UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES 

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 

ANÁLISE DE EFLUENTE BRUTO E PROPOSTA DE ESTAÇÃO DE 

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM INDÚSTRIA CERVEJEIRA DO 

VALE DO TAQUARI 

 

 
Letícia Carolina da Cunha 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 

Lajeado, novembro de 2019



Letícia Carolina da Cunha 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANÁLISE DE EFLUENTE BRUTO E PROPOSTA DE ESTAÇÃO DE 

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM INDÚSTRIA CERVEJEIRA DO 

VALE DO TAQUARI 

 

 

 

 

Monografia apresentada na disciplina de 

Trabalho de Conclusão de Curso – Etapa II 

do Curso de Engenharia Química da 

Universidade do Vale do Taquari – 

UNIVATES, para fins de obtenção do título de 

Bacharela em Engenharia Química. 

Professor Orientador:  Dr. Daniel Lehn 

 

 

Lajeado, novembro de 2019 



RESUMO 

Mundialmente conhecida, a cerveja é uma bebida alcoólica que tem conquistado 
espaço no mercado, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial. Indústrias do 
ramo cervejeiro buscam melhorias e aumento de volume de produção, o que acarreta 
em geração de resíduos da fabricação, e o tratamento e descarte correto destes são 
essenciais para redução dos impactos ambientais. Legislações específicas foram 
criadas para determinar padrões de lançamentos de efluentes nos corpos receptores. 
O presente trabalho realizou o estudo do processo produtivo de cerveja Pilsen em 
uma indústria do Vale do Taquari, caracterizando o efluente gerado através de 
análises físico-químicas, e verificando a performance do sistema de tratamento de 
efluentes atual da indústria. A partir da caracterização, foi realizado teste de 
tratamento preliminar do efluente e dimensionamento do processo de lodo ativado. 
Para a caracterização do efluente, foram feitas três campanhas de amostragem em 
três pontos do sistema de tratamento atual da fábrica e as determinações analíticas 
se deram em efluentes provenientes da etapa de produção da cerveja Pilsen e da 
etapa de limpeza da fábrica, sendo analisados teores de DBO5, DQO, sólidos 
sedimentáveis, pH, turbidez, fósforo total e nitrogênio total Kjeldahl. Para avaliar a 
eficiência de remoção de parte dos poluentes do efluente, testou-se a floculação a 
partir de ensaios de Jar Test, onde o efluente clarificado mostrou reduções 
expressivas de cor e turbidez e redução de DQO, indicando contribuição da floculação 
para alcançar os padrões de lançamento exigidos. O sistema de lodo ativado 
dimensionado a partir da caracterização do efluente bruto é composto de reator 
aeróbio de 56,23 m3, com tempo de retenção hidráulico de 4,32 dias, composto por 
sistema de aeração mecânica com dois aeradores superficiais. O decantador 
secundário dimensionado possui área superficial de 1,64 m2 e volume de 4,93 m3. 
Com este dimensionamento, estima-se que o sistema possa reduzir o valor de DBO5 
inicial do efluente para 124,86 mg/L, que juntamente com ajustes no tratamento 
preliminar da empresa e a etapa de floculação, torna possível o atendimento dos 
padrões de lançamento exigidos pela legislação vigente. 

Palavras-chave: Cerveja. Processo produtivo. Tratamento de efluentes. 
Determinações analíticas. Teste de floculação. Sistema de lodos ativados. 



ABSTRACT 

Known worldwide, beer is an alcoholic beverage that has conquered space in the 
market, being Brazil the third largest producer. Brewing industries are looking for 
improvements and increased production volume, which leads to the generation of 
manufacturing waste, and their proper treatment and disposal are essential for 
reducing environmental impacts. Specific legislation was created to determine patterns 
of effluent discharges into recipient bodies. The present work carried out the study of 
the production process of Pilsen beer in a Taquari Valley industry, characterizing the 
effluent generated through physicochemical analysis, and verifying the performance of 
the current effluent treatment system of the industry. From the characterization, a 
preliminary effluent treatment test and sizing of the activated sludge process was 
performed. To characterize the effluent, three sampling campaigns were carried out at 
three points of the current treatment system of the factory and the analytical 
determinations were made in effluents from the Pilsen beer production stage and the 
cleaning stage of the factory. BOD5, COD, sedimentable solids, pH, turbidity, total 
phosphorus and total nitrogen Kjeldahl. To evaluate the efficiency of removal of part of 
the effluent pollutants, flocculation was tested from Jar Test assays, where the clarified 
effluent showed significant color and turbidity reductions and COD reduction, indicating 
flocculation contribution to reach the standards. release requirements. The activated 
sludge system dimensioned from the characterization of the raw effluent is composed 
of 56.23 m3 aerobic reactor, with hydraulic retention time of 4.32 days, composed by 
mechanical aeration system with two superficial aerators. The secondary decanter has 
a surface area of 1.64 m2 and a volume of 4.93 m3. With this sizing, it is estimated that 
the system can reduce the initial effluent BOD5 value to 124.86 mg / L, which together 
with adjustments to the company's preliminary treatment and flocculation step, makes 
it possible to meet the release standards. required by applicable law. 

Keywords: Beer. Production process. Effluent treatment. Analytical determinations. 
Flocculation test. Activated sludge system.



LISTA DE FIGURAS 

Figura 01 - Total de cervejarias por ano no Brasil ..................................................... 16 

Figura 02 - Processo produtivo cervejeiro ................................................................. 18 

Figura 03 - Peneira estática ...................................................................................... 27 

Figura 04 - Caixa de areia retangular com fluxo horizontal ....................................... 28 

Figura 05 - Esquema de funcionamento do decantador retangular ........................... 33 

Figura 06 - Esquema de funcionamento do decantador circular ............................... 33 

Figura 07 - Esquema de funcionamento de um reator UASB.................................... 37 

Figura 08 - Filtro biológico percolador ....................................................................... 38 

Figura 9 - Esquema de lagoa facultativa ................................................................... 43 

Figura 10 - Valores médios de DQO e DBO da 1ª coleta, etapa de produção .......... 63 

Figura 11 - Valores médios de DQO e DBO da 2ª coleta, etapa de produção .......... 64 

Figura 12 - Valores médios de DQO e DBO da 3ª coleta, etapa de produção .......... 64 

Figura 13 - Valores médios de DQO e DBO da 1ª coleta, etapa de limpeza ............. 68 

Figura 14 - Valores médios de DQO e DBO da 2ª coleta, etapa de limpeza ............. 68 

Figura 15 - Valores médios de DQO e DBO da 3ª coleta, etapa de limpeza ............. 69 



LISTA DE QUADROS 

Quadro 01 - Cervejarias por estado .......................................................................... 17 

Quadro 02 - Dimensionamento preliminar do sistema de lodos ativados .................. 77 

 



LISTA DE TABELAS 

Tabela 01 - Características do efluente proveniente de cervejaria ............................ 21 

Tabela 02 - Valores de concentrações e eficiência dos parâmetros ......................... 24 

Tabela 03 - Frequência de monitoramento dos ensaios de toxicidade ..................... 25 

Tabela 04 - Espaçamento entre as barras ................................................................ 26 

Tabela 05 - Eficiência de remoção de DBO .............................................................. 67 

Tabela 06 - Eficiência de remoção de DQO .............................................................. 67 

Tabela 07 - Eficiência de remoção de DBO .............................................................. 70 

Tabela 08 - Eficiência de remoção de DQO .............................................................. 70 

Tabela 09 - Determinações físicas e químicas da etapa de produção ...................... 72 

Tabela 10 - Determinações físicas e químicas da etapa de limpeza ......................... 75 

Tabela 11 - Resultados do teste de floculação.......................................................... 76 



7 

 

SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 

 

2 Objetivos ............................................................................................................... 13 

2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13 

2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 13 

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 14 

3.1 Origem da cerveja ............................................................................................. 14 

3.2 Produção da indústria cervejeira ..................................................................... 15 

3.3 Processo produtivo da cerveja ........................................................................ 17 

3.4 Efluentes provenientes da produção de cervejas .......................................... 20 

3.5 Legislação ambiental – efluentes líquidos ...................................................... 23 

3.6 Tratamentos de efluentes ................................................................................. 25 

3.6.1 Tratamento preliminar .................................................................................... 25 

3.6.1.1 Gradeamento ............................................................................................... 26 

3.6.1.2 Peneiramento ............................................................................................... 27 

3.6.1.3 Remoção de areia ........................................................................................ 28 

3.6.1.4 Equalização .................................................................................................. 29 

3.6.2 Tratamento primário ....................................................................................... 29 

3.6.2.1 Coagulação e floculação ............................................................................ 30 

3.6.2.2 Sedimentação/decantação ......................................................................... 31 

3.6.2.3 Flotação ........................................................................................................ 34 

3.6.2.4 Filtração ....................................................................................................... 34 



8 

 

3.6.3 Tratamento secundário .................................................................................. 35 

3.6.3.1 Reatores anaeróbios ................................................................................... 36 

3.6.3.2 Filtração biológica ....................................................................................... 38 

3.6.3.3 Lodos ativados ............................................................................................ 39 

3.6.3.4 Lagoas de estabilização ............................................................................. 41 

3.7 Trabalhos publicados em tratamento de efluentes de cervejaria ................. 44 

 

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 47 

4.1 Material ............................................................................................................... 47 

4.2 Métodos .............................................................................................................. 49 

4.2.1 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) .................................................... 49 

4.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO) .......................................................... 50 

4.2.3 Fósforo total ................................................................................................... 50 

4.2.4 Nitrogênio total Kjeldahl ................................................................................ 50 

4.2.5 pH .................................................................................................................... 51 

4.2.6 Sólidos sedimentáveis ................................................................................... 51 

4.2.7 Turbidez .......................................................................................................... 51 

4.2.8 Tempo de retenção hidráulico e eficiência de remoção de carga orgânica

 .................................................................................................................................. 52 

4.2.9 Teste de floculação ........................................................................................ 52 

4.2.10 Dimensionamento preliminar do sistema de lodos ativados ................... 54 

4.2.10.1 Fator de biodegradabilidade .................................................................... 54 

4.2.10.2 Sistema de lodos ativados – Reator aeróbio .......................................... 54 

4.2.10.2.1 Volume do reator .................................................................................... 55 

4.2.10.2.2 Tempo de retenção hidráulico .............................................................. 56 

4.2.10.2.3 Relação alimento/microrganismo ......................................................... 56 

4.2.10.2.4 Remoção de lodo excedente ................................................................. 57 

4.2.10.2.5 Sistema de aeração mecânico .............................................................. 58 

4.2.10.2.6 Requisitos de nutrientes ........................................................................ 58 

4.2.10.3 Dimensionamento do decantador secundário ........................................ 59 

 

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 63 

5.1 Caracterização do efluente bruto ..................................................................... 63 



9 

 

5.1.1 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) e demanda química de oxigênio 

(DQO) ........................................................................................................................ 63 

5.1.2 Outras determinações físicas e químicas .................................................... 71 

5.2 Teste de floculação ........................................................................................... 76 

5.3 Dimensionamento preliminar do sistema de lodos ativados ........................ 77 

 

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 79 

 

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81 

 

ANEXO ..................................................................................................................... 88 

ANEXO A - Memorial de cálculo do dimensionamento preliminar do sistema de 

lodos ativados ......................................................................................................... 89



10 

 

1 INTRODUÇÃO 

A cerveja faz parte da vida das pessoas há séculos, e é caracterizada como 

uma bebida obtida de forma geral, pelo cozimento do mosto, sendo este o produto 

gerado a partir do malte provindo de cereais, água e lúpulo, e pela fermentação de 

leveduras (SENAI, 2014). As indústrias cervejeiras cada vez mais têm ganhado 

espaço no mercado, ocasionando em um aumento nas variedades das bebidas, 

havendo também, grande interesse pelas cervejas feitas artesanalmente 

(CARVALHO; ROSA, 2015). 

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja 

(CERVBRASIL), o setor cervejeiro é um dos que mais gera empregos, empregando 

cerca de 2,7 milhões de pessoas em 2017, e tendo 107 bilhões de reais faturados. 

Responsáveis por 1,6% do PIB brasileiro, as indústrias cervejeiras contribuem com 

R$ 23 bilhões de reais em impostos ao ano, sendo o Brasil o terceiro maior país 

produtor de cerveja do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos e da China 

(CERVBRASIL, 2018; BRASIL, 2017). 

O processo de produção da cerveja inicia-se a partir da moagem do malte, 

sendo este solubilizado em água no tanque de mostura, local onde ocorrem reações 

com enzimas. Acabada a etapa enzimática, ocorre a filtragem do composto, no qual 

separa-se o líquido dos sólidos, mosto e bagaço respectivamente. O mosto resultante 

é cozido e adicionado lúpulo, sendo posteriormente resfriado em um trocador de calor, 

geralmente do tipo placas. Após resfriado, o mosto é direcionado à tanques de 

fermentação e maturação, onde ocorre a adição de leveduras que irão realizar a 



11 

 

conversão dos açúcares fermentativos em álcool e gás carbônico, havendo também 

o desenvolvimento das características sensoriais da cerveja. Por fim a cerveja é 

filtrada novamente e acondicionada em tanques, onde está pronta para o envase e 

posterior consumo (CERVESIA, 2017). 

Dentre os resíduos gerados durante o processo de fabricação se encontram as 

águas residuais com agentes contaminantes, rejeitos de malte, lúpulo, levedura, 

resíduos provenientes da etapa de filtração e envasamento (KUNZE, 2006). Desta 

forma, é imprescindível o tratamento adequado dos resíduos. Em agosto de 2010 foi 

instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305, que visa melhorias nos 

tratamentos e disposições dos resíduos sólidos, como também a conscientização dos 

fabricantes e consumidores sobre os impactos causados pelo tratamento inadequado, 

incentivando hábitos de consumo sustentáveis (BRASIL, 2010).  

Com relação à proteção de recursos hídricos no Brasil, o Código das Águas de 

1934 foi o primeiro a abordar o assunto, criando o decreto n° 24.643, que define a 

qualidade das águas que serão receptoras dos efluentes (BRASIL, 1934). Parâmetros 

para lançamento direto em corpo receptor foram determinados através da Resolução 

357/2005 e foi complementada parcialmente pela Resolução 430/2011 do Conselho 

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Conforme Resolução do Conselho Estadual 

do Meio Ambiente (CONSEMA) 355/2017, são estabelecidos padrões de lançamentos 

de efluentes líquidos de fontes poluidoras, como temperatura de até 40°C, pH com 

variações de 6,0 a 9,0, livre de odor desagradável e não devem conferir mudança de 

coloração ao corpo hídrico receptor (BRASIL, 2011, 2017).  

Dentre os principais tratamentos de efluentes da indústria cervejeira, tanto 

físicos como químicos, destacam-se o gradeamento/peneiramento, decantação, 

flotação, equalização, coagulação e floculação, neutralização de pH e cloração, além 

dos processos biológicos para remoção de carga orgânica. Na etapa biológica 

geralmente usa-se reator anaeróbio, sistemas de lodos ativados, sistema de aeração 

e desnitrificação (GEREMIAS, 2017). 

Os efluentes oriundos de indústrias cervejeiras podem ser caracterizados a 

partir do estudo do tipo de processo produtivo e produtos utilizados, e determinações 

analíticas. Por possuírem características como: altas quantidades de açúcares, pH 



12 

 

alcalino e elevada carga de origem orgânica, requerem um tratamento mais complexo, 

podendo chegar a etapas terciárias antes de serem lançados nos corpos receptores 

(FILHO et al., 2013). 

Dado o exposto, o presente trabalho propõe-se a estudar a geração de 

efluentes de uma indústria cervejeira localizada na cidade de Bom Retiro do Sul/RS, 

região do Vale do Taquari, caracterizando a carga poluidora para definir uma 

estratégia de tratamento adequado para o efluente líquido, propondo 

dimensionamento de sistema de lodos ativados. 



13 

 

2 OBJETIVOS 

2.1 Objetivo geral 

Realizar a caracterização físico-química de efluentes oriundos dos processos 

de produção da cerveja para proposta de tratamento, dimensionando operações de 

um processo de lodo ativado. 

 

2.2 Objetivos específicos 

a) Estudo do processo de produção da cerveja Pilsen, determinando os 

pontos principais de geração do efluente da indústria; 

b) Caracterização de amostra representativa do efluente gerado, através 

de análises físico-químicas; 

c) Verificação do desempenho do tratamento de efluentes atual da 

indústria; 

d) Teste de tratamento preliminar a partir da caracterização do efluente; 

e) Dimensionamento de operações de processo de lodo ativado para o 

efluente em estudo.



14 

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO 

3.1 Origem da cerveja  

Não existe registro de data exata de quando se obteve o primeiro conhecimento 

sobre a cerveja e suas matérias-primas, porém têm-se registros de que cerca de 9 a 

10 milênios atrás, nas regiões da Mesopotâmia e China ocorreu o primeiro contato 

com o cereal, através do cultivo por povos de origem nômade. Cerca de 4.300 a.C., 

nas regiões da Babilônia, bebidas à base de cereal eram produzidas a fim de saciar a 

sede e para a realização de oferenda a deuses (HAMPSON, 2014). De acordo com 

Kunze (2006), o contato mais antigo com a bebida se dá em 2.800 a. C. na 

Mesopotâmia, onde trabalhadores bebiam um líquido a base de cereais juntamente 

com pão. 

Registros decifrados no ano de 1913 comprovam que os sumérios ingeriam 

bebidas denominadas sikaru, sendo estas compostas de líquidos fermentados a base 

de cereais. Já o monumento Blau, objeto histórico sumérico, comprova que a bebida 

era usada em oferendas à deusa Nin-Harra, relatando que cerca de 40% dos cereais 

eram destinados à produção de cerveja na época (GIORGI; JÚNIOR, 2016). De 

grande importância para o crescimento de civilizações, a cerveja é um símbolo da 

cultura germânica, onde há elevado consumo da bebida (SOUZA, 2004). 

Na idade média, eram as mulheres responsáveis pela produção da cerveja, de 

forma caseira, onde toda a família degustava da bebida. Sendo um composto de 

cereais baratos, diferentemente do vinho, em mosteiros eram desenvolvidas técnicas 

e receitas para a produção. Os monges, por serem pessoas muito cultas, foram os 



15 

 

primeiros a estudar o processo produtivo, sendo também os primeiros a produzir 

cerveja em grande escala (SILVA et al., 2016). No ano de 1587, a primeira cerveja de 

milho foi produzida nos EUA, e em 1810 em Munique ocorreu um festival com fins de 

celebração do casamento do príncipe Ludwig, onde o evento ficou conhecido como 

Ocktoberfest. Já em meados da década de 1840, ocorreu a primeira produção da 

cerveja Lager clara, nas regiões da República Tcheca (HAMPSON, 2014). A cerveja 

chega ao Brasil juntamente com os europeus, onde deu-se início ao comércio da 

bebida, que na época não era tão conhecida no país. Em sua grande maioria, os 

colonizadores portugueses não eram consumidores de cerveja, então foi por meio da 

colonização holandesa que a bebida ganhou espaço no país. Em 1654, os povos 

holandeses deixaram o país, sendo a cerveja esquecida por mais de 100 anos, 

surgindo novamente no século XVIII, motivando o contrabando de cerveja antes de 

1808. Na época houve influência da cultura holandesa sobre a portuguesa, sendo a 

maior produtora do líquido a base de malte. Desde então a cerveja ganhou cada vez 

mais espaço no mercado, resultando em aumento na produção da bebida (SANTOS, 

2004; SILVA et al., 2016). 

 

3.2 Produção da indústria cervejeira  

O setor cervejeiro se destaca pela grande geração de empregos, empregando 

mais de 2 milhões de pessoas no ano de 2017, resultando em um faturamento de 

mais de 100 bilhões de reais. Este ramo de bebidas tornou-se responsável por 1,6% 

do PIB brasileiro, contribuindo de maneira expressiva nos impostos, cerca de 21 

bilhões de reais ao ano (BRASIL, 2017; CERVBRASIL, 2018). 

No ano de 2018, 210 novos estabelecimentos abriram suas portas, totalizando 

889 cervejarias legalmente registradas no país. Na Figura 01 é possível observar a 

evolução entre os anos de 2002 a 2018, ocasionando em uma ampliação exponencial 

deste tipo de indústria, que ao longo dos anos, não diminui seu ritmo de crescimento 

(MAPA, 2019).  



16 

 

  Figura 01 - Total de cervejarias por ano no Brasil 

 

Fonte: MAPA (2019). 

O Brasil está classificado como terceiro maior produtor de cerveja do mundo, 

sendo a bebida alcoólica mais consumida no país. Com o aumento do consumo e da 

exigência sensorial de cervejas, tanto da bebida produzida em larga escala como 

também das cervejas especiais, é previsto um avanço promissor na importação, visto 

que há um maior interesse em produtos diferenciados. A fim de obter novas 

experiências, apreciadores dos diferentes tipos da bebida estão com paladares mais 

aguçados. A produção brasileira anual de cerveja chega a 14,8 bilhões de litros, valor 

superado somente pelos Estados Unidos e pela China (CERVBRASIL, 2014; 

CERVESIA, 2011; DATAMARK, 2015). 

Conforme Quadro 01, o Rio Grande do Sul se destaca pelo número de 

cervejarias existentes, em comparação a outros estados e regiões do Brasil.



17 

 

Quadro 01 - Cervejarias por estado 

Rio Grande do Sul 186 

São Paulo 165 

Minas Gerais 115 

Santa Catarina 105 

Paraná 93 

Rio de Janeiro 62 

Goiás 25 

Pernambuco 18 

Espírito Santo 19 

Mato Grosso 13 

       Fonte: Adaptado pela autora com base em Brasil (2018). 

No que diz respeito às cervejas especiais, denominadas cervejas artesanais, 

responsáveis por gosto e qualidade diferenciados se comparadas às cervejas 

industriais, estas são produzidas em escalas menores, sem haver incremento de 

aditivos em suas composições, como corantes, estabilizantes e aromatizantes. 

Possuindo atualmente uma parcela reduzida no mercado nacional, as cervejas 

especiais vêm conquistado consumidores, pois a renda per capita da população têm 

aumentado, juntamente com o interesse por cervejas de maior qualidade e valor 

agregado (CERVBRASIL, 2014; DATAMARK, 2015; FERREIRA et al., 2018; MELO, 

2015; KLEBAN; NICKERSON, 2012). 

 

3.3 Processo produtivo da cerveja  

A Figura 02 apresenta o processo de produção da cerveja de forma geral. 



18 

 

Figura 02 - Processo produtivo cervejeiro 

 

 

 

 Fonte: Rosa e Afonso (2015). 

O processo varia e é modificado de acordo com o tipo de cerveja que deseja-

se fabricar, podendo haver processos simplificados e complexos. A indústria 

cervejeira é considerada uma fábrica com quantidades abrangentes de etapas, sendo 

o processo iniciado pela escolha do malte, um cereal originado a partir da germinação 

e dessecação do cereal, que em sua maioria é usada a cevada, por possuir grande 

produção e ser resistente ao acamamento se comparada a outros cereais, espigando 

mais tarde que os demais (BAMFORTH, 2011; VENTURINI FILHO, 2010). 

Entre outros cereais que podem ser usados na fabricação, faz-se também o 

uso de arroz, milho e trigo. Após escolha do tipo do malte, ocorre a seleção, limpeza, 

secagem e maceração dos grãos. A moagem do malte é realizada para que ocorra a 

liberação do amido, facilitando a ação das enzimas na etapa de mostura. A 

mosturação é a etapa onde ocorre a junção do malte com água, em temperatura 

controlada de até 72 °C para que não ocorra a inativação das enzimas durante o 

processo. O amido proveniente do malte será convertido em glicose, formando uma 

mistura açucarada, formulação base para a cerveja. O produto resultante é 



19 

 

posteriormente filtrado para eliminação dos sólidos provenientes do bagaço do malte, 

onde o resíduo também será lavado para que todo o açúcar produzido seja extraído 

(DUARTE, 2015; KUNZE, 2006; ROSA; AFONSO, 2015).  

Após filtrado, o líquido derivado da mosturação é denominado mosto, sendo 

encaminhado para a etapa de fervura, onde irá ocorrer a adição do lúpulo, flor 

originária da planta da classe Humulus lupulus, que dá o gosto amargo característico 

à bebida, sendo um conservante natural, geralmente plantado em regiões da América, 

Ásia e Europa. Esta etapa visa, além da extração dos compostos do lúpulo para 

garantia de aroma e sabor, a inativação das enzimas antes necessárias na etapa de 

mostura, coagulação das proteínas e esterilização do mosto. Após fervido, o mosto 

contém particulados sólidos provindos das proteínas e extração dos constituintes do 

lúpulo, sendo este aglomerado de particulados denominado trub. O trub é removido 

através do processo whirlpool, na qual se faz necessário o uso da força centrípeta 

para que o resíduo sólido que acondicione no centro do tanque para posterior descarte 

(BAMFORTH, 2011; BRUNELLI et al., 2014; DUARTE, 2015; ROSA; AFONSO, 2015; 

SENAI, 2014). 

O mosto então é direcionado a etapa de resfriamento, tendo em vista a 

diminuição da temperatura para que líquido esteja em condições ideias para 

inoculação da levedura na etapa seguinte, a fermentação. A levedura utilizada no 

processo é um fungo eucariota, sendo a Saccharomyces cerevisae comumente 

utilizada. Em sua maioria, cada fabricante possui sua levedura, variando o tipo de 

acordo com a cerveja que deseja ser produzida, que será determinante no processo 

de fermentação. No processo produtivo cervejeiro existem a alta e baixa fermentação. 

A alta fermentação se dá em temperaturas que variam de 14 a 20°C e o processo 

fermentativo ocorre na superfície do mosto. Já na baixa fermentação, as temperaturas 

de processo variam de 6 a 12°C, e a reação realiza-se no fundo do tanque. Na 

fermentação, maior objetivo é a conversão dos carboidratos fermentescíveis, 

principalmente da glicose e da maltose, em etanol e gás carbônico, através do 

consumo destes açúcares pelas leveduras, a conversão pode ser visualizada através 

da Reação 1 (BAMFORTH, 2011; BRUNELLI et al., 2014; DUARTE, 2015; ROSA; 

AFONSO, 2015; SENAI, 2014).



20 

 

Reação 1 – Conversão da glicose em etanol e gás carbônico. 

 𝐶6𝐻12𝑂6  → 2 𝐶2𝐻5𝑂𝐻 + 2 𝐶𝑂2 
 

 

Além da formação de etanol e gás carbônico, durante a fermentação são 

produzidos outros subprodutos resultantes do metabolismo da levedura que 

influenciarão no sabor e aroma da bebida, sendo alguns indesejáveis. A formação dos 

compostos está relacionada com as matérias-primas utilizadas, como também pH, 

temperatura, pressão do tanque, duração do processo, dentre outras variáveis, sendo 

imprescindível um bom controle de processos (DUARTE; ROSA; AFONSO, 2015). 

Após fermentada, a cerveja é encaminhada à etapa de maturação, sendo esta 

realizada em temperaturas próximas a 0°C. Chamada de fermentação secundária, a 

maturação é realizada para acentuar características sensoriais da bebida e clarificá-

la, através da precipitação das leveduras e de outros particulados que causam 

turbidez. Terminada a etapa de maturação, a cerveja passa novamente por um 

processo de filtragem, visando a remoção dos resíduos resultantes das leveduras e 

de particulados insolúveis, sendo posteriormente encaminhada para os processos de 

carbonatação, pasteurização, e por fim, envase (DUARTE; ROSA; AFONSO, 2015). 

Conforme bibliografia pesquisada, a etapa do processo produtivo em que há 

maior geração de efluentes líquidos é na produção do mosto (BORTOLI et al., 2013; 

KUNZE, 2006). 

 

3.4 Efluentes provenientes da produção de cervejas  

A indústria cervejeira abrange um gama de processos produtivos por sua 

extensa variedade de bebidas, acarretando na geração de efluentes com 

características diversas, provenientes tanto da produção da cerveja em si, como na 

limpeza de maquinário e processos de resfriamento (ARANTES, 2018; PORTES, 

2016). Segundo Olajire (2012), para cada litro de cerveja produzida, são gerados de 

3 a 10 litros de efluentes, onde a água residual necessita de tratamento para posterior 

descarte, tendo que atender os parâmetros exigidos pela legislação ambiental, caso 

contrário, pode acarretar em desequilíbrio e poluição de corpos receptores.  



21 

 

Na Tabela 01 são apresentadas as principais características dos efluentes 

gerados na cervejaria. 

Tabela 01 - Características do efluente proveniente de cervejaria 

Parâmetro Valor Referência Valor Referência 

pH 3 – 12 

RAO et al. (2006) 

3,3 - 5,1 

CHOI (2016) 

Temperatura 18 - 40 °C - 

DQO 2000 - 6000 mg/L - 

DBO 1200 - 3600 mg/L 1678 - 3267 mg/L 

Ácidos Graxos voláteis 1000 - 2500 mg/L - 

Fósforo total 10 - 50 mg/L 33,7 - 53,9 mg/L 

Nitrogênio total 25 - 80 mg/L 48,6 - 76,3 mg/L 

Sólidos totais  5100 - 8750 mg/L - 

Sólidos suspensos 2901 - 3000 mg/L 1997 - 2865 mg/L 

Sólidos totais dissolvidos 2020 - 5940 mg/L - 

Carbono orgânico dissolvido - 2987 - 5864 mg/L 

Fonte: Adaptado pela autora com base em Choi (2016) e Rao et al. (2006). 

De acordo com a Tabela 01, as cargas de compostos que caracterizam o 

efluente cervejeiro possuem uma extensa faixa de variação. Isso se deve aos 

processos envolvidos, natureza das matérias-primas, aditivos químicos, produtos 

utilizados na limpeza de maquinário, fluídos da etapa de resfriamento e quantidade de 

água usada nas operações, onde por consequência, são produzidos mais de um tipo 

de efluente (ARANTES, 2018; GEREMIAS, 2017; PORTES, 2016). A maior parte da 

carga orgânica encontrada nos efluentes provêm do processo produtivo, onde há a 

formação de açúcares através da conversão do amido, ácidos graxos e etanol. Os 

sólidos suspensos provêm principalmente de resíduos de cereais, leveduras e aditivos 

de origem inorgânica (ARANTES, 2018; OLAJIRE, 2012; SIMATE et al., 2011). 

Nas etapas de limpeza e esterilização de equipamentos utiliza-se grandes 

volumes de água, ocasionando em maior diluição do efluente e concentração de 

sólidos dissolvidos, fazendo também com que haja maior variação dos valores de pH. 

As cargas de nitrogênio e fósforo estão relacionadas principalmente às matérias-

primas e leveduras utilizadas durante o processo produtivo, entretanto, o processo de 

limpeza também contribui nas concentrações desses compostos, onde as 



22 

 

quantidades presentes dependem do volume de água e dos agentes de limpeza 

utilizados (OLAJIRE, 2012; SIMATE et al., 2011). 

Dentre os parâmetros analisados nos efluentes, destacam-se: DBO, DQO, pH, 

nitrogênio, fósforo e sólidos suspensos. A DBO e DQO estão relacionadas à 

concentração de oxigênio necessária para estabilização da matéria orgânica presente 

no meio, sendo a DBO a fração de oxigênio consumida por microrganismos para 

realização da degradação da matéria orgânica, e a DQO a relação da porção de 

matéria de origem orgânica suscetível a oxidações químicas. Altas concentrações 

destes compostos acarretam na proliferação de microrganismos decompositores, 

dificultando a autodepuração do ambiente hídrico e consequentemente, na diminuição 

da concentração de oxigênio dissolvido no meio, necessário para a respiração e 

sobrevivência da biota aquática (BEM et al., 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON 

SPERLING, 2017). 

O pH é um indicador de basicidade e alcalinidade, e influencia em diversos 

parâmetros de origem física, química e biológica, podendo citar a alcalinidade para o 

crescimento de microrganismos responsáveis pela oxidação da matéria orgânica, 

processos de coagulação, e dureza da água. De maneira geral, valores de pH entre 6 

e 9 são ideais para a existência de vida em corpos hídricos (JORDÃO; PESSÔA, 2014; 

VON SPERLING, 2017). 

Sólidos suspensos possuem uma relação com a turbidez, pois o excesso de 

concentrações de particulados sólidos em suspensão implica em um aspecto turvo ao 

meio, impedindo a passagem de luz solar, dificultando assim, a fotossíntese dos seres 

aquáticos. Já o nitrogênio e fósforo são nutrientes necessários para o 

desenvolvimento de algas, porém o crescimento exacerbado pode ocasionar na 

eutrofização dos corpos hídricos. O nitrogênio pode ser encontrado em diversas 

formas, conforme seu estado de oxidação, desta forma cita-se a amônia, sendo esta 

tóxica aos peixes e o nitrato, que pode influenciar no desenvolvimento de doenças 

como metemoglobinemia (JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017).  



23 

 

3.5 Legislação ambiental – efluentes líquidos  

Os órgãos regulamentadores são os que definem os padrões dos parâmetros 

de lançamento de efluentes em corpos receptores. O CONAMA é o órgão brasileiro 

responsável pela adoção de medidas ambientais ligado Sistema Nacional do Meio 

Ambiente, e em âmbito estadual, o órgão responsável pelas medidas ambientais é o 

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA). 

Conforme Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional 

do Meio Ambiente (CONAMA), são estabelecidos critérios e disposições referentes à 

classificação dos corpos hídricos, tal como seus enquadramentos, além de definir 

padrões relacionados ao lançamento de efluentes. A Resolução n°430/2011 

complementa e altera parcialmente a Resolução n° 357/2005, conferindo condições e 

padrões de lançamento de efluentes, onde o Artigo n°16 desta resolução dispõe 

padrões e exigências referentes ao lançamento de efluentes em corpo receptor. 

Dentre os critérios abrangidos de maneira geral, destacam-se o pH, devendo manter 

valores na faixa de 5 a 9; temperatura do efluente, que não deve ultrapassar os 40°C, 

sem que exceda o valor de 3°C na variação de temperatura comparada ao corpo 

receptor; e remoção mínima de DBO de 60%, onde esse valor só poderá ser alterado 

através da comprovação da autodepuração do corpo hídrico estar em atendimento às 

metas do enquadramento do corpo receptor (BRASIL, 2005, 2011).  

Em âmbito estadual, há a Resolução CONSEMA 355/2017, na qual são 

estabelecidos critérios e padrões de emissões de efluentes líquidos provindos de 

fontes poluidoras para lançamento em corpos hídricos superficiais localizados no 

estado do Rio Grande do Sul. Esta resolução exclui lançamentos em corpos 

receptores de outras origens, como águas de mares e injeções ao solo, que serão 

avaliados de forma independente pelo órgão ambiental, conforme Artigo n° 3 desta 

resolução. Para determinação dos parâmetros e padrões de emissões dos resíduos 

líquidos, o Artigo n° 6 cita que é de responsabilidade do empreendedor informar os 

possíveis compostos presentes nos resíduos gerados no empreendimento, tendo 

embasamento nas matérias-primas e insumos característicos da atividade da 

indústria. É determinado no Artigo n°10 os padrões de emissões dos efluentes líquidos 

de forma geral, sendo citado no Artigo n°11 que poderão ser estabelecidos outros 



24 

 

parâmetros específicos, mediante avaliação do órgão regulamentador competente 

(BRASIL, 2017). 

A Tabela 2 apresenta os padrões de emissões estabelecidos no Artigo n°17, 

conforme a vazão de efluente da fonte poluidora. 

Tabela 02 - Valores de concentrações e eficiência dos parâmetros 

Faixa de vazão do 
efluente (mg/L) 

DBO5 
(mg/L) 

DQO 
(mg/L) 

SST 
(mg/L) 

Fósforo total Nitrogênio 
Amoniacal (mg/L) mg/L Eficiência 

Q < 100 120 330 140 4 75% 20 

100 ≤ Q < 500 110 330 125 3 75% 20 

500 ≤ Q < 1.000 80 300 100 3 75% 20 

1.000 ≤ Q < 3.000 70 260 80 2 75% 20 

3.000 ≤ Q < 7.000 60 200 70 2 75% 20 

7.000 ≤ Q < 10.000 50 180 60 2 75% 20 

10.000 ≤ Q 40 150 50 1 75% 20 

  Fonte: Adaptado pela autora com base em Brasil (2017). 

Na Tabela 02 é possível visualizar a diminuição da concentração dos 

parâmetros à medida que há aumento da vazão do lançamento dos efluentes. A 

diferença de valores leva em consideração a capacidade do corpo receptor para 

recebimento dos poluentes sem que haja o comprometimento da qualidade da água, 

visando também a autodepuração dos corpos hídricos, visto que cargas excessivas 

de compostos presentes nos efluentes podem implicar em efeitos danosos aos corpos 

receptores, conforme citado anteriormente no presente estudo (VON SPERLING, 

2017). 

No que diz respeito à toxicidade, em 2017 foi publicada pela Fundação Estadual 

de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – RS (FEPAM), a Portaria n°66, que 

estabelece a frequência de monitoramento de toxicidade para empreendimentos que 

lançam seus resíduos em águas superficiais localizadas no estado do Rio Grande do 

Sul. O Artigo n°1 cita que devem ser realizadas análises de pelo menos dois níveis 

tróficos, sendo usados os critérios estabelecidos na Resolução Conama n°430/2011. 

Ressalta-se que é de responsabilidade do órgão ambiental competente determinar 

quais serão os métodos de análise do parâmetro e sua periodicidade. Conforme Artigo 

n°6 desta portaria, a frequência de monitoramento de acordo com a vazão de efluente 

gerada está apresentada na Tabela 03. 



25 

 

Tabela 03 - Frequência de monitoramento dos ensaios de toxicidade  

Vazão de efluentes Frequência de ensaios 

Qmáx efl ≤ 100 m3/dia  anual 

100 m3/dia < Qmáx elf ≤ 5.000 m3/dia semestral 

5.000 m3/dia < Qmáx efl bimestral 

Fonte: Adaptado pela autora com base em Brasil (2017). 

Conforme Tabela 03, à medida que há aumento da vazão de efluente gerado, 

maior será a frequência de realização dos ensaios de toxicidade, isso se dá devido a 

possibilidade de acréscimo nas concentrações de compostos tóxicos nocivos a biota 

aquática do corpo receptor em despejos de efluentes de maior vazão. 

 

3.6 Tratamentos de efluentes  

A produção de cerveja gera grandes quantidades de águas residuais e resíduos 

sólidos, sendo imprescindível o descarte e tratamento correto dos mesmos, 

respeitando a legislação vigente. É estimado que para cada litro de cerveja que é 

produzido, cerca de dez litros de água são usados, sendo principalmente consumidos 

do processo de fabricação, limpeza e resfriamento. Normalmente o tratamento de 

efluentes líquidos compreende uma sequência que inclui operações unitárias divididas 

em tratamento preliminar, primário ou químico e secundário ou biológico (OLAJIRE, 

2012). 

Em indústrias cervejeiras, a caracterização do efluente para tratamento 

posterior varia com o processo produtivo e tecnologia utilizada, tendo enfoque no 

tratamento biológico, por este tipo de resíduo líquido apresentar elevada concentração 

de material orgânico, resultante dos insumos utilizados e fabricação da bebida. 

 

3.6.1 Tratamento preliminar  

Nesta etapa há a recepção do efluente e preparação para os tratamentos 

subsequentes, objetivando a homogeneização do resíduo, como também remoção de 

compostos que podem ser separados de maneira física do líquido, sendo estes, os 

sólidos grosseiros e em suspensão, decorrentes das matérias-primas utilizadas no 



26 

 

processo produtivo, incluindo material excedente de malte, lúpulo, trub, como também 

resíduos sólidos de embalagens e varrição da fábrica. Os processos comumente 

utilizados no tratamento preliminar são: gradeamento, peneiramento, remoção de 

areia e equalização (METCALF; EDDY, 2013; OLAJIRE, 2012). 

 

3.6.1.1 Gradeamento 

O gradeamento é constituído por grades com aberturas uniformes que servem 

para reter o material sólido presente no efluente, evitando contaminações de 

tubulações e danos nos equipamentos do restante do processo de tratamento. Para 

avaliação do tipo de grade que deverá ser utilizada, deve-se levar em consideração o 

tipo de sólido presente no efluente e a eficiência de remoção necessária para os 

tratamentos posteriores, sem que haja comprometimento de equipamentos e dos 

processos. O material com diâmetro maior que a abertura das grades será retido, 

sendo as grades classificadas em grossas, médias, finas, ultrafinas ou peneiras, 

conforme Tabela 04, que mostra a classificação das grades e seus espaçamentos 

(JORDÃO; PESSÔA, 2014; METCALF; EDDY, 2013; VON SPERLING, 2017). 

Tabela 04 - Espaçamento entre as barras 

Tipo de Grade  Milímetros 

Grades grosseiras 40 a 100 

Grades médias 20 a 40 

Grades finas 10 a 20 

Grades ultrafinas ou peneiras 3 a 10 

Fonte: Adaptado pela autora com base em Jordão e Pessôa (2014). 

As grades grosseiras servem para retenção de material mais grosseiro como 

entulhos, resíduos de embalagens, folhagens e pedras, sendo produzidas comumente 

por barras e cabos dispostos paralelamente. Já as grades mais finas retêm 

particulados menores, como resíduos de varrição e até mesmo resíduos de origem 

orgânica, sendo uma opção para remoção de parte da carga orgânica presente no 

efluente antes do seu tratamento específico, e estas são confeccionas geralmente por 

placas perfuradas, malhas ou arames trançados com pequenas aberturas. Em 

efluentes industriais, é usual o uso de dois tipos de grades, uma grade grosseira 



27 

 

seguida de uma grade com diâmetro menor, sendo assim, a grade grosseira irá reter 

os sólidos de maiores diâmetros a fim de evitar possíveis danos em equipamentos e 

tubulações, protegendo também a grade fina, onde essa irá conseguir reter 

particulados menores, facilitando os tratamentos posteriores (JORDÃO; PESSÔA, 

2014; METCALF; EDDY, 2013; VON SPERLING, 2017).  

 

3.6.1.2 Peneiramento 

Podendo também ser chamadas de grades ultrafinas, as peneiras possuem 

aberturas variando entre 3 e 10 mm, auxiliando na remoção de pequenas partículas, 

sendo uma operação geralmente utilizada na remoção de carga orgânica, o que gera 

diminuição de custos e área em tratamentos posteriores desse tipo de composto. As 

peneiras são classificadas em estáticas ou móveis, variando o tipo de remoção. 

Peneiras estáticas são confeccionadas de aço inoxidável e possuem espaçamento 

entre as barras que variam de 0,25 a 2,50 mm, sendo inclinadas e retendo o material 

conforme o fluxo do efluente durante a operação, de acordo com a Figura 03. 

Figura 03 - Peneira estática 

 

Fonte: Jordão e Pessôa (2014). 



28 

 

Por promoverem a auto-limpeza e não possuírem partes móveis, são 

vantajosas por serem econômicas operacionalmente e por não necessitarem de 

manutenção frequente (GIORDANO, 2004; JORDÃO; PESSÔA, 2014).  

As peneiras móveis possuem as mesmas variações de espaçamento nas 

aberturas que a peneira estática, porém são formadas por barras de aço em formato 

cilíndrico e são giratórias, onde o efluente irá passar com fluxo axial ou tangencial, 

retendo as partículas sólidas, sendo o efluente coletado em canaletas acopladas 

abaixo dos cilindros (GIORDANO, 2004; JORDÃO; PESSÔA, 2014).  

 

3.6.1.3 Remoção de areia 

Constituída por caixas de areia/desarenadores, esta operação unitária visa a 

remoção de pequenas partículas arenosas com diâmetros entre 0,1 e 0,4 mm, onde 

há a retenção dos sólidos a uma velocidade de escoamento que promove a separação 

do resíduo líquido, sendo os pesos moleculares e velocidades de sedimentação 

destas partículas superiores aos materiais de origem orgânica. Esse processo é 

utilizado a fim de evitar obstrução, entupimento e abrasão de equipamentos da 

estação de tratamento, comprometendo as eficiências dos processos a jusante. Na 

Figura 4 é mostrado um esquema de caixa de areia com formato retangular e fluxo 

horizontal (JORDÃO; PESSÔA, 2014; METCALF; EDDY, 2013; VON SPERLING, 

2017). 

Figura 04 - Caixa de areia retangular com fluxo horizontal 

 

Fonte: Von Sperling (2017). 



29 

 

As caixas de areia podem possuir formatos retangulares, quadrados ou 

cilíndricos, com métodos de retenção por meio de gravidade (com ou sem presença 

de aeração) ou centrifugação, possuindo limpeza manual ou mecanizada (JORDÃO; 

PESSÔA, 2014; METCALF; EDDY, 2013; VON SPERLING, 2017). 

 

3.6.1.4 Equalização  

A equalização é usada para homogeneizar o efluente, o tornando mais 

semelhante em composição e mais constante em vazão, antes de começar o 

tratamento efetivo. A vazão do efluente normalmente sofre oscilações ao longo de um 

dia de operação, além do resíduo ser encaminhado à estação de tratamento com 

cargas variáveis de compostos, sendo assim, é feito o uso que um tanque de 

equalização para que a vazão do resíduo líquido se torne constante para as operações 

unitárias a jusante, onde trabalharão com a vazão média de escoamento, além de 

realizar a homogeneização da carga de constituintes do efluente (GEREMIAS; VON 

SPERLING, 2017; MARCON, 2018).  

Os processos de equalização possuem métodos de agitação e mistura para 

que ocorra a melhor homogeneização do líquido sem que haja a decantação dos 

particulados presentes, evitando assim, a atividade de microrganismos anaeróbios. 

Os sistemas de agitação podem ser superficiais ou submersos, podendo os 

superficiais ser aeradores. Na equalização podem ser realizados também ajustes de 

pH e adição de nutrientes, conforme necessidade nas etapas posteriores. Ressalta-

se a importância do controle de nível na equalização, para que seja mantida a 

constância da vazão de saída do efluente e funcionamento dos agitadores (VON 

SPERLING, 2017).  

 

3.6.2 Tratamento primário 

Constituído pela junção de operações unitárias físicas e químicas, o tratamento 

primário é usado majoritariamente para remoção de sólidos suspensos, poluentes de 

origem inorgânica e metais. Os processos usualmente utilizados nesta etapa são: 



30 

 

coagulação, floculação, sedimentação/decantação, flotação e filtração (METCALF; 

EDDY, 2013, VON SPERLING, 2017). 

 

3.6.2.1 Coagulação e floculação 

Esta é uma operação unitária que pode ser utilizada antes do tratamento 

biológico. Com tendência ao aumento da biodegradabilidade do efluente, a 

coagulação consiste na desestabilização de partículas coloidais de baixa velocidade 

de sedimentação com dimensões na ordem de 0,01 a 1 µm, com o auxílio de aditivos 

químicos, objetivando a formação de aglomerados de particulados, que juntamente 

com a floculação, facilitarão o processo de remoção nas etapas posteriores, como: 

decantação, flotação e filtração. Os coloides presentes nos efluentes geralmente 

apresentam cargas negativas, sendo suas propriedades elétricas causadoras de 

forças repulsivas, o que impede a junção das partículas, fazendo com que o efluente 

apresente cor e turbidez (JORDÃO; PESSÔA, 2014; METCALF; EDDY, 2013; 

RIBEIRO, 2018).  

Na etapa de coagulação, eletrólitos de cargas opostas às cargas elétricas dos 

coloides são adicionados através de produtos químicos, sendo o sulfato de alumínio 

e o cloreto férrico comumente utilizados, visando a neutralização das cargas 

superficiais das partículas e redução e/ou anulação das forças de repulsão, 

ocasionando a desestabilização coloidal, havendo a junção e formando coágulos. 

Neste processo, é requerida uma velocidade de agitação elevada, com gradientes 

entre 800 e 1500 s-1, para que ocorra melhor dispersão do coagulante. Para haver a 

mistura rápida, pode ser adotado sistema hidráulico, sendo comumente utilizada a 

Calha Parshall, ou misturadores mecânicos, onde o tempo de detenção do efluente 

não pode ser superior a 10 segundos (ALVES, 2010; JORDÃO; PESSÔA, 2014; 

LIBÂNIO, 2010; RIBEIRO, 2018).  

Para a operação atuar de forma eficiente, deve ser levado em consideração as 

propriedades do coagulante, dosagem do produto, pH e agitação da mistura. Para 

determinação das condições do processo, ensaios em Jar-test podem ser utilizados, 

a fim de saber qual coagulante melhor se enquadra conforme características do 



31 

 

efluente, concentração necessária e pH ideal de operação (JORDÃO; PESSÔA, 2014; 

RIBEIRO, 2018).  

Após coagulação, o efluente segue para a etapa de floculação, onde as 

partículas desestabilizadas e parte aglutinadas irão sofrer colisões através da atração 

das mesmas, em etapa de mistura lenta, com gradiente de velocidade inferior à 

coagulação, na ordem de 70 a 110 s-1, ocasionando na formação de flocos maiores, 

com maior peso específico, elevando capacidade de sedimentação e remoção. Faz-

se o uso de uma menor velocidade no processo, pois à medida que há aumento na 

velocidade, maior será o choque entre os particulados, o que poderá ocasionar em 

rompimento dos flocos (ALVES, 2010; JORDÃO; PESSÔA, 2014; LIBÂNIO, 2010; 

RIBEIRO, 2018; SILVA et al., 2019).  

Na floculação, pode haver ou não a adição de agentes floculantes, sendo o uso 

dependente das propriedades dos flocos formados e etapas posteriores de remoção, 

onde a adição de floculantes é realizada visando o aumento da velocidade da reação 

e peso do floco formado. Os mecanismos de mistura lenta podem ser hidráulicos, com 

adição de chicanas, ou mecânicos, com uso de pás rotativas acondicionadas 

paralelamente ou perpendicularmente ao eixo (ALVES; LIBÂNIO, 2010; JORDÃO; 

PESSÔA, 2014; RIBEIRO, 2018). 

 

3.6.2.2 Sedimentação/decantação 

Etapa responsável pela retirada de particulados em suspensão, na qual 

apresentam maior densidade em comparação a água, ocasionando na sedimentação 

por ação da gravidade. O processo de sedimentação pode ser dividido em: 

sedimentação discreta, floculenta ou em massa. A sedimentação discreta é referida a 

partículas na forma individual, que mantém suas características de forma, volume e 

densidade, onde estas não formarão aglomerados ou flocos com outras partículas, 

sendo que a velocidade de sedimentação não irá depender da concentração da 

matéria presente. A sedimentação floculenta se detém a partículas que sofrem 

aglomeração, formando flocos, aumentando a velocidade de sedimentação a partir do 

aumento dos flocos, nas quais irão modificar além da velocidade de sedimentação, 

suas propriedades de forma, volume e densidade. Já na sedimentação em massa, 



32 

 

altas concentrações de particulados em suspensão sofrem sedimentação em uma 

massa só, ocorrendo a separação do clarificado e o material sedimentado, sendo este, 

o lodo (ALVES, 2010; JORDÃO; PESSÔA, 2014).  

Tendo em vista o tratamento primário, se faz o uso de decantadores primários, 

sendo comumente utilizados na etapa que antecede o tratamento biológico. 

Objetivando a remoção de sólidos de fácil sedimentação e floculados, sendo parte 

destes sólidos constituídos por material orgânico, Metcalf e Eddy (2013) afirmam que 

se operados de maneira eficiente, os decantadores podem remover de 25 a 40% da 

carga de DBO, e 50 a 70% de sólidos suspensos (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; 

PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017). 

O princípio de funcionamento se dá a partir do escoamento do efluente através 

dos decantadores e retenção do lodo gerado a partir da sedimentação das partículas 

de densidade superior ao do fluído no fundo do recipiente. De maneira geral, os 

decantadores podem ser circulares ou retangulares, com processo de limpeza 

mecanizado ou manual através da pressão hidráulica, e com escoamento do fluído de 

forma horizontal ou vertical (LIBÂNIO, 2010; METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; 

PESSÔA, 2014).  

Quanto ao uso de tanques de decantação retangulares, estes necessitam de 

uma menor área de construção quando comparados aos tanques circulares, possuem 

menor taxa de arraste de lodo sedimentado, obtendo um adensamento mais eficiente, 

e requerem menor custo de implantação, porém acabam por dispor de maiores 

manutenções, apresentam eficiência reduzida em altas concentrações de sólidos, e 

dispõem de maior tempo de detenção de lodo. Nos decantadores retangulares, o 

efluente é escoado horizontalmente, e a coleta do lodo é dada através de correntes 

ou pontes móveis (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014). 

Nos tanques de decantação circulares, o escoamento do efluente é radial, 

possuindo uma alimentação que é realizada principalmente pelo centro do dispositivo 

com fluxo ascendente, sendo na maioria dos casos usado mais de um decantador 

para realização do processo de sedimentação. O lodo resultante é acondicionado 

temporariamente em compartimentos e removido através de bombeamento para 

tratamento e disposição final. Dentre as vantagens de implementação de 



33 

 

decantadores circulares, destacam-se o menor tempo de remoção do lodo adensado 

e menor frequência de manutenção, e as desvantagens estão na distribuição uniforme 

do lodo no dispositivo de coleta e maior taxa de arraste das partículas sedimentadas 

(METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014).  

Nas Figuras 05 e 06 é possível a visualização dos esquemas de funcionamento 

de decantação circular e retangular. 

Figura 05 - Esquema de funcionamento do decantador retangular 

 

Fonte: Metcalf e Eddy (2013). 

Figura 06 - Esquema de funcionamento do decantador circular 

 

Fonte: Metcalf e Eddy (2013). 



34 

 

3.6.2.3 Flotação 

A flotação tem por principal finalidade a retirada de particulado suspenso 

através de inserção de microbolhas de gás, na maioria dos casos ar, no efluente, 

fazendo com que as bolhas se unam às partículas, onde a junção destas com ar gera 

uma força de empuxo que transportará o material até a superfície do líquido, sendo o 

lodo retirado por meio de raspadores. Quando comparada a sedimentação, o 

processo de flotação se torna mais vantajoso na remoção de sólidos pequenos e 

leves, obtendo melhor taxa de remoção em menor espaço de tempo. O gás para 

realização da operação pode ser aderido por injeção no líquido sob pressão; ar 

dissolvido, onde há liberação da pressão; e por ar disperso, onde ocorre aeração do 

efluente com pressão atmosférica (METCALF; EDDY, 2013; LEGNER, 2015; 

SILVESTRE, 2018).  

O meio mais utilizado para tratamento de águas residuais é a flotação por ar 

dissolvido, consistindo na diminuição da densidade das partículas presentes no 

efluente através da injeção de microbolhas de ar sob pressão, sendo após a pressão 

liberada à pressão atmosférica, ocasionando no arraste do material particulado até 

superfície e removido através de raspagem. A flotação por ar dissolvido tem como 

vantagens: necessidade de pequena área para implementação, alta taxa de remoção 

de carga orgânica, menor formação de lodo e operação em sistema contínuo 

(CALIJURI; CUNHA; METCALF; EDDY, 2013; LEGNER, 2015; SILVESTRE, 2018).  

 

3.6.2.4 Filtração 

É a operação unitária que tem como objetivo a remoção de partículas 

suspensas que não foram retiradas nas etapas anteriores de tratamento, auxiliando 

na diminuição da turbidez, cor, concentração de micropoluentes e microrganismos 

patogênicos. O princípio da filtragem consiste na percolação do efluente por um meio 

filtrante poroso com fluxo ascendente ou descendente, sendo a eficiência dependente 

principalmente das propriedades do material filtrante e do efluente, velocidade de 

escoamento, área superficial de contato e método de operação do filtro. A composição 

do material filtrante se dá majoritariamente por areia, sendo usados também outros 

materiais granulares como antracito e carvão ativado, por possuírem elevadas 



35 

 

capacidades adsortivas, podendo o recheio dos filtros ser formado por uma ou mais 

camadas de material (ALVES; LIBÂNIO, 2010; LIMA et al., 2014; ANDRADE, 2015).  

Dentre os tipos de filtração, podem ser classificados de maneira geral por 

filtração rápida ou lenta. A filtração lenta é recomendada para fluídos com baixas 

concentrações de material suspenso, e consequentemente, baixa turbidez. O efluente 

escoa lentamente através do material filtrante de pequena granulometria, gerando 

durante o processo um biofilme denso formado por microrganismos que irão auxiliar 

no processo de degradação da matéria, aumentando a eficiência da etapa. A 

periodicidade de limpeza do filtro é controlada a partir da queda de pressão do leito e 

taxa de remoção da turbidez, sendo geralmente realizada de forma manual (ALVES, 

2010; TEIXEIRA; BRANDÃO, 2016).  

O sistema de filtragem rápida é comumente usado após os tratamentos de 

coagulação/floculação e decantação. O meio filtrante é percolado pelo efluente em 

velocidade elevadas, onde os sólidos normalmente são separados do fluído através 

da retenção dos particulados com diâmetros maiores do que as aberturas do material 

filtrante ou por adsorção, sendo usado para remoção de cargas em maiores 

concentrações. Para o seu funcionamento, se faz o uso de mais equipamentos, 

necessitando de mão-de-obra reduzida, sendo requerido menor área de implantação 

se comparado ao sistema de filtragem lenta, e menor custo de operação. No que diz 

respeito à limpeza, essa se dá por retrolavagem, que consiste na passagem de água 

pelo filtro no sentido contrário ao fluxo (ALVES, 2010; CARVALHO, 2015). 

 

3.6.3 Tratamento secundário  

Os tratamentos secundários, ditos tratamentos biológicos, visam 

principalmente a remoção e/ou diminuição da carga de sólidos suspensos e 

dissolvidos, sendo constituintes da matéria orgânica, como também compostos 

tóxicos e nutrientes (nitrogênio e fósforo), remanescentes dos tratamentos anteriores. 

Os processos podem ser aeróbios, com a presença de oxigênio e anaeróbios, com a 

ausência de oxigênio. Nesta etapa haverá a atuação de microrganismos sobre os 

compostos, ocasionando a degradação da matéria orgânica, convertendo o material 

em produto clarificado, gás carbônico, resíduos resultantes das atividades 



36 

 

microbianas de crescimento e reprodução, e em meios anaeróbios, metano. Em 

dimensionamentos de estações de tratamento, pode-se fazer uso ou não de 

tratamento primário antes da etapa biológica, porém torna-se imprescindível o 

tratamento preliminar, visto que o efluente necessita estar em condições adequadas 

para ação dos microrganismos e obtenção de uma boa eficiência no processo 

(CALIJURI; CUNHA; METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON 

SPERLING, 2017).  

O tratamento secundário abrange uma gama de processos, no qual a escolha 

do tipo de tratamento irá depender dos constituintes do efluente, eficiência de 

remoção, disponibilidade de área, viabilidade econômica e condições climáticas da 

região. Dentre os dispositivos existentes na etapa secundária, os comumente 

utilizados são: reatores anaeróbios, filtração biológica, lodos ativados e lagoas de 

estabilização (FARRUGIA, 2012; VON SPERLING, 2017).  

 

3.6.3.1 Reatores anaeróbios 

O tratamento anaeróbio há muitos anos vem sido utilizado para estabilização 

de lodo, porém é recente os estudos e aplicações desse processo em efluentes 

líquidos. Nos dispositivos anaeróbios o período de residência da biomassa de 

microrganismos é maior que o tempo de detenção hidráulica do equipamento, fazendo 

com que haja uma melhor estabilização do lodo, e a atividade da biomassa apresente 

maior efetividade (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON 

SPERLING, 2017).  

O processo mais conhecido e utilizado em unidades de tratamento de efluentes 

é o Reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), sendo usado para efluentes que 

apresentam baixas concentrações de sólidos suspensos. O mecanismo consiste na 

entrada do efluente pela parte inferior do reator, passando através de um leito de lodo 

denso e manta de lodo, onde parte da matéria orgânica irá ficar retida junto a biomassa 

de elevada atividade para degradação e parte irá se unir a moléculas de gases (gás 

metano e gás carbônico) resultantes da digestão dos microrganismos, dispersando no 

meio líquido seguindo um fluxo ascendente até o topo do dispositivo. O topo do reator 

geralmente possui formato cônico e neste há um separador trifásico, no qual as 



37 

 

moléculas de gases aderidas ao lodo irão se desprender, sendo deslocadas para a 

fase gasosa do reator, o lodo decantará na parte superior, deslizando pelas paredes 

do equipamento e retornando à área de transição (manto de lodo) e digestão (leito de 

lodo), sendo posteriormente estabilizado pela biomassa, e o efluente clarificado sairá 

do reator pela superfície (CALIJURI; CUNHA; METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; 

PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 2017). A representação 

esquemática do processo pode ser visualizada através da Figura 07. 

Figura 07 - Esquema de funcionamento de um reator UASB 

 

Fonte: Chernicharo (2016). 

Durante o processo há o acúmulo de grandes quantidades de sólidos, dessa 

forma, para que ocorra a estabilização completa do lodo, o tempo de residência da 

biomassa acaba sendo maior que o tempo de detenção hidráulica (faixa de 6 a 10 

horas). Em termos de eficiência, os reatores UASB apresentam uma remoção próxima 

a 65% para DQO e 70% para DBO, sendo comumente feito o uso de tratamentos 

posteriores para a remoção da carga orgânica restante no efluente, como por exemplo 

a utilização de reator UASB antes do tratamento aeróbio de lodos ativados (CALIJURI; 

CUNHA; METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 

2017).  



38 

 

3.6.3.2 Filtração biológica 

Diferentemente do nome empregado ao tratamento, a etapa de filtração 

biológica não tem por objetivo a filtração de particulados, mas sim a oxidação 

bioquímica da matéria orgânica contida no efluente através do contato com a 

biomassa que se encontra aderida a um meio suporte. Os filtros biológicos podem ser 

divididos em: filtros biológicos percoladores, biodiscos e biofiltros aerados submersos 

(JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017). 

Filtros biológicos percoladores: esses tipos de filtro têm como princípio de 

funcionamento a distribuição do efluente de forma contínua por meio de distribuidores 

rotativos em compartimento preenchido com material de alta superfície de contato, 

sendo a remoção do efluente clarificado realizada por meio de drenos localizados na 

parte inferior do filtro (FIGURA 08). O resíduo irá percolar através do meio suporte do 

dispositivo ocasionando no crescimento de biofilme, onde este irá reter a matéria 

orgânica por adsorção, realizando a degradação através de oxidações bioquímicas, 

sendo a demanda de oxigênio necessária para a reação provinda da circulação de ar 

entre as aberturas do meio suporte do filtro. A biomassa presente no material suporte 

irá crescer ao longo do processo, ocasionando na diminuição dos espaços vazios para 

percolação do efluente, o que irá aumentar a velocidade de escoamento, provocando 

uma tensão de cisalhamento e fazendo com que o biofilme se desprenda, sendo 

posteriormente removido por decantador secundário. O meio suporte pode ser 

constituído de diversos tipos de materiais, sendo os cascalhos, pedras britadas e 

materiais sintéticos, os mais utilizados (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 

2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 2017).  

Figura 08 - Filtro biológico percolador 

 
Fonte: Von Sperling (2017). 



39 

 

Biodiscos: recomendado para pequenas vazões de efluente, o sistema é 

dotado de discos espaçados produzidos de material polimérico dispostos 

horizontalmente, onde irão rotacionar lentamente (1 a 2 rpm), sendo parcialmente 

submersos no efluente localizado em um compartimento abaixo dos discos. O contato 

dos discos com o efluente formará uma película de biomassa sobre o material, que 

em função da rotação irá reter parte do efluente em sua superfície, realizando a 

oxidação bioquímica da matéria orgânica pela camada de biomassa, e a oxigenação 

é realizada por meio da exposição dos discos ao ar. Quando o biofilme atinge a 

camada limite, este se desprende juntando-se ao efluente, onde irá continuar 

realizando a degradação da matéria orgânica, tendo assim, uma maior eficiência do 

sistema. O processo pode alcançar uma eficiência de remoção de carga orgânica de 

mais de 90%, porém apresenta custo elevado para implantação (METCALF; EDDY, 

2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 2017). 

Biofiltros aerados submersos: o processo acontece através de um leito 

fluidizado com inserção de bolhas de ar, no qual possui recheio ou material flutuante 

granular de elevada superfície de contato. O efluente irá passar pelo leito com fluxo 

ascendente ou descendente, formando uma camada de biofilme no material de 

enchimento, que em contato com o resíduo líquido irá degradar a matéria orgânica. A 

limpeza do material do recheio se dá por meio de lavagem em contracorrente, 

podendo ser usado o próprio efluente para lavagem. Esta operação possui elevada 

eficiência e não necessita de grandes áreas de implantação, devido ao material de 

enchimento ser leve, podendo ser dimensionados leitos de maior altura (METCALF; 

EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 

2017).  

 

3.6.3.3 Lodos ativados 

Sendo mundialmente conhecido, o sistema de lodos ativados é usado em casos 

que se visa elevada remoção orgânica, sendo possível também haver a remoção de 

compostos específicos como nitrogênio e fósforo. Geralmente utilizado após 

tratamento anaeróbio, esta operação unitária consegue tratar grandes quantidades de 

efluentes em áreas reduzidas, porém apresenta uma elevada complexidade, sendo 



40 

 

imprescindível um bom controle de processo, além de ser um tratamento que 

demanda de alto nível de mecanização, tendo por consequência, um maior consumo 

energético (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 

2016; VON SPERLING, 2005, 2017).  

O processo consiste na adição do efluente em um tanque geralmente 

construído de concreto com aeração provindo de agitadores mecânicos ou sistema de 

ar difuso, sendo o segundo método de aeração indicado para estações de tratamento 

de efluentes com elevadas vazões de resíduos líquidos. A aeração faz com que os 

sólidos presentes (biomassa e matéria orgânica) permaneçam em suspensão, 

ocasionando na interação das bactérias com o alimento, que irão consumir a matéria 

orgânica para realização dos processos de metabolização, degradando-a. Ao sair do 

compartimento de lodos ativados, o efluente é direcionado ao decantador secundário, 

onde irá acontecer a decantação dos particulados anteriormente em suspensão, onde 

parte do lodo decantado ainda contém microrganismos ativos e recircula no sistema, 

ocasionando num aumento da biomassa presente no processo e atividade microbiana, 

obtendo assim, um tratamento mais efetivo, podendo atingir taxas de eficiências de 

remoção de até 95% para DBO. O lodo excedente é direcionado a etapas de 

tratamento de adensamento e estabilização, sendo encaminhado à disposição final 

(METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 2016; VON 

SPERLING, 2005, 2017). 

Lodos ativados convencionais: o volume requerido para tratamento no 

sistema convencional é reduzido, isso se dá devido ao pouco tempo de detenção 

hidráulica do efluente, estando este na faixa de 6 a 8 horas. A idade do lodo (4 a 10 

dias) nas unidades de lodos ativados convencionais é maior que o tempo de detenção 

hidráulica, o que garante uma boa eficiência do processo, visto que a massa 

microbiana consegue estabilizar quase toda a quantidade de lodo presente no 

dispositivo, porém o lodo resultante ainda necessita de tratamento posterior para 

completa estabilização (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; 

CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 2005, 2017). 

Lodos ativados de aeração prolongada: neste tipo de tratamento o lodo irá 

permanecer no reator por um intervalo de tempo maior se comparado ao sistema de 

lodos ativados convencionais, estando na ordem de 18 a 30 dias, consequentemente 



41 

 

o tempo de detenção hidráulica do efluente também será elevado, estando na faixa 

de 16 a 24 horas, havendo assim, maior proliferação de bactérias presentes no 

efluente. O reator recebe a mesma quantidade de compostos orgânicos que no 

processo convencional, porém há maior concentração de microrganismos no sistema, 

gerando desta forma, uma limitação de alimento para biomassa. Após os 

microrganismos consumirem todo alimento presente no meio, começarão a consumir 

de suas próprias células a matéria orgânica necessária para efetuar a metabolização, 

resultando na estabilização do lodo no próprio reator, não sendo necessário nesses 

casos, etapas posteriores de tratamento do lodo, porém haverá maior consumo 

energético devida a estabilização do lodo ser feita de forma aeróbia (METCALF; 

EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 

2005, 2017).  

Lodos ativados com fluxo intermitente: todas a operações constituintes do 

sistema de lodos ativados irá acontecer em uma única unidade, através de mudanças 

dos processos pelo tempo, o que resulta em uma simplificação do sistema. A 

sequência de etapas á dada pelo enchimento do tanque, aeração/mistura do efluente 

juntamente com oxidações bioquímicas por microrganismos, sedimentação, retirada 

do clarificado, e por fim remoção do lodo excedente. Neste tipo de operação, 

normalmente se faz o uso da aeração prolongada, que como comentado 

anteriormente, há a estabilização do lodo no próprio reator, descartando as etapas 

subsequentes de tratamento de lodo (METCALF; EDDY, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 

2014; CHERNICHARO, 2016; VON SPERLING, 2005, 2017).  

 

3.6.3.4 Lagoas de estabilização 

Os sistemas de lagoas de estabilização podem ser de origem natural ou 

artificial, no qual apresentam simplicidade de processo, baixo custo de operação e 

manutenção, porém requerem grandes áreas para implementação. Objetivando a 

estabilização da matéria orgânica presente através de oxidação de microrganismos e 

fotossíntese de algas, o processo envolve etapas físicas, químicas biológicas, 

favorecendo a autodepuração. Sendo dependentes das condições climáticas, a 

relação entre o clima predominante da região afeta os processos biológicos presentes, 



42 

 

como a atividade fotossintética das algas e metabolismo dos microrganismos, 

apresentando maior eficiência em climas quentes/tropicais. As lagoas de estabilização 

conseguem remover não só a carga orgânica, como também outros compostos, 

podendo apresentar taxas de remoção de até 85% para DBO, 99,99% para coliformes, 

e 80% para amônia livre (JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017).  

Lagoas facultativas: possuem uma sistemática simples e são dependentes 

exclusivamente de ações naturais. O sistema é constituído por uma área aeróbia 

localizada na parte superior da lagoa, região anaeróbia na parte inferior e entre elas, 

localiza-se a zona facultativa. Na região aeróbia, os sólidos suspensos não 

sedimentáveis e os sólidos dissolvidos são degradados por microrganismos aeróbios 

e a demanda de oxigênio necessária para a respiração celular se dá através da 

fotossíntese realizada por algas presentes no sistema. No fundo da lagoa realiza-se a 

fermentação anaeróbia de sólidos suspensos sedimentáveis, e na região 

intermediária, dita facultativa, são realizados os processos de oxigenação aeróbia e 

fotossintética. As lagoas facultativas podem ser utilizadas como etapas únicas de 

tratamento, sendo denominadas lagoas primárias, ou podem ser uma 

complementação sequencial de uma lagoa anaeróbia, sendo assim chamadas de 

lagoas secundárias. Geralmente este tipo de lagoa é projetada com uma profundidade 

entre 1,5 e 2 metros, necessitando de uma extensa área de implantação para 

eficiência da fotossíntese das algas através do uso de energia solar. Em relação ao 

tempo de detenção hidráulica, este aproxima-se a 20 dias, visto que por ser um 

processo natural, a estabilização da matéria orgânica se dá em taxas mais lentas 

(PAIXÃO FILHO, 2012; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017). O 

esquema de funcionamento de uma lagoa facultativa pode ser visualizado através da 

Figura 9. 



43 

 

Figura 9 - Esquema de lagoa facultativa 

 
 Fonte: Von Sperling (2017). 

Lagoas anaeróbias:  a estabilização da matéria orgânica ocorre na ausência 

de oxigênio, através da digestão ácida e a fermentação metânica. Em primeiro 

momento, bactérias acidogênicas irão realizar a conversão de matéria orgânica 

complexa em compostos simples, como ácidos orgânicos, não havendo nesta etapa 

a remoção de DBO e DQO. Na etapa sequencial de fermentação metânica, bactérias 

metanogênicas irão transformar os ácidos provindos da digestão ácida em metano e 

gás carbônico, ocasionando a redução da carga orgânica. Lagoas anaeróbias 

removem parcialmente a matéria orgânica presente, possuindo uma eficiência de 

remoção na faixa de 50 a 60% de DBO, onde o processo é comumente 

complementado por uma lagoa facultativa a fim de maior remoção de carga orgânica. 

O tempo de detenção hidráulica geralmente adotado é de 2 a 5 dias, tempo necessário 

para o desenvolvimento de bactérias anaeróbias de crescimento rápido. Para o 

dimensionamento das lagoas, estas são projetadas com profundidades de 3 a 4 

metros, objetivando principalmente o equilíbrio térmico do meio aquoso, reduzindo a 

influência de mudanças climáticas sobre o efluente que podem levar a introdução de 

oxigênio no meio, afetando o processo metânico, considerando também que lagoas 

com maiores profundidades retém melhor o calor, sendo este necessário para a 

digestão dos microrganismos (PAIXÃO FILHO, 2012; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON 

SPERLING, 2017).  



44 

 

Lagoas aeróbias: sendo denominadas de lagoas aeradas de mistura 

completa, o princípio de funcionamento destas lagoas é o fornecimento de oxigênio 

necessário para as atividades metabólicas dos microrganismos aeróbios através de 

aeradores mecânicos, provendo a agitação do líquido e introduzindo oxigênio ao meio, 

fazendo com que todos os sólidos presentes permaneçam suspensos, juntamente 

com as bactérias, favorecendo o maior contato entre os compostos orgânicos e os 

microrganismos. Desta forma, a decomposição orgânica ocorre de maneira mais 

rápida e eficiente, se comparada a lagoas facultativas, diminuindo o tempo de 

detenção hidráulica (de 2 a 4 dias) e necessitando de menores áreas de implantação. 

Porém, uma das desvantagens desse processo é a saída de biomassa em suspensão 

junto com o efluente, prejudicando a qualidade do corpo receptor. Desta forma, faz-se 

o uso de decantador a jusante da lagoa, tendo por finalidade a sedimentação dos 

sólidos suspensos, separando a matéria orgânica do efluente clarificado (CALIJURI; 

CUNHA, 2013; JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017).  

Lagoas de polimento: esse sistema tem por objetivo o polimento do efluente 

provindo de outros tratamentos a montante, através da remoção de microrganismos 

de origem patogênica, uma parcela da carga de amônia e carga orgânica. As lagoas 

de polimento são comumente utilizadas em etapas em que a taxa de remoção da 

matéria orgânica não é elevada, geralmente como etapa posterior ao tratamento 

anaeróbio (JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017).  

 

3.7 Trabalhos publicados em tratamento de efluentes de cervejaria 

Rocha et al. (2017a) realizaram o dimensionamento de dois tipos de 

tratamentos para efluentes oriundos de processo produtivo cervejeiro a partir da 

caracterização do resíduo líquido. Amostras de efluentes foram coletadas de uma 

cervejaria, onde foram realizadas determinações dos teores de DBO, DQO e série de 

sólidos, sendo comprovado que a empresa apresentava concentrações dos 

compostos analisados acima dos exigidos na legislação ambiental para lançamento 

em corpo receptor. A partir da caracterização do efluente, o primeiro tratamento foi 

dimensionado somente com lodos ativados, e o segundo com lodos ativados 

precedido de tratamento físico-químico, onde as duas alternativas de tratamento 



45 

 

apresentaram valores relevantes na remoção de carga orgânica, porém a opção que 

continha tratamento físico-químico se mostrou mais eficiente na remoção de sólidos 

suspensos totais, além de haver pouca variação de área requerida de um sistema 

para outro, devida a baixa quantidade de lodo gerado no tratamento físico-químico. 

Rocha et al. (2017b) caracterizaram o efluente de uma cervejaria artesanal e a 

partir dos resultados obtidos dimensionaram quatro tipo de unidades de tratamento. 

Para a caracterização do efluente foram realizadas determinações de DBO, DQO, 

Nitrogênio Amoniacal e série de sólidos, e as unidades de tratamento dimensionadas 

foram: lodos ativados, lodos ativados com tratamento físico-químico, reator UASB 

procedido de filtro biológico percolador e reator UASB seguido de lodos ativados. Com 

base nas eficiências obtidas a partir cálculos de dimensionamento para cada unidade, 

pode-se concluir que a alternativa que apresentou melhor remoção dos compostos foi 

o tratamento com reator UASB seguido de sistema de lodos ativados, atendendo aos 

padrões de descarte. 

Arruda et al. (2015) realizaram testes em efluente de uma cervejaria para 

tratamento aeróbio seguido de etapa físico-química com adição de coagulante natural. 

O efluente coletado foi caracterizado a fim de conhecimento dos compostos 

presentes, e os testes foram feitos com dispositivos em escala piloto em laboratório. 

Para o experimento, fez-se o uso de um reator aeróbio de lodos ativados com meio 

suporte de anéis de plástico e equipamento para ensaios de Jar Test objetivando 

determinar a quantidade necessária de coagulante, sendo este provindo de sementes 

de Moringa Oleifera. A partir dos testes realizados, chegou-se à conclusão de que o 

tratamento de lodos ativados e posterior tratamento físico-químico com adição de 

coagulante natural apresentou elevada eficiência de remoção de compostos orgânicos 

e nitrogênio, estando em atendimento à legislação e apresentando melhores 

resultados se comparado ao uso do tratamento aeróbio somente.  

Borgo et al. (2019) avaliaram a capacidade coagulante da semente de Moringa 

Oleifera para clarificação de efluentes provenientes da lavagem do biodiesel e 

processo de brassagem de uma indústria artesanal. A capacidade coagulante foi 

testada através da adição na forma moída e na forma de extrato da semente de 

Moringa Oleifera em amostras dos efluentes coletados, nas quais após adição, 

sofreram agitação e em seguida, foram mantidas em repouso para decantação dos 



46 

 

particulados, sendo posteriormente realizadas determinações de pH, turbidez e 

absorbância nos resíduos clarificados. Para os testes foram estipulados valores de 

concentração do coagulante a ser adicionado em cada amostra e tempo de 

decantação. O estudo comprovou o elevado potencial de clarificação do coagulante 

natural utilizado, apresentando alta remoção de turbidez, principalmente nas amostras 

testadas com a semente de Moringa Oleifera moída, chegando a valores de eficiência 

de até 93,99%. 

Filho et al. (2013) estudaram a eficiência de uma estação de tratamento de 

efluentes em escala real de uma indústria produtora de cervejas e refrigerantes. A 

estação é composta por etapas de tratamento preliminar, primário e secundário, 

fazendo o uso de reator anaeróbio de circulação interna seguido de lagoas de aeração 

e polimento para remoção de carga orgânica e compostos específicos. No estudo 

foram realizadas determinações analíticas e analisada a eficiência do sistema através 

do percentual de remoção das concentrações de DBO e DQO presentes no efluente. 

Por meio do estudo de caso, constatou-se a elevada eficiência média (atingindo 

valores de até 96%) do sistema na remoção dos compostos orgânicos, onde a água 

residual gerada atende os padrões de lançamento exigidos pelo órgão ambiental 

vigente. 

 



47 
 

4 MATERIAL E MÉTODOS 

4.1 Material 

Para realização do estudo, o material analisado foi o efluente bruto de uma 

cervejaria localizada na cidade de Bom Retiro do Sul/RS. O procedimento de 

amostragens foi definido a partir de visitas técnicas realizadas no empreendimento, 

sendo feito um acompanhamento do processo produtivo cervejeiro e funcionamento 

do sistema de tratamento de efluentes atual da fábrica. 

O processo produtivo do presente estudo é constituído de diversas etapas, 

abrangendo de forma geral os seguintes processos: seleção das matérias-primas 

(água; malte, lúpulo, e levedura - Saccaromyces cerevisae); mostura, onde há a 

mistura do malte com a água em temperatura controlada; adição de água de lavagem, 

visando a diluição do fluído para posterior filtragem; filtragem em filtro de fundo falso 

para separação do mosto e os resíduos de cereais; fervura, onde há a adição do 

lúpulo; separação sólido-líquido através de centrifugação; resfriamento do mosto; 

fermentação, a partir da adição de leveduras; maturação; clarificação, mediante uso 

de clarificantes e filtração; carbonatação; pasteurização e por fim, envase. 

Os maiores volumes de geração de efluentes líquidos ocorrem por limpeza ou 

separação de fases, como segue: 

Moagem: emprega água para lavagem; 

Mistura e mostura: emprega água para lavagem; 



48 
 

Filtração: separação sólido-líquido, emprega água para lavagem; 

Fervura: emprega água para lavagem; 

Centrifugação: separação sólido-líquido, emprega água para lavagem. 

Para caracterização do efluente, foram utilizadas amostras dos rejeitos líquidos 

provenientes da produção da cerveja Pilsen e limpeza do maquinário da fábrica, sendo 

caracterizados de forma individual com o intuito de observar a diferença da 

composição dos dois tipos de efluentes. Três campanhas de amostragem foram 

realizadas ao longo do período de trabalho, e cada campanha de amostragem contou 

com dois dias de coleta, um dia sendo destinado às coletas do efluente da produção 

da cerveja e outro para coletas do efluente da etapa de limpeza.  

A escolha dos pontos de coleta se deu a partir da análise do sistema de 

tratamento de efluentes atual da empresa, que conta com um sistema composto de 

tanque de recebimento do efluente com presença de grade fina para retenção de 

sólidos mais grosseiros, seguido de tanque de equalização, etapa responsável pela 

homogeneização do efluente. Após equalização há o tratamento biológico formado 

por dois biorreatores recheados com meio suporte constituído de conduíte corrugado, 

visando a degradação da matéria orgânica. Para depuração final do efluente, este é 

direcionado ao sistema de Wetlands.  

Para entendimento do sistema atual de tratamento da empresa, as coletas se 

deram em três pontos localizados ao longo da estação, sendo estes: recepção do 

efluente (grade), biorreator primário e biorreator secundário. Devido ao acesso 

dificultado, não foi possível coletar no sistema de Wetlands, impossibilitando a análise 

da eficiência global do tratamento. As amostras foram coletadas em três horários 

diferentes, sendo as quantidades provenientes de cada ponto homogeneizadas e 

retiradas destas, uma amostra representativa.  

Visando a caracterização dos efluentes e análise da atual situação da estação 

de tratamento da fábrica em frente ao lançamento dos efluentes em corpo receptor, 

realizou-se determinações de pH, sólidos sedimentáveis, DBO5, DQO, nitrogênio total 

Kjeldahl, fósforo total e turbidez. As amostras foram fracionadas, sendo parte destas 

acondicionadas em frascos de polipropileno contendo preservante para 



49 
 

encaminhamento em laboratório credenciado para análise de fósforo total. O restante 

das amostras foi analisado no laboratório de biorreatores da Univates, sendo as 

determinações de pH, turbidez, sólidos sedimentáveis e DBO5, realizadas logo após 

coleta, garantindo melhor precisão na quantificação dos compostos, conforme 

metodologias usadas.  

Para análises de nitrogênio total Kjeldhal e DQO, as amostras sofreram 

acidificação até atingirem pH com valor próximo a 2, sendo mantidas em refrigeração 

até o momento da análise. Já as porções de efluentes destinadas a determinações de 

carbono orgânico total e carbono inorgânico, estas foram submetidas ao mesmo 

processo de acidificação das amostras anteriores, porém foram congeladas para 

análise posterior. Vale frisar que todas as amostras respeitaram o período de 

acondicionamento para análises, conforme Guia Nacional de Coleta e Preservação 

de Amostras da Agência Nacional das Águas (ANA, 2011). 

Tendo em vista a remoção de parte da carga poluidora que constitui os 

efluentes da cervejaria, testou-se tratamento primário de coagulação/floculação a 

partir de ensaios de Jar Test com amostra de efluente bruto proveniente de uma única 

coleta do ponto da grade do sistema atual da empresa, sendo o teste realizado logo 

após obtenção da amostra. Para avaliar a eficiência do teste, o efluente bruto e as 

amostras clarificadas pós floculação foram submetidas a análises para determinação 

de DQO, cor e turbidez. 

 

4.2 Métodos 

 

4.2.1 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) 

De acordo com Valente et al. (1997), a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) 

provém da quantidade de oxigênio requerido para degradação biológica da matéria 

orgânica por processo oxidativo, onde a DBO5 será a taxa de oxigênio consumido por 

microrganismos no período de 5 dias em temperatura controlada de 20°C. As análises 

foram realizadas em triplicatas com o aparelho Oxitop, da marca WTW, seguindo 

recomendações de preparação do equipamento, determinando a quantidade de 



50 
 

oxigênio consumido por microrganismos para degradação da matéria orgânica, com 

leitura de DBO5 na faixa de 0 a 4000 mg/L. 

 

4.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO) 

Indica quantidade de oxigênio necessária para decomposição da matéria 

orgânica através da oxidação química (VALENTE et al., 1997). A determinação do 

parâmetro foi realizada em triplicatas conforme o método titulométrico de refluxo 

fechado (5220 D) do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, 

que consistiu na digestão das amostras em sistema fechado e posterior detecção 

através de titulação (APHA, 2012).  

 

4.2.3 Fósforo total 

É um composto essencial para desenvolvimento dos processos de origem 

biológica, porém em quantidades excessivas nos efluentes pode causar o fenômeno 

de eutrofização, onde há o crescimento excessivo das algas e com isso a diminuição 

do oxigênio necessário para a sobrevivência de seres aquáticos (JORDÃO; PESSÔA, 

2014). As amostras foram encaminhas para análise em laboratório credenciado, 

sendo o teor de nitrogênio total determinado por meio dos seguintes métodos: SMWW, 

23ª Edição, Método 3030E e 3120B/EPA Método 3015 A - 2007 e 6010 D - 201/PO-

091. 

 

4.2.4 Nitrogênio total Kjeldahl 

Sendo uma caracterização indireta de proteínas presentes no meio, o método 

foi desenvolvido primeiramente por Kjeldahl em 1883 e adaptado desde então 

(EMBRAPA, 2006). A determinação do nitrogênio (duplicatas) se deu por meio do 

método 4500 N C Semi-Micro-Kjeldahl, do Standard Methods for Examination of Water 

and Wastewater, que consistiu na digestão das amostras seguida de destilação por 

arraste de vapor, finalizando com titulação do destilado (APHA, 2012). 



51 
 

4.2.5 pH 

O pHmetro tem como funcionalidade um eletrodo conectado a um 

potenciômetro, onde há a conversão dos valores do eletrodo (milivolts) em escalas de 

pH (SPLABOR, 2017). Para análise de pH em triplicatas das amostras de efluente, foi 

utilizado o pHmetro de bancada da marca DIGIMED, modelo DM-22. Através do 

método potenciométrico e potencial hidrogeniônico, o equipamento tem por função 

medir o pH, identificar se a amostra analisada é ácida, básica ou neutra, como também 

realiza medições de temperatura (DIGIMED, 2019). 

 

4.2.6 Sólidos sedimentáveis 

É determinado a partir da capacidade de sedimentação dos particulados sólidos 

antes em suspensão (JORDÃO; PESSÔA, 2014). O teor de sólidos sedimentáveis das 

amostras foi obtido através do método 2540 F Cone Imhoff do Standard Methods for 

Examination of Water and Wastewater. Para análise, um litro de cada amostra foi 

homogeneizado e transferido para o cone imhoff, onde houve a sedimentação dos 

sólidos durante 45 minutos, seguida de leve agitação para desprendimento das 

partículas que ficaram retidas na parede do cone e decantação por mais 15 minutos 

(APHA, 2012). 

 

4.2.7 Turbidez 

A principal causa da existência de turbidez do efluente é a presença de 

partículas sólidas no meio, podendo ser indicador de poluentes, dificultando também, 

a visualização do efluente (METCALF; EDDY, 2013). Os índices de turbidez das 

amostras de efluentes foram determinados em triplicatas com Turbidímetro Portátil da 

marca DIGIMED, modelo DM-TU, com faixa de medição de 0 a 1000 NTU (DIGIMED, 

2019). 



52 
 

4.2.8 Tempo de retenção hidráulico e eficiência de remoção de carga orgânica 

Como parte da análise do tratamento de efluentes atual da indústria do 

presente estudo, calculou-se o tempo de retenção hidráulico dos filtros biológicos 

(biorreatores) que constituem o sistema e eficiência de remoção da carga orgânica do 

efluente (DBO e DQO) ao longo da estação.  

O tempo de retenção hidráulico é o tempo necessário para passagem da vazão 

de efluente no equipamento de determinado volume, sendo expresso pela Equação 1 

(VON SPERLING, 2005). 

𝑇𝑅𝐻 =  
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟

𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
    (1) 

Onde: 

THR = tempo de retenção hidráulico 

Para cálculo da eficiência de remoção de DBO e DQO na estação de tratamento 

de efluentes, adotou-se a Equação 2 citada por Colares e Sandri (2013). A obtenção 

do valor de eficiência está relacionada com o cálculo das diferenças de concentrações 

dos compostos na saída e no início do tratamento, sendo o valor resultante dividido 

pela concentração do parâmetro na entrada e por fim o resultado obtido é multiplicado 

por 100 para obtenção do valor em porcentagem.  

𝐸 =  
𝐶𝑒−𝐶𝑠

𝐶𝑒
× 100  (2) 

Onde: 

𝐸 = 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 

𝐶𝑒 = 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 

𝐶𝑠 = 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑠𝑎í𝑑𝑎 

 

4.2.9 Teste de floculação 

Com o intuito de avaliar a remoção de parte dos compostos com grau poluidor 

contidos nos efluentes cervejeiros, foi executado o teste de floculação, que consistiu 



53 
 

em ensaios de Jar Test, fazendo uso do equipamento de floculação FLOC CONTROL, 

da marca POLICONTROL. Os ensaios foram realizados usando o método descrito a 

seguir. 

Inicialmente colocou-se em uma cuba de Jar Test a quantidade de um litro de 

efluente bruto, com valor de pH de 4,5, proveniente da etapa do gradeamento da 

estação de tratamento da fábrica, sendo posteriormente adicionado 1 mL do 

coagulante sulfato de alumínio 1% (Al2(SO4)3) e aguardado alguns minutos para 

verificação do comportamento das partículas. Em seguida, foram sendo 

incrementadas quantidades de 1 mL de coagulante por vez até a visualização da 

formação dos flocos no efluente, totalizando o uso de 20 mL de sulfato de alumínio 

para obtenção dos flocos. 

Determinada a quantidade de coagulante, deu-se início a segunda parte do 

teste, onde duas amostras de um litro de efluente bruto foram acondicionadas nas 

cubas de Jar Test, havendo a adição de 20 mL de sulfato de alumínio sob agitação 

rápida a 100 rpm durante 2 minutos para dispersão do coagulante, seguida de 

agitação lenta a 30 rpm durante 20 minutos para colisão das partículas 

desestabilizadas e formação dos flocos. Posterior à agitação lenta, os efluentes 

ficaram em repouso durante 1h para realização da sedimentação dos particulados no 

fundo das cubas.  

Finalizada a decantação, coletou-se 50 mL do líquido sobrenadante de cada 

amostra com o auxílio de um pipetador automático para análises dos teores de DQO, 

cor e turbidez das amostras clarificadas, juntamente com a determinação dos mesmos 

parâmetros no efluente bruto para obtenção de análise comparativa da eficiência do 

tratamento com coagulante. Os métodos de determinação de DQO e turbidez foram 

os mesmos utilizados para caracterização do efluente conforme já citado no presente 

estudo, e o parâmetro cor aparente foi quantificado através Colorímetro da marca 

DIGIMED, modelo DM-COR.  

 



54 
 

4.2.10 Dimensionamento preliminar do sistema de lodos ativados 

 

4.2.10.1 Fator de biodegradabilidade 

Ao se escolher o tipo de tratamento a ser utilizado conforme características do 

efluente, primeiramente deve-se considerar o fator de biodegradabilidade, que é a 

capacidade do resíduo em se decompor por via biológica. Dimensionamentos de 

sistemas biológicos não são realizados com baixa biodegradabilidade, de modo que 

se possa otimizar a remoção de carga orgânica, visando reduzir a concentração de 

DBO na saída do tratamento biológico (CLAAS; MAIA, 1994).  

Conforme Claas e Maia (1994), o fator de biodegradabilidade pode ser 

verificado através de cálculo obtido por meio da Equação 3.  

𝑓𝑏 =  
𝐷𝐵𝑂5

0,65×𝐷𝑄𝑂
  (3) 

Onde: 

𝑓𝑏 = 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑏𝑖𝑜𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 

𝐷𝐵𝑂5 = 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑜𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 𝑒𝑚 5 𝑑𝑖𝑎𝑠 

𝐷𝑄𝑂 = 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 

 

4.2.10.2 Sistema de lodos ativados – Reator aeróbio 

Para o tipo de efluente da empresa estudada, foi realizado o dimensionamento 

de um sistema de lodos ativados, que visa elevada remoção de carga orgânica devido 

à alta eficiência de processo. Para tal tratamento, deve ser considerada a carga de 

poluente e a capacidade do sistema biológico em assimilar a DBO5, que depende da 

carga aplicada por metro cúbico do reator, teor de sólidos suspensos ativos (biomassa 

ativa), idade do lodo adotada e tempo de retenção hidráulico (METCALF; EDDY, 2013; 

JORDÃO; PESSÔA, 2014).  

O sistema de lodos ativados é composto por reator aeróbio e por decantador 

secundário. O primeiro promove a degradação da carga de poluente, enquanto o 

segundo responde pela retenção/decantação da biomassa, que é retornada em parte 



55 
 

para o reator aeróbio. O dimensionamento é constituído por sistema de lodos ativados 

de aeração prolongada, operando com vazão contínua de efluentes, sendo adotada a 

idade do lodo de 20 dias, havendo maior tempo de residência dos microrganismos 

ativos, favorecendo uma maior estabilização da carga orgânica. Na literatura são 

citadas eficiências de remoção na faixa de 95-98% de DBO (METCALF; EDDY, 2013; 

JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2005).  

 

4.2.10.2.1 Volume do reator 

Para cálculo do volume requerido para o reator, antes deve-se saber a carga 

de DBO5 removida na etapa biológica (Sr), conforme Equação 4 citada por Von 

Sperling (2005). 

𝑆𝑟 = 𝑄 × (𝑆𝑜 − 𝑆)/1000   (4) 

Onde: 

𝑆𝑟 = 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝐵𝑂5 𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑒𝑡𝑎𝑝𝑎 𝑏𝑖𝑜𝑙ó𝑔𝑖𝑐𝑎 (𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5/𝑑) 

𝑄 = 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑚3/𝑑) 

𝑆𝑜 = 𝐷𝐵𝑂5 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑚𝑔/𝐿) 

𝑆 = 𝐷𝐵𝑂 𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑚𝑔/𝐿) 

 

Tendo conhecimento da carga de DBO5 removida, parte-se para o cálculo do 

volume do reator aeróbio, sendo expresso pela Equação 5 (VON SPERLING, 2005). 

𝑉 =  
𝑌×𝜃𝑐×𝑆𝑟×1000

𝑋𝑣×(1+𝑓𝑏×𝐾𝑑×𝜃𝑐)
   (5) 

Onde: 

𝑉 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑜 (𝑚3) 

𝑌 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟 (𝑔𝑆𝑆𝑉/𝑔𝐷𝐵𝑂5)  

𝜃𝑐 = 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑑𝑜 (𝑑𝑖𝑎𝑠) 

𝑆𝑟 = 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝐵𝑂5 𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑒𝑡𝑎𝑝𝑎 𝑏𝑖𝑜𝑙ó𝑔𝑖𝑐𝑎 (𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5/𝑑) 

𝑋𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠𝑜𝑠 𝑣𝑜𝑙á𝑡𝑒𝑖𝑠 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 (𝑔𝑆𝑆𝑉𝑇𝐴/𝑚3) 

𝑓𝑏 = 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑏𝑖𝑜𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑á𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠𝑜𝑠 𝑣𝑜𝑙á𝑡𝑒𝑖𝑠 (𝑘𝑔𝑆𝑆𝑏/𝑘𝑔𝑆𝑆𝑉)  



56 
 

𝐾𝑑 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑛𝑑ó𝑔𝑒𝑛𝑎 (𝑑−1) 

 

4.2.10.2.2 Tempo de retenção hidráulico 

A partir do volume do reator calculado, consegue-se obter o tempo de retenção 

hidráulico do reator, sendo a relação do volume do reator calculado