CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENFERMAGEM A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE À NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS Rosana Maria Kraemer Kalsing Lajeado, dezembro de 2012 B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) Rosana Maria Kraemer Kalsing A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE À NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na disciplina de TCC II do Curso de Graduação em Enfermagem, do Centro Universitário UNIVATES, como exigência parcial para o título de Bacharel em Enfermagem. Orientador: Ms. Cássia Regina Gotler Medeiros Lajeado, dezembro de 2012 B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) RESUMO Eventos adversos são inconvenientes não intencionais provocados pela equipe de saúde que pode ou não resultar em aumento do tempo de internação ou incapacidade. O objetivo deste estudo foi conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a notificação de eventos adversos. O estudo teve abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratório. A coleta ocorreu por meio de entrevistas semi-estruturadas com técnicos de enfermagem e enfermeiros atuantes em diferentes turnos em um Hospital de Médio Porte. Verificou-se que todos os profissionais entrevistados tem um entendimento adequado sobre o conceito de evento adverso. Como principais motivos de ocorrência dos eventos adversos destacaram-se a falta de atenção dos profissionais que executam a assistência e a falta de planejamento das atividades. A maioria dos profissionais reconhece a importância da notificação como fonte de dados estatísticos e seu caráter educativo. Quanto às causas da ocorrência de eventos adversos, a maioria dos entrevistados citaram a falta de atenção e descuido. A sobrecarga de trabalho devido ao número insuficiente de profissionais e jornada dupla de trabalho também foram citadas como causa de ocorrência de eventos adversos. Quanto à importância da notificação, a maioria dos entrevistados tem a percepção clara e correta desta. Dentre as principais causas da não notificação destacou-se o medo de punição. Foram consideradas também a falta de conhecimento sobre o assunto, e a falta de conscientização da importância da notificação. Palavras-chave: Segurança do paciente – Gerenciamento de Segurança – Cuidados de Enfermagem. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 7 2.1 Segurança do paciente ....................................................................................... 7 2.2 Eventos adversos e notificação ......................................................................... 9 2.3 Enfermagem e segurança ................................................................................. 10 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 14 3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................ 14 3.2 Local do estudo ................................................................................................. 15 3.3 Participantes do estudo .................................................................................... 15 3.4 Técnica de coleta e análise das informações ................................................. 16 3.5 Aspectos éticos ................................................................................................. 16 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ......................................................... 18 4.1 Perfil dos Entrevistados ................................................................................... 18 4.2 Análise das categorias...................................................................................... 19 4.2.1 Entendimento sobre Evento Adverso ........................................................... 19 4.2.2 Percepção sobre as causas dos eventos adversos .................................... 21 4.2.3 Importância da Notificação ............................................................................ 24 4.2.4 Motivos da não notificação ........................................................................... 26 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33 APÊNDICES ............................................................................................................. 37 B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 4 1 INTRODUÇÃO A saúde de uma pessoa é influenciada por condicionantes biológicos, sociais, econômicos, culturais e psicológicos que podem em um determinado momento da vida, levá-la a procurar atendimento em um serviço de assistência à saúde, por vontade própria, à pedido da família ou até mesmo por obrigatoriedade legal. Quando uma pessoa procura um serviço de saúde, pressupõe-se que o profissional esteja habilitado, capacitado, e qualificado para atendê-la com segurança nos procedimentos que integram a assistência de enfermagem. (CORBELLINI et al, 2011). Desse modo, o processo de intervenção, por meio de um sistema de cuidados para a saúde serve para atender as necessidades, demandas, aspirações individuais e coletivas, como um processo técnico, científico e político. Entende-se que o profissional deve ter o conhecimento técnico e científico no sentido de que esse saber e fazer em relação ao atendimento do paciente não sejam empíricos, mas podem e devem ser instrumentalizados pelo conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico, pelo avanço e progresso da ciência. É político no sentido de que se refere à valores, interesses, aspirações e relações sociais e envolve a capacidade de identificar e privilegiar as necessidades de saúde individuais e coletivas. Nas instituições de saúde, busca-se a excelência no cuidado e foco na qualidade do atendimento. Como seres humanos estamos sujeitos a realizar tarefas B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 5 que se apresentam em não conformidade com o resultado esperado. Estas ocorrências são denominadas eventos adversos. Neste estudo usou-se uma definição ampla de evento adverso: inconveniente não intencional provocado pela equipe de saúde que pode ou não apresentar aumento do tempo de internação ou incapacidade (UNBECK, MUREN e LILLKRONA, 2008). O serviço de enfermagem poderá optar pelo tipo de instrumento para a notificação dos eventos adversos de acordo com seus objetivos e características de atendimento. Queremos ressaltar que um boletim de registro de evento adverso é um importante instrumento de comunicação entre a equipe de saúde, paciente e instituição e também um recurso para a promoção da saúde e segurança do paciente. Teoricamente a notificação não teria caráter punitivo, no entanto, isto depende do grau de confiança dentro das equipes de trabalho e das organizações. Os dados coletados a partir dos boletins de notificação são de grande importância para o gerenciamento de enfermagem e processo de educação da equipe de enfermagem. Em minha trajetória profissional enquanto técnica de enfermagem, percebi muitos casos de atos não seguros, que poderiam levar a incidentes, aos quais não chegavam ao conhecimento da chefia de enfermagem ou da administração, impedindo atividades educativas e de mudanças nos processos de trabalho, de forma a preveni-los. Interessei-me pelo tema e penso que pode existir uma forte relação entre o conhecimento dos profissionais sobre a importância e o objetivo das notificações de eventos adversos, e o baixo volume destas. Desta forma pretendi desenvolver o presente estudo com o objetivo de conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a notificação de eventos adversos. A temática abordada neste estudo é de relevância, pois se refere à segurança do paciente e também do profissional que atua no cuidado, podendo tornar-se um dilema, a partir do momento que se trata de registrar um erro. Desenvolveu-se o presente estudo e buscou-se: B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 6  Verificar o entendimento da equipe de enfermagem sobre o evento adverso;  Identificar percepções que podem levar à não notificação de eventos adversos;  Conhecer as causas que levam à eventos adversos na percepção da equipe de enfermagem; No ambiente hospitalar, a segurança do paciente tem gerado debates em âmbito mundial e tem recebido várias interpretações. Neste estudo o foco centrou-se no conhecimento da equipe de enfermagem sobre os eventos adversos e as razões que poderiam levar à não notificação. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Segurança do paciente Segundo Vicent (2009), a expressão “segurança do paciente” é, atualmente, muito usada, mas raramente definida com clareza. As pessoas envolvidas com essa prática estão frequentemente preocupadas com problemas de qualidade do atendimento, e não é fácil estabelecer uma divisão rígida entre a segurança do paciente e atividades relacionadas, como gerenciamento do risco e garantia da qualidade. A segurança do paciente pode ser definida em sua forma mais simples como o ato de evitar, prevenir e melhorar os resultados adversos ou as lesões originadas no processo de atendimento médico-hospitalar. A abordagem tradicional para os erros relacionados com a assistência à saúde tem sido acusar o profissional que estava prestando cuidados ao paciente: o médico que está realizando uma cirurgia, a enfermeira aplicando uma medicação, o farmacêutico preparando a quimioterapia, entre outros. Ao longo dos últimos anos, temos reconhecido que esta abordagem subestima o fato de que a maioria dos erros é cometida por indivíduos comprometidos e bem treinados, e que é pouco provável que esses erros sejam prevenidos por meio da repreensão às pessoas para que sejam mais cuidadosas, ou envergonhando-as ou processando-as (WACHTER, 2010). Este autor ressalta que o movimento moderno para a segurança do paciente substitui este “jogo de culpa e da vergonha”, por uma nova abordagem conhecida B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 8 como modelo mental sistêmico. Este paradigma pressupõe que humanos erram e conclui que a segurança do paciente depende da criação de sistema que antecipem os erros e também os previnam ou os interceptem antes que causem dano. Dentro desta nova metodologia o modelo do Queijo Suíço do psicólogo britânico James Reason para os acidentes organizacionais, tem sido utilizado para a segurança do paciente. Este modelo de segurança enfatiza que as análises dos erros associados à assistência à saúde deve se concentrar em suas causas-raiz – não só na causa mais aparente, ocorrida na ponta do processo, mas em todas as condições subjacentes que tornam um erro possível (WACHTER, 2010). A segurança, frequentemente definida como estar livre de lesão psicológica e física, é uma necessidade humana básica que deve ser satisfeita. O cuidado de saúde, fornecido de maneira consciente, e um ambiente comunitário seguro são essenciais para a sobrevivência e bem-estar do cliente e também contribuem para a redução de atos não seguros dentro do sistema de assistência à saúde, assim como para a utilização de boas práticas visando a alcançar ótimos resultados para o paciente (POTTER e PERRY, 2004). A segurança é o primeiro domínio da qualidade na assistência à saúde. Não há como oferecer uma boa assistência médico-hospitalar se esta não for feita com segurança. São inúteis os esforços de humanização em qualquer hospital, se esta não incluir redução no risco no uso de medicamentos de alto alerta, se o hospital for incapaz de responder à deterioração clínica de pacientes que podem levá-lo ao óbito, se não utilizar evidências científicas para redução das infecções hospitalares ou se não seguir o Protocolo de Cirurgia Segura da OMS para que pacientes não sofram danos secundários ao procedimento cirúrgico (MENDES et al, 2005). A Cultura de Segurança do Paciente possui estas características fundamentais: Compreensão de que a operação de um hospital é uma atividade de alto risco para os pacientes; Um ambiente de não punição e accountability; Cooperação interdisciplinar e multiprofissional; Comprometimento da organização em garantir recursos suficientes para os problemas com a segurança do paciente (BORK, 2007). O serviço de enfermagem, visando promover a segurança do paciente no ambiente hospitalar e estabelecer mecanismos para a prevenção de eventos B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 9 adversos e minimização de erros, deve promover meios que facilitem a comunicação destes eventos e a captação das informações necessárias (PAIVA et al, 2010). 2.2 Eventos adversos e notificação Eventos adversos (EA) são ocorrências indesejáveis, porém preveníveis, de natureza danosa ou prejudicial que comprometem a segurança do paciente que se encontra sob os cuidados dos profissionais de saúde (PADILHA, 2004). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2009), definiu evento adverso como um incidente que resulta em algum dano ao indivíduo com implicações no comprometimento da estrutura e das funções corporais e/ou quaisquer efeitos nocivos decorrentes de lesão, sofrimento, incapacidade ou morte, podendo ser físico, social ou psicológico. Erro é definido como sendo a incapacidade de realizar uma ação planejada ou pretendida, ou a aplicação incorreta de um plano, podendo levar a pessoa a agir erroneamente, tanto em questões que envolvem o planejamento ou a fase de execução. Dessa forma, um erro, por definição, é tido, inicialmente como não intencional, embora possa ocasionar um evento adverso. Vários termos são utilizados como sinônimos de eventos adversos: ocorrências de eventos iatrogênicos; erros de enfermagem; ocorrências, reações; complicações iatrogênicas; iatrogenias; doença iatrogênica e falhas. Entretanto, todas são definidas como eventos indesejáveis, não intencionais, de natureza danosa ou prejudicial ao paciente, comprometendo sua segurança, consequente ou não de falha do profissional envolvido (SILVA, 2003). Conforme Bohomol e Ramos (2007), os erros podem trazer prejuízos diversos aos pacientes, desde o aumento de sua permanência em um ambiente hospitalar, necessidade de intervenção diagnóstica e terapêutica, até mesmo a morte. Além de danos ao cliente, há também, aspectos econômicos, como aumentos dos custos das internações hospitalares. Conforme Paiva e Berti (2010), o Serviço de Enfermagem, considerando suas características e objetivos, deverá optar pelos tipos de técnicas e instrumentos a serem por ele utilizados, visando a promoção da segurança do paciente e o B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 10 estabelecimento da comunicação entre a equipe, pacientes e instituições. Os boletins de notificação de eventos adversos, constituídos também em banco de dados, são importantes fontes de alerta e informação, promovendo a segurança no ambiente hospitalar e contribuindo para o gerenciamento da assistência de enfermagem. É imperativo para a segurança do paciente e a contínua melhoria no cuidado à saúde que haja uma revelação, notificação e discussão dos erros ocorridos, como um procedimento padrão nas instituições. Somente através de discussões apropriadas e atitudes claras as discussões dos erros poderão ser identificadas. Estudar os erros é vital para às mudanças na prática que levarão à prevenção destes no futuro (KALRA, 2004). A implantação de um sistema de notificação de erros nas instituições de saúde possui os seguintes benefícios principais: permite aprender com os erros ocorridos; monitorar e detectar potenciais erros para o futuro; permite que investigações sejam feitas prontamente a fim de se ter uma compreensão do que ocorreu para os casos de reclamações; permite dar um feedback das informações apuradas sobre a natureza do erro ocorrido (AHLUWALIA e MARRIOT, 2005). Segundo Lopes e Lopes (2008), a notificação voluntária é o método mais antigo, simples, eficaz e de menor custo para informação de incidentes e desvios de qualidades. No entanto, por se tratar de uma fonte de informação espontânea, tem como desvantagem a subnotificação, que impede o serviço hospitalar de ampliar conhecimento acerca da segurança dos medicamentos e outros produtos, dos procedimentos adotados pelo serviço e, principalmente, do próprio paciente, dificultando a implantação de melhorias e a prevenção de novas ocorrências de incidentes. 2.3 Enfermagem e segurança A meta de qualidade nos diversos serviços oferecidos à sociedade tem sido cada vez mais valorizada, com consequente otimização de resultados. No âmbito da saúde, as instituições hospitalares têm incorporado tal perspectiva com o objetivo de B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 11 oferecer assistência de excelência, diminuir custos e assegurar a satisfação da clientela, em qualquer nível de atendimento (CLARO, et al 2011). Segundo Charles (2010), no ambiente hospitalar, a segurança do paciente tem gerado debates em âmbito mundial e tem recebido várias interpretações, entre elas a de que segurança consiste na redução do risco e danos desnecessários, associados à assistência em saúde, até um mínimo aceitável. O mínimo aceitável refere-se àquilo que é viável diante do conhecimento atual, dos recursos disponíveis e do contexto em que a assistência foi realizada frente ao risco de não-tratamento, ou outro tratamento (CAMERINI e SILVA, 2011). A proteção ao paciente oferecida por meio de uma assistência segura é responsabilidade de cada profissional, sendo impulsionada também pela maior exigência da sociedade (PADILHA, 2001). Nesse contexto, ganha destaque a segurança do paciente, com mudança da abordagem até então utilizada, na qual os eventos adversos eram pouco explorados e valorizados, inclusive pelos integrantes da equipe multiprofissional (LABBADIA, et al, 2004). Embora o fator humano esteja presente nos eventos adversos, condições de trabalho, aspectos estruturais e atividades desenvolvidas podem estar relacionadas ao desencadeamento de erros (PADILHA, 2006). Em 2003 a National Academy of Sciences, Boardon Health Care Services, dos Estados Unidos da América, publicou um estudo de enfermagem relacionado à segurança do paciente. Esta instituição apontou algumas estratégias para melhorar a prática de enfermagem voltada à segurança do paciente, das quais destacamos que a enfermagem e as instituições de saúde devem criar uma cultura de segurança, destacando-se o equilíbrio, a eficiência e a real possibilidade produtiva, a criação e a sustentação da confiança na organização, a gestão ativa e participativa nos processos de mudança, a promoção da participação dos profissionais nas decisões referentes a desenho e fluxo dos processos de trabalho e a implementação de cultura de aprendizado constante em todas as questões vinculadas ao processo de trabalho (MENDES, et al 2005). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 12 Franco et al (2010), ressaltam que estudos comprovam que o desenvolvimento institucional de uma cultura de segurança pode diminuir os erros, tais como: não utilizar punições, aprender com o erro, padronizar e mapear os processos, utilizar medidas que estimulam a equipe à utilizar os cinco certos (paciente, medicamento, dose, via e hora certas) e compreender o processo como um todo que auxilia na redução dos erros. O Portal da Enfermagem traz o que deve ser verificado em cada um dos 9 certos, conforme Silva (2011). Os nove certos vêm sendo trabalhados pela REBRAENSP (Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do Paciente), e estão no Quadro 1. Quadro 1- Relação dos 9 certos para a segurança do paciente 1c Paciente Right patient = Paciente certo Este direito é autoevidente: o medicamento deve ser administrado ao paciente para quem é prescrito. Administração de um medicamento para o paciente errado é, no entanto, um erro comum. 2c Droga Right Drug = Droga certa Pesquisas mostram que mais de um terço dos erros de medicamentos ocorre pela administração de droga errada (Selbst et al, 1999; LaPointe e Jollis, 2003). Enfermeiros não estão legalmente habilitadas a receitar medicamentos, mas se não tiver certeza do nome da medicação prescrita (ou acha que é um medicamento errado), não devem administrá-lo antes de verificar com o médico prescritor. 3c Via Right Route = Caminho certo Enfermeiros só estão autorizados a administrar medicamentos por via prescrita, embora às vezes o médico pode dar uma escolha (IV / PO). O enfermeiro deve compreender as diferenças entre estas rotas, tais como a taxa de absorção ou início de ação. 4c Dose Right dose = Dose certa Conferência da dose prescrita com a apresentação da dosagem no rótulo da droga. 5c Horário Right Time = Hora certa A medicação deve ser administrada no tempo correto para garantir níveis séricos terapêuticos. Administrar a medicação na hora errada é, portanto, um tipo de erro. 6c Documentação Right Documentation = Documentação certa Quando um enfermeiro administra uma medicação deve checar por escrito. Isso fornece evidências de que o medicamento foi administrado ao paciente. Checar antes de administrar é um risco, pois o paciente pode recusar a medicação ou pode acorrer algo que suspenda a medicação. Da mesma forma, deixando de assinar quando um medicamento foi administrado cria o risco de que outro que assumiu o paciente repita a dose. 7c Ação da droga Right Action = Ação Certa Garantir que o medicamento é prescrito pela razão certa. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 13 8c Forma Right Form = Forma certa Muitos medicamentos estão disponíveis em diferentes formas para administração por várias vias. Por exemplo, paracetamol vem na forma de comprimidos, cápsulas, xarope, supositórios e ampolas para administração intravenosa. A checagem da forma deve assegurar que atenda às especificidades do paciente, com a análise do tempo de absorção frente a cada apresentação da droga. 9c Resposta Right Response = Resposta Certa Monitorar o paciente para que a medicação tenha o efeito. Este direito da administração de medicamentos envolve uma avaliação da eficácia da finalidade da medicação, que é crucial para alguns medicamentos de alto risco, tais como anticoagulantes, antiarrítmicos e insulina. Monitoramento para a resposta certa e detecção dos eventos adversos (farmacovigilância). Fonte: Portal da Enfermagem (2011) Nesse sentido, Gandhi, Kaushal e Bates (2004) ressaltam que deve procurar- se desenvolver em cada indivíduo a capacidade de avaliar o ambiente em busca de perigos potenciais, recebendo apoio institucional de modo que sejam identificadas as falhas e os caminhos para eliminá-las, reduzi-las ou controlá-las apropriadamente. Busca-se, em síntese, inserir uma consciência coletiva de prevenção de evento adverso, utilizando-se a abordagem pró-ativa, não-punitiva e de incentivo à notificação espontânea e anônima dos eventos adversos (PADILHA, 2004). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 14 3 METODOLOGIA 3.1 Classificação da pesquisa Este estudo caracteriza-se como investigação qualitativa, de caráter exploratório e descritiva. Conforme Bosi e Mercado (2004), a pesquisa qualitativa constitui uma modalidade de investigação cada vez mais empregada e aceita na área da saúde e das ciências humanas e sociais. Para Goldim (2000), na pesquisa qualitativa o fenômeno a ser pesquisado é cuidadosamente observado. A essência deste tipo de pesquisa é a descrição que visa ter uma visão total do processo. Para Leopardi (2002), a pesquisa exploratória permite ao investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema. Consiste em explorar tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. O estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos ou fenômenos de determinada realidade e exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja estudar, uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação de dados (LEOPARDI, 2002). Para Gil (1996), as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 15 está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. 3.2 Local do estudo Os dados da presente pesquisa foram coletados em um hospital de médio porte do interior do estado do Rio Grande do Sul, com alta complexidade em cardiologia que atende uma demanda macro regional. Esta instituição conta com infraestrutura completa para ocupação de 188 leitos, atendendo em suas unidades de internação a clínica médica, cirúrgica, pediátrica e obstétrica, também em oncologia, e dispõe UTI adulto, pediátrica e neonatal em sua estrutura. 3.3 Participantes do estudo Os participantes foram profissionais da equipe de enfermagem (técnicos e enfermeiros), de uma unidade de internação clínica SUS e da unidade de tratamento intensivo, dos diversos turnos. O critério utilizado para número de participantes foi o de saturação dos dados. Amostragem por saturação é uma ferramenta conceitual frequentemente empregada nos relatórios de investigações qualitativas em diferentes áreas no campo da Saúde, entre outras. É usada para estabelecer ou fechar o tamanho final de uma amostra em estudo, interrompendo a captação de novos componente (FONTANELLA, RICAS e TURATO, 2008). O fechamento amostral por saturação teórica é operacionalmente definido como a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou repetição, não sendo considerado relevante persistir na coleta de dados (DENZIN e LINCOLN, 1994). Os profissionais foram escolhidos de forma aleatória, tendo como critérios de inclusão aceitarem participar do estudo e trabalharem há pelo menos dois anos na instituição em estudo. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 16 3.4 Técnica de coleta e análise das informações Os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada, composta de 4 (quatro) perguntas, que foram gravadas e transcritas. A análise foi realizada conforme Bardin (2002). Para a autora, as diferentes fases da análise de conteúdo organizam-se em torno de três polos cronológicos:  Pré-análise: é a fase de organização. Tem por objetivo tornar operacional e sistematizar as ideias iniciais. Geralmente, esta primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos à serem submetidos à análise, formulação das hipóteses e objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem à interpretação final.  Exploração do material: é a fase da análise propriamente dita. Esta fase consiste essencialmente de operações e codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas.  Tratamento dos resultados, inferência e interpretação: os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos. O analista, tendo a sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas. 3.5 Aspectos éticos Os aspectos éticos para a realização desta pesquisa estão em acordo com as exigências da Resolução 196/96 (Conselho Nacional de Saúde, 1996), que dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Foi explicado aos sujeitos os objetivos e a metodologia da pesquisa e após seu consentimento, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. Uma das vias foi entregue ao entrevistado e a outra ficou em posse da pesquisadora. O projeto foi aprovado pela instituição hospitalar. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 17 Foi assegurado o sigilo e anonimato quanto aos dados pessoais, sendo que os participantes foram citados por pseudônimos. Os técnicos de enfermagem foram representados pelo código “TE” seguido de um numeral que representa a sequência numérica em que foram realizadas as entrevistas. Já os enfermeiros foram representados pela letra “E”, seguido pela sequência numérica correspondente. As respostas oferecidas durante as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas na íntegra pela pesquisadora. O material utilizado para a realização da pesquisa (transcrições e TCLE) será guardado durante cinco anos no arquivo pessoal da pesquisadora, em local seguro, e passado este período será incinerado pela própria pesquisadora. Pretende-se após ter finalizado todas estas etapas do estudo e, portanto, a pesquisa estiver encerrada, divulgar os resultados, durante apresentação dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) promovido pelo curso de Enfermagem, assim como em eventos científicos. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 18 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Neste capítulo apresentamos o perfil dos entrevistados e as quatro categorias que emergiram da análise de conteúdo: entendimento sobre evento adverso, percepção sobre as causas dos eventos adversos, importância da notificação, motivos da não notificação. 4.1 Perfil dos Entrevistados Participaram do estudo oito profissionais da equipe de enfermagem, sendo 4 técnicos em enfermagem e 4 enfermeiros. Do total de participantes, dois são do sexo masculino e 6 do sexo feminino. Quanto à faixa etária, verificamos entre os sujeitos do estudo um perfil de profissionais jovens, na faixa etária dos 25 aos 35 anos. Entre os entrevistados, metade trabalha no período noturno. Quanto ao local em que estes profissionais atuam, metade é na Unidade de Internação Clínica e metade na Unidade de Terapia Intensiva Adulto. Em relação ao tempo de atuação na área da enfermagem, variou entre 3 a 8 anos. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 19 4.2 Análise das categorias 4.2.1 Entendimento sobre Evento Adverso Verificamos dentre as respostas que o grupo tem um entendimento claro à cerca do termo “evento adverso” e foram capazes de descrever seu conceito. No entanto, há um equívoco em relação a considerar que evento adverso possa ser um ato intencional. Evidenciamos as falas: “Evento adverso é uma coisa não natural, que não poderia ter acontecido, que é adverso ao trabalho, por descuido, ou meios que levam ao descuido, vejo que assim, não deveria ter acontecido” (TE2). “Eventos adversos na enfermagem podem ser atos intencionais ou não. Pode acabar esquecendo ou por vezes não tendo muita atenção e fazendo algo errado que possa colocar em risco ou não o paciente ou também pode ser alguma coisa relacionada ao paciente, o paciente, por exemplo, arrancou a SNE, é um evento adverso, algo que não é esperado para o processo de enfermagem, para o cuidado, para a qualidade de enfermagem, para a assistência de enfermagem” (E1). Conforme define Vicent (2009), o evento adverso é uma lesão não intencional, ou seja, a piora do quadro clínico do paciente que ocorreu por uma conduta indevida do profissional que atua com o paciente, e não pelo processo da doença de base. Todo evento adverso causado de forma intencional será classificado como conduta de má fé ou dolosa. Conforme artigo 18, inciso 1º, o termo doloso define a conduta que ocorre quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- lo, sendo assim, passível de punição administrativa. A punição poderá acontecer através de advertência ou até o afastamento por justa causa (VADEMECUM, 2012). Eventos adversos são definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado ao paciente, não atribuídas à evolução natural da doença de base. Afetando em média 10% das admissões hospitalares, constituem atualmente um dos maiores desafios para o aprimoramento da qualidade na área da saúde: a B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 20 sua presença reflete o marcante distanciamento entre o cuidado ideal e o cuidado real. Quando decorrentes de erros, são denominados evitáveis. Cabe ressaltar que 50% a 60% dos eventos adversos são considerados passíveis de prevenção. Em geral, a ocorrência destes eventos inesperados não acarreta danos importantes aos pacientes. Entretanto, incapacidade permanente e óbito podem ocorrer (GALLOTI, 2004). Através do entendimento dos profissionais sobre evento adverso, evidenciou- se que este fato é algo não esperado no trabalho da enfermagem. E que este geralmente é prejudicial ao paciente. [...] Evento adverso é algo que não é esperado” (E1). [...] Que geralmente é prejudicial ao paciente” (TE2). A OMS (2009) alerta que milhões de pessoas no mundo sofrem lesões desabilitantes e mortes decorrentes de práticas em saúde que são inseguras, sendo estimado que um em cada dez pacientes seja vítima de um erro. Tal estimativa advém de estudos conduzidos em países desenvolvidos, com sistemas de saúde mais estruturados do que os de países em desenvolvimento, nos quais dados epidemiológicos ainda são escassos. Nos Estados Unidos da América estima-se que 100 pessoas morrem diariamente devido a erros ocorridos durante a assistência à saúde, sendo considerada a oitava causa de mortalidade (KHON et al, 2000). Há a necessidade em nosso país da busca de evidências em enfermagem que promovam a segurança do paciente. Existe interligação entre capacitação do profissional e resultados em saúde. É necessário demonstrar que profissionais de enfermagem mais capacitados produzem melhores resultados no cuidado do paciente, aumentando a satisfação e a confiança do usuário com o sistema de prestação de assistência, mas sobretudo, reduzindo morbidade e mortalidade, como já evidenciado em grandes estudos conduzidos fora do país (WEST et al, 2009). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 21 4.2.2 Percepção sobre as causas dos eventos adversos Quanto às causas da ocorrência do evento adverso, a maioria dos entrevistados citou a falta de atenção e descuido. Também relacionaram a sobrecarga de trabalho na enfermagem como causa da ocorrência do evento adverso. “Os eventos adversos ocorrem geralmente por algum descuido, ou pressa no serviço, por exemplo: tracionamento de um cateter, dá para classificar como um evento adverso”. [...] São pequenas coisinhas que acontecem por descuido” (TE 2). “Eu acho que o principal fator é a falta de atenção dos profissionais que estão inclusos nisso, a falta de atenção em ver o prontuário, os cinco certos que existem e a sobrecarga desses profissionais que geralmente vem de dois empregos noturno e diurno, deixam isso interferir [...]” (TE 5). No artigo “Práticas de enfermagem baseadas em evidências para promover a segurança do paciente” a autora abre as causas da ocorrência dos eventos adversos, em um espectro maior e ressalta que grandes estudos epidemiológicos conduzidos em países desenvolvidos demonstram que o ambiente, a cultura, as relações e a complexidade do sistema culminam na ocorrência de inúmeros erros e eventos adversos evitáveis, que comprometem a segurança do paciente, ocasionando mortes ou sequelas (PEDREIRA, 2009). Estudos comprovaram que o desenvolvimento institucional de uma cultura de segurança pode diminuir os erros, tais como: não utilizar punições, aprender com o erro, padronizar e mapear os processos, utilizar medidas que estimulam a equipe a utilizar os cinco certos (paciente, medicamento, dose, via e hora certas) e compreender o processo como um todo, auxilia na redução dos erros (FRANCO et al, 2010). Ainda sobre as causas da ocorrência do evento adverso, a insegurança e o nervosismo por medo de errar na enfermagem mostrou-se fator importante dentre as respostas. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 22 “[...] às vezes o nervosismo por trabalhar na enfermagem e às vezes o medo de errar e acabar errando mesmo assim, a insegurança e também às vezes a falta de iniciativa de perguntar, de questionar com o colega, com o enfermeiro, com a equipe e resolvem como acham e acabam errando” (TE 5). Os autores Kohn, Corrigan e Donaldson (2000) corroboram com esta ideia quando dizem que, enquanto nas áreas da indústria, aviação, financeira e militar esforços e investimentos foram realizados de maneira a desenvolver sistemas de prevenção de erros humanos, na área da saúde uma cultura de punição aos indivíduos que cometeram erros foi se perpetuando, sendo a culpa, o medo e a vergonha, os sentimentos que culminam destas ações. A primeira pergunta que impera em instituições de saúde é "quem fez isso", como se erros fossem raros e relacionados à conduta dúbia de alguns profissionais de saúde. A sobrecarga de trabalho devido ao número insuficiente de profissionais e a jornada dupla de trabalho também foram citadas como causa de ocorrência do evento adverso. “Relacionamento da equipe de enfermagem como um todo, [...] realmente muitas horas de trabalho, tem funcionários como os técnicos e enfermeiros com dupla jornada de trabalho que pode gerar a falta de atenção, cansaço” (E 3). Demonstrar que o número de profissionais de enfermagem altera os resultados do cuidado prestado ao paciente é contribuição de pesquisas em enfermagem que têm gerado mudanças nas políticas públicas de países desenvolvidos, nos quais tais evidências culminaram na criação de leis que regulamentam o número mínimo de profissionais de enfermagem por número de pacientes e características de atendimento (AIKEN et al, 2002). Também citaram problemas inerentes ao comportamento do paciente, relacionados à quedas e retiradas de sondas e cateteres. [...] relacionado ao paciente, paciente agitado, não compreendendo, não colaborativo, não aceitando muito bem, cuidado não interagindo com o autocuidado, não se autocuida. Então também podem levar a ocorrer um evento adverso” (E 1). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 23 “[...] no curso é uma coisa, na prática é outra, acontece de o paciente cair da maca ou da cadeira de rodas porque não tava contido ou até no manejo do paciente em cima da cama [...]”. (T 4). “[...] comigo já aconteceu isso de levar paciente para o morgue e quebrou a roda da maca no meio do caminho e ele caiu, se fosse um paciente que fosse lúcido a gente ficaria mal [...]” (T 4). Segundo Paiva et al. (2010), a queda pode ser definida como um evento não planejado, que leva o paciente ao chão, podendo ou não causar lesão. Quedas também ocorrem no ambiente hospitalar, sendo um dos eventos mais comuns e ameaçadores da independência dos pacientes, aumentando a morbimortalidade, o tempo de permanência e o custo hospitalar. A avaliação do risco de queda inclui: idade, história prévia de queda, alteração do estado mental, alteração visual, necessidades especiais para autocuidado e mobilidade prejudicada. No ambiente hospitalar as quedas são motivo de intensas discussões entre os profissionais de saúde na tentativa de adotar estratégias para contê-las e desenhar o perfil de pacientes que sofrem quedas (REUBEN et al., 2010). Essa preocupação permite à instituição o desenvolvimento de práticas mais seguras e gera indicadores importantes. Os eventos adversos podem ter causas externas, não inerentes à instituição de assistência à saúde. “Daqui um pouco tu percebe vários pacientes estão fazendo reação de uma medicação, pode auxiliar a empresa que pode estar com princípio ativo que não ta bom. Pode ir além do que só o paciente que está aqui no leito, chegar bem longe” (E4). Neste sentido, cabe ao profissional a responsabilidade da notificação da ocorrência deste evento aos responsáveis pela instituição, para que eles comuniquem às autoridades competentes, no caso, a ANVISA ou outro órgão fiscalizador de medicamentos, sobre o que está ocorrendo. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 24 A falta do planejamento das atividades da enfermagem mostrou-se uma categoria relevante dentre as repostas. Sabemos que durante a formação, este é um aspecto enfatizado. “Não planejamento no serviço, chega na hora e vai fazer os procedimentos e não tem todas as coisas nas mãos e tem que sair do local para buscar o que esquece e a mão do paciente não está contida e ele vai e tira.[...]” (TE 2). O planejamento é uma importante função administrativa e sua execução possibilita o alcance dos objetivos estabelecidos na organização. Na enfermagem, planejar e executar atividades são imprescindíveis para garantir assistência com qualidade (COELHO, 2008). O processo de planejamento das ações em enfermagem e saúde é fundamental para a sistematização do processo de trabalho das organizações e serviços deste setor e se reflete na qualidade da assistência aos usuários. Planejamento pode ser entendido como um método de se pensar ações, de organizar, de alcançar resultados e de efetivar metas estabelecidas. Não há garantia de sucesso, ou seja, os resultados não serão sempre positivos simplesmente por terem sido planejados, mostrando que planejamento é também um processo dinâmico, ativo e deliberativo, mas que sem ele as chances de fracasso são maiores (LANZONI et al, 2009). 4.2.3 Importância da Notificação Quanto à importância da notificação a maioria dos entrevistados tem a percepção clara e correta da importância desta, a qual fornece embasamento para qualidade no atendimento ao paciente e indicadores desta qualidade, para que possa buscar-se melhorias. “Para ter excelência no atendimento ao paciente. Porque com a notificação dos eventos adversos podemos ter indicadores, e através desses indicadores, podemos melhorar a qualidade da assistência.” [...] Para a melhoria da qualidade e excelência da assistência” (E 1). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 25 Segundo Gandhi, Kaushal, e Bates (2004), atualmente os investimentos na segurança do paciente voltam-se para o aprimoramento de programas que têm como meta a criação de uma cultura de segurança nas instituições de saúde, com vistas à prevenção de qualquer tipo de evento adverso. Nesse sentido, procura-se desenvolver em cada indivíduo a capacidade de avaliar o ambiente em busca de perigos potenciais, recebendo apoio institucional de modo que sejam identificadas as falhas e os caminhos para eliminá-las, reduzi-las ou controlá-las apropriadamente (CASSIANI, 2000). Busca-se, em síntese, inserir uma consciência coletiva de prevenção de Evento Adverso, utilizando- se a abordagem pró-ativa, não-punitiva e de incentivo à notificação espontânea e anônima dos eventos (PADILHA, 2004). Os entrevistados têm o entendimento de que a notificação é algo positivo e que não tem o caráter punitivo. Evidenciamos através das falas: “Pensar como a gente pode fazer diferente. Porque tá acontecendo tantas vezes, procurar por que, se é falta de atenção, procurar o motivo, buscar na equipe onde está realmente o erro, [...] como a gente pode manejar melhor esse paciente, por exemplo, até mesmo a enfermagem como a gente pode manejar diferente, olhar diferente para aquele paciente que pode ocorrer o evento adverso.” (E 1). “[...] Não é que foi tal funcionário que não cuidou, ou paciente muito agitado, tentar achar uma explicação, é só para ter controle, até por ter estatística.” (TE 2). “Para começar eu acho muito importante notificar, uma para saber quais os eventos adversos que estão acontecendo, poder mensurar, fazer uma estatística sobre isso, ter uma noção do que está acontecendo no local de trabalho e a partir daí procurar prevenir, tentar tomar atitude para prevenir cada vez mais.” (E 4). [...] Então pra mensurar dados, fazer comparativos com outras instituições, para ver seus índices de segurança. (E 4). O Serviço de Enfermagem, considerando suas características e objetivos, deverá optar pelos tipos de técnicas e instrumentos a serem por ele utilizados, visando a promoção da segurança do paciente e o estabelecimento da comunicação entre a equipe, pacientes e instituições. Os boletins de notificação de eventos B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 26 adversos, constituídos também em banco de dados, são importantes fontes de alerta e informação, promovendo a segurança no ambiente hospitalar e contribuindo para o gerenciamento da assistência de enfermagem (PAIVA, PAIVA e BERTI, 2010). Evidenciou-se através das falas que desde que se iniciou a notificação na instituição, percebeu-se a diminuição da ocorrência dos eventos adversos. “Eu acho que aqui no nosso setor já tem isso de notificação e já está em uso e depois que começou diminuiu bastante. [...] só que tu acaba cuidando mais, controla mais, parece que não é tão importante, mas às vezes é uma forma a menos de errar. [...] Eu acho que diminui bastante de quando eu comecei a trabalhar aqui e agora que está sendo feito a notificação.” (TE 2). Segundo Gandhi, Kaushal, e Bates (2004), a implantação de uma cultura de segurança nas instituições de saúde, cujo foco está em procurar as falhas sistêmicas e não culpados para punir, é uma das principais estratégias propostas pelas organizações que têm como missão a melhoraria da qualidade da assistência. Com esse enfoque, o registro anônimo de Evento Adverso é considerado ação fundamental na obtenção de informações de falhas que possibilitarão a implantação de medidas pró-ativas para a diminuição do número de ocorrências. 4.2.4 Motivos da não notificação Segundo a maioria dos entrevistados os eventos adversos não são notificados pela equipe de enfermagem por medo de punição. Referem ter medo de advertência oral e escrita, e também pelo receio de ter seus nomes e identidades profissionais comprometidas. “O técnico não notificar ao enfermeiro uma medicação errada, por exemplo, ou daqui a pouco não notifica uma úlcera de pressão [...] mas na verdade acredito que por receio de uma repressão, punição, uma coisa nesse sentido, que passa a ser em relação ao enfermeiro (E 1). “[...] Primeiro eu acho, o receio de levar uma advertência, de ser advertido tanto verbal ou tanto escrito [...]. Então eu acho que a falta de cuidado de não B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 27 notificar [...] vai ficar lá escrito meu nome, que eu fiz que eu errei, então eu acho que interfere bastante. Tem muito medo de contar pro enfermeiro (E 2). “Eu acredito que a maioria dos profissionais que erram, que acontece, que ocorre isso e eles não notificam por medo de retaliação, medo de perder o emprego talvez e pela própria insegurança (TE 5). “Medo da notificação, eles acham que tem que assinar um termo de culpa, alguma coisa, advertência [...] (TE 2). Existe consenso entre os estudiosos do tema que os números de eventos adversos relatados sejam uma estimativa muito modesta do valor real do problema. Como resultado, depara-se com a indesejável subnotificação e omissão de relato de eventos indispensáveis para a implementação de medidas preventivas (KOHN, CORRIGAN e DONALDSON, 1999). Erros no sistema de saúde não são raros e devem ser entendidos como resultados de sistemas que desconsideram a falibilidade intrínseca ao processo cognitivo humano e que esforços devem ser investidos para mudar a cultura, da punição para a segurança, na qual cada erro é concebido sob a perspectiva de falhas do sistema, que devem ser analisadas de modo amplo para que possam ser corrigidas e prevenidas, incluindo as ações a serem tomadas quando da impossibilidade de evitar sua ocorrência (PEDREIRA, 2009). As principais causas que levam a subnotificação são a falta de conhecimento sobre a importância de notificar e como fazê-lo, não adesão ao relato devido ao tempo consumido para preencher a ficha de notificação; ausência de retorno da informação analisada e recomendação; preocupação dos profissionais da saúde com a quebra da confidencialidade das informações; falta de percepção e compreensão dos incidentes; ausência de tradição dos profissionais de saúde em notificar; e receio de punições. Diante disso, a dificuldade em obter notificação é um problema comum entre os Serviços de Gerenciamento de Riscos (WALDMAN, 1998). A revisão de literatura mostra um aumento dos estudos que analisam os Eventos Adversos e, consequentemente, a segurança do paciente, explorando B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 28 eventos específicos e gerais, focalizando os ambientes onde a assistência acontece, propondo estratégias de prevenção (CASSIANI, 2000). São também unânimes os estudos e organizações que recomendam a prática da cultura não punitiva para que medidas de prevenção sejam instituídas (PADILHA, 2004). Foram considerados também a falta de conhecimento acerca do assunto, e a falta de conscientização da importância da notificação. Evidenciamos através das falas: “Eu acho por negligência, é a gente já tem um protocolo que é feito a notificação, eu acredito que é por negligência mesmo. Descuido de não notificar. Receio de repressão em relação ao técnico de não levar a notificação, já o enfermeiro pode ser pelo mesmo motivo ou não entender do assunto, não saber o porquê da importância de não notificar” (E 2). “Eu acredito que a maioria dos profissionais que erram que acontece isso, eles não notificam por medo de retaliação, medo de perder o emprego talvez e pela própria insegurança, não vou falar, não vou notificar para não ficar taxado que eu errei” (TE5). “Eu já vi técnico não falar por insegurança no trabalho, não assumir a culpa. [...] Pode ser que aconteça e o colega não fala por não perceber ou por medo” (TE 4). Para Freitas e Oguisso (2003), a imperícia reveste-se da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar determinada atribuição. Conforme Sobrinho e Carvalho (2004), a imprudência é a descautela, descuido, prática de ação irrefletida ou precipitada, que se evidencia na imprevisão, na desatenção culpável, ocasionando um mal presumido. A negligência por sua vez, distingue-se dos demais conceitos por tratar-se de um ato omissivo, ou seja, deixar de fazer algo que se faz necessário ao atendimento do paciente. Segundo Sobrinho e Carvalho (2004) a negligência consiste na falta de cuidados ou falta de atenção daquele que, embora possuidor dos conhecimentos B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 29 indispensáveis deixe de agir com a preocupação ou cuidado devido, levando a um resultado prejudicial. Educação continuada em saúde é definida como o “processo de permanente aquisição de informação pelo trabalhador, de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito institucional ou fora dele” (ANVISA, 2010). Na prática, há grande dificuldade de conscientização dos profissionais da saúde sobre a importância da educação continuada para a qualidade dos serviços em que atuam. Para conscientização dos profissionais da saúde, é necessária a utilização de estratégias combinadas que modifiquem os conhecimentos e atitudes dos profissionais da saúde para melhorar a participação destes nas notificações (HERDEIRO et. al., 2006). B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseado no princípio de que os pacientes não devem sofrer danos que ampliem o seu estado de fragilidade e comprometimento no momento da internação, a questão da segurança do paciente tem assumido destaque expressivo nas ações de melhoria da qualidade em vários países. Realizar os cuidados certos, no momento certo, da maneira certa, para a pessoa certa, objetivando alcançar os melhores resultados possível, são princípios que fundamentam a qualidade da assistência e que direcionam a prática de enfermeiros que se esmeram em prestar uma assistência ética e respeitosa, baseada nas necessidades do paciente e da família, na excelência clínica e na melhor informação científica disponível. Os erros no sistema de saúde não são raros e devem ser entendidos como resultados de sistemas que desconsideram a natureza do ser humano e que esforços devem ser investidos para mudar a cultura, da punição para a segurança, na qual cada erro é concebido sob a perspectiva de falhas do sistema, que devem ser analisadas de modo amplo para que possam ser corrigidas e prevenidas, incluindo as ações a serem tomadas quando da impossibilidade de evitar sua ocorrência. Com os dados que foram apresentados, nota-se que os entrevistados têm um conhecimento claro acerca do conceito do termo evento adverso. Há de se reconhecer que a ocorrência do evento adverso acompanha a enfermagem desde B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 31 os seus primórdios, mas somente na atualidade surgiram estudos, discussões e notificações sobre a segurança do paciente. Como principais causas da ocorrência do evento adverso destacaram-se a falta de atenção relacionada à sobrecarga de trabalho e jornadas exaustivas de trabalho. Percebemos que os profissionais têm um bom entendimento sobre a importância da notificação, mas não o fazem plenamente. Verificamos que o principal motivo da não notificação é o medo relacionado à punição e exposição do profissional frente à equipe. Ficou clara a existência de subnotificação na instituição e que medidas devem ser adotadas para incentivar os profissionais a relatarem os erros ocorridos, visando a segurança do paciente, redução dos erros e melhoria da qualidade de assistência. Este incentivo deve ser acompanhado de um clima organizacional que priorize o aspecto educativo em detrimento do punitivo. Profissionais de enfermagem que atuam nas áreas de ensino, assistência e pesquisa precisam somar esforços para demonstrar que enfermeiros e demais profissionais da área de enfermagem no país não trabalham em número suficiente, com a qualificação profissional e com os recursos que lhes permitam desenvolver práticas de enfermagem eficazes e seguras. A profissão deve ter estratégias que promovam de modo educativo e dinâmico a real interligação da teoria à prática, a fim de que consigamos proteger os valores essenciais da enfermagem, de centrar ações no paciente e família de modo integral e individual. O medo deve ser trabalhado com orientação e ambiente organizacional não punitivo, mas sim de aprendizado com os erros. Os profissionais devem se sentir seguros para notificar os erros ocorridos. Torna-se essencial que a instituição seja capaz de olhar suas falhas com clareza e isenção, sem juízo de valor, entendendo que, em sua maioria as falhas e os erros não são por culpa isolada de uma pessoa, mas sim um problema de todos envolvidos nos processos. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 32 Somente quando conseguirmos trabalhar em um ambiente que possua a quantidade e a qualificação adequadas dos profissionais de enfermagem, poderemos de modo amplo e solidificado, realizar práticas de enfermagem baseadas em evidências, e buscar continuamente novas evidências capazes de mudar os resultados hoje identificados com relação à segurança do paciente, pois a enfermagem é a profissão, dentre todas as da área da saúde, mais capaz de promover práticas centradas na proteção, devido a sua constância e proximidade junto ao paciente e família. B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 33 REFERÊNCIAS AHLUWALIA, J.; MARRIOT, L. Critical incident reporting systems. Seminars in Fetal& Neonatal Medicine. V. 10, n. 1,pg 31-35. 2005. AIKEN, L.H., CLARKE, S.P., SLOANE, D.M, et al. 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Você foi selecionado de forma aleatória por ser um trabalhador da enfermagem e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. O objetivo do estudo é conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a notificação de eventos adversos. Sua participação nesta pesquisa consistirá em assinar o presente termo, demonstrando sua aceitação em participar da pesquisa e responder um questionário semi estruturado com 05 questões. NÃO existem riscos relacionados com sua participação. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Este documento será redigido e assinado em duas vias, ficando uma via contigo e outra com a acadêmica-pesquisadora. A acadêmica-pesquisadora responsável por este projeto de pesquisa é Rosana M. Kraemer Kalsing, fone (51) 84142254, tendo este documento sido revisado e aprovado pelo campo de estudo. Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. ______________________________________ Rosana M. Kraemer Kalsing Data: _______________________________________ Sujeito da pesquisa B D U – B ib lio te ca D ig ita l d a U N IV AT E S (h tt p: //w w w .u ni va te s.b r/ bd u) 39 APÊNDICE B – Instrumento de Pesquisa Entrevista Nº _______ Turno:_________________ Sexo: _____________ Idade: _________________ Unidade:___________ Tempo de trabalho:________________ Profissão:______________________________________ 1. O que você entende por eventos adversos na enfermagem? 2. Segundo a sua percepção, quais as causas que levam a ocorrência de eventos adversos? 3. No seu ponto de vista, por que seria importante a notificação dos eventos adversos? 4. Na sua opinião, que aspectos levariam o profissional a não notificar ou comunicar a ocorrência de um evento adverso?