade, da conservação ambiental, de governança da produtividade, da competitividade e dos riscos quanto à segurança do agricultor, dos trabalhadores, e especialmente à saúde do consumidor” (S E D , G Q E É ?). Conforme a BRF, O contrato entre a empresa e os produtores integrados determina que toda intervenção no lote em produção é de responsabilidade da BRF, incluindo qualquer tratamento, mesmo que não medicamentoso. E, ainda, a BRF 51 conta com uma rede de laboratórios que auxiliam na identificação das causas, bem como agilizam a tomada de decisões mediante o rápido resultado. A empresa fornece os pintos com um dia de vida, alimentação, cuidados veterinários e medicamentos. 4.2 Descrição do processo de produção O processo de produção do leite tem início no primeiro dia em que a vaca teve a cria (este leite é destinado ao bezerro, até os seus primeiros 21 dias, só é vendido após a liberação, feita através de testes químicos feitos pela COSUEL) até os 7 meses da próxima gestação. O processo com os frangos se inicia na data de saída do lote anterior, com a desinfecção e descontaminação, onde o aviário é preparado para o recebimento dos novos pintos. Quando o novo lote entra no aviário, ele fica em torno de 28 a 30 dias, sendo que o ciclo completo tem por volta de 35 a 40 dias. O trabalho diário após a entrada do lote é de cuidar da temperatura, no verão os frangos precisam de ventiladores para abafar o calor e no inverno os frangos necessitam de fornalha, para aquecê-los do frio intenso que ocorre no nosso estado. Outras atividades que fazem parte da rotina é recolher os frangos que vieram a óbito e cuidar da serragem onde os frangos ficam, conhecida como cama do aviário. Seguem algumas imagens da propriedade. As Figuras 12 e 13, a seguir mostram o aviário, onde se dá a produção do frango de corte, desde a chegada dos pintos com 1 dia, até o abate, que geralmente é entre 28 e 31 dias. 52 Figura 12 - Aviário, parte interna Fonte: Elaborado pela própria autora. Figura 13- Aviário, parte externa Fonte: Elaborado pela própria autora. A Figura 14, a seguir apresenta a lenha, que é utilizada a cada lote de frango de corte para a fornalhas, para aquecer os frangos. 53 Figura 14 - Lenha Fonte: Elaborado pela própria autora A Figura 15, a seguir, apresenta o trator, que é utilizado em diversas funções, para as duas atividades. Figura 15 - Trator Fonte: Elaborado pela própria autora 54 A Figura 16, a seguir, expressa parte do plantel, aguardando a ordenha. Figura 16 - Plantel Fonte: Elaborado pela própria autora. A Figura 17, a seguir, mostra o resfriador de leite, que é onde o leite é depositado, após a ordenha. Figura 17- Resfriador de leite Fonte: Elaborado pela própria autora. 55 A Figura 18 demonstra o estoque da silagem e a plantação do milho, ambas utilizadas para a alimentação do plantel. Figura 18 - Alimentação das vacas Fonte: Elaborado pela própria autora. 56 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS Neste capítulo foram identificados, classificados e avaliados os custos oriundos das atividades, com o intuito de melhorar a rentabilidade do negócio, através do controle da atividade leiteira e de criação de frango de corte. A partir desses dados, foi elaborada a demonstração de resultado (DRE) de ambas as atividades e também uma análise gerencial dos custos. 5.1Análise do patrimônio O patrimônio da propriedade foi identificado junto com o proprietário. As Tabelas 1, 2 e 3, a seguir, evidenciam o patrimônio alocado à atividade leiteira, à criação de frango de corte e ao plantel dos animais. 5.1.1 Patrimônio alocado à atividade leiteira e à criação de frango de corte Para saber o patrimônio da propriedade, os bens foram identificados, avaliados e rateados. Foi utilizado rateio, somente quando o bem é utilizado nas duas atividades. A Tabela 1, a seguir, apresenta os bens com os valores discriminados para cada atividade. 57 Tabela 1 - Patrimônio alocado à atividade leiteira e à criação de frango de corte Bem Patrimônio total (R$) Patrimônio prod. de leite (R$) Patrimônio criação frango de corte (R$) Trator 15.000,00 6.000,00 9.000,00 Carretão 2.500,00 1.000,00 1.500,00 Veículo 9.000,00 1.800,00 3.600,00 Motocicleta 11.000,00 2.200,00 4.400,00 Plataforma 2.500,00 1.000,00 1.500,00 Grampos (pé de pato) 700,00 280,00 420,00 Roçadeira 1.000,00 400,00 600,00 Motosserra 1.500,00 600,00 900,00 Compressor 630,00 252,00 378,00 Soldador 350,00 140,00 210,00 Ferramentas diversas 400,00 160,00 240,00 Pulverizador 1.500,00 600,00 900,00 Morsa 300,00 120,00 180,00 Terreno 60.000,00 30.000,00 10.000,00 Galpões 5.000,00 5.000,00 - Sala de ordenha 10.000,00 10.000,00 - Cercas 1.500,00 1.500,00 - Batedor de Milho 2.000,00 2.000,00 - Resfriador de leite 6.000,00 6.000,00 - Ordenhadeira 3.000,00 3.000,00 - Ensiladeira 1.500,00 1.500,00 - Motor p. picar pasto 350,00 350,00 - Motor reserva 700,00 700,00 - Matriz Leiteira (8) 25.100,00 25.100,00 - Touro Reprodutor 4.000,00 4.000,00 - Bezerra (4) 2.000,00 2.000,00 - Novilha (5) 7.500,00 7.500,00 - Aviário 30.000,00 - 30.000,00 Ventiladores 4.750,00 - 4.750,00 Silos Ração 1 11.000,00 - 11.000,00 Silos Ração 2 12.000,00 - 12.000,00 Distrib. Ração 30.000,00 - 30.000,00 Distrib. Água 20.000,00 - 20.000,00 Tablado (levante) 35.000,00 - 35.000,00 Tonéis para fogo 2.250,00 - 2.250,00 Fornalha 1.500,00 - 1.500,00 Nebulizador 5.000,00 - 5.000,00 Máq. de cortar cama 4.750,00 - 4.750,00 Carretão 2 2.000,00 - 2.000,00 Caixas de água 3.000,00 - 3.000,00 Lava jato 2.000,00 - 2.000,00 Totais 338.280,00 113.202,00 197.078,00 Fonte: Elaborada pela autora, com base nos dados coletados na propriedade. 58 Na Tabela 1, constata-se que o valor total do patrimônio corresponde a R$ 338.280,00. A quantia de R$ 113.202,00 se refere à atividade leiteira e, R$197.078,00 à criação de frango de corte. Os valores atribuídos são os de mercado, de acordo com a avaliação do proprietário, sendo levado em conta o estado de conservação dos mesmos. A divisão dos valores dos bens, para cada atividade, se deu através do método de rateio em função do tempo de uso, destinando 40% do valor à atividade leiteira e, 60% para a criação de frango de corte. O método de rateio foi implantado nos seguintes bens: trator, carretão, plataforma, grampos, roçadeira, motosserra, compressor, soldador, ferramentas diversas, pulverizador e morsa. Nos bens tipo motocicleta e veículo, o percentual de rateio do valor utilizado foi da seguinte forma: os frangos 40%, o leite 20%e o uso particular 40%. A área de terras corresponde a 6 hectares. Seu valor de R$ 60.000,00 foi determinado pela opinião do proprietário e, por pesquisa realizada no cartório de Nova Bréscia, através do valor pago por hectare de terras que é de R$ 10.000,00 cada um. 5.1.2 Plantel dos animais A propriedade possui, em média, um plantel constituído por 18 animais, sendo eles: vacas em lactação, vacas secas, novilhas, bezerros e 1 touro, como apresenta a Tabela 2, a seguir: Tabela 2 - Plantel dos animais Matrizes Mai/17 Jun/17 Jul/17 Ago/17 Set/17 Out/17 Nov/17 Dez/17 Média Vacas em lactação 7 6 7 7 6 7 6 6 7 Vacas Secas, Novilhas e touro 7 7 6 6 7 6 8 8 7 Bezerras 4 4 4 4 4 5 4 4 4 Total 18 17 17 17 17 18 18 18 18 Fonte: Elaborada pela autora, com base nos dados coletados na propriedade. 59 Conforme Tabela 2, a quantidade média de vacas em lactação é de 7 vacas por mês. Na propriedade existe 1 touro, que é utilizado para procriação, com o intuito de formar um novo plantel da mesma raça e a diminuição dos custos com inseminações. A Tabela 3, a seguir, demonstra a produtividade das vacas em lactação no período analisado. Tabela 3 - Produtividade das vacas em lactação Descrição Mai/17 Jun/17 Jul/17 Ago/17 Set/17 Out/17 Nov/17 Dez/17 Totais Quantidade mês 2.957 2.923 2.646 3.112 3.094 2.790 2.829 3.322 23.673 Vacas em lactação 7 6 7 7 6 7 6 6 - Prod.lts/vaca/dia 14,08 16,24 12,60 14,82 17,19 13,29 15,72 18,46 - Fonte: Elaborada pela autora, com base nos dados coletados na propriedade. Conforme Tabela 3, a média mensal de produção do plantel, nos meses de maio a dezembro de 2017 é de 2.959 litros, sendo 15,30 litros de leite diários, por vaca. A média de produção é constante nesses meses, pois, de acordo com o proprietário, as quantidades de ração e silagem utilizadas na alimentação, são sempre as mesmas. 5.2 Depreciação O valor da depreciação se origina das perdas dos bens que integram o ativo imobilizado da propriedade. O valor foi calculado de forma linear, inicialmente por ano e depois mensal, sendo levada em conta a vida útil de cada bem, existente na propriedade. Para o cálculo do valor da depreciação, foi utilizado o valor do bem, identificado na Tabela 1, seu valor residual e o tempo de vida útil. Para apurar o valor residual, utilizou-se pesquisa de valor de mercado e a opinião do proprietário. Para saber o tempo de vida útil de cada bem, utilizou-se o anexo III da Receita Federal e também a opinião do proprietário. 60 As Tabelas 4 a 7, a seguir, mostram a depreciação dos bens de uso comum, das benfeitorias da atividade leiteira, das matrizes e das benfeitorias da atividade avícola. 5.2.1 Depreciação bens de uso comum A Tabela 4, a seguir, demonstra o valor das depreciações dos bens de uso comum, na atividade leiteira e na atividade de frango de corte da propriedade. Tabela 4 - Depreciação bens de uso comum Bens Ano Aquis. VlrAquis. Valor Residual Vida útil (anos) Deprec. Anual Deprec. Mensal Vlr. Deprec. leite Vlr. Deprec. frango Trator 2014 15.000,00 13.000,00 10 200,00 16,67 6,67 10,00 Carretão 2015 2.500,00 500,00 25 80,00 6,67 2,67 4,00 Veículo 2016 9.000,00 5.000,00 5 800,00 66,67 13,33 40,00 Motocicleta 2014 11.000,00 5.000,00 5 1.200,00 100,00 20,00 60,00 Plataforma 2014 2.500,00 500,00 10 200,00 16,67 6,67 10,00 Grampos (trator) 2014 700,00 140,00 10 56,00 4,67 1,87 2,80 Roçadeira 2009 1.000,00 200,00 10 80,00 6,67 2,67 4,00 Motosserra 2014 1.500,00 300,00 5 240,00 20,00 8,00 12,00 Compressor 2015 630,00 126,00 10 50,40 4,20 1,68 2,52 Soldador 2015 350,00 70,00 10 28,00 2,33 0,93 1,40 Ferramentas 2016 400,00 80,00 5 64,00 5,33 2,13 3,20 Pulverizador 2009 1.500,00 300,00 10 120,00 10,00 4,00 6,00 Morsa 2017 300,00 100,00 10 20,00 1,67 0,67 1,00 Total 46.380,00 25.316,00 3.138,40 261,53 71,28 156,92 Fonte: Elaborada pela autora, com base nos dados coletados na propriedade. A Tabela 4 demonstra o valor mensal depreciado para os bens utilizados nas duas atividades. Foi feito o cálculo da depreciação, utilizando o método linear e posteriormente foi feito rateio entre as atividades. 61 O rateio foi utilizado para calcular a depreciação nos seguintes bens: trator, carretão, plataforma, grampos, roçadeira, motosserra, compressor, soldador, ferramentas diversas, pulverizador, morsa, motocicleta e veículo. O critério de rateio foi a proporção que cada um é utilizado, perante a atividade. Para o trator, carretão, plataforma, grampos, roçadeira, motosserra, compressor, soldador, ferramentas diversas, pulverizador e morsa foi utilizado a proporção de 40% do valor para atividade leiteira e 60% para o frango de corte. Para motocicleta e o veículo, o rateio do valor, foi feito pela utilização entre os frangos 40%, o leite 20% e o uso pessoal 40%. O valor total dos bens de uso comum é de R$46.380,00, sendo apurado como valor residual R$ 25.316,00, a depreciação anual para as duas atividades foi de R$ 261,53, sendo R$ 71,28 para a atividade leiteira e R$ 156,92 para a atividade de frango de corte. O trator obteve pouca depreciação, pois seu valor de compra e seu valor residual quase não tem diferença, sendo em apenas R$ 16,67 para as duas atividades por mês. Seu valor residual foi pesquisado em revendas de tratores da cidade de Lajeado/RS. 5.2.2 Depreciação Atividade Leiteira A Tabela 5, a seguir, demonstra os valores referentes às depreciações das instalações e das máquinas e equipamentos, específicos da atividade leiteira. Tabela 5 - Depreciação das benfeitorias na atividade leiteira Bens Ano Aquis. VlrAquis. Vlr. Residual Vida útil (anos) Tempo de uso (anos) Deprec. Anual Deprec. Mensal Deprec. Acum. Galpões 1996 5.000,00 1.000,00 25 21 160,00 13,33 3.360,00 Sala ordenha 1996 10.000,00 2.000,00 25 21 320,00 26,67 6.720,00 Cercas 1996 1.500,00 300,00 25 21 48,00 4,00 1.008,00 Batedor (farelo) 2000 2.000,00 400,00 10 17 160,00 13,33 2.720,00 (Continua...) 62 (Conclusão.) Bens Ano Aquis. VlrAquis. Vlr. Residual Vida útil (anos) Tempo de uso (anos) Deprec. Anual Deprec. Mensal Deprec. Acum. Resfriador de leite 2013 6.000,00 1.200,00 10 4 480,00 40,00 1.920,00 Ordenhadeira 2013 3.000,00 600,00 10 4 240,00 20,00 960,00 Ensiladeira 2013 1.500,00 300,00 10 4 120,00 10,00 480,00 Motor p. pasto 2016 350,00 70,00 10 1 28,00 2,33 28,00 Motor reserva 2000 700,00 140,00 10 17 56,00 4,67 952,00 Total 30.050,00 6.010,00 1.612,00 134,33 18.148,00 Fonte: Elaborada pela autora, com base nos dados coletados na propriedade. A Tabela 5, expressa os valores das depreciações das benfeitorias, utilizadas na atividade leiteira. Os bens exclusivamente utilizados nesta atividade são os galpões, a sala de ordenha, as cercas, o batedor de farelo, o resfriador de leite, a ordenhadeira, a ensiladeira, o motor para pasto e o motor reserva. A depreciação total destes bens é de R$ R$ 30.050,00, tendo R$ 6.010,00 como valor residual. O valor mensal referente às depreciações das benfeitorias da atividade leiteira é de R$ 134,33. 5.2.3 Depreciação do plantel A Tabela 6, a seguir, expressa a depreciação das matrizes e do touro reprodutor. Tabela 6 - Depreciação do plantel Bem Ano Aquis. VlrAquis. Valor Residual Vida útil (anos) Tempo de uso (anos) Deprec Anual Deprec Mensal Deprec. Acum. Matriz Leiteira 1 2013 2.500,00 1.500,00 6 2 166,67 13,89 333,33 Matriz Leiteira 2 2008 3.500,00 1.500,00 6 8 333,33 27,78 2.666,67 Matriz Leiteira 3 2012 3.500,00 1.500,00 6 3 333,33 27,78 1.000,00 Matriz Leiteira 4 2014 3.000,00 1.500,00 6 4 250,00 20,83 1.000,00 (Continua...) 63 (Conclusão.) Bem Ano Aquis. VlrAquis. Valor Residual Vida útil (anos) Tempo de uso (anos) Deprec Anual Deprec Mensal