UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU 

MESTRADO E DOUTORADO PROFISSIONAL EM  

ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ENSINO DE HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS EM UM CURSO DE 

LICENCIATURA EM QUÍMICA DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DO 

SERTÃO PERNAMBUCANO 

 

Mônica Dias de Souza Almeida 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2020



Mônica Dias de Souza Almeida 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ENSINO DE HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS EM UM CURSO DE 

LICENCIATURA EM QUÍMICA DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DO 

SERTÃO PERNAMBUCANO 

 

 

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu, Mestrado e 

Doutorado Profissional em Ensino de 

Ciências Exatas, da Universidade do Vale do 

Taquari – Univates, como requisito parcial 

para a obtenção do título de Mestre. 

 

Orientadora: Profa. Dra. Eniz Conceição 

Oliveira 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2020



Mônica Dias de Souza Almeida 

 

 

 

 

 

O ENSINO DE HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS EM UM CURSO DE 

LICENCIATURA EM QUÍMICA DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DO 

SERTÃO PERNAMBUCANO 

 

 

A Banca Examinadora abaixo aprova a Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu, Mestrado e Doutorado em Ensino de Ciências Exatas, da 

Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, como parte da exigência para a 

obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências Exatas. 

 

 

Profa. Dra. Eniz Conceição Oliveira - Orientadora 

Universidade do Vale do Taquari - Univates 

 

Prof. Dr. Marcelo Franco Leão 

IF Mato Grosso 

 

Prof. Dr. Rogério José Schuck 

Universidade do Vale do Taquari - Univates 

 

Prof. Dr. José Cláudio Del Pino 

Universidade do Vale do Taquari - Univates 

 

 

 

 

Lajeado, 17 de dezembro de 2020



AGRADECIMENTOS 

O Mestrado em Ensino de Ciências foi um sonho que pude, enfim, realizar por 

considerá-lo fundamental à minha formação. Assim, agradeço:  

Primeiramente a Deus, por ter me possibilitado chegar até o final, sempre 

colocando no meu caminho as pessoas certas. 

Ao meu amado esposo, Luis Carlos Pita de Almeida, pela dedicação à nossa 

família. Aos meus queridos filhos, Lais, Lívia e Edgar José, que diziam estar 

aproveitando ao máximo minha ausência para “aprontar” tudo que eu não permitiria. 

Aos meus pais, Maria Dias e José Rodrigues, por terem me proporcionado 

educação básica escolar, mas também os ensinamentos do respeito, educação e 

caráter. 

Aos meus amigos de mestrado do PPGECE 2019, turma maravilhosa! Muito 

obrigada pelos momentos de produção e diversão, Denise, Kafú, Carlos, Colari, Paulo 

e os demais. 

Às minhas amigas, Danielle, Kamilla e Socorro Freitas, pela força, coragem e 

ajuda. 

Aos meus alunos que cursaram a disciplina de História das Ciências do 

semestre 2020.1, por participarem ativamente da minha pesquisa, sempre dispostos 

a mergulhar comigo na História das Ciências. 



4 

 

À minha querida orientadora, Dra. Eniz Conceição Oliveira, pela compreensão 

e sabedoria em conduzir as orientações e por ser sempre humana. 

Por fim, àqueles que não estão citados aqui, mas contribuíram para a conclusão 

deste trabalho. 

 



RESUMO 

Compreender minimamente a Ciência é saber que o conhecimento cientifico demanda 
um caminhar, um processo; portanto, não nasce pronto; é construído no decorrer de 
anos, décadas ou mesmo séculos e de forma não vertical. Compreender esse 
processo e enxergá-lo no nosso cotidiano é ser alfabetizado cientificamente. Assim,  
essa dissertação  teve como objetivo promover ações pedagógicas visando levar os 
alunos a reconhecerem a importância do estudo da História das Ciências e da 
Alfabetização Científica na formação inicial de professores de Química. A temática 
abordada foi referendada com os estudos de Chassot (2018, 2004, 2003), Gil Pérez e 
et. al (2001), Sasseron e Carvalho (2011), Sasseron e Machado (2017), Carvalho e 
Gil Pérez (2011), entre outros. Como procedimento metodológico, optou-se pela 
abordagem qualitativa, na modalidade estudo de caso. Os sujeitos participantes da 
pesquisa foram 24 (vinte e quatro) alunos matriculados na disciplina de História das 
Ciências, Curso de Licenciatura em Química do IF Sertão Pernambucano no semestre 
2019.2. Como técnicas de investigação e coleta de dados, foram utilizados: mapa 
mental, nuvem de palavras, formulário eletrônico, elaboração de uma cartilha e diário 
de campo. Como procedimento de análise dos dados, foi feita uma aproximação com 
os pressupostos da técnica de análise de conteúdo, em que as informações obtidas 
foram categorizadas e chegamos a três categorias: a importância da HC para o futuro 
professor conhecer como se deu a evolução da Ciência ao longo da história, AC como 
apropriação do conhecimento científico e como habilidade de criticar e solucionar 
problemas do dia a dia e HC como possibilidade de facilitar a AC. Os resultados 
evidenciam que os alunos compreenderam a importância do estudo da História das 
Ciências, mas que não conheciam o termo Alfabetização Científica. Em relação à 
elaboração da cartilha, houve uma participação ativa dos investigados. Por fim, 
comprovou-se a necessidade de ensino nos eixos da abordagem da Alfabetização 
Científica de forma mais explicita durante o curso.  
 
Palavras-chave: Alfabetização Científica. Formação de Professores. História das 
Ciências. 
 
 



ABSTRACT 

If one minimally understands Science, one knows that scientific knowledge requires 
treading a path, going through a process. It is not something ready; it is built along the 
years, decades, and even centuries in a non-vertical manner. Understanding this 
process and seeing it in our daily lives means being scientifically literate. In this light, 
this is a thesis of a study whose purpose was to promote teaching activities that lead 
students to acknowledge the relevance of studying the History of Sciences (HS) and 
the Scientific Literacy (SL) at the beginning of the chemistry teacher education. The 
theme approached was supported by studies of Chassot (2018, 2004, 2003), Gil Pérez 
et al. (2001), Sasseron and Carvalho (2011), Sasseron and Machado (2017), and 
Carvalho and Gil Pérez (2011), among others. The methodologic procedure used was 
the qualitative approach to a case study. The subjects of the research were 24 students 
enrolled in the course of History of Sciences in the Chemistry Teaching Training 
Program of the IF Sertão Pernambucano (countryside of Pernambuco, Brazil) in 
2019/2.  The investigation and data collection techniques were a mental map, word 
cloud, electronic form, design of a booklet, and a journal. To analyze the data, an 
approach with the assumptions of the content analysis technique was carried out in 
which the information obtained was categorized in three: the relevance of the HS for 
the awareness of the teachers-to-be on the evolution of Science along history; SL as 
acquiring scientific knowledge and as an ability to critique and solve daily problems; 
and HS as a facilitator for SL. The outcomes showed that the students understood the 
relevance of studying the History of Sciences, but were not familiar with SL. In regards 
to designing the booklet, students participated actively. Finally, it has become clear 
that there is a need for teaching the principles to approach Scientific Literacy in a more 
transparent manner in this program.  
 
Keywords: History of Sciences. Scientific Literacy. Teacher Education.  

 
 

 
 

 



LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 - Mapas mentais elaborados pelos alunos .................................................. 60 

Figura 2 - Nuvem de palavras elaboradas pelos alunos: (a) 7 alunos; (b) 9 alunos; (c) 

14 alunos ................................................................................................................... 62 

Figura 3 - Modelo da capa da cartilha ....................................................................... 76 

 

LISTA DE QUADROS 

Quadro 1 - Trabalhos recentes sobre o ensino de História das Ciências na formação 

de professores ........................................................................................................... 40 

Quadro 2 - Artigos sobre o ensino de História das Ciências e a formação de 

professores................................................................................................................ 45 

Quadro 3 - Etapas e atividades da proposta pedagógica .......................................... 54 

Quadro 4 - Categorização do formulário eletrônico....................................................65 

Quadro 5- Identificação dos alunos participantes dos grupos para a elaboração da 

cartilha ....................................................................................................................... 74 

 

 

 



LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 

AC  Alfabetização Científica 

BNCC  Base Nacional Comum Curricular 

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 

CTS  Ciência Tecnologia e Sociedade 

CTSA Ciência Tecnologia Sociedade e Meio Ambiente 

HFC  História Filosofia da Ciência 

IF  Instituto Federal 

MEC  Ministério da Educação 

OCN  Orientações Curriculares Nacionais 

PIBEX           Programa Institucional de Bolsas de Extensão 

PIBIC  Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 

PIBID  Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência 

PIBIT  Programa Institucional de Bolsas de Inovação e Tecnologia 

PPC  Projeto Pedagógico de Curso 



PPP  Projeto Político Pedagógico 

SISU  Sistema de Seleção Unificada 

SUAP  Sistema de Unificação da Administração Pública 

TIC  Tecnologias da Informação e Comunicação 

UFBA  Universidade Federal da Bahia 

UNED  Unidade Decentralizada de Ensino 

UPE  Universidade de Pernambuco 

 
 



SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 
1.1 Trajetória pessoal e a disciplina de História das Ciências do Curso de 
Licenciatura em Química do IF Sertão Pernambucano ....................................... 12 
1.2 Problema ............................................................................................................ 14 
1.3 Objetivos ............................................................................................................ 14 
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 15 
1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 15 
1.4 Justificativa ........................................................................................................ 15 
1.5 Estrutura da dissertação .................................................................................. 17 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 19 
2.1 História das Ciências ........................................................................................ 19 
2.2 Evolução da Ciência.......................................................................................... 22 
2.3 O Ensino de História das Ciências .................................................................. 25 
2.4 Alfabetização Científica .................................................................................... 27 
2.4.1 Os termos Alfabetização Científica e Alfabetização Científica 
Tecnológica...............................................................................................................27 
2.4.2 Alfabetização Científica e o Ensino de Ciências ......................................... 31 
2.5 Formação de professores ................................................................................. 35 
2.6 Pesquisas recentes sobre o ensino de História das Ciências na formação de 
professores .............................................................................................................. 39 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 50 
3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................... 50 
3.2 Local e sujeitos da pesquisa ............................................................................ 51 
3.3 Coleta e análise de dados ................................................................................. 52 
3.4 Proposta de trabalho ou intervenção pedagógico ......................................... 54 
3.4.1 Primeira etapa ................................................................................................. 55 
3.4.2 Segunda etapa ................................................................................................ 55 
3.4.2 Terceira etapa ................................................................................................. 56 
3.4.3 Quarta etapa ................................................................................................... 56 
3.4.4 Quinta etapa .................................................................................................... 56 



4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 58 
4.1 Mapa mental ....................................................................................................... 58 
4.2 Nuvem de palavras ............................................................................................ 61 
4.3 Categorias emergentes do formulário ............................................................. 64 
4.3.1 A importância da HC para o futuro professor conhecer como se deu a 
evolução da Ciência ao longo da História ............................................................. 65 
4.3.2 Alfabetização Científica como apropriação do conhecimento científico e 
como habilidade de criticar e solucionar problemas do dia a dia ...................... 67 
4.3.3 História das Ciências como possibilidade de facilitar a Alfabetização 
Científica .................................................................................................................. 72 
4.4 Impressões da elaboração da cartilha............................................................. 74 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 78 
 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80 
 
APÊNDICES ............................................................................................................. 86 
APÊNDICE A - Roteiro do formulário eletrônico aplicado com os alunos do Curso 
de Licenciatura em Química ................................................................................... 87 
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os alunos do 
Curso de Licenciatura em Química ....................................................................... 88 
APÊNDICE C - Termo de Anuência da Instituição participante da pesquisa ..... 89 
 
ANEXO ..................................................................................................................... 90 
ANEXO A - Plano de Disciplina de História das Ciências .................................... 91 
 
 



12 

 

1 INTRODUÇÃO 

 Neste capítulo, apresentamos a trajetória profissional, a disciplina de História 

das Ciências do IF Sertão-PE Campus Petrolina, a  justificativa pela escolha da 

temática, o problema, os objetivos traçados para investigá-lo para a elaboração do 

produto educacional e a estrutura da dissertação.  

 

1.1 Trajetória profissional e a disciplina de História das Ciências do Curso de 

Licenciatura em Química do IF Sertão Pernambucano 

 

Cursei o Ensino Médio profissionalizante na antiga Escola Técnica Federal de 

Pernambuco-UNED (Unidade de Ensino Descentralizada) de Petrolina, uma 

conquista que foi bastante comemorada por minha família, pois se tratava de uma 

escola de referência e de qualidade que nos preparava para o mundo do trabalho, 

como também, para o vestibular. Entre os cursos ofertados, escolhi o Técnico em 

Química. 

Assim, ao término do Ensino Médio Profissionalizante, estagiei por um ano na 

Empresa de Abastecimento de Água da cidade de Petrolina, a Compesa (Companhia 

Pernambucana de Saneamento e Água), e ministrava aulas em uma Escola Estadual, 

como professora substituta de Química. Foi um período de muita aprendizagem, pois 

vinha de um ensino conteudista e tecnicista, como também nunca havia tido qualquer 

experiência, até então, em sala de aula. Logo me encantei pela profissão. 

Em 2002, ingressei no curso de Pedagogia na Universidade de Pernambuco 

(UPE); contudo, meu sonho era o Bacharelado ou a Licenciatura em Química, mas  



13 

 

não pode ser  possível na ocasião devido a problemas pessoais. Após quatro anos 

concluí o curso com a sensação de que algo necessitava ser preenchido. No ano  de 

2006, o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Campus Petrolina 

implantou a Licenciatura em Química, curso esse pioneiro na Região do Vale do São 

Francisco. Já no ano seguinte, iniciei o curso,  realizando, enfim, meu sonho. Em 2010, 

graduei-me em Licenciatura em Química, cujas disciplinas envolviam unicamente 

teorias e cálculos, sem permitir discussões, trocas de ideias, exceto a de Metodologia 

do Ensino de Química. No final do Curso, no oitavo módulo, deparei-me com a 

disciplina de História das Ciências (HC), presente no Projeto Pedagógico do Curso 

(PPC), que tive um imenso prazer de estudar.  

Logo de início me chamou atenção a forma como o professor  nos sensibilizava 

para compreender a HC com um olhar mais amplo e questionador, essa abordagem 

me fez enxergar à componente curricular não apenas como mais uma a ser cursada  

e sim uma importante componente do curso que contribuiria de forma bastante 

significativa para a minha formação como professora pesquisadora além de contribuir 

para a  compreensão de muitas outras. 

Conhecer a Ciência é ter um olhar diferenciado  sobre as coisas; estudar como 

se deu o conhecimento; refazer concepções; relacionar contextos sociais com 

determinadas invenções e realizar novas descobertas. Estas foram abordagens 

discutidas e analisadas nas minhas aulas de  HC na graduação. 

A componente denominada ‘História das Ciências’ faz parte dos 57 (cinquenta 

e sete) componentes curriculares obrigatórios do Curso de Licenciatura em Química 

do IF Sertão-PE, Campus Petrolina. Ela é ofertada no oitavo módulo aos alunos que 

ingressaram antes de 2018 e, no quarto módulo, para os matriculados nesse ano, pois 

houve uma reformulação do PPC para atender à Resolução nº 02 de julho de 2015 

(BRASIL, 2015).  Assim, atualmente, existem duas matrizes no Curso em questão. 

A disciplina  de HC  escolhida para desenvolver a investigação tem como 

ementa Estudar a Ciência na antiguidade, modernidade e contemporaneidade. Ela 

contempla um estudo geral sobre a história, a natureza e as concepções das Ciências, 

enfatizando a História da Química. Há seis anos, leciono a citada disciplina no Curso 

de Licenciatura em Química; logo, posso afirmar que conheço um pouco a sua 



14 

 

realidade. 

No entanto, alguns entraves permeavam o desenvolvimento da mesma. Na 

matriz antiga, era ofertada no último módulo, contribuindo para o desinteresse dos 

alunos por esse estudo em função de eles estarem sobrecarregados e/ ou terem sido 

reprovados em outras disciplinas. Ademais, poderiam estar envolvidos em Estágios 

Curriculares Supervisionados (400h); projetos institucionais, como o Projeto 

Institucional de Bolsas Iniciação Científica (PIBIC), Projeto Institucional de Bolsas de 

Iniciação Tecnológica (PIBIT), Projeto de Bolsas de Extensão (PIBEX), Projeto 

Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) e/ou a Residência Pedagógica. 

Na nova matriz, implantada em 2018, alunos que estavam no segundo ano do 

Curso (duração de nove módulos ou quatro anos e meio), ainda não haviam 

incorporado a formação de professores em suas vidas. O fato é que, para muitos 

deles, a Licenciatura em Química foi a única opção para serem selecionados pelo 

Sistema de Seleção Unificada (SISU), o que lhes impossibilitou cursar o que 

realmente desejavam.  O SISU é a plataforma desenvolvida pelo Ministério da 

Educação do Brasil (MEC) utilizada para indicar os alunos que entrarão nas 

instituições públicas de Ensino Superior e nos Institutos Federais. Esse cenário 

impede que parte significativa dos alunos tenha motivação para aprender.  

 

1.2 Problema 

 

Diante disso, a questão de pesquisa que buscamos responder é esta: Como 

contribuir para que os alunos da disciplina de História das Ciências do Curso de 

Licenciatura em Química Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do 

Sertão Pernambucano, Campus Petrolina, percebam a importância deste estudo para 

a sua formação inicial e quais as suas concepções em relação à Alfabetização 

Científica? 

 

1.3 Objetivos 

 

Com base no problema de pesquisa, elencamos os objetivos geral e 



15 

 

específicos, abaixo descritos.  

 

1.3.1 Objetivo geral 

 

Promover ações pedagógicas que levem os alunos da disciplina de História das 

Ciências do Curso de Licenciatura em Química Instituto Federal de Educação Ciência 

e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Campus Petrolina, a reconhecerem a 

importância do estudo da História das Ciências e da Alfabetização Científica na 

formação inicial de professores de Química. 

 

1.3.2 Objetivos específicos 

 

− Propor aos alunos participantes a realização de uma pesquisa bibliográfica 

para apresentar a evolução das Ciências e sua relação com o cenário social 

de cada época. 

− Identificar a concepção de Alfabetização Científica dos alunos matriculados 

na disciplina de História das Ciências do   Curso de Licenciatura em Química 

do IF Sertão-PE no semestre 2019.2. 

− Refletir com os alunos, por meio de diferentes metodologias de ensino, 

sobre a importância do estudo da História das Ciências para a formação 

inicial de professores. 

− Construir com os alunos uma cartilha com temas pré-estabelecidos. 

Apresentando algumas descobertas da Ciência, os cientistas, o contexto 

histórico destas descobertas e a sua importância para a sociedade. 

 

1.4 Justificativa 

 

Compreendemos que conhecer minimamente a Ciência é saber que o 

conhecimento científico demanda um caminhar, um processo; portanto, não nasce 

pronto; é construído no decorrer de anos e de forma não vertical. Dependendo de 

vários fatores e das investigações e comprovações da comunidade científica, ele 

também pode ser mutável, estando, desse modo, em constante construção, o que 



16 

 

torna importante o estudo da HC. 

Para Beltran, Saito e Trindade, 

A História da Ciência vem sendo valorizada por professores e educadores 
envolvidos nos diversos níveis de ensino. Tal interesse fundamenta-se nas 
possibilidades que a abordagem da História da Ciência oferece para reflexão 
e discussão da gênese e da transformação de conceitos sobre a natureza, as 
técnicas e as sociedades, bem como, na análise dos diversos modelos de 
elaboração de conhecimentos. Nesse sentido, a relevância da História da 
Ciência tem sido particularmente considerada na formação de professores 
(2014, p. 101). 
 

De acordo com os autores supracitados, um breve levantamento apontou que, 

no Brasil, tem havido um aumento significativo no número de Cursos de Pós-

Graduação relacionados à temática História e Filosofia da Ciência (HFC). Alguns 

programas se referem especificamente a essa relação, como o da Universidade 

Federal da Bahia (UFBA), no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e 

História da Ciência; Universidade Federal do ABC (UFABC); Universidade Estadual 

de Campinas (UNICAMP); Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal 

de Minas Gerais (UFMG), entre outros. 

O estudo da HC é fundamental à formação de professores, pois oportuniza ao 

futuro docente conhecer melhor a Ciência que vier a ensinar, compreender fatos 

históricos que ocorreram na antiguidade e sua relação com os contextos religiosos, 

sociais e econômicos, bem como a influência que tais fatos exerceram na organização 

da Ciência. Como afirma Chassot, 

Conhecer a ciência tem demonstrado ser uma enorme aventura intelectual. 
Conhecer sua história constitui, muitas vezes, um gostoso garimpar nos 
rascunhos do passado, vendo o quanto cada civilização se desenvolveu até 
um determinado estágio para poder enfrentar os desafios da natureza. Hoje, 
da mesma maneira que para os nossos ancestrais, a ciência está sempre 
presente. A tecnologia envolvida na construção de uma faca de pedra polida 
foi tão desafiadora quanto a inteligência posta a serviço do desenvolvimento 
de um supercomputador no final do século XX (2004, p. 9). 
 

Isso significa que , cabe a nós, professores, sabermos como se dá a construção 

do conhecimento e fazermos com que os alunos também conheçam essa construção 

de maneira prazerosa. Segundo Moura (2014), a compreensão da Natureza da 

Ciência é considerada um dos preceitos fundamentais à formação de alunos e 

professores, tornando-os mais críticos à medida que os estudos trazem elementos 

que melhor apresentam o conhecimento científico e os fatores internos e externos que 



17 

 

o influenciam. Em seu trabalho, Martins menciona que 

Vários cursos de licenciatura das áreas científicas, nos últimos anos, têm 
contemplado essa questão, seja por intermédio de uma disciplina específica 
que trate do conteúdo histórico e filosófico, seja de um modo mais “disperso”, 
em que esses elementos encontram-se presentes nos róis de conteúdos de 
outras disciplinas, em seminários, etc. Dessa forma, espera-se dar conta, 
minimamente, dessa necessidade formativa dos professores, com reflexo em 
suas práticas (2007, p. 115).  

 

 A importância dessa temática pode ser percebida no aumento dos cursos de 

pós-graduação como visto anteriormente ou até mesmo no números de trabalhos que 

são destinados a essa temática, assim sendo necessário sua discussão desde a 

formação inicial de professores, como citado acima. Essa abordagem pode se dar de 

forma explicita nas disciplinas ou em trabalhos com temáticas transversais. 

 

Muitas pesquisas realizadas na Área do Ensino de Ciências mostram como 

alunos e até professores têm concepções distantes do fazer científico, fato que 

demonstra a necessidade de estudo. “Assim, a História e Filosofia da Ciência surge 

como uma necessidade formativa do professor, na medida em que pode contribuir 

para evitar visões distorcidas sobre o fazer científico [...] e proporcionar uma 

intervenção mais qualificada em sala de aula” (MARTINS, 2007, p. 115). 

Além dos pontos colocados anteriormente, a falta de motivação dos alunos pela 

aprendizagem de HC tem inquietado a pesquisadora, motivo pelo qual optou por esta 

temática.  Outra justificativa para a escolha deste assunto, está relacionada ao seu 

encantamento pela HC, além de sentir a necessidade de uma formação mais 

específica para lecionar com mais qualidade a disciplina. 

 

1.5 Estrutura da dissertação 

 

A seguir, apresentamos a dissertação de mestrado, que está organizada em 

cinco capítulos que são: introdução, revisão de literatura, procedimentos 

metodológicos, resultados e discussão e por fim as considerações finais elaborada 

após a realização de todas as demais. Essa está dividida da seguinte forma:  

No primeiro capítulo -  introdução, já apresentada -, expomos as ideias centrais 

desta pesquisa, o cenário na qual se deu a investigação, as motivações que levaram 

pra escolha dessa temática, a justificativa, a questão de pesquisa e os objetivos. 



18 

 

No segundo – a revisão de literatura -, apresentamos a fundamentação teórica 

que embasou este trabalho, com os subitens: História das Ciências, Alfabetização 

Científica, formação de professores e, por fim, as pesquisas recentes sobre o Ensino 

da História das Ciências na formação de professores. 

No terceiro - procedimentos metodológicos -, esse capítulo é dividido em quatro 

sessões sendo elas; tipo de pesquisa, sujeitos da pesquisa, coleta de dados, proposta 

de trabalho ou intervenção pedagógica descrevemos os caminhos traçados para 

desenvolver a pesquisa e os sujeitos participantes. 

No quarto, analisamos os resultados elaborados a partir dos instrumentos 

utilizados tais como o mapa mental, nuvem de palavras e do formulário eletrônico 

preenchido pelos participantes além das observações coletadas via diário de campo 

e as intervenções realizadas durante a pesquisa. 

No último -  considerações finais do trabalho -, fazemos um relato das análises 

realizadas durante a intervenção e a investigação traçados como objetivos do estudo 

apresentando todos os resultados obtidos e apontando futuras pesquisas . 

 



19 

 

2 REVISÃO DE LITERATURA 

Para dar suporte teórico à pesquisa, buscamos realizar um estudo bibliográfico 

contemplando os seguintes temas: HC, AC e formação de professores. Em seguida, 

apresentamos características das   pesquisas recentes que trazem como temática  o 

ensino da HC na formação de professores. 

 

2.1 História das Ciências 

 

Ao descobrir o fogo, o homem primitivo realizou um dos maiores marcos da HC, 

pois impulsionou significativamente a evolução.  Segundo Chassot (2004), essa 

descoberta gerou grandes benefícios aos indivíduos; por outro lado, a tarefa foi 

considerada bastante perigosa por se tratar de algo relacionado a forças sobre-

humanas. Assim, iniciou o percurso do avanço da Ciência. 

Atualmente, deparamo-nos com conceitos de Ciência, método científico, 

conhecimento científico. Mas o que é conhecimento? O que é Ciência?  

“Conhecimento é a ação de entender por experiência, informação ou Ciência” 

(BUENO, 2007, p. 189). “Ciência, conjunto de conhecimentos coordenados 

relativamente a determinado objeto, estudo sistematizado” (BUENO, 2007, p. 166). A 

questão é se podemos defini-la de forma tão precisa como encontramos em muitos 

dicionários ou é um conceito tão complexo que dificilmente se consegue elaborar.  

Para Sasseron e Machado, 

Ciência é um modo de ver compreender os fenômenos naturais; que a lógica 
e a objetividade costumam ser as bases que fundamentam sua construção; 
e que as proposições científicas, bem como os processos para chegar a elas, 



20 

 

estão embrenhados de característica sócio-histórico e culturais (2017, p. 14). 
 

 A Ciência traz em sua constituição diversos fatores que influenciam sua 

construção como questões sociais, econômicas, religiosas e culturais, portanto não é 

feita do acaso ou mesmo neutra, mas sim em uma rede de interligação 

 

Tão complexa é a Ciência e sua estrutura que, na Química, temos como 

exemplo a teoria do flogisto, que, por muito tempo, dominou as explicações das 

reações químicas de combustão, sendo, anos depois, substituída pelas explicações 

de Lavoisier. Essa teoria, elaborada do George Ernest Stahl, afirma que a queima dos 

materiais emite a combustão, tornando-os mais leves, mas sem explicar quando a 

massa aumenta. Desse modo, outras rupturas importantes ocorreram no decorrer da 

HC, como do geocentrismo para o heliocentrismo, criacionismo para o evolucionismo, 

entre outras, como afirma Chassot (2004). 

De acordo com Chassot (2018), a Ciência não contém a verdade, mas lhe cabe 

o papel de diminuir o trabalho do homem e melhorar a sua qualidade de vida. Até o 

século XIX, ela representou a certeza; no XX, a incerteza. Mas, além disso, causou 

muito mal ao planeta e à natureza. Infelizmente, essas oscilações tendem a provocar 

uma instabilidade, pois concedem espaço à pseudociência ou falsas Ciências. 

Chalmers (1993), em sua obra clássica O que é ciência, afinal?, afirma que ela   

desfruta de  alta credibilidade em nossa sociedade; entretanto,  o método indutivo, por 

meio do qual as leis científicas são elaboradas mediante observações, é uma forma 

ingênua, pois pode levar ao engano. No decorrer da leitura, ele revela que os estudos 

da Filosofia da Ciência identificam muitos problemas e dificuldades dessa visão 

simplificada. O autor sustenta também que “uma característica importante da ciência 

é sua capacidade de explicar e prever” (CHALMERS, 1993, p. 22), o que lhe garante 

a confiança da sociedade. Em relação ao conhecimento científico, o citado 

pesquisador defende que é preciso vê-lo não como algo comprovado, mas que é 

provavelmente verdadeiro. Acrescenta que 

A ciência é como um corpo de conhecimento historicamente em expansão e 
que uma teoria só pode ser adequadamente avaliada se for prestada a devida 
atenção ao seu contexto histórico. A avaliação da teoria está intimamente 
ligada às circunstâncias nas quais surge (1993, p. 53). 
 

Consequentemente, podemos afirmar que a Ciência constrói modelos, 



21 

 

conceitos, leis, métodos, além de se transformar ao longo do tempo e de acordo com 

o contexto social e histórico de cada época. Nesse sentido, busca sempre manter a 

sua credibilidade. 

Gil Pérez et al. (2001) apontam que docentes com formação em Ciências, seja 

de Química, Física, Biologia, entre outras, ainda não adquiriram a noção adequada 

para representarem uma forma correta da construção do conhecimento científico. Em 

suas pesquisas, que tiveram como metodologia a aplicação de workshops com grupos 

de professores, os autores analisaram as concepções desses profissionais em relação 

ao trabalho científico e à Ciência. 

Diante disso, Gil Pérez et al. (2001) citaram sete visões, segundo eles, 

“deformadas”, ou seja, não adequadas a indivíduos que lecionam disciplinas 

científicas (Química, Física e Biologia). São elas: concepção empírica indutivista e 

ateórica -  trata a Ciência como neutra; visão rígida do conhecimento científico 

(algoritmia, exata, infalível) - o método científico é apresentado como uma sequência 

de etapas definidas, rigoroso e exato; visão problemática e histórica- elabora os 

conhecimentos sem mostrar os problemas que os geraram;  visão da Ciência, que é 

exclusivamente analítica -,  trata a divisão do conhecimento de forma fragmentada e  

não  como interdisciplinar; visão acumulativa de crescimento linear; visão do 

pensamento indutivista e elitista da Ciência-  o conhecimento científico aparece como 

uma obra de gênios isolados e, por fim, a visão socialmente neutra- é a ideia de 

Ciência como soberana, isolada da sociedade e que apenas exerce um papel 

benéfico.  A última, atualmente, está sendo desmontada, de acordo com os nomeados 

autores, em função de correntes   que procuram apresentar a Ciência interligada à 

sociedade. O exemplo maior seria o movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade 

(CTS), que vem confrontando as relações da Ciência com as tecnologias e as 

sociedades. 

Nessa vertente de pensamento, é possível considerar que a Ciência é mutável 

e dinâmica, e o seu objetivo é buscar explicar os fenômenos naturais sem que sejam 

verdades absolutas, fixas e concretas. Em outras palavras, não existe um método 

científico único, mas várias metodologias que dão margem a desacordos; porém, 

dentro de uma coerência científica. A teoria não é consequência da 

observação/experimento e vice-versa. Ainda segundo Gil Pérez et al.  (2001), vários 



22 

 

autores têm combatido essa ideia errônea da Ciência, enraizada no senso comum, de 

que a experimentação prova a teoria. 

Essa ideia nos levou a entender que a Ciência é influenciada pelo contexto 

social, cultural, político no qual é construída. Sendo assim, nela não há neutralidade, 

já que o cientista não está isolado dessa conjuntura. Ele tem crenças pessoais, recebe 

influências externas, pois, como os demais, é humano e comete erros. Sendo assim, 

é necessário que o conhecimento seja levado a todos na forma de Ciência, de maneira 

democrática e desmistificada conforme coloca Chassot: 

Há duas dimensões que demandam estudos e investigações: a primeira, o 
quanto o conhecimento científico é uma instância privilegiada de relações de 
poder e esse conhecimento, como patrimônio mais amplo da humanidade, 
deve ser socializado; a segunda, o quanto há cada vez mais exigências de 
que migremos do esoterismo ao exoterismo, para que se ampliem as 
possibilidades de acesso à ciência (2003, p. 96). 
 

Em conformidade com essas ideias, a Ciência precisa ser levada a todas as 

pessoas visando à compreensão dos fenômenos naturais, sociais, políticos e 

religiosos. O indivíduo que a ela tem acesso e a compreende no seu mínimo contexto 

é capaz de exercitar a cidadania de maneira consciente, sentindo-se, assim, 

alfabetizado cientificamente (CHASSOT, 2018); (SASSERON; CARVALHO, 2011); 

(SASSERON; MACHADO 2017); (DEMO, 2014); (AULER, 2003). 

 

2.2 Evolução da Ciência 

 

O conhecimento nem sempre esteve organizado como o entendemos e 

chamamos hoje: Científico ou da Ciência. Para receber essa denominação, percorreu 

um longo caminho; quebrou várias barreiras, iniciando sua consolidação a partir do 

século XVII, com a “Revolução Científica (CHASSOT, 2004). 

Os historiadores consideram os séculos XV, XVI e XVII como os períodos de 

transição entre duas expressões de Ciência: a antiga e a moderna. Beltran, Saito e 

Trindade enfatizam que, 

[…] contudo, deve-se ressaltar que isso não significa que a passagem de uma 
expressão de conhecimento a outra se fez porque a ciência antiga era inferior, 
imprecisa e menos verdadeira em relação à moderna. Devemos aqui 
observar que a ciência moderna não é um aprimoramento de uma ciência 
antiga, visto que elas não só colocam diferentes questões, mas também 
expressam diferentes preocupações referentes à natureza, às técnicas e ao 



23 

 

homem. De modo geral, considera-se que essa passagem deu-se por causa 
de uma Revolução Científica (2014, p. 82). 
 

Assim sendo, podemos afirmar que a revolução, na qual a Ciência antiga cede 

seu lugar à moderna, inicia com a passagem do teocentrismo para o 

antropocentrismo. O primeiro tem a religião como tema central, filosofia ou doutrina 

que considera o divino como explicação para as coisas do mundo. Já o segundo é 

uma concepção que coloca a humanidade no centro do pensamento sociológico, o 

que configura uma grande quebra de paradigma na ótica de Chassot (2004). 

Dos filósofos que defendiam a corrente do antropocentrismo, estavam Nicolau 

Copérnico, que deu início à quebra do paradigma teocentrismo/antropocentrismo. Ele 

foi o responsável pela importante virada na HC. Para Chassot (2004, p. 137), foi 

Um estudante de direito canônico e astronomia. Nos setenta anos de vida de 
Copérnico, a humanidade viveu um de seus períodos mais excitantes: 
Colombo descobriu novas terras, Magalhães circun-navegou a terra, Vasco 
da Gama chegou pelos mares à Índia, Lutero fez a Reforma, Michelangelo 
brilhou nas artes; a medicina, com Paracelso e Andre Vesálio, teve suas 
bases definidas; Leonardo da Vinci foi a síntese da genialidade. 
 

Notoriamente, Copérnico viveu tempos relevantes para a história tanto da 

Ciência como do desenvolvimento da humanidade. “A astronomia de Copérnico era 

audaciosa em 1534 porque se opunha à suposição prévia de que a Terra era 

estacionária no centro do universo” (CHALMERS, 1993, p. 76). Em meio a esse 

importante período, Copérnico, com receio da Igreja, nunca publicou oficialmente suas 

ideias; contudo, em seus estudos, havia explicações, “hipóteses”, sobre o movimento 

da Terra, que revolucionaria a Ciência. Assim, ele foi considerado o idealizador do 

sistema heliocêntrico. “É importante destacar que o universo Copérnico não 

apresenta, ainda, a inovação que poderia distinguir mais radicalmente o proposto por 

Aristóteles” (CHASSOT, 2004, p. 140). Após a morte do filósofo antropocentrista, 

nasceu outro estudioso e curioso a respeito da astronomia: 

Galileu Galilei (1564-1642), italiano nascido em Pisa, é considerado um dos 
criadores da Ciência moderna. Desde sua infância, recebeu uma educação 
que valorizava as artes, acolhendo as novas ideias com entusiasmo 
(CHASSOT, 2004, p. 145). 
 

Entre outras atividades, dedicou-se à construção de telescópios. “Foi a Roma 

mostrar os céus com o telescópio, quando, nas igrejas, principalmente, na dos 

dominicanos, pregava-se contra o copernicanismo, que era comparado àqueles que 



24 

 

praticavam a 1 cabala e a numerologia” (CHASSOT, 2004, p. 146). Com o 

desenvolvimento do telescópio, bem como a teoria ótica, Galileu pôde, então, 

confirmar que, de fato, o sol é o centro do universo e que não se move. Por causa 

dessa afirmação, foi preso, torturado e obrigado pela Igreja a desfazer suas 

concepções diante da sociedade. Nesse contexto, após longa caminhada, a Ciência 

moderna se estabeleceu. Para Beltran, Saito e Trindade (2014, p. 79), 

A ciência moderna, portanto, não surgiu de um dia para o outro, nem a partir 
de uma única proposta. Desde suas origens, ela foi se moldando lenta e 
gradativamente em meio a diversos debates em que questões de natureza 
“científica” e “extracientífica” (ou seja, que não estão necessariamente 
relacionadas ao conhecimento científico no sentido estrito, tal como hoje 
entendemos) se entrelaçam, formando um rico tecido sobre o qual se debruça 
o historiador da ciência. 
 

Com o passar do tempo, especialmente a partir de acontecimentos, como a 

Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa, a Ciência se fortaleceu 

cada vez mais, consolidando-se no século XVIII, que ficou conhecido como o Século 

das Luzes. De acordo com Chassot (2004), no XIX, com variadas tecnologias, 

surgiram novos e modernos produtos, e a Ciência passou a responder às 

interrogações da humanidade e interferir na natureza sem nenhuma preocupação 

ambiental e social. 

Entretanto, no século XX, a Ciência moderna, de estrutura sólida, teve sua base 

abalada, sendo, portanto, questionada. Conforme os autores Beltran, Saito e Trindade 

(2014, p. 97), 

[...] a teoria da relatividade, as teorias da genética e da robótica e outros 
desdobramentos em que a ciência e a tecnologia estavam envolvidas 
desenvolveram diferentes maneiras de se fazer ciência. Começa aí, tal como 
vimos anteriormente, o grande debate sobre os fundamentos da ciência 
moderna em que participam matemáticos, químicos, físicos e toda sorte de 
filósofos da ciência, tais como Schlick, Carnap, Bacherlard, Popper, Kuhn, 
entre muitos outros. Além disso, a própria ciência moderna passaria a ser 
questionada em virtude dos inúmeros desastres ambientais e humanos 
provocados não só pela indústria, mas também pelas duas grandes guerras 
no início do século XX. 
 

Entre outros fatores, fica evidente que a Ciência não é neutra e nem feita por 

gênios, podendo ser influenciada por razões externas, tais como: humanas, religiosas 

e econômicas, colocadas de forma oculta ou, em alguns casos, explicita. Portanto, “a 

 
1 Cabala: Ciência oculta que pretende estabelecer comunicação com os espíritos. 

Numerologia Análise do significado oculto dos números e da forma como eles podem influenciar a 
vida, o comportamento e o destino das pessoas (BUENO, 2007). 



25 

 

História da Ciência é o estudo da forma de elaboração, transformação e transmissão 

de conhecimentos sobre a natureza, as técnicas e as sociedades, em diferentes 

épocas e culturas” (BELTRAN; SAITO; TRINDADE, 2014, p. 15). Sendo assim, para   

a formação de professores de qualquer área, é fundamental que a Ciência não seja 

apenas estudada, mas, principalmente, compreendida; e seus benefícios e malefícios, 

conhecidos. 

2.3 O Ensino de História das Ciências 

 

A existência do Ensino de HC, que viabilize o rompimento de concepções 

inadequadas da Ciência, se faz cada vez mais necessária. Esse tema, como também 

a possibilidade de um ensino que se “concretizaria mais facilmente” com abordagem 

histórica, frequentemente está sendo debatido em simpósios, congressos e na área 

de Pós-Graduação. 

No Brasil, documentos norteadores, como as orientações curriculares para o 

Ensino Médio (OCN) de 2006, já enfatizavam a necessidade da interligação da 

História com os conteúdos para que houvesse uma melhor compreensão. Assim,  

O reconhecimento e compreensão da ciência e da tecnologia químicas como 
criação humana, inseridas, portanto na história e na sociedade em diferentes 
épocas. Compreensão do papel desempenhado pela Química no 
desenvolvimento tecnológico e a complexa relação entre ciência e tecnologia 
ao longo da história (BRASIL, 2006, p.113). 
 

Nessa perspectiva, os OCN´s já orientavam os professores a trabalharem o 

Ensino de Química mediante a introdução da HC, perpassando pela disciplina de 

forma interdisciplinar, sempre apresentando a característica dinâmica na qual o 

conhecimento é concretizado. Atualmente, a Base Nacional Comum Curricular 

(BNCC) é o documento que norteia o trabalho de docentes, pedagogos e escritores 

de livros didáticos. Nela, também se encontram referências ao Ensino da HC na 

Educação Básica. 

A contextualização histórica não se ocupa apenas da menção a nomes de 
cientistas e a datas da História da Ciência, mas de apresentar os 
conhecimentos científicos como construção socialmente produzidas, com 
seus impasses e contradições, influenciando sendo influenciadas por 
condições políticas, econômicas, tecnológicas, ambientais e sociais de cada 
local, época e cultura (BRASIL, 2015, p. 550). 
 

Sob o mesmo ponto de visto, ambos os documentos - OCN e BNCC - orientam 



26 

 

o Ensino da HC como fator que poderá auxiliar na melhoria da compreensão das 

teorias e conceitos do fazer científico, de forma que a construção do conhecimento se 

faça num contexto que proporcione a análise das diferentes épocas. Mas não é o que 

geralmente tem acontecido nas salas de aulas, haja vista   os professores trabalharem 

os conteúdos com os alunos sem estabelecer qualquer tipo de conexão, como a 

Histórica, ou contextualizar uma metodologia interdisciplinar. “Quando utilizados se 

referem a aspectos históricos “internos” da Ciência (ênfase na visão internalista da 

Ciência), como biografias, anedotas, inventos técnicos, ou de alguma área conceitual 

específica” (LOGUERCIO, DEL PINO; , 2006, p. 67). 

O estudo da HC nas disciplinas poderia tornar a aprendizagem mais 

significativa, possibilitando a compreensão das teorias e/ou as leis com mais solidez. 

Dessa forma, teríamos o parâmetro do contexto no qual se gerou determinado 

conhecimento (MATTHEWS, 1995). 

Visando à relação do Ensino de Ciências, aliada à abordagem da HFC, 

Matthews (1995) desenvolveu seus argumentos amparado nas propostas do Currículo 

Nacional Britânico e nas recomendações contidas no Projeto 2061 da Associação 

Americana para o Progresso da Ciência (AAAS). O autor sustenta que o Ensino da 

HC contribuiria para a melhoria da compreensão e aprendizagem, pois 

(1) motiva e atrai os alunos; (2) humaniza a matéria; (3) promove uma 
compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu 
desenvolvimento e aperfeiçoamento; (4) há um valor intrínseco em se 
compreender certos episódios fundamentais na História da Ciência -a 
Revolução Científica, o darwinismo, etc.; (5) demonstra que a ciência é 
mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico atual está sujeito 
a transformações que (6) se opõem a ideologia cientificista; e, finalmente, (7) 
a história permite uma compreensão mais profícua do método científico e 
apresenta os padrões de mudança na metodologia vigente (1995, p. 172). 
 

Dessa forma, Matthews enfatiza que um ensino fundamentado na HC 

oportuniza aos alunos uma compreensão mais clara sobre o método científico e 

motivá-los à aprendizagem. Para alcançarmos esses objetivos, precisamos de 

professores preparados para trabalhar essa abordagem. Conforme apontam 

Loguercio e Del Pino  tão importante quanto entender a História, é também a Filosofia.  

Em relação à filosofia da ciência há um reconhecimento de sua importância 
em sala de aula e que se traduz naturalmente na necessidade de introduzir 
os conteúdos metacientíficos no currículo de formação inicial e continuada de 
profissionais da área de ciências. Entre tantas razões, a filosofia das ciências 
ajuda os professores a explicitar, comunicar e estruturar suas ideias sobre a 



27 

 

natureza da ciência, consequentemente, pode gerar uma melhora no seu 
desempenho profissional (2006, p. 72). 
 

Essa relação à História e à Filosofia, devem ser trabalhadas em conjunto, 

quando bem compreendidas, evitam o que autores, como Gil Pérez et al. (2001), 

Cachapuz et al. (2011) e Loguercio e Del Pino (2006), chamam de visões 

inapropriadas que muitos professores têm do fazer científico. Para Cachapuz et al. 

(2011), a presença dessas possíveis “visões deformadas” – incluindo 

descontextualização, concepção individualista e elitista, empírico-indutivista e 

ateórica, visão rígida, algorítmica, infalível a-problemática e a-histórica, vão ao 

encontro das ideias de Gil Perez et al. (2001), expressas em resultados de suas 

pesquisas. Portanto, na formação docente, necessitam ser rebatidas, tendo em vista 

que podem ser perpetuadas nas salas de aulas. 

Consequentemente, para reconstruir essas perspectivas, por meio da quais os 

professores apresentam a Ciência, em suas salas de aula, como sendo uma formação 

linear, de caráter fixo, definitivo, verdadeiro e alheio à sociedade, podem ser 

contestadas por não serem mais concebidas no XXI (GIL PÉREZ et al. 2001). Para 

isso, durante todo o Curso de Licenciatura, a HC deveria ser trabalhada em várias 

disciplinas, pois “uma disciplina de História da Química não alcançaria magnitude para 

a construção deste conhecimento científico o que impõe que este eixo da dimensão 

histórico esteja presente em outras disciplinas” (LOGUERCIO; DEL PINO; 2006, p. 

68). É uma tarefa que precisa ser realizada durante toda a formação docente seja 

inicial ou continuada. 

  

2.4 Alfabetização Científica 

 

A seguir, fizemos uma breve discussão sobre o que os autores comentam sobre 

a Alfabetização Científica (AC) e sua inserção no Ensino de Ciências. Ademais, 

relatamos a maneira como a entendemos.    

 

2.4.1 Os termos Alfabetização Científica e Alfabetização Científica Tecnológica 

 

O termo AC abrange diversos significados e sentidos, como compreender a 

Ciência, desenvolver o pensamento crítico, formar o cidadão cientificamente, ser 



28 

 

responsável socialmente e, por fim, por que não dizer, saber conectar-se ao 

conhecimento. “Ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está 

escrita a natureza. É um analfabeto científico aquele incapaz de fazer uma leitura do 

universo” (CHASSOT, 2003, p. 91). Ao mesmo tempo, o autor (CHASSOT, 2018) 

assevera que saber quantificar essa alfabetização da Ciência é uma tarefa bastante 

complexa.  

Atualmente, na literatura, há outros termos relacionados à AC, como por 

exemplo, Letramento Científico e Enculturação Científica. Assim, realizando-se um 

breve levantamento no Google Acadêmico, encontramos noventa e oito mil e duzentos 

artigos usando a expressão AC; três mil e quinhentos e trinta trabalhos, com 

Enculturação Científica e três mil duzentos e cinquenta estudos de Letramento 

Científico. Os termos utilizados pela maioria dos pesquisadores brasileiros têm sido 

nessa ordem.  

Viecheneski, Lorenzetti e Caretto (2015) pesquisaram trabalhos que abordaram 

a AC, nos Encontros Nacionais de Ensino de Ciências (ENPEC), no período de 1997 

a 2013. Nessa busca, encontraram, em 1997, apenas um; todavia, até chegarem ao 

ENPEC de 2013, foram noventa e um, uma ampliação bastante significativa. Com 

isso, pode-se afirmar que a AC vem ganhando proporções cada vez maiores, visto 

que a investigação, realizada de forma simples, no Google Acadêmico, obteve, no 

corrente ano, um total de cento e quatro mil, novecentos e oitenta trabalhos 

contabilizando as três denominações. Segundo as pesquisadoras Sasseron e 

Carvalho (2011), o conceito se mostra bastante amplo, sendo, atualmente, muito 

abordado em trabalhos do Ensino de Ciências. Em outros idiomas, como 

Na língua espanhola, por exemplo, costumam utilizar a expressão 
“Alfabetización Científica” para designar o ensino cujo objetivo seria a 
promoção de capacidades e competências entre os estudantes capazes de 
permitir-lhes a participação nos processos de decisões do dia-a-dia 
(SASSERON; CARVALHO, 2011, p. 60). 
 

Assim como na Espanha, aqui no Brasil, como vimos, também existe a adoção 

das três escritas, possivelmente em virtude das traduções realizadas para nossa 

língua, sendo que a mais utilizada é AC. Também Sasseron e Carvalho (2011), 

referências nacionais, em seus estudos, optaram por essa denominação. Elas 

justificam a escolha alicerçadas na ideia de alfabetização concebida por Paulo Freire. 

Desse modo, entendem que ela (AC) pode proporcionar o crescimento do indivíduo 



29 

 

com um olhar crítico sobre as coisas que o cerca. As autoras ainda esclarecem que 

Usaremos o termo “alfabetização científica” para designar as ideias que 
temos em mente e que objetivamos ao planejar um ensino que permita aos 
alunos interagir com uma nova cultura, com uma nova forma de ver o mundo 
e seus acontecimentos, podendo modificá-los e a si próprio através da prática 
consciente propiciada por sua interação cerceada de saberes de noções e 
conhecimentos científicos, bem como das habilidades associadas ao fazer 
científico (SASSERON; CARVALHO, 2011, p. 61). 
 

Como as pesquisadoras, entendemos que a AC consiga proporcionar o 

crescimento do indivíduo com um olhar crítico sobre as coisas que o cercam. Esse 

olhar proporcionará a compreensão da Ciência e as suas relações com a sociedade, 

podendo até modificar o meio em que o sujeito vive, razão pela qual escolhemos a 

AC. 

No mesmo levantamento, realizado e apresentado anteriormente no Google 

Acadêmico, investigamos os autores com destaque no estudo dessa área do 

conhecimento. Nessa busca, verificamos que Auler e Delizoicov (2001); Lorenzetti e 

Delizoicov (2001); Chassot (2003); Demo (2014) e Sasseron e Machado (2017) 

utilizam “AC”. Por sua vez, Santos (2007); Cunha (2017); Mamede e Zimmerman 

(2005), usam “Letramento Científico; já para “Enculturação Científica”, o site apontou 

Carvalho (2007); Fejes et al. (2012); Carvalho, Penha e Vianna (2015).  

Para Auler, a Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT), como a denomina 

o autor, “abarca um espectro bastante amplo de significados, traduzidos através de 

expressões como popularização da Ciência, divulgação científica, entendimento 

público da Ciência e democratização da Ciência” (AULER, 2003, p. 69). Ele ainda 

aponta que podemos fazer ACT de duas maneiras: reducionista ou ampliada. A 

primeira seria um simples incremento ao atual Ensino de Ciências; já na segunda, o 

indivíduo buscaria uma compreensão mais ampla do conhecimento e da relação CTS. 

Sendo assim, apenas trabalhando de forma ampliada é que se chegaria a ter uma 

leitura crítica do mundo, potencializando uma possível transformação. 

Como citado anteriormente, Santos foi um dos pesquisadores que utilizam o 

termo Letramento Científico, o segundo mais empregado nos artigos científicos 

atualmente. Para o autor (2007), o  Letramento Científico busca a função social do 

conhecimento científico. “O letramento dos cidadãos vai desde o letramento no 

sentido do entendimento de princípios básicos de fenômenos do cotidiano até a 



30 

 

capacidade de tomada de decisão” (SANTOS, 2007, p. 480). Essa tomada de decisão 

citada por Santos se refere a uma alfabetização em nível pessoal que afeta a vida de 

um indivíduo e vai até as (decisões) da sociedade. O autor afirma ainda que, “busca-

se enfatizar a função social da educação científica contrapondo-se ao restrito 

significado de alfabetização escolar” (SANTOS, 2007, p. 479). 

Nesse sentido, para Santos (2007), o termo Letramento Científico remete ainda 

a um letramento que ultrapassa o Científico, o Letramento Cultural. Para isso, os 

conteúdos científicos deveriam ser abordados de forma contextualizada e alicerçada 

na CTS, o que passaria a fazer sentido para o aluno. Nas variadas concepções, de 

acordo com Sasseron e Carvalho, residem o mesmo propósito: 

Podemos perceber que no cerne das discussões levantadas pelos 
pesquisadores que usam um termo ou outro estão as mesmas preocupações 
com o Ensino de Ciências, ou seja, motivos que guiam o planejamento desse 
ensino para a construção de benefícios práticos para as pessoas, a 
sociedade e o meio ambiente (2011, p. 60). 

Para as autoras, independente do termo utilizado, o objetivo é conseguir êxito 

na aprendizagem de Ciências. Ambas acrescentam que o termo AC é múltiplo, mas, 

além de tudo, muito mais amplo do que simplesmente conhecer o conceito em si; 

trata-se de um (conceito) interdisciplinar, reflexivo e participativo. Neste trabalho, 

como anteriormente citado, usamos o termo AC, corroborando, dessa forma, as ideias 

de Sasseron e Carvalho (2011). 

Ao mesmo tempo, Chassot (2018) afirma que saber quantificar a alfabetização 

em Ciência é bastante complexo e que não se pode medir a AC de um indivíduo para 

saber se ele está alfabetizado no mundo das palavras, pois ela vai muito além; é um 

olhar amplo. Em efeito, entende-se “a alfabetização científica como conjunto de 

conhecimentos que facilitariam aos homens e mulheres fazer uma leitura do mundo 

onde vivem” (CHASSOT, 2018, p. 84). 

Assim, com base em Chassot (2018), Sasseron e Carvalho (2011), Auler (2003) 

e Santos (2007), a AC pode ser entendida como a possibilidade de o cidadão 

compreender a sociedade da qual faz parte; além de entender os fenômenos naturais 

e sociais, não em sua profundidade científica, mas, minimamente, saber posicionar-

se em relação à utilização da Ciência na vida.  



31 

 

Para as autoras desse trabalho, AC é alcançada quando os indivíduos 

conseguem enxergar  a Ciência em sua vida e sua limitação na solução dos problemas 

da humanidade, causados por ela mesma, já que é construída por humanos; por isso 

traz embutidos interesses econômicos, sociais, religiosos, entre outros. O alfabetizado 

cientificamente é o cidadão que se almeja formado nas escolas de Ensino Básico e 

nas universidades. 

Dos três termos encontrados, neste estudo, usamos o AC por ser o que mais 

se aproximou das nossas ideias. Com ele, pretendemos que a formação científica, 

social e cultural possa se complementar, e que cada aluno consiga ler, compreender 

e interagir com sociedade em que vive. Um outro aspecto que contribuiu para essa 

escolha é que ela beneficia os futuros leitores deste trabalho no que concerne à sua 

compreensão, pois, como afirmam Sasseron e Carvalho, todos os termos têm como 

fim um Ensino de Ciências com “benefícios práticos” (2011, p. 60). 

 

 

2.4.2 Alfabetização Científica e o Ensino de Ciências 

 

No Brasil, o Ensino de Ciências nem sempre foi marcado por discussões acerca 

da sua importância. Segundo Santos (2007), isso não havia acontecido apesar de 

Francis Bacon (1561-1626) apontar, ainda naquele tempo, a necessidade de a Ciência 

estar a serviço da humanidade. Na Europa e Estados Unidos, o currículo de Ciências 

só foi incorporado no século XIX. Segundo o autor, nessa mesma época, já se 

encontravam livros e artigos sobre Ciência; mas apenas no século XX a AC começou 

a ser deliberada. 

Ainda de acordo com Santos (2007), com a chegada aos anos 50, o 

conhecimento científico passou a ser supervalorizado a ponto de a temática se tornar 

um grande slogan. Outro aspecto importante mencionado pelo autor é que no Brasil, 

esse interesse chegou muito mais tarde mesmo com o incentivo de Dom Pedro II no 

século XIX. 

Para Auler (2003), a degradação ambiental nas décadas de 60 e 70, junto com 

a pós-guerra, contribuiu fortemente para que a Ciência e a tecnologia sofressem 



32 

 

críticas. Esse olhar questionador sobre a Ciência foi reforçado na década de 60 pelos 

lançamentos de dois clássicos literários: A Estrutura das Revoluções Científicas, de 

Thomas Kuhn (1962) e Primavera Silenciosa, da bióloga Raquel Carson (1962).  

Foi nesse cenário que também surgiu o movimento CTS, fundamental para a 

concretização da AC, que permanece até os dias de hoje. Assim, de acordo com 

Santos (2007), o ensino tem se ajustando de acordo com as mudanças ocorridas na 

sociedade. Estas têm sido responsáveis pelos desdobramentos curriculares tanto na 

Educação Básica como na Educação Superior. Na concepção de Sasseron e 

Machado, 

O que se ensina na escola precisa, pois, ser repensado. Não só ensinar 
conceitos e noções científicas que fazem parte do rol de temas abordados 
em aulas de Ciências, mas também ensinar sobre Ciências, que se torna 
tarefa do professor. Descortina-se assim uma extensa gama de 
possibilidades: ensinar sobre Ciências demanda um trabalho com aspectos 
históricos e filosóficos das Ciências e também como práticas científicas. 
Chegamos assim à proposição de que ensinar Ciências deve ser uma 
atividade que permita aos alunos fazerem uso das ideias científicas em outros 
contextos (2017, p. 13). 
 

Dessa forma, ensinar Ciências é conhecê-la de fato; colocar o aluno para 

descobrir sua utilização e entender sua constituição, conforme colocação das autoras, 

relacionando o presente com o passado. Assim, chegaríamos ao ensino pautado na 

AC. 

Santos (2007) aponta três estratégias para um ensino baseado no 

AC/Letramento Científico: 1) Natureza da Ciência- introdução de conteúdos de HFC 

para  compreendê-la e a suas implicações sociais, além de entendê-la como atividade 

humana e não neutra, 2) Linguagem Científica- ensinar a ler sua linguagem e a 

construir uma argumentação do senso comum, pois o Ensino da Ciência tem limitado 

a memorização, 3) Aspectos Sócio científicos - inclusão de seus  aspectos que sejam 

concernentes às temáticas, como meio ambiente, política, economia, ética, 

problemáticas sociais e culturais relativas à Ciência e Tecnologia, com o objetivo de 

problematizar questões que façam parte da vivência social do aluno. 

O autor acima mencionado sustenta que não são necessários laboratórios 

sofisticados, aumento de carga horário das aulas, novos conteúdos, mas sim uma 

mudança de propósitos. Segundo ele, livros didáticos são sobrecarregados de 

conteúdos socialmente descontextualizados e que apenas ilustram descobertas 



33 

 

científicas, sendo, portanto, imprescindível avaliá-los para formar alunos críticos.  

Em seu artigo “Alfabetização Científica/Tecnológica. Para Quê?, Auler e 

Delizoicov (2001) investigam concepções de professores de Ciências sobre as 

interações CTS. Nesse sentido, apontam a existência de três mitos na formação 

desses profissionais: Superioridade do Modelo de Decisões Tecnocráticas - tudo 

aquilo que é comprovado é sempre verdadeiro e estático; perspectiva salvacionista 

da Ciência e Tecnologia - a Ciência está à disposição para solucionar todos os 

problemas para o bem da humanidade; Determinismo Tecnológico - a sociedade 

progrediu de acordo com o desenvolvimento da tecnologia sem ter qualquer influência 

sobre ela (a tecnologia). Esses mitos, segundo os autores, podem ter relação apenas 

com o ensino conceitual da Ciência. 

Os autores ainda reforçam a necessidade de um currículo que não enfatize 

conceitos científicos, mas um ensino CTS problematizador, multidisciplinar, que 

ressalte a dimensão social da Ciência e da Tecnologia. Essa abordagem estaria 

relacionada ao que eles chamam de perspectiva ampliada, visto que o ensino 

reducionista é um simples incremento ao que já existe nas escolas. 

 É indicado que o Ensino de Ciências parta de atividades científicas, 

problematizadoras, investigadoras, desafiadoras, que envolva a realidade do aluno. 

Dessa forma, precocemente, ele fará ciência e a aprenderá, de fato, como sustentam 

Sasseron e Machado (2017, p. 13): 

Construir pontes entre a ciência que se apresenta aos alunos e o mundo em 
que eles vivem é um dos propósitos da escola nos dias de hoje. Nós, 
professores de Ciências, devemos construir essas pontes de forma a levar 
cada aluno a ver o mundo também sob a ótica científica. 
 

A Ciência explica os fenômenos naturais por meio das leis científicas, cálculos, 

teorias, todos elaborados pela comunidade científica. Porém, é possível irmos além e 

não apenas ensinar as fórmulas, as leis, as teorias, muitas vezes só memorizadas. 

Dessa maneira, a escola poderá proporcionar um ensino aplicado à realidade do 

aluno. 

Conforme Sasseron e Machado (2017), existem três eixos estruturantes que 

podem direcionar as aulas de Ciências para quem almeja alcançar a AC: 1) 

Compreensão de termos, conceitos e conhecimentos científicos fundamentais- é a 



34 

 

aplicação de conceitos a situações do dia a dia, contemplados quando trabalhados 

em sala de aula; 2) Compreensão da Natureza das Ciências e dos fatores éticos e 

políticos que circundam a sua prática- a Ciência, em constante transformação, pode 

ser abordada em situações problemáticas investigativas; 3) Entendimento das 

relações existentes entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (CTSA)-  

é a compreensão das aplicações da Ciência. Sasseron e Machado (2017, p. 14) 

sublinham que 

[...] trabalhar Ciências em sala de aula deve privilegiar não apenas os 
produtos trazidos pela comunidade científica, mas também o processo pelo 
qual se chega a tais produtos e o entorno dessa produção. Isso significa dar 
ênfase às práticas científicas e aos seus aspectos sociais e culturais. 
Construir conhecimento sobre conceitos científicos é também construir 
conhecimento sobre como a própria Ciência se organiza e de que modo ela 
impacta nossa vida. 
 

Assim, fazer educação baseada na AC é essencial e urgente para que o aluno 

tenha facilidade de compreender a Ciência no seu cotidiano, além de perceber que 

ela não é inatingível, tampouco praticada só em laboratórios fechados por 

profissionais extremamente preparados, o que a tornaria inquestionável. Em síntese, 

o aluno precisa conhecer as inter-relações entre o conhecimento, a Ciência, o 

cotidiano e todas as relações históricas e sociais envolvidas nesse processo. 

Chassot (2018) sustenta que, para que seja efetiva e tenha qualidade, a AC 

deveria começar a ser desenvolvida com as crianças no Ensino Fundamental e se 

estender ao Ensino Médio em todas as disciplinas científicas naturais: Biologia, 

Geografia, Química e Física. Coloca-nos, ainda, a possibilidade de abordagem 

interdisciplinar, relacionando os conteúdos no currículo CTS. 

Para o currículo CTS, propõe-se uma educação em Química com foco no 

compromisso com a cidadania. Esta “(...) só pode ser exercida plenamente se o 

cidadão ou a cidadã tiver acesso ao conhecimento e aos educadores cabe fazer esta 

educação científica” (CHASSOT, 2018, p. 96). Sendo assim, faz-se necessária uma 

adequação nas práticas pedagógicas e, assim, explorar e interpretar o currículo oculto 

que está presente em cada conteúdo. 

Ainda para Chassot, “a História da Ciência é uma facilitadora da Alfabetização 

Científica do cidadão e da cidadã” (2018, p. 78). Ou seja, de forma mais interligada, 

ambas mantêm uma relação direta e recíproca. Logo, “não é possível ensinar História 



35 

 

da Ciência a quem não tem uma Alfabetização Científica mínima” (CHASSOT, 2018, 

p. 79). 

Portanto, a abordagem da AC, possivelmente, trará uma aprendizagem 

motivadora, interdisciplinar e mais ampla do conhecimento desde conceitos científicos 

até suas relações históricas. Por meio dela, o aluno poderá identificar a aplicabilidade 

do que estuda, pensar criticamente e ter um desenvolvimento conceitual, interligando 

todas as Ciências. 

 

 

2.5 Formação de professores 

 

Sabemos que, desde que a instituição escola foi fundada, a sociedade 

vivenciou muitas mudanças, principalmente, em relação ao avanço da Ciência e da 

Tecnologia. De fato, atualmente nós necessitamos de uma escola dinâmica e 

significativa para que todos os protagonistas desempenhem seu papel da melhor 

forma possível. Entre eles, estão os professores. Mas, como deve ser a sua formação? 

A formação dos professores, na atualidade, exige que eles pautem diversas 

ações nos saberes profissionais (TARDIF, 2000); na reflexão (SCHÖN, 1992); na 

pesquisa (DEMO, 2011); no trabalho coletivo (CARVALHO; GIL-PÉREZ, 2011) e no 

conhecimento da Ciência que ensina (CARVALHO; GIL-PÉREZ, 2011). Ou seja, 

precisam desempenhar várias atividades em sua profissão; a de transmissor de 

conhecimento não é mais compatível com sociedade tecnológica, dinâmica e 

globalizada. Nesse sentido, Harari (2018, p. 322) afirma que, 

Num mundo assim, a última coisa que um professor precisa dar a seus alunos 
é informação. Eles já têm informações demais. Em vez disso, as pessoas 
precisam de capacidade para extrair um sentido da informação, perceber a 
diferença entre o que é importante e o que não é e, acima de tudo, combinar 
os muitos fragmentos de informação num amplo quadro do mundo. 
 

 Nessa perspectiva o que se deve ter como objetivo na escola é fazer com que 

o aluno se torne ativo e independente, para saber abstrair o conhecimento em sua 

vida e compreendendo onde encontramos os fenômenos da Ciência. 

 

Várias ações fazem parte da epistemologia da prática docente. Entende-se por 

“epistemologia da prática profissional, o estudo do conjunto dos saberes utilizados 



36 

 

realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar 

todas as tarefas” (TARDIF, 2000, p. 10). 

Tardif afirma que professores são pessoas que se colocam no universo da 

profissão no momento em que iniciam a sua escolarização. Assim, já carregam 

consigo os saberes que os formaram no decorrer de suas carreiras. São 

conhecimentos pessoais que provêm da sua história de vida e cultura, mas também 

adquiridos no ambiente escolar. O autor reforça essa ideia ao proclamar que 

Os saberes dos professores não são mensuráveis entre si. Agir conforme as 
normas, agir conforme os fatos, agir conforme os afetos, agir conforme os 
papéis, saber argumentar, etc., são tipos de ação que exigem dos 
professores competências que não são idênticas e mensuráveis (2002, p. 
176). 
 

Nesse cenário, a formação profissional se dá pela teoria e prática. “Dessa 

maneira, a teoria seria então os conhecimentos especializados que devem ser 

adquiridos por meio de uma longa formação de alto nível, a maioria das vezes, de 

natureza universitária ou equivalente” (TARDIF, 2000, p. 6). Por sua vez, a prática 

ocorrerá quando “o professor precisa mobilizar um vasto cabedal de saberes e de 

habilidades, porque sua ação é orientada por diferentes objetivos” (TARDIF, 2000, p. 

15). 

Também é necessário, conforme Tardif e Lessard (2011), que o saber 

produzido e ressignificado por meio da prática dos professores seja contemplado e 

valorizado em pesquisas, inclusive por eles. Muitas vezes, aquele produzido pela 

experiência docente tem sido desprezado ou menosprezado. 

Na atual conjuntura educacional, Donald Schön também é citado por muitos 

pesquisadores em virtude de suas ideias relevantes para a área de formação de 

professores, já que necessitam analisar frequentemente suas ações no ambiente 

escolar. Para Schön (2000), a reflexão-na-ação no processo de formação docente é 

fundamental para que haja a interação teoria/prática em diferentes situações 

didáticas, ressaltando que há um conflito entre o saber escolar e a reflexão-na-ação 

dos docentes e alunos. Esses momentos engrandecem o trabalho do professor como 

sujeito das transformações, que passa a ser útil na escola e na sociedade. O citado 

autor também salienta que 

Podemos refletir sobre a ação, pensando retrospectivamente sobre o que 



37 

 

fizemos, de modo a descobrir como nosso ato de conhecer-na-ação pode ter 
contribuído para um resultado inesperado. Podemos proceder dessa forma 
após o fato, em um ambiente de tranquilidade, ou podemos fazer uma pausa 
no meio da ação para fazer o que Hannah Arendt (1971) chama de “parar e 
pensar”. Em ambos os casos, nossa reflexão não tem qualquer conexão com 
a ação presente. Como alternativa, podemos refletir no meio da ação, sem 
interrompê-la. Em presente-da-ação, um período de tempo variável com o 
contexto, durante o qual ainda se pode interferir na situação em 
desenvolvimento, nosso pensar serve para dar nova forma ao que estamos 
fazendo, enquanto ainda o fazemos. Eu diria, em casos como este, que 
refletimos-na-ação (SCHÖN, 2000, p. 32). 
 

Destarte, quando se pensa num ensino reflexivo, todos os envolvidos nesse 

processo devem analisar sua própria ação e, em segundo plano, a coletiva. Não 

havendo experiência reflexiva, dificilmente se chega a uma significativa. 

Entre as várias dificuldades que permeiam a profissão docente, está o 

isolamento pedagógico, que é um dos desafios que devem ser vencidos. “Grupos de 

professores realizam contribuições de grande riqueza quando abordam coletivamente 

o que se devem ‘saber’ e ‘saber fazer’ por parte dos professores de Ciências para 

ministrar uma docência de qualidade” (CARVALHO; GIL PÉREZ, 2011, p. 16). 

Nas escolas, o que mais se tem verificado é a ausência da interdisciplinaridade, 

por meio da qual os professores, em conjunto, trocariam experiências e saberes. Os 

citados autores sublinham que tal prática traria mais qualidade à docência; porém, o 

que se tem assistido, na maioria das vezes, é o individualismo. Carvalho e Gil Pérez 

(2011, p. 19) acrescentam que 

[...] o trabalho docente tampouco é, ou melhor, não deveria ser, uma tarefa 
isolada, e nenhum professor deveria se sentir vencido por um conjunto de 
saberes que, com certeza, ultrapassam as possibilidades de um ser humano. 
O essencial é que possa ter-se um trabalho coletivo em todo o processo de 
ensino/aprendizagem: da preparação das aulas até a avaliação. 
 

Nesse sentido de coletividade, os saberes socializados no ambiente escolar 

são uma fonte enriquecedora para a prática docente, pois, na “formação regular, 

funciona a especialização fragmentada, que oferece aos alunos disciplinas de 40 a 50 

horas (Psicologia, Filosofia, Didática, etc), que não têm relação entre elas, mas 

constituem unidades autônomas fechadas sobre si mesmas[...]” (TARDIF, 2012, p. 

240). Dessa forma, o professor sai da sua formação com o conhecimento fragmentado 

e assim, reproduz um ensino também fragmentado  

Conhecer bem aquilo que se ensina é fundamental para a formação do 



38 

 

professor, o que é reforçado por Carvalho e Gil Pérez (2011, p. 22): 

Uma falta de conhecimento científico constitui a principal dificuldade para que 
professores afetados se envolvam em atividades inovadoras. Todas os 
trabalhos investigativos existentes mostram a gravidade de uma carência de 
conhecimento da matéria, o que transforma o professor em um transmissor 
mecânico dos conteúdos do livro de texto.  
 

Sendo assim, quando falamos em conhecer a matéria a ser ensinada, estamos 

dizendo que professores precisam aprender a ensinar Ciência, mas também sobre 

Ciência, o que vai muito além dos conteúdos a serem ensinados nas disciplinas. Para 

Carvalho e Gil Pérez (2011, p. 23), resume-se em: 

A. Conhecer os problemas que originaram a construção dos conhecimentos 
científicos. Conhecer, em especial, quais foram as dificuldades e obstáculos 
epistemológicos ; B. Conhecer as orientações metodológicas empregadas na 
construção dos conhecimentos, isto é, a forma como os cientistas abordam 
os problemas, as características mais notáveis de sua atividade, os critérios 
de validação e aceitação das teorias científicas; C. Conhecer as interações 
Ciências/Tecnologia/Sociedade, associadas à referida construção, sem 
ignorar o caráter, em geral, dramático, do papel social das Ciências; a 
necessidade da tomada de decisão; D. Ter algum conhecimento dos 
desenvolvimentos científicos recentes e suas perspectivas, para poder 
transmitir uma visão dinâmica, não fechada, da Ciência. Adquirir, do mesmo 
modo, conhecimento de outras matérias relacionadas, para poder abordar 
problemas afins, as interações entre os diferentes campos e os processos de 
unificação; E. Saber selecionar conteúdos adequados que deem uma visão 
correta da Ciência e que sejam acessíveis aos alunos e suscetíveis de 
interesse; F. Estar preparado para aprofundar os conhecimentos e para 
adquirir outros novos. 
 

Em sua enunciação, acima reescrita, os nomeados autores enfatizam que o 

professor precisa, conhecer a HC para saber relacionar os conhecimentos científicos 

com os problemas que deram origem à sua construção; entender as orientações 

metodológicas empregadas na construção dos conhecimentos e como os cientistas 

abordam os problemas; compreender o tripé CTS e o papel social das Ciências, como 

também mostrar que o trabalho dos homens e das mulheres da Ciência é idêntico a 

qualquer atividade humana. Enfim, ele necessita ter consciência da perspectiva 

dinâmica e integrada da Ciência, ter um bom conhecimento da matéria, selecionar 

bem os conteúdos e estudá-los com abordagem em temas atuais. 

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (FREIRE, 1996, p. 29). 

Nesse sentido, a pesquisa é outra habilidade necessária aos professores, que, na 

prática, devem ser os primeiros a se beneficiarem com as realizadas nos ambientes 

das grandes universidades, ou melhor, serem os pesquisadores da sua prática. A sala 

de aula é um ambiente rico de possibilidades de investigação e de pesquisa-ação. 



39 

 

Segundo Tardif (2012), a pesquisa educacional entrou nas salas de aula na 

década de 1990, espaço rico de investigação. De lá para cá, só tem aumentado e 

ganhado outras áreas afins, como a Psicologia e a Sociologia. Por conseguinte, um 

ensino e uma formação de professores voltados à transmissão de conhecimento não 

cabem mais na educação do século XXI. Carvalho e Gil Pérez salientam que 

A iniciação do professor à pesquisa transforma-se assim em uma 
necessidade formativa de primeira ordem. Não se trata, é claro, de outro 
componente da preparação à docência, a ser adicionado àquelas que 
vínhamos considerando, mas de orientar a formação do professor como uma 
(re) construção dos conhecimentos docentes, quer dizer, como uma pesquisa 
dirigida (2011, p. 64). 
 

Sendo assim, é essencial que o professor desempenhe o papel de pesquisador, 

que busque constantemente renovar sua prática, que seja um profissional 

pesquisador e questionador, pois, nas salas de aula, ele tem um universo rico para 

pesquisar. Nesse sentido, Demo (2011, p. 12) proclama que 

A educação pela pesquisa consagra o questionamento reconstrutivo, com 
qualidade formal e política, como traço distintivo da pesquisa. Numa parte, é 
mister superar a visão unilateral de considerar como pesquisa apenas seus 
estágios sofisticados, representados pelos produtos saberes do mestre ou do 
doutor. Noutra parte, pesquisa precisa ser internalizada como atitude 
cotidiana, não apenas como atividade especial, de gente especial para 
momento e salários especiais [...]. 
 

Logo, uma prática voltada à reflexão e à pesquisa é de suma importância, pois 

refletirá na prática do professor, na escola, na convivência com os demais integrantes 

da equipe pedagógica e, principalmente, nos alunos. Os saberes docentes apontados 

por Tardif (2012) são primordiais e devem ser considerados ao nos referirmos à 

formação dos professores, pois a inicial, a continuada, requerem uma constante 

mobilização dos saberes adquiridos em diversas situações de vivência pelo docente. 

 

 

2.6 Pesquisas recentes sobre o ensino de História das Ciências na formação de 

professores 

 

Para desenvolver este item, procuramos artigos, dissertações e teses 

publicadas nos últimos dez anos e que estivessem relacionados ao tema O Ensino 

de História das Ciências na Formação de Professores. Quanto às teses e 

dissertações, pesquisamos na Biblioteca Nacional de Teses e Dissertações (BNTD), 



40 

 

já os artigos, na Plataforma de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de 

Pessoal de Ensino Superior (CAPES). Em ambas, utilizamos um recorte temporal de 

2010 a 2020. 

O critério de busca delimitou os acrônimos ‘História da Ciência’ e ’Formação de 

Professores’. Assim, encontramos sessenta e três teses e quarenta dissertações. De 

posse desses dados, lemos os títulos e, posteriormente, os resumos. Ao fazermos a 

análise qualitativa do material por meio dos resumos, percebemos que muitos deles 

foram selecionados por terem a palavra-chave no nome da linha de pesquisa na qual 

se encontravam, mas não contemplavam o nosso objetivo. Diante disso, 

selecionamos os trabalhos cujos objetivos estavam qualitativamente alinhados aos 

nossos com base no resumo. 

Dentre as teses e dissertações encontradas, destacamos seis, delimitadas no 

Quadro 1 e organizadas em título, autor, objetivo e metodologia. 

Quadro 1 – Trabalhos recentes sobre o Ensino de História das Ciências na formação 

de professores 

Título Autor Objetivo geral Metodologia 

1. Dificuldades e 
possibilidades da 
utilização da História da 
Ciência no ensino de 
Química: um estudo de 
caso com professores 
em formação inicial. 

Deividi Marcio 
Marques. 

Tese. Universidade 
Estadual Paulista. 
Faculdade de Ciências, 
Bauru, 2010. 

Avaliar como professores e 
também futuros professores 
de Química elaboram uma 
proposta didática, utilizando 
como recurso didático a 
História da Ciência, mediante 
a apresentação de pesquisas 
da área e o acesso a 
informações inerentes ao 
tema. 

Pesquisa 
qualitativa. 
Categoria 
Estudo de 
Caso. 

2. História da Ciência na 
educação científica: 
uma abordagem 
epistemológica de Paul 
Feyerabernd 
procurando promover 
aprendizagem 
significativa crítica. 

Felipe Damasio. 

Tese. Universidade de 
Santa Catarina. 
Florianópolis, 2010. 

Articular um aporte 
epistemológico da ciência 
com o ensino subversivo 
visando uma aprendizagem 
significativa crítica para 
abordar episódios históricos 
durante a formação de 
professores. A História da 
Ciência contribuiria para 
constituir um currículo e 
contexto e, assim, facilitar a 
implementação da versão 
crítica da teoria da 
aprendizagem significativa.  

Pesquisa 
qualitativa. 



41 

 

3. Concepções de 
ciência e educação: 
contribuições da 
História da Ciência para 
a formação de 
professores. 

 

 

 

 

 

Gabriela Marko. 

Dissertação. 
Universidade de São 
Paulo-Faculdade de 
Educação. São Paulo, 
2018. 

 

 

 

 

 

 Evidenciar contribuições do 
contato com a perspectiva da 
história da formação desses 
educadores, enfatizando 
especialmente os estudantes 
de pedagogia, dando-lhe voz 
de modo a ampliar debates do 
Ensino de Ciências para os 
fundamentos da educação. 

 

 

Pesquisa 
qualitativa. 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. A História das 
Ciências no Ensino de 
Química: implicações 
para uma abordagem 
CTS na formação 
continuada de 
professores. 

Rosangela Rodrigues 
de Oliveira 

Dissertação. 
Universidade Federal 
do ABC. São Bernardo 
do Campo SP, 2016. 

Analisar de que forma uma 
experiência didática centrada 
na História das Ciências em 
uma perspectiva CTS pode 
contribuir para a formação de 
professores de química 
críticos, reflexivos e 
transformadores. 

Pesquisa 
qualitativa. 
Categoria 
Estudo de 
Caso. 

5. Concepções de 
professores atuantes e 
em formação sobre a 
História da Química e a 
natureza da ciência. 

Anderson de Oliveira  

Dissertação. 
Universidade Federal 
de Sergipe, 2016. 

Investigar como a História da 
Química e a Natureza da 
Ciência são entendidas pelos 
professores em formação 
inicial. 

Pesquisa 
qualitativa do 
tipo 
exploratório. 

6. História e filosofia da 
ciência no Ensino de 
Química: um estudo de 
caso em duas escolas 
públicas estaduais de 
(continua) ensino médio 
na cidade de Campina 
Grande – PB. 

João Pessoa Pires 
Neto. 

Dissertação. 
Universidade Federal 
Rural de Pernambuco, 
2013. 

Analisar como são abordadas 
a História e a Filosofia da 
Ciência no Ensino de Química 
no Ensino Médio, em duas 
escolas públicas estaduais, 
na cidade de Campina 
Grande – PB. 

Pesquisa 
qualitativa. 
Categoria 
Estudo de 
Caso. 

Fonte: Elaborado pela autora (2020) 

O primeiro estudo é uma tese da Universidade Estadual Paulista (UNESP), 

intitulada, “Dificuldades e possibilidades da utilização da HC no Ensino de Química: 

um estudo de caso com professores em formação inicial”. Seu autor, Deividi Marcio 

Marques (2010), por meio da pesquisa qualitativa e estudo de caso, teve o objetivo de 

avaliar como os professores – estendendo-se aos futuros - de Química elaboravam 

suas propostas didáticas, utilizando, como recurso didático, a HC, mediante a 

apresentação de pesquisas da área e acesso a informações inerentes ao tema. Assim, 

ele conclui ser insignificante o Ensino de HC em uma única disciplina, sugerindo que 

outras também fossem estudadas, como Estágio e Prática Pedagógica. Ademais, 

salienta que os investigados não possuíam aporte filosófico, possivelmente uma 

lacuna do curso de formação inicial de professores. Estes, ao elaborarem a proposta 

didática, não conseguiram sair da dicotomia cronologia/biografia. O nomeado 

 



42 

 

pesquisador encerra suas considerações com uma frase: “história e filosofia da ciência 

no ensino: há muitas pedras nesse caminho” (MARTINS, 2007, p. 112). 

O segundo estudo, uma tese da Universidade Federal de Santa Catarina 

(UFSC), intitula-se “História da Ciência na educação científica: uma abordagem 

epistemológica, de Paul Feyerabernd procurando promover aprendizagem 

significativa crítica”. O autor, Felipe Damasio (2017), inicia seu trabalho afirmando que 

uma educação científica voltada unicamente à resolução de problemas típicos se 

caracteriza por um perfil dogmático, fechado e a-histórico. Ele sugere um ensino 

baseado na teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, proposta por Marcos Antônio 

Moreira, para se chegar à educação útil e formar o cidadão na sociedade 

contemporânea. Na concepção de Damasio (2017), essa teoria não se baseia apenas 

na Teoria de Ausubel, mas também nas ideias dos educadores americanos Neil 

Postman e Chales Weingartier. 

A pesquisa foi realizada a partir de estudo de caso com professores. O autor 

conclui que os participantes da formação reconheciam a necessidade de a escola 

mudar seu ensino e que, com o ensino tradicional, ela perderia a sua utilidade na 

sociedade. A proposta de um ensino subversivo para uma aprendizagem significativa 

crítica foi bem recebida pelos docentes em formação; entretanto, apontaram 

empecilhos para implantá-lo, como a dificuldade de despertar a predisposição em 

aprender dos alunos, a falta de tempo para preparar as aulas em função da alta carga 

horária e a obrigatoriedade de cumprir ementas extensas. 

Em relação ao ensino baseado na educação científica, Damasio (2017) afirma 

ter, pelo menos, dois questionamentos distintos: o primeiro, chamado de engenharia 

da educação – refere-se às maneiras de ensinar Ciência, aos métodos, aos 

equipamentos didáticos, entre outros. Quanto ao segundo, denominado metafísico, 

“pergunta quais os motivos para os jovens estarem em sala de aula” (DAMASIO, 2017, 

p. 193). Ele também sublinha que a educação científica deve formar um cidadão capaz 

de não ser subjugado pela sociedade contemporânea, e que essa educação também 

pode contribuir para a valorização da diversidade cultural, desconstruindo o mito da 

Ciência isolada. 

O terceiro estudo é uma dissertação da Universidade de São Paulo (USP), 



43 

 

intitulada “Concepções de ciência e educação: contribuições da HC para a formação 

de professores”, de Gabriela Marko (2018). Neste estudo, a autora, qualitativamente, 

analisa a disciplina de HC de forma optativa para pedagogos e obrigatória para alunos 

de licenciatura de outros cursos. Ademais, investiga se uma disciplina de HC 

contribuiria para formação desses futuros professores. Nesse sentido, Marko afirma 

que uma única disciplina de HC é insuficiente para atingir a emancipação e o 

pensamento crítico do professor, mas já oferece um “olhar atento” e analítico para o 

mundo, para a Ciência e para educação. 

O quarto estudo, uma dissertação da Universidade Federal do ABC (UFABC), 

intitulada, “Analisar de que forma uma experiência didática centrada na HC em uma 

perspectiva CTS pode contribuir para a formação de professores de química críticos, 

reflexivos e transformadores”, foi desenvolvido por Rosangela Rodrigues de Oliveira 

(2016). A autora coloca que um aspecto positivo evidenciado foi um aumento 

significativo das pesquisas na área, principalmente sobre concepções da Natureza da 

Ciência e a contextualização das aulas de Química por meio do enfoque CTS. Apesar 

de vários estudos apontarem as vantagens da utilização da HC e educação CTS na 

formação docente, muitos trabalhos as abordam apenas como complemento. 

Os professores de formação continuada consideraram muito importante a 

participação na pesquisa, pois lhes possibilitou realizar a conexão com o que é 

discutido na academia e, além disso, pensar sobre suas práticas e disposição para 

mudá-las. Assim, demonstraram uma postura crítica e reflexiva sobre as Ciências a 

partir de uma perspectiva histórica e processual, compreendendo-a como atividade 

não neutra, sujeita às intempéries sociais, políticas, ambientais e tecnológicas. 

Quanto aos aspectos negativos, os pesquisados citaram a dificuldade de os 

professores transformarem o conhecimento teórico em prático. Em efeito, durante as 

leituras, eles apresentaram discursos que mostravam certo grau de amadurecimento 

da HC; porém, ao realizarem a transposição para as aulas, não conseguiam alcançar 

seus objetivos. Outro problema observado, foi a escassez de materiais didáticos em 

HC e CTS. A superação dessas dificuldades e de outras, como de ordem política, 

estrutural, cultural, só serão superadas quando os docentes forem protagonistas de 

sua formação. 



44 

 

A quinta pesquisa, de cunho qualitativo, intitulada “Concepções de professores 

atuantes e em formação sobre a História da Química e a natureza da ciência”, foi 

desenvolvida por Oliveira (2016), que buscou saber as concepções de licenciandos 

em Química sobre a natureza da Ciência. O autor conclui afirmando que as 

concepções dos pesquisados – com exceção de um - eram inadequadas para a 

educação científica e ressaltou que nenhum deles havia cursado a disciplina de 

História da Química, que fazia parte das disciplinas optativas do curso. O aluno que 

realmente tinha conhecimento sobre o fazer científico estava envolvido em projetos 

de extensão, além de ser bolsista do PIBID, podendo, segundo o pesquisador, ser 

esse o motivo de ser o único com concepções corretas em relação à Natureza da 

Ciência. 

A sexta dissertação analisada, cujo título é “História e filosofia da ciência no 

Ensino de Química: um estudo de caso em duas escolas públicas estaduais de Ensino 

Médio na cidade de Campina Grande – PB”, de Pires Neto (2013), destaca a 

dificuldade de pesquisar sobre a literatura da História da Química quando comparada 

à Física e à Biologia, que possuem maior quantidade de materiais. Assim Neto 

destaca que, nos currículos das Licenciaturas em Química, pouco ou nada se tem 

avançado quanto às questões epistemológicas da Ciência, o que torna as práticas 

científicas separadas do contexto social e cultural. 

Nesse sentido, o autor percebeu, nas estratégias de ensino dos professores 

pesquisados, a inexistência de um ambiente dialógico, com a presença frequente de 

aulas expositivas. Estas, baseadas no monólogo dos professores, mostraram-se a-

históricas, empiristas e marcadas por um discurso de argumento de autoridade. 

Portanto, não se observa qualquer abordagem da HC ou da Química. O 

Professor A, em sua entrevista, colocou como justificativa o tempo de magistério e a 

desmotivação, chegando a afirmar a possibilidade de mudar de área: 

Olha...eu...eu penso seriamente em mudar disso daí...embora eu seja um 
cara que já tenha uma certa experiência...mas não sou uma 
pessoa...relativamente jovem...tenho uma boa cabeça...aberta...e eu acho 
que tenho condições de fazer um trabalho melhor em outra área... embora eu 
nunca dependi de educação pública...não é nem uma questão de contar 
vantagens...graças a Deus quando estudei o curso...era pago (se referindo à 
universidade) a não ser o de engenharia que era um curso na Universidade 
Federal...não cheguei a concluir...mas todos os demais cursos que fiz...todos 
eles foram pagos...então o que eu poderia dizer exatamente isso...não só 



45 

 

eu... mas uma boa parte dos colegas que tenho hoje e muitos colegas que eu 
já tive...seguiram outras carreiras...porque para a educação não tem 
como...você procura...a gente tá pedindo socorro...procura...mas...(NETO, 
2013, p. 8)  
 

Por sua vez, o Professor B declarou não ter formação suficiente para lidar com 

questões históricas e filosóficas, pois não fizera nenhuma leitura relacionada a essa 

temática na sua formação inicial. Além disso, argumentou ser impossível realizar uma 

abordagem histórica em função da quantidade de assuntos a serem trabalhados nas 

aulas. Afirmando que: 

Não...eu acho que hoje...com essa grade...com essa política pública que nós 
temos...né? com essa quantidade...com essa gama de assuntos que nós 
temos...eu acho que  não...claro...o professor também não vai usar isso como 
uma...como uma arma...dá  sim...mas não dá pra abordar do jeito que tem 
que ser...infelizmente... você pode pincelar uma coisinha por cima...mas 
hoje...eu creio que não dá pra você trabalhar em paralelo bem bacana...com 
a História e o assunto...História e Filosofia e o assunto...eu acho que não 
dá...” (NETO, 2013, p. 91) 
 

A segunda parte da pesquisa envolve a análise documental dos Projetos 

Políticos Pedagógicos (PPP) das escolas. Nesse sentido, o autor constatou que eles 

eram marcados por abordagens superficiais, não participativos e fora dos contextos 

social e cultural, sendo utilizados apenas para necessidades legais e burocráticas da 

Secretaria de Educação do Estado. 

Para a realização das análises dos artigos científicos, optamos por realizar o 

levantamento do periódico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 

Superior (CAPES) como colocado anteriormente. Dos mil quinhentos e oitenta e um, 

selecionamos dez, dos quais analisamos os resumos. Quatro deles estão expostos 

no Quadro 2, organizados em título, autor, objetivo e metodologia. 

Quadro 2 - Artigos sobre o Ensino de História das Ciências e a formação de 

professores 

Título Autor Metodologia Revista da 
Publicação 

História da Ciência através do 
cinema: dispositivo pedagógico 
na formação de professores de 
ciências. 

Silvia Nogueira 
Chaves (2012). 

Pesquisa 
qualitativa. 

Revista de 
Educação em 
Ciência e 
Tecnologia. 

A disciplina de História da 
Ciência e da Técnica: 
contribuições para o ensino e a 
formação de professores de 

Simone Barreto 
Santos, Héctor 
Santiago Odetti, Ester 
Mercedes Adriana 

Pesquisa 
qualitativa. 

Educación 
Química. 

 



46 

 

Química. Emilia (2014).  

A História da Ciência na 
formação de professores. 

Alexandre Mattos 
Pires Ferreira e Maria 
Elisa de Mattos Pires 
Ferreira (2010). 

Pesquisa 
qualitativa. 

História da Ciência 
e Ensino-
construindo 
interfaces. 

História, Filosofia, Ensino de 
ciências e formação de 
professores: desafios, 
obstáculos e possibilidades. 

André Ferrer P. 
Martins (2012). 

 

Pesquisa 
qualitativa. 

Educação: teoria e 
prática. 

Fonte: Elaborado pela autora (2020) 

O primeiro artigo, intitulado “História da Ciência através do cinema: dispositivo 

pedagógico na formação de professores de ciências”, discute a utilização da HC 

veiculada pela mídia cinematográfica na formação de professores de Ciências. A 

análise da produção midiática objetivou pôr em suspeição os lugares sociais ocupados 

pela Ciência instituídos pelas narrativas cinematográficas. Neste sentido, Chaves 

(2012) analisou três filmes, a saber: E a vida continua, A história de Louis Pasteur e 

Madame Curie. 

Nessa análise, Chaves (2012) destacou quatro aspectos, considerando que as 

abordagens históricas da Ciência podem contribuir para o redimensionamento do 

Ensino de Ciências, sendo eles: i) Determinação de conceitos estruturantes das 

disciplinas científicas; ii) Desmistificação da Ciência e da produção do conhecimento 

científico; iii) Detecção e antecipação de obstáculos epistemológicos à aprendizagem 

de conceitos científicos; iv) Facilitação do processo de compreensão de conceitos 

científicos. Assim, comentou trechos em que cita as características dos cientistas e 

da Ciência, destacando os pontos relevantes visando à realização de um estudo 

crítico a respeito.   

“A disciplina de História da Ciência e da Técnica: contribuições para o ensino e 

a formação de professores de Química” é o título do segundo artigo. A pesquisa, de 

cunho qualitativo, teve como objetivo analisar a disciplina denominada História da 

Ciência e das Técnicas, no Curso de Formação de Professores da Universidade 

Nacional Del Litoral, em Santa Fé Argentina. Seus autores buscaram saber como essa 

temática se estruturava em um componente curricular nos cursos de formação inicial 

de professores e de que forma os docentes formadores se apropriavam dos co-

nhecimentos históricos e filosóficos da Química para o ensino que desenvolviam 

(SANTOS et al., 2014). 



47 

 

Assim, eles observaram que a disciplina estava baseada na antiga 

historiografia da Ciência, com a predominância de uma visão positivista, sendo que 

os documentos, como plano de disciplina, apontavam que esta foi pensada para 

incorporar conhecimentos sobre o que se entende por Ciência, a problemática do 

método, a relação com a evolução da Química e sua relação com a sociedade. 

Ademais, na categoria “Expectativa dos estudantes”, os participantes colocaram que 

o perfil da disciplina deveria estar mais de acordo com a realidade do curso de 

professores de Química. 

Os pesquisadores constataram a existência de uma preocupação em integrar 

aspectos da epistemologia da Química apesar de o programa continuar se 

apresentando no contexto do reducionismo. O debate, envolvendo a Filosofia da 

Química, considerado relevante, ainda não integrava o programa da disciplina. 

Em seu artigo, “A História da Ciência na formação de professores”, os autores 

Ferreira e Ferreira (2010), defendem a ideia de introduzir o estudo sobre a HC nos 

currículos de formação de professores, o que refletiria na melhoria do ensino. Entre 

os argumentos citados, estão: contribuir para aproximar a escola das exigências 

nascidas da contemporaneidade; problemas com os quais nos defrontamos poderão 

ser, senão resolvidos, ao menos minimizados, tais como elevadas taxas de abandono 

e de reprovação, provocadas pela falta de compreensão de se estudar um dado 

conteúdo; formação continuada àqueles que trabalham no Ensino Básico. Todos os 

aspectos, s