UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – UNIVATES 

CURSO DE JORNALISMO 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
O AGENDAMENTO EM VEJA: UMA ANÁLISE DE COMO A MAIOR 

REVISTA DE CIRCULAÇÃO NACIONAL ABORDA, A PARTIR DOS 

CONCEITOS DE DIREITA E ESQUERDA, A DELAÇÃO DA JBS 

 

Tiago da Silva 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
Lajeado, novembro de 2017. 



Tiago da Silva 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O AGENDAMENTO EM VEJA: UMA ANÁLISE DE COMO A MAIOR 

REVISTA DE CIRCULAÇÃO NACIONAL ABORDA, A PARTIR DOS 

CONCEITOS DE DIREITA E ESQUERDA, A DELAÇÃO DA JBS 

 
 
 
 
 
 

Monografia apresentada à disciplina de 

Trabalho de Conclusão de Curso II, do 

curso de Jornalismo da Universidade do 

Vale do Taquari – Univates, como parte da 

exigência para a obtenção de título de 

Bacharel em Jornalismo. 

 
Orientador: Prof. Me. Fábio Luís Kraemer 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
Lajeado, novembro de 2017. 



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

RESUMO 

 
 

 
O jornalismo se estabeleceu como um mediador dos discursos e discussões dos mais 
variados campos sociais, e a disseminação da opinião nos veículos de comunicação 
sempre foi alvo de debate. Nas revistas, a problemática ganha ainda mais força pois 
elas promovem um jornalismo mais interpretativo que os outros meios e as fronteiras 
entre opinião e informação podem não ser tão claras. Com efeito, os veículos podem 
estar direcionando os seus leitores a terem uma interpretação que converge com as 
pautas de uma ou outra ideologia política. Nesse sentido, o presente trabalho busca 
perceber como a revista Veja se posiciona editorialmente quando aborda a 
colaboração premiada dos executivos do grupo JBS com o Ministério Público Federal 
no âmbito da Operação Lava Jato. A pergunta norteadora é de que forma as bandeiras 
atribuídas à direita e à esquerda são agendadas editorialmente pelas instituições 
jornalísticas? Como uma pesquisa quanti-qualitativa, de caráter exploratório e 
descritivo, viabilizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental, o presente 
estudo constitui-se de uma análise de conteúdo de oito edições publicadas entre os 
meses de maio e julho. Como resultados, verificamos que o assunto foi agendado no 
topo da hierarquia da ordem do dia pela revista durante todas as edições analisadas; 
que o enquadramento dominante produzido pela Veja foi de que há uma corrupção 
endêmica, generalizada, nos poderes da República; que, para o veículo, a corrupção 
independe de partidos e ideologias políticas. Por isso, a revista não se colocou como 
parte e nem promotora do debate ideológico entre os dois polos do espectro político 
e, eventualmente, abordou temas caros à direita ou à esquerda dentro de um contexto 
amplo. Como proposições, sugerimos a continuidade de estudos com essa proposta 
norteadora, para que possam ser ocorrer uma evolução dos conceitos de 
agendamento e enquadramento no sentido de identificar o por que pensar, por parte 
do receptor. 

Palavras-chave: Jornalismo. Agendamento. Enquadramento. Ideologia. Corrupção. 



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

 
 

 
Quadro 01 – Tipologia de Acapulco .......................................................................... 50 

Quadro 02 – Divergências em relação a temas ligados às ideologias clássicas ....... 75 

Quadro 03 – Divergências em relação aos novos temas .......................................... 76 

Quadro 04 – Categorias de classificação dos manifestos ......................................... 77 

Quadro 05 – Composição da escala esquerda-direita .............................................. 80 

 
 
 

 
LISTA DE TABELAS 

Tabela 01 – Incidência do tema Delação JBS nas edições analisadas ..................... 83 



 
 
 
 
 
 
 
 

LISTA DE FIGURAS 

 
 
 

Figura 01 – Políticos se unem contra as investigações ............................................. 88 

Figura 02 – Primeira capa do período de análise, com a manchete “Basta” ............. 96 

Figura 03 – Temer se segura na faixa presidencial à beira do abismo...................... 98 

Figura 04 – Revista passa a impressão de que presidente é menor que o cargo ..... 98 

Figura 05 – Temer fardado para a guerra contra as investigações ........................... 99 

Figura 06 – Reportagem contextualiza situação do presidente ............................... 100 

Figura 07 – Reação de Aécio ao tomar conhecimento da divulgação da delação .. 100 

Figura 08 – Ex-presidentes acusados por delator de terem contas de R$ 150 mi .. 101 

Figura 09 – Imagem e gráfico compõem quadro informativo................................... 102 

Figura 10 – “Deputado da mala”, Loures foi filmado recebendo mala de R$ 500 mi 

................................................................................................................................ 102 

Figura 11 – Em arte sobre foto, Veja deduz o interesse dos investigados .............. 103 

Figura 12 – O salto da JBS nos governos petistas .................................................. 104 

Figura 13 – Analogia com expressão popular ......................................................... 105 

Figura 14 – “Foro, Temer!” ...................................................................................... 106 

Figura 15 – “Dentro, Temer” .................................................................................... 107 

Figura 16 – O “milagre” de Joesley ......................................................................... 108 

Figura 17 – Tratamento diferenciado aos Neves ..................................................... 109 



 
 
 
 
 
 
 
 

SUMÁRIO 

 
 

 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 

2 CONTEXTO GERAL .............................................................................................. 11 

2.1 A Veja ................................................................................................................. 11 

2.2 Dos gêneros e formatos ................................................................................... 14 

2.2.1 Classificação de Marques de Melo ............................................................... 16 

2.3 Gêneros .............................................................................................................. 17 

2.3.1 Gênero informativo ........................................................................................ 17 

2.3.2 Gênero opinativo ............................................................................................ 19 

2.3.3 Gênero interpretativo ..................................................................................... 22 

2.3.4 Gênero diversional ......................................................................................... 25 

2.3.5 Gênero utilitário .............................................................................................. 26 

2.4 O formato e a opinião nas newsmagazine ...................................................... 27 

3 MÉTODO................................................................................................................ 30 

3.1 Pesquisa qualitativa .......................................................................................... 30 

3.2 Pesquisa exploratória ....................................................................................... 33 

3.3 Pesquisa descritiva ........................................................................................... 33 

3.4 Pesquisa bibliográfica ...................................................................................... 33 

3.5 Pesquisa documental........................................................................................ 34 

3.6 Amostra .............................................................................................................. 35 

3.7 Análise de conteúdo ......................................................................................... 36 

4 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 40 

4.1 Teorias do Jornalismo ...................................................................................... 40 

4.1.1 Teoria da Agenda ou agenda setting ............................................................ 41 

4.1.1.1 O pseudoambiente ...................................................................................... 42 

4.1.1.2 Efeitos de longo prazo e “efeito de enciclopédia” ................................... 46 



4.1.2 Enquadramento ou framing ........................................................................... 55 

4.1.2.1 Elementos do frame .................................................................................... 59 

4.1.2.2 A perspectiva dominante ............................................................................ 60 

4.2 Direita e esquerda ............................................................................................. 63 

4.2.1 Surgimento ..................................................................................................... 63 

4.2.2 Pós-revolução e questionamentos ............................................................... 65 

4.2.3 O que defendem direita e esquerda .............................................................. 68 

4.2.4 Particularidades da América Latina .............................................................. 73 

5 ANÁLISE................................................................................................................ 81 

5.1 Sobre o pseudoambiente.................................................................................. 84 

5.2 Sobre o enquadramento ................................................................................... 94 

5.3 Sobre direita e esquerda................................................................................. 110 

5.4 Sobre o agendamento ideológico .................................................................. 115 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 120 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 124 



7 
 

 
 
 
 
 
 
 
 

1 INTRODUÇÃO 

 
 
 

Há um debate forte, polarizado, entre esquerda e direita nos últimos anos no 

Brasil. A observação mostra que esse acontecimento extrapola a arena política, onde 

os candidatos duelam pela preferência do eleitor, e alcança a sociedade, dividindo-a 

em dois polos antagônicos. Somado a um fenômeno de bolhas ideológicas — 

potencializado pelas redes sociais online —, quando não se produz mais o consenso, 

e sim o dissenso, nenhum dos lados do espectro político-ideológico modera seu 

discurso e aceita fazer concessões ao diferente para retomar o diálogo. 

Tendo em vista que esse debate mais acalorado não fica circunscrito somente 

a militantes mais ativos — tanto no ambiente online como nas manifestações públicas 

em defesa de suas bandeiras —, importa percebermos como o cidadão comum, alheio 

aos movimentos e agendas ideológicas, é informado e se comporta nesse ambiente 

conflagrado. 

Segundo a teoria da agenda, como vivemos em uma sociedade de massa 

complexa em sua organização, na maioria dos casos, torna-se impossível para o 

grande público ter informações de primeira-mão, ser testemunha ocular de 

acontecimentos que, por certo, direta ou indiretamente, afetam a sua vida e, no futuro, 

podem ser instados a tomarem decisões sobre esses acontecimentos. São os casos, 

por exemplo, da política, da economia, da segurança pública, saúde, educação, entre 

outras grandes áreas. Nesse quadro, as informações chegam por intermédio dos 

grandes veículos de comunicação. Estes veículos, por sua vez, seguindo conceitos 

subjetivos, proporcionam aos receptores das mensagens relatos jornalísticos que se 

constituem como um fragmento da realidade, um retrato, uma reconstituição do fato 

de segunda-mão oferecido ao leitor, ouvinte ou telespectador. 



8 
 

Com efeito, pelo grau de comprometimento que os mass media têm na criação 

das "imagens em nossas cabeças" — definição de Lippmann (2008) — relativas a 

acontecimentos do cotidiano social, é necessário ficarmos atentos às linhas editoriais 

adotadas pelos veículos de imprensa e também às suas relações — e eventuais 

interesses por trás delas — com políticos, empresários, organizações, movimentos 

sociais e grupos de interesse —, no sentido de direcionar a opinião pública a um 

objetivo comum entre eles. Como pano de fundo dessa chamada de atenção, 

encontram-se as duas ideologias que abarcam posicionamentos e visões de mundo 

distintas: a direita e a esquerda. 

Costumeiramente, entende-se por esquerda, de acordo com Bobbio (1995), a 

defesa da igualdade e pela qual se pode sacrificar a liberdade; e a direita se posiciona 

no sentido de preferir a liberdade — de expressão e econômica, principalmente —, 

abrindo mão, se necessário, do princípio da igualdade. Ou seja, a esquerda prioriza 

ideias pelas quais entende que conseguirá a justiça social, e, para esse fim, o Estado 

tem papel fundamental em proporcionar a igualdade social e redistribuição de renda. 

Já a direita acredita na liberdade do indivíduo e, a partir dessa liberdade, em uma 

sociedade de livre mercado (free market society), as pessoas se tornam agentes das 

mudanças em suas vidas, reduzindo a dependência do Estado. Com efeito, a direita 

segue o liberalismo econômico enquanto a esquerda é mais intervencionista e 

dirigista. 

Embora conceitos que possibilitem margem para questionamentos, direita e 

esquerda são terminologias usadas como referência para a definição de defesas 

adotadas em discussões no cotidiano comum — quando a pauta é segurança, por 

exemplo, com a discussão de leis mais duras e repressão à criminalidade ou, em 

oposição, modelos de ressocialização e progressão de pena —, ou em questões mais 

complexas, que exigem maior bagagem filosófica, como a teoria da política — o 

Estado deve interferir na economia de modo a corrigir eventuais distorções no 

mercado ou esta intervenção seria ainda mais danosa à população? 

A imprensa, que, ao longo de sua evolução, se estabeleceu como mediadora 

do debate público, não fica alheia às ideologias. Se, nos seus primórdios, os jornais 

poderiam ser vistos como extensões ideológicas de grupos político-partidários e eram 

rotulados por isso, hoje, em grande medida, os veículos procuram não se identificar 



9 
 

como de direita ou de esquerda. Ao invés disso, buscam, sempre que podem, destacar 

que ressaltam a pluralidade de ideias em suas publicações. 

No nosso modo de ver o quadro, essa postura é perigosa porque os receptores, 

em um exame preliminar, ao se depararem com essa aludida isenção e neutralidade 

por parte do veículo, podem estar tomando como verdade um relato jornalístico que 

pode estar enviesado, construído com a intenção de se enquadrar a uma narrativa 

para favorecer e municiar a esquerda ou a direita no embate ideológico. Ou seja, 

nessa hipótese aventada, estariam avançando à tese clássica do agenda-setting de 

que a mídia não diz somente como pensar, mas o que pensar. Dessa forma, estariam 

enquadrando o noticioso para induzir determinada interpretação. Isso aconteceria 

porque as notícias têm uma aparência de objetividade e neutralidade e, assim, seus 

enquadramentos tendem a ser mais aceitos do que as mensagens contidas nos 

editoriais e outros formatos onde a opinião impera. 

Essas questões apontadas nesta exposição inicial servem para nos conduzir 

ao nosso problema de pesquisa deste trabalho acadêmico: de que forma as bandeiras 

atribuídas à direita e à esquerda são agendadas editorialmente pelas instituições 

jornalísticas? Para respondermos essa indagação, o presente estudo tem por objetivo 

geral identificar como a maior revista de circulação nacional, a Veja, agenda seus 

leitores com pautas direcionadas a um viés de direita ou de esquerda. 

Especificamente, buscaremos caracterizar qual o pseudoambiente (ver 

conceito no cap. sobre teoria da agenda) construído pela revista e apresentado à 

opinião pública sobre a delação dos executivos da holding J&F, dona do frigorífico 

JBS, assinada com a Procuradoria Geral da República (PGR) no âmbito da Operação 

Lava Jato. Outra finalidade é identificar os elementos que formam o enquadramento 

nas publicações gerado por Veja no recorte de tempo estipulado na amostragem. E, 

por fim, após o exame das informações trazidas e do enquadramento, buscaremos 

indicar se houve agendamento ideológico e direcionamento das pautas, à direita ou à 

esquerda, pela revista. 

Inicialmente, trabalhamos com a hipótese de que a posição da empresa 

jornalística é demarcada pela escolha das pautas e pelo tratamento editorial que elas 

recebem, já que um fato pode ser ignorado pela edição ou ser abordado conforme o 

viés defendido pela empresa. Esse fato nos leva a nossa segunda hipótese: de que 



10 
 

as publicações constroem um ambiente, consciente ou inconscientemente, de 

informações e o apresenta ao leitor, que pode ficar sujeito à influência do veículo e 

construir sua visão de mundo a partir dele se não buscar outras fontes de informação. 

Além disso, que diversos mecanismos — como palavras-chave, metáforas, analogias, 

números e imagens visuais — são usados pela imprensa para dar peso à mensagem 

e facilitar a assimilação da mesma pela audiência. Por fim, em relação ao fato concreto 

— a delação da JBS — supomos, em análise inicial, que a revista Veja, embora adote 

um tom duro contra o Palácio do Planalto, aponta a necessidade de se aprovar as 

reformas trabalhista e previdenciária por serem agendas de Estado e não de governo, 

além de que, se o presidente sair, que sua substituição ocorra dentro dos limites e 

determinações constitucionais. 

Tal estudo se mostra necessário porque a mídia, onipresente, se estabeleceu 

como uma mediadora de discursos em todos os campos sociais. Ela tem significativa 

parcela de influência na formação na opinião pública, haja vista que a pauta midiática, 

como mostram pesquisadores do agenda-setting, tem grandes chances de ser 

incluída pelo público em sua agenda de preocupações. Por esse motivo, acreditamos 

ser pertinente verificar como a orientação e o direcionamento ideológico empregados 

pelos veículos de comunicação podem fazer com que as pessoas produzam sentido 

sobre um fato e o levem em conta nas suas tomadas de decisões. Nesse quesito, nos 

estudos acadêmicos em Comunicação Social, é fundamental identificar quais métodos 

a imprensa usa para fazer com que o público assuma como suas, bandeiras 

levantadas por um empresa jornalística. Dentre esses métodos, devemos destinar 

especial atenção ao fato de que a opinião, que, em tese, deveria estar restrita ao 

gênero opinativo e bem destacada ao público, pode estar se difundindo em formatos 

que se pretendem mais objetivos na apresentação dos fatos noticiosos. 

Após a apresentação das linhas gerais do trabalho, o capítulo seguinte 

apresenta um contexto geral para situar o leitor sobre i) a Veja, ii) os gêneros e iii) o 

formato das newsmagazine. Depois, temos um capítulo que esclarece o método 

científico que será adotado na coleta e análise de dados. Posteriormente, será reunido 

o referencial teórico que sustenta essa produção, subdividido em Teoria do 

Agendamento, do Enquadramento e as ideologias de direita e de esquerda. O quinto 

capítulo dedicamos à análise do material colhido para a pesquisa. E, por fim, o capítulo 

derradeiro reúne as considerações finais deste estudo. 



11 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

2 CONTEXTO GERAL 

 
 

 
O capítulo a seguir tem como objetivo situar o leitor sobre a revista (história, 

influência e colocação no mercado editorial), bem como orientar a leitura com a 

caracterização dos gêneros e formatos jornalísticos e, em especial, o formato das 

newsmagazines. Entendemos essa ser uma forma de, a posteriori, facilitar a 

apreciação do estudo. 

2.1 A Veja 
 

A revista Veja é uma publicação semanal do Grupo Abril, um dos maiores e 

mais influentes grupos de comunicação e distribuição da América Latina, que produz 

conteúdo em diversas plataformas e opera com base em dois principais segmentos 

empresariais: a Abril Mídia, que concentra os negócios da Editora Abril (que edita a 

Veja), da Abril Gráfica e do CasaCor; e a DGB, holding de Distribuição e Logística 

(GRUPO ABRIL, 2017). 

A Veja foi lançada no mercado brasileiro no dia 11 de setembro de 1968. A 

revista foi a primeira semanal de notícias a adotar o formato da americana Time no 

Brasil. Seu projeto começou a ser idealizado pela editora no início da década de 1960, 

com o objetivo de criar uma revista ilustrada — por isso o nome Veja — semelhante 

às norte-americanas Look e Life, à francesa Paris Match ou à italiana Oggi e concorrer 

com a brasileira Manchete. Porém, em função da crise política no Brasil em 1961, o 

projeto foi adiado e retomado apenas 1967. Levou um ano de estudo e planejamento 

até que a publicação fosse lançada (ALMEIDA, 2008). 



12 
 

 

A ideia inicial para uma nova publicação da Abril vem de navio junto com 
Roberto Civita, filho do fundador do Grupo Abril no Brasil, Victor Civita, que 
retornava ao país após anos de estudo e trabalho nos Estados Unidos. Seu 
entusiasmo inicial por fazer uma revista semanal ilustrada demorou a 
contagiar o pai (VILLALTA, 2002, p. 3). 

 

 
Com a proposta estruturada, a família Civita, dona do Grupo Abril, foi ao 

mercado selecionar os profissionais para trabalhar no veículo. O jornalista genovês e 

radicado no Brasil Mino Carta foi convidado para ser o diretor de Redação. Conforme 

Almeida (2008), de início houve um impasse entre Carta e os Civita quanto à 

autonomia editorial. A resolução foi no seguinte sentido: o diretor de Redação tinha 

independência para fazer a revista, mas não autonomia editorial; as linhas editoriais 

defendidas pela família deveriam ser seguidas por Carta. 

Após seu lançamento, segundo Villalta (2002), o modelo decepcionou os 

anunciantes em sua versão brasileira pelas sucessivas quedas em suas tiragens. 

A reação do público também não foi favorável ao produto: em 1968, o público 
consumidor de revistas estava acostumado com dois tipos de publicações: as 
semanais ilustradas, representadas por Manchete e o modelo de revista de 
economia e política da internacional Visão. Veja vinha com uma proposta 
diferente para os padrões brasileiros, “abria um verdadeiro leque, passava a 
se interessar por tudo” (VILLALTA, 2002, p. 7). 

 
 

Para Mino Carta, a dificuldade para se implementar esse modelo de revista no 

mercado nacional residia no fato de o público-leitor não estar acostumado com uma 

publicação de pequeno formato e muito texto que, além de informativo, propunha uma 

perspectiva dos acontecimentos da vida nacional. Mas o fator decisivo, para ele, dizia 

respeito ao fato de o mundo viver, à época, um momento de inquietações e o Brasil 

estar sob um regime ditatorial — a revista surgiu três meses antes do governo militar 

editar o Ato Institucional nº 5, que, entre outras medidas, instituiu a censura prévia à 

imprensa (VILLALTA, 2002). 

A consolidação da revista junto ao mercado consumidor levou alguns anos para 

acontecer. Os resultados positivos começaram a acontecer quando aconteceu uma 

reforma editorial: a publicação passou a dar maior destaque à cobertura da política 

nacional. 



13 
 

 

Veja descobriu seu caráter nacional com a cobertura de política. Buscaria o 
furo, teria de ser corajosa e independente. Daria o sentido dos 
acontecimentos e, com isso, encontrou a fórmula de revista semanal de 
informação brasileira (ALMEIDA, 2008, p. 30). 

 

 
Conforme Almeida, formato dos textos também vem dessa época, com o uso 

do adjetivo, apuração minuciosa e cuidado com o texto; a preocupação com a 

descrição e os detalhes passou a ser fundamental. De acordo com Villalta (2002), o 

veículo, amparado em concepções técnicas, mercadológicas e conceituais dos 

modelos das revistas Time e Newsweek, se firmou “no contexto da organização 

capitalista da cultura, como um produto cultural em sintonia com o projeto de 

modernização do Brasil através da implantação definitiva do capitalismo” (VILLALTA, 

2002, p. 12). A estabilização da revista no Brasil ocorreu a partir de 1976, quando 

passou a operar com um número médio de 170 mil exemplares por semana. No 

começo do referido ano, porém, a publicação perdeu seu diretor de redação. Mino 

Carta saiu em um processo que, até hoje, conta com duas versões conflitantes: o 

jornalista alega que sua saída ocorreu de forma negociada em troca do fim da censura, 

enquanto que Roberto Civita alega que Carta rompeu o acordo no sentido de sair da 

linha editorial estabelecida pelo Grupo Abril. A carta de demissão foi entregue a Victor 

Civita em 17 de fevereiro de 1976 (ALMEIDA, 2008). 

Já sob a direção do jornalista José Roberto Guzzo, dois anos mais tarde, a Veja 

passou por uma reforma gráfica, quando foi introduzido definitivamente o uso da cor 

em todas as suas imagens. 

Em 1979, o Élio Gaspari passa a trabalhar em sintonia com Guzzo e atribui- 
se à dupla o novo estilo de talento que se potencializou. Gaspari foi 
responsável pela redação dos principais textos desta fase: o Caso 
Baungartem, a doença, agonia e morte de Tancredo Neves, dentre outros. 
Nesse período José Roberto Guzzo trabalha diretamente na seção de 
Economia e Negócios. No começo da década de 80, a revista Veja alcança 
400 mil exemplares/semana, com 340 mil assinantes. O parque gráfico da 
Editora Abril torna a ser modernizado com a aquisição de novas máquinas e 
com um reajuste na distribuição de suas publicações (VILLALTA, 2002, p. 
13). 

 

 
Durante seus 49 anos de história, o veículo contou apenas com seis diretores 

de Redação: Mino Carta, José Roberto Guzzo, Mario Sergio Conti, Tales Alvarenga, 

Eurípedes Alcântara e André Petry (atual). 



14 
 

 

Atualmente a Veja conta com 1.208.916 em circulação total (revista impressa 

+ digital), segundo dados do Instituto Verificador de Comunicação atualizados em 

setembro de 2017 (VEJA, 2017, texto digital). Conforme a publicação, a revista é a 

maior entre as semanais de informação do Brasil e a segunda maior no mundo, 

alcançando toda semana mais de 6 milhões de leitores no impresso e no digital. 

O site da revista lançado em abril de 1996 e, cinco anos mais tarde, juntamente 

com outros títulos da editora Abril, passou a fornecer o conteúdo da revista e de 

cobertura de eventos por meio de sites WAP, aplicativos para Palm e por SMS. Em 

comemoração aos seus 40 anos, no final de 2008, a Veja lançou o portal Acervo Digital 

VEJA, disponibilizando todas as edições da revista para leitura online. No meio digital 

também, como forma de agregar conteúdo exclusivo aos assinantes, o veículo passou 

a disponibilizar um novo modelo de interação que soma o conteúdo digital ao impresso 

utilizando a tecnologia de realidade aumentada, por meio do aplicativo Blippar e 

sinalizado em suas páginas como MV, de Mobile View (OLIVEIRA; KNEIPP, 2016). 

Do público leitor, 54% são mulheres e 46%, homens. Quanto à classe social, 58% 

pertencem às classes AB (VEJA, 2017, texto digital). Conforme Kucinski (apud 

VILLALTA, 2002), a Veja se estabeleceu como um hábito porque 

[...] as revistas semanais ilustradas preenchem no Brasil uma necessidade 
importante de leitura, devido à sua longevidade e alcance nacional, 
especialmente entre as classes médias, que não compram jornais diários. Ao 
contrário dos jornais, possuem um universo grande e próprio de leitores, 
distinto do universo dos protagonistas das notícias, e mantém com esse 
público um forte laço de lealdade (KUCINSKI apud VILLALTA, 2002, p. 13). 

 

 
Apresentada a revista, vamos contextualizar os gêneros e formatos jornalísticos 

na próxima seção deste capítulo de contextualização. 

2.2 Dos gêneros e formatos 

Os gêneros jornalísticos servem para orientar os leitores ao lerem jornais e 

revistas ou quando assistem o noticiário pela TV ou o escutam pelo rádio. Os gêneros 

servem, também, como um diálogo entre o veículo e seu público. Tem a função de 

identificar uma determinada intenção do texto — escrito ou falado —, qual seja: 

informar, opinar, interpretar ou divertir. A classificação das manifestações jornalísticas 

é objeto de instigante debate entre estudiosos tema. As diferentes formulações 

teóricas postuladas se explicam em razão dos múltiplos lugares de observação em 



15 
 

que se situam os estudiosos desse campo. Todos, no entanto, têm o mesmo objetivo: 

compreender como a imprensa se articula. Nesse propósito, arriscam-se a dar nomes 

e atribuir status às muitas classes textuais que jornalistas e colaboradores 

regularmente produzem. Um consenso entre os autores que se dedicam a exercícios 

classificatórios é: o trabalho jornalístico, em sua organização e sistematização, 

subdivide-se em pelo menos dois estágios: os gêneros e os formatos (MARQUES DE 

MELO; ASSIS, 2016). 

Conforme demonstra Moura Filho (2015), no Brasil, três autores têm seus 

estudos sobre essa temática mais visitados: Luiz Beltrão (1980), pioneiro no tema no 

país, o precursor da categorização de relatos jornalísticos, estudioso principalmente 

do gênero opinativo; José Marques de Melo, cuja tese de doutoramento sobre 

jornalismo opinativo é considerada um marco, devido à amplitude e ao 

aprofundamento, além de proporcionar tipificação específica dos relatos jornalísticos; 

e Manuel Chaparro (1998), que, ao realizar uma pesquisa comparada entre jornais 

brasileiros e portugueses, termina por discordar do binômio entre opinativo e 

interpretativo — centro dos trabalhos de Beltrão e Marques de Melo. Chaparro coloca 

como intermediário, entre os gêneros informativo e opinativo, o gênero interpretativo. 

Marques de Melo e Assis (2016) anotam que os gêneros e seus formatos 

enquadram-se dentro de uma ampla gama de processos comunicacionais, 

especialmente no que se refere aos fluxos de distribuição de mensagens midiáticas. 

Entre as principais funções dos meios de comunicação, eles elencam (ps. 45-46): 

informação; correlação (interpretação de significados e sugestão de rumos); 

continuidade (fortalecimento de valores consensuais); entretenimento; e mobilização. 

Com efeito, concluem que os gêneros jornalísticos correspondem a um sistema de 

organização do trabalho jornalísticos, a partir das formas de expressão adotadas nas 

empresas. “Consistem, acima de qualquer taxionomia, em motores da indústria 

jornalística, que a movimentam segundo as expectativas dos consumidores de 

informação sobre a atualidade” (MARQUES DE MELO; ASSIS, 2016, p. 49). Em 

síntese: 



16 
 

O campo da comunicação é constituído por conjuntos processuais, entre eles 
a comunicação massiva, organizada em modalidades significativas, inclusive 
a comunicação periodística (jornal/revista). Esta é estruturada, por sua vez, 
em categorias funcionais, como é o caso do jornalismo, cujas unidades de 
mensagem se agrupam em classes, mais conhecidas como gêneros, 
extensão que se divide em outras, denominadas formatos, os quais, em 
relação à primeira, são desdobrados em espécies, chamadas tipos 
(MARQUES DE MELO apud MARQUES DE MELO; ASSIS, 2016, p. 41). 

 

 
Ainda no plano teórico, é possível adotar a seguinte linha de raciocínio para a 

compreensão do papel dos gêneros: 

 
O funcionalismo faz dos gêneros uma espécie de “cavalo de batalha”, à 
medida que eles se estruturam refletindo as funções sociais básicas 
assimiladas pelos meios de Comunicação e atualizadas de acordo com as 
transformações sociais. Assim sendo, seus conteúdos são moldados por 
categorias funcionais (entre elas o Jornalismo) que se reproduzem em 
classes (ou gêneros), por sua vez organizadas em formas de expressão com 
certas características comuns (formatos) e subdivididas em espécies (tipos) 
(MARQUES DE MELO; ASSIS, 2016, p. 45). 

 
 

Na próxima seção, esmiuçamos os gêneros a partir da classificação do 

pesquisador José Marques de Melo, uma das mais difundidas e adotada como 

referência no Brasil. 

2.2.1 Classificação de Marques de Melo 
 

Para chegar a seu modelo, o autor ressalta duas características básicas que 

definem um gênero, quais sejam: a aptidão para agrupar diferentes formatos e sua 

função social. 

Os gêneros refletem aquilo que os cidadãos querem e precisam 
saber/conhecer/acompanhar, porque justamente nos gêneros esse público 
encontra respaldo para suas ações cotidianas ou, mesmo, para o exercício 
da cidadania. Atender às finalidades condensadas nessas cinco vertentes (a 
saber: informativo, opinativo, diversional, interpretativo e utilitário) é a 
razão de ser do trabalho da imprensa, que foi se construindo ao passo do 
próprio desenvolvimento da sociedade. (MARQUES DE MELO; ASSIS, 2016, 
p. 49-50, trecho entre parênteses e grifos nossos). 

 

 
Na visão do referido autor, em consequência, o formato jornalístico é o modelo 

de construção da informação. Essa construção, descreve, ocorre por meio de 

parâmetros estruturais para cada forma (aspectos textuais, procedimentos e 

particularidades de cada unidade). Isto posto, Marques de Melo classifica os 



17 
 

gêneros e a distribuição de formatos dentro de cada um dos gêneros da seguinte 

forma: 

1. Gênero informativo 
Nota 
Notícia 
Reportagem 
Entrevista 

 
2. Gênero opinativo 

Editorial 
Comentário 
Artigo 
Resenha 
Coluna 
Caricatura 
Carta 
Crônica 

 
3. Gênero interpretativo 

Análise 
Perfil 
Enquete 
Cronologia 
Dossiê 

 
4. Gênero diversional 
História de interesse humano 
História colorida 

 
5. Gênero utilitário 
Indicador 
Cotação 
Roteiro 
Serviço 

 

 
No tópico subsequente, buscamos caracterizar — de forma sintética, sem a 

pretensão de esgotar a discussão teórica — os gêneros e formatos acima elencados. 

2.3 Gêneros 

 
2.3.1 Gênero informativo 

 
Conforme síntese apresentada por Costa (2010), após visitar entendimentos 

de diversos autores, o gênero informativo — ou jornalismo informativo, como refere- 

se na conclusão — é o resultado da articulação que existe, do ponto de vista 



18 
 

processual, entre os acontecimentos que surgem da realidade social e sua expressão 

jornalística na forma de relato noticioso. Esse relato, por sua vez, visa informar o 

receptor do que se passa na realidade. E essa informação chega por meio dos 

formatos nota, notícia, reportagem e entrevista. 

Nota, notícia e reportagem distinguem-se entre si pela progressão dos 

acontecimentos. Em um quadro expositivo, Costa (2010) apresenta que nota se 

configura por um relato do acontecimento que ainda está em processo de 

configuração. De acordo com ele, no caso deste formato, nem todos os elementos da 

notícia (ação, agente, tempo, lugar, modo, motivo) são conhecidos do jornalista. 

“Trata-se de um ‘furo’: antecipação de um fato que pode gerar notícia. [..] É mais 

frequente no rádio, na televisão e na internet” (COSTA, 2010, p. 55). 

Para Tresca (2010), nota é uma notícia curta. A autora ainda aponta que não é 

possível definir nota sem o uso da noção de notícia, pois ambos os formatos não 

possuem caráter opinativo. Porém, segundo ela, a notícia tem como elemento 

diferenciador a extensão maior do texto. 

Já a notícia, contextualiza Costa (2010), além das já citadas semelhanças com 

a nota, representa o relato puro e simples do fato apurado, sem juízo de valor ou 

acréscimo de opinião do jornalista. Em tese, a notícia fundamenta-se pela exatidão 

entre o acontecimento e o relato narrado que chega ao receptor. Para isso, deve 

responder necessariamente as perguntas do chamado lead jornalístico, quais sejam: 

que? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê? 

O lead — tanto na nota, como na notícia e na reportagem — objetiva introduzir 

o leitor ao texto e despertar seu interesse já nas linhas iniciais, seja com uma 

revelação, uma ideia significativa ou declaração de impacto do personagem, um fato 

curioso ou polêmico. O formato da notícia, “narrado em ‘pirâmide invertida’, compõe- 

se de duas partes: ‘cabeça’ (lead) e corpo (body). Privilegia o ‘clímax’ (sensação) 

evitando a ‘cronologia’ (nariz de cera)” (COSTA, 2010, p. 55). 

Passando à definição de reportagem, Costa — ancorado no entendimento de 

Nilson Lage (2001) —, marca uma diferença entre notícia e reportagem: a primeira 

aborda fatos, e a segunda, assuntos. Por isso, infere-se que a reportagem é um 

trabalho de maior apuração, por parte do jornalista, das nuances e implicações dos 



19 
 

fatos narrados em notícias; dá maior amplitude aos possíveis desdobramentos do 

caso. Em síntese: 

Trata-se do aprofundamento dos fatos de maior interesse público que exigem 
descrições do repórter sobre o “modo”, o “lugar” e “tempo”, além da captação 
das “versões” dos “agentes”. De autoria originalmente individual, esse formato 
converteu-se em trabalho de equipe (COSTA, 2010, p. 55) 

 

 
Último formato dentro do gênero informativo, a entrevista é descrita por Costa 

como uma técnica de coleta de informações imprescindível ao ofício do jornalismo, 

legitimada em diversas mídias, desde às redações jornalísticas até a produção 

acadêmica. Especificamente, a entrevista é um relato que privilegia a visão de um ou 

mais protagonistas de um acontecimento. “Configura uma espécie de relato da 

alteridade, dando ‘voz’ aos ‘elegantes’ da cena jornalística. O repórter assume a 

função de ‘mediador’, assumindo empaticamente o papel de ‘intérprete’ do receptor” 

(COSTA, 2010, p. 55). Tresca (2010), ancorando-se no manual de redação da Folha 

de S. Paulo, complementa que a maioria das notícias têm a entrevista como sua 

matéria-prima — embora nem sempre isso fique claro. 

2.3.2 Gênero opinativo 

 
Conforme lembra Marques de Melo (2003), os primeiros veículos de imprensa 

eram baseados no jornalismo opinativo, por serem, em sua maioria, produzidos por 

somente uma pessoa. Porém, expõe que, ao longo dos anos, o processo de 

expressão de opinião na imprensa se modificou: os veículos saíram de seu modus 

operandi como empreendimento individual e transformaram-se em instituições 

voltadas ao mercado. Com esse fenômeno, por mais que a instituição jornalística 

tenha uma orientação, a manifestação da opinião passou a ser heterogênea; a 

expressão da opinião ficou mais fragmentada, seguindo tendências diversas e até 

mesmo conflitantes. 

Dessa fragmentação, percebe Marques de Melo, organizaram-se quatro 

núcleos emissores de opiniões: a empresa, o jornalista, o colaborador e o leitor. Ato 

contínuo, desses quatro núcleos resultaram oito formatos: editorial, comentário, artigo, 

resenha, coluna, crônica, caricatura e carta. Conforme o pesquisador, a opinião da 

empresa é percebida na orientação editorial do veículo e, mais especificamente, no 

editorial. Por outro lado, a opinião do jornalista apresenta-se nos comentários, em 



20 
 

resenhas, colunas, crônicas, caricaturas e artigos. Já a opinião do colaborador 

(personalidades representativas da sociedade que buscam espaços na imprensa para 

opinar sobre a vida político-social) manifesta-se na forma de artigos. E, por fim, a 

opinião do leitor pode ser expressada através de carta. 

Uma questão pertinente, aqui: diversos autores levantam como problemática 

dificuldade de separar a opinião da informação, ao passo que criticam a divisão entre 

jornalismo informativo e jornalismo opinativo. Tal debate receberá maior 

aprofundamento, neste trabalho, na seção destinada a tratar especificamente do 

formato das newsmagazines, porque entendemos as revistas como publicações que 

mais misturam opinião e informação. Isto posto, passamos a caracterizar os formatos 

do jornalismo opinativo. 

O editorial é o formato que expressa a opinião oficial da empresa diante dos 

fatos de maior repercussão. Popularmente, recorda Marques de Melo, se diz que o 

editorial contém a opinião do dono empresa, algo que, presume-se, seria verdade nas 

organizações de pequeno e médio porte, em que o controle financeiro ficaria nas mãos 

de um proprietário ou de sua família. Mas a relação pode ser mais complexa, com o 

editorial expressando, desse modo, a opinião do conjunto de forças que mantém a 

instituição jornalística, dentre eles proprietários, jornalistas, acionistas, anunciantes e 

leitores. Até por isso, inferem Marques de Melo e Assis (2016), o editorial não é 

assinado, já que registra um posicionamento institucional. 

Também formato opinativo, o comentário é um instrumento utilizado para 

explicar as notícias, suas circunstâncias e consequências. Nem sempre emite opinião 

explícita, haja vista que o julgamento dos fatos é percebido na medida em que se 

acompanha o raciocínio do comentarista. Como traz Costa (2010), sua estrutura é 

organizada em duas partes: na primeira o autor sintetiza o fato para situar o leitor 

sobre o tema, e na segunda o articulista desenvolve a argumentação sugerindo o 

julgamento do fato. O autor entende que o comentário é um texto mais próximo do 

artigo — por ser temático, analítico e argumentativo, que se encerra com a valoração 

de um fato — do que da coluna — esta mais abrangente na exposição dos relatos. 

Quanto ao comentarista, é um “especialista em análises e comentários sobre fatos 

econômicos, políticos, sociais e desportivos em programas especializados, telejornais 

etc.” (BARBOSA; RABAÇA apud COSTA, 2010, p. 58). 



21 
 

Já sucintamente abordado, o artigo é considerado por Marques de Melo (apud 

COSTA, 2010) como o gênero que democratiza a opinião, pois nele o veículo abre 

espaço aos mais diversos atores influentes da sociedade para que estes possam 

expor seus pontos de vista. O artigo possui características semelhantes as do editorial 

no que tange à topicalidade, estilo e natureza. Porém, sua estrutura é mais livre. O 

artigo confere ao seu autor uma grande liberdade de expressão quanto ao tema, juízo 

de valor que faz e a forma de expressão. 

 

Adentrando nas características da coluna, Barbosa e Rabaça (apud RÊGO; 

AMPHINO, 2010, p. 104) descrevem que o formato é “a seção especializada de jornal 

ou revista, publicada com regularidade e geralmente assinada, redigida em estilo mais 

livre e pessoal do que o noticiário comum”. Marques de Melo (apud RÊGO; AMPHINO, 

2010, p. 104) subdivide o colunismo três partes pelos aspectos: i) o colunismo atende 

a uma necessidade de satisfação substitutiva existente no público leitor; ii) tem a 

função de "balão de ensaio" por insinuar fatos, lançar ideias e sugerir situações, com 

a finalidade de avaliar repercussões; e iii) alimentando a vaidade de pessoas 

importantes, o colunismo oferece modelos de comportamento. 

 

A resenha, por sua vez, corresponde a avaliação de uma obra; tem por 

finalidade orientar os apreciadores sobre a qualidade da obra resenhada — um filme, 

uma série de televisão, um álbum musical etc. De acordo com Rêgo e Amphino (2010), 

o formato ainda está em processo de evolução na imprensa brasileira, pois aparece 

diversas formas — às vezes mais simples e outras mais aprofundadas. 

 
Por vezes, nos jornais considerados mais populares, resenha aparece poucas 
vezes e, em algumas delas, aproxima-se do roteiro, enquanto um pequeno 
comentário de um filme, ou peça teatral, com o objetivo de consumo de bens 
culturais (RÊGO; AMPHINO, 2010, p. 103). 

 
 

No que tange à crônica, o formato textual é definido por Rêgo e Alphinho 

(2010) como algo no qual o jornalista/escritor recorre para transmitir ao leitor seu juízo 

sobre fatos, ideias e estados psicológicos pessoais e coletivos. Resgatando definição 

de Marques de Melo, os pesquisadores escrevem que a atividade dos cronistas 

estabelece a fronteira entre a logografia (o registro de fatos mesclados com lendas e 

mitos) e a história narrativa (descrição de ocorrências baseadas nos princípios de 

verificação e fidelidade). Dessa forma, a crônica assume um caráter de relato sobre 



22 
 

feitos, cenários e personagens a partir da observação do narrador ou informações 

coletadas junto a protagonistas ou testemunhas oculares. 

 

Passando à caricatura, Rêgo e Amphino (2010) avaliam que, enquanto gênero 

jornalístico, ela cumpre uma função social de motivar o leitor. Além disso, é um eficaz 

instrumento de persuasão. Conceitualmente, os autores definem caricatura como uma 

forma de ilustração absolvida pela imprensa como recurso para reforçar o jornalismo 

opinativo, já que o formato é utilizado para ridicularizar, satirizar e criticar personagens 

e fatos, por exemplo. Conforme Marques de Melo (apud RÊGO; AMPHINO, 2010), há 

várias formas de caricatura: a caricatura propriamente dita; a charge, como crítica 

humorística de um fato; o cartoon e o comic (histórias em quadrinho). 

 

Por fim, o gênero opinativo ainda possui o formato carta. Este é o primeiro 

formato a possibilitar a expressão da audiência. Conforme o entendimento de Rêgo e 

Amphino (2010), a seção cartas confere aos veículos de comunicação a oportunidade 

de conhecer o pensamento de seu público, além de trazer diversas formas de 

interatividade, com vistas a tornar o relacionamento mais próximo entre a empresa de 

comunicação e os receptores de suas mensagens. 

 

2.3.3 Gênero interpretativo 

 
Conforme nos apresentam Costa e Lucht (2010), o marco para o surgimento 

do jornalismo interpretativo, no Brasil, foi a criação do Departamento de Pesquisa e 

Documentação do Jornal do Brasil, implementado pelo jornalista Alberto Dines na 

década de 1960. Mário Erbolato (apud COSTA; LUCHT, 2010, p. 109) relaciona o 

citado departamento ao surgimento da TV no país — ambos são contemporâneos. 

Pontua que a TV também teve papel importante para a formulação teórico-prática do 

gênero interpretativo: “obrigou o resto da veiculação a apressar-se para entrar em seu 

ritmo e satisfazer às novas necessidades que criou”. 

 

Com isso, os jornais impressos tiveram que adaptar as suas estratégias 

editoriais, optando por veicular reportagens de forma a complementar o que o público 

ouviu no rádio ou assistiu pela televisão. Resultado disso foi o surgimento do 

jornalismo interpretativo, que não se contenta “com um relato mais ou menos 

perceptivo do que está acontecendo, mas busca um aprofundamento (LEANDRO; 

MEDIDA apud COSTA; LUCHT, 2010, p. 110); é um “esforço de determinar o sentido 



23 
 

de um fato, através da rede de forças que atuam nele — não a atitude de valoração 

desse fato ou de seu sentido, como se faz em jornalismo opinativo (IBIDEM, p. 110). 

 

Uma diferença objetiva que os autores, acima citados entre aspas, 

estabelecem: enquanto o informativo registra o aqui, o já, a reportagem interpretativa 

determina um sentido mais amplo, reconstituiu temporalmente o fato, e, no âmbito 

temporal, não deixa o texto datado. Ou seja, “deixa os limites do acontecer para o 

estar acontecendo atemporal ou menos presente” (LEANDRO; MEDINA apud 

COSTA; LUCHT, 2010, p. 111). Para que tal ampliação e aprofundamento seja 

alcançado, os estudiosos sugerem que sejam acrescidas às indagações do lead 

jornalístico questões como: “em que contexto? Com que raízes? E com que 

envolvimento humano? (IBIDEM, p. 111). 

 

Citando obra de Beltrão, Jornalismo Interpretativo: filosofia e técnicas (1976), 

Costa e Lucht (2010) lembram que a interpretação jornalística é atitude de ofício do 

jornalista. Neste sentido, Beltrão parece assumir que a interpretação se disfarça em 

opinião do jornalista. Porém, em outro trecho, estabelece limites entre interpretar e 

opinar: “Se o jornalista ultrapassa os limites da busca do sentido das forças que atuam 

em uma situação, [...] estará em pleno domínio da opinião” (BELTRÃO apud COSTA; 

LUCHT, 2010, p. 112). 

 

Quanto aos formatos, o gênero interpretativo comporta análise, perfil, enquete, 

cronologia e dossiê. O perfil, conforme Dias et al (apud COSTA; LUCHT, 2010), 

compreende em uma apresentação das características do personagem enfocado e 

possui a finalidade de apresentar ao público como aquele personagem se comporta 

perante a fatos do cotidiano, perante à sociedade. Sodré e Ferrari (1986), também 

citados por Costa e Lucht, complementam que o perfil é um texto que dá protagonismo 

à história de vida do personagem, ao passo que Villas Boas (apud COSTA; LUCHT, 

2010) considera o perfil como um formato adequado para expressar a trajetória, 

mesmo que de forma sintética, do perfilado ao permitir a incorporação num texto 

descritivo de trechos descritivos. 

 

Já o formato análise compreende em um texto no qual é apresentado, ao leitor, 

dados complementares para que ele possa ter maior compreensão dos fatos. A 

informação, neste caso, é analisada pelo autor do texto. Antes de debruçar-se sobre 



24 
 

o conceito desse formato, Costa (2010) levanta um problema de que alguns formatos 

do gênero interpretativo carecem de uma definição mais aprofundada — como são os 

casos, além da análise, do dossiê, enquete e cronologia. O pesquisador relembra que, 

no manual de redação da Folha de S. Paulo (2001), análise aparece como um 

princípio, e não uma modalidade de texto; que o texto com função de análise é 

publicado como instrumento de apoio a uma reportagem principal, a fim de enriquecê- 

la. Já Antonio López Hidalgo (2002), visitado por Costa (2010), considera a análise 

como um “gênero jornalístico autônomo, porque contém características próprias e 

suficientes para diferenciar-se de outros textos limítrofes, como a crônica, o editorial 

o artigo e a coluna” (p. 67). 

 

Adentrando às características da enquete, Dias et al (apud COSTA, 2010, p. 

67) diz que “corresponde ao espaço dedicado a informação que seja interpretada pelo 

entrevistado de forma rápida e sucinta”. Por outro lado, Beltrão (1980, apud COSTA, 

2010) diverge desse entendimento. O autor não vê interpretação; considera que a 

enquete é um espaço de opinião do leitor. Costa, então, recorre a Marques de Melo 

para harmonizar o formato. Sintetiza-o como: 

 
Relato das narrativas ou pontos de vista de cidadãos aleatoriamente 
escolhidos. Tanto pode ser restrita aos "olimpianos" quanto abrangente, 
incluindo os "cidadãos comuns". Destina-se a acionar os mecanismos 
psicológicos de "projeção" ou "identificação" (COSTA, 2010, p. 68). 

 
 
 

Próximo formato interpretativo, a cronologia é definida como um 

“complemento da informação principal (seja ela reportagem ou notícia), com dados 

cronológicos dos acontecimentos” (DIAS et al apud COSTA; LUCHT, 2010, p. 115), 

destinada a reconstruir o fluxo das ocorrências, para permitir melhor compreensão 

pelo receptor. 

 

Por último, o dossiê, é apresentado na literatura de Marques de Melo (apud 

COSTA, 2010, p. 68) como um mosaico destinado a facilitar a compreensão dos 

acontecimentos noticiosos, uma condensação de dados dispostos em “boxes” nas 

produções jornalísticas, ilustrados com gráficos ou tabelas. O autor ressalta que trata- 

se de uma matéria que objetiva complementar as narrativas principais de uma edição 

ou celebrar efemérides. 



25 
 

2.3.4 Gênero diversional 

 
Costa (2010) nos lembra que, apesar de remeter, à primeira vista, à diversão e 

ao entretenimento, não é essa a conceituação do gênero diversional. Ele está 

relacionado ao New Jornalism americano — um jornalismo “de evasão, cultivado pela 

in-cultura contemporânea: a interpretação adulterada ou pessoal e interessada” 

(BELTRÃO apud COSTA, 2010, p. 73). No Brasil este formato é mais conhecido como 

jornalismo literário, que, segundo Werneck (apud COSTA, 2010), é um jornalismo que 

busca tornar a informação mais saborosa, enriquecendo a narrativa com recursos de 

ficção. Enquanto este autor parece ver a formula de forma positiva — chega a dizer 

que o jornalista, ao escrever, está “empenhado em uma indispensável empreitada de 

sedução” (WERNECK apud COSTA, 2010, p. 72) —, Beltrão tem um olhar negativo 

sobre a fórmula; se mostra reticente quanto a introdução da ficção junto à informação. 

Coube a Marques de Melo, segundo a pesquisa realizada por Costa (2010), a 

discussão mais aprofundada sobre o gênero diversional. O autor chegou a colocar em 

xeque a existência do gênero, pois entendia que a “diversão” se tratava apenas de 

recurso narrativo para estreitar os laços entre a instituição jornalística e seu público. 

Porém, depois, orientou trabalho de Dies et al (1998), onde extrai-se o conceito do 

gênero e de seus formatos: história de interesse humano e história colorida. 

Passando a caracterização dos dois formatos, a história de interesse 

humano, conforme elucida Costa (2010) a partir da literatura de Marques de Melo, é 

uma narrativa que privilegia as facetas, os traços particulares dos protagonistas. 

Aborda um fato que foi notícia retomado a partir de sua dimensão humana. Para 

suscitar o interesse do público, na construção do texto, o autor vale-se de recursos 

literários e ficcionais. Porém, os relatos devem primar pela verossimilhança, sob pena 

de perder credibilidade. 

Já o formato de história colorida é utilizado como instrumento para descrever 

uma situação que envolve um fato, também empregando recursos literários, para 

transmitir emoções e sentimentos. A ênfase passa a ser no modo como a história se 

desenvolve, e não a informação; trata-se de uma leitura impressionista, para 

enriquecer a ação dos personagens no fato narrado (COSTA, 2010). 



26 
 

2.3.5 Gênero utilitário 

 
Último gênero jornalístico a ser descrito nesta produção, o gênero utilitário — 

também conhecido como jornalismo de serviço —, tem como propósito levar ao 

receptor a informação que ele necessita de imediato ou que pode necessitar em algum 

momento. Essa informação o ajuda a tomar decisões que podem influenciar em suas 

ações cotidianas. Manifesta-se em seções próprias, como a divulgação de indicadores 

meteorológicos e econômicos, que se repetem constantemente nos mais variados 

meios. Também se manifesta em situações como em uma reportagem sobre 

economia, com dicas de investimentos, ou ainda em uma matéria de saúde, com a 

inserção de informações sobre prevenção de doenças. (VAZ, 2010). 

Conforme Marques de Melo (apud VAZ, 2010, p. 128), são quatro formatos 

dentro do gênero utilitário. Eles são divididos em: 

– Indicador: dados fundamentais para a tomada de decisões cotidianas. Inclui 

cenários econômicos, meteorologia, necrologia, etc.; 

– Cotação: dados sobre a variação dos mercados: monetários, industriais, 

agrícolas, terciários; 

– Roteiro: dados indispensáveis ao consumo de bens simbólicos; e 

– Serviço: informações destinadas a proteger os interesses dos usuários dos 

serviços públicos, bem como dos consumidores de produtos industriais ou de 

Serviços privados. 

 

Vaz (2010, p. 129), em sua apresentação do gênero, acrescenta mais dois 

formatos além dos adotados na classificação de Marques de Melo. São eles: 

– Olho: relatos aprofundados de fatos de interesse público, que acrescentam 

vestígios de informações utilitárias, muitas vezes em olho ou boxes, 

complementando o material informativo; e 

– Dica: informações que unem o formato reportagem (relato estendido sobre 

algum acontecimento) com o formato roteiro (relato resumido sobre as opções 

de Consumo de bens simbólicos). 

 

Depois de inventário sobre a categorização e conceituação dos gêneros e 

formatos jornalísticos, a próxima seção será dedicada a tratar sobre o formato das 

revistas e inserir a discussão sobre a opinião nessas publicações. 



27 
 

2.4 O formato e a opinião nas newsmagazine 

 
"As revistas praticam um jornalismo mais opinativo — ou praticam mais o 

jornalismo opinativo — que os jornais?" (BOFF, 2013, p. 189). A indagação é 

pertinente, e vamos discutir o porquê neste tópico do capítulo. Antes, porém, 

trataremos de abordar o formato das revistas e, mais especificamente, das 

newsmagazine — as revistas semanais de notícias. De acordo com pesquisa de 

Salomão (2010), foi na Alemanha, em 1663, que surgiu a publicação considerada 

como a que inaugurou o estilo revista: a Erbauliche Monaths-Unterredungen 

(Edificantes Discussões Mensais) assemelhava-se a um livro, trazia artigos sobre 

teologia e propunha-se a ser periódica. No mesmo período surgiram publicações 

semelhantes na França, Itália e na Inglaterra. 

 

Segundo Salomão, nenhuma dessas publicações levava o nome de revista — 

o termo surge apenas em 1704. Já o termo magazine, originariamente sinônimo de 

lojas que vendiam mercadorias diversas, foi adotado pela primeira em 1731, em 

Londres, quando do lançamento da The Gentleman's Magazine. Porém, Ana Luiza 

Martins (apud SALOMÃO, 2010) coloca três outras publicações como as pioneiras no 

modo com as revistas são conhecidas hoje: Edinburgh Review (1802), Quarterly 

Review (1809) e Blackwood’s Magazine (1817), editadas na Grã-Bretanha. 

 

Boff (2013) considera, como marco do jornalismo de revista, o surgimento do 

formato das newsmagazine com a norte-americana Time, em 1923. A publicação 

instituiu e popularizou a fórmula da revista semanal de informação. Essa fórmula logo 

passou a ser adotada pelas demais publicações, inclusive pela Newsweek, principal 

concorrente da Time, em 1933. Por esse modelo, a revista passou a explorar a fundo 

os temas, abordando-os em texto amplos e analíticos, explorando o jornalismo 

interpretativo. A receita inspirou praticamente todas as revistas ao redor do mundo, 

inclusive a brasileiras Veja, alvo deste trabalho. 

 

A partir dessa padronização entre as newsmagazine, é possível perceber 

elementos comuns a cada edição, elementos que constroem a matriz do jornalismo 

de revista: uma reportagem de capa (destaque nas páginas internas), uma grande 

entrevista, notas resumindo os principais acontecimentos da semana, colunas breves 

de política e economia e uma seção de frases, artigos e crônica, além do editorial da 



28 
 

edição. Na revista, a apuração dos fatos é mais profunda, pois presume-se que é uma 

publicação onde o leitor vai encontrar informações que não verá no rádio, na televisão 

ou na internet. Porém, como o questionamento usado na abertura da seção, há mais 

opinião na revista do que em outros meios. A opinião está além do editorial; surge 

moldando a linha editorial do veículo (BOFF, 2013). 

 

Rêgo e Amphino (2010), embora não tratando especificamente de jornalismo 

de revista, levantam a questão de que “todo o discurso jornalístico é, por natureza, um 

discurso opinativo, mas não necessariamente um gênero de opinião” (p. 95). Os 

autores recordam que a separação entre opinião e informação teve início com o editor 

inglês Samuel Buckley, quando este resolveu separar as news dos comments no Daily 

Courant, no princípio do século XVIII. Neste mesmo século, já podia ser visto uma 

diferença entre a imprensa inglesa e norte-americana, moldadas pelo caminho da 

informação, e a francesa, mais opinativa. No Brasil, a opinião prevaleceu ante à 

informação até meados do século XX. A lógica começou a mudar, com as empresas 

de comunicação aderindo à defesa da objetividade jornalística, a partir da pragmática 

norte-americana de transformar a informação em mercadoria. Com isso, a opinião 

passou a se moldar dentro do jornalismo e a interagir com os conteúdos informativos. 

“Deste modo, os textos opinativos, em geral, se originam em algum acontecimento 

noticiado pelos textos informativos” (RÊGO; AMPHINO, 2010, p. 97). 

Voltando às revistas, Boff (2013), em estudo sobre as fronteiras entre opinião 

e informação no meio, conduziu uma série de exercícios e reflexões para identificar 

como se manifestam as opiniões nas revistas. Ele separou trechos de editoriais e 

reportagens e os reproduziu de forma separada, propositalmente, sem os identificar 

como editorial ou reportagem. A proposta era que o leitor analisasse os excertos e 

tentasse identificar de qual natureza o fragmento era — editorial ou reportagem —, 

além de ver a coesão de ponto de vista entre o que diz editorial e reportagem. Ao final, 

o autor diz concordar, de modo geral, com a tese de Marques de Melo de ausência de 

fronteiras entre opinião e informação no jornalismo brasileiro 

Para Boff, a opinião, sobretudo nas revistas, extrapola os limites dos editoriais 

e das colunas, pois considera que até o formato mais imparcial, com construção em 

lead e pirâmide invertida, está sujeito à opinião. Isto porque, para se construir a notícia, 

o jornalista tem que identificar, por meio de conceitos subjetivos, o mais importante a 



29 
 

ser noticiado. De acordo com ele, há grande resistência, entre teóricos e profissionais 

da Comunicação, em se admitir os traços opinativos contidos nos jornalismos 

informativo e interpretativo. 

Vilas Boas (apud BOFF, 2013) admite que as newsmagazines não possuem as 

mesmas pretensões de objetividade e imparcialidade que os jornais. Porém, não 

reconhece a "opinião" no texto, mas aceita um eufemismo: "ponto de vista". De acordo 

com essa leitura, o ponto de vista ao qual Vilas Boas se refere não é do jornalista; é 

proveniente do veículo. "Em outras palavras, obedece a uma linha editorial, refletindo, 

portanto, a opinião que está na raiz da linha editorial – dos proprietários, dos editores, 

do grupo que o veículo representa" (BOFF, 2013, p. 200). 

Vilas Boas, em passagem outra citada por Boff, expõe que o conceito de 

liberdade na construção do texto de revista depende das particularidades da matéria, 

e, principalmente, do ponto de vista do veículo. 

Podemos falar em temos liberdade de estilo, mas não no sentido de posição 
ideológica. [...] Dentro do assunto tratado, a reportagem de revista repercute 
um ponto de vista genérico, que poderíamos chamar de tendência, mas de 
forma velada (VILAS BOAS apud BOFF, 2013, p. 200). 

 

 
Ao perceber essa relutância em admitir a opinião além dos formatos naturais 

de opinião, Boff se permite formular algumas conclusões. Entende que o temor que a 

revista tem de assumir ter opinião ocorre pelo fato de a opinião poder ser refutada 

com argumentos, o que tornaria a revista “de opinião” mais frágil em comparação à 

“de informação”. Nesse sentido, o autor apresenta uma reflexão na qual apresenta 

como grande problema das revistas elas disfarçarem sua opinião como informação ou 

interpretação. 

O dilema da opinião no jornalismo de revista é justamente não reconhecê-la, 
tomá-la como um valor negativo. A opinião sempre faz parte da receita das 
revistas de informação, a tiracolo do chamado jornalismo interpretativo. Se a 
objetividade é um mito, o jornalismo interpretativo também pode ser 
entendido como tal. Interpretar é tirar conclusões, e tirar conclusões é opinar. 
Logo, a questão que se impõe às revistas não é opinar. O problema é querer 
disfarçar sua opinião de informação ou interpretação (BOFF, 2013, p. 202). 

 
 

Após essa apresentação geral sobre revista, gêneros e o formato das 

newsmagazines, no capítulo abaixo traremos as bases metodológicas que dão vazão 

científica ao trabalho. 



30 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

3 MÉTODO 

 
 

 
A pesquisa está ancorada em método quanti-qualitativo. Quanto aos fins, o 

trabalho será exploratório e descritivo; no que se refere aos meios, a produção se 

valerá de meios bibliográficos e documentais. O capítulo também resume os critérios 

para escolha da amostra e para a análise de conteúdo. Nas páginas a seguir, 

explicaremos mais detalhadamente o método. 

3.1 Pesquisa qualitativa 

 
Pesquisadores que utilizam o método qualitativo de pesquisa, conforme 

Goldenberg (1998), recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social 

proposto por Augusto Comte. Comte defendia a unidade de todas as ciências e a 

aplicação de uma abordagem científica para descrever a realidade humana. O autor 

propôs uma hierarquia das ciências. Afirmava que cada uma dependia do 

desenvolvimento da que a precedeu. Exemplo: a sociologia não poderia existir sem a 

biologia, que não poderia existir sem a química. 

Esse modelo passou a ser contestado na segunda metade do século XX. 

Influenciados pelo idealismo de Kant, pesquisadores passaram a argumentar que o 

estudo da realidade social, por meio de métodos de outras ciências, poderia destruir 

a essência daquela realidade em análise. O cerne da questão se encontrava na 

objetividade e na subjetividade: nas ciências naturais, os pesquisadores trabalham 

com objetos passíveis de serem conhecidos de forma objetiva, enquanto nas ciências 

sociais os problemas são de cunho subjetivo; envolvem emoções, valores, 

significações (GOLDENBERG, 1998). 



31 
 

Essa discussão filosófica que diferencia uma ciência da outra possibilitou que, 

ao longo dos anos, fossem desenvolvidos métodos qualitativos de pesquisa social. Na 

pesquisa qualitativa, em resumo, o pesquisador aprofunda-se na compreensão dos 

fenômenos que estuda, que podem ser indivíduos, grupos ou organizações dentro de 

seus contextos sociais. Os signos são interpretados segundo a perspectiva daquela 

situação em particular, de forma subjetiva. Tal metodologia exige sensibilidade e 

criatividade para agregar valor ao trabalho: 

Estes dados não são padronizados como dados quantitativos, obrigando o 
pesquisador a ter a flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los e 
analisá-los. Não existindo regras precisas e passos a serem seguidos, o bom 
resultado da pesquisa depende da sensibilidade, intuição e experiência do 
pesquisador (GOLDENBERG, 1998, p. 53) 

 

 
A autora coloca que a pesquisa qualitativa depende da biografia do 

pesquisador, das opções teóricas, do contexto mais amplo e das imprevisíveis 

situações que ocorrem no dia a dia da pesquisa. Já em pesquisas quantitativas, os 

resultados podem ser quantificados, resultando em tabelas, gráficos e quadros 

explicativos ou comparativos, entre outros recursos. Por essa metodologia, são 

utilizados procedimentos estruturados e instrumentos formais para a coleta de dados, 

enfatizando a objetividade (FONSECA, 2002). 

Conforme o autor, a pesquisa quantitativa apresenta, na comparação com a 

qualitativa, menor enfoque na interpretação do objeto e, por ter foco mais restrito, 

confere menor importância ao contexto em que o objeto se encontra. Por outro lado, 

Fonseca defende que estudos dessa natureza salientam aspectos dinâmicos, 

holísticos e individuais da experiência humana e possibilitam apreender a totalidade 

no contexto daqueles que estão vivenciando o fenômeno estudado. 

Influenciada pelo positivismo, [a pesquisa qualitativa] considera que a 
realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, 
recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa 
quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um 
fenômeno, as relações entre variáveis, etc. (FONSECA, 2002, p. 20) 

 

 
Acontece que os pesquisadores começaram a ter uma nova percepção sobre 

os métodos que utilizavam. Segundo Goldenberg (1998, p. 61), Max Weber acreditava 

que podia ser proveitoso usar da quantificação na sociologia, “desde que o método 

fosse utilizado para a compreensão de um determinado problema, e não 



32 
 

obscurecesse a singularidade dos fenômenos que não poderia ser captada através 

da generalização”. Dessa forma, ganhou força a utilização conjunta dos modelos 

quantitativo e qualitativo. 

Goldenberg (1998) explica que a integração da pesquisa quantitativa e 

qualitativa permite ao pesquisador fazer cruzamento de suas conclusões, para que 

tenha maior confiança que a situação observada não é um particular e isolado. A 

autora defende que a combinação de metodologias diversas no estudo do mesmo 

fenômeno tem por objetivo promover maior amplitude na descrição, explicação e 

compreensão do fenômeno estudado. Nesta perspectiva, os métodos qualitativos e 

quantitativos deixam de ser percebidos como opostos e tornam-se complementares. 

Enquanto os métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos 
de estudo comparáveis, que fornecerá dados que podem ser generalizáveis, 
os métodos qualitativos poderão observar, diretamente, como cada indivíduo, 
grupo ou instituição experimenta, concretamente, a realidade pesquisada 
(GOLDENBERG, 1998, p. 63). 

 

 
Dessa forma, segundo a autora, é o conjunto de diferentes pontos de vista e 

formas de coletar e analisar os dados que permite uma ideia mais ampla e inteligível 

do problema, pois a premissa básica da integração está na ideia de que os limites de 

um método poderão ser contrabalanceados pelo alcance do outro. 

Neste trabalho, especificamente, usaremos o método quantitativo para 

verificarmos a intensidade com a qual o tema da delação da JBS foi abordado durante 

o período da amostragem selecionada pois a teoria da agenda — que está no centro 

do problema desta pesquisa — defende que o agendamento midiático ocorre de 

médio a longo prazo, a partir de uma exposição constante do assunto (McCOMBS, 

2008). Essa gama de informações colhidas e quantificadas também irá fornecer 

elementos para nossas análises qualitativas, voltadas à mensagem jornalística. 

Finalizada essa breve caracterização das pesquisas qualitativa e quantitativa, 

começamos, a seguir, a descrever o tipo de pesquisa quanto a seus fins. Neste caso, 

pesquisa exploratória — pela qual iniciamos o tópico — e pesquisa descritiva. 



33 
 

3.2 Pesquisa exploratória 

 
Na qualidade de uma monografia, esta produção tem o objetivo de proporcionar 

maior familiaridade com o problema de pesquisa — como os discursos de direita e 

esquerda se mostram no contexto editorial? 

Gil (2002) explica que esse tipo pesquisa pode envolver, entre outras coisas, 

levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências 

relacionadas ao problema e análise de exemplos que estimulem a compreensão do 

assunto. O autor ressalta: “Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja 

bastante flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou 

de estudo de caso” (GIL, 2002, p. 41). 

3.3 Pesquisa descritiva 
 

Outro fim também é o trabalho assumir a forma descritiva. Como mostra Gil 

(2002), pesquisas descritivas objetivam a descrição das características de 

determinado fenômeno e o estabelecimento de relações entre variáveis sobre ele. 

Para alcançar esses objetivos, são adotadas técnicas padronizadas de coleta de 

dados, como por exemplo a utilização de questionários e a observação sistemática. 

Juntamente com as pesquisas exploratórias, as pesquisas descritivas são adotadas 

por pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. 

 
Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da 
existência de relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza 
dessa relação. Nesse caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima 
da explicativa. Há, porém, pesquisas que, embora definidas como descritivas 
com base em seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma 
nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias (GIL, 
2002, p. 42). 

 
 

Depois dessa definição de pesquisas de tipo descritivas e exploratórias, 

dedicaremos a próxima parte deste capítulo a base metodológica do trabalho quando 

a seus meios de obtenção de dados. 

3.4 Pesquisa bibliográfica 
 

Pesquisa bibliográfica, num sentido mais restrito, é um conjunto de 

procedimentos que visam identificar informações bibliográficas, selecionar 

documentos pertinentes e dados de documentos para que sejam usados como 

embasamento para a construção de um trabalho acadêmico. “Para estabelecer as 



34 
 

bases em que vão avançar, alunos precisam conhecer o que já existe, revisando a 

literatura existente sobre o assunto” (STUMPF, 2008, p. 58). 

Conforme discorre a autora, mesmo em um modelo de formulação de 

produções acadêmicas que obedecem uma série de quesitos — definição do tema, 

revisão literária, hipóteses, metodologia, análise de dados e conclusão —, a pesquisa 

bibliográfica, mesmo que informalmente, precede a definição do problema de 

pesquisa e acompanha o pesquisador durante toda a elaboração do trabalho. 

Stumpf (2008) descreve o modus operandi do pesquisador em um estudo 

bibliográfico: i) identificação do tema e assuntos; ii) seleção das fontes; iii) localização 

e obtenção do material; e iv) leitura e transcrição dos dados. Após dados esses passos 

é que se torna possível fazer a análise de forma adequada. 

3.5 Pesquisa documental 

 
Semelhante à pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental vale-se de 

materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser 

reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Nesse tipo de pesquisa, lembra 

Gil (2002), as fontes de informação são bastante diversificadas e dispersas. Nos dois 

tipos de pesquisa, bibliográfica e documental, nem sempre ficam claras as distinções, 

“já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos 

para determinado público” (GIL, 2002, p. 46). 

Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultada nas pesquisas 
documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, pode ser tratada como 
fontes bibliográficas. Nesse sentido, é possível até mesmo tratar a pesquisa 
bibliográfica como um tipo de pesquisa documental, que se vale 
especialmente de material impresso fundamentalmente para fins de leitura 
(GIL, 2002, p. 46). 

 

 
Entre as vantagens que a pesquisa documental proporciona, está o fato de não 

exigir contato com os sujeitos da pesquisa, já que, em muitas situações, é difícil ou 

até mesmo impossível esse contato. Como coloca Gil (2002), tal situação não é de 

todo ruim e não necessariamente prejudica a produção do trabalho, já que 

documentos também constituem fonte rica de dados. 

Após este segmento, destinado a tratar sobre os tipos de pesquisa quanto a 

seus meios, abordamos na sequência os critérios para a escolha da amostragem. 



35 
 

3.6 Amostra 

 
A amostra, conforme Oliveira (2001), é uma etapa importante para a 

delimitação de uma pesquisa, pois é capaz de determinar a validade e relevância 

científica dos dados obtidos. Citando os pesquisadores Schiffman e Kanuk (2000), a 

autora escreve que um plano de amostragem deve responder às seguintes questões: 

quem pesquisar (unidade de amostragem); quantos pesquisar (o tamanho da 

amostra); e como selecionar (o procedimento da amostragem). 

Para a escolha da amostragem, Oliveira orienta que o pesquisador deve levar 

em conta o tipo de pesquisa, a acessibilidade, a disponibilidade ou não de ter os 

elementos necessários para o desenvolvimento do trabalho, além da 

representatividade necessária, entre outros fatores. 

Neste trabalho, a amostragem será de modo não probabilística por julgamento, 

em que os elementos não levam em conta, como fator primordial, o procedimento 

estatístico. De acordo com Oliveira (2001), a seleção de amostras por julgamento é 

realizada de acordo com critérios subjetivos estabelecidos pelo pesquisador que 

guardem relação com o objeto de estudo. 

A abordagem da amostragem por julgamento pode ser útil quando é 
necessário incluir um pequeno número de unidades na amostra. (...) A 
amostra por julgamento pode ser, nestes casos, mais fidedigna e 
representativa que uma amostra probabilística (OLIVEIRA, 2001). 

 
 

No caso deste trabalho, a amostra será oito edições de Veja após o dia 17 de 

maio de 2017, quando foi revelado, com exclusividade pelo colunista do jornal carioca 

O Globo Lauro Jardim, o conteúdo do acordo de delação premiada dos executivos da 

JBS com o Ministério Público Federal (MPF). O número de oito edições corresponde 

a oito semanas, haja vista que as revistas são semanais. Essas oito semanas, 

conforme será detalhado no capítulo sobre a Teoria do Agendamento (ler seção 

4.1.1), está dentro do que autores apontam ser o tempo de transferência da agenda 

da mídia para a agenda pública. 

Na sequência da exposição dos critérios que orientam a escolha da 

amostragem, indicamos os procedimentos para a análise de conteúdo. 



36 
 

3.7 Análise de conteúdo 

 
Conforme Moraes (1999), a análise de conteúdo se constitui em uma 

metodologia de pesquisa destinada a descrever e interpretar o conteúdo de toda 

classe de documentos e textos. Essa análise conduz a descrições sistemáticas, 

qualitativas ou quantitativas, e ajuda o pesquisador a reinterpretar as mensagens, 

além de atingir uma compreensão dos significados delas em um nível que perpassa a 

leitura meramente informacional. 

Essa abordagem, pela sua literatura, é mais do que uma técnica de análise de 

dados; representa uma abordagem com características e possibilidades próprias. 

Moraes (1999) coloca que a análise de conteúdo possibilita, ao pesquisador, uma 

grande variedade de formas para realizar sua investigação, já que é adaptável a um 

campo de aplicação vasto, como a comunicação. 

A análise de conteúdo pode ter como matéria-prima qualquer material 

proveniente de comunicação verbal ou não-verbal, quais sejam: cartas, cartazes, 

jornais, revistas, informes publicitários, livros, vídeos, entrevistas, diários pessoais, 

fotografias, entre outros. Os dados gerados a partir desses materiais chegam ao 

investigador em estado bruto; por isso necessitam ser processados para facilitar o 

trabalho de compreensão, interpretação e inferência para prosseguir com a análise de 

seu conteúdo. 

Em sua vertente qualitativa, a análise de conteúdo parte de uma série de 

pressupostos, que servem de suporte para captar o sentido simbólico do material. 

Conforme Moraes (1999), esse sentido nem sempre é manifesto, além de seu 

significado não ser único. Citando Olabuenaga e Ispizúa (1989), o autor mostra que 

textos contém muitos significados, além do fato que: i) o sentido que o autor pretende 

expressar pode coincidir com o sentido percebido pelo leitor; ii) o sentido do texto 

poderá ser diferente de acordo com cada leitor; iii) um mesmo autor poderá emitir uma 

mensagem, e diferentes leitores poderão captá-la com sentidos diversos entre eles; 

por fim, iv) um texto pode expressar um sentido que o próprio autor não esteja 

consciente. 

Moraes ressalta que uma pesquisa realizada por meio da análise de conteúdo 

é orientada, de certo modo, por uma interpretação pessoal do pesquisador. Essa 



37 
 

interpretação é realizada com relação à percepção que ele tem dos dados levantados. 

Não é possível uma leitura neutra, pontua Moraes, para quem toda leitura se constitui 

numa interpretação. 

A mensagem da comunicação é simbólica. Para entender os significados de 
um texto, portanto, é preciso levar o contexto em consideração. É preciso 
considerar, além do conteúdo explícito, o autor, o destinatário e as formas de 

codificação e transmissão da mensagem (MORAES, 1999). 

 

 
A categorização da metodologia de análise de conteúdo normalmente é feita 

levando em consideração os objetivos da pesquisa. Citando Lasswell, Moraes (1999) 

diz que os objetivos têm sido definidos em seis categorias, classificadas a partir de 

seis questões: 1) Quem fala? 2) Para dizer o que? 3) A quem? 4) De que modo? 5) 

Com que finalidade? 6) Com que resultados? 

Com essa definição, podemos selecionar as categorizar relevantes conforme 

os objetivos deste trabalho de conclusão de curso. Como focaremos no emissor (a 

revista Veja) e na mensagem (os textos e elementos gráficos que tratem da delação 

da JBS), focaremos nas seguintes indagações: para dizer o quê? “como?” e “com 

que finalidade?”. Por meio delas, entendemos que é possível determinar se há 

orientação ideológica na revista e como isso ocorre. 

Conforme a descrição do autor usado como referência neste tópico, a análise 

de conteúdo dirigida à questão “para dizer o quê?” se volta às características da 

mensagem; investiga seu valor informacional, as palavras, argumentos e ideias nela 

expressos. É, sobretudo, uma análise temática. Já em uma análise orientada pela 

indagação “como?”, o pesquisador emprega especial atenção à forma como a 

comunicação se processa — seus códigos, estilo, estrutura de linguagem e outras 

características do meio. Por fim, no estudo orientado por “com que finalidade?”, o 

pesquisador se questionará sobre os objetivos de uma comunicação, explícitos ou 

implícitos, no sentido de captar as finalidades da mensagem, manifestos ou ocultos. 

No que se refere à abordagem, Moraes (1999) diz que uma das possibilidades 

que a análise de conteúdo oferece refere-se ao tipo de conteúdo que o pesquisador 

se propõe a examinar: se irá se limitar ao conteúdo manifesto ou procurará explorar 

igualmente o conteúdo latente. Vejamos o que é cada um deles, nas palavras do autor: 



38 
 

A análise de conteúdo no nível manifesto restringe-se ao que é dito, sem 
buscar os significados ocultos. Ao nível latente, o pesquisador procura captar 
sentidos implícitos. Seguidamente a análise de conteúdo parte da informação 
manifesta no texto para então dirigir-se à intenção que o autor quis expressar, 
chegando, às vezes, a captar algo de que nem o autor tinha consciência plena 
(MORAES, 1999, p. 9). 

 

Buscaremos, neste estudo, proceder pelos dois modos — manifesto e latente 

— por entendermos que é a melhor maneira de identificarmos os posicionamentos 

ideológicos na publicação. Quanto ao método de trabalho em uma análise de 

conteúdo, Moraes descreve o processo em cinco etapas, que podem ser seguidas 

tanto em pesquisas qualitativas ou quantitativas: 

1 - Preparação das informações; 

2 - Unitarização; 

3 - Categorização ou classificação das unidades em categorias; 

4 - Descrição; 

5 - Interpretação. 

 
Observando as orientações do autor para cumprir as etapas, aproveitamos 

para tecer algumas considerações sobre como deveremos sistematizar o trabalho. 

Na unitarização criaremos quatro níveis. Procederemos com a separação dos 

conteúdos por edições da revista Veja (1). Em cada edição, verificaremos quais 

abordam a delação da JBS (2). Passo seguinte é a distinção por gêneros e formatos 

jornalísticos no qual o assunto foi tratado (2). Por fim, na unitarização, buscaremos 

identificar se o veículo se refere aos conceitos de direita e esquerda (4). 

A categorização terá como ponto de partida responder os objetivos específicos 

do trabalho. Na descrição, optamos, primeiro, por relatar os resultados pelo seu viés 

quantitativo. Nesse ponto, exporemos os números de menções ao caso JBS nas oito 

edições em análise da revista Veja, dentro dessas edições, em quais gêneros e 

formatos jornalísticos o tema é abordado. O intuito é mostrar quanto tempo e em qual 

intensidade o assunto ficou entre os destaques na hierarquia de notícias. Essa 

mensuração também será usada para embasar a parte qualitativa. 

Na análise qualitativa, lançaremos mão do expediente de apresentar 

fragmentos de textos, em citações diretas ou indiretas, que julgarmos pertinente para 

fundamentar e dar amplitude à descrição, bem como a reprodução de trechos das 

páginas e fotos



39 
 

publicadas pela revista. Esse modus operandi está em consonância com a 

categorização de Moraes (1999) quanto ao objetivo da pesquisa, no que se refere às 

perguntas “para dizer o quê?”, “como?” e “com que “finalidade?”, focando nas 

características da mensagem. 

Identificar as características da mensagem é importante para cumprirmos 

nossos objetivos específicos. Para tanto, faremos uma síntese das informações 

trazidas pelo veículo de comunicação no sentido de retratar o ambiente informacional 

criado e transmitido ao leitor em relação ao caso concreto que analisamos. No 

enquadramento, buscaremos identificar quais e de que forma os elementos do framing 

(contexto, números, mensageiros, imagens, metáforas e tom) foram usados pela 

revista. 

Após, valendo-nos das informações levantadas nos dois primeiros tópicos de 

análise, e à luz do referencial teórico, pretendemos averiguar se houve 

direcionamento das pautas para um viés de esquerda ou de direita editorialmente, 

quando Veja tratou delação da JBS. Por fim, usaremos as informações colhidas e 

apresentadas na descrição para apresentarmos nossas considerações finais. Esse 

método vai ao encontro de uma vertente interpretativa em que, segundo Moraes 

(1999), a teoria é construída com base nos dados e nas categorias da análise. 

A teoria emerge das informações e das categorias. Neste caso a própria 
construção da teoria é uma interpretação. Teorização, interpretação e 
compreensão constituem um movimento circular em que a cada retomada do 
ciclo se procura atingir maior profundidade na análise (MORAES, 1999, p. 9). 

 
 
 

Findado este capítulo, em que expõem-se as bases metodológicas do estudo, 

o quarto capítulo traz o referencial bibliográfico, dividido entre a teoria do 

agendamento, a conceituação de enquadramento e as ideologias de direita e 

esquerda. 



40 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

4 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 

 
 

 
4.1 Teorias do Jornalismo 

 
Para ter-se um melhor entendimento de como é o processo de produção de 

notícias na imprensa e como o conteúdo veiculado pode direcionar as pessoas a 

formarem sua opinião, é importante retomar as teorias do jornalismo e as hipóteses 

levantadas por estudiosos deste campo da Comunicação Social. Os primeiros estudos 

sistemáticos partiram de questões que tinham como objetos centrais as indagações 

“por que as notícias são como são?", "como circulam, são recepcionadas e quais 

efeitos geram as notícias?" e “qual o papel do jornalista na elaboração das notícias?” 

(TRAQUINA, 2005). 

Como explica Sousa (2002), a teoria do jornalismo deve ser vista 

essencialmente como uma teoria da notícia, já que a notícia é o resultado do processo 

de produção de informação jornalística. “Dito por outras palavras, a notícia é o 

fenômeno que deve ser explicado e previsto pela teoria do jornalismo e, portanto, 

qualquer teoria do jornalismo deve esforçar-se por delimitar o conceito de notícia” 

(SOUSA, 2002, p.2) 

Dentre as várias teorias (podemos citar a Teoria do Espelho, do Gatekeeper, 

Teoria Organizacional, Teoria da Ação Política entre outras), este trabalho dará 

especial atenção à Teoria do Agendamento ou Agenda-setting — como é conhecida 

nos Estados Unidos, seu país de origem. A escolha justifica-se no argumento de que 

esta investigação pretende verificar se há agendamento ideológico, à direita ou à 

esquerda, na publicação de informações relativas as informações trazidas pelos 

delatores da JBS, que implicaram altas autoridades da República — como o 



41 
 

presidente Michel Temer — ao passo em que também colocaram em xeque a atuação 

da Procuradoria-Geral da República quando da assinatura dos acordos de 

colaboração premiada. 

Abaixo, abordaremos o agenda-setting, o pseudoambiente retratado nas 

informações jornalísticas, bem como os efeitos de longo prazo do agendamento 

midiático na opinião pública. 

4.1.1 Teoria da Agenda ou Agenda-setting 

 
O jornalista americano Walter Lippmann é considerado o precursor da ideia do 

agendamento, embora não o tenha se referido pelo termo. No capítulo “O Mundo 

Exterior e as Imagens em Nossas Mentes”, do clássico Opinião Pública, publicado 

originalmente em 1922, o autor apresenta a tese de que os veículos de comunicação 

determinam nossos mapas cognitivos de mundo. Lippmann diz que a opinião pública 

responde não ao ambiente, mas ao pseudoambiente, uma imagem da realidade 

construída — em grande parte — pelos meios de comunicação. 

O mundo que temos que considerar está politicamente fora de nosso alcance, 
fora de nossa visão e compreensão. Tem que ser explorado, relatado e 
imaginado. O homem não é um Deus aristotélico contemplando a existência 
numa olhadela. É uma criatura da evolução que pode abarcar somente uma 
porção suficiente da realidade que administra para sua sobrevivência, e 
agarra o que na escala do tempo são alguns momentos de discernimento e 
felicidade. [...] Gradualmente ele cria para si próprio uma imagem credível em 
sua cabeça do mundo que está além de seu alcance (LIPPMANN, 2008, p. 
40) 

 
 
 

Academicamente, a fundamentação dos estudos sobre o agendamento 

começou a ser elaborada a partir da contribuição dos pesquisadores Maxwell 

McCombs e Don Shaw para a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, uma 

cidade pequena americana, conservadora e isolada. Tendo como mote a campanha 

presidencial de 1968 nos Estados Unidos, McCombs e Shaw aplicaram, nos 24 dias 

que antecederam o pleito nacional, cem questionários com eleitores escolhidos de 

modo a cobrir um universo variado de posição econômico-financeira, social e racial 

dentre aqueles que se encontravam indecisos entre votar em Hubert Humprey ou 

Richard Nixon. O objetivo foi verificar como o conteúdo dos veículos noticiosos poderia 

influenciar no processo decisório desses eleitores, que, por não ter opinião formada 



42 
 

em relação ao voto naquela eleição, poderiam estar mais propensos à influência dos 

mass media. 

 
Os pesquisadores encontraram uma relação de causa e efeito: constatou-se 

que havia uma correspondência entre os temas da agenda pública e da mídia. Além 

disso, que o grau de importância dado pelos eleitores pesquisados aos cinco 

principais temas em discussão na campanha aproximou-se do grau de proeminência 

das notícias divulgadas nos veículos que constavam na análise (McCOMBS, 2009). E 

mais: verificou-se que a mídia terminou por influenciar também os próprios candidatos, 

que incluíram em suas agendas temas que, antes, não constavam nas mesmas 

(HOHLFELDT, 1997). 

A partir do chamado Estudo de Chapel Hill, muitas outras pesquisas passaram 

a investigar como a atenção e a percepção do público são influenciados pela mídia e 

como as características dos veículos noticiosos mediam esses efeitos. A teoria do 

agendamento parte do pressuposto de que a maior parte dos assuntos que despertam 

a atenção do público não está disponível à sua percepção direta, pessoal. Isso ocorre 

porque, em uma sociedade de massa, não há condições de o homem estar presente 

em todos os ambientes e ser testemunha ocular de tudo, de modo que é necessário 

os veículos de comunicação levarem à população o relato do qual ela não pôde 

participar. 

Essa relação é definida por McCombs (2009) como uma realidade de segunda- 

mão. Ou seja, a informação fornecida pelos veículos de comunicação tem um papel 

central na construção da imagem que a população faz da realidade — o 

pseudoambiente do qual Lippmann descreve em Opinião Pública. Com efeito, “na sua 

seleção diária e apresentação das notícias, os editores e diretores de redação focam 

nossa atenção e influenciam nossas percepções naquelas que são as mais 

importantes questões do dia” (McCOMBS, p. 17-18). 

No próximo tópico, veremos a definição do pseudoambiente e como ele 

influencia na construção das “imagens em nossas cabeças” (LIPPMANN, 2008). 

4.1.1.1 O pseudoambiente 

 
A perspectiva de pseudoambiente de Walter Lippmann, registrada em Opinião 

Pública, permite antecipar o conceito de subjetividade inerente à produção relatos 



43 
 

noticiosos, sobretudo porque os jornalistas interpretam e selecionam os 

acontecimentos mediante ‘símbolos’, ‘ficções’, ‘imagens mentais’ ou ‘estereótipos’ 

motivados pela sua própria consciência (PRIOR, 2016, p. 204). 

Por isso, os meios de comunicação são os principais formuladores da chamada 

realidade de segunda-mão — que, ressalte-se, não é necessariamente uma inverdade 

ou que a notícia seja uma fabricação; mas um fragmento da realidade, fruto de um 

relato baseado na observação empírica inerente à atividade jornalística. Segundo 

McCombs (2009), 

O jornalista se apoia em conjunto de normas profissionais que guia sua 
seleção diária do ambiente. A mídia apresenta uma visão altamente limitada 
do mundo exterior, como a disponível através de uma estreita fresta das 
janelas de alguns edifícios contemporâneos. Esta metáfora é ainda mais 
eficiente se a vidraça for um pouco opaca e a superfície, irregular. Os veículos 
noticiosos são mais do que simples canal de transmissão dos principais 
eventos do dia: constroem e apresentam ao público um pseudoambiente que 
significativamente condiciona como o público vê o mundo (McCOMBS, p. 45). 

 
 
 

Dessa forma, esses profissionais constroem, de modo mais simples para a 

assimilação das pessoas, significados que permitem a compreensão e explicação do 

mundo exterior. Segundo o entendimento de Prior (2016), 

Esta visão proporcionada pelos meios de comunicação constitui, muitas 
vezes, a nossa única perspectiva sobre o mundo, sendo certo que os 
acontecimentos que ficam fora da cultura mediática, os acontecimentos que 
não se contam, simplesmente não existem para o público. [...] A cultura 
mediática possibilita, deste modo, criar imagens mentais que influenciam quer 
a configuração dos temas da esfera pública quer, como consequência, a 
construção de significados na mente do público (PRIOR, 2016, p. 203). 

 
 
 

Revisitando a perspectiva lippmanniana, podemos notar que Lippmann, em sua 

análise, constatou que, em qualquer sociedade que não esteja completamente voltada 

a seus interesses e não seja tão pequena ao ponto de que todos possam saber tudo 

o que nela se passa, as ideias dizem respeito a eventos que estão fora da vista e do 

alcance das pessoas. Tal fenômeno acontece porque “o ambiente real é 

excessivamente grande, por demais complexo, e muito passageiro para se obter 

conhecimento direto” (LIPPMANN, 2008, p.31). Para o pesquisador, 



44 
 

Não estamos equipados para tratar com tanta sutileza, tanta variedade, tantas 
modificações e combinações. E embora tenhamos que agir naquele ambiente 
[o real], tentamos reconstruí-lo num modelo mais simples antes de poder 
manejá-lo. Para atravessar o mundo as pessoas precisam ter mapas do 
mundo (LIPPMANN, 2008, p.31). 

 
 
 

Essa realidade é consequência da sociedade de massa, ou, conforme definição 

de Töonies (1957), citada por Hohlfeldt (1997), pela passagem de sociedades 

comunitárias (gemeinschaften) para sociedades anônimas (gesellschafte). Nesse tipo 

de organização social urbana, o homem necessita da mediação dos meios de 

comunicação pois não tem condições de ser testemunha ocular de todos os 

acontecimentos. Já Wolf (2010), citando Grossi (1983), aponta que, em virtude das 

sociedades industriais capitalistas, foi aumentada a existência de “pacotes” da 

realidade que os indivíduos não vivem diretamente, mas que tem contato através da 

mediação simbólica dos meios de comunicação. Em resumo desse quadro, voltando 

a Hohlfeldt (1997), temos que: 

 
As primeiras [sociedades comunitárias] estão ligadas às civilizações 
primitivas, em que as relações se desenvolvem de maneira direta, em que 
todos se conhecem entre si e em que todo o fluxo informacional é 
absolutamente personalizado. Nas sociedades anônimas, contudo, fruto da 
urbanização, os processos de massificação se tornam necessários, uma vez 
que a maioria dos integrantes de tais sociedades não pode ter acesso direto 
aos acontecimentos. Assim é que surgem os chamados meios de 
comunicação de massa ou, como os americanos denominam, os mass media, 
constituídos pelos jornais, revistas, emissoras de rádios, cadeias de televisão 
e, a cada dia mais, outras redes, dentre as quais, contemporaneamente, a 
Internet. (HOHLFELDT, 1997, p. 45) 

 
 
 

Esse campo de atuação é um terreno fértil para a prática do jornalismo e, por 

conseguinte, para se testar a influência dos veículos de comunicação, haja vista que 

“[...] o que acreditamos ser uma imagem verdadeira, nós a tratamos como se ela fosse 

o próprio ambiente” (LIPPMANN, 2008, p. 22). Ou seja, o grau de 

questionamento/contestação tende a ser reduzido. 

 

Como coloca Roberts (apud WOLF, 2010), a influência dos mass media é 

admitida na medida que ajudam a estruturar a imagem da realidade e a organizar 

novos elementos dessa mesma imagem. Porém, como a estruturação e a 

interpretação desse ambiente trata-se de um processo de natureza subjetiva, “o 

mundo parece diferente para pessoas diferentes, dependendo do mapa que lhes é 



45 
 

desenhado pelos redatores, editores e diretores de jornal que o leem” (COHEN apud 

COLLING, 2001, p. 89) 

 
Lippmann ressalta que o fenômeno do pseudoambiente deve ser analisado por 

uma perspectiva triangular entre “a cena da ação, a imagem humana daquela cena e 

a resposta humana àquela imagem atuando sobre a cena da ação” (LIPPMANN, 2008, 

p. 31), pois a “a forma como o mundo é imaginado determina num momento particular 

o que os homens farão” (IBIDEM, p. 38), mas não o que alcançarão, e também 

“determina seus esforços, seus sentimentos, suas esperanças, não as suas 

realizações e resultados” (IBIDEM, p. 38). Segundo o autor, “o fato de que os homens 

teorizam é a prova de que seus pseudoambientes, suas representações interiores do 

mundo, são um elemento determinante do pensamento, sentimento e ação” (IBIDEM, 

p. 39). Resumindo e defendendo a sua tese, o americano afirma: 

 
Teremos que presumir que o que cada homem faz está baseado não em 
conhecimento direto e determinado, mas em imagens feitas por ele mesmo 
ou transmitidas a ele. Se o seu atlas lhe diz que o mundo é plano ele não 
navegará próximo ao que imagina ser o limite de nosso planeta com medo de 
despencar. Se seu mapa inclui a fonte da eterna juventude, um Ponce de 
Leon irá busca-lo (LIPPMANN, 2008, p. 38). 

 
 
 

Para Wolf (2010), o agenda-setting realça a diversidade existente entre a 

quantidade de informações, os conhecimentos e as interpretações da realidade social, 

apreendidos por meio dos mass media, e as exposições em “primeira mão” vividas 

pelos indivíduos. Ele sublinha que essa crescente dependência cognitiva dos 

receptores pelas mensagens dispostas pelos veículos de comunicação é constituída 

sobre dois níveis: i) a “ordem do dia” dos temas, assuntos e problemas presentes na 

agenda dos mass media; e ii) a hierarquia de importância e de prioridade segundo a 

qual esses elementos estão dispostos na “ordem do dia”. Com efeito, o autor explana 

que, pelo agenda-setting, a condução da opinião pública se dá por meio da 

estruturação, de forma hierárquica, dos relatos noticiosos. 

 

Nesse aspecto, conforme McCombs (2009), as pessoas têm opiniões sobre 

muitas coisas, mas somente alguns poucos tópicos realmente lhes interessam. É aí 

que entra os veículos de comunicação: enquanto muitos temas competem pela 

atenção do público, somente alguns são bem-sucedidos, e os veículos de 

comunicação exercem influência sobre nossas percepções sobre quais são os 



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assuntos mais importantes em pauta. Então, de acordo com os dois autores acima 

citados, podemos dizer que, mais do que fornecer um certo número de notícias, 

formando uma espécie de quadro geral de assuntos que o público deve minimamente 

saber, os veículos noticiosos avançam: eles apresentam as categorias para que os 

receptores possam, de forma simplificada, ordenar os acontecimentos noticiosos. 

 

Na estruturação desses dois níveis, ordem do dia e hierarquia de notícias, os 

jornalistas levam em