CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ENSINO ENSINO DE MAPA DE RISCOS AMBIENTAIS COM O USO DE SOFTWARES Cláudio Pereira da Silva Lajeado Março de 2016 Cláudio Pereira da Silva ENSINO DE MAPA DE RISCOS AMBIENTAIS COM O USO DE SOFTWARES Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu Mestrado Acadêmico em Ensino, do Centro Universitário UNIVATES, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino, na Linha de pesquisa: Recursos, Tecnologias e Ferramentas no Ensino. Orientadora: Professora Drª Márcia Jussara Hepp Rehfeldt. Lajeado Março de 2016 Cláudio Pereira da Silva ENSINO DE MAPA DE RISCOS AMBIENTAIS COM O USO DE SOFTWARES A banca examinadora _______________ a Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Ensino, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência para obtenção do grau de Mestre em Ensino, na linha de pesquisa Recursos, Tecnologias e Ferramentas no Ensino. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Profª.Drª. Márcia Jussara Hepp Rehfeldt – Orientadora - Centro Universitário UNIVATES ___________________________________________________________________ Profª. Drª Marli Teresinha Quartieri – Centro Universitário UNIVATES ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Miriam Ines Marchi – Centro Universitário UNIVATES ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Claudete Rempel – Centro Universitário UNIVATES Lajeado Março de 2016 Dedico esta dissertação à maravilhosa família que Deus me deu, minha amada esposa Isabel e minhas filhas Caroline, Vanessa e Ludmylla. Elas acompanharam de perto tudo o que passei para chegar até aqui. Amo vocês. Dedico também aos meus pais, Maria Deuvani e José Pereira. Pai, Mãe, amo vocês. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida, pelas proteções nas viagens do norte ao sul do Brasil e por ter me concedido sabedoria suficiente para cursar esse mestrado. À minha amada esposa Isabel, minhas filhas Caroline, Vanessa e Ludmylla, pelo incentivo e pela compreensão dos longos dias ausentes do seio familiar. Aos meus pais e demais familiares, que sempre me incentivaram na realização desse sonho. A professora Drª. Márcia Jussara Hepp Rehfeldt, pelas sábias orientações, pelo humanismo, pelo incentivo e pelo compartilhamento de conhecimentos que me ajudaram muito na realização desse mestrado. Aos meus colegas de turma do mestrado em Ensino, pelos momentos de aprendizado e trocas de conhecimento. Aos meus amigos, Denys e Sampaio, que trilharam juntos comigo essa jornada e me apoiaram nos momentos em que mais precisei. Aos meus irmãos de fé pelo acolhimento e apoio em Lajeado, em especial o casal Vera e Luis. À Marusca, Carmem e Sibele pelos trabalhos em grupo e pelo apoio espiritual. Aos Diretores, professores e demais colaboradores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Conceição do Araguaia, pelo apoio e por terem permitido a realização da pesquisa nessa renomada instituição de ensino. Aos alunos do curso Técnico em Segurança do Trabalho, pela participação ativa nesta pesquisa. A todos os professores da UNIVATES/RS que contribuíram direta ou indiretamente para o meu crescimento intelectual. Às professoras que participaram da banca de qualificação desse trabalho, Dra. Marli Teresinha Quartieri e Dra. Eniz Conceição Oliveira, pelas sugestões e contribuições que elevaram a qualidade desta pesquisa. A todos vocês externo os meus sinceros agradecimentos, muito obrigado! RESUMO Contextualizar a utilização de recursos tecnológicos ao fazer pedagógico pode ser uma premissa importante para o desenvolvimento de novas estratégias de ensino. Assim, este trabalho, teve como intuito analisar as implicações decorrentes do uso dos softwares Mapeador de Riscos Ambientais e LibreOffice Draw, como estratégia pedagógica, para o ensino de mapa de riscos ambientais, no curso técnico de Segurança do Trabalho. A priori foi verificado como o ensino de mapa de riscos era efetivado em turmas anteriores, e ao constatar a ausência de softwares no ensino dessa temática, foi estruturada uma estratégia de ensino baseada em problemas e colocada em prática, via intervenção pedagógica, com o uso dos softwares Mapeador de Riscos Ambientais e LibreOffice Draw. Essa intervenção foi realizada durante dois meses com a participação de 20 alunos e do professor que ministra a disciplina de Informática Aplicada no referido curso ofertado no IFPA – Campus Conceição do Araguaia. Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa, com procedimentos técnicos de pesquisa-ação. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: entrevistas, questionários, observação participante, fotografias e filmagens. No fazer pedagógico, a docência aconteceu de forma mediadora, os discentes foram orientados a buscar autonomia nas aprendizagens e atuarem como colaboradores inclusive nos planejamentos. Os resultados apontam que no campo pedagógico os dois softwares têm especificidades que se complementam e são úteis ao ensino. O Mapeador de Riscos Ambientais é fácil de utilizar e prático, permite indicar os riscos dos setores, já vem com os grupos de riscos cadastrados, é gratuito, intuitivo, gera o mapa de riscos setorial a partir dos cadastros, bem como o relatório detalhado dos riscos por setores. Pode ser utilizado para introduzir os conteúdos acerca de mapa de riscos, pois, a forma como os grupos dos riscos são apresentados, facilita o cadastro, e consequentemente o entendimento acerca desses. Já o LibreOffice Draw, é uma ferramenta que permite concretizar ações práticas tais como: construir, formar, desenhar, representar, visualizar e confeccionar, ou seja, são verbos que expressam ações cognitivas oriundas da prática, do fazer, do experimentar, do errar, do acertar, mas também do aprender. Assim, é mais complexo e também mais completo, por isso, é uma ferramenta indicada para praticar e aprofundar os conhecimentos inerentes aos mapas de riscos. No desenvolvimento da prática pedagógica foi constatado que os alunos pouco se atrasavam, os faltosos evitavam faltar, os desmotivados se mostraram estimulados e com novos entusiasmos. Portanto, esses softwares serviram como catalisadores de motivação e autonomia. Ao final das atividades os alunos conseguiram elaborar os mapas propostos, portanto esses resultados mostram indícios de que pode ter existido aprendizagem. Palavras-chaves: Segurança do Trabalho. Estratégias de Ensino. Mapa de Riscos. Software Mapeador de Riscos Ambientais. Software LibreOffice Draw. ABSTRACT Contextualize the use of technological resources to do could be a pedagogical important premise for the development of new teaching strategies. Thus, this work had as objective to analyze the implications arising from the use of the softwares Mapeador de Riscos Ambientais and LibreOffice Draw, as a pedagogical strategy, for teaching environmental risk map, in the course of work safety technician. A priori was verified as the risk map education was accomplished in previous classes, and to note the absence of software in teaching this subject, was structured a strategy of problem-based teaching and put into practice, via educational intervention with the use of Mapeador de Riscos Ambientais and LibreOffice Draw. This intervention was carried out for two months with the participation of 20 students and 1 teacher who teach the subject of applied in that course offered at IFPA-Campus Conceição do Araguaia. As to the methodological aspects, it is a qualitative research, with technical procedures of action research. The data collection instruments used were: interviews, questionnaires, participant observation, photography and filming. In the do, teaching educational happened so mediator, the students were told to seek autonomy in learning and act as collaborators in planning. The results indicate that the educational field the two softwares have specific characteristics that complement each other and are useful for teaching. The Mapeador de Riscos Ambientais is easy and practical to use, allows you to register the risks of the sectors, it comes with risk groups registered, it's free, intuitive, generates the map of sectorial risks from the registers, as well as the detailed report of the risk sectors. Can be used to introduce the contents on a map of risks, because, the way the groups of risks are presented, makes it easy to record, and therefore the understanding of these. Already the LibreOffice Draw is a tool that allows you to achieve practical actions such as building, forming, drawing, acting, show and cook, in other words, are verbs that express cognitive actions from practice, do, try, make mistakes, get it right, but also learn? Thus, it is more complex and more complete, so it is a tool suitable for practice and deepen the knowledge inherent to risk maps. In the development of pedagogical practice, it has been found that students little is slowed, the absentees avoided missing the unmotivated proved stimulated and new enthusiasms. Therefore, this software served as catalysts of motivation and autonomy. At the end of the activities all students were able to draw up the proposed maps, so these results show evidence that may have existed. Keywords: Job security. Teaching strategies. Map of Risks. Mapeador de Riscos Ambientais software. LibreOffice Draw software. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do município Conceição do Araguaia .................................... 22 Figura 2 - Vista aérea do Rio Araguaia, à margem direita da cidade. ....................... 24 Figura 3 - IFPA - Prédio do Campus de Conceição do Araguaia à noite .................. 26 Figura 4 - Visão panorâmica do Campus de Conceição do Araguaia ....................... 27 Figura 5 - Círculos que indicam o grau do risco ........................................................ 34 Figura 6 - Classificação dos riscos ambientais no ambiente de trabalho .................. 35 Figura 7 - Exemplo de um Mapa de Riscos Setorial ................................................. 36 Figura 8 - Exemplo de um Mapa de Riscos Geral ..................................................... 37 Figura 9 - Mapa de riscos ambientais desenhado no LibreOffice Draw .................... 47 Figura 10 – Tela principal do software Mapeador de Riscos Ambientais .................. 48 Figura 11 - Opções de configuração do software Mapeador de Riscos Ambientais . 49 Figura 12 - Tela de cadastro do software Mapeador de Riscos Ambientais ............. 50 Figura 13 – Download do Software Mapeador de Riscos Ambientais ....................... 77 Figura 14 - Instalador do Software Mapeador de Riscos Ambientais ........................ 78 Figura 15 – Tela de cadastro de riscos do software Mapeador de Riscos Ambientais ..................................................................................................... 79 Figura 16 - Mapa de risco gerado no software Mapeador de Riscos Ambientais ..... 80 Figura 17 - Alunos medindo as dependências do Laboratório .................................. 82 Figura 18 - Aluna 11 desenhando o layout do bloco de laboratórios ......................... 84 Figura 19 - Desenho do layout do Laboratório de Solos e Química I ........................ 85 Figura 20 - Layout com mobília e equipamentos do Laboratório de Solos e Química II ............................................................................................................... 85 Figura 21 - Mapa de riscos setorial do Laboratório de Solos e Química I ................. 88 Figura 22 - Relatório de detalhamento dos riscos cadastrados................................. 89 Figura 23 - Ponto zero da régua em cima de uma linha guia .................................... 93 Figura 24 - Mapa de riscos setorial simplificado, modelo UNIVATES. ...................... 94 Figura 25 - Mapa de riscos setorial completo, criado a partir do Layout. .................. 95 Figura 26 - Recorte do mapa de riscos setorial elaborado pelo Aluno 3 ................... 99 Figura 27 - Configuração da página indicada para mapa de riscos geral ............... 101 Figura 28 - Uso de linhas guias na construção do Mapa de riscos geral ................ 103 Figura 29 - Mapa de riscos geral elaborado pelos discentes .................................. 104 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Possibilidades de temas, atuação e infraestrutura recomendada para o curso técnico em Segurança do Trabalho. ................................................................ 32 Quadro 2 - Agenda e síntese das ações realizadas na Intervenção Pedagógica ..... 60 Quadro 3 - Desempenho dos alunos na construção do mapa de riscos setorial....... 98 Quadro 4 - Desempenho dos alunos na construção do mapa de riscos geral ........ 109 Quadro 5 - Pontos positivos e negativos dos softwares .......................................... 123 LISTA DE SIGLAS APR - Análise Preliminar de Risco CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará EMTA - Ensino Técnico em Agropecuária Concomitante com o Ensino Médio ETFPA - Escola de Aprendizes Artífices do Pará. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho MEC - Ministério da Educação MTE - Ministério do Trabalho e Emprego NR - Norma Regulamentadora PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação PDF - Portable Document Format (Formato Portátil de Documento) PPP - Projeto Político Pedagógico UEPA - Universidade Estadual do Pará UNED’s - Unidades de Ensino Descentralizadas UNITINS - Fundação Universidade do Tocantins SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 2 CONTEXTO GERAL DA PESQUISA ..................................................................... 21 2.1 Caracterização do município de Conceição do Araguaia .................................... 21 2.2 Caracterização do IFPA – Campus Conceição do Araguaia ............................... 25 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 29 3.1 O Ensino Técnico profissionalizante ................................................................... 29 3.1.1 Educação Profissional Técnica em Nível Médio ............................................... 29 3.1.2 O curso técnico de Segurança do Trabalho ..................................................... 31 3.2. Mapa de riscos ambientais ................................................................................. 33 3.3 Estratégias de Ensino.......................................................................................... 39 3.4 Tecnologias na educação .................................................................................... 42 3.5 Softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais ......................... 45 3.5.1 Software LibreOffice Draw ................................................................................ 46 3.5.2 Software Mapeador de Riscos Ambientais ....................................................... 48 3.6 Estudos recentes na área.................................................................................... 50 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 56 4.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................ 56 4.2 Delineamento da pesquisa .................................................................................. 58 4.2.1 População de Estudo ....................................................................................... 58 4.2.2 Metodologia da Intervenção Pedagógica com o uso dos softwares ................. 59 4.2.3 Instrumentos de coleta de dados ..................................................................... 62 4.2.4 Análise de dados .............................................................................................. 63 5 RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................................. 66 5.1 Análise do Perfil dos discentes do Curso Técnico em Segurança do Trabalho .. 66 5.2 Análise da entrevista com o docente da disciplina de Prevenção e Controle de Riscos. ...................................................................................................................... 69 5.3 Análise das ações desenvolvidas na Intervenção Pedagógica ........................... 72 5.3.1 Primeiro Encontro ............................................................................................. 72 5.3.2 Segundo Encontro ............................................................................................ 81 5.3.3 Terceiro Encontro ............................................................................................. 87 5.3.4 Quarto Encontro ............................................................................................... 91 5.3.5 Quinto Encontro ............................................................................................. 100 5.3.6 Sexto Encontro ............................................................................................... 106 5.3.7 Sétimo Encontro ............................................................................................. 110 5.4 Análise do questionário sobre a utilização do software Mapeador de Riscos Ambientais............................................................................................................... 111 5.5 Análise do questionário sobre a utilização do software LibreOffice Draw ......... 118 5.6 Análise do questionário sobre a avaliação da prática pedagógica .................... 125 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 130 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 137 APÊNDICES ............................................................................................................ 142 Apêndice A – Perfil dos discentes do Curso Técnico em Segurança do Trabalho .. 143 Apêndice B - Termo de Consentimento Livre Esclarecido ...................................... 144 Apêndice C - Termo de Concordância da Direção da Instituição De Ensino .......... 145 Apêndice D – Roteiro de entrevista com o docente ................................................ 146 Apêndice E – Plano de unidade para elaboração de mapa de riscos ..................... 147 Apêndice F – Questionário para os discentes, sobre a utilização do software Mapeador de Riscos Ambientais ............................................................................. 150 Apêndice G – Questionário para os discentes, sobre a utilização do software LibreOffice Draw. ..................................................................................................... 151 Apêndice H - Questionário de avaliação da prática pedagógica ............................. 152 ANEXOS ................................................................................................................. 153 ANEXO 1 – Matriz curricular atual do curso técnico em Segurança do Trabalho ... 154 16 1 INTRODUÇÃO Em pleno século XXI, mais especificamente no ano 2015 é difícil imaginar o desenvolvimento de qualquer ciência desprovida das ferramentas tecnológicas, principalmente na educação, que em busca de melhores resultados no ensino, necessita cada vez mais desses recursos para a modernização, melhoria e sistematização dos conhecimentos teóricos e práticos. Nesse contexto, Kenski (2007) disserta que as tecnologias também servem para fazer educação e ambos são indissociáveis, pois estas estão presentes no dia a dia das pessoas e a educação não pode ser algo surreal, alheio ao que se passa no tempo e espaço de vida das pessoas. No entanto, não é só porque o mundo vivencia uma revolução tecnológica que os professores devem utilizar essas tecnologias de qualquer forma. A utilização de recursos tecnológicos como os softwares, por exemplo, requer planejamento focado nos resultados que se pretende alcançar. Nesse sentido, Tajra (2012) adverte que não é conveniente para o professor apenas explicar os recursos disponibilizados por um software e pedir para os alunos resolverem atividades com essa ferramenta. É recomendável utilizá-los para dinamizar as aulas de maneira criativa e inovadora, contextualizando-os com a realidade prática, de forma a despertar o interesse dos educandos, fomentando momentos que foquem no desenvolvimento intelectual e cognitivo desses alunos. Contudo, em minhas vivências profissionais na docência, tenho observado que as exigências mercantilistas sobre o domínio dessas ferramentas podem fazer com que a informática seja inserida na matriz curricular dos cursos técnicos apenas para demonstrar que estes estão contemplando as tecnologias em seu currículo. Isso pode acarretar na inserção dissociada dos demais componentes curriculares e da vivência pragmática desses alunos. 17 No curso técnico de Segurança do Trabalho no qual atuo, essa realidade não é diferente. O mercado de trabalho nesta área exige profissionais capacitados para trabalhar com diversas tecnologias, dentre essas, destacam-se as computacionais. Entendo que elas são cada vez mais utilizadas no dia a dia desses profissionais, seja para fazer um simples check-list ou até mesmo para elaborar mapa de riscos ambientais. Dessa forma, conhecer os resultados do uso de softwares como estratégia pedagógica para o ensino de mapa de riscos ambientais, pode revelar informações importantes, que possibilitarão a tomada de novos rumos e ações didáticas anteriormente ainda não percebidas. Assim, poder-se-á contribuir para a eficácia do ensino dessa temática no referido curso, além de promover a formação de profissionais e cidadãos atualizados e preparados para trabalhar com essas tecnologias. De todos os fatores motivacionais já apresentados, a escolha da temática dessa pesquisa foi fortemente motivada por várias observações e atuações práticas, vivenciadas durante minha trajetória profissional. Portanto, descrevo-as, para facilitar a compreensão de como visualizei a importância de pesquisar a temática já suscitada anteriormente. Sou licenciado em Pedagogia pela UEPA - Universidade Estadual do Pará e graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UNITINS - Fundação Universidade do Tocantins, também, cursei especialização nessas duas áreas de formação. Em minha trajetória profissional trabalhei na Fundação Bradesco durante 7 anos como monitor de informática, atendendo professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio. Atualmente, faço parte do corpo docente na condição de professor efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA, onde trabalho desde o ano 2010 junto aos cursos técnicos e superiores, ministrando disciplinas na área de informática e também de Didática Aplicada a Segurança do Trabalho. Essas experiências possibilitaram desenvolver atividades de ensino, pesquisa, extensão e orientação de trabalhos de conclusão de curso, os quais me permitiram visualizar a necessidade de estudos e trabalhos mais efetivos sobre o uso das tecnologias na educação profissional. Contudo, foi durante as aulas da disciplina Informática Aplicada, ministrada 18 no curso de Segurança do Trabalho, que verifiquei o distanciamento que existia entre os conteúdos estudados nessa disciplina e os conteúdos técnicos e práticos que os alunos vivenciavam em outras disciplinas específicas do curso. Essa situação propiciou várias reflexões e dúvidas acerca da inserção da disciplina de informática nesse curso. A primeira foi: Os alunos deveriam estudar conteúdos específicos à informática? Ou seria mais proveitoso, estudar soluções e técnicas providas pela informática que pudessem contribuir com a atuação profissional desses futuros técnicos? Diante dessas indagações, ao tentar materializar um diálogo mais condizente com a realidade prática dos futuros técnicos, pensei na temática inerente a mapa de riscos ambientais. Essa pode ser uma, dentre as vastas soluções que podem ser promovidas nas aulas da disciplina de Informática, ofertada no curso técnico de Segurança do Trabalho. Cito essa temática, porque é um ferramental essencial e indispensável à vida de qualquer técnico em Segurança do Trabalho e pode ser desenvolvida com ferramentas computacionais. Outro fator que considero importante para a escolha dessa temática, diz respeito à necessidade de haver a integração entre as tecnologias de informação e comunicação e a educação, pois, com tantos aparelhos digitais surgindo a cada dia, com a massificação dessas tecnologias, como, por exemplo, a internet que pode ser acessada facilmente pelos notebooks, tablets, smartphones e uma série de outros artefatos que estão cada vez mais presentes nos espaços escolares, fica difícil pensar em uma educação alheia a essas ferramentas. Nesse contexto tecnológico-educacional, enfatizo a importância de se estabelecer pelo menos uma estratégia pedagógica para o ensino de mapa de riscos ambientais com o uso de softwares, pois assim, os docentes e alunos poderiam utilizar os recursos computacionais em prol de potencializar um ensino condizente com a realidade mercadológica a ser vivenciada pelos futuros técnicos. Portanto, acredito ser importante abordar acerca das estratégias de ensino nessa pesquisa. Contudo, à luz deste cenário, realizei essa pesquisa com vistas a dialogar sobre a seguinte problemática: Quais as implicações do uso dos softwares Mapeador de Riscos Ambientais e LibreOffice Draw, como estratégia pedagógica, para o ensino de mapa de riscos ambientais, no curso técnico de Segurança do Trabalho? Esse questionamento remeteu a outras questões norteadoras importantes, tais como: devido a gama de possibilidades didáticas que 19 podem ser proporcionadas pela informática, o uso desses softwares poderia estimular os discentes nos estudos direcionados à temática mapa de riscos? Como estruturar uma estratégia visando ao ensino de mapa de riscos ambientais, por meio dos softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais? Portanto, essa pesquisa tem como objetivo geral analisar as implicações decorrentes do uso dos softwares Mapeador de Riscos Ambientais e LibreOffice Draw, como estratégia pedagógica, para o ensino de mapa de riscos ambientais, no curso técnico de Segurança do Trabalho. Em função desse objetivo geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: 1. Verificar como o ensino de mapa de riscos ambientais era efetivado em outras turmas do curso Técnico de Segurança do Trabalho. 2. Desenvolver ações práticas-pedagógicas, visando estruturar uma estratégia de ensino de mapa de riscos ambientais, por meio dos softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais. 3. Discutir acerca das implicações decorrentes do uso dos softwares Mapeador de Riscos Ambientais e LibreOffice Draw, para o ensino de mapa de riscos ambientais. Assim, a dissertação foi estruturada em seis capítulos, sendo que o primeiro capítulo abordou a introdução, na qual estão descritos a natureza do trabalho, a contextualização do tema, o problema, os objetivos, a justificativa, bem como a apresentação breve dos demais capítulos da dissertação. Por se tratar de uma pesquisa-ação e também para facilitar a compreensão do cenário onde ocorreu a pesquisa, no segundo capítulo, apresento o contexto geral da pesquisa. Portanto, faço uma abordagem das principais características do município de Conceição do Araguaia, bem como do IFPA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. Saliento que todas as atividades da pesquisa foram efetivadas nesse instituto, situado na referida cidade. No terceiro capítulo apresento os aportes teóricos que embasaram a prática investigativa e estão divididos em seis seções. Na primeira, abordo acerca do Ensino Técnico profissionalizante, sendo uma subseção sobre Educação Profissional Técnica em nível médio e outra acerca do curso técnico de Segurança do Trabalho. Na segunda seção discorro sobre de mapa de riscos ambientais e o ensino relacionado a esses instrumentais. Na terceira exponho sobre as estratégias 20 de ensino. Na quarta apresento várias discussões que tratam sobre tecnologias na educação, com ênfase à informática na educação. Na quinta, apresento os referenciais inerentes aos softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais. Na última seção pesquisei os estudos recentes na área, levando em consideração produções científicas publicadas a partir do ano 2010 acerca da temática estudada. No quarto capítulo da dissertação cito os procedimentos metodológicos, como a caracterização da pesquisa, delineamento da pesquisa, população de estudo, metodologia da intervenção pedagógica com o uso de softwares, os instrumentos de coleta de dados e, por fim, os aspectos metodológicos da análise de dados. No quinto capítulo realizo a análise dos resultados, na qual apresento os dados, e teço as discussões da prática pedagógica realizada com o uso dos softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais. Nesse mesmo capítulo, analiso também as entrevistas e questionários aplicados. No último capítulo abordo as considerações finais que foram tecidas em torno das análises dos resultados, considerando as ponderações dos autores pesquisados na fundamentação teórica, a análise dos resultados da pesquisa-ação e a minha experiência profissional vivenciada sobre essa temática. Penso que as possíveis respostas ou discussões acerca dessas problemáticas, podem contribuir pedagogicamente para um avanço significativo no ensino e na aprendizagem desse conteúdo, tanto nos cursos formadores de técnico em Segurança do Trabalho dos Institutos Federais, como possivelmente em outras instituições de Ensino Técnico no Brasil. Portanto, no próximo capítulo apresento o contexto geral da referida pesquisa. 21 2 CONTEXTO GERAL DA PESQUISA Essa pesquisa foi desenvolvida com alunos e professores do curso técnico subsequente em Segurança do Trabalho, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, campus Conceição do Araguaia. Atualmente, esse instituto atende em sua área de abrangência os seguintes municípios: Água Azul do Norte, Bannach, Conceição do Araguaia, Cumaru do Norte, Floresta do Araguaia, Ourilândia do Norte, Pau d’Arco, Redenção, Rio Maria, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Sapucaia, Tucumã, Xinguara. No entanto, considerando que esse Instituto adotou como cidade sede o município de Conceição do Araguaia, apresento na próxima seção algumas características específicas inerentes a esse município. 2.1 Caracterização do município de Conceição do Araguaia De acordo com IBGE (2014), o município de Conceição do Araguaia, é originário do extenso território de Baião. Foi fundado como arraial por Frei Gil de Vila Nova, em 30 de maio de 1897. O nome Conceição é uma homenagem à padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição. Já Araguaia é uma expressão Tupi, que significa vale dos papagaios, e foi usada para representar o que atualmente se conhece como rio Araguaia. Com mais de um século de história, o município teve início a partir da missão católica do dominicano francês Frei Gil de Vila Nova, coordenada pelo governo do Grão-Pará. O objetivo dessa missão era catequizar os índios Karajá e Kaiapó, que viviam na região devido à diversidade de recursos naturais provenientes da floresta e do rio Araguaia (CARVALHO, 2000). 22 Conforme exibido na Figura 1, o município de Conceição do Araguaia está localizado na região sudeste do Pará e, de acordo com IBGE (2014), engloba uma extensão territorial equivalente a 5.829,48 km², com uma população residente de 45.557 pessoas. Figura 1 - Localização do município Conceição do Araguaia Fonte: https://www.google.com.br, (2014), adaptado pelo autor. Segundo Filgueira (1998, apud Melo, 1999), o município de Conceição do Araguaia, desde o início do seu povoamento até o final da década de 1970, tornou- se um importante centro de referência econômica, social, política, cultural e religiosa de toda a região sul do Pará. Essa hegemonia perdurou até as décadas de 1960 e 1970, quando novos centros urbanos mais interiorizados se constituíram. Segundo Martins (1981), com a implantação da Política de Integração Nacional do Governo Federal, instituída nos anos de 1970, o processo de ocupação de terras na região se intensificou e, como resultado dessas manobras políticas, 23 grande parte da terra deixou de ser monopólio dos comerciantes da castanha (latifúndios extrativistas) para ser propriedade das empresas capitalistas privadas (latifúndios pecuaristas), das áreas de instalação de garimpos e, minoritariamente, destinadas aos colonos por meio do Projeto de Colonização. Nesse contexto político, o Governo Militar, incentivou a migração de pessoas provenientes de várias partes do Brasil. Essas migrações formaram diferentes frentes de interesses, sendo as principais delas formadas por trabalhadores e grandes proprietários. Os trabalhadores migraram em busca de terras de trabalho, já os grandes proprietários em busca de terras de negócio, visando enriquecimento fácil e rápido (MARTINS, 1981). Nesse processo migratório, com a economia ainda dominada pelo extrativismo vegetal, o município atraiu pessoas dos estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Maranhão e Goiás. Mas devido ao declínio econômico da exploração da borracha, a castanha do Pará, que na época existia em abundância na natureza, passou a ser um dos principais produtos de exportação dessa região (CARVALHO, 2000). De acordo com o Projeto Político Pedagógico do IFPA, Campus Conceição do Araguaia, atualmente, tanto o município de Conceição do Araguaia como algumas cidades vizinhas, apresentam um amplo potencial produtivo, em segmentos como a pecuária bovina, representada por uma das maiores produções de leite e carne do Estado do Pará. A produção agrícola é baseada principalmente nas culturas de subsistência e na fruticultura, atividades tipicamente trabalhadas pela Agricultura Familiar e Camponesa, extrativismo vegetal, de produtos madeireiros e não madeireiros que ainda é uma atividade importante em algumas comunidades, especialmente naquelas de colonização mais recente, onde a floresta ainda ocupa uma significativa porção do espaço. As religiões predominantes são a católica apostólica romana com 28.542, pessoas, as evangélicas com 12.681 seguidores e a religião espírita com 256. O Valor do rendimento nominal mediano mensal per capita dos domicílios particulares permanentes na zona Rural é equivalente a R$178,00 (cento e setenta e oito reais) e esse mesmo rendimento nominal mediano mensal per capita dos domicílios particulares permanentes na zona Urbana é de R$ 340,00 (trezentos e quarenta reais). Esse município possui um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 2010 (IDHM 2010) equivalente a 0,64. 24 Além desses aspectos, o extenso rio Araguaia, exibido na Figura 2, margeia a cidade, e atrai todos os anos, milhares de turistas no mês de julho. Esses turistas buscam desfrutar das belezas naturais do rio como pesca, camping e até mesmo entretenimentos noturnos, muito comuns nessa época. Esses fatores naturais fazem dessa cidade um importante polo turístico da região do Araguaia. Figura 2 - Vista aérea do Rio Araguaia, à margem direita da cidade. Fonte: https://www.google.com.br, (2015). Atualmente, em Conceição do Araguaia, existem aproximadamente 40 projetos de assentamento, sendo que apenas um destes desapropriou uma área de cerca de 60.000 ha pertencente a um banco privado (IBGE, 2014). No contexto educacional, segundo o IBGE (2014), esse município, possui 25 unidades educacionais que atendem as crianças no nível pré-escolar, 39 direcionadas ao Ensino Fundamental e 9 escolas que atendem aos jovens e adultos no nível médio. Conta ainda com 3 instituições que ofertam o ensino superior. Dentre essas, está o IFPA, que além de ofertar cursos de graduação, dispõe também de cursos técnicos. Assim, na próxima seção apresento algumas características do IFPA, Campus Conceição do Araguaia. 25 2.2 Caracterização do IFPA – Campus Conceição do Araguaia Todos os dados referentes à caracterização do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA, citados nesta seção, estão fundamentados de acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) do referido campus, datado do ano 2013. Assim, de acordo com esse documento, o IFPA vem se consolidando na história educacional do estado Pará há mais de 100 anos. Anteriormente era conhecido como Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará – CEFET. Foi criado por meio de Decreto instituído pelo Presidente Nilo Peçanha em 23/09/1909 com o nome de ETFPA - Escola de Aprendizes Artífices do Pará. Assim, foi instalado em 1910, na Avenida Jerônimo Pimentel, nº 820, e ofertava o ensino primário, cursos de Desenho e oficinas de Marcenaria, Funilaria, Alfaiataria, Sapataria e Ferraria. Nesse percurso histórico, em 1997, o MEC – Ministério da Educação instituiu por meio do Decreto 2.208/97 a verticalização da Educação Profissional, nos níveis Básico, Técnico e Tecnológico. Dessa forma para atender essas novas demandas educacionais, a antiga ETFPA, foi transformada em CEFET/PA - Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará, por meio do Decreto 18/MEC, datado de 18 de janeiro de 1999. Nesse novo formato, a instituição passou a atuar nos vários níveis e modalidades da Educação Profissional e da Educação Superior, bem como fomentou o desenvolvimento de pesquisas tecnológicas em estreita articulação com os setores produtivos e a sociedade. Visando descentralizar as ações do CEFET/PA em todo o Estado do Pará, foram criadas as Unidades de Ensino Descentralizadas - UNED’s. Os municípios contemplados com essas unidades foram: Abaetetuba, Altamira, Bragança, Conceição do Araguaia, Itaituba, Marabá, Santarém e Tucuruí. Sequencialmente no dia 17 de maio de 2000, o Decreto Federal nº. 3.462, institui ao CEFET - PA a autonomia na Criação de Cursos e na ampliação de vagas no nível básico, técnico e tecnológico da Educação Profissional. Dessa forma, no ano de 2001, no Município de Conceição do Araguaia, o CEFET/PA implanta o Centro Avançado, ofertando o Curso Técnico em Aquicultura. No entanto, esse curso foi temporariamente interrompido, retomando as atividades apenas no ano de 2004. Já no ano 2005, foi realizado o processo seletivo para mais duas turmas desse mesmo curso. 26 Em 29 de dezembro de 2008, com a promulgação da Lei 11.892, sancionada pelo Presidente da República, o CEFET-PA, passou a se chamar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. A partir dessa data, as UNED’s passaram a ser denominadas de campi. No município de Conceição do Araguaia a transição de UNED para campus foi acompanhada de duas audiências públicas, sendo a primeira em 2008 quando foram definidos os seguintes Cursos Técnicos subsequentes: Técnico em Agrimensura, Técnico em Agropecuária, Técnico em Edificações e Técnico em Saneamento. A partir dessas novas demandas educacionais, foi possível estabelecer o primeiro concurso para os profissionais que atuariam nesse campus. No intuito de conhecer os anseios educacionais da região, no dia 30 de julho de 2009, aconteceu a segunda audiência pública. Nessa audiência, foram definidas as implantações dos Cursos Técnicos de Eventos e Segurança do Trabalho e dos Cursos Superiores em Agronomia e Gestão Ambiental. Na Figura 3, são apresentadas algumas fotografias do prédio do Campus de Conceição do Araguaia, onde estão instaladas as salas de aulas e parte do bloco administrativo. Figura 3 - IFPA - Prédio do Campus de Conceição do Araguaia à noite Fonte: https://www.google.com.br, 2014. 27 No campus Conceição do Araguaia, são ofertados os cursos de Técnico em Agrimensura, Técnico em Agropecuária, Técnico em Edificações, Técnico em Saneamento, Técnico em Segurança do Trabalho e Técnico em Marketing; e os cursos superiores em Agronomia e Gestão Ambiental. Dentre esses cursos ofertados, de acordo com os resultados obtidos nos últimos processos seletivos, o curso técnico em Segurança do Trabalho, tem sido amplamente procurado pelos estudantes secundaristas. Nesse âmbito, segundo o projeto pedagógico do referido curso (PPC), na área de abrangência do IFPA: [...] coexistem polos agroindustriais na área de laticínio, frigoríficas, curtumes, agropecuária, bem como atividades de exploração mineral e de prestação de serviços, dentre outros que se somados a uma grande gama de pequenas e médias empresas geram considerável demanda para a absorção de profissionais e serviços prestados pelo Técnico de Segurança do Trabalho (IFPA CAMPUS CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA, 2012, p. 4). Essa demanda empregatícia, é uma das motivações que levam vários jovens e adultos do município de Conceição do Araguaia e cidades circunvizinhas a cursar o referido curso, o que justifica a importância da oferta desse curso pelo IFPA. Na Figura 4, é possível visualizar de forma panorâmica, parte da estrutura predial do campus Conceição do Araguaia, onde acontecem as aulas dos referidos cursos já citados. Figura 4 - Visão panorâmica do Campus de Conceição do Araguaia Fonte: https://www.google.com.br/maps, 2014. Nesse contexto, apesar desta instituição ser uma unidade educacional com apenas 15 anos de atuação no município, é perceptível, por meio do seu PPP, que essa tem como foco ofertar educação em vários níveis e modalidades, propiciando 28 aos seus discentes práticas que fortaleçam a inclusão e formação de cidadãos consciente das suas responsabilidades socioambientais. Na sequência da escrita, no próximo capítulo apresento o referencial teórico que sustenta a referida pesquisa. 29 3 REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo tem como objetivo apresentar o referencial teórico que sustenta a pesquisa, portanto, aborda temáticas como o Ensino Técnico profissionalizante, ensino de mapa de riscos ambientais, estratégias de ensino, tecnologias na educação, softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais e também estudos recentes na área, que foram pesquisados via internet nos portais da Capes, InterSciencePlace e nos repositórios de dissertações e teses de diversas instituições universitárias brasileiras. 3.1 O Ensino Técnico profissionalizante No Brasil, o Ensino Técnico profissionalizante, passou por várias reformas legais e estruturais, até chegar ao formato que conhecemos hoje. Por isso, nesse subcapítulo apresento alguns conceitos e bases legais inerentes à Educação Profissional Técnica em nível médio. Exponho também, algumas informações a respeito do curso técnico em Segurança do Trabalho, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo catálogo nacional de cursos técnicos. 3.1.1 Educação Profissional Técnica em Nível Médio O Ministério da Educação, depois de realizar vários estudos, fez a reformulação das leis até então vigentes, através do decreto 5.154/04, que revogou o decreto 2.208/97 e definiu novas orientações para a organização da Educação 30 Profissional. Dessa forma segundo o § 1º do Artigo 4º do Decreto nº 5.154/04, as formas estabelecidas para a efetivação dessa “articulação entre a Educação Profissional Técnica de nível médio e o Ensino Médio” são as seguintes: integrado, concomitante e subsequente (BRASIL, 2004). A modalidade integrada é ofertada para quem concluiu o Ensino Fundamental, sendo os cursos planejados de maneira a conduzir o aluno a uma habilitação profissional técnica de nível médio, no mesmo estabelecimento de ensino, porém com matrícula única para cada aluno. Já a modalidade concomitante é disponibilizada somente para quem já concluiu o Ensino Fundamental ou está cursando o Ensino Médio, de maneira que a complementaridade entre a Educação Profissional Técnica de nível médio e o Ensino Médio implicam a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de Inter complementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados. A modalidade subsequente é ofertada somente para quem já concluiu o Ensino Médio. A LDB, ao determinar no artigo 35 que o Ensino Médio é a etapa final da Educação Básica, estabelece esta modalidade como conclusão de um período de escolarização de caráter geral. Trata-se de reconhecê-lo como elemento de uma etapa da escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do indivíduo, garantindo-lhe a formação comum fundamental para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em outros estudos futuros (BRASIL, 1996). De acordo com Projeto Político Pedagógico do IFPA (2013), o Ministério da Educação vem estabelecendo uma Política Pública Nacional para a Educação Básica voltada para as múltiplas necessidades sociais e culturais da população brasileira. Nesse contexto, situam-se o Plano Nacional de Educação - Lei nº 10.172/01 (BRASIL, 2001), a aprovação e implantação do FUNDEB - Lei no 31 11.494/07 (BRASIL, 2007) e a formulação e implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Esse conjunto de leis e ações visam a constituir uma política de médio e longo prazo para consolidação do Ensino Médio brasileiro, bem como a reestruturação do modelo pedagógico desta etapa da Educação Básica. Assim, almeja-se que esse modelo venha a contribuir para a integração entre o ensino básico e o profissional. Já o decreto 5.154/04 assegura a articulação entre a Educação Profissional Técnica de nível médio e o Ensino Médio por meio da concomitância, integração ou subsequência. No entanto, caberá às instituições de ensino elaborar uma proposta de organização curricular e pedagógica que esteja adequada à sua realidade, levando-se em conta, também, a disponibilidade de recursos humanos, financeiros e tecnológicos. Por esse viés, o Ensino Médio deverá se estruturar em consenso com o avanço do conhecimento científico e tecnológico, fazendo da cultura um elemento da formação geral, articulada com o trabalho produtivo. Dentre os diversos cursos sugeridos pelo catálogo nacional de cursos técnicos, encontra-se o curso técnico de Segurança do Trabalho. Na próxima seção, apresento de forma sucinta as principais vertentes de atuação desse curso para facilitar a compreensão acerca do ensino de mapa de riscos. 3.1.2 O curso técnico de Segurança do Trabalho De acordo com o catálogo nacional de cursos técnicos, o curso de Segurança do Trabalho está inserido no eixo tecnológico segurança. Esse eixo compreende ações educacionais voltadas para: [...] infraestruturas e processos direcionados à prevenção, à preservação e à proteção dos seres vivos, dos recursos ambientais, naturais e do patrimônio que contribuam para a construção de uma cultura de paz, de cidadania e de direitos humanos nos termos da legislação vigente (BRASIL, 2012, p.139). Nessa nova “roupagem”, criada a partir do ano 2012, o eixo segurança, traz como tópicos primários a prevenção e a preservação, o que denota uma priorização para estes aspectos, principalmente no tocante à conscientização e à educação 32 destas ações. Além disso, a organização curricular dos cursos ofertados nesse eixo, “propiciará a construção de perfil de egresso fundamentado em competências éticas, legais e técnicas contemplando, ainda, raciocínio lógico, inteligência social, capacidade de diálogo, tolerância e atuação em equipes multi e interdisciplinares” (BRASIL, 2012, p.139). Conforme exibido no Quadro 1, o referido catálogo aponta ainda um conjunto de infraestrutura recomendada para que se obtenha êxito na formação desses profissionais. Quadro 1 - Possibilidades de temas, atuação e infraestrutura recomendada para o curso técnico em Segurança do Trabalho. POSSIBILIDADES DE TEMAS A SEREM ABORDADOS NA FORMAÇÃO POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO INFRAESTRUTURA RECOMENDADA Legislação; sistema de segurança e saúde no trabalho; prevenção e controle de riscos; tecnologias de prevenção e combate a incêndio e suporte emergencial à vida; meio ambiente e qualidade de vida; ergonomia; desenho técnico e doenças ocupacionais. Instituições públicas e privadas; fabricantes e representantes de equipamentos de segurança. Biblioteca com acervo específico e atualizado; laboratório de informática com programas específicos; laboratório de combate a incêndio; laboratório de higiene e Segurança do Trabalho e Laboratório de suporte básico à vida. Fonte: http://pronatec.mec.gov.br/cnct/et_seguranca/t_seguranca_trabalho.php, 2014. Dentre os cursos citados nesse eixo, acredito que o curso técnico de Segurança do Trabalho, possui fortes tendências de crescimento em nível global, pois as ações discutidas e exploradas neste, foram pensadas em prol do humanismo e da saúde do trabalhador, fatores preocupantes em vários países. No tocante às áreas de atuação, de acordo com Brasil (2012, p. 140), esse profissional pode atuar em: [..] ações prevencionistas nos processos produtivos com auxílio de métodos e técnicas de identificação, avaliação e medidas de controle de riscos ambientais de acordo com normas regulamentadoras e princípios de higiene 33 e saúde do trabalho. Desenvolve ações educativas na área de saúde e Segurança do Trabalho. Orienta o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Coleta e organiza informações de saúde e de Segurança do Trabalho. Executa o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Investiga, analisa acidentes e recomenda medidas de prevenção e controle. O curso Técnico em Segurança do Trabalho ofertado no IFPA campus Conceição do Araguaia, está em conformidade com as orientações do catálogo nacional de cursos técnicos e, tem como objetivo: Formar profissionais Técnicos em Segurança do Trabalho a fim de estimular a promoção da Qualidade de Vida no Trabalho, por meio da preservação da saúde dos trabalhadores e da segurança nos processos, ambientes de trabalho e meio ambiente, atendendo a demanda do mercado regional por esse tipo de profissional (IFPA CAMPUS CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA, 2012, p. 5). No referido Campus, esse curso é ofertado na modalidade subsequente, assim, somente pode cursá-lo quem já tenha concluído o Ensino Médio. O currículo está estruturado em quatro semestres. Cada semestre apresenta um conjunto de competências necessárias para o desempenho das tarefas de um Técnico de Segurança do Trabalho. A carga horária total é de 1200 horas mais 240 horas de estágio (IFPA CAMPUS CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA, 2012). Para o desenvolvimento dessa amplitude de ações, o catálogo nacional dos cursos técnicos exibe uma gama de possibilidades de temas a serem abordados na formação dos técnicos dessa área, bem como aponta várias possibilidades de atuação. Dentre essas temáticas, um dos assuntos a ser trabalhado no referido curso diz respeito à prevenção e controle de riscos. Nestas ações de prevenção cito o mapa de riscos ambientais, que será abordado na seção seguinte. 3.2. Mapa de riscos ambientais Segundo Ponzeto (2010, p. 99), o mapa de riscos ambientais visa “reunir informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde do trabalho na empresa”. Todas estas informações, organizadas e exibidas num mesmo elemento pictórico, são úteis no tocante à prevenção de possíveis acidentes de trabalho. No Brasil, o referido instrumento de prevenção de acidentes é regido pela 34 NR-5 (Norma Regulamentadora 5). Segundo Ponzeto (2010, p. 17): É obrigatoriedade da CIPA1 executar o Mapa de Riscos Ambientais, conforme a Portaria n. 8 de 23.12.1999 sobre a nova redação da NR-5, que discorre da seguinte forma: 5.16 A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT2, onde houver. Quanto às instruções para elaboração do mapa de riscos, estas podem ser encontradas nos atuais manuais que tecem sobre segurança e medicina do trabalho, que segundo Ponzeto (2010, p. 18) são embasados na “Portaria nº 25 de 29 de dezembro de 1994, que tem como objetivo instruir teoricamente como se elabora o Mapa”. Para Ponzeto (2010), devido a referida portaria abordar o tema apenas teoricamente, causa “[...] um vazio instrucional enorme, por tratar da confecção de uma Mapa que envolve desenhos de áreas de trabalho layouts, arranjos físicos etc.” Segundo Pepplow (2010, p. 132), “na elaboração do mapeamento de riscos foi convencionado utilizar círculos com três diferentes tamanhos, para determinar o grau de risco”, esses são classificados em: grande, médio e pequeno (Figura 5). O tamanho do círculo aumenta conforme a gravidade do risco e são preenchidos com as cores que representam cada risco identificado. Figura 5 - Círculos que indicam o grau do risco Fonte: Ponzeto (2010, p. 105), adaptado pelo autor. O autor explica ainda que esse assunto precisaria ser mais esclarecido, “o que ocorre hoje em dia é a falta de um padrão de realização ou mesmo uma direção a ser seguida para a confecção do Mapa correto, legível e coerente com os dados 1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho (PEPLLOW, 2010, p. 71). 2 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, tem como objetivo promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador. (PEPLLOW, 2010, p. 81) 35 técnicos utilizados” (PONZETO, 2010, p. 102). Essa falta de padronização pictórica, ou mesmo de um roteiro para elaboração desse instrumental, pode dificultar o trabalho dos “cipeiros3” na elaboração exata do referido instrumento. Por esse motivo, segundo Ponzeto (2010, p. 9) “tornou-se necessária a execução de trabalhos voltados para orientações prevencionistas de execução do mapa”. Pepplow (2010) explica que nesse arranjo gráfico, os riscos físicos, são representados pela cor verde, os químicos pela cor vermelha, os biológicos pela cor marrom, os ergonômicos pela cor amarela e os riscos de acidentes pela cor azul. Na Figura 6, são apresentados os agentes causadores, os grupos dos riscos, bem como as cores, inerentes a classificação de cada um desses riscos. Figura 6 - Classificação dos riscos ambientais no ambiente de trabalho GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Riscos Acidentes4 A G E N T E S C A U S A D O R E S Ruído Poeira Vírus Trabalho físico pesado Arranjo físico deficiente Vibrações Fumos Bactérias Posturas incorretas Máquinas sem proteção Radiações ionizantes e não ionizantes Névoas Protozoários Tensões emocionais Matéria-prima sem proteção Temperaturas extremas Vapores Fungos Jornadas prolongadas de trabalho EPI inadequado ou defeituoso Pressões anormais Gases Bacilos Trabalho noturno Ferramentas defeituosas ou inadequadas Iluminação deficiente Produtos químicos em geral Parasitas Monotonia Toda situação de risco que poderá gerar acidentes Umidade Cobras Repetitividade, responsabilidades Escorpião, aranha, etc. Conflitos Fonte: Pepplow (2010, p. 132), adaptado pelo autor. Para elaborar o mapa, é necessário mapear todos os possíveis riscos inerentes à saúde do trabalhador. Nesse sentido, Pepplow (2010, p. 131), explica 3 Membros da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (PONZETO, 2010). 4 Pode ser classificado também como risco mecânico Ponzeto (2010). 36 que “o mapeamento de riscos refere-se à identificação dos riscos oferecidos pelo ambiente de trabalho”. Essa identificação, segundo o autor, tem como objetivo principal fornecer ao trabalhador informações visuais suficientes e acessíveis sobre os riscos existentes em cada setor do trabalho. Quando são identificados mais de um risco com a mesma gravidade num mesmo espaço ou setor, esses riscos podem ser expressos no mapa, por meio de um único círculo, desde que este seja dividido em várias partes e cada segmento seja colorido de acordo com a cor do risco a ser representado. Segundo Ponzeto (2010), os mapas de riscos podem ser classificados em dois modelos: Setorial ou Geral. Na Figura 7 apresento um modelo do Mapa de risco setorial. Figura 7 - Exemplo de um Mapa de Riscos Setorial Fonte: Ponzeto (2010). Ao discorrer sobre o mapa de risco setorial, Ponzeto (2010, p. 110) traz os seguintes esclarecimentos a respeito desse modelo: Abrange todos os setores da empresa de forma mais específica para cada risco, possuindo, portanto, muitas informações relacionadas aos riscos setoriais, recomendações e procedimentos a serem seguidos, número de funcionários envolvidos no setor e tipo de riscos a que estão expostos. 37 Esse tipo de mapa aborda os riscos inerentes a um setor, consequentemente, relata informações mais detalhadas dos riscos. Segundo Ponzeto (2010, p. 110), “Todas essas informações devem estar contidas no layout do setor, descrevendo cada máquina, equipamento ou instrumento utilizado no dia a dia da empresa”. Já o mapa de riscos geral, abrange uma área maior, ou vários ambientes. Segundo Ponzeto (2010, p. 112), “Esse modelo permite uma visão geral dos ambientes de trabalho, auxiliando os trabalhadores a identificar facilmente os riscos aos quais estão expostos”. Um ponto em comum ao mapa de risco setorial diz respeito a elaboração desse instrumento sobre o layout da empresa. Segundo Ponzeto (2010, p. 112), “[...] dessa forma é possível levantar todos os riscos e/ou situações de riscos existentes nos ambientes de trabalho” (Figura 8). Figura 8 - Exemplo de um Mapa de Riscos Geral Fonte: Ponzeto (2010). 38 Devido esse modelo de mapa proporcionar uma visão global dos riscos inerentes a todos os ambientes, segundo Ponzeto (2010, p. 112), “[..] pode ser afixado em áreas de maior concentração de público, tais como shopping centers, mercados, pátios de escolas, galerias comerciais, ou seja, locais que possuem grande circulação de pessoas ou funcionários”. O autor destaca que essa ampla divulgação proporciona informações dos riscos a um número maior de pessoas. Ponzeto (2010) aconselha que, na elaboração desse tipo de mapa deve-se evitar representar mais de dois tipos diferentes de riscos em um mesmo círculo. Essa medida poderá evitar que as pessoas ou funcionários façam confusão na identificação do tipo de risco em que estão expostos. Com relação ao ensino do mapa de riscos ambientais, dentre os vários conteúdos abordados no curso técnico em Segurança do Trabalho, esse é um tema que envolve tanto conhecimentos teóricos quanto práticos. Nesse contexto, os profissionais egressos desse curso, precisam dominar habilidades suficientes para elaborar um mapa de riscos, além de conhecer as Normas Regulamentadoras (NR) que orientam as diretrizes do referido instrumento de prevenção de acidentes, (PONZETO, 2010). Nessa conjuntura didática, a estratégia de ensino de mapa de riscos por meio de softwares, pode ser uma solução viável, pois segundo Ponzeto (2010), a elaboração do mapa pode ser feita por meio de vários softwares e cita como exemplos: PowerPoint, Word, CorelDraw e AutoCad. No entanto, esses aplicativos não oferecem gratuidade e alguns como PowerPoint e Word oferecem poucos recursos gráficos para elaboração dos layouts dos mapas. Por outro viés, os softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais, além de serem gratuitos, podem fornecer recursos didáticos relevantes para ensino desse conteúdo. Independentemente do software a ser utilizado, segundo Nascimento (2007), as aulas devem ser previamente planejadas, e nesses planos um dos pontos que deve ser descrito, diz respeito às estratégias de ensino que serão utilizadas juntamente com os softwares. Então, considerando essas ponderações, apresento na próxima seção a visão de autores a respeitos das estratégias de ensino. 39 3.3 Estratégias de Ensino Estratégias de ensino, segundo Anastasiou e Alves (2004, p. 68) são termos “[...] habitualmente utilizados para referirem-se aos meios ou processos que o professor utilizará na aula”. Dependendo ao autor que o utilize, esse termo pode ser expresso com outras palavras sinônimas, como por exemplo, técnicas ou dinâmicas. Anastasiou e Alves (2004, p. 70) explicam que “as estratégias visam à consecução de objetivos, portanto, há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com o processo de ensinagem”. Os autores dissertam ainda que “os objetivos que norteiam devem estar claros para os sujeitos envolvidos”. Dessa forma, estabelecer criteriosamente os objetivos a serem alcançados e compartilhar com os alunos todas as informações inerentes ao processo da estratégia a ser utilizada é uma premissa fundamental para que o docente possa obter êxito nas atividades. O uso das estratégias em classe pode trazer mais dinamismo às aulas. Nesse sentindo, Rangel (2005, p. 7) disserta que: Métodos de ensino são também meios de dinamização das aulas; assim, conhecê-los, em suas diversas opções, e praticá-los com fundamentação e segurança teórico-práticas, são valores expressivos da competência docente. Nesse contexto, o docente obterá maior dinamismo nas aulas quando utilizar variadas estratégias de ensino, e compreender que os alunos não são iguais, são seres humanos, com diferentes ritmos, facilidades ou dificuldades no aprendizado, portanto, carentes de estratégias de ensino diversificadas. Para Antunes (2007, p. 15), “não existe uma única maneira de aprender”. É necessário, portanto, que o professor esteja convicto de que precisa saber conduzir variadas técnicas de ensino de acordo com cada público e conteúdo a ser trabalhado, possibilitando assim um leque de alternativas que visem alcançar maior eficácia nas diferentes formas de aprender e ensinar. Dessa forma, além de ampliar as alternativas de aprendizagem, segundo Rangel (2005, p. 8), a diversificação dos métodos pode também “[...] expandir as possibilidades de que ela se realize, superando possíveis dificuldades dos alunos”. Seja qual for a estratégia utilizada, sempre que possível deve-se integrar a esta o aprendizado vivenciado em sala de aula, pois segundo Lowman (2004, p. 40 216) “o grau de motivação e prazer associado a uma tarefa é grandemente afetado por seu valor educacional e o modo como ela é integrada com o que acontece em classe”. Além disso, Giraffa (2013 p. 108) disserta que “precisamos criar estratégias para estimular os alunos a fazer associações entre o seu comportamento fora da escola e o esperado na sua educação formal”. Assim, os educandos possivelmente atribuirão maior notoriedade à estratégia, quando o professor estrategista agrega importâncias educacionais condizentes com a vida e valores desses alunos. O professor precisa considerar alguns pontos fundamentais antes de utilizar uma estratégia, dentre esses, Rangel (2005), recomenda cuidados e critérios fundamentados tanto na escolha como no planejamento da técnica a ser utilizada. Na escolha, é recomendável levar em consideração fatores didáticos que respondam como, quando, o que e para quem será ensinado. Dentre as diversas estratégias que podem ser exploradas pelos docentes, o uso de softwares pode ser uma excelente opção. Nascimento (2007, p. 39) argumenta que “as utilidades e os benefícios no desenvolvimento de diversas habilidades fazem do computador, hoje, um importante recurso pedagógico”, principalmente porque disponibiliza softwares que podem ser utilizados em diversas áreas do conhecimento. Quando esses softwares são propostos para serem utilizados como estratégia de ensino em cursos técnicos, e, considerando que nessa modalidade de educação é priorizada a formação voltada para atuação profissional, esse tipo de estratégia pode potencializar essa formação, pois de acordo com Gomes e Marins (2004, p. 89) “As novas tecnologias, como recurso de aprendizagem, preparam os alunos para enfrentar as novas situações do mercado de trabalho”. Nesse sentido, a utilização desses softwares pode ter como apoio didático outras estratégias como, por exemplo, a solução de problemas ou mesmo tempestade cerebral. No tocante a tempestade cerebral segundo Anastasiou e Alves (2004, p. 82) trata-se de uma estratégia que: Consiste numa possibilidade de estimular a geração de novas ideais de forma espontânea e natural, deixando funcionar a imaginação. Não há certo ou errado, tudo o que for levantado será considerado, solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante. Anastasiou e Alves (2004, p. 82) discorrem que “Trata-se de uma estratégia vivida pelo coletivo da classe, com participações individuais, realizadas de forma oral 41 ou escrita”. Os autores explicam que essa estratégia pode ser utilizada para mobilizar ou mesmo despertar nos educandos uma visão rápida sobre a temática em estudo. Desse modo, pode ser utilizada também para coletar sugestões na resolução de um problema. Quando utilizada como mobilização, desperta nos estudantes uma rápida vinculação com o objeto de estudo; pode ser utilizada no sentido de coletar sugestões para resolver um problema do contexto durante o processo de construção (ANASTASIOU; ALVES, 2004). Já a estratégia de ensino que aborda a solução de problemas “consiste no enfrentamento de uma situação nova, exigindo pensamento reflexivo, crítico e criativo a partir dos dados expressos na descrição do problema”. Quanto à dinâmica da atividade, essa estratégia visa “apresentar ao estudante um determinado problema, mobilizando-o para a busca da solução” (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 86). O uso dessa estratégia visa desenvolver o pensamento reflexivo, crítico e criativo dos estudantes para situações e dados da realidade. Além do mais, segundo Anastasiou e Alves (2004, p. 86): A estratégia de resolução de problemas contempla as categorias presentes aos processos de construção do conhecimento quando estimula ou amplia a significação dos elementos apreendidos em relação à realidade ou área profissional. Exige uma constante continuidade e ruptura, no levantamento e na análise dos dados, e na busca e construção de diferentes alternativas para a solução. Nesse contexto, devido as características pedagógicas dessas estratégias e, considerando que no mercado de trabalho os técnicos vivenciam problemas reais inerentes a vida profissional, é possível que o uso dessas abordagens juntamente com softwares possa oportunizar aos discentes desta modalidade de ensino, momentos pedagógicos que resultem em aprendizagens. Destarte, como base no que foi exposto e considerando que Ponzeto (2010) indica o uso de recursos computacionais para a elaboração de mapa de riscos, na próxima seção, apresento alguns autores que discutem as tecnologias na educação, como possíveis ferramentas para o ensino do referido conteúdo. 42 3.4 Tecnologias na educação Segundo Kenski (2007, p. 17), "tecnologia é poder". Desde a idade da pedra quem dominava algum tipo de tecnologia mesmo que bem rústica – como o manuseio de armas feitas de osso ou pedras, o fogo, a água – conseguiam garantir a sua sobrevivência. Muitos anos se passaram, e em pleno século XXI a tecnologia continua sendo essencial para humanidade. Segundo Grinspun (2001), no contexto educacional, a escola precisa estar atenta para viver e orientar seus alunos e professores numa perspectiva de trabalhar a educação tecnológica nas várias áreas do saber. De modo geral, a educação utiliza-se da tecnologia valendo-se de recursos e procedimentos que auxiliam apenas os processos pedagógicos. No entanto, essa tecnologia deveria acompanhar e compreender as inovações, as mutações e os processos pelo qual ela se desenvolve, para que de posse desse conhecimento ocorra o domínio do uso desse saber a favor do ser humano, evitando que o homem seja objeto de dominação da própria tecnologia educacional. Grinspun (2001) disserta ainda que estudar a tecnologia e seus efeitos na educação obriga-nos a provocar uma reflexão sobre o futuro da própria educação, já que ela não é mais a mesma depois da revolução científica e tecnológica. O que se pode entender é que, cada vez mais, as pessoas anseiam por tecnologias que projetam o mundo para uma nova era e a educação não pode ignorar essa realidade do mundo contemporâneo. Já Levy (1995) explica que a informática é um campo de novas tecnologias intelectuais, sendo ele aberto, conflituoso e, parcialmente, indeterminado. Nesse contexto, a questão do uso desses recursos, particularmente na educação, ocupa posição central e, por isso, é importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas por essas tecnologias, propondo novas práticas docentes e buscando proporcionar experiências de aprendizagem significativas para os alunos. Dentre as várias tecnologias disponíveis à educação, percebi por meio de minhas experiências empíricas, que a informática vem se destacando equivalendo- se ao “carro chefe” dessas, pois a cada dia que passa, aumenta o número de escolas que utilizam os computadores como recurso pedagógico. Além disso, cada vez mais novas ferramentas informáticas são projetadas ou aprimoradas para o uso 43 educacional, podendo provocar mudanças significativas nos aspectos metodológicos e didáticos. Nesse sentido, Tajra (2012, p. 125) afirma que: A incorporação das novas tecnologias de comunicação e informatização nos ambientes educacionais provoca um processo de mudança contínuo não permitindo mais uma parada, visto que as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente e em curtíssimo espaço de tempo. No entanto, inserir o computador como uma ferramenta pedagógica nos processos de ensino e de aprendizagem requer um estudo com maior amplitude, onde se faz necessário um planejamento e preparação que vai desde a estrutura física do ambiente até à formação adequada do professor que irá fazer uso dessa tecnologia. Nesse sentido, Nascimento (2007, p. 62) argumenta: Inserir a informática na educação não é apenas adquirir equipamentos e programas de computador para a escola. O sucesso e eficácia de um projeto educacional que utiliza a informática como mais um recurso no processo pedagógico, exige capacitação e novas atitudes dos profissionais da educação diante da realidade do contexto educacional. Além disso, o uso da informática nas escolas surge como um meio para superar as adversidades que o sistema globalizado condiciona os cidadãos, pois é, também, uma ferramenta de inclusão digital e consequentemente social. Mas não podemos esquecer que a informática é apenas uma ferramenta e não cria a didática, ou seja, segundo Gasperetti (2001, p. 16), "a didática é definida por educadores, professores e alunos", os quais juntos trocam informações a respeito da construção do conhecimento e essas informações são exclusivas do pensar humano. Como a informática propicia ambientes favoráveis a construção do conhecimento, é necessário romper o paradigma do instrucionismo e priorizar o pensar, a ação e a construção do conhecimento, já que o instrucionismo, segundo Gasperetti (2001, p. 16) significa a “transmissão do saber unidirecional”. Adotando esse modelo educativo, há o risco do professor transformar o computador em uma tribuna, como fez com o quadro negro, no qual os alunos escutam sem poder participar da aula, mesmo sobre a eminência permanente do mestre, desta forma faz com o que os discentes percam o interesse e a atenção pelas aulas. Para Gasperetti (2001, p. 18), o computador permite uma reciprocidade de ação "abre-se para o homem". Tem uma natureza interativa. Crianças e jovens que 44 ligam o computador não são espectadores passivos, mas protagonistas que aprendem a interagir, porque essa máquina permite interação por meio de diversos ambientes como: jogos, realidade virtual, ciberespaço e outros; desta forma, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade e capacidade de aprendizagem. Gasperetti (2001) enfatiza que alguns programas consistem em transformar o PC (computador pessoal) num laboratório de física ou química, outros permitem viajar no tempo, como uma reconstrução – com técnicas de realidade virtual – que vão dos dinossauros, da aurora do homem ao nascimento das primeiras civilizações. Tudo isso pode ser vivenciado por meio dos computadores e, se estes estiverem conectados à internet, o aluno poderá ir mais longe e fazer qualquer "viagem" no tempo ou espaço. Outro fator considerável nesse contexto educacional-tecnológico diz respeito ao professor, pois acredito que esse assume um papel relevante, devendo ser o estimulador e dinamizador de todas as ações e didáticas direcionadas ao processo educativo com uso de tecnologias. Nesse sentido, Tajra (2012, p. 68) discorre: O professor como agente mediador do processo do conhecimento que prepara o indivíduo para a vida precisa integrar à sua prática pedagógica as ferramentas necessárias para a concretização desse processo, entre eles, o computador, internet e toda potencialidade que essas ferramentas oferecem. Nesse sentido, essas ferramentas computacionais deveriam ser consideradas como recursos pedagógicos adicionais a serem utilizados pelos docentes e também pelos alunos, seja com o intuito de alcançar melhores resultados ou mesmo promover diversas alternativas de ensino e de aprendizagem. Nessa concepção, Valente (1999, p. 139), destaca que “[...] não se pode ter apenas um profissional especializado para utilizar esse recurso, mas todos os profissionais da escola devem estar qualificados e envolvidos nesse processo”. Segundo Gasperetti (2001), utilizar o computador na educação significa, para muitos, ter que anular ou aprimorar velhos paradigmas educacionais, assim como adotar novas maneiras de pôr em prática a didática e redesenhar metaforicamente o circuito do aprendizado, ou seja, professores e alunos unidos numa troca de conhecimentos na busca de um aprimoramento constante. No entanto, para que a implementação da informática educacional tenha êxito, é necessário primeiro que o docente esteja preparado e capacitado para usar 45 tais recursos. Nesse sentido, Tajra (2012, p. 18) afirma que “é imprescindível à formação do docente, o conhecimento dos softwares específicos para sua disciplina”. Nesse mesmo limiar de pensamento, Valente (1999, p. 84) ratifica que “a preparação desse professor é fundamental para que a educação dê o salto de qualidade e deixe de ser baseada na transmissão da informação e na realização para ser baseada na construção do conhecimento pelo aluno”. Portanto, caso não haja capacitação de forma contínua que propicie conhecimentos necessários à atuação pedagógica, provavelmente muitos professores se mostrarão resistentes a essas tecnologias na sua práxis cotidiana. Contudo, é primordial que antes do docente começar a usar um aplicativo que ele entenda seu funcionamento, sua utilização, realize testes e a partir destas observações realize um planejamento que vise à mediação e à construção do conhecimento aos discentes (MASSETO, 2012). Como já mencionado na introdução desse trabalho, Tajra (2012, p. 21), diz que “não convém ao professor apenas apresentar o conteúdo, explicar as ferramentas disponíveis por um software, levar os alunos para a sala de informática, listar exercícios e pedir para que resolvam com o software”. É recomendável dinamizar as aulas de maneira criativa e inovadora com o uso desses aplicativos, contextualizando com a realidade prática, de forma a despertar o interesse dos educandos fomentando momentos que foquem no desenvolvimento intelectual e cognitivo desses educandos. Enfim, esses aplicativos podem ser considerados como possíveis estratégias de ensino. Portanto, apresento na próxima seção discussões acerca dos Softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais. 3.5 Softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais Nesta seção, apresento os conceitos e alguns recursos dos softwares LibreOffice Draw e Mapeador de Riscos Ambientais. No entanto, levando em consideração a temática desta pesquisa, priorizei explorar somente os recursos que esses aplicativos disponibilizam para elaboração do mapa de riscos. 46 3.5.1 Software LibreOffice Draw Segundo Afonso (2013a, p. 4), o LibreOffice Draw, “é uma ferramenta de desenho vetorial onde permite realizar tudo, desde um simples diagrama ou fluxogramas até desenhos artísticos em três dimensões”. Por ser uma ferramenta baseada em vetores, as figuras geradas a partir dela, não perdem qualidade quando ampliadas, pois as funções matemáticas desenvolvidas nesse software calculam a ampliação proporcionalmente à escala em que foi redimensionado. Além disso, os arquivos criados são leves e ocupam menos espaços na memória do computador do que outros gráficos não vetoriais. Dentre esses pontos citados pelo autor, destaco a gratuidade desse sistema, pois é um software livre. De acordo com Afonso (2013b, p. 6), “software livre é, segundo a definição criada pela Free Software Foundation, qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído com algumas restrições”. O autor explica ainda que um software é considerado livre quando atende aos quatro tipos de liberdade: • A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0); • A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade nº 1). O Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade; • A liberdade de redistribuir, inclusive vender cópias, de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2); • A liberdade de modificar o programa e liberar estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie dele (liberdade nº 3). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade (AFONSO, 2013b, p. 6). Essas possibilidades de uso, estudo e distribuição livre propiciam o uso dessa ferramenta no meio acadêmico, pois abre espaço significativo para novas pesquisas, além de permitir que os discentes a utilizem fora do ambiente acadêmico ou até instalem em seus computadores pessoais, o que possivelmente os motivará a continuar usando essas ferramentas mesmo após a conclusão do curso. Para Afonso (2013a, p. 5), as vantagens mais notórias do LibreOffice Draw são: • Sem taxas de licenciamento. O LibreOffice é livre para qualquer pessoa utilizar e distribuir sem custos. Em outros pacotes Office existem recursos disponíveis como suplementos com custos acrescidos (como exportar para PDF) que no LibreOffice são totalmente gratuitos, sem taxas ocultas na instalação ou no futuro. • Código aberto. Qualquer utilizador pode distribuir, copiar, alterar o software como necessitar, como indicado nas licenças de Open Source do LibreOffice. 47 • Multi plataforma. O LibreOffice está adaptado para funcionar corretamente em diversas arquiteturas sobre diversos sistemas operacionais, como Microsoft Windows, Mac OS X e Linux. • Suporte a diversos idiomas. A interface de utilizador do LibreOffice está disponível em mais de 40 idiomas, fornecendo suporte à ortografia, hifenização e dicionários de sinônimos em mais de 70 línguas e dialetos. Fornece suporte tanto para o Layout de Texto Complexo (CTL) como para línguas de disposição de direita para a esquerda (RTL) (como Urdu, hebraico e árabe). • Interface de utilizador consistente. Todos os componentes têm um aspeto e funcionalidade semelhante, tornando-os fáceis de usar e dominar. O LibreOffice Draw e os demais softwares que compõem o pacote LibreOffice, estão disponíveis para download em http://pt.libreoffice.org/transferir-e- instalar/transferencias/, e foram desenvolvidas versões para os sistemas operacionais: Windows, Linux e MacOS (AFONSO, 2013a). A versão do software utilizado nessa pesquisa é a versão 4.2.1.1, que já conta com a ferramenta Smart Connector, que permite definir num desenho os pontos de ligação entre os vértices, podendo ser inseridos ou excluídos a qualquer momento. Conforme exibido na Figura 9, esse recurso permite criar diversos desenhos como diagramas, organogramas, mapa de riscos, além de muitas outras possibilidades de criações pictóricas. Figura 9 - Mapa de riscos ambientais desenhado no LibreOffice Draw Fonte: Print screen (cópia) da tela do LibreOffice Draw, 2014. Segundo Afonso (2013a, p. 4), “O LibreOffice Draw permite importar gráficos provenientes de inúmeros formatos comuns e guardar em mais de 20 formatos, http://pt.libreoffice.org/transferir-e-instalar/transferencias/ http://pt.libreoffice.org/transferir-e-instalar/transferencias/ 48 incluindo PNG, HTML, PDF e Flash”. Essa gama de compatibilidade com várias extensões de arquivos faz dessa suíte um sistema moderno, altamente flexível e compatível com variadas ferramentas computacionais da atualidade, como por exemplo, o Flash e o PDF, recursos indispensáveis para o uso na web. Outra ferramenta que oferece gratuidade para uso e que também pode ser empregado no ensino de mapa de riscos é software Mapeador de Riscos Ambientais, o qual descrevo na próxima subseção. 3.5.2 Software Mapeador de Riscos Ambientais Segundo Stahl (2010), o software Mapeador de Riscos Ambientais foi desenvolvido para cadastrar e criar mapas de riscos, que é o mesmo que criar um levantamento dos pontos de risco nos diferentes setores de um determinado ambiente. Com este software podem ser cadastrados todos os setores de uma empresa e os seus respectivos riscos ambientais, em consonância com a NR-5 do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo Silva (2014), na tela principal do software contém os menus: Arquivo, Ferramenta e Ajuda (Figura 10). No menu Arquivo, são disponibilizadas as opções para importar, exportar e sair. Na opção importar, o usuário pode abrir arquivos de backups do referido software, gerados através da opção exportar. É importante frisar que quando um backup é restaurado, todos os dados serão substituídos pela última versão dos arquivos importados. Figura 10 – Tela principal do software Mapeador de Riscos Ambientais Fonte: Print Screen do Software Mapeador de Riscos Ambientais, 2014. 49 Já no menu Ferramentas, são disponibilizados recursos para impressões, configurações e uma calculadora. Assim, o usuário tem a opção para imprimir todos os mapas cadastrados ou ainda imprimir um relatório completo com todos os detalhamentos de riscos. Outras opções importantes estão disponíveis no menu Configurações (Figura 11), no qual é possível personalizar todo o padrão visual, inclusive as cores a fonte e o logotipo da organização (SILVA, 2014). De acordo com Silva (2014), o referido software possui uma interface intuitiva e de fácil operação. Além disso, um recurso muito importante disponibilizado por essa ferramenta, diz respeito ao cadastro dos riscos, pois esse já traz em seu escopo um modelo previamente organizado que facilita tanto a identificação quanto o cadastro desses riscos. O autor ainda explica que o referido software apesar de ainda não ter manual disponível na opção ajuda, pode ser baixado gratuitamente pelo site www.superdownloads.com.br. Figura 11 - Opções de configuração do software Mapeador de Riscos Ambientais Fonte: Print Screen do Software Mapeador de Riscos Ambientais, 2014. Quando o usuário clica no botão adicionar, são disponibilizadas cinco abas com os grupos de riscos físicos com a cor verde, químicos com a cor vermelha, biológicos com a cor marrom, ergonômicos com a cor amarela e riscos de acidentes com a cor azul. Ao selecionar um desses grupos, o sistema abre opções para se 50 detalhar os riscos, bem como a grandeza, a fonte geradora e observações. Após a inclusão dos riscos, basta clicar em salvar e adicionar novos setores, se necessário. Para imprimir os mapas basta clicar na guia impressões e escolher as opções de impressão dos mapas ou relatórios. Na Figura 12 é exibida a tela de cadastro do referido software (SILVA, 2014). Figura 12 - Tela de cadastro do software Mapeador de Riscos Ambientais Fonte: Print Screen da tela do Software Mapeador de Riscos Ambientais, 2014. Considerando que os dois softwares já apresentados nas seções anteriores são objetos de estudo dessa pesquisa e que esses foram usados como estratégias de ensino de mapa de riscos no curso técnico de Segurança do Trabalho, no tópico seguinte, apresento alguns estudos recentes que discorrem a respeito da utilização de softwares no ensino. 3.6 Estudos recentes na área As informações elencadas nessa seção foram realizadas a partir de buscas inerentes às teses e dissertações, disponibilizados nos portais da Capes, 51 InterSciencePlace e também nos próprios repositórios das instituições universitárias brasileiras onde esses trabalhos foram publicados. Deste modo, utilizei a ferramenta de pesquisa da Google disponível em: https://www.google.com.br/. Porém, visando obter informações mais atuais, foram analisados somente os trabalhos escritos a partir do ano 2010. Na primeira busca, utilizei como parâmetro o próprio título dessa pesquisa, ou seja, “o ensino de mapa de riscos ambientais com o uso de softwares”. O resultado mostrou que não existe, ou pelo menos não foi encontrado nenhum trabalho publicado na internet com título idêntico a essa pesquisa, o que mostra o ineditismo e a importância de pesquisar mais sobre essa temática. Considerando esse resultado, realizei outras buscas com a seguinte expressão: O uso de softwares no Ensino Técnico. Nesse enfoque, encontrei três pesquisas que exploraram essa temática e mostraram resultados importantes sobre o uso desses recursos nessa modalidade de ensino. Quando pesquisei o mesmo assunto, com uma expressão mais aberta, como: Uso de software no ensino, apareceram mais resultados. No entanto, utilizei apenas três dessas produções, pois acredito que essa amostragem já possa apresentar algumas contribuições que o uso dos softwares proporciona ao ensino, independentemente do nível em que foi utilizado. Dentre as produções que utilizaram softwares no Ensino Técnico, destaco a tese de doutorado desenvolvida por Santos (2011), que pesquisou o uso de softwares livres e materiais manipuláveis no processo de ensino e de aprendizagem da geometria plana e espacial de alunos no Ensino Técnico em agropecuária do Colégio Agrícola de Floriano – Piauí. O objetivo dessa pesquisa foi “verificar a mudança ou não do nível de aprendizado de geometria dos trinta e sete alunos do terceiro ano do Ensino Técnico em Agropecuária Concomitante com o Ensino Médio (EMTA-3), matriculados no ano de 2009”. Segundo Santos (2011), a referida pesquisa foi necessária, haja vista que muitos discentes apresentaram dificuldades no aprendizado dos conteúdos que envolviam essa temática. Na inquietação da busca pelo como fazer, o autor experimentou utilizar softwares nos processos de ensino e de aprendizagem, como tentativa de criar alternativas metodológicas com o uso dessas ferramentas, que contribuíssem positivamente para o aprendizado da matemática. Os resultados alcançados após a intervenção pedagógica revelaram que os alunos se mostraram mais motivados para 52 o estudo da matemática, bem como alcançaram resultados positivos nos exames aplicados após a intervenção. Assim, com base nesses resultados, Santos (2011), inferiu que o uso de softwares como Cabri Geometry II Plus, Calques 3D e Poly, bem como o uso dos Sólidos Geométricos, “se mostrou com uma ferramenta eficaz no processo de ensino e aprendizagem da geometria, possibilitando a interligação das diversas áreas” (SANTOS, 2011, p. 6). Outro trabalho relevante foi a dissertação de mestrado elaborada por Azevedo (2011), que teve como objetivo pesquisar a respeito de uma metodologia de ensino baseada na aplicação de mundos virtuais em três dimensões usando o software Open Simulator. Essa pesquisa foi desenvolvida com alunos do curso técnico em informática do Colégio Pedro II. Ao justificar as razões desse trabalho, Azevedo (2011, p. 8) destacou que: O avanço da tecnologia trouxe ferramentas e recursos que ampliam as possibilidades de ensino e favorecem a construção do conhecimento, porém ainda é possível encontrar cenários de total despreparo dos profissionais da educação, aulas tradicionais, tecnologias ultrapassadas e um grande descontentamento por parte dos professores em ministrar aulas e alunos por estudarem. Segundo Azevedo (2011), nesta proposta metodológica os alunos são considerados protagonistas e os professores, mediadores do processo educacional. Assim, abandona-se a arcaica visão do professor como o fiel e único depositário do poder e do conhecimento absoluto, como aquele que percebia em seus alunos apenas receptáculos passivos para seus ensinamentos, fazendo da aprendizagem uma via de mão única, (AZEVEDO, 2011, p. 20). No decorrer das atividades propostas, os discentes desenvolveram cenários virtuais em 3 dimensões, a partir da temática “recriando a escola ideal”, representaram duas peças teatrais virtuais, a partir de dois contos: A cartomante e Venha ver o pôr do sol. Azevedo (2011) acredita que os resultados foram positivos, pois os discentes obtiveram melhoras significativas nos rendimentos escolares, além de proporcionar motivação entre alunos e professores. O autor inferiu, portanto, que o uso desses softwares “pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem se usada com a metodologia correta” (AZEVEDO, 2011, p. 111). 53 Outra dissertação de mestrado, condizente com essa temática foi a que a autora Vasconcelos (2011) defendeu na Univates. Esse trabalho teve o seguinte título: Aprendendo estatística no Ensino Médio e no Curso Técnico Agrícola em Agropecuária utilizando o objeto de aprendizagem EstatísticaNet. O objetivo dessa pesquisa foi apresentar o desenvolvimento e a utilização de um objeto de aprendizagem denominado EstatísticaNet, que foi planejado e construído para ser utilizado na Escola Estadual Técnica Agrícola Guaporé. O referido objeto foi desenvolvido em Flash, Software que possibilita criação de materiais didáticos com movimento. Vasconcelos (2011, p. 6) explica que “a criação do objeto de aprendizagem surgiu com a inquietação dos professores de Matemática da escola sobre a forma de aplicação da disciplina e os conteúdos aplicados em sala de aula”. A autora informa ainda que esse objeto “foi construído para esse estudo e serviu como base introdutória de Estatística, no Ensino Médio, enquanto que, nas aulas do Ensino Técnico, foi utilizado como ferramenta de cálculo para as aulas práticas no setor de bovinocultura” (VASCONCELOS, 2011, p. 6). Além dos motivos já apresentados, a pesquisa teve outras finalidades, como por exemplo: [...] proporcionar aos alunos uma ferramenta que trabalhe os conteúdos de forma interessante, despertando-lhes a curiosidade e colaborando com a construção de seus conhecimentos, por meio da interatividade, pois foi concebido segundo a concepção da aprendizagem significativa de Ausubel, na qual cada aprendiz é construtor do seu próprio conhecimento (VASCONCELOS, 2011, p. 6). Os resultados desse estudo mostraram que houve envolvimento dos alunos nas atividades propostas, bem como se observou avanços consideráveis no entendimento dos conceitos teóricos e na resolução dos problemas propostos. Nesse sentido, conforme os objetivos e os resultados apresentados nessas três pesquisas, direcionadas para o uso de softwares no Ensino Técnico, posso inferir que todas apresentaram resultados que ampliam as possibilidades pedagógicas em decorrência do uso desses recursos nessa modalidade de ensino. Na sequência apresento as outras três dissertações de mestrado que foram encontradas com as buscas realizadas por meio da expressão: Uso de software no ensino. Nessa amostragem, as pesquisas foram selecionadas independentemente do nível ou modalidade de ensino. 54 Dentre essas pesquisas cito Duarte (2010), que em sua dissertação de mestrado, pesquisou sobre a utilização do software Geogebra no ensino da distribuição normal de probabilidade. Consequentemente, no desenvolvimento dessa dissertação o autor investigou a utilização desse software com alunos do curso de tecnologia em gestão de produção industrial. Essa modalidade de ensino, apesar de ter enfoque tecnicista, se difere dos cursos técnicos, pois é um curso superior e fornece aos egressos o grau de tecnólogo. Duarte (2010, p. 6) frisa que “a proposta consistiu na elaboração de uma sequência didática composta por atividades investigativas estruturadas, que destacam algumas simulações e construções do modelo normal através do Geogebra”. Os resultados mostraram: Possibilidades e contribuições do uso do software ao ensino e aprendizagem deste tópico, além de observar alguns obstáculos e conflitos cognitivos associados ao estudo introdutório da distribuição normal de probabilidade (DUARTE, 2010, p. 6). Ao observar os resultados dessa pesquisa, constatei que essa é mais uma evidência convincente sobre as várias possibilidades de ensino e aprendizagem proporcionadas pelo uso de softwares. Por sua vez, Machado (2011), na sua dissertação de mestrado, investigou o uso de softwares educacionais como apoio ao ensino de matemática. Os experimentos foram realizados em classes do nono ano do Ensino Fundamental e primeiro e terceiros anos do Ensino Médio. Embora essa pesquisa não esteja direcionada para o Ensino Técnico, apresenta algumas reflexões, bem como resultados a partir de um paralelo traçado entre a formação do professor de matemática e as implicações sobre a escolha de softwares educacionais na prática profissional. Os professores que participaram dos experimentos utilizaram os softwares, Google Earth, Graphmatica e Google Sketchup, pois segundo o autor esses professores consideram esses softwares mais adequados para apoiar as atividades docentes. Nas considerações finais, Machado (2011), explica que ficou evidente na sua pesquisa, que o processo de formação desses docentes precisa ser repensado, principalmente no tocante ao uso de tecnologias digitais, pois, cada vez mais, o aluno chega às universidades “imerso no virtual”. Segundo o autor isto exerce forte influência no comportamento e na linguagem desses profissionais. Machado (2011) 55 finaliza afirmando que esses recursos tecnológicos como elemento apoiador do trabalho na sala de aula “[...] cada vez mais se estabelecem como cenário para aprendizagem de nossos alunos” (MACHADO, 2011, p. 74). Por fim, Silvano (2011) defendeu sua dissertação de mestrado com o título: O desenvolvimento de representações gráficas em software educativo para facilitar significativa e colaborativamente a construção do conceito de funções matemáticas. Como justificativa para o uso do software Winplot como ferramenta de ensino para essa área do conhecimento, Silvano (2011, p. 6) explica que: Professores e alunos desenvolvem uma abordagem no processo de ensino e de aprendizagem desse conteúdo de forma instrucionista e assimilada de forma mecanicamente. Os indicadores da educação pública no Estado do Ceará revelam que muitos alunos concluem o ensino médio com dificuldades de aprendizagens de funções, especificamente de funções polinomiais quadrática, tanto no aspecto algébrico como na construção de sua representação gráfica. Assim, com base nessas premissas, o autor disserta que a referida pesquisa objetivou investigar como as representações gráficas realizadas através do software Winplot poderiam facilitar a construção de conceitos de funções polinomiais matemáticas. Os resultados sintetizados pelo autor mostraram: [...] haver indícios que a prática desenvolvida com o uso pedagógico do computador possibilitou aos alunos