CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES 

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 

CURSO DE HISTÓRIA 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ATIVIDADE TROPEIRA EM NOVA BRÉSCIA/RS (1930-1960) 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vianei Knecht 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2014. 



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Vianei Knecht 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ATIVIDADE TROPEIRA EM NOVA BRÉSCIA/RS (1930-1960) 

 

 

 

Monografia apresentada no curso de 

História, do Centro Universitário 

UNIVATES, como exigência parcial para 

obtenção do título de licenciado em 

História. 

Orientador: Prof. Dr. Mateus Dalmáz 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2014. 



3 
 

 

 

 

 

 

RESUMO 

 

 

Esta monografia, intitulada A atividade tropeira em Nova Bréscia/RS (1930-

1960), tem por objetivo resgatar a memória e a identidade tropeira, inserida na 

sociedade de Nova Bréscia, ao longo das décadas de 1930, 40, 50 e 60 do século 

XX. Pelo método da História Oral, é possível considerar que as características 

básicas da atividade tropeira em Nova Bréscia estão ligadas ao transporte de tropas 

e mercadorias, bem como aos laços de sociabilidade derivados da atividade. Quanto 

às referências metodológicas, foram utilizados autores como Jacques Le Goff 

(1990), Loiva Otero Félix (2004), John Thompson (1995), José Carlos Sebe Bom 

Meihy (2007) e Verena Alberti (2004). 

  

Palavras-chave: Tropeirismo. História Oral. Nova Bréscia/RS. 

  



4 
 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO 

 

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................  

 

2 ORIGENS DO TROPEIRISMO E A ATIVIDADE TROPEIRA NO RIO 

GRANDE DO SUL...........................................................................................  

2.1 Origens do tropeirismo...........................................................................  

2.2 O tropeirismo no Rio Grande do Sul..................................................... 

 

3 HISTÓRIA DE NOVA BRÉSCIA.................................................................. 

3.1 Período Pré-Colonial................................................................................ 

3.2 Período Colonial-Imigratório................................................................... 

3.3 Período Distrital....................................................................................... 

3.4 Período Municipal.................................................................................... 

 

4 A ATIVIDADE TROPEIRA EM NOVA BRÉSCIA......................................... 

4.1 Características da atividade tropeira..................................................... 

 

5 CONCLUSÃO.............................................................................................. 

 

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 

 

 

5 

 

 

9 

9 

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20 

22 

24 

25 

 

27 

27 

 

32 

 

34 

 

 

  



5 
 

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO 

 

A presente monografia, que trata do tropeirismo em Nova Bréscia/RS, vem se 

tornar relevante pelo impacto que tal atividade suscitou na sociedade do Vale do 

Taquari/RS, mas, sobretudo, pelo modo particular com que o transporte muar de 

cargas em Nova Bréscia resultou em consequências sociais, econômicas e culturais 

para a sua população.  

O objetivo principal é tratar desses aspectos, inseridos no período entre 1930 

e 1960. O espaço de tempo aqui delimitado é de particular apreço, pois presenciou o 

apogeu e o fim do ciclo do comércio por tropas de mulas e de carretões de gado, 

que teve início com a fundação das primeiras comunidades do que viria a ser, a 

partir de 1964, por meio de decreto federal, o município de Nova Bréscia, nas linhas 

Tigrinho e Arroio das Pedras Brancas – que corresponde ao seu atual núcleo 

urbano. Foi o período delimitado aqui para o estudo do tema – o tropeirismo –, cujo 

objetivo central foi enfocar particularmente aspectos da vida profissional, da 

mentalidade, dos dramas e das transformações que fizeram parte de Nova Bréscia e 

da vida dos tropeiros Ângelo Viecellin (in memorian), Maximiano Salami (in 

memorian), João Salami, Albino Radaelli (in memorian), Genoíno Spessatto (in 

memorian) e Néscio Spessatto. Esses homens trabalhavam nas casas de comércio 

de Maximiano Salami, em Linha Coqueiro Alto – comunidade localizada próxima à 

atual divisa do município de Coqueiro Baixo com o município de Nova Bréscia, e que 

fazia, entre 1934 e 1964, e deste até o ano de 1999, parte do distrito e posterior 

município de Nova Bréscia, ou seja, até seu desmembramento –, e na Companhia 

Irmãos Dalla Vecchia – que se localizava no centro do que foi o distrito de Nova 



6 
 

Bréscia, e onde atualmente se encontra o salão do Clube Tiradentes, defronte à 

Igreja Matriz São João Batista. 

A proposta subsequente aos objetivos acima identificados é problematizar a 

partir da pesquisa de fontes orais e coleta de depoimentos que componham a 

memória atual de ex-tropeiros, de seus familiares e de pessoas que conviveram com 

eles e que possuem relatos importantes, significativos de serem coletados, 

contribuindo para a escrita da história do tropeirismo em Nova Bréscia. 

A partir destes depoimentos, é possível considerar que as características 

básicas da atividade tropeira em Nova Bréscia estão relacionadas ao transporte de 

tropas e mercadorias, que possibilitaram a ampliação e o escoamento da produção 

local para importantes mercados do Vale do Taquari e de Porto Alegre, assim como 

os laços de sociabilidade derivados da atividade, que conectou e aproximou 

familiares e amigos até então distantes, seja pela falta de estradas e picadas, seja 

pela distância física e falta de meios de comunicação. 

Quanto às referências metodológicas, como as mesmas são advindas de 

teóricos da História Oral, foram utilizados autores como Jacques Le Goff, através de 

seus livros História e memória e A História Nova, Loiva Otero Félix, com História e 

memória: a problemática da pesquisa, Paul Thompson e A voz do passado, José 

Carlos Sebe Bohn Meihy, com História Oral: como fazer, como pensar, e Verena 

Alberti com Manual de História Oral. 

No início do capítulo “Memória”, de seu livro História e Memória, Le Goff 

(1990) afirma que “a memória, como propriedade de conservar certas informações, 

remete-nos, em primeiro lugar, a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais 

o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele 

representa como passadas” (p. 423). Partindo desse pressuposto, o autor dá 

importância à utilização de conhecimento psicológico e do comportamento humano 

para que compreendamos como este ser produz memória, sendo ela um produto 

neurológico ou teórico.  

Félix (2004), por sua vez, em História e Memória: a problemática da pesquisa, 

comenta, referindo-se à relação entre história, memória e produção cultural, que: 

 



7 
 

O mundo existe para os homens e pelo fazer humano, tornando-se o homem 
contemporâneo daquilo que produz – linguagem, trabalho, bens, ciências, artes – 
isto é, o mundo é mundo cultural. A cultura se torna, portanto, a captura mais 
perfeita do tempo e da história, na medida em que submete o fluxo temporal das 
coisas à ação temporal dos homens, que fazem sua própria história ainda que não 
o saibam e em condições que não escolheram (p.33). 

 

A síntese de Félix serve de base para a análise da cultura produzida pelos 

tropeiros em Nova Bréscia por ser clara e abrangente. Também são utilizados 

autores de Antropologia Cultural, como José Luiz dos Santos (2006) e John B. 

Thompson (1995). 

A estrutura desta monografia é composta de três capítulos. No primeiro, 

intitulado As origens do tropeirismo e a atividade tropeira no Rio Grande do Sul, há 

uma abordagem do conceito de tropeirismo, uma descrição detalhada de como 

surgiu o fenômeno tropeiro no mundo, na América, em particular, especialmente no 

Brasil, começando a abordagem desde um cenário nacional, partindo para o cenário 

gaúcho e de Vale do Taquari. 

No segundo capítulo, História de Nova Bréscia, há uma divisão histórico-

temporal em quatro fases: Período Pré-colonizatório, que é o período anterior à 

colonização de Nova Bréscia por imigrantes europeus, luso-brasileiros e afro-

descendentes, quando suas terras ou estiveram desabitadas ou, em algum 

momento, foram ocupadas por ameríndios; Período Colonial-imigratório, 

estabelecido entre o início da colonização de Nova Bréscia, em 1895, até o 

estabelecimento da sede distrital, em 1834; Período Distrital, de 1835 a 1964; e 

Período Municipal, de 1964 até o tempo presente. 

No terceiro capítulo, A atividade tropeira em Nova Bréscia, encontra-se a 

ênfase da monografia, o momento em que a atividade tropeira na cidade é 

investigada com minúcias, e onde se encontram aspectos da paisagem, dos 

costumes e dos personagens entrevistados. 

Na conclusão, são relembrados o objetivo geral, a problematização e a 

hipótese; é salientada a importância dos capítulos para a comprovação da hipótese; 

são destacadas as características básicas do tropeirismo analisadas no terceiro 



8 
 

capítulo; e é feito um comentário pessoal sobre o tropeirismo em Nova Bréscia entre 

as décadas de 30 e 60 do século XX. 

  



9 
 

 

 

 

 

 

 

2 AS ORIGENS DO TROPEIRISMO E A ATIVIDADE TROPEIRA  

NO RIO GRANDE DO SUL 

 

O movimento tropeirista, caracterizado no Brasil como um ciclo econômico de 

longa duração, abrangeu um período que foi desde meados do século XVII, quando 

não havia estradas, apenas trilhas ou caminhos abertos pelos nativos, até as 

primeiras décadas do século XX, quando teve início a implantação dos meios de 

transportes mais modernos, como, por exemplo, a ferrovia. O tropeirismo não 

apenas atendeu às necessidades de transporte de riquezas e mercadorias diversas, 

mas foi, comprovadamente, um movimento decisivo no processo de ocupação e 

integração territorial, de impacto na constituição social das populações na América 

Latina, a qual denominamos, neste trabalho, como uma configuração social dentro 

do processo civilizatório no Brasil. 

 

2.1 Origens do tropeirismo 

Desde o alvorecer das primeiras civilizações da Antiguidade até a 

contemporaneidade, os homens social e economicamente organizados 

estabeleceram rotas – percorridas por bestas quadrúpedes – que serviam a 

interesses os mais diversos. A esse fenômeno mundial denominamos de 

tropeirismo.  



10 
 

O tropeirismo é um importante componente da cultura de diversas 

sociedades, dentre elas a sociedade gaúcha. A atividade tropeira existe no mundo 

desde o oitavo milênio antes de Cristo – no continente asiático – até os dias atuais, 

sendo característica de diversos espaços geográficos rústicos e de sociedades em 

que o principal meio de transporte é a tração animal. Segundo Moacyr Flores 

(1998)1, o tropeirismo, que remonta às origens da humanidade, pode ser 

caracterizado – de um modo geral – como sendo: 

 

(...) um fenômeno mundial, que aparece na época em que o principal meio 
para vencer as distâncias era a tração animal. A atividade tropeira pertence 
à época das trilhas em lugar das estradas, quando os rios eram vadeados 
nos passos e a produção dos agricultores precisava ser transportada a 
distantes centros consumidores (p. 5).  

 

Desse modo, portanto, tal atividade existe, desde antes mesmo do surgimento 

dos primeiros Estados socialmente e economicamente complexos, em diversos 

espaços do planeta Terra, e possui características que a tornam peculiar a cada 

espaço, época e sociedade. Ela ocorre, por exemplo, no Norte da África e no Oriente 

Médio, desde antes do advento do Islã até os dias atuais. E ocorre de modo 

bastante intenso, pois o comércio transaariano não é uma evidência intemporal. Ele 

apresenta, sob a sua forma de travessias anuais em busca de ouro do Sul, sobre 

dromedários conduzidos em caravanas, um progresso que é necessário reconhecer 

e estudar. Ele igualmente conhece importantes transformações, as quais convém o 

melhor possível acompanhar. 

A explicação para o florescimento do tropeirismo no Crescente Fértil se 

explica pelo fato de que o deserto, com sua aridez e esterilidade, obrigou – e ainda 

obriga – os povos forçados a ocupar tal região a explorar o deslocamento de 

pessoas e mercadorias através de tropas de burros e de camelos, devido às terras 

mais férteis já se encontrarem densamente ocupadas desde o quinto milênio antes 

de Cristo, especialmente quando nos referimos às civilizações da Mesopotâmia e do 

Egito. 

                                            
1
 Um dos principais historiadores a respeito da história do Rio Grande do Sul e do tropeirismo. 



11 
 

Sua prática, herdada pelo mundo ocidental através das rotas comerciais que 

conectavam o Oriente Médio e o Extremo Oriente à Europa, foi aplicada, na América 

Colonial, com poucas variações. Por outro lado, seus regionalismos devem ser 

considerados como dinamizadores de culturas, as quais orbitam diversas 

aglomerações humanas, gerando intercâmbio cultural. É o caso de Nova Bréscia, 

espaço geo-histórico central desta monografia, cuja ocupação e colonização 

predominantemente feita por imigrantes e descendentes de italianos e algumas 

famílias de caboclos apresenta peculiaridades de que tratarei com mais detalhes nos 

capítulos História de Nova Bréscia e A atividade tropeira em Nova Bréscia. 

Encontramos tropas de bestas de carga e de transporte também na América 

Pré-Colombiana. Entre as montanhas da Cordilheira dos Andes, sob o Império 

Quíchua, animais quadrúpedes – as alpacas e lhamas – escoavam e redistribuíam a 

produção agrícola local, permitindo o abastecimento de alimentos mesmo entre as 

terras mais áridas e íngremes locais. 

Também houve um intenso comércio tropeiro que se deslocava da Europa 

feudal à Ásia Meridional, que mobilizou mercadores em busca de especiarias, seda, 

ervas e outros produtos, encontrados especialmente na China e na Índia, e que 

interessavam à nobreza europeia medieval e interessariam, mais tarde, também aos 

monarcas absolutistas e ao seu inovador séquito de grandes comerciantes, 

banqueiros e novos burgueses, que esquadrinhariam o mapa-múndi e o dividiria tal 

qual um bolo caseiro. Outros animais, como os elefantes, chegaram a ser 

corriqueiros meios de transporte e de carga, tanto na Índia como na África equatorial 

e meridional, locais onde abundavam até o seu extermínio em caçadas e matanças 

que objetivavam comercializar o marfim de suas presas, a partir da colonização 

europeia da África, que se estenderia do século XVI até a segunda metade do 

século XX. 

Portanto, tal atividade não é exclusividade do colonialismo ibérico nas 

Américas, a que historiadores latino-americanos costumam se referir com mais 

frequência. Ele foi – e continua sendo – um recurso frequente e praticado nos mais 

variados espaços, como desertos, estepes e regiões montanhosas do Novo e do 

Velho Mundo, permitindo atividades comerciais, culturais e de transporte por 



12 
 

numerosas sociedades, das mais simples às mais complexas. Dos nômades 

berberes às colônias do Império Marítimo Português.  

O tropeirismo é de um modo geral um fenômeno histórico de larga 

repercussão, definidor da ocupação e da economia dos espaços sociais abrangidos 

por sua atuação. Como processo delineador de relações de comércio e trocas, o 

movimento das populações por ele estabelecido formulou a construção de redes de 

significados que assentaram as bases de muitas das comunidades brasileiras e 

americanas, ou seja, através do trânsito de tropas, paisagens foram alteradas e 

processos sociais foram estabelecidos. De fato, onde ocorreu, propiciou o 

surgimento de estradas, paragens, registros, casas comerciais e vilas. Estimulou o 

desenvolvimento econômico, o povoamento ao longo de suas rotas e contribuiu para 

a integração e identidade cultural das sociedades a elas conectadas. 

O relevo encontrado pelos espanhóis nas suas colônias do Novo Mundo, 

especialmente nas regiões do centro-sul do México, no istmo peninsular da América 

Central e na Cordilheira dos Andes, era de montanhas íngremes e de escassez de 

rios navegáveis, de modo que, após a descoberta das minas de Potosí, no Peru, 

suscitou – imediatamente ao processo de ocupação do território – a criação e a 

comercialização de mulas que possibilitassem um transporte eficiente para a 

geografia local. 

Ao longo da história da América o desbravamento das matas, a extração de 

riquezas naturais, a ocupação do território, o deslocamento de pessoas e de 

mercadorias foram atividades que não seriam possíveis se não por meio de bestas 

de carga e transporte. E dependendo do nível de desenvolvimento tecnológico da 

sociedade em questão, seria impraticável. Essa circulação só era viável, em 

algumas regiões da América, através de bovinos, equinos e muares. De acordo com 

Flores (1998): 

 

O burro, desde o tempo do império egípcio revelou-se um animal resistente 
ao peso da carga e às condições áridas do deserto. A cruza do burro com a 
égua originou a mula, animal que se adaptou às trilhas da Europa e aos 
ásperos caminhos da América e do sertão brasileiro, muitas vezes sem 
pastagem e sem milho (p. 5). 

 



13 
 

Com relação às mulas, Jurema Mascarenhas Paes (2001) afirma que, 

“Conforme a zootecnia, a coluna vertebral muar, e a brevidade do seu dorso, dão-lhe 

uma capacidade de carregar pesos maiores do que qualquer outro animal, o que faz 

dele o melhor dos cargueiros. Além disso, eram bastante resistentes às secas, 

sendo uma espécie de camelo latino-americano” (p. 60). O porte físico da mula, e 

sua resistência a longos percursos foram, portanto, elementos delineadores de sua 

utilização como o animal cargueiro ideal para o espaço físico-geográfico americano.  

No Brasil, o ciclo do muar consolidou o ciclo do ouro e o surgimento de uma 

camada social com as profissões de ferreiro, seleiro, funileiro, domador, latoeiro, 

trançador, bruaqueiro e outras mais, necessárias à extração dos recursos minerais e 

à sua transformação em produtos de exportação para as Metrópoles da Europa 

Mercantilista. A transformação sociocultural foi intensa, devido a esses novos 

segmentos profissionais e à migração de vultoso número de pessoas advindas dos 

mais diversos lugares do Brasil, como relata, em sua obra sobre História do Brasil, 

Adriana Lopez (2012): 

 

A mineração e a descoberta sucessiva de novas jazidas atraíram uma boa parte 
da população e da mão de obra ociosa, tanto dos decadentes centros produtores 
de açúcar de Pernambuco, da Bahia e do Rio de Janeiro, como de Portugal. Esse 
movimento não se assemelhou à penetração lenta das fazendas de gado nas 
margens do rio São Francisco: foi uma verdadeira migração em massa. A notícia 
da descoberta das minas trouxe para a região todo tipo de aventureiro e de gente 
das mais variadas condições. Homens e mulheres, jovens e idosos, brancos, 
pardos e negros, nobres, plebeus, clérigos e religiosos de várias ordens, 
vagabundos e prostitutas (p. 192). 

 

As minas e a rede de assistência aos trabalhadores mineiros incorporavam 

essas pessoas, que fizeram surgir um novo centro de desenvolvimento econômico 

nas Minas Gerais, onde sua população diversificada, composta por grupos sociais 

antagônicos como os profissionais autônomos e liberais, os grandes proprietários de 

terras, responsáveis pelo investimento na arte sacra barroca, em cidades populosas 

e espraiadas, possuidoras de uma culinária igualmente variada surgiram, 

características componentes de sua cultura regional e, em parte, graças à 

mobilização dos tropeiros. 



14 
 

O tropeirismo teve início no Brasil em meados do século XVI e se prolongou 

até o século XXI, mas, desde a década de 1960, vem sendo celeremente substituído 

pelos veículos de transporte e de carga motorizados – caminhões e caminhonetes. 

Inicialmente, o ciclo do muar consolidou o ciclo do ouro e o aparecimento de uma 

nova camada social com as profissões de ferreiro, seleiro, funileiro, domador, 

latoeiro, trançador, bruaqueiro e outras mais. A transformação sociocultural foi 

intensa e os pequenos pontos de comércio e as pousadas fizeram surgir várias 

cidades, à distância de um dia de cavalgada uma da outra. 

No Brasil a atividade tropeira ocorre ainda hoje, em espaços bucólicos, 

carentes de rede viária moderna, de construção e manutenção de rodovias, 

ferrovias, navegação fluvial e marítima e com falta de estrutura aeroviária. É o caso 

do sertão semiárido nordestino, que mantém até hoje um expressivo e vital comércio 

muar tropeiro, uma das poucas formas de comércio possível naquela região desde 

os primórdios da colonização portuguesa2. 

No caso do Rio Grande do Sul, podemos distinguir o tropeirismo de 

locomoção humana e reconhecimento do território do tropeirismo ligado às 

atividades comerciais, como se apresenta no capítulo a seguir. 

 

2.2 O tropeirismo no Rio Grande do Sul 

O tropeirismo teve início, no sul do que hoje corresponde ao Brasil, 

intrinsecamente à exploração de seu território e de suas riquezas naturais. Teve 

início com a passagem dos primeiros exploradores da costa litorânea brasileira, 

ainda no século XVI, que buscavam mapear, encontrar reservas de prata, ouro e 

outros minérios, bem como a apropriação de terras férteis para a prática da 

agricultura e da pecuária. Consequentemente, a intenção foi povoar as terras e 

inseri-las no sistema econômico pré-capitalista, o Mercantilismo, em que a produção 

colonial era exportada para a Metrópole. 

                                            
2
 Tal tema foi abordado por PAES, Jurema Mascarenhas. “Tropas e tropeiros na primeira metade do 

século XIX no Alto Sertão Baiano”, UFBA, Dissertação de mestrado, 2001. Outro espaço estudado a 
partir da temática tropeira foi Minas Gerais, no artigo científico “Negócio à moda antiga: tropas de 
comércio em Diamantina nos meados do século XX”, pelos historiadores econômicos Marcos Antônio 
Lopes e Marcos Lobato Martins, publicado em 2011. 



15 
 

No que concerne à exploração, o gado utilizado pelos tropeiros no Rio Grande 

do Sul, de um modo geral, desempenhava os papeis de: semoventes, na condição 

de gado-em-pé, quando levado de um centro criatório para o consumidor; 

cargueiros, na condição de transportadores de mercadorias, levadas no lombo (caso 

de mulas, burros, bovinos e cavalos).  

Portanto, temos o tropeirismo no Rio Grande do Sul tanto sob a forma de 

meio de transporte como de comércio. O primeiro caso, como meio de transporte, 

surgiu em decorrência da exploração do ouro nas Minas Gerais, a partir de meados 

do século XVII. Boris Fausto (1996) faz o seguinte apontamento: 

 

A economia mineradora gerou uma certa articulação entre áreas distantes 
da Colônia. Gado e alimentos foram transportados da Bahia para Minas e 
um comércio se estabeleceu em sentido inverso. Do Sul, vieram não 
apenas o gado, mas as mulas, tão necessárias ao carregamento de 
mercadorias (p. 61). 

 

Até o final do século XVII a exploração do Rio Grande do Sul era feita apenas 

por bandeirantes paulistas, interessados na escravização de povos indígenas, ou 

por criadores de gado e tropeiros oriundos da vila de Laguna, os primeiros a ocupar 

e habitar seu território. Estavam interessados na exploração do tráfico de escravos 

indígenas e no estabelecimento de currais e de fazendas voltados para a preia e 

aquisição do gado xucro, que foi deixado abandonado pelos próprios aldeões 

indígenas – fossem eles missioneiros ou independentes.  

Após os embates da Guerra Guaranítica (1750-1756), que opôs os aldeados 

Guarani dos Sete Povos das Missões Jesuíticas às tropas coloniais dos espanhóis e 

portugueses, unidas contra os nativos em decorrência da redistribuição do território 

rio-grandense, foi formulado o Tratado de Madri, de 1750. Esse acordo, resultado de 

uma negociação bilateral entre Espanha e Portugal, e que excluía os indígenas – 

estabelecidos no Centro e no Oeste rio-grandense – de qualquer compensação, fez 

com que os mesmos passassem a migrar em duas direções: ou para a inóspita 

floresta da Serra Geral gaúcha, onde já se encontravam os Kaingang e algumas 

comunidades Guarani; ou para as terras da margem direita do Rio Uruguai e 



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Reduções Jesuíticas do Paraguai, espaços que não foram violados pela ação do 

homem branco europeu. 

Da vila de São Paulo chegaram também, nessa mesma época, bandeirantes 

interessados no comércio de escravos indígenas, que eram encontrados aos montes 

nas aldeias missionárias jesuíticas localizadas à margem esquerda do Rio Uruguai e 

das quais faziam parte os Sete Povos das Missões. Após a guerra, surgiram 

tropeiros interessados na preia do gado xucro, deixado abandonado pelos índios 

missioneiros na região das Missões e na chamada Vacaria do Mar, localizada no 

centro, próximo à Lagoa dos Patos.  

Desde o imbróglio do Tratado de Tordesilhas, assinado em quatro de junho 

de 1494, até a Guerra do Paraguai, encerrada em 1875, o Rio Grande viu seus 

limites territoriais sofrerem significativas alterações, de modo que foram motivadores 

de diferentes conflitos entre os colonizadores de Espanha e de Portugal, envolvendo 

os nada neutros povos indígenas que já habitavam o solo rio-grandense, 

especialmente os Guarani, os Kaingang, os Charrua e os Minuano. Teoricamente, o 

interesse pela ocupação territorial do Rio Grande do Sul partiu inicialmente de 

espanhóis e portugueses, porém, a partir de 1626, também proveio das lideranças 

clericais da Ordem dos Jesuítas, ainda que submetidos à Coroa Espanhola. 

Na prática, entretanto, o território em questão permaneceu desocupado, sem 

atrair o interesse nem de espanhóis nem de portugueses, pois ambos o 

consideravam desprovido das riquezas naturais que tanto interessavam às duas 

potências mercantilistas, o ouro e a prata que alimentavam suas economias pré-

capitalistas. Até que atraíram as atenções dos padres jesuítas.  

Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as 

missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde, em troca do 

apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos 

missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. 

Em 1725, teve início a povoação luso-brasileira do território rio-grandense por 

filhos de proprietários de terras residentes em Laguna. Aparecem as primeiras 

estâncias, propriedades rurais de grande extensão e cuja finalidade, para os 

portugueses e, mais tarde, para o Império do Brasil, era o de ocupar e proteger 



17 
 

militarmente o território que, até o Tratado de Madri, fazia parte do império colonial 

hispânico, e que passaria às mãos dos luso-brasileiros. Entretanto, desde o início 

daquele século o Rio Grande do Sul era percorrido por tropeiros e contrabandistas 

de gado visando abastecer as Minas Gerais. De acordo com Sandra Pesavento 

(2002): 

 

O tropeio do gado fazia-se em termos de fornecimento de animais para o corte 
(gado em pé) e para o transporte na região das minas. Neste último caso, não se 
objetivava o rebanho bovino mas sim o muar. Foi preciso penetrar na área platina, 
buscando a criação de mulas que se fazia em território argentino e que 
abasteciam as minas de Potosi (p. 14). 

 

Nessa época, a mineração no Peru vinha decrescendo, enquanto estava em 

ascensão nas Gerais, e a produção e o comércio de mulas passavam a se voltar 

para o Brasil. Pesavento descreve a paisagem e o tropeio rio-grandenses do início 

do século XVIII: 

 

O Rio Grande português da época constituía-se numa estreita faixa de terra entre 
Laguna e Sacramento. Os campos apresentavam-se sem divisa e sem dono na 
fase do tropeio. Os bandos realizavam as “arriadas” (arrebanho do gado solto) e 
reuniam os animais em currais e invernadas. A partir desses pontos de 
concentração de gado, os rebanhos eram levados até São Paulo, pagando 
imposto nos registros, onde se exercia o fisco da Coroa. Nas feiras de Sorocaba, o 
gado era vendido a outro grupo de tropeiros, que realizava o transporte dos 
animais até as Minas (2002, p. 14). 

 

A historiografia, desde a segunda metade do século XX, considera que a 

incorporação e a delimitação efetiva do território do Rio Grande do Sul pelos luso-

brasileiros se deram a partir do tropeio de gado xucro abandonado pelos povos 

Guarani das Missões Jesuíticas, após a Guerra Guaranítica, momento a partir do 

qual os tropeiros passaram não apenas a explorar, mas, também, se estabelecer 

nas terras ao sul do Rio Uruguai. 

A partir de então se intensifica a produção de gado no Rio Grande do Sul, 

sendo transportado por tropeiros até Sorocaba, o que se dará até meados do século 

XX, quando as rotas por onde se deslocava o gado deixam de existir. 



18 
 

É nesta época, mais precisamente no primeiro ano de administração pública 

do município de Nova Bréscia (1965), que se encerra definitivamente o tropeirismo 

nessa região, quando as mulas deixam de transportar a produção agrícola para 

serem substituídas pelas frotas de caminhões e de caminhonetes. 

  



19 
 

 

 

 

 

 

 

3 HISTÓRIA DE NOVA BRÉSCIA 

 

No que concerne à periodização histórica de Nova Bréscia, estabeleço aqui 

um quádruplo recorte temporal: o Período Pré-Colonial, o Período Colonial-

Imigratório, o Período Distrital e o Período Municipal. 

Já com relação ao espaço geográfico ao qual me refiro nesta mesma 

monografia como Nova Bréscia, quero aqui salientar que, salvo especificações que 

acompanham tal denominação ao longo do texto, temos como representação o 

território correspondente a Nova Bréscia quando da fundação da primeira 

administração municipal após seu desmembramento do município de Arroio do 

Meio, no ano de 1964, já que anteriormente a isso sua delimitação territorial, apesar 

de não rigorosamente delimitada – em razão da carência de recursos instrumentais 

para a demarcação das propriedades –, era muito semelhante a sua delimitação em 

tal data, e mesmo com relação a seu território municipal atual. 

O município de Nova Bréscia está localizado no norte do Vale do Taquari, 

compondo um relevo acidentado – de morros –, típico da Serra Geral, da qual faz 

parte. Quando de sua emancipação, em 1964, o recém-inaugurado município 

contava com partes dos atuais municípios de Capitão e de Coqueiro Baixo. 

 

 



20 
 

3.1 Período Pré-Colonial 

Denomino, aqui, como Período Pré-Colonial, o espaço temporal que abrange 

de aproximadamente 8000 a.C. até 1895 d.C., no qual supõe-se que tenham 

circulado, pelo espaço que comporia o atual território de Nova Bréscia, povos 

indígenas dos troncos linguísticos Jê e Tupi. Supõe-se, pois se trata de um passado 

pouco conhecido pela população e mesmo pelo meio acadêmico, já que ao seu 

término houve uma ruptura radical entre nativos e colonizadores, além do fato de 

que não há nenhum sítio arqueológico. Isto se deve à falta de documentação 

histórica – ausência de fontes orais, relatos escritos, escassez de material 

arqueológico – e também ao desinteresse da sociedade bresciense – de um modo 

geral – em desvendar, em conhecer o passado indígena local. Credito esta 

seletividade, sobretudo, ao caráter etnocêntrico de sua predominante população 

ítalo-descendente, reflexo da cultura e da construção da memória dos imigrantes e 

descendentes de italianos em Nova Bréscia estabelecidos. Essa unidade étnica 

básica não significa, porém, nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram sobre 

ela três forças diversificadoras: a ecológica, fazendo surgir paisagens humanas 

distintas onde as condições de meio ambiente obrigaram a adaptações regionais; a 

econômica, criando formas diferenciadas de produção, que conduziram a 

especializações de atividades e a seus correspondentes gêneros de vida. E por 

último, a imigração, que introduziu, nesse magma, novos contingentes humanos. 

O relevo bresciense, é acidentado, composto de morros e cânions. Sua 

vegetação natural foi parte componente da Mata Atlântica, e, nos cumes dos morros, 

cuja vegetação natural hoje está, em sua maioria, preservada. Encontramos ainda, 

inclusive, algumas araucárias, árvore cuja derrubada está proibida por lei desde 

1998. 

Entretanto, a paisagem de Nova Bréscia não permaneceu imutável ao longo 

do tempo. O ser humano, por sua natureza frágil e adaptativa, necessita adaptar seu 

próprio corpo, bem como modificar o ambiente no qual circula, para sobreviver. 

Essas duas características, em conjunto, impelem-no a produzir instrumentos e 

engenhosidades que lhe permitem dominar a natureza e o espaço que o cercam. A 

essa produção denominamos cultura. Podemos afirmar que o trabalho do homem 

em sociedade determina aspectos cruciais das diversas culturas ao longo da 



21 
 

História, se aplica bem ao estudo dos grupos étnicos que ocuparam Nova Bréscia, 

especialmente com relação aos povos indígenas e aos europeus, apesar de pouco 

sabermos sobre os primeiros. As escolhas que cada sociedade faz sobre o seu 

modo de vida, como os hábitos de caça e coleta, a escolha pela agricultura, ou por 

uma vida urbana, ou ainda as formas de se relacionar com o ambiente em geral não 

são condicionadas naturalmente. São as escolhas de vida de cada sociedade.  

Por outro lado, o espaço geográfico é o espaço construído através da 

transformação do mesmo pelo homem (relação sociedade-espaço), tendo como 

finalidade a intencionalidade humana. Pode-se encontrar no espaço geográfico 

formas "naturais" (rios, planaltos, planícies) e artificiais (casas, avenidas, pontes).  

Tomando por base estudos de historiadores e arqueólogos que investigam 

povos pré-colombianos que habitaram o Baixo e o Alto Vale do Taquari, podemos 

supor que em Nova Bréscia havia, durante o período a que denominei anteriormente 

como Pré-Colonial, a caça, a coleta e a horticultura: amoras, mandioca, batatas, 

grãos, sementes de pinhão e ervas eram consumidos pelos nativos. 

Credito esta seletividade, sobretudo, ao caráter etnocêntrico de sua 

predominante população ítalo-descendente, reflexo da cultura e da constituição da 

memória dos imigrantes e descendentes de italianos em Nova Bréscia 

estabelecidos. Essa unidade étnica básica não significa, entretanto, nenhuma 

uniformidade, mesmo porque atuaram sobre ela três forças diversificadoras. A 

ecológica, que fez surgir paisagens humanas distintas onde as condições de meio 

ambiente, obrigou a adaptações regionais. A econômica, que criou formas 

diferenciadas de produção, que conduziram a especializações funcionais e aos seus 

correspondentes gêneros de vida. E por último, a imigração, que introduziu, nesse 

magma, novos contingentes humanos. 

Próximo ao perímetro urbano e em localidades do interior do município, como 

Linha Estefânia, Linha Caçador e Linha Pinheiros foram encontrados pedaços de 

vasos de cerâmica, líticos como ferramentas, facas e pontas de flecha feitas com 

ossos, objetos atribuídos a povos Guarani, mas que nunca foram examinadas nem 

coletadas por arqueólogos. Não há nem nunca houve sítios arqueológicos 

explorados em Nova Bréscia. 



22 
 

Acredita-se que o bandeirante Domingos Jorge Velho tenha passado pelas 

terras de Nova Bréscia, ainda no século XVII, tentando encontrar ouro, prata ou pau-

brasil, tendo encontrado na região dos rios Forqueta e Taquari pequenas 

quantidades de ouro de aluvião. Não deu, contudo, prosseguimento à exploração, 

apenas mapeando a área. 

 

3.2 Período Colonial-Imigratório 

O período ao qual classifiquei de Colonial-Imigratório, como o próprio nome 

sugere, foi pautado pelo estabelecimento de numerosas famílias de imigrantes 

italianos e de uma minoria de brasileiros e de afrodescendentes, muitos destes 

afirmam ser descendentes de escravos que fugiram do trabalho compulsório para 

estabelecerem, em meio à mata virgem, em quilombos. 

Quanto ao modelo econômico do Período Colonial-Imigratório, é possível 

perceber que, após um primeiro momento de ocupação irregular das terras em que 

se dá o embate pela sobrevivência do homem, aqui entregue à própria sorte, será 

implementado o sistema capitalista de produção, haja visto que a produção 

excedente será comercializada, especialmente, nos mercados porto alegrense e 

paulista, como fonte subsidiária de alimentos à disposição da classe trabalhadora. 

Antes desse período, suas terras eram parte do que se convencionou chamar 

de Terras Devolutas, das quais o planalto norte do Rio Grande do Sul – também 

conhecido como Serra Geral – era uma das regiões mais cobiçadas e que deveriam 

ser o mais brevemente possível povoadas, e de preferência por europeus. Três 

eram os motivos principais. Vamos, então, a eles. 

Primeiramente, era do interesse da Coroa, e mais tarde dos regimes 

presidenciais militares da República Velha, a defesa da soberania brasileira sobre 

seu território, com atenção maior para áreas de fronteira ou, então, desabitadas, nas 

quais a presença de homens capacitados para pegar em armas – o Exército vinha 

modernizando seu aparato bélico – era uma forma de manter um contingente 

disponível a combater possíveis civis revoltosos e ameaças externas. O europeu 

tinha mais esse preparo que os brasileiros, pois estavam habituados a conflitos 

armados e ao uso de armas de fogo modernas, como carabinas e fuzis. 



23 
 

O segundo motivo era o interesse na criação de uma área de produção rural 

composta de pequenas propriedades, de onde o excedente da produção deveria 

abastecer, principalmente, a São Paulo e a Minas Gerais, estados voltados quase 

que exclusivamente para a exportação de café e açúcar. O Rio Grande do Sul 

formava, entre os séculos XVIII e XX, um mercado subsidiário ao Sudeste, 

produzindo bens alimentícios e artesanais voltados para a alimentação dos 

trabalhadores das grandes lavouras monocultoras e agroexportadoras. 

Também havia interesse na atração de imigrantes europeus para substituir o 

trabalho escravo. Acreditava-se que a mão-de-obra branca era superior, mais 

capacitada, para desempenhar qualquer atividade laboral e intelectual, e a ideia era 

“branquear” a população brasileira, para, assim, desenvolver habilidades que 

supostamente só o caucasiano europeu era capaz de atingir. Ideia esta amparada 

pelo evolucionismo darwiniano e pela eugenia, pseudociências que estimularam o 

racismo desde o século XIX, e que ecoam na mente de muitos dos descendentes de 

imigrantes alemães e italianos do Vale do Taquari até os dias de hoje. Apesar disso, 

as gerações mais jovens são cada vez mais educadas no sentido de respeito às 

diferenças, especialmente significativas para um município em que cresce a 

presença de negros e mestiços. O que não quer dizer que o preconceito racial não 

ocorra, independente do setor da sociedade a que o bresciense pertença. 

A imigração teve início com a chegada das primeiras famílias, no final do 

século XIX. De acordo com a jornalista bresciense Deise Delazeri Scartezini (2007, 

p. 30): 

 

Os primeiros colonizadores de Nova Bréscia, vindos da Itália, 
estabeleceram-se, a princípio, às margens do Rio das Antas, nos 
municípios de Bento Gonçalves e Antônio Prado. Atraídos por terras novas 
e pelo baixo preço a que eram vendidas, por ser uma região montanhosa, 
transferiram-se para o local, onde hoje é Linha Tigrinho, interior de Nova 
Bréscia. As primeiras famílias foram as de Pedro De Maman, Domênico 
Mezacasa, Pio Casaril e Archangelo Daroit em 1895, as quais se 
estabeleceram e começaram a colonização do município. 

 

A imigração proveniente diretamente da Itália cessou nos primeiros anos da 

década de 1930, o que não significa que migrações de outros lugares do Rio Grande 



24 
 

do Sul e de outros estados brasileiros não houvesse ocorrido antes e depois de 

então. Como veremos adiante, dentre os primeiros povoadores da sede de Nova 

Bréscia estavam duas famílias de caboclos: os Freitas e os Machado. 

 

3.3 Período Distrital 

No período em que foi distrito do município de Arroio do Meio, entre 1934 e 

1964, Nova Bréscia passou a receber maior atenção das autoridades religiosas e 

políticas, especialmente devido ao fato de haver uma crescente recepção de 

famílias, sobretudo brasileiras e italianas, oriundas essencialmente de colônias 

superpovoadas da Serra Geral, principalmente de Bento Gonçalves e de Antônio 

Prado.  

A Igreja Católica acompanhou esse filão religioso. Segundo Scartezini (2007): 

 

Em 1934 foi iniciada a construção da atual igreja, toda feita de pedra ferro, usando 
o mesmo material da igreja anterior, como pedras e vitrais. Esta nova construção 
foi inaugurada em 17 de fevereiro de 1952. Em 1956, a torre que hoje abriga o 
sino da Igreja foi inaugurada, medindo 47 metros de altura (p. 31). 

 

Além do estímulo à imigração e ao povoamento do Rio Grande do Sul, os 

casais eram estimulados pelos párocos também a, desde jovens, constituírem 

famílias numerosas, de preferência gerando um filho a cada um ou dois anos, os 

quais serviriam de mão de obra barata, mas que também fariam parte de um grande 

rebanho de fieis, a base religiosa e fonte de renda da Igreja Católica, o único credo 

praticado em Nova Bréscia até o ano de 2000, quando foi instalado no município o 

primeiro templo evangélico de sua história. 

As estradas locais eram precárias até a fundação do município de Nova 

Bréscia, em 28 de dezembro 1964. Uma das primeiras medidas de João Arlindo 

Dewes, o primeiro prefeito de Nova Bréscia, que então se emancipava do município 

de Arroio do Meio, foi alargar e pavimentar com brita as estradas para assim dar 

passagem aos caminhões, substitutos dos animais de tração – especialmente os 



25 
 

cavalos e mulas – que realizaram o transporte e a locomoção através das picadas 

abertas em meio à mata. 

 

3.4 Período Municipal 

Segundo dados disponíveis no endereço eletrônico da Prefeitura Municipal de 

Nova Bréscia: 

 

O município de Nova Bréscia foi criado em 28 de dezembro de 1964, 
através da Lei Estadual nº 4.903. Em 11 de abril de 1965 é diplomado o 
primeiro prefeito o Sr. João Arlindo Deves, tendo como vice o Sr. Alfredo 
Silvestre Macagnan. A primeira câmara de vereadores foi composta por 
João Sbardelotto, Benjamin Giongo, Guido Dalpian, Alcides Armando Laste, 
Isidoro Berti, Alcides Zambiasi, Maximiliano Salami e Arlindo Simonetti 
(PREFEITURA MUNICIPAL, endereço eletrônico).  

 

Já a urbe de Nova Bréscia teve seu marco inicial em 1902, quando os 

primeiros colonizadores, os italianos de nascimento Santo Titton e João Dalnora, 

mais os brasileiros Felisberto de Freitas e João Machado, ali chegaram. Há relatos 

que retumbam a memória dos mais idosos, de que colonos se embrenhavam nas 

matas, no intuito de caçar e matar indígenas, como forma de entretenimento. 

O crescimento demográfico foi acompanhado de uma ampliação significativa 

da estrutura rural, de modo que a população passou a ocupar e cultivar as encostas 

e cumes dos morros, em busca de ampliação da capacidade produtiva e fonte de 

subsistência da sociedade bresciense. A estrutura administrativa e comercial 

também teve de ser aumentada, e em 02 de dezembro de 1934 foi, então, fundado o 

Distrito de Nova Bréscia. Foi o momento em que picadas foram ampliadas para a 

passagem não apenas de pessoas, mas de tropas de mulas, que eram os recursos 

de transporte de cargas mais eficientes para o relevo montanhoso, já que não havia, 

ainda, veículos de transporte motorizados, como caminhões e caminhonetes. 

A partir da década de 1990, o território se fragmentaria.  

Em 10 de novembro de 1991, os eleitores do então distrito de Capitão 

votaram a favor ou contra a emancipação. Em 20 de março de 1992 o distrito 



26 
 

emancipou-se, incorporando partes dos municípios de Nova Bréscia e de Arroio do 

Meio. Capitão era, até então, dividida entre a porção que pertencia ao distrito de 

Nova Bréscia e a porção que fazia parte do distrito de Arroio do Meio. Coqueiro 

Baixo, por sua vez, emancipou-se em 2000, desmembrando aproximadamente 

metade do que então compreendia o município de Nova Bréscia. 

No capítulo seguinte é abordada a atividade tropeira no município de Nova 

Bréscia. Nele se encontra uma abordagem da atividade a partir do método histórico 

da História Oral. Ou seja, os antigos tropeiros e seus familiares foram entrevistados, 

servindo de fontes orais, e essas entrevistas foram registradas por meio de gravador 

de áudio, equipamento de um celular pessoal. 

As entrevistas foram transcritas e transliteradas, e delas se extraiu a maior 

parte das informações sobre os antigos tropeiros do município. Infelizmente, a 

maioria deles já faleceu, o que dificultou a coleta de dados e restringiu as fontes de 

informação. Professores de História locais também foram entrevistados. 

  



27 
 

 

 

 

 

4 A ATIVIDADE TROPEIRA EM NOVA BRÉSCIA 

 

Dos anos 1930 até os 1960, a atividade tropeira foi intensa em Nova Bréscia. 

São diversas as características do tropeirismo no município. A análise dos 

depoimentos revela tal multiplicidade de aspectos dos tropeiros na região. 

Saliento que as entrevistas realizadas com tropeiros e familiares que aqui se 

encontram foram transcritos, e sua grafia foi ortografada, para facilitare dar mais 

sentido à leitura do presente capítulo. 

 

4.1 Características do tropeirismo em Nova Bréscia 

Conforme apresentado nos capítulos anteriores, o processo de consolidação 

da economia nacional esteve vinculado ao tropeirismo e às vias de locomoção, de 

acordo com a época e a região de que tratamos. Os primeiros tropeiros de Nova 

Bréscia foram Maximiano Salami, Albino Radaelli e João Agostini, que iniciaram 

suas atividades em 1929, quando Maximiano fundou a primeira casa de comércio da 

região, na comunidade de Coqueiro Alto/RS. O filho de Maximiano, o também antigo 

tropeiro e comerciante João Salami, relatou, em fevereiro de 2014: 

 

O pai (Maximiano Salami) tinha posses, muitas, muitas terras. Um terreno que há, 
sei lá, quase cem anos, era toda a (atual) Linha Coqueiro Alto. O pai, o pai ele era 
astuto, com os negócios, ele vendeu quase tudo o que ele tinha nas cercanias 
para investir em uma casa de comércio. Imagina, naquela época vender (quase) 
tudo para abrir um comércio, no meio do mato. As pessoas (aqui) em volta riam na 
cara dele, diziam que ele era louco. Se é coisa de fazer! Pensa! E virou o que 
virou! (João Salami, depoimento oral). 

. 



28 
 

Maximiano Salami começou a vida como agricultor ainda criança, na década 

de 1920. Desde a adolescência, nessa mesma década, até os anos 1950, adquiriu 

prestígio político. Foi vereador em Arroio do Meio entre 1952 e 1955, um homem 

considerado influente inclusive no cenário político rio-grandense, e doou terras que 

estavam em seu nome para a fundação do Salão do Clube Tiradentes e de seu 

respectivo campo de futebol, no distrito de Nova Bréscia, para a fundação do salão 

comunitário de Linha Coqueiro Alto e foi de papel decisivo na construção da ponte 

conectando Pouso Novo a Travesseiro. Acabou se tornando uma pessoa querida e 

respeitada pela sociedade do Vale do Taquari, e seu filho João o sucedeu no cargo 

de vereador em Arroio do Meio. 

Albino Radaelli, pouco antes de falecer, em junho de 2013 disse, junto à sua 

esposa, que tinha orgulho de ser o “primeiro tropeiro que Nova Bréscia viu” 

(depoimento oral). Segundo sua esposa Iris Radaelli, Albino só parou devido à idade 

avançada e às dores nas costas. Segundo ele (jun. 2013): “Com mais de cinquenta 

e cinco anos e, apesar de morar no centro de Nova Bréscia, nunca larguei a vida na 

roça e o gado de que tanto gostava” (Albino Radaelli, depoimento oral). Albino 

morreu em novembro de 2013, de causas naturais, com cento e quatorze anos.  

 É importante frisar que, por se tratar de época muito remota para os 

entrevistados, que eram de idade avançada – o mais jovem entrevistado, Néscio 

Spessatto, era nascido em 1935 –, na maioria das vezes a data exata dos 

acontecimentos não é recordada, de modo que é mais preciso aos mesmos medir o 

seu tempo de vida em décadas e acontecimentos marcantes do que em anos. 

Genoíno Spessatto, nascido em 1933 foi entrevistado em março de 2014 e 

faleceu em outubro do mesmo ano, falou sobre a transformação da paisagem local: 

 

Aqui, aqui onde nós estamos agora (enfático e apontando para o piso de sua 
casa), era tudo mato! Não havia estradas, era tudo picada! Não era como hoje, 
com casinhas, carros, asfalto! Eu quero ver não daqui a cinquenta, mas daqui a 
dez, quinze anos o que vai virar isso aqui! Ir e voltar de Linha Caçador a Linha 
Auxiliadora de mula, que era o que eu fazia, levava um dia inteiro! (Genoíno 
Spessato, depoimento oral). 

  



29 
 

O entrevistado falou longamente sobre como era o cenário antigo. Disse ele 

que o trajeto que percorria no início de sua atividade, e hoje leva cerca de “meia 

hora” para “ser percorrido de carro”, durava do nascer ao pôr-do-sol. 

A paisagem de Nova Bréscia, até o período de sua emancipação municipal, 

era marcada pelas matas fechadas, pelo relevo acidentado, pelas picadas estreitas 

e pela grande distância entre as habitações dos moradores, apesar de Néscio 

Spessatto afirmar, em sua entrevista, feita em novembro de 2013 que: 

 

A partir de quarenta e cinco, cinquenta, mais ou menos, quando eu era guri, a 
grande maioria das estradas atuais já se encontravam abertas, sob a forma de 
estreitas picadas, muitas delas por vezes cortando rios e matas selvagens, 
despenhadeiros, que tinha que se cuidar porque podia, podia morrer, talvez... Era 
assim (Néscio Spessato, depoimento oral). 

 

Néscio iniciou suas atividades para a casa de comércio Companhia Irmãos 

Dalla Vecchia quando esta tinha já mais de dez anos, segundo informou. Trabalhava 

com seu irmão, Genoíno, que estava na profissão há cerca de dez anos, com Albino 

Radaelli, que “em seus últimos três anos de carreira lhe ensinou mais sobre a 

profissão e a vida do que ninguém”, e mais três rapazes provenientes de Encantado, 

“’pelos-duros’ de quem não recordo o nome”. “Também nunca mais os vi, não sei, 

não me recordo o nome”, disse. 

Segundo os tropeiros entrevistados, a tropa era conduzida por uma mula mais 

velha, que era chamada no jargão profissional de “madrinheira”, e com um sino no 

pescoço guiava as demais mulas. Atrás ia o condutor da tropa, sobre um cavalo. 

Albino Radaelli gostava de guiar sempre à frente da tropa, o que chamava a atenção 

dos colegas e residentes locais, enquanto Néscio e Genoíno costumavam guiar seus 

respectivos rebanhos de trás, como era de costume. Maximiano, quando tropeiro, 

era condutor. Já seu filho, João Salami, quando criança, era madrinheiro, e quando 

seu pai passou para o comércio, ele passou a condutor das mulas. 

Os antigos tropeiros não sabiam ou não se lembravam do nome de quem 

vendia as mulas, pois eram compradas pelos donos de casas de comércio. Mesmo 

João Salami, filho do tropeiro e comerciante Maximiano Salami, não foi capaz de 

informar o nome do vendedor. Todos os entrevistados que foram da atividade, 



30 
 

Albino Radaelli, Néscio Spessatto, Genoíno Spessatto, e João Salami afimaram que 

as mulas eram revendidas nesses dois municípios, e que a reprodução não era 

realizada no Vale do Taquari. 

A filha do tropeiro Ângelo Viecellin, Beatriz Viecellin Valgoi, de setenta e três 

anos de idade informou, em setembro de 2014, que seu pai, nascido em 1922 dizia 

que, “quando ele trabalhou, entre os anos de 1940 e 1950, sua tropa era composta 

de carretões guiados por gado bovino, e ele ia a pé, isso no princípio”. Ela relatou 

que era bastante comum até aquela época. “Depois vieram as mulas e os carretões 

acabaram, não sei por quê”, disse. 

Curiosamente, dentre os entrevistados, apenas Albino Radaelli não chegou a 

ocupar o cargo de vereador. João Salami, como dito, sucedeu seu pai em Arroio do 

Meio. Em Nova Bréscia, Ângelo Viecellin o foi pela primeira vez entre 1977 e 1982, e 

pela segunda vez entre 1983 e 1987. Néscio Spessatto, também foi vereador entre 

1977 e 1982 pelo primeiro mandato e, pelo segundo mandato entre 1983 e 1987. 

Genoíno Spessatto foi vereador por Nova Bréscia entre 1983 e 1987. 

A explicação dada pelos entrevistados é sempre de que eram reconhecidos 

pelo povo de toda Nova Bréscia por suas atividades, todos os conheciam e 

respeitavam por seu “comunitarismo”, segundo o depoimento de Néscio. 

Os tropeiros eram também reconhecidos por levarem as notícias de casa em 

casa, de comunidade em comunidade. Seus longos deslocamentos – para uma 

época em que não havia veículos motores – era motivo para informar parentes e 

amigos distantes e gerar uma “ampliação do mundo até então conhecido”. 

Os principais produtos vendidos pelos colonos e freteados eram o feijão, o 

milho e a banha de porco, este último o produto mais valioso para produtores rurais, 

tropeiros e comerciantes. Segundo Genoíno:  

 

Primeiro o que mais ia era feijão. Tinha muito feijão, também milho, mas mais era 
feijão. Depois veio a banha. A banha sim dava dinheiro: duas latas de banha 
valiam por cinco mulas (completamente carregadas) de milho; duas mulas de 
feijão (Genoíno Spessatto, depoimento oral). 

 



31 
 

As tropas de Nova Bréscia contavam, até a década de quarenta, com apenas 

um tropeiro guiando de dez a doze mulas. Mais tarde foram adicionados uma mula 

madrinheira e o tropeiro deixou de montar em uma mula para se deslocar a cavalo. 

As mulas só foram abandonadas de sua utilização por tropeiros na década de 1960, 

quando começou a diminuir seu uso inclusive pela população, que passou a usar 

mais os cavalos como meio de transporte.  

No caso de Nova Bréscia, o tropeirismo enquanto atividade é consequência 

do melhor e maior aproveitamento das terras agrícolas, pois novas técnicas de 

preparo da terra e da lavoura, somadas a novos produtos – caso de venenos, 

sementes geneticamente superiores às anteriores, rações e vacinas –, à ampliação 

e alargamento das antigas picadas e o acesso às tropas de mulas levaram a uma 

verdadeira revolução agrícola e do espaço geográfico. 

O tropeirismo em Nova Bréscia foi uma atividade que proporcionou 

acumulação de renda aos seus habitantes, tanto aos agricultores, que 

incrementaram sua renda vendendo produtos que até então eram quase que em sua 

totalidade consumidos pela família que os produzia, quanto para os tropeiros, que 

tinham uma forma inovadora de profissão, onde até então a opção era permanecer 

na atividade rural ou abrir um comércio na localidade, o que exigia um patrimônio 

considerável por parte do indivíduo. 

Baseando-se na atividade tropeira ao longo do tempo, temos duas formas 

clássicas de tropeirismo: a de transporte de pessoas de um lugar para outro; e a de 

transporte de carga entre diferentes lugares. Este trabalho trata, no capítulo Origens 

do tropeirismo e o tropeirismo no Rio Grande do Sul, de descrever a história do 

fenômeno do nível global ao estadual, enquanto que o presente capítulo analisou e 

organizou o relato dos tropeiros que fizeram a história do município e, porquê não 

dizer, do modo como se deu a relação entre os tropeiros e a comunidade 

bresciense. 

O ciclo tropeiro em Nova Bréscia teve fim com a emancipação do município, 

quando os primeiros veículos motorizados passaram a transitar na região, as 

estradas e picadas foram alargadas e pavimentadas com brita para sua passagem e 

os caminhões e caminhonetes passaram a substituir o comércio tropeiro. As mulas 

deixaram de ser comercializadas e os antigos tropeiros passaram a investir na 



32 
 

compra de caminhões para a comercialização de doces, principalmente balas, outra 

comercialização que marcou a história de Nova Bréscia. 

 

  



33 
 

 

 

 

 

 

5 CONCLUSÃO 

 

Esta monografia procurou resgatar a memória e a identidade tropeira da 

sociedade de Nova Bréscia/RS, ao longo das décadas de 1930, 40, 50 e 60 do 

século XX. Foi possível caracterizar a atividade tropeira na cidade a partir dos 

depoimentos coletados junto a moradores e antigos tropeiros locais. Pelo método da 

História Oral, é possível considerar que as características básicas da atividade 

tropeira em Nova Bréscia estão ligadas ao transporte de tropas e mercadorias, bem 

como aos laços de sociabilidade derivados da atividade. 

É importante salientar que o capítulo Origens do tropeirismo e o tropeirismo 

no Rio Grande do Sul foi importante para a comprovação da hipótese de que é 

possível considerar que as características básicas da atividade tropeira em Nova 

Bréscia/RS estão ligadas ao transporte de tropas e mercadorias, bem como aos 

laços de sociabilidade derivados da atividade, pois mostrou a evolução desse 

fenômeno comercial ao longo do tempo e as relações políticas e sociais que ele 

proporcionou. 

O capítulo História de Nova Bréscia tomou vulto ao se voltar para a formação 

sociocultural do município, e procurou auxiliar na compreensão do capítulo posterior, 

A atividade tropeira em Nova Bréscia, de modo a esclarecer aspectos desta que de 

outro modo não seriam compreendidos em seu contexto. 

As características básicas apontadas no capítulo A atividade tropeira em 

Nova Bréscia foram: o perfil e a identidade tropeira em Nova Bréscia; o caráter 

econômico-desenvolvimentista de sua profissão; a relevância política de seus 



34 
 

membros; a transformação do espaço geográfico bresciense; e o papel 

disseminador de notícias entre membros da sociedade que eram, até o trânsito das 

tropas, quase que isolados do resto do mundo. 

Produzir esta monografia foi uma experiência de vida que me marcou 

especialmente por conhecer realidades de pessoas que, em diferentes épocas do 

século XX, viveram toda a sua existência para trabalhar e ganhar não muito mais 

que o alimento de cada dia. Que com esforço se destacaram e adquiriram respeito 

na sociedade, e que só conheceram o conforto moderno de equipamentos como um 

televisor, uma geladeira ou um ventilador nos últimos trinta anos do último século, 

quando já na terceira idade. Que não conheceram o sabor das viagens, que não 

fossem a trabalho, que festejavam um domingo por mês, se tanto. Que lutaram por 

um mundo melhor mesmo sem, muitas vezes, vir a conhecê-lo. 

Foi satisfatório registrar momentos de pessoas assim, que foram decisivas 

para o impulso econômico, para a cultura e a sociedade de Nova Bréscia e região. 

Espero ter contribuído para que a memória e a história deste município não sejam 

esquecida e que esta monografia viver fique à disposição de sua comunidade e de 

quem mais estiver por ela interessado. 

Espero que meu trabalho sirva de inspiração para outras pessoas, levando-as 

a conhecer o passado, o de sua sociedade e de seu mundo. Enquanto houver 

história sendo escrita, haverá humanidade. 

  



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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

COSTA, Elmar Bones da, FONSECA, Ricardo, SCHMITT, Ricardo (coord.). História 

ilustrada do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: RBS Publicações, 2004. 

FÉLIX, Loiva Otero. História e memória: a problemática da pesquisa. 2. ed. 

Passo Fundo: UPF, 2004. 

FLORES, Moacyr. Dicionário do tropeirismo. Porto Alegre: EST Edições, 2006. 

FLORES, Moacyr. Tropeirismo no Brasil. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1998. 

KREUZ, Marcos Rogério et al. Arroio do Meio: entre rios e povos. Lajeado: Ed. Da 

UNIVATES, 2011. 

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão et al. 5. ed. São 

Paulo: Editora da UNICAMP, 1990. 

LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. 

São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. 

MÜLLER, Carlos Alves. A história econômica do Rio Grande do Sul. 3. ed. Porto 

Alegre: Editora Grande Sul, 1998. 

PAES, Jurema Mascarenhas. Tropas e tropeiros na primeira metade do século 

XIX no Alto Sertão baiano. Salvador: UFBA, 2001. 



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PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. 9. ed. Porto Alegre: 

Mercado Aberto, 2002. 

PRFEITURA MUNICIPAL. Disponível em: 

<http://www.prefeituradenovabrescia.com.br/a-cidade/historia>, acessado em 

05 de outubro de 2014.  

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006. 

SCARTEZINI, Deise Delazeri. Jornal Nova Bréscia – 1992 a 2007: preservando a 

história de Nova Bréscia. UNIVATES: Lajeado, 2007. 

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era 

dos meios de comunicação de massa. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. 

 

Fontes Orais: 

Albino Radaelli. Depoimento oral concedido em 07 jun. 2013. 

Beatriz Viecellin Valgoi. Depoimento oral concedido em 22 set. 2014. 

Genoíno Spessatto. Depoimento oral concedido em 01 mar. 2014. 

João Salami. Depoimento oral concedido em 13 fev. 2014. 

Néscio Spessato. Depoimento oral concedido em 28 nov. 2013.  

Néscio Spessatto. Depoimento oral concedido em 04 de nov. 2014. 

 

Bibliografia consultada: 

ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2004. 

EAGLETON, Terry. A idéia de cultura. São Paulo, Editora UNESP, 2005. 

MEIHY, José Carlos Sebe Bom; Fabíola Holanda. História oral: como fazer, como 

pensar. São Paulo: Contexto, 2007.