UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 

CURSO DE DOUTORADO 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS CATADORES DE UMA 

ASSOCIAÇÃO DE COLETA DE RECICLÁVEIS 

 

Gustavo Carvalhal Santos 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado/RS, março de 2023



 

 

Gustavo Carvalhal Santos 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS CATADORES DE UMA 

ASSOCIAÇÃO DE COLETA DE RECICLÁVEIS 

 

 

 

Tese apresentada ao Programa de 

Pós-Graduação em Ambiente e 

Desenvolvimento da Universidade do Vale do 

Taquari - Univates, como parte da exigência 

para a obtenção do título de Doutor em 

Ciências Ambientais, na área de 

concentração Ambiente e Desenvolvimento. 

 

Orientadora: Profa. Dra. Júlia Elisabete 

Barden 

 

 

Lajeado/RS, março de 2023 



 

 

 

Gustavo Carvalhal Santos  
  
  
  
  
  
  

O DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS CATADORES DE UMA        

ASSOCIAÇÃO DE COLETA DE RECICLÁVEIS 

  
  

A Banca examinadora abaixo aprova a Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade do Vale do Taquari - 

Univates, como parte da exigência para a obtenção do grau de Doutor em Ambiente 

e Desenvolvimento, na área de concentração espaço e problemas socioambientais.  

  
  

Profa. Dra. Júlia Elisabete Barden - orientadora  

Universidade do Vale do Taquari – Univates  

  

Profa. Dra. Anny Kariny Feitosa  

Instituto Federal de Educação, Ciência e 

Tecnologia do Ceará-IFCE   

  

Profa. Dra. Jane Márcia Mazzarino  

Universidade do Vale do Taquari – Univates  

  

Prof. Dr. Daniel Pedro Auler  

Universidade do Vale do Taquari - Univates   

  
  
  
 
 
 
 
 
 

Lajeado, maio de 2023  



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dedico este trabalho aos “guerreiros” 

catadores da Ascanovi, que me acolheram 

com alegria e respeito.



 

 

AGRADECIMENTOS 

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade de realizar 

este trabalho e, principalmente, pela força concedida, para chegar à conclusão desta 

etapa da minha vida. 

Agradeço à minha família, especialmente, à minha esposa, Talitta Guedes Viana 

Carvalhal, e à minha filha, Maria Luísa Viana Carvalhal, por todo o apoio e paciência 

durante este período. À minha mãe, Maria José Amorim Carvalhal Santos, pelas 

orações e pensamentos positivos; ao meu pai, Erunides Santos (in memoriam).  

Um agradecimento especial à minha orientadora, a Professora Dra. Júlia 

Elisabete Barden, por todo o conhecimento transmitido, durante as reuniões de 

orientação e durante todo o tempo do curso. 

Aos meus amigos e colegas de disciplinas, agradeço o companheirismo e o 

apoio, durante as aulas e os trabalhos.   

À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, instituição à 

qual tenho orgulho de pertencer, pelo apoio para a realização deste trabalho. 

Agradecimentos à UNIVATES, aos professores das disciplinas das quais tive 

oportunidade de participar, enfim, a todos que contribuíram para que concluísse com 

êxito os meus estudos. 

Aos catadores e à ASCANOVI, pelas lições de vida que me proporcionaram, 

durante nossas conversas formais e informais.  

Por último, meu muito obrigado a todas as pessoas que, de forma direta ou 

indireta, me ajudaram, me apoiaram, me motivaram, para que eu não desistisse, em 

momentos de dificuldades.



 

 

RESUMO 

No Brasil, aproximadamente 60% dos municípios ainda fazem uso de lixões. Algumas 
cidades já utilizam os aterros sanitários; no entanto, sete em cada dez locais 
destinados aos resíduos são lixões, ou seja, os materiais ficam expostos ao ar livre. 
Como consequência do volume de produção de resíduos sólidos, cria-se uma 
dificuldade enfrentada pelos municípios com relação à correta destinação desses 
materiais e as possibilidades de um manejo mais adequado, que possa ser utilizado 
de maneira responsável e que ajude na preservação do meio ambiente. Nesse 
cenário, surgem as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, 
que trabalham no processo de coleta desses materiais, executando a separação e o 
beneficiamento dos resíduos, com possibilidade de reutilização e reciclagem. Dessa 
forma, o objetivo geral desta tese é analisar como a participação dos catadores de 
recicláveis numa associação proporcionou melhorias nas suas condições de vida, 
promovendo o desenvolvimento humano. Esta pesquisa envolveu um estudo de caso 
numa associação de catadores de materiais recicláveis, utilizando técnicas de 
observação direta, além de registros fotográficos e conversas informais. Foram 
realizadas entrevistas semiestruturadas com os catadores, com o poder público e com 
a associação, bem como uma análise qualitativa e bibliográfica dos dados coletados 
e transcritos das entrevistas. Os resultados indicam que, no caso dessa associação 
que foi objeto de estudo, o desenvolvimento humano foi parcialmente atingido. Para 
que ele possa alcançar a totalidade, é necessária a participação do governo, com 
ações específicas de promoção de desenvolvimento, bem como, a participação e a 
contribuição da sociedade civil. 
 
Palavras-chave: Catadores de materiais recicláveis. Desenvolvimento humano. 
Associações.



 

 

ABSTRACT 

In Brazil, approximately 60% of the municipalities still use dumps. Some cities already 
use sanitary landfills; however, seven out of ten places destined for waste are dumps, 
that is, the materials are exposed to the open air. As a consequence of the volume of 
solid waste production, municipalities face difficulties regarding the correct disposal of 
these materials and the possibilities of a more appropriate handling, which can be used 
responsibly and help preserve the environment. In this scenario, associations and 
cooperatives of collectors of recyclable materials appear, which work in the process of 
collecting these materials, performing the separation and processing of waste, with the 
possibility of reuse and recycling. Thus, the general objective of this thesis is to analyze 
how the participation of recyclable material collectors in an association provided 
improvements in their living conditions, promoting human development. direct 
observation techniques, in addition to photographic records and informal 
conversations. Semi-structured interviews were carried out with the collectors, the 
government and the association, carrying out a qualitative and bibliographical analysis 
of the data collected and transcribed from the interviews. The results showed that in 
the case of this association that was the object of study, human development was 
partially achieved, and for it to be able to achieve its totality, it is necessary for the 
government to participate, with specific actions to promote development and the 
participation and contribution from civil society. 
 
Keywords: Recyclable material collectors. Human development. Associations.



 

 

RESUMEN 

En Brasil, aproximadamente el 60% de los municipios todavía utilizan vertederos. 
Algunas ciudades ya utilizan rellenos sanitarios; sin embargo, siete de cada diez 
lugares destinados a los residuos son botaderos, es decir, los materiales están 
expuestos a la intemperie. Como consecuencia del volumen de producción de 
residuos sólidos, los municipios enfrentan dificultades en cuanto a la disposición 
correcta de estos materiales y las posibilidades de un manejo más adecuado, que 
puedan ser utilizados de manera responsable y ayuden a preservar el medio 
ambiente. En este escenario, aparecen asociaciones y cooperativas de recolectores 
de materiales reciclables, que trabajan en el proceso de recolección de estos 
materiales, realizando la separación y procesamiento de los residuos, con posibilidad 
de reutilización y reciclaje. Así, el objetivo general de esta tesis es analizar cómo la 
participación de recolectores de materiales reciclables en una asociación proporcionó 
mejoras en sus condiciones de vida, promoviendo el desarrollo humano mediante 
técnicas de observación directa, además de registros fotográficos y conversaciones 
informales. Se realizaron entrevistas semiestructuradas con los recolectores, el 
gobierno y la asociación, realizándose un análisis cualitativo y bibliográfico de los 
datos recolectados y transcritos de las entrevistas. Los resultados mostraron que en 
el caso de esta asociación que fue objeto de estudio, el desarrollo humano se logró 
parcialmente, y para que pueda lograr su totalidad, es necesario que el gobierno 
participe, con acciones específicas para promover el desarrollo y la la participación y 
contribución de la sociedad civil. 
 
Palabras llave: Recolectores de material reciclable. Desarrollo humano. 
Asociaciones.



 

 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 – Protocolo do Estudo de Caso 83 

Figura 2 - Localização da ASCANOVI                                                                        86 

Figura 3 - Fluxograma da Coleta de Dados 89 

Figura 4 - Atividades de lazer no fim de semana 107 

Figura 5 - Local de trabalho dos catadores 108 

Figura 6 - Utilização das Bags para recolhimento de materiais recicláveis 108 

Figura 7 - Local de Descanso 109 

Figura 8 - Construções improvisadas 110 

Figura 9 - Galpão da ASCANOVI 113 

Figura 10 - Participação em reuniões na prefeitura municipal 117 

Figura 11 -  Lei nº 7.478 de criação da “Bolsa Reciclagem” 119 

Figura 12 -  Logomarca do programa Recicla Teó 120 

Figura 13 -  Panfleto educativo da coleta seletiva 121 

Figura 14 - Fluxograma do Recolhimento de lixo                                                      124 

Figura 15 -  Cargas de materiais, prontas para venda 129 

Figura 16 -  Nuvem de palavras da seção geração de renda 132 

Figura 17 -  Palavras mais citadas por categorias 133 

 



 

 

 

LISTA DE GRÁFICOS 

Gráfico 1 - Estado Civil dos Entrevistados 95 

Gráfico 2 - Opção Religiosa 97 

Gráfico 3 - Nível de Escolaridade dos Catadores 99 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

LISTA DE TABELAS 

Tabela 1 

 - Preço por quilo de material prensado                                                            123 

  

 

 

 

LISTA DE QUADROS 

Quadro 1 - Aspectos ou fatores que influenciam o surgimento de associações de 

catadores 22 

Quadro 2 - Normas voltadas às associações de catadores: leis e políticas: 53 

Quadro 3 - Percepções sobre desenvolvimento ao longo do tempo 60 



 

 

Quadro 4 - As cinco formas de liberdades, segundo Amartya Sen 67 

Quadro 5 - Autores que influenciaram a Abordagem das Capacitações de Amartya 

Sen 68 

Quadro 6 - Conceitos centrais da Abordagem das Capacitações 73 

Quadro 7 - Perfil dos Catadores, Gênero e idade 93 

Quadro 8 - Profissão Anterior 96 

Quadro 9 - Sentimentos positivos de bem-estar 105 

Quadro 10 - Sentimentos negativos de bem-estar 106 

Quadro 11 - Percepções sobre a aposentadoria 115 

Quadro 12 - Conflitos e Interesses particulares na Associação 119 

Quadro 13 - Percepções sobre a contribuição para o meio ambiente                      126 

Quadro 14 - Opiniões sobre a forma de pagamento na Associação 131 

Quadro 15 - Condição de vida após a entrada na associação 134 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 

ABETRE Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos 



 

 

Sólidos e Efluentes   

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e 

Resíduos Especiais 

AC   Abordagem das Capacitações 

ACMR   Associações de Catadores de Materiais Recicláveis - 

ASCANOVI  Associação de Catadores Nova Vida 

ASMARE Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais 

Recicláveis 

CMR   Catadores de Material Reciclável 

CMRR  Centro Mineiro de Referência em Resíduos 

COOPAMARE Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Papelão, Aparas 

e Materiais Reaproveitáveis 

FEAM   Fundação Estadual do Meio Ambiente 

FIP   Fundação Israel Pinheiro 

GIRS    Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 

IDH   Índice de Desenvolvimento humano 

MDR   Ministério do Desenvolvimento Regional 

MMA   Ministério do Meio Ambiente 

MNCR  Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis 

ONGs   Organizações não Governamentais 

PERS   Plano Estadual de Resíduos Sólidos 

PGIRS  Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 

PIRS   Plano Integrado de Resíduos Sólidos 

PMRS   A política municipal de resíduos sólidos 

PNRS   Política Nacional de Resíduos Sólidos 

PNUD   Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 

RSU   Resíduos Sólidos Urbanos 

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento 

Sustentável 

SLU    Superintendência de Limpeza Urbana 

SNIS   Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 

UFLA   Universidade Federal de Lavras 

UFV   Universidade Federal de Viçosa



 

 

 

SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO 15 
 
2 O DESENVOLVIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS 
RECICLÁVEIS NO BRASIL 19 
2.1 Aspectos relacionados ao surgimento de associações de catadores de 
materiais recicláveis no Brasil 19 
 
3 AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS DIRECIONADAS AOS RESÍDUOS 
SÓLIDOS E AO FORTALECIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES 35 
3.1 A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS 35 
3.1.1 A Política Nacional de Resíduos Sólidos no Estado de Minas Gerais 42 
3.1.2 A política municipal de resíduos sólidos – PMRS 46 
3.2 As políticas públicas e a legislação no contexto das associações de 
catadores de materiais 50 
 
4 ABORDAGENS TEÓRICO-CONCEITUAIS SOBRE DESENVOLVIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO 57 
4.1 Abordagens teórico-conceituais para o termo desenvolvimento 58 
4.2 Abordagens teórico-conceituais para o desenvolvimento humano 65 
 
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 82 
5.1 Caracterização da pesquisa 82 
5.2 Universo da pesquisa 85 
5.3 Coleta dos dados 87 
 
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 92 
6.1 Perfil dos catadores entrevistados 92 
6.2 Percepções sobre a educação 98 
6.3 Os Cuidados com a saúde dos catadores 101 
6.4 As Relações Sociais entre os Catadores e a ASCANOVI 111 
6.5 Participação Política junto à Associação e ao Poder Público 116 
6.6 As Contribuições Ambientais dos Catadores  123 
6.7 A Geração de Trabalho e Renda dos Catadores Associados                       128 



 

 

 

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 136 
REFERÊNCIAS 141 
 
APÊNDICES 153 
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 154 
APÊNDICE B - Roteiro das entrevistas com os catadores 157 
APÊNDICE C - Roteiro de entrevista para a ASCANOVI 159 
APÊNDICE D - Roteiro de entrevista com o gestor público 163 
 
ANEXOS 164 
ANEXO A - Lei nº 7.478 Incentivo financeiro aos Catadores 165 
ANEXO B - Parecer Consubstanciado do CEP 167 
 
 

1 INTRODUÇÃO 

Conforme um estudo realizado pela Associação Brasileira das Empresas de 

Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes (Abetre), no Brasil, aproximadamente 

60% dos municípios ainda fazem uso de lixões (SNIS,2019). Algumas cidades já 

utilizam os aterros sanitários; no entanto, sete em cada dez locais destinados aos 

resíduos são lixões, ou seja, os materiais ficam expostos ao ar livre. 

Estima-se que, por ano, cerca de setenta milhões de toneladas de resíduos 

sólidos urbanos (RSU) são alocados nesses locais, dos quais, aproximadamente, 78% 

são materiais orgânicos e secos; o restante, 22%, são rejeitos e outros (ABETRE, 

texto digital). 

Como consequência do volume de produção de resíduos sólidos, cria-se uma 

dificuldade enfrentada pelos municípios com relação à correta destinação desses 

materiais e as possibilidades de um manejo mais adequado, que possa ser utilizado 

de maneira responsável e que ajude na preservação do meio ambiente. 



 

 

 

Para tentar resolver esse problema, foi criada, pela lei federal nº 12.305/2010, 

a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que define as diretrizes que devem 

ser adotadas pelos “Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas 

à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos 

sólidos” (BRASIL, 2010). 

No Art. 7º, com relação aos objetivos da PNRS, a Lei 12.305/2010 cita,  nos 

incisos VI e XII, o incentivo à indústria da reciclagem, no INC. VI, e a integração dos 

catadores de materiais recicláveis, no INC. XII: “VI - incentivo à indústria da 

reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados 

de materiais recicláveis e reciclados” (BRASIL, 2010); “XII - integração dos catadores 

de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade 

compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (BRASIL, 2010). A partir dessa Lei, o 

poder público passou a direcionar maior atenção a essas pessoas que trabalham com 

materiais reutilizáveis e recicláveis. 

Conforme estimativa do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis 

(MNCR), existem aproximadamente 800 mil pessoas, entre homens e mulheres, 

trabalhando na atividade de catador de material reciclável no país. Desse total, cerca 

de 70% são do gênero feminino, que são responsáveis por 90% de todo o material 

reciclado no Brasil (MNCR, 2020, texto digital).  

Nesse cenário, surgem as associações e cooperativas de catadores de 

materiais recicláveis, que trabalham no processo de coleta desses materiais, 

executando a separação e o beneficiamento dos resíduos, com possibilidade de 

reutilização e reciclagem. Optou-se por realizar a pesquisa em uma associação, 

porque, no município não, existe uma cooperativa que trabalhe com recolhimento de 

materiais para a reciclagem. 

Desse modo, esta tese apresenta a seguinte questão: Como a adesão dos 

catadores de recicláveis a uma associação proporciona melhorias nas condições de 

vida, promovendo o desenvolvimento humano? 

Segundo dados do Censo realizado em 2010 (IBGE, 2021, texto digital), no 

Brasil, 398.348 pessoas se declararam como “Coletores de lixo”. Desse total, 56,93% 

informaram que eram “Coletores de lixo e de material reciclável”, o que corresponde 

a 226.795 pessoas. Para complementar, 164.168 pessoas nomearam-se 

“Classificadores de resíduos” e 7.385, como “Varredores e afins”. 

Não é possível mensurar a quantidade de catadores de materiais recicláveis na 



 

 

 

cidade, devido à dificuldade de localização da moradia, pelo fato de alguns deles não 

se fixarem na cidade, ou seja, permanecem um tempo e depois mudam para outra 

cidade. O fluxo de entrada e saída dessas pessoas no município é incerto. Dessa 

forma, são considerados apenas os catadores associados à Associação de Catadores 

Nova Vida (ASCANOVI). 

Muitos catadores de material reciclável (CMR) trabalham de forma autônoma, 

na região urbana, mas existem alguns que preferem fazer o recolhimento dos 

materiais, em áreas destinadas ao acolhimento de materiais passíveis de reciclagem, 

ou não, oriundos de lixos residenciais e de descartes das empresas, que são os 

aterros sanitários e os lixões, que geram problemas sociais e ambientais. 

Um desses problemas está relacionado com as pessoas que trabalham em 

locais destinados aos resíduos sólidos, seja pela falta de equipamentos de segurança, 

seja pelos riscos de contaminação de doenças ou acidentes, durante a atividade. 

Esses aterros sanitários, ou são lugares determinados pelo poder público para a 

alocação do lixo urbano, onde o solo é impermeabilizado para evitar a contaminação 

do lençol freático, ou são “Lixões”, onde os resíduos sólidos são depositados a céu 

aberto, correndo risco de contaminar o lençol freático, por causa da falta de proteção 

no terreno. Os catadores e catadoras de material reciclável retiram desses locais o 

seu sustento e o de sua família, com a venda dos materiais que podem ser 

comercializados para a reciclagem. 

Os CMR, inseridos no cenário das cidades brasileiras há algum tempo, são 

passíveis de preconceitos, apesar da sua contribuição, em benefício da sociedade e 

do meio ambiente.  

Para enfrentar essa realidade, muitas pessoas procuram organizar-se, de modo 

estratégico, em associações, para, através de ações coletivas, poderem juntar forças 

em busca de melhorias para a situação de falta de recursos e de acesso à saúde, à 

educação, à assistência social e psicológica, à participação na política e aos recursos 

financeiros, o que acaba sendo um limitador na vida deles. 

Dessa forma, o objetivo geral desta tese é analisar como a participação dos 

catadores de recicláveis numa associação proporcionou melhorias nas suas 

condições de vida, promovendo o desenvolvimento humano. 

Quanto à distribuição espacial desses catadores, conforme o Censo 2010, 

essas pessoas residem em 4.961 municípios no país, ou seja, eles estão presentes 

em 89% das cidades. Em termos de regiões, as duas que concentram maior índice de 



 

 

 

catadores são: a região Sudeste, com 42% das pessoas que se declaram nessa 

condição; e a região Nordeste, com 30% (IBGE, 2021, texto digital). Numa 

comparação por 100 mil habitantes, a região Nordeste fica na primeira posição, com 

572 catadores, enquanto, no Brasil, o resultado corresponde a 461 catadores para um 

grupo de 100 mil habitantes. 

Os objetivos específicos desta tese são os seguintes: 1) Realizar um 

diagnóstico descritivo da associação; 2) Traçar um perfil dos catadores da associação; 

3) Identificar as políticas públicas de apoio aos catadores e às associações, com 

ênfase no Plano Nacional de Resíduos Sólidos; 4) Identificar e analisar melhorias na 

vida dos catadores, em relação a impactos na educação, na saúde, nas liberdades 

políticas, na renda e em questões ambientais, incentivadas pela associação. 

Este estudo busca contribuir com o debate sobre as práticas que podem ajudar 

a resolver problemas sociais e ambientais, que vêm se acumulando ao longo dos 

anos, e ajudar na discussão sobre ações de políticas públicas e impactos sociais, que 

podem ser abordados para a compreensão e a melhoria do desenvolvimento humano 

de um grupo de catadores de materiais recicláveis. Nesse sentido, como hipóteses, 

preveem-se duas situações, quais sejam: As associações de catadores de material 

reciclável possibilitam gerar melhorias no desenvolvimento humano (educação, 

saúde, liberdades políticas, renda e questões ambientais), uma mudança social para 

os associados e maior integração com a sociedade. Como segunda hipótese: A 

implantação de políticas públicas como a política Nacional de Resíduos Sólidos facilita 

a atuação das associações de catadores de materiais recicláveis, gerando 

desenvolvimento humano. 

A proposta desta tese alinha-se com o Programa de Pós-graduação, stricto 

sensu, Ambiente e Desenvolvimento da UNIVATES, o PPGAD, cujo objetivo é 

trabalhar na busca de soluções de problemas relacionados com a área ambiental. 

Assim, considerando as linhas disponíveis no programa, essa tese está em 

conformidade com a linha de pesquisa Espaço e Problemas Socioambientais, que 

estuda, entre outros assuntos, o desenvolvimento, as formas produtivas de 

organização, aspectos relativos a políticas públicas, saúde, sustentabilidade, etc.; por 

isso, o desenvolvimento humano dos catadores pode ser melhor compreendido com 

as propostas interdisciplinares que o curso oferece. 

A organização desta tese está distribuída em sete capítulos. A introdução 

apresenta o tema, o problema, os objetivos, geral e específicos. No capítulo seguinte, 



 

 

 

contextualiza-se o desenvolvimento das associações de catadores no Brasil. No 

capítulo três, são abordadas as políticas públicas direcionadas aos resíduos sólidos e 

às associações. No quarto capítulo, trata-se dos conceitos de desenvolvimento e de 

desenvolvimento sustentável, utilizados nesta tese. Nos capítulos cinco e seis, estão 

descritos, respectivamente, os procedimentos metodológicos e a análise e a 

discussão dos resultados. Por fim, no último capítulo, as considerações finais, com o 

fechamento da tese defendida. 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 -O DESENVOLVIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES DE CATADORES 

DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO BRASIL 

 

Esse capítulo aborda o surgimento das associações de catadores de materiais 

recicláveis no país, a fim de compreender como algumas pessoas formaram 

associações ou cooperativas, para resgatar sua cidadania e superar as dificuldades, 

em busca de uma vida melhor. 

As associações de catadores de recicláveis contribuem para a diminuição do 

lixo acumulado nas cidades e transformam esse material descartado em recursos, que 

são comercializados, o que gera renda e contribui para a preservação do meio 

ambiente.  

Destaca-se a importância da participação do poder público, como agente de 

mudança, e o apoio da iniciativa privada, com parcerias e incentivos econômicos, 

fiscais ou sociais, para incentivar uma maior contribuição desses agentes. 

 

2.1     Aspectos relacionados ao surgimento de associações de catadores de 

materiais recicláveis no Brasil 

 



 

 

 

As Associações de Catadores de Materiais Recicláveis (ACMR) são entidades 

voltadas ao fortalecimento e à valorização do trabalho realizado pelos catadores de 

materiais recicláveis, com a finalidade de resguardar a atuação desses trabalhadores 

e oportunizar o crescimento econômico (FONTÃO; OLIVEIRA, 2020). As ACMR, de 

acordo com Fontão e Oliveira (2020), são constituídas a partir de um mesmo propósito 

e desenvolvidas mediante esforços coletivos, em favor da realização dos sonhos, 

desejos e esperanças dos que atuam nesse segmento de trabalho. 

Assim, o público-alvo principal das associações ou cooperativas de catadores 

de materiais recicláveis são os próprios trabalhadores, sobretudo, os que atuam nas 

atividades iniciais de reciclagem, ou seja, a coleta dos materiais (catação), incluindo 

diferentes grupos de pessoas ou famílias que atuam nas ruas, nos aterros e nos lixões, 

em inúmeros municípios brasileiros (FUZZI; LEAL, 2018). Essas ACMR, portanto, 

foram criadas com a finalidade de legitimar o trabalho realizado e garantir direitos a 

esses trabalhadores, a fim de eliminar a exclusão social existente no mundo, 

principalmente, em função do trabalho informal (BARBOSA; REIS, 2021). 

Além disso, as ACMR assumem compromissos similares a outras 

organizações. Oliveira, Luna e Campos (2019) concordam com essa afirmação e 

mencionam que as associações e as demais entidades compromissadas com a 

preservação ambiental atuam, facilitando a logística reversa, ao aumentarem os 

esforços na direção da reciclagem, ao reduzirem os resíduos urbanos e ao 

apresentarem novos modelos de negócios. Com efeito, ao garantirem a oferta 

adequada de emprego, as ACMR contribuem para a melhoria da qualidade de vida da 

sociedade contemporânea (OLIVEIRA; LUNA; CAMPOS, 2019). 

Nesse contexto, as associações surgem como alternativa de melhoria da 

qualidade de vida dos catadores de materiais, mediante a oferta de condições 

adequadas de trabalho e a garantia de direitos trabalhistas, cujo propósito principal é 

eliminar a desigualdade social e desmistificar a ideia de inferioridade atribuída ao 

trabalho de catação de materiais (CASTRO; LISBOA; SOUZA, 2021). De acordo com 

Agostini e Busato (2021), as ACMR se propõem a valorizar o trabalho dos catadores, 

oportunizando a geração de renda, a proteção dos recursos naturais, a educação 

ambiental e a inclusão social dos trabalhadores. 

O número de ACMR, tanto no Brasil quando no mundo, vem crescendo, em 

virtude do aumento do desemprego, das pessoas em situação de rua, além dos 

cidadãos que não encontram outra possibilidade de atuação que não seja a 



 

 

 

informalidade (AGOSTINI; BUSATO, 2021). Os dados do Panorama do Saneamento 

Básico no Brasil, referentes a 2021, relatados pelo Sistema Nacional de Informações 

sobre Saneamento - SNIS, informam que, no Brasil, em 2020, existiam 1.677 

associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis, que agregavam 

35.670 catadores, distribuídos pelos 1.199 municípios que informaram os dados. Os 

números podem ser maiores, uma vez que, no Brasil, existem 5.570 municípios mais 

o Distrito Federal e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha. Conforme Bastos 

(2021), existe, sim, essa ocorrência, ao enfatizar que o aumento vem ocorrendo de 

modo gradativo e se ampliou com a pandemia da Covid-191, tendo em vista as 

constantes perdas relativas ao acesso aos direitos sociais, o que aumentou a 

precarização das atividades desenvolvidas nos diversos setores informais, incluindo 

a catação de materiais. 

Do ponto de vista econômico e social, as ACMR se intensificaram mundo afora, 

nas últimas décadas do século XX, com o envolvimento de organizações não-

governamentais, igrejas e demais instituições sociais, que passaram a valorizar o 

trabalho da reciclagem e o papel desempenhado pelas pessoas que trabalham na 

coleta, como os moradores de rua (SOUSA; PEREIRA; CALBINO, 2021). Em 

específico, no Brasil, de acordo com Fuzzi e Leal (2018), as primeiras associações 

surgiram na década de 1990, com presença marcante na região Sudeste, e se 

espalharam para as demais regiões do País. 

Diversos estudos publicados apresentam os motivos ou os aspectos que 

justificam o surgimento e o aumento das ACMR. Além de esses espaços inibirem a 

exclusão, refletem a situação econômica de boa parte da população, que vive em 

condições de vulnerabilidade social2, no que tange à saúde, à educação e às 

condições de vida e de trabalho (AGOSTINI; BUSATO, 2021). Também se configuram 

como ambientes de diálogo e de promoção da cidadania, por meio de iniciativas que 

combatem a desigualdade social, representada pelas diferenças de renda e de raças 

(BARBOSA; REIS, 2021). 

Conforme constatado no estudo de Bastos (2021), as ACMR foram 

influenciadas, no contexto brasileiro, pelo aumento populacional e pela elevação do 

 

1  Doença infecciosa que se espalhou pelo mundo, causada pela disseminação do vírus SARS-
CoV-2. 
2  É um conceito multidimensional que se refere à condição de indivíduos ou grupos em situação de 

fragilidade, expostos a riscos e a níveis significativos de desagregação social (XIMENES, 2010). 



 

 

 

número de desempregados ou de pessoas vivendo na informalidade. O desemprego, 

no Brasil, de acordo com o mesmo autor, aumentou nos últimos anos, pois os 

trabalhadores recorrem a trabalhos informais como a única fonte de sustento. Para 

Bastos (2021), associado ao desemprego, o trabalho da catação se intensificou com 

o acúmulo do lixo nas grandes cidades e a necessidade de reciclá-lo, por meio da 

aplicação de técnicas de aproveitamento dos materiais. 

Com efeito, o panorama numérico coloca o País no topo das estatísticas, 

quanto ao número de pessoas envolvidas com a catação. O estudo de Zolnikov et al. 

(2018) constatou que existem aproximadamente 15 milhões de pessoas envolvidas 

em atividades de coleta ou de reciclagem de resíduos no mundo, dos quais, 229.568 

pertencem ao Brasil, comportando todos os tipos de catadores. No Brasil, existiam, 

em 2020, entre associações e cooperativas de catadores identificadas, 1850 

organizações, distribuídas nas cinco regiões do território brasileiro, com uma 

estimativa de coleta de resíduos sólidos de algo em torno de 943 mil toneladas no ano 

de 2020, com um faturamento de aproximadamente R$784,5 milhões, no mesmo 

período (ANCAT, 2021, texto digital). Conforme dados do MNCR (2020, texto digital), 

alguns ambientes de coleta e de comercialização são informais, ou seja, as pessoas 

exercem trabalho intensivo, sem regulamentação e registro, recebem salários ínfimos 

e trabalham em ambientes altamente perigosos. Embora o governo brasileiro tenha 

fechado alguns ambientes como os lixões, o despejo a céu aberto, o pior tipo de 

disposição de resíduos ainda ocorre em cerca da metade do País. Ainda, em quase 

todas as regiões, há indivíduos que trabalham como catadores de recicláveis 

(ZOLNIKOV et al., 2018). 

No entendimento de Fuzzi (2016), o processo de reestruturação produtivo do 

capital, com base na globalização das economias, foi responsável por inúmeras 

transformações no âmbito do trabalho, com consequências drásticas para diversos 

segmentos de atuação, o que promoveu duas ocorrências: o aumento do desemprego 

e o trabalho informal. Esses impactos negativos modificaram a vida dos que 

permaneceram na condição de desempregados ou excluídos do mercado formal de 

trabalho, mediante a realização de atividades informais, com o objetivo de garantir a 

sua subsistência e a de seus familiares. Entre essas atividades informais, destaca-se 

o trabalho como catador de materiais recicláveis, realizado, na grande maioria das 

vezes, nas ruas, nos aterros e nos lixões (FUZZI, 2016). 

Assim como Bastos (2021), Zolnikov et al. (2018) e Fuzzi (2016) identificaram 



 

 

 

vários fatores ou aspectos que influenciam o aumento do trabalho com a catação e, 

por conseguinte, o surgimento, a valorização e o desenvolvimento das ACMR. O 

estudo de Cândido Soulé e de Sacomano Neto (2019) também encontrou resultados 

semelhantes, com destaque para os seguintes fatores: crescimento da produção de 

resíduos urbanos e a conscientização acerca de práticas de sustentabilidade e de 

reciclagem. A partir desses quatro estudos, é possível distribuir os aspectos que 

interferiram no nascimento das associações, em quatro grandes grupos, conforme 

apresentado e explicado no quadro abaixo. 

 

Quadro 1 - Aspectos ou fatores que influenciam o surgimento de associações de 

catadores: 

Aspecto influenciador Breve descrição 

Aumento da população em situação de rua 

É uma ocorrência associada ao crescimento 
populacional urbano, provocado pelas 
constantes práticas de êxodo rural e, por 
conseguinte, o aumento do desemprego. A 
população não encontra outra solução, senão 
recorrer ao trabalho informal e submeter-se a 
condições precárias de sobrevivência.  

Desemprego 

É um aspecto que cresceu bastante, nas últimas 
décadas, tendo em vista os efeitos da 
globalização e da competitividade do mercado, 
que exige trabalhadores mais especializados. 
Além disso, o desemprego ocorre, na maioria das 
vezes, em função da grande quantidade de 
pessoas que buscam postos de trabalho, além de 
outros impactos advindos de crises econômicas, 
que desencadeiam o aumento da procura por 
emprego e a redução da oferta de postos de 
trabalho. 

Crescimento da quantidade de resíduos urbanos 

Nas últimas décadas, com o crescimento das 
cidades e o aumento populacional, a quantidade 
de lixo produzida pela população urbana 
aumentou consideravelmente. Os resíduos 
produzidos envolvem os de natureza orgânica e 
industrializada. O consumo de produtos 
industrializados, sobretudo, gera uma quantidade 
expressiva de lixo, oriundo de embalagens, 
rótulos, entre outros elementos que intensificam 
a quantidade de lixo acumulada nas cidades.  

Práticas de sustentabilidade 

Há um esforço coletivo da agenda mundial em 
prol da sustentabilidade ambiental, sendo o lixo 
urbano um dos maiores problemas que 
prejudicam a vida urbana, ocasionando a 
proliferação de doenças, enchentes, dificuldade 
de locomoção, dentre outros. Com essa ideia, o 
Brasil adota práticas de sustentabilidade, que são 
incentivadas por meio de políticas públicas, 



 

 

 

Aspecto influenciador Breve descrição 

incentivando organizações, sociedade civil e 
população em geral, acerca da importância da 
reciclagem do lixo urbano e de sua destinação 
adequada, de modo a promover a limpeza do 
espaço urbano e o reaproveitamento dos 
resíduos.  

Fonte: Adaptado de Bastos (2021), Cândido, Soulé e Sacomano Neto (2019), Fuzzi (2016) e Zolnikov 
et al. (2018). 

Analisando e confrontando os aspectos explicitados no Quadro 1, nota-se que 

eles se complementam, no sentido de interferir, de algum modo, no processo de 

catação, de reciclagem e na criação das ACMR, no Brasil. Essas correlações são 

justificadas a partir do modelo de funcionamento de uma associação, o Modelo de 

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (GIRS), definido como um plano integrado que 

indica tecnicamente a infraestrutura e o funcionamento da associação, contemplando, 

sobretudo, as interações sociais e a comunicação, integrando-as às questões 

técnicas, sociais, econômicas e políticas (FERREIRA; MELO; PADILHA, 2021). 

Assim, as associações surgiram a partir de um conjunto de fatores que 

resultaram da necessidade de legalizar o trabalho de catação, com intensa 

participação da comunidade trabalhadora, na gestão dessas entidades (FERREIRA; 

MELO; PADILHA, 2021). Na cidade de Belo Horizonte, por exemplo, conforme dados 

de Ferreira; Melo; Padilha (2021), as associações contribuem para melhorar as 

condições de trabalho e, ao mesmo tempo, participam do plano municipal de gestão 

dos resíduos, de modo a potencializar a preservação do espaço urbano. 

No que se refere ao aumento da população em situação de rua, ressalta-se que 

a catação de materiais recicláveis é um tipo de trabalho informal que envolve pessoas 

que buscam resíduos descartados, porém, os depósitos ou locais de comercialização, 

na maioria dos casos, não atuam como organizações, no sentido de cumprir os direitos 

dos trabalhadores que coletam os materiais (SOUSA; PEREIRA; CALBINO, 2021). Os 

autores mencionam que tais trabalhadores são representados, na maioria das vezes, 

por pessoas em situação de rua.  

Na visão de Fontão e Oliveira (2020), a facilidade de vincular-se informalmente 

a esses locais para prestar atividades de coleta tem levado trabalhadores 

desempregados ou pessoas em situação de rua a atuarem na coleta de materiais, 

aumentando assim a atuação e o papel desempenhados pelas ACMR. 

Quanto ao desemprego, o Brasil vem registrando um número crescente de 



 

 

 

desempregados, nos últimos anos. Muitos postos de trabalho formais foram perdidos 

com os impactos econômicos provocados pela Covid-19. Nesse sentido, Bastos 

(2021) e Fuzzi e Leal (2018) destacam que essa realidade leva a buscar o trabalho 

informal, pois muitos trabalhadores não se caracterizam como população de rua. 

Esses indivíduos recorrem à catação, tendo em vista a facilidade de vinculação, bem 

como a alta demanda deste tipo de trabalho, sobretudo, nas últimas décadas, com o 

aumento da quantidade de resíduos urbanos e com a disseminação de práticas de 

sustentabilidade voltadas ao controle do lixo urbano. 

Nesse contexto, destacam-se outros aspectos ou fatores que influenciam o 

crescimento do mercado da catação: o surgimento, a valorização e o desenvolvimento 

das ACMR e o aumento da produção de resíduos. Castro, Lisboa e Souza (2021), ao 

investigarem o aumento dos resíduos nos centros urbanos, descobriram que há 

relações entre o aumento e a criação das políticas públicas e mencionam o papel 

desempenhado pelas ACMR. No citado estudo, foi confirmado que as associações, 

ao gerenciarem a produção dos resíduos, oportunizaram o desenvolvimento 

sustentável, com a finalidade de melhorar não apenas a gestão dos resíduos no Brasil, 

mas também mudanças de hábitos da população e de seus governantes. 

Nesse contexto, surge outro fator interferente na criação das ACMR: as práticas 

de sustentabilidade, as quais têm sido consideradas como ações estratégicas para a 

competitividade organizacional. Na visão de Cândido, Soulé e Sacomano Neto (2019), 

uma das medidas adotadas para a preservação ambiental da zona urbana é a adoção 

de práticas sustentáveis, mediante campanhas de conscientização que mudem o 

comportamento das pessoas e estimulem o envolvimento das organizações com a 

causa ambiental. 

As práticas de sustentabilidade, uma temática em voga no século XXI, 

compõem assuntos debatidos na Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas 

(ONU), visando à constituição de uma sociedade mundial humanizada e preservada, 

para as próximas gerações. As ACMR, no entender de Lahmann et al. (2021), 

exercem relação indissociável com a sustentabilidade, nos planos econômico, 

ambiental e social. No plano econômico, o trabalho da associação possibilita a 

reutilização de muitos materiais como matéria-prima. Já no ambiental, a entidade tenta 

diminuir a quantidade de resíduos depositados na natureza. Por fim, no plano social, 

a associação proporciona a um grupo que convive com a desigualdade econômica, 

uma forma de garantir a subsistência, a partir do trabalho desenvolvido. 



 

 

 

Com o aumento da população de rua e do desemprego, aliado ao crescimento 

dos resíduos produzidos nas cidades e das práticas de sustentabilidade, a catação de 

materiais vem ganhando espaço na sociedade brasileira. O problema que permeia 

esse contexto de trabalho é a precariedade a que ele está submetido, visto que boa 

parte dos trabalhadores não encontra ocupação no mercado formal, seja pela baixa 

escolaridade, pela idade avançada, seja por outras condições sociais (FRIZON et al., 

2021). 

Frizon et al. (2021) mencionam que, no Brasil, o catador de materiais é 

caracterizado como vendedor ambulante, sendo, portanto, um trabalho informal. No 

entanto, com o aumento dessa atividade em todas as grandes cidades brasileiras, a 

partir da década de 1980, os próprios trabalhadores sentiram a necessidade de exigir 

melhores condições de trabalho, além da garantia de direitos trabalhistas. Para 

resolver esse problema, os trabalhadores passaram a organizar-se em cooperativas 

ou associações, em busca de reconhecimento dessa atividade como profissão 

(FRIZON et al., 2021). 

Conforme relatado por Frizon et al. (2021), a década de 1990 é marcada por 

vários movimentos de catadores, na tentativa de garantir a oficialização da categoria 

profissional. Cavalcante et al. (2018) atestam que os movimentos alcançaram 

resultados positivos, embora a trajetória histórica desse segmento profissional tenha 

sido marcada pela humilhação, pela invisibilidade, pela exclusão social, pela baixa 

autoestima e pela vergonha. Em linhas gerais, esses movimentos constituem fatores 

ou aspectos que interferiram na criação das ACMR. A partir dos estudos de 

Cavalcante et al. (2018) e de Frizon et al. (2021), é possível elencar os principais 

movimentos dos catadores que contribuíram para o surgimento e o fortalecimento das 

associações, tais como: 

⮚ I Congresso Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis: realizado 

no ano de 2001, em Brasília. O evento foi o primeiro movimento, em nível 

nacional, realizado no Brasil, convergindo para outros encontros realizados 

localmente, como o Encontro dos Catadores de Papel, com a intenção de 

regularizar a profissão do catador de materiais e potencializar outras 

garantias. Neste Congresso, foi lançado o Movimento Nacional dos 

Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) (FRIZON et al., 2021; 

MOVIMENTO NACIONAL DOS CATADORES, 2022). 



 

 

 

⮚ I Marcha da População de Rua: também realizada em Brasília, em 2006. 

Os catadores exigiram a criação de postos de trabalho em cooperativas e 

associações, sendo essas as bases orgânicas do movimento (FRIZON et 

al., 2021; MOVIMENTO NACIONAL DOS CATADORES, 2022). 

⮚ Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR): 

esse movimento foi lançado como produto do I Congresso, ocorrido em 

2001, também em Brasília. No Congresso, foi lançada a Carta de Brasília, 

documento que expressa as necessidades do povo que sobrevive da coleta 

de materiais recicláveis. O Movimento foi instituído como forma de 

resistência para a garantia de direitos dos trabalhadores (CAVALCANTE et 

al., 2018; MOVIMENTO NACIONAL DOS CATADORES, 2022). 

⮚ Fórum Nacional de Lixo e Cidadania: ocorreu em 1998, reunindo 

instituições nacionais e internacionais, na tentativa de propor melhores 

condições de trabalho e de vida para as famílias que vivem do trabalho da 

catação de materiais. Dentre os principais objetivos do evento, citam-se: 

erradicar o trabalho infantil no lixo, a inclusão dos catadores como parceiros 

na coleta seletiva e erradicar os lixões para aprimoramento da gestão de 

resíduos (CAVALCANTE et al., 2018; MOVIMENTO NACIONAL DOS 

CATADORES, 2022). 

A partir da realização desses eventos, as associações foram se fortalecendo 

no Brasil, sobretudo, no Governo Lula (2003 a 2011). Nesse Governo, segundo 

Trindade (2020), foram implementados programas e ações de apoio à formação de 

organizações produtivas de catadores, bem como ocorreu a inclusão do tema na 

agenda governamental dos municípios. Assim, de acordo com a autora, a 

responsabilidade foi estendida aos municípios com a intenção de instituir um modelo 

de desenvolvimento que visava ao crescimento econômico com distribuição de renda, 

como forma de combate à pobreza. 

Destaca-se que os movimentos dos catadores de materiais, no decorrer das 

décadas de 1990 e 2000, foram estimulantes para ampliar o número de ACMR, em 

diversas cidades brasileiras, embora as primeiras associações tivessem sido 

implementadas na década de 1970. Trindade (2020) relata que a primeira associação 

que surgiu no Brasil foi a Associação de Catadores de Material de Porto Alegre, 

fundada em 1970. Nos anos seguintes, segundo essa autora, foram implementadas a 



 

 

 

Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Papelão, Aparas e Materiais 

Reaproveitáveis (COOPAMARE), na cidade de São Paulo, e a Associação dos 

Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte - ASMARE, 

situada na capital mineira. 

No final da segunda década do século XXI, é cada vez mais comum, em todas 

as grandes cidades brasileiras, a vinculação dos catadores a cooperativas ou 

associações, cujos profissionais registrados representam 10% da categoria no Brasil. 

A estimativa é que, no Brasil, haja mais de 1.000 (Um mil) cooperativas e ACMR. 

Essas entidades estão devidamente registradas e em funcionamento. As cidades com 

maior número de associações são: São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre 

(TRINDADE, 2020). 

 

O trabalho de Fuzzi (2016) já havia sinalizado que o número de associações é 

reflexo da globalização, que aumentou o número de pessoas que recorrem à catação 

como única forma de sustento, apesar da precariedade do trabalho. Os resultados 

desse estudo identificaram que, após a década de 1990, começaram a ser formados 

os primeiros empreendimentos econômicos solidários de cooperativas e de ACMR. 

A pesquisa de Fuzzi (2016) também descobriu que o trabalho das cooperativas 

vem ganhando destaque e se aprimorando. O objetivo principal desses 

estabelecimentos é melhorar e legalizar as condições de trabalho dos catadores de 

materiais recicláveis. A citada pesquisa menciona a existência da formação das redes 

de associações, ou seja, as entidades se organizam em redes, com o intuito de 

promover o desenvolvimento econômico e social de seus empreendimentos e de seus 

cooperados e associados. 

As redes de associações constituem parcerias formadas entre as entidades, 

para que o trabalho seja compartilhado com benefícios recíprocos para as instituições 

cooperantes. As associações se vinculam às redes no sentido de compartilharem 

recursos, trocarem informações e estimularem a participação coletiva. Ao se 

vincularem às redes, as associações compreendem melhor os contextos em que 

estão inseridas, como o nível de desenvolvimento da cadeia regional de reciclagem, 

o avanço de políticas para os catadores e catadoras, as estruturas de participação 

social, entre outros resultados (CAMPOS; TEIXEIRA, 2021). 

Quanto ao aprimoramento das atividades realizadas pelas associações, cita-

se, como exemplo, além da formação das redes de associações, o uso de tecnologias 



 

 

 

sociais para a gestão de resíduos sólidos. O estudo de Castro, Lisboa e Souza (2021), 

realizado na Amazônia, caracterizou essas tecnologias como a estratégia de adotar 

inovações nos processos de trabalho, com intensa participação dos indivíduos locais, 

nas diferentes etapas de sua implantação, tendo por finalidade a inclusão 

socioambiental que esses artefatos se propõem a resolver. 

Assim, a criação das tecnologias sociais é outro fator ou aspecto que influencia 

o trabalho das associações, no sentido de promover a adequada gestão dos resíduos 

sólidos, conforme reza o texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS3). Tais 

tecnologias, na visão de Castro, Lisboa e Souza (2021), constituem o movimento de 

ambiência social, que ganhou força e está avançando, com o objetivo de proporcionar 

às pessoas mais necessitadas, a melhoria da sua qualidade de vida, por meio do 

desenvolvimento tecnológico. Ao utilizar essas tecnologias, as associações adquirem 

os seguintes benefícios: a formalização do trabalho; a otimização dos processos de 

coleta e reciclagem; a implantação/ampliação da coleta seletiva; a correta destinação 

dos resíduos; a melhoria da qualidade de vida e um significativo aumento da renda 

dos cooperados (CASTRO; LISBOA; SOUZA, 2021). 

De fato, percebe-se que diversos aspectos interferiram na criação das ACMR, 

envolvendo fatores socioeconômicos, relativos ao desemprego, ao aumento 

populacional, ao aumento da produção de resíduos e a ações sustentáveis, além da 

ocorrência de diversos eventos para debater o tema (CAVALCANTE et al., 2018; 

FRIZON et al., 2021). Ademais, mais recentemente, o avanço tecnológico tem 

facilitado o trabalho das associações, as quais se vinculam em redes, a fim de realizar 

um trabalho colaborativo (CAMPOS; TEIXEIRA, 2021; CASTRO; LISBOA; SOUZA, 

2021). 

Em linhas gerais, dentre os vários aspectos mencionados, os resultados mais 

promissores foram: a criação das ACMR, a institucionalização da categoria 

profissional e a criação de leis e de políticas voltadas ao trabalho da catação 

(CAVALCANTE et al., 2018; FRIZON et al., 2021). Desses resultados, Cavalcante et 

al. (2018) reforçam a importância das leis e das políticas implementadas, tais como o 

Decreto nº 5.940/2006, que institucionalizou o repasse dos materiais recicláveis das 

instituições públicas aos catadores de materiais recicláveis, a PNRS, de 2010, e o 

Programa Pró-Catador, também de 2010. 

 

3   Criada pela Lei Federal nº12.305/2010, assunto abordado em outro capítulo.  



 

 

 

As legislações que regem o trabalho do catador de materiais e as políticas 

instituídas no Brasil em prol dessa categoria profissional apresentam disposições 

acerca da organização dos trabalhadores em associações, para que a entidade possa 

ser reconhecida e realize formalmente suas atividades. Esses documentos 

resguardam o trabalho das associações, no sentido de garantirem aos associados 

assessoria técnica e jurídica, a realização de assembleias de constituição e o registro 

em cartório dos seus estatutos (FONTÃO; OLIVEIRA, 2020).  

Os indicativos de desemprego em alguns países, principalmente nos 

emergentes como o Brasil, têm agravado a condição de quem perdeu espaço no 

mercado de trabalho e daqueles que nele não conseguiram entrar (ROCHA et al., 

2004). No Brasil, a taxa de desempregados no 3º trimestre de 2020 chegou a 14,1 

milhões de pessoas, representando um percentual de 13,1% da população (IBGE, 

2021, texto digital).  

No Brasil, pode-se afirmar que a coleta seletiva de materiais reciclados é 

caracterizada por um apelo social, marcado pela desigualdade econômica dos 

catadores (BESEN, 2011), que já fazem parte do cotidiano das cidades, recolhendo, 

principalmente, materiais que podem ser reciclados, como alumínio, papel e papelão, 

plásticos, entre outros, com valor econômico (FRANÇA LIMA, 2008, p. 4). 

Esses materiais recolhidos das ruas eram comercializados por intermediários 

que os revendiam para as indústrias interessadas. O movimento de pessoas cuja 

renda exclusiva provinha do trabalho de recolhimento desses materiais começou por 

volta dos anos de 1950, conforme o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais 

Recicláveis (MNCR) (MNCR, 2012). 

Em meados da década de 1980, a quantidade de pessoas que fazia esse tipo 

de serviço, o recolhimento de materiais recicláveis, começou a aumentar nos grandes 

centros, principalmente, em capitais como São Paulo – SP e Belo Horizonte – MG. 

Assim, a criação da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais 

Recicláveis (ASMARE) tornou-se uma cooperativa de grande porte no país, (FRANÇA 

LIMA, 2008, p.5), realizando um trabalho social de acolhimento de ex-moradores de 

rua e de pessoas encaminhadas pela Justiça para o cumprimento de penas 

(GONÇALVES, OLIVEIRA e SILVA, 2008). 

Em 2019, conforme a estimativa do MNCR, “existiam cerca de 800 mil 

catadores e catadoras em atividade no país” (MNCR, 2020, texto digital). Esses 

catadores são “responsáveis pela coleta de 90% de tudo que é reciclado hoje no 



 

 

 

Brasil” (MNCR, 2020, texto digital). 

Algumas associações emergem da “organização de trabalhadores no sentido 

de resgatar, por meio do trabalho, a sua dimensão humana e a conquista da cidadania 

(ROCHA et al., 2004, p. 2). 

O MNCR, considerado o maior movimento social de atuação junto aos 

recicladores no mundo, é uma entidade que representa a categoria (recicladores), 

integrando as cinco regiões do país (BESEN, 2012, p. 390). Mobilizou-se durante a 

tramitação do Projeto de Lei (PL 203/91), que deu origem à Lei Federal 12.305/2010, 

que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010), buscando 

sempre o caráter social e a valorização dos trabalhadores, bem como o cuidado com 

os impactos ambientais (MNCR, 2012, p. 416). 

O desafio do MNCR e de outras associações e cooperativas é conseguir 

agregar os catadores não registrados, que trabalham sem segurança, em condições 

desfavoráveis, sem o apoio do setor público (BESEN, 2012, p. 393). Antes da criação 

de associações e cooperativas, os catadores de materiais recicláveis eram tratados 

como marginalizados pela população, principalmente, pelo poder público, que não 

reconhecia a importância social e ambiental do trabalho desenvolvido por essas 

pessoas, chegando ao ponto de usar a força policial para retirá-los de algumas áreas 

da região central das cidades (KEMP, 2008). 

Os catadores começaram a perceber que a saída da rua em busca de um 

trabalho digno, que pudesse fornecer condições para uma vida melhor, somente seria 

possível com a parceria do poder público e de outras organizações da sociedade civil 

(OSC) (TORRES, 2008).  

Na década de 1970, deu-se início à organização dos catadores, com o apoio 

da Igreja Católica, através das pastorais de atendimento e de apoio aos mais 

necessitados. Nos anos de 1990, os catadores passaram a receber maior atenção do 

poder público e de organizações do terceiro setor, com a intenção de relacionar as 

condições econômicas dessas pessoas com uma alternativa de trabalho sustentável, 

buscando a inclusão social (FREITAS, 2010). 

A participação em movimentos associativos forma uma identidade política, 

criando condições sociais com base na solidariedade, alinhada ao projeto de mudança 

nas relações de exploração e de opressão. Nessa perspectiva, modifica-se o 

pensamento individualista que existia antes da organização, o que somente é possível 

com a ajuda dos catadores que percebem a situação e se tornam mais conscientes, 



 

 

 

participando de Organizações não Governamentais (ONGs) com viés social, bem 

como, do poder público, para complementar as ações (BARROS; PINTO, 2008). 

O trabalho das ACMR é a coleta e o posterior beneficiamento de materiais com 

potencial para reciclagem, agregando valor à quantidade acumulada, com a 

separação por categorias, como, por exemplo: plástico, papel, alumínio, entre outros 

produtos, que podem ser prensados para a venda, direcionada a empresas que fazem 

o processo de beneficiamento ou de reciclagem (ALVES; MEIRELES, 2013). 

O catador de material reciclável é o elemento-chave num processo muito 

lucrativo, mas, infelizmente, muitas vezes, não recebe um ganho significativo que lhe 

proporcione uma vida digna, além de trabalhar em condições não favoráveis (LEAL et 

al., 2002). 

As ACMR têm um potencial econômico que ajuda a resolver problemas 

ambientais e sociais, auxiliando as pessoas excluídas do mercado de trabalho, por 

não terem um bom nível educacional, nem capacitação profissional, para serem 

inseridas no mercado formal de trabalho (RATHI, 2006, ALVES; MEIRELES, 2013). 

Dessa forma, as ACMR podem contribuir para resolver o problema do 

gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), o que tem sido um grande 

desafio para o poder público em todo o mundo. A geração diária de RSU em 

quantidades elevadas, devido ao crescimento populacional, à rápida urbanização, ao 

desenvolvimento e às melhorias tecnológicas e a uma melhor condição social e 

econômica nos países e cidades, tem se tornado um desafio (BESEN, 2011). 

A redução de milhões de toneladas de RSU, produzidas diariamente pela 

sociedade, tem sido o grande desafio do século XXI (RIBEIRO 2009; BESEN, 2007). 

Nesse cenário, as ACMR contribuem para a solução do problema, que está ligado à 

forma e ao modo de produção, a questões culturais e ao desenvolvimento das 

sociedades. A parcela de culpa vincula-se à incapacidade de usar a matéria-prima até 

o ciclo final da vida útil ou de sua obsolescência (FIORE; RUTKOWSKI, 2013). Além 

da redução da quantidade, outro grande desafio dos países é buscar alternativas de 

destinação de RSU que causem impacto ambiental mínimo (CEZAR et al., 2015).  

Nesse contexto, as possibilidades de redução dos impactos ambientais estão 

na coleta seletiva e na reciclagem (TROSCHINETZ; MIHELCIC, 2009), que é o foco 

de trabalho das ACMR. As atividades das ACMR evitam que muitos materiais 

descartados pela população prejudiquem o meio ambiente; ao contrário, contribuem 

para serem reaproveitados como fonte de renda para aqueles que trabalham com 



 

 

 

esse tipo de material, bem como para a resolução do problema dos RSU e da falta de 

geração de renda para quem não encontrou outra possibilidade de trabalho que possa 

gerar o seu sustento e o de sua família. 

Uma das alternativas para tentar resolver o problema dos resíduos descartados 

pela população e pelas empresas foi a criação do Plano Nacional de Resíduos 

Sólidos, que deve direcionar as ações do poder público e incentivar as empresas a 

buscarem melhores opções para resolver o problema do lixo descartado.  

No Brasil, a reciclagem atinge apenas 2,1% do total dos resíduos coletados 

(CGIRS-VJ, 2021, texto digital). Esse percentual se mantém há, pelo menos, três 

anos, conforme os dados do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre 

Saneamento. A justificativa para o baixo percentual de reciclagem está na dificuldade 

que o país enfrenta para conseguir implementar a coleta seletiva, que, em 2019, 

atingiu apenas 41,4% da população (CGIRS-VJ, 2021, texto digital). 

Para a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos 

Especiais (ABRELPE), o Brasil deixa de reciclar em torno de 12 milhões de toneladas 

de RSU por ano, que poderiam gerar, aproximadamente, 14 bilhões de reais 

(ABRELPE, 2020). Logo, existe uma quantidade significativa de material que pode ser 

aproveitado pelo sistema de reciclagem e pelas ACMR, como fonte geradora de 

renda. Os principais materiais não totalmente aproveitados são: o plástico, em torno 

de 6 milhões de toneladas; papel ou papelão, numa quantidade de 4,7 milhões de 

toneladas; o vidro, com 1 milhão de toneladas; e o alumínio, com 185 mil toneladas 

desperdiçadas (ABRELPE, 2020).  

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), numa atualização feita em 

2020, apontou que o Brasil pretende atingir a meta de 72,6% da população com coleta 

seletiva, no ano de 2040, e que 20% de todo o material coletado passe por processo 

de reciclagem. 

Considerando esse cenário e as projeções para o futuro, destaca-se a 

importância do PNRS como ferramenta de apoio e de direcionamento de ações, que 

possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos catadores de materiais 

recicláveis, bem como para a melhoria da sociedade de maneira geral e do meio 

ambiente.  

Para resumir, este capítulo apresentou como as associações foram crescendo 

em tamanho, quantidade e organização pelo país, principalmente, como 

consequência das condições financeiras e sociais. O aumento da população urbana 



 

 

 

e o consumo cada vez maior de todos os tipos de produtos têm gerado maior 

quantidade de resíduos sólidos, que precisam ser alocados num lugar adequado.  

Dessa forma, as pessoas com dificuldades de sobrevivência encontram uma 

alternativa para buscar uma qualidade de vida melhor. Nesse cenário, as ACMR 

exercem o papel de apoiadoras, na tentativa de reduzir a desigualdade social e 

modificar a visão de algumas pessoas com relação ao trabalho de catação, julgando-

o um trabalho inferior aos demais, devido à baixa remuneração, aos ambientes com 

alto grau de periculosidade e à excessiva carga horária e de trabalho. 

Esse capítulo também identificou que as associações conseguiram, ao longo 

do tempo, proporcionar dignidade às pessoas que estavam abandonadas pela 

sociedade e pelos governos, pois, conforme Nussbaum (2011) e Sen (2018), a 

dignidade faz parte da mudança social. Os catadores conquistaram essa dignidade 

com a ajuda da associação, que contribuiu para eles se sentirem incluídos na 

sociedade, sendo uma referência de participação e de trabalho para o bem da 

coletividade. Também foi incentivada a criação da categoria profissional dos 

catadoresm bem como a associação auxiliou na criação de leis e de políticas públicas 

direcionadas ao trabalho com a catação. Nesse sentido, com o surgimento do MNCR, 

foi possível integrar as regiões do país, através da representatividade perante os 

catadores e perante o governo, participando da tramitação que deu origem à Lei 

Federal 12.305/2010. O detalhamento do texto da legislação e das políticas é o tema 

do próximo capítulo.



34 
 

 

3 AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS DIRECIONADAS AOS 

RESÍDUOS SÓLIDOS E AO FORTALECIMENTO DAS 

ASSOCIAÇÕES 

Este capítulo aborda as determinações normativas voltadas aos resíduos 

sólidos e a relação deles com as ACMR. O propósito do capítulo é reforçar a 

interferência do poder público na organização do trabalho com a catação de materiais, 

à medida que institui leis e políticas públicas que viabilizem investimentos na gestão 

dos resíduos sólidos. O resultado desse investimento é a melhoria da qualidade de 

vida e do trabalho realizado pelos catadores, o fortalecimento das instituições 

apoiadoras, como as associações ou cooperativas, e a garantia da sustentabilidade 

ambiental no espaço urbano. 

Já os subcapítulos abordam, na sequência, o conteúdo de alguns documentos 

normativos gerenciados pelo poder público, relacionando-os com as ACMR, bem 

como aprofunda-se o conteúdo da PNRS, instituída em 2010, citando, como exemplo 

prático, a Política de Resíduos do Estado de Minas Gerais.  

Essa política é especificada pela forte influência exercida na gestão dos 

resíduos sólidos, num dos maiores estados brasileiros, oportunizando alguns avanços 

na preservação ambiental, apesar da existência de muitos desafios a serem 

solucionados.  

 

3.1     A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS 

 

A PNRS congregou diversos elementos já dispostos em legislações anteriores 



35 
 

 

e voltados à garantia da preservação ambiental, no Brasil. Como exemplo, cita-se o 

conceito de logística reversa, que estabelece o fluxo físico dos produtos, processo 

esse já exposto na Lei sobre Agrotóxicos (Lei 7.802/1989), mas que ganhou maior 

notoriedade ao ser considerado uma estratégia de preservação dos impactos 

ambientais (FERREIRA; MELO; PADILHA, 2021). 

Os resíduos sólidos urbanos gerados pelas cidades são depositados em 

aterros sanitários ou em lixões, causando impacto social, tendo em vista o acúmulo 

de pessoas que sobrevivem dos materiais recolhidos e vendidos nesses locais para 

reciclagem, bem como o impacto ambiental, com a possível contaminação do solo e 

da água do lençol freático (ADEDIPE, 2005; IPCC, 2007). 

Conforme o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) 

(SNIS, 2019), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e o programa 

Lixão Zero – Resíduos Sólidos Urbanos, desenvolvido pelo Ministério do Meio 

Ambiente (MMA), em sua Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana, uma 

pessoa gera, por dia, cerca de 950 gramas de resíduos. Dessa forma, no Brasil, é 

coletada, em média, a quantidade de 166 mil toneladas de resíduos diários (SNIS, 

2019, texto digital). 

Considerando a quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos, alguns 

municípios, num total de 1.254, começaram a fazer a coleta seletiva. Desse total, 45% 

depositam os seus RSU de maneira inadequada; 55% depositam os RSU em aterros 

sanitários; e 5% não declararam (SNIS, 2019). 

Uma pesquisa realizada anualmente pelo SNIS, que é o Diagnóstico de Manejo 

de Resíduos Sólidos, fornece informações sobre o andamento da coleta seletiva 

realizada no Brasil, mas não considera alguns indicadores que poderiam ampliar os 

dados e melhorar o entendimento, como, por exemplo, a quantidade de 

associações/cooperativas de catadores, a relação legal e as condições de trabalho 

entre a prefeitura e essas organizações (BESEN et al., 2014). 

A maioria dos materiais descartados pelos brasileiros é lixo orgânico, que 

representa 50% da composição do lixo domiciliar; plástico, 13%; vidro, 3%; metal, 3%; 

papel e papelão, 9%; e outros tipos, 22% (MMA, 2019). 

A adoção de uma política pública que realize um trabalho de prevenção para 

que não ocorram danos ao meio ambiente e à saúde pública deve ser buscada como 

forma de amenizar comportamentos que possam prejudicar a sociedade e o meio 

ambiente (MACHADO, 2012). Dessa maneira, no caso dos RSU, essa prevenção 



36 
 

 

concretiza-se com o desenvolvimento e a consequente implantação de um PNRS. 

Nesse contexto, foi aprovada, em 2010, a Lei Federal 12.305/2010, que instituiu 

a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que lança os desafios para a correta 

gestão desses resíduos por parte dos municípios, seguindo um processo gradativo de 

redução da quantidade de resíduos sólidos, separando os que podem ser reciclados 

e que, no dia a dia, são alocados nos aterros sanitários e lixões. Foram estipuladas 

metas nacionais que iniciaram cinco anos após a aprovação da lei: um percentual de 

redução de 22% para o ano de 2015; 28%, para 2019; aumentando para 34%, em 

2023; para 2027, a meta é de 40%; e um percentual final de 45%, para o ano de 2031. 

A PNRS faz referência à importância de uma gestão integrada de resíduos 

sólidos (GIRS) e do seu papel como desenvolvedora de ações para solucionar os 

problemas referentes aos resíduos sólidos, considerando aspectos políticos, 

econômicos, ambientais, culturais e sociais, em busca de desenvolvimento 

sustentável (BRASIL, 2010). No Brasil, conforme o relatório do IBGE (2017), 45,2% 

dos municípios não possuem uma GIRS, ou seja, 2.517 municípios com 61 milhões 

de habitantes, o que representa 29,4% da população. Já o percentual de municípios 

que possuem uma GIRS é de 54,8%, isto é, 3.053 municípios, com uma população 

de 146,7 milhões de habitantes. Em cerca de 15,8% dos municípios não foi 

identificada a utilização, ou não, da GIRS. 

Outro aspecto que a PNRS busca estimular e fortalecer é a coleta seletiva, com 

a integração dos catadores de materiais recicláveis. Apesar de a gestão ser realizada 

pelos municípios, a PNRS disponibiliza recursos para os municípios que seguem suas 

diretrizes. 

Conforme dados do IBGE (2010), no Brasil, existiam 994 municípios que faziam 

a coleta seletiva, 18% das cidades do país. Desse total, 65,7% contavam com a 

participação de catadores organizados em cooperativas ou em associações. 

Os dados citados anteriormente explicam que o PNRS tem uma proposta de 

inclusão social para os catadores de materiais recicláveis, com incentivo à 

implantação de políticas públicas que possam agregar valor. Além disso, possibilita a 

inclusão social, através da ajuda e da inserção da economia solidária e das ações das 

associações e cooperativas de catadores, que promovem a integração, através da 

coleta seletiva dos municípios, confirmando assim o que alguns autores já diziam 

antes da aprovação da lei (SINGER, 2002, PACHECO; RIBEIRO, 2009). 

A PNRS, no capítulo II, Art. 6º inc. VIII, reconhece que o resíduo sólido pode 



37 
 

 

ser reaproveitado com valor econômico e social, gerando trabalho e renda para as 

pessoas, nesse caso, catadores de materiais recicláveis, e promovendo cidadania: 

“VIII – o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem 

econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania” 

(BRASIL, 2010). 

Outro aspecto da Lei Federal 12.305/2010 diz respeito às microrregiões e suas 

atividades de reciclagem dos RSU, ou seja, orienta os estados e municípios a criarem 

os seus planos de resíduos sólidos, considerando que “o plano microrregional de 

resíduos sólidos deve atender ao previsto para o plano estadual e estabelecer 

soluções integradas para a coleta seletiva, a recuperação e a reciclagem” (BRASIL, 

2010). Ainda, o Art. 16, §3º, determina o correto “tratamento e destinação final dos 

resíduos sólidos urbanos, a gestão de resíduos de construção civil, de serviços de 

transporte, de serviços de saúde, agrossilvopastoris ou outros resíduos, de acordo 

com as peculiaridades microrregionais” (Art. 16, §3, Lei 12.305/2010). 

O Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), conforme o Art. 17, “será 

elaborado para vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o território do 

Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a cada 4 (quatro) 

anos” (Art. 17, Lei 12.305/2010). Deve-se fazer uma previsão das metas para a 

reutilização e a reciclagem, com a intenção de reduzir o quantitativo de resíduos e 

rejeitos que são encaminhados para sua destinação final, de maneira ambientalmente 

adequada (Lei 12.305/2010). 

Já o Plano Municipal deve realizar a gestão Integrada de resíduos sólidos e, 

em continuidade com o PNRS e o PERS, estipular “metas de redução, reutilização, 

coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos 

encaminhados para disposição final ambientalmente adequada” (Art. 19, XIV, da Lei 

12.305/2010). 

Para que tudo isso funcione, é preciso compreender que a “responsabilidade 

compartilhada é essencial para o avanço da gestão de resíduos no país” 

(DEMAJOROVIC; MIGLIANO, 2013, p. 68). Ainda, os autores afirmam que “a 

destinação adequada dos resíduos depende do trabalho de todos os atores envolvidos 

na cadeia, incluindo, além dos fabricantes, o setor público, o comércio e os 

consumidores” (DEMAJOROVIC; MIGLIANO, 2013, p. 68). 

Assim, a PNRS criou o marco regulatório, que estabelece para a sociedade 

como devem ser definidas as responsabilidades para os ciclos de vida de vários 



38 
 

 

produtos, ou seja, os “planos, programas, objetivos e prazos que obrigam os principais 

agentes do mercado – governo, indústria, comércio, importadores, serviços e 

consumidores – a prover uma destinação adequada dos resíduos sólidos” 

(DEMAJOROVIC; MIGLIANO, 2013). 

Outra situação que a lei considerou foi o reconhecimento dos “grupos de 

catadores de materiais recicláveis como atores fundamentais da cadeia de reciclagem 

e estimula a inserção deles nas diversas iniciativas para a expansão da coleta e da 

destinação dos resíduos” (DEMAJOROVIC; MIGLIANO, 2013, p. 68). 

Dessa forma, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos destaca-se pela maneira 

como superou “um dos obstáculos que era a inexistência de uma norma de âmbito 

nacional que tivesse como foco principal gerenciar os resíduos, atribuir 

responsabilidades aos seus geradores, consumidores e ao poder público” 

(REVEILLEAU, 2011, p. 164). 

Outro aspecto que o PNRS considera é a implementação, a criação e a 

ampliação das associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, com 

o desenvolvimento de estratégias que possam agregá-las ao sistema de coleta de 

materiais. Dessa maneira, a intenção é “difundir a educação ambiental visando à 

segregação dos resíduos na fonte geradora, para facilitar a coleta seletiva com a 

participação de associações e cooperativas de catadores” (MMA, 2012, p. 61). 

Entre as estratégias desenvolvidas pelo PNRS para a redução da geração de 

resíduos sólidos urbanos, destaca-se o papel das associações como ferramentas de 

apoio, no sentido de estimular “cooperativas e associações de catadores a ampliarem 

seu portfólio de produtos e serviços sustentáveis, induzindo, com essa dinâmica, a 

ampliação de atividades reconhecidas como ‘economia verde’ (greeneconomy) ou de 

baixo carbono” (MMA, 2012, p. 68). 

O papel das associações no PNRS é contribuir com a redução da quantidade 

de resíduos sólidos que podem ser reaproveitados, participando, dessa forma, do 

processo da logística reversa. Para que isso aconteça, o PNRS deve “instituir 

incentivos fiscais, financeiros e creditícios, voltados à separação dos resíduos na fonte 

geradora, ao incremento de coleta, à criação, melhoria e qualificação de centros de 

triagem, de reutilização e reciclagem, preferencialmente, com a participação de 

cooperativas e associações de catadores (MMA, 2012, p. 70). 

O PNRS também propõe ações que devem “contribuir com a emancipação das 

organizações de catadores, promovendo o fortalecimento das cooperativas, 



39 
 

 

associações e redes, incrementando sua eficiência e sustentabilidade” (MMA, 2012, 

p. 70). 

A Política assumiu uma abrangência de interesse público, tendo em vista a 

grande importância que foi atribuída à necessidade de uma atuação preventiva por 

parte da sociedade, elencando responsabilidades dos cidadãos e das organizações 

públicas e privadas com a preservação do meio ambiente (FERREIRA; MELO; 

PADILHA, 2021). Esses autores ainda mencionam que o propósito principal da 

Política é antecipar a ocorrência de danos ambientais e possibilitar um maior grau de 

efetividade à proteção do meio ambiente. A Política também enfatiza a preocupação 

ambiental, social e econômica dos resíduos sólidos, valorizando o papel a ser 

desempenhado pelos catadores e pelas cooperativas ou associações (FERREIRA; 

MELO; PADILHA, 2021). 

Essa mesma Política foi instituída com a intenção de solucionar os impasses 

relacionados aos resíduos sólidos, atribuindo aos estados e municípios, a 

responsabilidade de criar e de executar planos específicos de gestão de resíduos 

sólidos (SANTOS; LORENZO, 2018). Segundo esses autores, tal processo precisa 

ser realizado de modo integrado, mediante um fluxo de trabalho participativo entre 

todos os membros da sociedade, de modo a contemplar os requisitos a céu aberto, 

embora esses não tenham sido mencionados como obrigatórios. 

Quanto aos Planos Estaduais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o 

artigo 16 determina que a elaboração desse documento seja condição para os 

Estados terem acesso a recursos da União ou serem por ela controlados. Tais 

recursos, segundo o texto legal, são destinados a empreendimentos e serviços 

relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos 

ou financiamentos de entidades federais de crédito, ou que promovam ações dentro 

dos propósitos ambientais (BRASIL, 2010b). 

Semelhante à elaboração dos Planos Estaduais, os Planos Municipais também 

são elaborados, considerando a realidade dos municípios e os recursos necessários 

para o gerenciamento dos resíduos. A redação do artigo 18, da Lei nº. 12.305, dispõe 

que o Plano Municipal precisa conter os seguintes elementos: diagnóstico da situação 

dos resíduos; identificação de áreas favoráveis para a coleta e a destinação dos 

materiais; identificação de possibilidades de parcerias com outros municípios; 

indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza 

urbana e de manejo de resíduos sólidos, dentre outros (BRASIL, 2010b). 



40 
 

 

Os Planos Estaduais e Municipais são desdobramentos da PNRS, constituindo 

ações práticas a serem desempenhadas em contextos locais. Ao estudarem o Plano 

Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, Silva, Tagliaferro e Oliveira (2021) 

descobriram que a implementação desses Planos garante muitos benefícios, como o 

acesso a linhas de crédito, de modo a impedir o desgaste político do gestor e evitar a 

judicialização e eventuais condenações. Ademais, os gestores públicos precisam 

integrar os antigos catadores no desenvolvimento dos Planos Estaduais e Municipais, 

especializando a mão de obra, para a formação das cooperativas e a implementação 

da coleta seletiva dos resíduos (SILVA, TAGLIAFERRO e OLIVEIRA (2021). 

Destaca-se que os Planos Municipais e Estaduais precisam fazer a gestão 

integrada dos resíduos sólidos, que é definida como sendo a somatória de ações 

voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, com o objetivo de 

abranger as diversas esferas sociais, isto é, nos planos político, econômico, 

ambiental, cultural e social, tendo em vista o controle social, alicerçada no fundamento 

da sustentabilidade (BRASIL, 2010b). A gestão é integrada, segundo o texto legal, no 

sentido de que as ações não podem ser realizadas de modo individual, mas devem 

envolver a participação coletiva, na tentativa de garantir a utilização racional dos 

recursos ambientais, o combate a todas as formas de desperdício e a minimização da 

geração de resíduos sólidos. 

A gestão integrada, portanto, é um dos aspectos mais importantes e inovadores 

da PNRS. A literatura apresenta diversos estudos sobre a temática. Para Reis, Friede 

e Lopes (2017), a gestão integrada envolve todo o ciclo de vida dos resíduos, desde 

sua origem, perpassando pelo consumo, pelo descarte e pela reciclagem. Esse 

processo exige a mudança de comportamento dos agentes envolvidos, no caso, 

produtores, distribuidores, consumidores, catadores, recicladores, entre outros. Silva, 

Tagliaferro e Oliveira (2021) corroboram esse resultado, ao enfatizarem que a 

conscientização da sociedade a respeito das questões ambientais exige uma atuação 

mais incisiva dos administradores públicos, cujo compromisso com a gestão dos 

resíduos é um dever de todos, para assegurar o cumprimento da gestão integrada. 

Com efeito, percebe-se que a PNRS projetou melhorias para o cenário da 

catação, no Brasil, sobretudo, no que tange à inclusão de catadores e à educação 

ambiental, em diferentes estados brasileiros (OLIVEIRA; GALVÃO JUNIOR, 2016). 

No entanto, muitos desafios ainda carecem de solução, tal como acontece no estado 

de Minas Gerais, em específico, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cujos 



41 
 

 

municípios ainda não estabeleceram um fluxo de destinação final adequada dos 

resíduos, de modo a integrar o trabalho dos catadores e das associações (OLIVEIRA, 

2020). O detalhamento da Política Nacional de Resíduos em Minas Gerais é descrito 

no subcapítulo seguinte. 

 

3.1.1 A Política Nacional de Resíduos Sólidos no Estado de Minas Gerais 

 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos no Estado de Minas Gerais foi criada 

em 2009, um ano antes da oficialização da PNRS, cujas determinações foram 

elencadas na política mineira, que considera as disposições estabelecidas nas leis 

federais e que culminaram na consolidação da Política Nacional. Assim, a Lei nº. 

18.031, de 12 de janeiro de 2009, dispôs sobre a Política Estadual de Resíduos 

Sólidos, a ser desenvolvida em sintonia com as políticas estaduais de meio ambiente, 

de educação ambiental, de recursos hídricos, de saneamento básico, de saúde, de 

desenvolvimento econômico e urbano e de promoção da inclusão social (MINAS 

GERAIS, 2009). A Política Estadual de Resíduos Sólidos – PERS do Estado de Minas 

Gerais tornou-se um aliado dos municípios para poderem enfrentar o desafio de 

conseguir efetuar a correta destinação do lixo produzido em suas cidades (SEMAD, 

2021, texto digital). 

A Lei, com 57 artigos, tem como finalidade direcionar as ações de políticas 

públicas relacionadas aos resíduos sólidos, reunindo em seu texto as normas legais 

que auxiliaram na construção e no desenvolvimento de ações para tentar resolver o 

problema dos RSU. A Lei também determina as condições para que os municípios 

usufruam dos benefícios de incentivos fiscais do Estado, como, por exemplo, a 

aquisição de equipamentos a serem utilizados na limpeza urbana, a transferência de 

recursos financeiros para projetos de destinação adequada do lixo, entre outros 

(SEMAD, 2021, texto digital).  

O Plano Estadual de Resíduos Sólidos – PERS é parte integrante da Política 

Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS e estabelece que é “condição para os Estados 

terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a 

empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para 

serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito” 

(BRASIL, Lei 12.305/2010).  

 



42 
 

 

A lei também estabelece que os entes públicos editem normas com o objetivo 

de conceder incentivos fiscais, financeiros e até creditícios, para os programas de GIR 

- Gestão Integrada de Resíduos, que integrem, em suas ações, a parceria com 

organizações de catadores de material reciclável e determina aos municípios, que, 

caso ocorram atividades de catação de materiais em torno de lixões, que o município 

seja obrigado a apresentar propostas, para que aconteça a inserção social das 

famílias desses catadores (ALMG, 2021, texto digital).  

Essas propostas deverão incluir programas de ressocialização de adultos, 

adolescentes e crianças, incentivando-os a frequentarem a escola (SEMAD, 2021, 

texto digital). 

Além desses programas de incentivo à ressocialização, o governo 

desenvolveu, antes da implantação efetiva da Política Estadual de Resíduos Sólidos, 

em 2003, o Programa Ambientação, que foi o início das ações voltadas à mudança de 

comportamento dos servidores públicos em seus órgãos de lotação, de modo que 

esses servidores assumissem a corresponsabilidade pela gestão de resíduos, em 

seus locais de trabalho, com a redução e o reaproveitamento de materiais, a 

separação e a correta identificação de materiais recicláveis, com a finalidade de 

destinar, de forma adequada, os resíduos produzidos no ambiente de trabalho, 

contribuindo assim com a geração de trabalho e renda e o consequente resgate da 

cidadania dos catadores de materiais recicláveis, através da doação desses materiais 

separados e recolhidos (AMBIENTAÇÃO, 2014). 

Em 2007, o governo mineiro inaugurou o Centro Mineiro de Referência em 

Resíduos (CMRR), gerenciado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e 

Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e pela Fundação Estadual do Meio Ambiente 

(FEAM). Estes órgãos firmaram uma parceria com o Serviço Voluntário de Assistência 

Social (SERVAS), para apoiarem os municípios e os cidadãos na condução de uma 

Gestão Integrada de Resíduos – GIRS, divulgando informações e promovendo 

capacitações técnicas e cursos profissionalizantes, com o objetivo de gerar trabalho e 

renda e, como consequência, uma qualidade de vida melhor para a população (FEAM, 

2019). 

Essas ações do governo, dentre outras, serviram de base para a criação da 

Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Minas Gerais, Lei 18.031, de 

2009, que fomenta e otimiza a gestão dos RSU (FEAM, 2019). 

 



43 
 

 

Apesar de ter sido instituída antes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a 

PERS – Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Minas Gerais - direcionou 

seus objetivos e instrumentos no sentido de atender a PNRS, que já estava em 

andamento para ser aprovada. Nesse sentido, a PERS é orientada pelos princípios 

da não geração, da prevenção de geração, da redução de geração, da reutilização e 

do reaproveitamento, da reciclagem, do tratamento, da destinação final 

ambientalmente adequada e da valorização dos resíduos sólidos (FEAM, 2019, texto 

digital). 

No artigo 17º, a Lei 18.031/2009 proíbe a destinação de resíduos sólidos 

lançados a céu aberto, “in natura”, sem o devido tratamento, seja em áreas urbanas 

ou em locais considerados rurais. Também proíbe a queima desses materiais a céu 

aberto, bem como a utilização de recipientes, instalações ou qualquer outro tipo de 

equipamento não autorizado e não licenciado para essa atividade, salvo, em casos de 

emergência sanitária devidamente identificada e autorizada por órgão ou por 

autoridade competente (MINAS GERAIS, art. 17 da Lei 18.031/2009). 

Também esclarece que é proibido lançar esses RSU em lagoas, em terrenos 

baldios, em redes de drenagem de águas pluviais, em cursos d’água, em galerias de 

esgotos, em áreas com possibilidades de inundações e, principalmente, em áreas de 

proteção ambiental (MINAS GERAIS, art. 17 da Lei 18.031/2009). 

Com relação aos catadores de materiais recicláveis, a PERS, no Art. 7º, inciso 

VII, reconhece o seu trabalho e determina a “integração, a responsabilidade e o 

reconhecimento da atuação dos catadores nas ações que envolvam o fluxo de 

resíduos sólidos, como forma de garantir-lhes condições dignas de trabalho” (Lei 

18.031/2009). 

Para estimular e auxiliar a gestão dos resíduos sólidos no Estado, a Lei 

18.031/2009 considerou, no art. 9º, inciso III, alínea i), fomentar a “formação de 

organizações, associações ou cooperativas de catadores dedicados à coleta, à 

separação, ao beneficiamento e à comercialização dos resíduos sólidos” (Lei 

18.031/2009) e estimula a inclusão social dos catadores, na alínea o). 

Com relação às associações ou cooperativas de catadores de materiais 

recicláveis, o governo Minas Gerais criou o programa “Bolsa Reciclagem”, através da 

Lei estadual nº 19.823, que foi regulamentada com o Decreto 45.975, de 2012, cuja 

finalidade é conceder incentivo financeiro pelos serviços de reciclagem, que 

minimizem os impactos gerados pelo acúmulo de rejeitos no meio ambiente, em 



44 
 

 

concordância com a Lei 18.031, de 2009 (FEAM, 2019). 

O texto da Política Estadual de Minas Gerais contempla vários aspectos 

recomendados pela PNRS, tais como: a necessidade de classificação dos resíduos 

sólidos; os princípios, diretrizes e instrumentos da Política; o processo de gestão 

integrada; as proibições; os Planos Estaduais; a logística reversa; as obrigações e as 

responsabilidades, dentre outros. O documento tem a intenção de estimular a gestão 

de resíduos sólidos no território do Estado, no sentido de incentivar, fomentar e 

valorizar a não-geração, a redução, a reutilização, o reaproveitamento, a reciclagem, 

a geração de energia, o tratamento e a disposição final adequada dos resíduos 

sólidos, dentre outros propósitos relacionados (MINAS GERAIS, 2009). 

Quanto ao trabalho dos catadores, o texto normativo menciona a necessidade 

de valorizar esses cidadãos e de amparar suas famílias. Ou seja, os municípios do 

Estado precisam apresentar proposta de inserção social para as famílias de 

catadores, incluindo programas de ressocialização para crianças, adolescentes e 

adultos e a garantia de meios para que passem a frequentar a escola, medidas que 

passarão a integrar o Plano Municipal. Além disso, a Política assegura o papel das 

associações, ao propor que um dos objetivos seja a formação de organizações, 

associações ou cooperativas de catadores, dedicados à coleta, à separação, ao 

beneficiamento e à comercialização dos resíduos sólidos (MINAS GERAIS, 2009). 

Constata-se que a Política de Resíduos Sólidos de Minas Gerais alinha-se à 

Política Nacional, direcionando medidas a serem implementadas pelos municípios, 

haja vista a realidade de cada um, com o propósito de garantir a gestão dos resíduos 

em prol da preservação do meio ambiente. A Política desse Estado tem oportunizado 

diversos benefícios para o desenvolvimento social, com destaque para a qualidade de 

vida e a saúde das populações, podendo afetar, inclusive, a formação de capital 

humano dos municípios (MENDES et. al., 2020). A legalização do trabalho dos 

catadores se apresenta como um resultado positivo, uma conquista das constantes 

lutas das associações (ALVES; VELOSO, 2018). 

A literatura apresenta alguns estudos empíricos desenvolvidos no contexto dos 

municípios de Minas Gerais, tais como os de Oliveira (2020) e Silva (2017), que 

consideram os reflexos das políticas para a gestão de resíduos sólidos. Na Região 

Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, as determinações dos Planos 

Municipais têm sido seguidas, sobretudo, no que diz respeito ao envolvimento dos 

catadores com o processo de gestão de resíduos, embora ainda exista o 



45 
 

 

distanciamento do papel desses trabalhadores com os gestores públicos locais 

(OLIVEIRA, 2020). De modo semelhante, ao investigar a Região da Zona da Mata 

Mineira, Silva (2017) descobriu que a ação coletiva das organizações de catadores é 

importante e contribui de forma positiva para o gerenciamento dos resíduos 

recicláveis; no entanto, são ineficientes no sentido de alterar estruturalmente os 

mecanismos para o cumprimento da Política Estadual e Nacional, prevalecendo os 

interesses econômicos e políticos dos gestores públicos locais. 

Há evidências de que muitos municípios mineiros estão desarticulados em seus 

planos de gestão com a PNRS. A microrregião de Lavras, por exemplo, não possui 

estrutura organizacional, institucional e legislativa adequada para consolidar a gestão 

de resíduos sólidos (SILVA; LEÃO; SANTOS, 2019). Esse estudo constatou a falta de 

planejamento ambiental e que a questão ambiental não é uma prioridade do poder 

público. A negligência com a questão ambiental, além de infringir as leis e políticas 

dos resíduos sólidos, contribui para o enfraquecimento da economia local, aumenta 

os níveis de pobreza e de desigualdade social, bem como prejudica a qualidade de 

vida dos municípios, conforme pontua o estudo de Baldim, Guedes e Camarini (2020). 

Nesse contexto, evidencia-se a importância da PNRS e dos seus 

desmembramentos em Políticas e Planos Estaduais e Municipais, para garantir o 

desenvolvimento sustentável das regiões (BALDIM; GUEDES; CAMARINI, 2020). É 

importante ressaltar, com base nesses autores, que tal desenvolvimento não se limita 

apenas ao fator ambiental, mas contempla outros fatores humanos e sociais, tais 

como qualidade de vida e geração de emprego e renda, respectivamente. O conjunto 

desses fatores garante o desenvolvimento integral da sociedade, nos Estados e 

Municípios. No próximo tópico, trata-se da Política de Resíduos Sólidos dos 

municípios. 

 

3.1.2 A política municipal de resíduos sólidos – PMRS 

 

 Desde 1989, vêm aumentando no país, experiências de gestão compartilhada 

dos RSU, desenvolvidas por programas municipais que utilizam a coleta seletiva, com 

o auxílio de associações e cooperativas de catadores de material reciclável (RIBEIRO 

et al., 2009). 

A preocupação inicial dos gestores dos resíduos sólidos era apenas coletar e 

separar os resíduos que ficavam expostos no solo, sofrendo a ação do tempo. Esses 



46 
 

 

locais passaram a ser conhecidos como “lixões” e, posteriormente, foram modificados 

para aterros. A preocupação atual está no reaproveitamento dos resíduos que podem 

ser direcionados para ações de reciclagem, agregando valor e gerando ganhos 

financeiros, bem como, melhorias para a sociedade e para o meio ambiente 

(BRANDÂO, 2006). 

Dessa forma, “compete ao Município brasileiro a organização e a execução dos 

serviços que presta à população. Dentre esses serviços, destaca-se, por sua natureza 

estritamente local, a limpeza urbana e a coleta e disposição final de resíduos” 

(BRANDÃO, 2006, p. 5). 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS incentiva os municípios a 

compartilharem as ações de planejamento, de regularização, de fiscalização e de 

prestação de serviços, referentes à gestão dos resíduos, com a formação de 

associações intermunicipais, denominados como “Consórcios intermunicipais de 

resíduos sólidos urbanos” (JACOBI; BESEN, 2006). 

Esses consórcios públicos, conforme o Art. 45 da Lei 11.107 de 2005, objetivam 

descentralizar a prestação de serviços relacionados aos resíduos sólidos, dando 

prioridade aos recursos disponibilizados pelo Governo Federal (BRASIL, Lei 

11.107/2005). 

A priorização de recursos, financiamentos e incentivos para esses 

empreendimentos voltados para a gestão de RSU será concedida aos Estados que 

definirem as microrregiões que integram as ações desenvolvidas pelos municípios, 

que optarem por participar das propostas criadas pelos consórcios intermunicipais ou 

que façam a opção voluntária por planejamentos elaborados pelas microrregionais 

estaduais de resíduos sólidos, devidamente constituídas na forma da Lei 11.107/2005 

(BRASIL, 2005), para o atingimento de objetivos que são de interesse comum 

(PORTAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, 2013). 

Em Minas Gerais, os municípios são apoiados, desde 2003, pela parceria da 

Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), por algumas universidades como a 

Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e 

pela Fundação Israel Pinheiro (FIP), com a implantação de sistemas de disposição e 

de tratamento ambiental adequado, com a coleta seletiva e com o incentivo à 

formação de consórcios para executar uma gestão compartilhada do RSU (FEAM, 

2015). 

Em 2012, o governo mineiro lançou o programa “Ação 2031 – Redução e 



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Valorização de Resíduos”, que propôs o escalonamento das metas estipuladas para 

o sistema de disposição correta dos RSU no ambiente, para minimizar os impactos 

sobre a população dos municípios, principalmente, os que residam em área urbana 

(FEAM, 2015). 

Para ajudar no processo de informação e da divulgação de dados relativos aos 

RSU, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a partir de 2013, faz, anualmente, uma 

consulta aos órgãos estaduais para coletar dados, com o intuito de elaborar um 

panorama da realidade dos Planos de Resíduos Sólidos, tanto os Estaduais como os 

Municipais, para identificar como está sendo feita a disposição final dos RSU 

coletados. 

A informação declarada pelos estados e municípios passa a integrar o Sistema 

Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério do 

Desenvolvimento Regional (MDR), e contribui com a pesquisa sobre as informações 

básicas municipais (IBGE, 2017). 

As informações sobre a Logística Reversa passaram a fazer parte do 

levantamento de informações, a partir de 2017. Essas informações ajudam na 

avaliação e no monitoramento das ações determinadas pela PNRS e servem de 

subsídio para reformular os objetivos do MMA, no sentido de promover uma gestão 

ambiental adequada dos RSU, no país (SNIR, 2021, texto digital). 

Esse levantamento, realizado a partir de 2017, apontou que mais da metade 

dos municípios brasileiros, isto é, 54,8%, possui um Plano Integrado de Resíduos 

Sólidos (PIRS). As informações também apontaram que, quanto maior for o porte 

populacional, maior é a quantidade de municípios com o PIRS. Em municípios com 

mais de 500 mil habitantes, o percentual chega a 83,3%, com o PIRS, enquanto em 

municípios entre cinco e dez mil habitantes, o percentual chega a apenas 49,1% 

(SINIR, 2021, texto digital). 

Com relação às regiões do país, os dados apontam que alguns estados com 

alta densidade populacional, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, estão abaixo da 

média nacional, com 43,5%, o Rio de Janeiro, e com 43,7%, o estado de Minas Gerais. 

A região com o índice mais elevado foi a região Sul, com 78,9%, seguida do Centro-

Oeste, com 58,5%, e o Sudeste, com 56,6%. Nas outras regiões, o percentual ficou 

abaixo da média nacional, a região Norte, com 54,2%, e o Nordeste, com 36,3%. Os 

dois estados com os maiores índices são o Mato Grosso do Sul, com 86,1%, e o 

Paraná, com 83,1%. Já os dois menores percentuais ficaram em 22,1%, para a Bahia, 



48 
 

 

e 17,4%, para o Piauí (SINIR, 2021, texto digital). 

Com base nas informações e nos dados apresentados, percebe-se que é 

necessário que o município desenvolva o seu Plano de Gestão Integrada de Resíduos 

Sólidos (PGIRS), para atender a exigência da Lei Federal 12.305/2010, para fins de 

recebimento de recursos e outros benefícios. Para exemplificar as informações 

anteriores, citam-se os municípios de Belo Horizonte e São Paulo, que desenvolveram 

seus PGIRS, considerando as informações e orientações do PNRS. 

No dia 30 de março de 2017, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), 

da prefeitura de Belo Horizonte, apresentou o Plano Municipal de Gestão Integrada 

de Resíduos Sólidos do município, o PMGIRS-BH. Para elaborá-lo, foram criados, em 

2014, o Comitê Diretor e o Conselho Consultivo, que realizaram várias fases, como o 

diagnóstico dos resíduos sólidos. Posteriormente, foram identificadas as 

possibilidades de uma gestão associada e, por último, o planejamento de ações para 

terminar o PMGIRS-BH e apresentá-lo à sociedade (PBH, 2020, texto digital). 

O PMGIRS-BH é “um instrumento de planejamento estratégico, para um 

horizonte de 20 anos, que contempla diretrizes e ações para a gestão ambientalmente 

adequada e sustentável dos resíduos sólidos” (PBH, 2020, texto digital). Esse 

planejamento deve considerar e incluir a etapa de geração do RSU municipal até a 

sua disposição final, observando “aspectos técnicos, operacionais, econômicos, 

sociais, ambientais e de participação da população” (PBH, 2020, texto digital). Devido 

à localização geográfica, o município considerou “as influências e interferências da 

gestão dos resíduos provenientes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 

destacando-se as regiões limítrofes” (PBH, 2020, texto digital). 

Para a cidade de São Paulo, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 

do Município de São Paulo – PGIRS foi apresentado no dia 2 de abril de 2014, 

aprovado pelo decreto nº 54.991/2014, seguindo as diretrizes estipuladas pelo PNRS. 

O plano determina como princípios e diretrizes fundamentais, “a não geração, 

redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final 

ambientalmente adequada dos rejeitos, materiais que não apresentam nenhuma 

possibilidade de reaproveitamento” (PSP, 2020, texto digital). 

Algumas ações estratégicas foram implementadas com a articulação, o 

envolvimento e a adesão do governo, de empresas e de cidadãos, impulsionando uma 

mudança na cultura e na forma como é realizado o manejo dos resíduos (PSP, 2020, 

texto digital). 



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Além disso, foi prevista a implementação de um plano municipal de educação 

ambiental, com o intuito de conscientizar e orientar a população e grandes geradores, 

a respeito da não geração e da reutilização e reciclagem dos materiais (PSP, 2020, 

texto digital). 

Da mesma maneira que Belo Horizonte, São Paulo e outras cidades brasileiras 

desenvolveram ou estão em processo de desenvolvimento de seus PMRS. O 

município de Teófilo Otoni começou a elaboração