CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU 

DOUTORADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 

 

 

 

 

 

 

SUSTENTABILIDADE EM EMPREENDIMENTOS DE  
FEIRAS LIVRES  

 

Andrea da Silva 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2016



 

 

 

Andrea da Silva 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUSTENTABILIDADE EM EMPREENDIMENTOS DE  
FEIRAS LIVRES  

 

 

 

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e 

Desenvolvimento, do Centro Universitário 

UNIVATES, como parte da exigência para 

obtenção do grau de Doutora em Ambiente e 

Desenvolvimento, na área de concentração 

Espaço e Problemas Socioambientais. 

 

Orientador: Prof. Dr. Claus Haetinger  

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2016



 

 

 

Andrea da Silva 

 

 

SUSTENTABILIDADE EM EMPREENDIMENTOS DE  
FEIRAS LIVRES 

 
 
 

A Banca examinadora abaixo aprova a Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitário UNIVATES, 

como parte da exigência para a obtenção do grau de Doutora em Ambiente e 

Desenvolvimento, na área de concentração Espaço e Problemas Socioambientais. 

 

Prof. Dr. Claus Haetinger – Orientador 

Centro Universitário UNIVATES 

Prof. Dr. Alexandre André Feil  

Centro Universitário UNIVATES 

Prof. Dr. Dusan Schreiber 

Universidade FEEVALE 

Prof. Dr. Marlon Dalmoro 

Centro Universitário UNIVATES 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2016 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Dedico aos meus queridos pais Ervantil e Zenaide. 

Amo vocês. 

 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

AGRADECIMENTOS 
 

 

A Deus, meu guia maior.  

Ao Professor Claus Haetinger, pela paciência, pelo estímulo e pela 

orientação. É, além de um incentivador e colaborador, sobretudo, um grande amigo.  

A esta qualificada instituição UNIVATES, que me acolheu de braços abertos.  

A todos os professores, pelos saberes e pela troca de experiências, e a toda 

equipe da secretaria do PPGAD pela atenção e pronto atendimento.  

À Querida Colega Ana Hilda pelas conversas, pela disponibilidade, incentivo, 

auxílio e amizade. 

A todos os meus colegas e amigos que conquistei ao longo do curso, grata 

pela amizade e coleguismo. 

À CAPES, pela concessão da Taxa PROSUP, responsável pela concretização 

de meus estudos. 

Aos feirantes, o meu reconhecimento ao trabalho que desenvolvem. Vocês, 

apesar das adversidades, dedicam-se ao que fazem com muito amor e com muita 

garra.  

Aos consumidores, aos órgãos públicos e às demais entidades, agradeço 

pela participação e pela boa vontade com que colaboraram para este estudo. 



 

 

 

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, pelo 

apoio e incentivo para realização do meu curso de Doutorado. 

A todos que, de alguma forma, me ajudaram nesta importante e inesquecível 

etapa de minha vida. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

RESUMO 
 

 

As feiras livres são importantes eventos que despontam aos agricultores familiares 
como um caminho de geração de renda, trabalho e reprodução social. Para os 
consumidores, as feiras são revestidas de sentidos e significados, além de 
representarem uma opção de encontro de alimentos diferenciados e saudáveis. Para 
o município, as feiras são canais de abastecimento, de segurança alimentar e de 
movimentação da economia local, além de serem espaços que compõem a história 
de um lugar, por demarcarem seu território e identidade. Dentro desse contexto, esta 
tese objetivou apontar ações que possibilitem a sustentabilidade dos 
empreendimentos gerenciados pelos feirantes. Assim, esta pesquisa se desdobrou 
nos seguintes objetivos específicos: i) caracterizar os empreendimentos de feiras 
livres, sob os aspectos social, econômico e ambiental; ii) descrever o papel e as 
ações do poder público para a agricultura familiar e para as feiras livres; iii) relatar a 
percepção dos consumidores sobre a feira livre; iv) identificar as dificuldades e as 
potencialidades dos empreendimentos de feiras livres. Para isso, foram escolhidas 
as técnicas entrevistas, observação in loco e pesquisa documental na coleta de 
dados. Após a coleta, os dados foram submetidos a uma análise textual discursiva. 
A partir desta análise, encontrou-se como principais resultados a falta de 
infraestrutura, a falta de padronização e organização das feiras livres, a carência de 
apoio, a falta de conhecimento de gestão e dificuldades de acesso dos feirantes 
produtores aos programas da SMDR. Constatou-se ainda, a partir da análise, a falta 
de assistência técnica e de capacitação dos feirantes, o não cumprimento das 
normas de higiene-sanitárias e a desarticulação existente entre os feirantes. Com o 
intuito de reverter esse quadro, este estudo propõe um conjunto de ações dentre as 
quais se destacam: x) a readequação dos programas promovidos pela SMDR para 
que os feirantes possam alavancar sua produção; xx) a profissionalização dos 
feirantes, no intuito de fomentar o seu lado empreendedor; e xxx) um programa de 
fortalecimento das feiras livres, pautado em três eixos: infraestrutura, divulgação e 
formação. Tais medidas visam reconhecer a importância do trabalho empreendido 
pelos feirantes e revitalizar as feiras livres. 

Palavras-Chave: Feira Livre. Sustentabilidade. Agricultura Familiar. Ciências 
Ambientais. 
 

 
 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

ABSTRACT 
 

The fairs are important events that have risen to farmers as a way of generating 
income, work and social reproduction. For consumers, the fairs are coated senses 
and meanings, besides representing an option against differentiated and healthy 
food. For the city, the fairs are supply channels, food safety and handling of the local 
economy, and they are spaces that make up the history of a place for establishing 
their territory and identity. In this context, this thesis aimed to appoint actions that 
enable the sustainability of the projects managed by the stallholders. Thereby, this 
research unfolded in the following specific objectives: i) to characterize the 
developments of free trade under the social, economic and environmental aspects; ii) 
to describe the role and the actions of the government for family farms and for the 
fairs; iii) to report the perception of consumers about the open market; iv) to identify 
the difficulties and the potential of the projects of free markets. Therefore, interviews 
techniques, on-site observation and document research in data collection were 
chosen. After the data collection, the data were submitted to a discursive textual 
analysis. Based on this analysis, the main results found were the lack of 
infrastructure, the lack of standard and organization of the free trade fairs, the lack of 
support, the lack of management knowledge and difficulties for accessing the SMDR 
producers' programs. It was also found, from the analysis, the lack of technical 
assistance and training of the fairs, the non-compliance with hygiene-sanitary norms 
and the existing disarticulation among the fairs. In order to reverse this situation, this 
research proposes a number of actions, in particular: x) the readjustment of the 
programs promoted by SMDR, so that farmers can leverage their production; xx) the 
professionalization of the marketers, in order to foster their entrepreneurial side; and 
xxx) a three-axis free trade fair strengthening program: infrastructure, outreach and 
training. These measures aim to recognize the importance of the work undertaken by 
the marketers and revitalize the fairs. 

Keywords: Open Street Market. Sustainability. Family Farming. Environmental 
Sciences. 
 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE FIGURAS 
 

 

Figura 1 - Tripé da sustentabilidade  ......................................................................... 33 

Figura 2 - Localização do município de Santa Maria no Estado RS  ......................... 64 

Figura 3 - Localização dos distritos no município de Santa Maria/RS  ...................... 65 

Figura 4 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 83 

Figura 5 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 83 

Figura 6 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 84 

Figura 7 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 84 

Figura 8 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 85 

Figura 9 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  ................................................ 85 

Figura 10 - Imagem da feira livre de Santa Maria/RS  .............................................. 86 

Figura 11 - Selo de Origem - “Sabor do Coração”  .................................................... 88 

Figura 12 - Material de divulgação dos eventos “Pátio Rural”  .................................. 89 

Figura 13 - Imagens da Feira dos Distritos ............................................................... 90 

Figura 14 - Infraestrutura da feira livre  ..................................................................... 95 

Figura 15 - Infraestrutura da feira livre  ..................................................................... 95 



 

 

 

Figura 16 - Análise de SWOT  ................................................................................. 116 

Figura 17 - Modelo de uma barraca de feira livre  ................................................... 128 

Figura 18 - Barraca com saia  ................................................................................. 128 

Figura 19 - Ações para reverter as fragilidades dos empreendimentos de feiras livres 

 ............................................................................................................. 135 

 
  
 
 
 
 
 
 
 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE GRÁFICOS 
 

 

Gráfico 1 - Caracterização dos feirantes de Santa Maria  ......................................... 78  

Gráfico 2 - Dimensão social dos empreendimentos das feiras livres  ..................... 111 

Gráfico 3 - Dimensão econômica dos empreendimentos das feiras livres  ............. 112 

Gráfico 4 - Dimensão ambiental dos empreendimentos das feiras livres  ............... 113 

 

 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE QUADROS 
 

 

Quadro 1 - Marcos históricos e a evolução do conceito de sustentabilidade e do 

desenvolvimento sustentável  ................................................................ 27 

Quadro 2 - Diferenças entre a agricultura patronal e agricultura familiar  ................. 41 

Quadro 3 - Programas de desenvolvimento rural de Santa Maria  ............................ 49 

Quadro 4 - Tipologia de cadeias curtas  .................................................................... 57 

Quadro 5 - Processo de seleção dos artigos ............................................................ 70  

Quadro 6 - Procedimentos metodológicos adotados na pesquisa  ........................... 74 

Quadro 7 - Ações do poder público à agricultura familiar e às feiras livres  .............. 93 

Quadro 8 - Percepções dos consumidores sobre feiras livres  ................................. 97 

Quadro 9 - Proposta de análise dos empreendimentos de feiras livres  ................. 118 

Quadro 10 - Potencialidades e fragilidades dos empreendimentos de feiras livres  119 

 

 

 
 

 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE TABELAS 
 

 

Tabela 1 - Estabelecimentos e área da agricultura familiar e não familiar do Brasil, do 

Estado do Rio Grande do Sul e do Município de Santa Maria  ................ 41 

 



 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 

 

ADA  American Dietetic Association 

ADESM  Agência de Desenvolvimento de Santa Maria 

AMVAP  Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do 

Paranaíba 

ANVISA  Agência Nacional de Vigilância Sanitária 

APP  Área de Preservação Permanente 

BPA  Boas Práticas Agrícolas 

CAPES  Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior 

CAR Cadastro Ambiental Rural 

CCI  Câmara de Comércio Internacional 

CDR  Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural 

CEPS  Centro de Economia Popular Solidária  

CFC  Cloro – Flúor – Carbono 

CI  Carteira de Identidade 

CMMAD  Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 



 

 

 

CNPJ  Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica 

CPF  Cadastro de Pessoas Físicas 

CO2  Dióxido de Carbono 

COEP  Comitê de Ética em Pesquisa 

CONAB  Companhia Nacional de Abastecimento 

CONDRAF  Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável 

COOESPERANÇA  Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos 

COOPERCEDRO  Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Rural dos 

Agricultores Familiares 

ECOVIDA  Rede Ecovida de Agroecologia 

EMATER  Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural 

ENAGRO  Escola Nacional de Gestão Agropecuária 

FAO  Food and Agriculture Organization 

FEE  Fundação de Economia e Estatística 

FEICOOP  Feira Estadual do Cooperativismo 

GRI  Global Report Initiative 

Ha  Hectare (10.000 m2) 

IBGE  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 

INCRA  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 

IPTU  Imposto Predial e Territorial Urbano 

ISO  International Organization for Standardization  

ITR  Imposto Territorial Rural  



 

 

 

MDA  Ministério de Desenvolvimento Agrário 

MDS  Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome  

MERCOSUL  Mercado Comum do Sul 

MMA  Ministério do Meio de Ambiente 

NFP  Nota Fiscal de Produtor 

ODM  Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 

OECD  Organisation for Economic Cooperation and Development  

ONU  Organização das Nações Unidas 

ONUBR  Organização das Nações Unidas do Brasil 

PAA  Programa de Aquisição de Alimentos 

PEATERS Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural no 

Estado do Rio Grande do Sul 

PNAE  Programa Nacional de Alimentação Escolar 

PNCF  Programa Nacional de Crédito Fundiário 

PND  Plano Nacional de Desenvolvimento 

PNUMA  Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 

PRA Programas de Regularização Ambiental 

PROATERS Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e 

Social no Estado do Rio Grande do Sul 

PRONAF  Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar 

RDC  Resolução da Diretoria Colegiada 

RS  Rio Grande do Sul 



 

 

 

SDR  Secretaria Estadual do Desenvolvimento Rural, Pesca e 

Cooperativismo 

SEBRAE  Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 

SENAR  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 

SIM  Serviço de Inspeção Municipal 

SISAN  Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 

SMDR  Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural 

SNA  Sociedade Nacional de Agricultura 

SWOT  S-Strengths, W-Weaknesses, O-Opportunities, T-Treathes  

TCLE  Termo de Consentimento Livre Esclarecido  

UFSM  Universidade Federal de Santa Maria 

UNIVATES Centro Universitário de Lajeado 

 



 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

SUMÁRIO 
 

 

1 INTRODUÇÃO  ...................................................................................................... 20 

2 REFERENCIAL TEÓRICO  .................................................................................... 26 

2.1 Sustentabilidade – um contexto geral  ................................................................ 26 

2.2 Agricultura familiar – conceitos, importância e políticas públicas  ....................... 35 

2.3 Feiras livres – surgimento, território, características e funções  .......................... 53 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 62 

3.1 Caracterização da pesquisa  ............................................................................... 62 
3.2 Área de estudo  ................................................................................................... 63 

3.2.1 Feiras livres de Santa Maria  ............................................................................ 65 

3.3 Coleta de dados  ................................................................................................. 66 

3.4 Análise de dados  ................................................................................................ 72 

3.5 Aspectos éticos  .................................................................................................. 74 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES  .......................................................................... 75 

4.1 Feiras livres de Santa Maria/RS  ......................................................................... 75 

4.2 Do poder público – ações para agricultura familiar e às feiras livres  .................. 86 

4.3 Dos consumidores – percepções sobre a feira livre  ........................................... 93 

4.4 Dos empreendimentos de feiras livres – os aspectos sociais, econômicos e 

ambientais  ........................................................................................................... 98 

4.5 Dificuldades e potencialidades dos empreendimentos de feiras livres  ............. 114 

4.6 Ações para sustentabilidade dos empreendimentos de feiras livres  ................ 120 



 
 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS  ................................................................................ 137 

REFERÊNCIAS  ...................................................................................................... 143 

APÊNDICES  .......................................................................................................... 167 

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre esclarecido  .................................... 168 

APÊNDICE B – Questões norteadoras para os feirantes  ....................................... 170 

APÊNDICE C – Questões norteadoras para os representantes de órgãos públicos e 

entidades do segmento rural ....................................................... 174 

APÊNDICE D – Questões norteadoras para os consumidores de feiras livres  ...... 175 

APÊNDICE E – Aprovação do comitê de ética em pesquisa  ................................. 176 

 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 



20 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 

1 INTRODUÇÃO  
 

 

“Quem quer comprar / quem quer comprar / frutas fresquinhas / vindas do 

pomar // senhor Francisco / dona Maria / venham olhar / também tem sardinhas / 

tem truta vinda do mar // [...]” (AVNER, 2009).  

Inicia-se a presente tese com os primeiros versos que compõem o poema “O 

Canto do Feirante”, de Úrsula Avner que, de uma rima a outra, mostra de maneira 

afável o trato com que este comerciante tem com o seu freguês e o modo como 

divulga o seu produto. Este sujeito carismático trata-se do feirante, que ocupa uma 

posição de destaque neste estudo, cujo tema é sustentabilidade dos 

empreendimentos de feiras livres.  

As feiras livres são espaços revestidos de significados e de simbolismo, onde 

“as multiplicidades se manifestam e se complementam” (REIS; VIEIRA, 2011, p. 8). 

São ambientes configurados pelo forte aspecto social, onde as trocas, o ponto de 

encontro, as interações e as proximidades acontecem, e pelo aspecto econômico, 

onde o comércio e a produção local aparecem (MINNAERT, 2008; REIS; VIEIRA, 

2011). 

As feiras livres são lugares de identidade própria, de territorialidades, de 

tradições e de culturas enraizadas. São atividades que resistem ao tempo, desde o 

período da colonização portuguesa até os dias atuais, mantém a sua finalidade que 

é de suprir a demanda de abastecimento alimentar (PIERRI; VALENTE, 2010; 

PINTO; MORAES, 2011; SOUZA, 2015). 



21 
 

 

Há no Brasil, segundo o mapeamento do Ministério do Desenvolvimento 

Social e Combate à Fome, 6.450 mil feiras, sendo que 5.119 são feiras livres e 1.331 

são feiras agroecológicas ou com produção orgânica. Esse dado é resultante de 

uma pesquisa realizada, em agosto a novembro de 2014, junto a 1.628 municípios, 

além de 23 estados e do Distrito Federal (SNA, 2015). 

Como pode-se observar, é forte a presença das feiras livres no país. Elas se 

revestem de importância, por serem locais onde o trabalho do homem do campo se 

faz presente, e pela sua capacidade de resistir o avanço das redes 

supermercadistas. Considerando que, essas redes apresentam uma infraestrutura 

física e tecnológica muito superior às feiras livres, além da “logística, segurança, 

formas de pagamento e horário amplo de atendimento” (FEIRAS, 2008, p. 1, texto 

digital) 

A pujança das feiras livres e o papel que elas desempenham no cenário 

socioeconômico são virtudes que motivaram a realização deste estudo sobre a 

sustentabilidade dos empreendimentos das feiras livres de Santa Maria/RS.  

De acordo com Bernardino (2015, p. 213), “a extinção das feiras representa o 

fim de um espaço de sobrevivência para os trabalhadores e produtores familiares e 

a redução de oportunidade de escolha dos consumidores”. Desse modo, a feira livre 

pode ser um instrumento de desenvolvimento e prática de cidadania, um indicador 

de dinâmica econômica dos municípios, pois gera renda, consumo e dinamiza o 

comércio (COELHO, 2008). 

A partir da citação acima se justifica o desenvolvimento desta investigação, à 

qual são acrescentadas mais duas premissas, expostas no decorrer desta redação, 

que reafirmam e justificam a realização deste estudo.  

A premissa que se soma e justifica a realização desta tese é a exigência do 

consumidor e a sua valorização às feiras livres, espaços vistos, por este público, 

como um lócus em que se encontram produtos frescos, variados e de qualidade 

superior a de outros estabelecimentos (KINJO; IKEDA, 2005; MOREL et al., 2015). 

Segundo Souza (2006), o perfil do consumidor está mudando, tornando-se 

cada vez mais criterioso na escolha de alimentos e, junto a isso, desenvolvendo 



22 
 

 

hábitos mais saudáveis, começando pela alimentação, como uma forma de prevenir 

doenças. 

Na mesma direção, Gallina, Borsoi e Stanga (2012) também fazem referência 

a mudança de hábito do consumidor atual, uma vez que este consumidor busca o 

valor nutricional de frutas e hortaliças. As feiras livres, então, são espaços 

privilegiados e escolhidos por eles, como garantia da segurança alimentar e 

nutricional. 

Da mesma forma, muitos são os fatores decisivos dos consumidores por 

feiras livres, sendo estes, vinculados tanto aos aspectos sociais como culturais, 

como também, a variedade, a qualidade dos produtos, a associação com a 

agricultura familiar e o sistema de cultivo são atributos determinantes que elegem as 

feiras livres como local de compra PASTRO; GOMES; GODOY, 2003; FOLLMANN; 

CIPRANDI, 2007; ROCHA et. al., 2010). 

Para endossar, Nascimento et al. (2006) dizem que há um número crescente 

de consumidores brasileiros que estão preocupados com meio ambiente, bem-estar 

social, saúde e segurança alimentar, devido a isso, não se importam com o preço do 

produto, pois confiam em estar adquirindo alimentos naturais, isentos de 

agrotóxicos. 

A outra premissa que se une à justificativa é que a produção de alimentos 

hortifrutigranjeiros não dá conta da demanda de consumo, um problema identificado 

no município de Santa Maria, RS, objeto de estudo desta tese. De acordo com a 

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR), a insuficiência produção 

primária local acarreta numa perda econômica significativa para município, um valor 

estimado de R$ 310,5 milhões por ano, pois as redes supermercadistas devem 

comprar produtos de estabelecimentos situados fora do município, o que comprova 

a necessidade de investimento do setor primário, sobretudo, da agricultura familiar 

(SANTA MARIA, SMDR, 2015). 

É importante considerar ainda que, em Santa Maria, a agricultura familiar é 

desenvolvida nos distritos, situados no meio rural, possuem uma área territorial de 

1.510,60 km2, ocupando 85% da área do município, visto que o seu total é de 

1.781,8 km² (FEE, 2015). Embora, o setor primário aparece na terceira posição de 



23 
 

 

atividade econômica do município, conforme a Agência de Desenvolvimento de 

Santa Maria (ADESM, 2015). A sua estrutura fundiária apresenta um número 

considerável de estabelecimentos rurais, conforme IBGE (2006) são 14.371 

estabelecimentos, sendo que 79,37% destes pertencem à agricultura familiar.  

Na visão de Nunes e Karnopp (2013), os produtos que vêm sendo comprados 

pelo município, não exigem alto investimento para o seu cultivo e nem escala de 

produção. A estrutura fundiária tem condições de abarcar essa produção se 

apresentando, portanto, como uma alternativa de desenvolvimento endógeno1 para 

Santa Maria.  

Todas essas premissas reforçam a necessidade de se adotar ações que 

possam permitir a continuidade das feiras livres, bem como, a produção 

desenvolvida pelos produtores-feirantes, pois a feira depende do produtor. E, a 

recíproca não deixa de ser verdadeira, visto que, para muitos feirantes a feira livre é 

o seu único ponto de venda de seus produtos (FELIN; MIORIN, 2006).  

Nesse sentido, os autores Carvalho e David (2009) já alertavam que as feiras 

só permanecerão e resistirão se forem amparadas por políticas públicas voltadas à 

produção e à venda de produtos.  

Tendo em vista a importância da feira livre para a economia local, para o 

sustento das famílias produtoras-feirantes, para o abastecimento alimentar e para o 

consumidor que confia na procedência e na qualidade do produto, fazendo-o com 

que vá à feira ao invés de outro local, que esta investigação ganha relevância.  

Assim, a tese busca contribuir para a continuidade e para o fortalecimento dos 

empreendimentos das feiras livres e, para tanto, se propõe a responder à seguinte 

pergunta: Quais ações possibilitariam a sustentabilidade dos empreendimentos de 

feiras livres? 

Para encontrar respostas a esta indagação, a tese objetiva “apontar ações 

que possibilitem a sustentabilidade dos empreendimentos gerenciados pelos 

feirantes”. E, para tal, a pesquisa se desdobra nos seguintes objetivos específicos: 

                                                 
1 Segundo Barquero (2001, p. 39) “o desenvolvimento endógeno propõe-se a atender as 
necessidades e demandas da população local através da participação ativa da comunidade 
envolvida”. 



24 
 

 

1. caracterizar os empreendimentos de feiras livres, sob os aspectos 

social, econômico e ambiental; 

2. descrever o papel e as ações do poder público para a agricultura 

familiar e para as feiras livres;  

3. relatar a percepção dos consumidores sobre a feira livre; 

4. identificar as dificuldades e as potencialidades dos empreendimentos 

de feiras livres. 

Para o alcance dos objetivos deste estudo, a investigação foi empreendida 

em duas etapas: pesquisa de campo e pesquisa documental. 

Na pesquisa de campo elegeram-se as técnicas para levantamento de dados: 

entrevistas e observação in loco. As entrevistas transcorreram de outubro de 2015 a 

janeiro de 2016, foram gravadas e transcritas para sua análise. As entrevistas foram 

guiadas por um roteiro específico para cada tipo de entrevistado e aplicado a 32 

feirantes, 25 consumidores, um representante da Secretaria Municipal de 

Desenvolvimento Rural e dois representantes da EMATER Municipal, totalizando, 

portanto, 60 sujeitos entrevistados. 

Por ser uma pesquisa de cunho qualitativo, o número de entrevistas respeitou 

uma amostragem intencional não probabilística, que, segundo Mattar (1996), a 

seleção da população da amostra depende, ao menos, do julgamento do 

pesquisador.  

Em adição à pesquisa empírica, foi empreendida a técnica de observação, 

definida como uma etapa em que o pesquisador atua como espectador, ou seja, 

estabelece o contato com a comunidade/grupo/realidade sem integrá-la (CHEMIN, 

2012). A observação foi um procedimento imprescindível para este estudo, pois 

contribuiu com a pesquisadora no sentido de averiguar as condições de trabalho dos 

feirantes, analisar os aspectos higiênico-sanitários, a apresentação e a qualidade 

dos produtos, como também, de verificar situações que pudessem vir a ocorrer, 

peculiares das feiras livres.  



25 
 

 

A segunda etapa do estudo refere-se à pesquisa documental, pela qual foram 

obtidos os dados secundários, por meio de documentos, relatórios, legislações, 

folders, folhetos, notícias de jornais, documentários e publicações acadêmicas. 

Estes dados complementaram os dados primários e ajudaram a pesquisadora na 

compreensão acerca da configuração das feiras livres. Em suma, colaborou para se 

ter uma visão global do objeto de estudo.  

O tratamento de dados seguiu o método de Moraes e Galiazzi (2007), apud 

Andrade (2011, p. 56), que consiste na análise textual discursiva, que “pode ser 

realizada com textos já existentes ou com textos que serão produzidos por meio de 

entrevistas e observações – documentos produzidos, especificamente, para a 

pesquisa”.  

Todo o estudo está apresentado nesta tese, pelo qual se encontra estruturada 

em cinco capítulos, sendo o primeiro esta introdução, que apresenta o tema, os 

objetivos, a justificativa e, em linhas gerais, a metodologia adotada para o 

desenvolvimento da pesquisa. 

O segundo capítulo contempla o referencial teórico, subdividido em três 

seções: a primeira seção traz uma abordagem sobre a sustentabilidade, 

apresentando conceitos, dimensões e concepções a respeito do tema; a segunda 

seção aborda sobre a agricultura familiar, discorrendo sobre seu papel, políticas 

públicas e sua relevância para a economia brasileira; e a terceira seção trata sobre 

as feiras livres, sua história, características, funções e sua importância no cenário 

socioeconômico. 

O terceiro capítulo versa sobre os procedimentos metodológicos, indicando os 

métodos e materiais utilizados para a realização da pesquisa. Enquanto que, a 

apresentação dos resultados e as devidas discussões estão expostos no quarto 

capítulo. E, por fim, as considerações finais estão descritas no quinto capítulo.   

       

 



26 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 

 

 

Este capítulo está subdividido em três seções apresentando uma base teórica 

sobre sustentabilidade, agricultura familiar e feiras livres. A primeira seção refere-se 

à sustentabilidade, abordando as principais definições, dimensões e concepções em 

torno desta temática. Já a segunda seção versa sobre a agricultura familiar, 

discorrendo sobre seu papel, políticas públicas e sua relevância no âmbito da 

economia brasileira. A terceira e última seção trata sobre as feiras livres, 

apresentando conceitos, dados históricos, características e importância no cenário 

socioeconômico. 

 

2.1 Sustentabilidade – um contexto geral 

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), da 

Organização das Nações Unidas (ONU), elaborou, em 1987, um documento 

denominado “Nosso Futuro Comum”, conhecido como Relatório Brundtland que 

apresenta o termo “desenvolvimento sustentável”, definido como: “[...] a capacidade 

de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das 

gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p. 9).  

Segundo Dovers e Handmer (1992), o conceito de desenvolvimento 

sustentável e de sustentabilidade são mal compreendidos e ditos como sinônimos. 

Para começar, o conceito de sustentabilidade é complexo e contínuo, se apresenta 

em “uma grande variedade de assuntos, de diversas áreas e com diferentes 

enquadramentos” (SARTORI; LATRONICO; CAMPOS, 2014, p. 11).  



27 
 

 

 A sustentabilidade, segundo Horbach (2005) apud Sartori; Latronico; Campos 

(2014, p. 4-5) pode ser discutida sob três tipos de interesses (ou conflitos) sejam 

cumpridos (ou resolvidos), simultaneamente:  

(i) o interesse da geração atual em melhorar a suas reais condições de vida 
(sustentabilidade econômica), (ii) a busca de uma equalização das 
condições de vida entre ricos e pobres (sustentabilidade social) e (iii) os 
interesses das gerações futuras que não estão comprometidas pela 
satisfação das necessidades da geração atual (sustentabilidade ambiental) 
(SARTORI; LATRONICO; CAMPOS, 2014, p. 4-5).  

 Há autores que apresentam conceitos sobre sustentabilidade de diversas 

maneiras e de diferentes contextos, sublinha-se alguns destes, iniciando por 

Leonardo Boff, que no seu entendimento a sustentabilidade é 

toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais e 
físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a terra viva, a 
comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a 
atender as necessidades da geração presente e das futuras de tal forma 
que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de 
regeneração, reprodução e coevolução (BOFF, 2012, p. 1). 

Na visão de Barbosa (2008, p. 10), a sustentabilidade consiste em “encontrar 

meios de produção, distribuição e consumo dos recursos existentes de forma mais 

coesiva, economicamente eficaz e ecologicamente viável”. 

O sentido dos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável foram 

sendo construídos e modificados com o tempo, a significação dos termos é fruto de 

muitos debates, promovidos por diversos eventos. O Quadro 1, de ordem 

cronológica, apresenta os principais eventos e obras que foram importantes para a 

evolução dessas terminologias, também, apresenta os marcos históricos que 

denunciaram os males com o meio ambiente e com a sociedade. 

Quadro 1 – Marcos históricos e a evolução do conceito de sustentabilidade e do 

desenvolvimento sustentável 

Set/1962 Publicação nos Estados Unidos de “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, que 
denuncia os malefícios dos agrotóxicos à saúde humana e à vida selvagem. O livro 
levou o governo norte-americano a banir o inseticida DDT em 1972. 

Ago/1968 Paul Ehrlich lança nos Estados Unidos o polêmico livro “A Bomba Populacional”, 
que atribui os problemas ambientais ao crescimento demográfico. 

Jun/1971 Relatório Founex preparado por um painel de especialistas em Founex, na Suíça, 
defende a integração das estratégias de desenvolvimento e meio ambiente. 

Mar/1972 Publicação do Relatório do Clube de Roma (Limites do Crescimento). O relatório 
provoca controvérsia ao associar o crescimento econômico ao esgotamento dos 
recursos naturais. O conceito de Eco-desenvolvimento foi apresentado por Ignacy 



28 
 

 

Sachs, considerado precursor do Desenvolvimento Sustentável. 
Jun/1972 ONU realiza a Conferência sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na 

Suécia. 
1975 Elaboração do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND-1975/79) que 

definiu prioridades para o controle da poluição industrial. 
Mai/1976 Realizada em Vancouver, no Canadá, de 31 de maio a 11 de junho, a Habitat I foi a 

primeira conferência internacional a relacionar meio ambiente e assentamentos 
humanos. 

1980 Surge a noção de Ecologia profunda, que coloca o homem como o componente de 
sistema ambiental complexo, holístico e unificado. 

1983 A ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que 
desenvolveu o paradigma de desenvolvimento sustentável, cujo relatório (Our 
Common Future) propunha limitação do crescimento populacional, garantia de 
alimentação, preservação da biodiversidade e ecossistemas, diminuição do 
consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias de fontes energéticas 
renováveis, aumento da produção industrial a base de tecnologias adaptadas 
ecologicamente, controle da urbanização e integração campo e cidades menores e 
a satisfação das necessidades básicas. 

Abr/1987 Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland) populariza a expressão 
Desenvolvimento Sustentável e lança as bases para a Rio-92. 

Set/1987 Adoção do Protocolo de Montreal, que inicia o controle de CFC (Cloro – Flúor – 
Carbono) e outras substâncias químicas que danificam a camada de ozônio. 

1991 A Câmara de Comércio Internacional (CCI) aprovou "Diretrizes Ambientais para a 
Indústria Mundial", definindo 16 compromissos de gestão ambiental a serem 
assumidos pelas empresas, conferindo à indústria responsabilidades econômicas e 
sociais nas ações que interferem com o meio ambiente. Essas diretrizes foram 
acatadas no Brasil, pelo Comitê Nacional da Câmara de Comércio Internacional, 
tendo-se criado a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. 

Abr/1992 Changing Course é publicado pelo industrial suíço Stephan Schmidheiny, que 
fundou o Business Council of Sustainable Development em 1990 para preparar a 
participação do setor privado na Rio-92. O livro apresenta caminhos para a 
comunidade de negócios internalizar critérios de sustentabilidade socioambiental 
em suas operações. 

Jun/1992 Também conhecida como Cúpula da Terra, Eco-92 e Rio-92, a Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento acontece na cidade do 
Rio de Janeiro. Na Eco-92 foi elaborada a Carta da Terra e a Agenda 21, que 
reflete o consenso global e compromisso político objetivando o desenvolvimento e 
o compromisso ambiental. 

Mar/1995 ONU organiza a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social em Copenhague, 
na Dinamarca. 

Set/1996 ISO 14001 é formalmente adotada como padrão voluntário internacional para 
sistemas de gestão ambiental corporativos. 

1997 Discutido e negociado em Quioto no Japão, o Protocolo propõe um calendário pelo 
qual os países-membros teriam obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito 
estufa. Em novembro de 2009, 187 países haviam aderido ao Protocolo.  

Set/1999 Lançamento dos índices de sustentabilidade da Dow Jones, em Nova York, para 
medir o desempenho nas bolsas de valores de empresas com políticas de 
responsabilidade socioambiental. 

Jul/2000 Lançamento do Pacto Global da ONU, iniciativa que reúne empresas 
comprometidas a alinhar operações e estratégias com dez princípios nas áreas de 
direitos humanos, condições de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. 

Set/2000 Cúpula do Milênio promovida pela ONU em Nova York estabelece oito objetivos de 
desenvolvimento do milênio (ODM) a serem alcançados até 2015, tais como 



29 
 

 

diminuir pela metade a proporção de pessoas com fome e cuja renda diária é 
inferior a um dólar. 

Abr/2002 Global Report Initiative (GRI) inicia suas atividades focadas em desenvolver 
padrões de relato de políticas e ações corporativas de sustentabilidade. 

Ago/2002 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, aprova em 
Johanesburgo, na África do Sul, plano para implementar os compromissos da Rio-
92. 

Fev/2005 Adotado em dezembro de 1997, o Protocolo de Kyoto passa a vigorar, obrigando 
os países industrializados a cortar em 5% suas emissões de gases-estufa em 
relação aos níveis de 1990. 

Dez/2009 A 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas, realizada 
em Copenhague, consolida o tema climático nas agendas pública, corporativa e da 
sociedade civil, mas decepciona pelo insucesso em fechar um acordo para diminuir 
as emissões após 2012. 

Fev/2011 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lança Rumo à 
Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação 
da Pobreza. 

Jun/2012 Rio de Janeiro sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento 
Sustentável, a Rio+20. 

Fonte: Elaborado pela autora, com base na obra de Bacha, Santos e Schaun (2010) e de Zanchetta, 
Telles e Barretto (2011). 

 

O Quadro 1 apresenta uma série de discussões que foram realizadas por 

diversos eventos em torno do desenvolvimento sustentável. Tais discussões tiveram, 

como ideia central em seus debates, as consequências do modelo 

desenvolvimentista e os abusos do homem com a natureza, resultando, ao final 

desses encontros, na criação de normas e diretrizes que objetivam ações de 

proteção e preservação do meio ambiente e qualidade de vida das pessoas. 

Para Ayres (2008), a sustentabilidade está atrelada em como o homem se 

relaciona com a natureza. Entretanto, atingir a sustentabilidade não é uma tarefa 

simples, muitos são os desafios que dificultam o alcance dessa condição. Um estudo 

realizado a partir da leitura de 103 artigos, disponíveis no Portal de Periódicos da 

CAPES, organizado pelos autores Sartori, Latronico e Campos (2014, p. 9-10), 

conseguiu-se fazer uma compilação desses desafios, que se apresentam a seguir: 

1. Implementar normas de proteção ambiental. 
2. Capturar os impactos externos das atividades além do nível local. 
3. Reconhecimento da sustentabilidade social. 
4. Desenvolvimento humano. 
5. Erradicação da pobreza. 
6. Produção e consumo equilibrado. 
7. Incentivo à educação. 
8. Desenvolvimento e manutenção de recursos ambientais.  
9. Eficiência na alocação de recursos. 



30 
 

 

10. Cooperação entre stakeholders, governos e sociedade civil. 
11. Metodologias e indicadores de sustentabilidade de acesso público.  
12. Uso de indicadores complementares nas avaliações. 
13. Uso de abordagens holísticas. 
14. Indicadores para a medição do consumo de recursos.  
15. Sensibilização da população. 
16. Usar um padrão de avaliação comparativa entre países. 
17. Conciliar objetivos locais com os objetivos globais.  
18. Pesquisas aplicadas e que trazem resultados práticos.  
19. Equilíbrio entre os pilares da sustentabilidade. 
20. Indicadores de sustentabilidade dinâmicos. 
21. Indicadores voltados para os sistemas empresariais e locais.  
22. Participação pública no planejamento.  
23. Participação da ciência e da tecnologia (SARTORI; LATRONICO; 
CAMPOS, 2014, p. 9-10). 

Como se observa, está entre os desafios a produção, o desenvolvimento, a 

alocação e a manutenção de recursos naturais, necessitando haver um equilíbrio e 

combinação entre sociedade, economia e ambiente. Nessa mesma direção, os 

autores Melo e Cândido (2013, p. 5) fazem uma ressalva ao afirmar que a 

sustentabilidade deve 

[...] voltar a atenção para uma das áreas mais críticas do desenvolvimento, 
a agricultura, por se tratar de um setor essencial à sobrevivência humana, e 
cujas atividades, desde os primórdios da civilização, vêm causando 
alterações profundas nos ambientes naturais, gerando os mais diversos 
impactos ambientais, sociais e econômicos (MELO; CÂNDIDO, 2013, p. 5). 

Peche Filho (2015, p.1) discorre sobre o código de conduta de boas práticas 

ambientais na agricultura, que “são atitudes e formas de gestão que compõem um 

código para orientação e redução dos efeitos negativos das atividades humanas 

sobre o ambiente”. Compreende-se, também, desse código, que as ações devem 

estar voltadas para a preservação e proteção ambiental e para o respeito a todas as 

formas de vida. Um modelo de gestão, segundo Peche Filho (2015, p. 1), baseado 

em boas práticas ambientais na agricultura tem, em suas atividades, algumas 

diretrizes como: 

� Aumentar a capacidade de infiltração de água no solo. 
� Aumentar a capacidade de captação de águas pluviais. 
� Estruturar e aperfeiçoar a condução e dissipação do escorrimento 

superficial. 
� Estabelecer condições para a permanente cobertura morta ou verde 

do solo. 
� Proteger as funções ecossistêmicas das áreas de recarga de 

aquíferos. 
� Recuperar, restaurar e habilitar as áreas ciliares e a reserva legal. 
� Promover a proteção, o conhecimento e a convivência com os 

animais silvestres. 
� Estabelecer formas de conectividade entre ecossistemas.  
� Combater a poluição biológica e a extinção de espécies. 



31 
 

 

� Combater todas as outras formas de poluição. 
� Praticar a reciclagem no manejo de resíduos sólidos. 
� Promover a prevenção, a segurança e a saúde no trabalho. 
� Promover o bem-estar animal. 
� Buscar a soberania e a segurança alimentar. 
� Caminhar em direção dos princípios da produção agroecológica. 
� Servir de modelo e de ferramenta de aprendizagem para a  

comunidade (PECHE FILHO, 2015, p. 1). 

Já Costa (1993) traz o que se denomina de agricultura sustentável, que 

implica a busca por maior eficiência dos sistemas de produção agrícola, procurando 

ser compatível e coerente com cada realidade ecológica. Para isso, os sistemas de 

produção, segundo Altieri (2000, p. 59-60), devem: 

� reduzir o uso de energia e recursos e regular a entrada total de energia 
de modo que a relação entre saídas e entradas seja alta; 

� reduzir as perdas de nutrientes detendo a lixiviação, o escorrimento e a 
erosão, melhorando a reciclagem de nutrientes com o uso de 
leguminosas, priorizando a adubação orgânica e compostos, e outros 
mecanismos eficientes de reciclagem; 

� incentivar a produção local de cultivos adaptados     ao meio natural e 
socioeconômico; 

� sustentar um excedente líquido desejável, preservando os recursos 
naturais, isto é, minimizando a degradação do solo; 

� reduzir custos e aumentar a eficiência e a viabilidade econômica das 
pequenas e médias unidades de produção agrícola, promovendo, assim, 
um sistema agrícola potencialmente resiliente (ALTIERI, 2000, p. 59-60).  

No que trata sobre agricultura sustentável, a autora Carmo (2004) apresenta 

uma compilação de vários elementos, de diversas vertentes da agricultura não 

convencional, mas todas, em comum, mantêm “os princípios básicos que norteiam 

uma produção ecologicamente equilibrada, entre eles, a abolição de insumos 

químicos solúveis e a presença da biodiversidade dos agroecossistemas” (CARMO, 

2004, p. 57). 

Segundo Canuto (2004, p. 38) “o conceito de agricultura sustentável 

estabelece a distância de um modelo que produz fortes impactos ambientais e 

sociais”. Para o autor, a agricultura sustentável “contrapõe-se concretamente à 

degradação dos solos pela erosão, à desertificação, ao desflorestamento, à 

contaminação da água, do alimento e do agricultor, à redução da biodiversidade 

geral e funcional”, inclui também, “à insegurança alimentar e aos impactos globais 

gerados pela agricultura de monocultivo”. Além destes, o autor menciona entre os 

impactos sociais, “a concentração e a distribuição de renda, a crise de empregos, a 

pobreza, a migração e a exclusão social” (CANUTO, 2004, p. 38). 



32 
 

 

No entendimento de Gliessman (2001), a agricultura sustentável é um 

processo que reconhece a natureza sistêmica da produção de alimentos, forragens 

e fibras, equilibrando com equidade, preocupações relacionadas à saúde ambiental, 

justiça social e viabilidade econômica entre os diferentes setores da população, 

incluindo distintos povos e diferentes gerações.  

Uma agricultura sustentável, segundo Christen (1996), deverá ter os 

seguintes atributos: a) assegurar a equidade entre gerações; b) preservar a base de 

recursos da agricultura e evitar externalidades ambientais adversas; c) proteger a 

diversidade biológica; d) garantir a viabilidade econômica da agricultura, melhorando 

as oportunidades de emprego e preservando as comunidades rurais; e) produzir 

alimentos de qualidade adequada para a sociedade. 

Assim, segundo Ehlers (1999, p. 103), vários objetivos poderão ser 

alcançados em termos de agricultura sustentável, entre eles estão: “a manutenção 

por longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; o mínimo de 

impactos adversos ao ambiente; satisfação das necessidades humanas de 

alimentos e renda; atendimento das necessidades sociais das famílias e das 

comunidades rurais”. 

Perante a isso, a “produção agrícola familiar apresenta características que 

mostram sua força como local privilegiado ao desenvolvimento de agricultura 

sustentável, em função de sua tendência à diversificação, à integração de atividades 

vegetais e animais, além de trabalhar em menores escalas” (CARMO, 1998, p. 231). 

Há uma série de razões pelas quais a agricultura familiar possibilita melhores 

condições de sustentabilidade. De acordo com Almeida, Cordeiro e Petersen (1996), 

as principais razões se devem pelo fato de: i) ser uma forma de ocupação 

econômica; ii) busca atender as necessidades das famílias e manter o potencial 

produtivo da terra; iii) valoriza a diversidade, através da associação do policultivos 

com criações; iv) a unidade de produção familiar, seja pela sua extensão ou pela 

organização do trabalho, favorece maiores cuidados técnicos nas operações de 

manejo; v) a agricultura familiar possuem uma relação positiva com o território, pois 

valoriza as potencialidades próprias aos ecossistemas naturais em que está 

inserida; vi) e sob uma perspectiva ambiental, a agricultura familiar favorece uma 



33 
 

 

maior e mais equilibrada distribuição territorial das atividades de exploração do meio, 

pela melhor possibilidade de adaptação e circunscrição das mesmas a unidades 

ecológicas mais definidas e homogêneas. 

Berté (2014) faz um alerta para que a agricultura familiar atinja a 

sustentabilidade, é necessário implementar políticas públicas voltadas para o 

fortalecimento deste tipo de agricultura. Do mesmo modo, as famílias devem estar 

estrategicamente organizadas, preferencialmente, por um tipo de ação coletiva, seja 

cooperativismo ou associativismo. 

Nesse sentido, torna-se importante averiguar as unidades de produção 

familiar, o desempenho e a eficiência do sistema produtivo e seus reflexos na vida 

de seus produtores; medir a sustentabilidade, não só no aspecto econômico, mas 

também nos aspectos social e ambiental, como sugere o tripé da sustentabilidade. 

O termo tripé da sustentabilidade (Figura 1), ou Triple Bottom Line, surgiu na 

década de 90, criado por John Elkington. Nesta teoria, a sustentabilidade está 

sustentada em três pilares ou três dimensões – social, econômica e ambiental 

(ELKINGTON, 1997; NORMAN; MACDONALD, 2003). 

Figura 1 – Tripé da sustentabilidade  
 

 

 

 

  

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 15) elaborado com base em Elkington (1997). 

Os pilares ou dimensões do tripé da sustentabilidade, conforme Elkington 

(1997; 2012), podem ser assim entendidas: 

− A dimensão social trata-se do capital humano de um empreendimento, 

comunidade, sociedade como um todo. Refere-se à educação, à saúde e às 

habilidades das pessoas.  



34 
 

 

− A dimensão econômica refere-se à capacidade de produção, à distribuição e 

ao consumo de bens e serviços. Essa dimensão enfatiza a viabilidade de uma 

organização prosperar economicamente de modo sustentável.  

− A dimensão ambiental está relacionada ao capital natural. A organização 

deve preocupar-se em minimizar os impactos de suas atividades no meio 

ambiente e até mesmo adotar medidas para recompensar os possíveis danos 

causados na natureza.  

Em acordo, os autores Ferreira et al. (2012) mencionam que para conceituar 

sustentabilidade deve-se considerar, no mínimo, três dimensões: econômica, 

ambiental e social. Há ainda, estudos que além das dimensões mencionadas, 

acrescentam outras, para compor o entendimento de sustentabilidade, que são: a 

cultural, a política e a institucional (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).  

De acordo com, o Ministério para o Desenvolvimento Internacional – DFID 

(2003) apud Barreto, Khan e Lima (2005), as dimensões de sustentabilidade podem 

ser definidas como: social, isto é, alcançada quando a exclusão social é minimizada 

e a igualdade social, maximizada. Em segundo lugar, como econômica quando as 

populações carentes alcançam e mantêm seu nível básico de bem-estar e, por fim, 

como ambiental, quando a produtividade dos recursos naturais que sustentam a vida 

é preservada ou ampliada para uso das gerações futuras.  

Por conseguinte, Banerjee (2002) entende que o conceito de sustentabilidade 

pode ser a conciliação do crescimento econômico com a manutenção do meio 

ambiente, além de um foco na justiça social e no desenvolvimento humano. A 

sustentabilidade pode ainda ser entendida como uma distribuição e utilização 

equilibrada de recursos com um sistema de igualdade social. 

Em consonância com a teoria de triple bottom line, a sustentabilidade 

econômica é a manutenção de capital natural, uma condição necessária para não 

haver decrescimento econômico (BARTELMUS, 2003). A sustentabilidade ambiental 

é definida, ainda, como a desmaterialização da atividade econômica, pois uma 

diminuição do processamento de material pode reduzir a pressão sobre os sistemas 

naturais e ampliar a prestação de serviços ambientais para a economia 

(BARTELMUS, 2003). Já, a sustentabilidade social, para o autor Lehtonen (2004), 



35 
 

 

refere-se à homogeneidade social, rendimentos justos e acesso a bens, serviços e 

emprego. 

O desenvolvimento sustentável, segundo Organization for Economic 

Cooperation and Development (OECD, 1993), contempla três dimensões, a 

econômica, a social e a ambiental, apoiadas numa dimensão considerada 

transversal a todo este processo que é a dimensão institucional composta pelas 

formas de governo, legislação, organizações e sociedade civil, pois são 

considerados agentes aceleradores do processo de desenvolvimento.  

No entendimento de Sachs (2004, p. 36), quando há “crescimento econômico 

com impactos positivos em termos sociais e ambientais, merece a denominação 

desenvolvimento”. Para “análise da sustentabilidade de uma determinada produção 

precisa, portanto, levar em conta pelo menos os fatores de ordem econômica, social 

e ambiental, procurando conciliar o desenvolvimento do meio econômico e social, 

mas respeitando sempre o meio ambiente” (ENDE et al., 2012, p. 50). 

Entretanto, uma organização sustentável “busca alcançar seus objetivos 

atendendo simultaneamente os seguintes critérios: equidade social, prudência 

ecológica e eficiência econômica” (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 69-70). 

Dessa forma, sob este prisma, optou-se, para realização deste estudo, a 

sustentabilidade dos empreendimentos de feiras livres, trabalhar com as três 

dimensões da teoria triple bottom line de John Elkington. 

Tendo em vista, à importância da agricultura familiar para a produção de 

alimentos, e para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, que a próxima 

seção dedica-se em discorrer sobre o tema agricultura familiar. 

 

2.2 Agricultura familiar – conceitos, importância e políticas públicas 

Segundo Santos e Cândido (2010, p. 4), o “modelo de crescimento econômico 

norteado pela globalização e pelos avanços tecnológicos, promoveram, por um lado, 

a elevação dos índices econômicos e, por outro lado, a contribuição decisiva para a 

degradação ambiental”. 



36 
 

 

Os principais impactos que esse modelo acarretou ao meio ambiente, de 

acordo com Cavalcanti (2003) apud Santos e Cândido (2010, p. 2), são:  

a contaminação de rios, as restrições no abastecimento de água, a 
proliferação de doenças, as elevadas concentrações de CO2 na atmosfera, 
o efeito estufa, o aumento do “buraco” na camada de ozônio, o 
empobrecimento do solo, a extinção das espécies devido à degradação de 
hábitats, as mudanças no clima, a elevação de temperatura dos mares, 
dentre outros malefícios (SANTOS; CÂNDIDO, 2010, p. 2). 

Vale ressaltar que os reflexos desse modelo não se restringem somente à 

faixa ambiental, mas também ao campo social, econômico e cultural, provocando 

transformações na organização das cidades e do meio rural. 

Com relação ao meio rural houve o que denomina Brandemburg (2010) de 

rural moderno, uma produção não mais voltada para a subsistência familiar, mas, 

também para atender o mercado. Segundo o autor, “a agricultura modifica seus 

métodos e em certa medida se industrializa, e o rural gradativamente é dotado de 

uma infraestrutura urbana” (BRANDEMBURG, 2010, p. 423).  

A revolução verde impulsionou a modernização e industrialização da 

agricultura. Foi um processo que se iniciou na década de 60 e se caracterizou, 

fundamentalmente, pela “combinação de insumos químicos (fertilizantes, 

agrotóxicos), mecânicos (tratores e implementos) e biológicos (sementes 

geneticamente melhoradas)” com a idealização de um upgrade no sistema agrícola 

(ALBERGONI; PELAEZ, 2007, p. 34).  

Conforme aborda Pereira Filho (1991, p. 56), a revolução verde conseguiu 

[...] elevar a produtividade e o rendimento econômico de algumas culturas, 
mas, ao mesmo tempo, aumentou a concentração das riquezas, agravou 
problemas sociais, elevou o consumo energético nos agroecossistemas, 
acelerou o processo de degradação ambiental e o aumento dos custos de 
produção (PEREIRA FILHO, 1991, p. 56).  

Além dos índices de produtividade e crescimento econômico, este modelo 

teve, também, desdobramentos positivos como o eficiente sistema de treinamento, a 

assistência técnica, a extensão rural e o crédito agrícola (FALEIRO, 2012). Dessa 

maneira, ao proporcionar uma maior produtividade na produção agrícola, o sistema 

elevou significativamente seu grau de desempenho, conforme apresenta Marouelli 

(2003, p. 07):  



37 
 

 

No que se refere ao aumento da produção total da agricultura, a Revolução 
Verde foi, na época, um sucesso. Entre 1950 e 1985, a produção mundial 
de cereais passou de 700 milhões para 1,8 bilhões de toneladas, uma taxa 
de crescimento anual de 2,7%. Neste período, a produção alimentar dobrou 
e a disponibilidade de alimentos por habitante aumentou 40%, parecendo 
que o problema da fome no mundo seria superado pelas novas descobertas 
(MAROUELLI, 2003, p. 07). 

Portanto, a partir dessa modernização consegue-se uma maior produtividade 

por meio da “artificial conservação e fertilização do solo, da mecanização da lavoura, 

da seleção de sementes e de outros recursos” (TEIXEIRA, 2005, p. 23). 

Gonçalves Neto (1997, p. 78) complementa que, para atingir o grau de 

produtividade, os agricultores tinham a seu favor uma “[...] política de créditos 

facilitados”. Consequentemente, esta agricultura passou a ficar dependente do setor 

econômico-financeiro e industrial, impactando as condições ambientais e causando 

desequilíbrio social (BALSAN, 2006). 

Neste aspecto socioeconômico, houve um aumento significativo do 

desemprego, do empobrecimento e do êxodo rural. A elevada concentração de terra 

e a desigualdade na distribuição de renda nos países em desenvolvimento 

acarretaram uma imensa exclusão social (MOREIRA, 2000). 

Dentro desse contexto, um grande número de agricultores foi à decadência. 

Assim, grande parte da população rural veio a se favelizar nas periferias urbanas, 

fato que trouxe o aumento da pobreza rural, a elevação da violência para níveis 

altíssimos, o aumento da criminalidade e da destruição ambiental (VEIGA, 2000). 

Todo esse cenário negativo, gerado pelo modelo desenvolvimentista, passou 

a ocupar o centro de discussões na Conferência de Estocolmo, promovida pela 

ONU, em 1972, na perspectiva de cessar a degradação ambiental, conscientizar 

para proteção e conservação dos recursos naturais e inclusão social (ZANCHETTA; 

TELLES; BARRETTO, 2011). 

A partir de então, um novo modelo de desenvolvimento passou a ser 

desejado, expresso no Relatório de Brundtland, em 1987, um modelo que traz o 

conceito de Desenvolvimento Sustentável que, na sua essência, traduz como  

um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, do 
direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento 
tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual 



38 
 

 

e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas 
(PORTAL ONUBR, 2014, p. 1, texto digital).  

Outro importante marco foi a Agenda 21 que, definida como um instrumento 

de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes 

bases geográficas, concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e 

eficiência econômica (ZANCHETTA; TELLES; BARRETTO, 2011). A Agenda 21 é 

um documento que foi acordado e assinado por 179 países participantes da Rio 92 

(BRASIL, MMA, 1992). Este documento é constituído de 40 capítulos, dentre eles, 

vale destacar o Capítulo 14 - Promoção do Desenvolvimento Rural e Agrícola 

Sustentável que, no bojo de seu conteúdo, no item 14.2, apresenta:  

O principal objetivo do desenvolvimento rural e agrícola sustentável é 
aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e incrementar a 
segurança alimentar. Isso envolverá iniciativas na área da educação, o uso 
de incentivos econômicos e o desenvolvimento de tecnologias novas e 
apropriadas, dessa forma assegurando uma oferta estável de alimentos 
nutricionalmente adequados, o acesso a essas ofertas por parte dos grupos 
vulneráveis, paralelamente à produção para os mercados; emprego e 
geração de renda para reduzir a pobreza; e o manejo dos recursos naturais 
juntamente com a proteção do meio ambiente (BRASIL, MMA, 1992, texto 
digital).  

Em síntese, as diretrizes básicas do desenvolvimento rural sustentável são 

promover a segurança alimentar, gerar emprego e renda, conservar os recursos 

naturais e proteger o meio ambiente (SANTOS; PIASENTIN, 2010). 

A agricultura, como qualquer outra atividade humana, para se manter 

sustentável deverá levar em consideração, simultaneamente, as dimensões 

“econômica”, “ambiental” e “social”, ou seja, impõe-se a combinação da eficácia 

econômica e da gestão racional do meio ambiente e do tecido social. Isto é, deve ser 

uma atividade economicamente viável, ecologicamente saudável e socialmente 

equitativa (ANGLADE, 1999). 

Nessa perspectiva, a agricultura familiar é “redescoberta”, passando a ser 

vista como um eixo de desenvolvimento sustentável. A agricultura familiar favorece o 

emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a 

diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservação do 

patrimônio genético (OLALDE, 2004). 



39 
 

 

A agricultura familiar, de acordo com a Organização das Nações Unidas para 

a Alimentação e a Agricultura (FAO), é considerada como “a pedra fundamental para 

o desenvolvimento social e econômico” (MELICZEK, 2003, p. 51).  

Quanto à conceituação da “agricultura familiar”, muitos estudos apresentam 

esse termo de diferentes maneiras, conforme destaca Amador (2009): agricultura 

camponesa, agricultor camponês, agricultura familiar, agricultor familiar, pequena 

produção e também pequeno produtor rural. 

A Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, considera agricultor familiar e 

empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, 

simultaneamente, aos seguintes requisitos:  

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos 
fiscais;  
II - utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades 
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; 
III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades 
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida 
pelo Poder Executivo;  
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família 
(BRASIL, 2006, texto digital). 

Na concepção de Wanderley (2001, p. 23), a “agricultura familiar é entendida 

como aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de 

produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo [...]”.  

Abramovay (1998, p.146) conceitua agricultura familiar como “aquela em que 

a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho são provenientes de indivíduos 

que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento”.  

No entendimento de Silva (2012, p. 55), o conceito de agricultura familiar “[...] 

é resultado de esforços teóricos e práticos no intuito de organizar as dispersas 

compreensões e articular políticas públicas para o agricultor familiar brasileiro”. 

Wanderley (1996), em sua obra, traz o termo “agricultor familiar camponês”, 

ou “agricultura camponesa”, que pode ser entendida como  

uma das formas sociais de agricultura familiar, uma vez que ela se funda 
sobre a relação entre propriedade, trabalho e família. No entanto, ela tem 
particularidades que a especificam no interior do conjunto maior da 
agricultura familiar e que dizem respeito aos objetivos da atividade 



40 
 

 

econômica, às experiências de sociabilidade e à forma de sua inserção na 
sociedade global (WANDERLEY, 1996, p. 3). 

De acordo com Guilhoto et al. (2007, p. 13), a importância da agricultura 

familiar está fundamentalmente pelo “papel social na mitigação do êxodo rural e da 

desigualdade social do campo e das cidades, este setor deve ser encarado como 

um forte elemento de geração de riqueza, não apenas para o setor agropecuário, 

mas para a própria economia do país”.  

Em 2014, a FAO celebrou o ano internacional da agricultura familiar, com o 

lema “alimentar o mundo, cuidar da terra”. Esse reconhecimento objetivou pôr em 

evidência a agricultura familiar e os pequenos agricultores devido a sua contribuição 

no combate à fome e à pobreza, a promoção da segurança alimentar e cuidado com 

o meio ambiente. A FAO (2014, p. 1) referenciou, ainda, a agricultura familiar por 

preservar os alimentos tradicionais, contribuir para uma alimentação 
balanceada, proteger agrobiodiversidade e pelo uso sustentável dos 
recursos naturais. A agricultura familiar representa uma oportunidade para 
impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com 
políticas específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar 
das comunidades (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A 
ALIMENTAÇÃO – FAO, 2014, p. 1). 

A agricultura familiar é uma das principais responsáveis pela manutenção do 

agricultor no campo e, por conseguinte, pela diminuição do êxodo rural, justamente 

por sua maior capacidade gerencial, pela sua flexibilidade e, sobretudo, por sua 

maior aptidão para a diversificação das culturas (OLIVEIRA, 2007). 

Conforme Scolari (2007, p. 20), a agricultura familiar “pode desempenhar um 

importante papel, na conquista de nichos específicos de mercados, com geração de 

produtos de qualidade e criação de marcas diferenciadas, gerando renda e 

aumentando o nível de emprego e de renda no setor rural”. 

Com o intuito de estabelecer um panorama geral da agricultura familiar 

brasileira, a Tabela 1 apresenta dados que informam a área e o número de 

estabelecimentos rurais pertencentes à agricultura familiar e a não familiar, do Brasil, 

do estado do Rio Grande do Sul e do município de Santa Maria. 

 



41 
 

 

Tabela 1 – Estabelecimentos e área da agricultura familiar e não familiar do Brasil, 

do Estado do Rio Grande do Sul e do Município de Santa Maria 

 

Agricultura Familiar Não Familiar 

Estabelecimentos Área 

(ha) 

Estabelecimentos Área 

(ha) 

Brasil 4.367.902 80.250.453,09 807.587 249.690.940,24 

Rio Grande do Sul 378.546 6.171.622 62.921 14.027.867 

Santa Maria 11.407 240.661,33 2.964 710.028,52 

Fonte: IBGE (2006). 

No Brasil, de acordo com o censo agropecuário do IBGE (2006), há 5.175.489 

estabelecimentos rurais, sendo que, destes, 84,39% pertencem à agricultura 

familiar, enquanto que, 15,61% são estabelecimentos não familiares. No estado do 

Rio Grande do Sul predominam estabelecimentos familiares, apresentando um 

percentual de 85,74%. Já no município de Santa Maria, 79,37% dos 

estabelecimentos pertencem à agricultura familiar.  

Com relação à área, no Brasil, ao verificar o censo do IBGE (2006), 75,68% 

de hectares pertencem a estabelecimentos rurais não familiares. No estado do Rio 

Grande do Sul, 69,44% de hectares são utilizados por estabelecimentos não 

familiares. No município de Santa Maria, o maior índice de hectares é de 

estabelecimentos não familiares, correspondendo ao percentual de 74,68%.  

Dessa forma, pelos índices observados do IBGE (2006), pode-se inferir que a 

produção da agricultura patronal supera a agricultura familiar. Segundo Fernandes 

(2005), a agricultura patronal também pode ser entendida como agricultura 

capitalista, agricultura empresarial ou mesmo agronegócio. Essa agricultura patronal 

é responsável por uma produção em larga escala.  

A fim de apresentar as diferenças entre agricultura patronal e agricultura 

familiar no Brasil, aborda-se, no Quadro 2, as seguintes características. 

Quadro 2 – Diferenças entre a agricultura patronal e agricultura familiar  

Agricultura Patronal Agricultura Familiar 
Mão de obra assalariada. Predomina a mão de obra familiar. 
Produção de grande e média escala. Produção de pequena escala. 
Ênfase na especialização. Ênfase na diversificação. 
Suporte industrial. Pouca intervenção industrial. 



42 
 

 

Ênfase nas práticas agrícolas 
padronizáveis. 

Ênfase na durabilidade dos recursos 
naturais. 

Tecnologias dirigidas, eliminação de 
decisão de “terreno e de momento”. 

Decisões imediatas adequadas ao alto grau 
de imprevisibilidade do processo produtivo. 

Fonte: Organizado com base nos estudos de Spanevello (2008) e Ristow (2015). 

Na agricultura familiar, no Brasil, há multifuncionalidades que estão 

relacionadas a “funções de proteção do meio ambiente, até as funções 

socioeconômicas que envolvem o lazer, a cultura, a distribuição de emprego e 

renda” (SANTOS; ROCHA; COUTO, 2005, p. 4). 

Em consonância com os autores supracitados, Carneiro e Maluf (2003) 

apontam quatro funções chaves da agricultura familiar, que são: 1) reprodução 

socioeconômica das famílias rurais; 2) características técnico-produtivas, promoção 

da segurança alimentar das próprias famílias rurais e da sociedade e 

sustentabilidade da atividade agrícola; 3) manutenção do tecido social e cultural 

associado a determinado território; 4) conservação dos recursos naturais e 

manutenção da paisagem rural. 

Dentre essas características produtivas, a pluriatividade está presente na 

agricultura familiar, como forma de reprodução socioeconômica. A pluriatividade se 

apresenta como uma alternativa adicional de renda às famílias produtoras. Para 

Baumel e Basso (2004, p. 139) o desenvolvimento da agricultura familiar está 

atrelada a pluriatividade, pois 

se estabelece como uma prática social, decorrente da busca de formas 
alternativas para garantir a reprodução das famílias de agricultores, um dos 
mecanismos de reprodução, ou mesmo de ampliação de fontes alternativas 
de renda; com o alcance econômico, social e cultural da pluriatividade as 
famílias que residem no espaço rural, integram-se em outras atividades 
ocupacionais, além da agricultura (BAUMEL; BASSO, 2004, p. 139). 

Em suma, segundo Schneider (2009, p. 4), a pluriatividade é a “interação 

entre atividades agrícolas, atividades para-agrícolas e atividades não-agrícolas”, que 

podem assim ser definidas: 

Atividades agrícolas constituem-se em procedimentos e operações que 
envolvem o cultivo de organismos vivos (animais e vegetais) e o 
gerenciamento de processos biológicos dos quais resulta a produção de 
alimentos, fibras e matérias-primas. 
Atividades para-agrícolas formam um conjunto de operações, tarefas e 
procedimentos que implicam na transformação, beneficiamento e/ou 
processamento de produção agrícola (in natura ou de derivados). 



43 
 

 

Atividades não-agrícolas são atividades ligadas a outros ramos ou setores 
da economia, sendo os mais tradicionais a indústria, o comércio e os 
serviços (SCHNEIDER, 2009, p. 4). 

Segundo Zanini e Santos (2015, p. 134), no “Sul do Brasil, é cada vez mais 

perceptível a transformação de pequenas comunidades rurais em unidades de 

processamento de frutas, legumes, laticínios e agricultura orgânica”.  Além disso, os 

autores elencam outras práticas que os pequenos agricultores exercem como meios 

alternativos de obtenção de renda, a saber: 

o turismo rural, isto é, a implantação de trilhas, pousadas, pequenos hotéis 
que oferecem aos turistas urbanos comidas típicas, a experiência de vida na 
zona rural, da colheita de frutas, fabricação de vinhos, passeios ecológicos, 
etc. Muitas vezes, o turismo rural possibilita a manutenção de propriedades 
agrícolas que não seriam viáveis apenas pela sua produção agropecuária, 
ao mesmo tempo em que produz uma revalorização e ressignificação da 
tradição destacando, sobretudo, a distintividade étnico-cultural desses 
camponeses de origem europeia (ZANINI; SANTOS, 2015, p. 134). 

A pluriatividade é estimulada, de acordo com Schneider (2009), pelos 

seguintes fatores: (i) a própria modernização técnico-produtiva da agricultura; (ii) 

processos de terceirização e crescimento da prestação de serviços no meio rural; (iii) 

queda crescente e continuada das rendas agrícolas; (iv) mudanças nos mercados de 

trabalho; (v) políticas de desenvolvimento rural, que estimulam atividades não-

agrícolas no meio rural tais como o turismo, as pequenas e médias indústrias, a 

preservação ambiental, entre outras; (vi) a pluriatividade, que passou a ser 

percebida como uma das estratégias fundamentais de reprodução da agricultura 

familiar e adaptação às transformações macroestruturais na agricultura. 

Como forma de fortalecer a atuação dos agricultores familiares, muitos 

produtores buscam se organizar por meio de uma ação coletiva, que pode ser: 

parceria, pool, associativismo, cooperativismo (NANTES; SCARPELLI, 2012). 

De acordo com Ramírez e Berdegué (2003), as ações coletivas objetivam: ter 

o acesso à outra dimensão de bem-estar material, a modificar as relações sociais e 

de poder existentes no interior de populações específicas, a influenciar as políticas 

públicas para ampliar as possibilidades de desenvolvimento e superar a exclusão, a 

desenvolver a capacidade dos indivíduos, a fortalecer as organizações e a 

aprofundar normas e valores como a solidariedade, reciprocidade e confiança, que 

contribuem para o bem comum. 



44 
 

 

Para Oliveira et al. (2010, p. 11), a ação coletiva possibilita aos agricultores 

familiares 

[...] adquirem maior poder de negociação no mercado e, assim, proporcionar 
ganhos de escala para os produtores como: redução dos preços dos 
insumos quando comprados em maior quantidade, vantagem na 
comercialização gerada pelo poder de venda associado ao alto volume de 
produtos em negociação, utilização de máquinas e equipamentos de forma 
compartilhada, possibilidade de assistência técnica mais presente, dentre 
outros benefícios, dependendo da forma de organização e dos objetivos do 
grupo (OLIVEIRA et al., 2010, p. 11). 

Somado a isso, as organizações coletivas estão auxiliando os agricultores 

familiares a produzir sob as diretrizes de uma produção agroecológica, como é o 

caso das cooperativas de Santa Maria/RS, cita-se: a Cooperativa Mista dos 

Pequenos Produtores Rurais e Urbanos (COOESPERANÇA) e a Cooperativa de 

Produção e Desenvolvimento Rural dos Agricultores Familiares (COOPERCEDRO) 

(PICOLOTTO; BREMM; SCHREINER, 2015). 

Diante do exposto, sinaliza-se que, independente da forma de ação coletiva, 

esta se apresenta aos agricultores como uma estratégia que viabiliza o aumento de 

produção, a melhoria na sua estrutura laboral, bem como uma maior competitividade 

e reprodução social2.   

Para entender cada uma das formas de ação coletiva, faz-se necessário 

conceituá-las, a começar por parceria, entendida como: uma forma organizativa que 

não exige formalidade, mas que requer dos agentes envolvidos “iniciativa, liderança, 

empenho e visão empresarial para buscar o parceiro certo, ter confiança no projeto e 

estar disposta a dividir lucros, ou seja, o negócio precisa ser bom para todos” 

(NANTES; SCARPELLI, 2012, p. 647). 

O pool são “associações de produtores que se unem para adquirir maior 

poder de negociação no mercado” (DRAGONE, 2003, p. 61). Assim, o pool, como 

também, as cooperativas e associações são ações que buscam “unir os produtores 

rurais para enfrentarem os desafios de inserção e permanência na cadeia produtiva, 

                                                 
2 Para Pietrafesa (2000, p. 186) a reprodução social da agricultura familiar, do ponto de vista 
socioeconômico está, em certa medida, vinculada à sua capacidade de responder às demandas 
atuais de mercado, produtividade e elevação de renda. Mas, por outro lado, quando as famílias 
assumem essa postura, fazem o discurso de que estão buscando “melhores condições de vida” para 
seus membros e, nesse campo, a permanência dos jovens no meio rural e a elevação do poder de 
consumo são variáveis sempre presentes na composição do discurso. 



45 
 

 

e podem atuar de forma coordenada na compra de insumos, durante produção ou 

na comercialização” (OLIVEIRA et al., 2010, p. 11).   

Já a cooperativa, pela Lei nº 5.764/71, descrito no seu artigo 4º, compreende 

em “sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza 

civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados” 

(BRASIL, 1971).  

A associação consiste num agrupamento de pessoas, dotadas de 

personalidade jurídica, que possuem objetivos e ideais comuns, sem a finalidade 

lucrativa (MELCHOR, 2000). 

Define-se sindicato como uma “sociedade civil e sindical sem fins lucrativos, 

que tem por finalidade representar os direitos e interesses individuais e coletivos de 

determinada categoria de trabalho” (SENAR, 2011, p. 22). 

Além das formas organizacionais de ação coletiva, há outras maneiras de 

fortalecer a agricultura familiar como situar o valor agregado de seus produtos, ou 

seja: é preciso considerar a territorialidade do local, onde os produtos são fabricados 

e o sabor diferenciado, resultante do processo produtivo artesanal (BATALHA; 

BUAINAIN; SOUZA FILHO, 2004). 

Em adição, há outros caminhos para alavancar a agricultura familiar e 

promover qualidade de vida e inclusão social aos agricultores familiares, que são as 

políticas públicas e os programas governamentais.  

Para aclarar, políticas públicas, na concepção de Teixeira (2002, p. 2), “são 

diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos 

para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da 

sociedade e do Estado”. Enquanto que programa “constitui uma sequência de ações 

estruturadas e sistêmicas no tempo de caráter orientador, coordenador, executor e 

avaliador, e que viabilizam o alcance de objetivos (finalísticos ou de apoio 

administrativo)” (KLERING; SCHRÖEDER, 2008, p. 147). 

Algumas políticas públicas e programas voltados para agricultura familiar, 

propostos pelo governo federal, segundo Ministério de Desenvolvimento Agrário 

(MDA), devem ser destacados: 



46 
 

 

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 

(PRONAF) – criado pelo Decreto nº 1.946, de 28 de junho de 1996, é um programa 

de crédito destinado ao pequeno e médio agricultor que proporciona a estes o 

acesso a recursos financeiros para o desenvolvimento da agricultura familiar 

(BRASIL, MDA, 2013). Entre as linhas de crédito, têm-se: 

• Microcrédito Rural: atende os agricultores de menor renda. Permite o 
financiamento das atividades agropecuárias e não agropecuárias, podendo 
os créditos cobrirem qualquer atividade que possa gerar renda para a 
família atendida; 
• PRONAF Agroecologia: financia investimentos dos sistemas de produção 
agroecológicos ou orgânicos, incluindo os custos relativos à implantação e 
manutenção do empreendimento; 
• PRONAF Agroindústria: financia investimentos, inclusive em 
infraestrutura, que visam o beneficiamento, o processamento e a 
comercialização da produção agropecuária e não agropecuária, de produtos 
florestais e do extrativismo, ou de produtos artesanais e a exploração de 
turismo rural; 
• PRONAF Cota-Parte: financia investimentos para a integralização de 
cotas-partes dos agricultores familiares filiados a cooperativas de produção 
ou para aplicação em capital de giro, custeio ou investimento; 
• PRONAF Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares: 
destinada aos agricultores e suas cooperativas ou associações, para que 
financiem as necessidades de custeio do beneficiamento e industrialização 
da produção própria ou de terceiros; 
• PRONAF Custeio: financia atividades agropecuárias e de beneficiamento 
ou industrialização e comercialização de produção própria ou de terceiros 
agricultores familiares enquadrados no PRONAF; 
• PRONAF Eco: investimento para implantação, utilização ou recuperação 
de tecnologias de energia renovável, biocombustíveis, armazenamento 
hídrico, pequenos aproveitamentos hidro energéticos, silvicultura e 
recuperação do solo; 
• PRONAF Floresta: financia projetos para sistemas agroflorestais, como 
exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo 
florestal, recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente 
e reserva legal e recuperação de áreas degradadas; 
• PRONAF Investimento (Mais Alimentos): financia máquinas e 
equipamentos visando a melhoria da produção e serviços agropecuários ou 
não agropecuários, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias 
rurais próximas; 
• PRONAF Jovem: financia propostas de crédito de jovens agricultores e 
agricultoras com idade entre 16 e 29 anos. Os recursos são destinados à 
implantação, ampliação ou modernização de produção e serviços nos 
estabelecimentos rurais; 
• PRONAF Mulher: linha oferecida especialmente para as mulheres. 
Financia investimentos de propostas de crédito, independentemente do 
estado civil da mulher. Pode ser usado para investimentos realizados nas 
atividades agropecuárias, turismo rural, artesanato e outras atividades no 
meio rural de interesse da mulher agricultora; 
• PRONAF Semiárido: financia projetos de convivência com o semiárido, 
focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, que priorizem 
infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou 
modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas 
com projetos de produção e serviços agropecuários e não agropecuários, 
de acordo com a realidade das famílias agricultoras da região Semiárida 
(BRASIL, MDA, 2013, p. 11-13). 



47 
 

 

 
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – instituído em 2003, teve 

suas diretrizes atualizadas pela Lei nº 12.512/2011. Esse programa permite que os 

órgãos públicos federais, estaduais e municipais adquirem alimentos diretamente 

dos produtores. “Garante o atendimento de populações em situação de insegurança 

alimentar e nutricional e promove a inclusão social no campo fortalecendo a 

agricultura familiar” (BRASIL, MDA, 2013, p. 21). 

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – “instituído pela Lei 

nº 11.947/2009, esse programa prevê a compra de ao menos 30% dos alimentos 

provenientes da agricultura familiar para serem servidos nas escolas da rede pública 

de ensino” (BRASIL, MDA, 2013, p. 27). 

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) – o objetivo do 

programa é de “facilitar o acesso à terra e aumentar a renda dos trabalhadores 

rurais. O PNCF financia a aquisição de imóveis rurais não passíveis de 

desapropriação” (BRASIL, MDA, 2013, p. 31). 

A Garantia-Safra – é um seguro concedido aos agricultores familiares, que 

perderam sua produção por causa de problemas climáticos. Este programa é 

“voltado aos produtores com renda familiar de até 1,5 salário mínimo por mês, desde 

que possuem Declaração de Aptidão ao PRONAF e tenham feito a adesão ao 

Garantia-Safra” (BRASIL, MDA, 2013, p. 63). 

Do governo do estado do Rio Grande do Sul, em 2015, foi instituído o 

Programa de Apoio à Agricultura Familiar e Camponesa, que visa fomentar 

projetos integrados na estruturação de unidades agroindustriais, agregar valor aos 

produtos agropecuários e incluir os agricultores familiares e camponeses nas 

cadeias produtivas regionais. De acordo com a diretriz do programa, os agricultores 

atuarão tanto na produção de base ecológica como no processamento e na 

comercialização de produtos (RIO GRANDE DO SUL, SDR, 2016). 

Outra iniciativa do governo estadual é o Programa de Gestão Sustentável 

da Agricultura Familiar, instituído pelo Decreto nº 53.052, de 02 de junho de 2016, 

sob a coordenação da SDR e executado de forma integrada à Política Estadual de 

Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado do Rio Grande do Sul (PEATERS) 



48 
 

 

e ao Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social no 

Estado do Rio Grande do Sul (PROATERS). O programa objetiva promover a gestão 

e a adequação socioeconômica e ambiental das propriedades rurais familiares. A 

intenção do programa é trabalhar de forma sistêmica, realizando o acompanhamento 

das atividades e promovendo a implantação de um sistema de gestão. Dessa forma, 

possibilita-se a geração de instrumentos e conhecimento para diagnosticar, projetar, 

monitorar e avaliar os sistemas de produção, com a abrangência de todas as 

atividades desenvolvidas nas unidades de produção familiar (EMATER/RS, 2016). 

Entre as principais atividades que possam ser empreendidas pelo programa estão:  

• Implementar a inscrição dos imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural 
(CAR) e os respectivos Programas de Regularização Ambiental (PRA) 
dos estabelecimentos assistidos pela EMATER/RS. 

• Implementar unidades de referência na produção de energias renováveis 
(por exemplo, solar, biogás e biomassa). 

• Desenvolver sistemas produtivos sustentáveis (por exemplo, silvipastoril, 
agrossilvipastoril e sistemas agroflorestais). 

• Implementar práticas de conservação do solo e água. 
• Melhorar as condições de conservação dos arredores da casa e das 

instalações, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do 
ambiente.  

• Estimular e implementar a produção de hortaliças, frutíferas e criações 
animais para autoconsumo e venda de excedentes.  

• Realizar intercâmbios para a troca de experiências entre os agricultores e 
técnicos envolvidos no trabalho. 

• Propor o redesenho dos estabelecimentos rurais familiares, quando for 
necessário, utilizando o sistema de planejamento a curto, médio e longo 
prazo, com base nos indicadores (EMATER/RS, 2016, p. 7). 

Em Santa Maria/RS, registra-se como incentivos aos agricultores, 

principalmente, aos que se enquadram como familiares, o fundo rotativo e diversos 

programas que buscam impulsionar a produção primária e a melhoria das condições 

de vida dos trabalhadores rurais do município. 

O Fundo Rotativo foi criado pela Lei Municipal nº 3.962, em 27 de março de 

1996 (SANTA MARIA, 1996). Este fundo trata-se de um contrato de financiamento, 

que, de acordo com o representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento 

Rural (SMDR), está em torno de 12 salários mínimos, do ano base 2016. Para obter 

esse recurso, o produtor deverá apresentar um projeto que será avaliado por 

técnicos da SMDR/EMATER e aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Rural 

do município. No artigo 10, da Lei 3.962/96, “o fundo rotativo financiará, 

prioritariamente, empreendimentos realizados através de associações, cooperativas 

e condomínios rurais de produtores rurais”. Na sequência da lei, no artigo 11, está 



49 
 

 

assim disposto: “aos contratos de financiamentos individuais somente serão 

elegíveis os produtores rurais com propriedades iguais ou menores que 04 (quatro) 

módulos rurais” (SANTA MARIA, 1996). 

Outra medida adotada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, em 

parceria com o Escritório Municipal da EMATER, foi a implantação de programas, 

explicitados no Quadro 3, que objetivam estimular o aumento e a diversificação dos 

produtos agropecuários. 

Quadro 3 – Programas de desenvolvimento rural de Santa Maria 

PRÓ-AGROINDÚSTRIA 

Descrição/objetivos: Este processo permitirá maior competitividade 

dos nossos produtos, de forma a atender à demanda já existente de 

produtos derivados de carnes, derivados de leites, produtos de frutas e 

hortaliças, bebidas, mel, produtos de panificação e massas frescas da 

culinária italiana nos mercados locais e regionais. Disponibilizar linhas 

de crédito para a implantação, ampliação, adequação, reestruturação 

e custeio de agroindústrias de agricultores familiares, criar 

mecanismos para facilitar o acesso dos agricultores familiares às 

linhas de crédito e, ainda, identificar, apoiar e divulgar iniciativas de 

incentivos estaduais e municipais para agroindústrias. 

PRÓ-CALCÁRIO 

Descrição/objetivos: Viabilizar a correção da acidez do solo e, através 

desta, a melhoria do nível de fertilidade dos solos do município, 

contribuindo para melhoria da situação econômica dos pequenos 

produtores rurais.  

PRÓ-CRIA 

Descrição/objetivos: Disponibilizar aos produtores rurais, inscritos no 

Pró-Leite, acesso ao Programa de Inseminação Artificial, promovendo 

o melhoramento genético de seu rebanho, trazendo aumento da 

produção leiteira do município.  

PRÓ-FLORES 

Descrição/objetivos: O projeto busca integrar esforços de todos os 

segmentos interessados em estimular o aumento da floricultura, com 

vistas ao mercado local.  

PRÓ-FLORESTA 

Descrição/objetivos: incentivar a produção florestal em propriedades 

rurais de Santa Maria, bem como em propriedades rurais 

autossuficientes em produtos madeiráveis, entre outros. O programa 

possibilita o produtor rural saber fazer uso ou manejo da terra, nos 

quais se consorciam espécies arbóreas com cultivos agrícolas e que 

promovem benefícios econômicos e ecológicos. 

PRÓ-FRANGO 
Descrição/objetivos: Auxiliar o Produtor Rural, avicultor ou não, na 

implantação da produção de frangos e ou ovos coloniais, agregando 



50 
 

 

renda à atividade rural.  

PRÓ-FRUTAS 

Descrição/objetivos: Destina-se a ampliar a participação da fruticultura 

na matriz produtiva do município, para suprir comércio local e melhorar 

a renda dos produtores rurais locais. 

PRÓ-HORTA 

Descrição/objetivos: Visa a ampliar a produção da olericultura na 

matriz produtiva do município, para suprir comércio local e melhorar a 

renda dos produtores rurais locais. 

PRÓ-LEITE 

Descrição/objetivos: Reestruturar a pequena propriedade rural 

produtora de leite, de forma a viabilizar sua permanência no mercado, 

em regime familiar de exploração. Cada produtor deverá ter metas 

mínimas as quais serão elencadas pelos técnicos do programa, com 

apoio ainda de cooperativas e indústrias do setor.  

PRÓ-MEL 

Descrição/objetivos: Promover o desenvolvimento técnico e 

econômico da apicultura santa-mariense e aumentar sua 

competitividade, baseado na produção, produtividade e qualidade, 

através da criação dos parques agro apícolas familiares. 

PRÓ-OLIVEIRA 

Descrição/objetivos: O projeto busca estimular a produção de oliveiras, 

visto que a região de Santa Maria apresenta potencial para o 

desenvolvimento desta cultura, devido às condições propícias de solo 

e clima. 

PRÓ-OVINO 

Descrição/objetivos: Possibilitar a ampliação do mercado ovinocultor 

do município e implementar a criação através de incentivos e 

instrumentos capazes de alavancar esse mercado em nossa cidade.  

PRÓ-PEIXE 

Descrição/objetivos: O programa consiste em ampliar e incentivar a 

criação de peixes por produtores rurais em pequenos açudes, com fins 

comerciais. Identificar e classificar os produtores de peixe já existentes 

no município, estabelecendo critérios e normatizando a atividade no 

município. 

REDES 

Descrição/objetivos: O programa visa aproximar o pequeno produtor 

rural dos supermercadistas. Neste programa, os produtores rurais 

fornecerão produtos agrícolas de qualidade e com frequência de 

entrega. Os supermercados garantirão a compra dos produtos e 

pagará preço de mercado, a prefeitura dará assistência técnica aos 

produtores sendo um facilitador deste processo. 

 Fonte: SANTA MARIA, SMDR (2015). 

 

Os programas foram criados pela Lei Municipal nº 5.612, de 05 de janeiro de 

2012, que têm como objetivos descritos no seu artigo 3º:  



51 
 

 

I. capacitar os produtores rurais nas atividades específicas de cada 
programa;  
II. melhorar a qualidade de vida da família rural;  
III. incentivar a permanência do jovem no meio rural;  
IV. desenvolver o espírito associativo entre os produtores;  
V. gerar emprego e renda;  
VI. incrementar e aumentar a produção agropecuária;  
VII. abastecer o mercado local e regional com produtos da agropecuária;  
VIII. melhorar a fertilidade do solo;  
IX. promover o uso adequado do solo;  
X. incentivar a implantação de pastagens perenes e anuais;  
XI. promover a melhoria na genética e na sanidade animal do rebanho 
leiteiro (SANTA MARIA, 2012, p.1-2). 

 Assim como o fundo rotativo, o ingresso para qualquer um dos programas 

será, prioritariamente, para produtores com propriedades iguais ou menores que 04 

(quatro) módulos rurais e, mesmo que informalmente, devem pertencer a uma 

associação ou cooperativa. Em contrapartida, os produtores deverão participar de 

cursos de capacitação e de excursões técnicas às propriedades modelos (SANTA 

MARIA, SMDR, 2015). 

Certamente, as políticas públicas e os programas de governo das três esferas 

buscam a sustentabilidade da agricultura familiar, assim como incentivar uma 

agricultura sustentável. 

Nesse contexto, Oliveira et al. (2015, p. 1) afirmam que a agricultura familiar é 

“tratada como um segmento estratégico para o desenvolvimento rural sustentável, 

pelo fato de oferecer emprego e renda, de preservar os recursos naturais e de 

oferecer produtos mais saudáveis tanto para o consumo interno como local”. 

Com relação aos canais de comercialização, Scolari (2007, p. 32) destaca que 

a agricultura familiar, desde que “tecnificada, com rastreabilidade, certificação e 

marcas pode desempenhar importante papel e conquistar fatias do mercado 

nacional e internacional”. 

Compreende-se canal de comercialização “o caminho percorrido pela 

mercadoria desde o produtor até o consumidor final” (HOFFMANN. et al.;1992, p. 

153). Dentre os principais canais cita-se: a) venda direta ao consumidor; b) 

integração vertical; c) vendas para o setor de distribuição; d) mercados institucionais 

(PIERRI; VALENTE, 2010). De acordo com os autores Pierri e Valente (2010), cada 

canal pode ser entendido como: 



52 
 

 

a) Vendas diretas: a venda se dá sem intermediários. O produto é entregue 

pelo produtor para o consumidor final. Exemplos: entregas em domicílio, 

tele entregas, feiras livres, feiras especializadas, eventos comerciais 

promocionais, loja, balcão ou quiosque do produtor, vendas na propriedade; 

b) Integração vertical: venda de produtos como matéria-prima para 

beneficiamento pelo comprador (os principais produtos no Brasil são leite, 

fumo, tomate, suínos e aves); 

c)  Vendas para distribuição: o produtor vende para um agente intermediário 

que irá distribuir o produto no comércio de atacado e/ou varejo. Exemplos: 

atacadistas, varejistas, distribuidores, restaurantes, lojas especializadas de 

agricultura orgânica e produtos naturais, supermercados e hipermercados, 

exportação; 

d) Mercados institucionais: um exemplo são os mercados criados pelo 

Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) e o 

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).  

Os mecanismos de comercialização adotados pelos produtores familiares, em 

relação com os canais de distribuição, segundo Azevedo e Faulin (2005), podem ser 

o mercado spot, o contrato formal, o contrato informal e as parcerias, que pode ser 

compreendidos como: 

i. Mercado spot – ocorre a transferência física do produto e é utilizado para 

coordenar as transações entre produtores familiares e sacolões, varejões, 

quitandas, atravessadores e na venda direta ao consumidor final. O preço, a 

quantidade, a qualidade, o pagamento e a entrega do produto são definidos 

em um único momento. 

ii. Contratos formais – utilizados para reduzir incertezas e especificarem 

regularidade, volume e preços. Geralmente são utilizados por empresas de 

refeições coletivas. 

iii. Contratos informais – são utilizados nas transações dos produtores com 

pequenos e médios supermercados, sacolões e varejões, quitandas, 

empresas de refeições coletivas, atravessadores e atacadistas. A entrega, a 

quantidade e a qualidade do produto são determinadas e supõem uma 

relação constante que possa justificar a confiança. 



53 
 

 

iv. Parcerias – estabelecidas entre produtores familiares e atravessadores com 

uma relação de confiança entre as partes. 

Dos principais canais de distribuição de produtos, provenientes da agricultura 

familiar, são as feiras livres, devido ao estreitamento de suas relações com o 

consumidor (COLLA et al., 2007). Somado a isso, as feiras livres têm ganhado 

destaque por possibilitar, aos agricultores familiares, uma melhor rentabilidade 

(COLLA et al., 2007). 

Devido à importância das feiras livres para a agricultura familiar, a próxima 

seção traz uma abordagem sobre conceitos, dados históricos e relevância 

socioeconômica das feiras.  

 

2.3 Feiras livres – surgimento, território, características e funções 

A origem da palavra “feira” vem do latim feriae, que significa “dia de festa”. No 

simbolismo litúrgico era um dia de “celebrar o Senhor”, o dia em que os fiéis e 

peregrinos se dirigiam aos templos, levando consigo oferendas, que podiam ser 

animais, pratos culinários, roupas e outros objetos. Com o passar dos tempos, o 

comércio se sobrepôs ao ato religioso, o que levou os comerciantes a aproveitarem 

o dia festivo para expor e vender suas mercadorias (SILVA, 2014). 

Quanto à origem das feiras livres é difícil precisar sua data, entretanto, 

segundo Mott (1975) apud Azevedo; Queiroz (2013), as feiras já existem desde a 

época da Mesopotâmia, no Egito Antigo, na Grécia Antiga, e na Roma Antiga. A 

consolidação das feiras acontece durante a Idade Média, a partir do século XI, na 

Europa. O Renascimento Comercial e Urbano impulsionam a prática das feiras 

livres, um marco caracterizado pela aceleração do processo de urbanização e pela 

ascensão comercial. Neste período, surgem os burgos, ou seja, cidades que 

passaram a comportar um elevado número de pessoas vindas de várias regiões, 

principalmente, da África e da Ásia. Essas pessoas tinham interesse em matérias-

primas, alimentos, tecidos e artesanatos. Os produtos ficavam expostos em tendas, 

todas juntas, em um determinado local, configurando o que hoje se conhece por 

feiras (FERNANDES, 2016). 



54 
 

 

No Brasil, as feiras livres são decorrentes da colonização portuguesa e 

surgem por volta do século XVII com a finalidade de suprir a “necessidade de 

abastecimento alimentar e da comercialização do excedente produzido no campo” 

(PINTO; MORAES, 2011, p. 2). 

As primeiras evidências de feiras livres no Brasil “remontam ao ano de 1548, 

quando o rei de Portugal, D. João III, preocupado em evitar o êxodo rural na colônia, 

instituiu um dia de feira nas cidades” (MENEZES, 2005, p. 9). 

Segundo Mott (1975) apud Azevedo; Queiroz (2013), o primeiro registro oficial 

de feira livre no Brasil foi em 1732, a feira de Capoame, localizada no Recôncavo 

Baiano. A partir de então, as feiras se estenderam não só por todo o nordeste 

brasileiro, como também, para outras regiões do país.  

No Brasil, a feira livre se caracteriza como um mercado ao ar livre, organizado 

pelo poder público municipal, priorizando o abastecimento alimentar, onde são 

vendidos alimentos e produtos básicos (MASCARENHAS; DOLZANI, 2008).  

Chapman (1987) apud Bernardino (2015, p. 44) apresenta as seguintes 

características das feiras:  

� quanto à origem podem ser naturais (surgiram espontaneamente) ou 
planejadas (criadas ou organizadas pelo poder público ou privado);  

� quanto ao acesso podem ser pú