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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – UNIVATES 
 

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA 
 
 

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 

 
APROXIMAÇÃO NUMÉRICA DE UM ESTUDO EXPERIMENTAL DA 
NASA APLICADA AO AEROFÓLIO NACA 65(2)-415 COM FLAPES 

PLANOS 
 
 
 
 

Leonardo Roni Matte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Lajeado, novembro de 2019. 



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Leonardo Roni Matte 
 

 

 

 

. 
 

 

APROXIMAÇÃO NUMÉRICA DE UM ESTUDO EXPERIMENTAL DA 
NASA APLICADA AO AEROFÓLIO NACA 65(2)-415 COM FLAPES 

PLANOS 
 

 

 

Etapa II do Trabalho de Conclusão de 

Curso apresentada ao Curso de 

Engenharia Mecânica, da Universidade do 

Vale do Taquari UNIVATES, como parte da 

exigência para a obtenção do título de 

Engenheiro Mecânico. 

 

Orientador: Prof. Dr. Lober Hermany 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, novembro de 2019. 



RESUMO 

No projeto de aeronaves, o desenvolvimento de dispositivos hipersustentadores 
eficientes permitem operações de pousos e decolagens mais seguras, sem 
comprometer o desempenho em voo de cruzeiro. Esses sistemas têm o objetivo de 
aumentar a eficiência do aerofólio, sendo seu estudo desenvolvido de forma 
puramente prática durante muitos anos, por meio dos túneis de vento. Esse cenário 
mudou após o surgimento dos computadores, que têm seu poder de processamento 
utilizado para o cálculo das equações envolvidas. O estudo numérico de 
escoamentos sobre aerofólios permite aos engenheiros economizar tempo e 
investimentos na obtenção de informações essenciais para o projeto de aeronaves, 
turbinas e outros equipamentos. Neste contexto, o presente trabalho traz uma 
análise computacional do aerofólio NACA 65(2)-415 com a utilização de flapes. Se 
trata de uma reprodução computacional parcial de um estudo prático em túnel de 
vento realizado pela NASA em 1950. É uma análise bidimensional do aerofólio, 
gerando os coeficientes de sustentação e de arrasto conforme varia-se o parâmetro 
de ângulo de ataque. Inicialmente é feita a validação do modelo por meio do trabalho 
de Obeid et. al.(2017), onde o perfil NACA 0015 é simulado pelo mesmo software 
adotando modelos de turbulência na análise. Além disso, é realizado o teste de 
qualidade de malha para evitar possíveis variações no resultado final que estejam 
ligadas à discretização do problema. Depois, são plotadas as coordenadas do 
aerofólio estudado em software CAD e importadas para o ANSYS Fluent, 
configuradas as condições simplificadas de escoamento, que são regime 
permanente, incompressível e isotérmico. São escolhidos 4 combinações de ângulo 
de ataque para os 55° de deflexão de flape analisados.  A comparação entre os 
coeficientes  obtidos nas situações escolhidas e os resultados da NASA apresentam 
uma boa aproximação próximo ao ângulo de estol (desvio de 1,1%) , e mesmo que 
alguns pontos mostrem variações maiores, o comportamento da curva é 
semelhante, mostrando relevância à esta aproximação simplificada. 
 
Palavras-chave: Dispositivos hipersustentadores. Sustentação. Arrasto. Modelo de 

turbulência. Simulação. 



4 

 

 

ABSTRACT 

In aircraft design, the development of efficient high lift devices enables safer landing 
and takeoff operations without compromising cruise performance. These systems 
aim to increase the efficiency of the airfoil, and their study has been developed purely 
for many years through wind tunnels. This scenario changed after the emergence of 
computers, which have their processing power used to calculate the equations 
involved. The numerical study of airfoil flows allows engineers to save time and 
investment in obtaining critical information for aircraft, turbine and other equipment 
design. In this context, the present work presents a computational analysis of the 
NACA 65 (2) -415 airfoil with the use of flaps. This is a partial computational 
reproduction of a practical wind tunnel study conducted by NASA in 1950. It is a two-
dimensional analysis of the airfoil, generating the lift and drag coefficients as the 
angle of attack parameter varies. Initially, the model is validated by Obeid et al. 
(2017), where the NACA 0015 profile is simulated by the same software adopting 
turbulence models in the analysis. In addition, the mesh quality test is performed to 
avoid possible variations in the final result that are linked to the problem 
discretization. Then, the coordinates of the aerofoil studied in CAD software were 
plotted and imported into ANSYS Fluent, configuring the simplified flow conditions, 
which are permanent, incompressible and isothermal regime. Four angle of attack 
combinations were chosen for the 55 ° flap deflection analyzed. The comparison 
between the coefficients obtained in the chosen situations and the NASA results 
presents a good approximation close to the stall angle (1.1% deviation), and even if 
some points show larger variations, the behavior of the curve is similar, showing 
relevance  to this simplified approach. 
 
 
Keywords: High-lift devices. Lift. Drag. Turbulence model. Simulation. 

 

 



5 

 

 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1- Documento original do estudo realizado pela NASA em 1950 .............. Erro! 
Indicador não definido. 

Figura 2- Modelo de asa construída pela NASA. ......... Erro! Indicador não definido. 

Figura 3- Curvas de CL em função do Ataque para  55° de flape .............................. 17 

Figura 4 - Comportamento do fluido devido ao cisalhamento ................................... 19 

Figura 5 - Tensão normal e tensão cisalhante .......................................................... 20 

Figura 6- Gradiente de velocidades e surgimento das tensões cisalhantes .............. 21 

Figura 7- Camada limite sobre placa plana ............................................................... 26 

Figura 8- Escoamento sobre uma asa ...................................................................... 28 

Figura 9 - Tubo de Venturi ........................................................................................ 28 

Figura 10 - Pressão e tensão de cisalhamento no aerofólio ..................................... 29 

Figura 11 - Forças aerodinâmicas resultantes .......................................................... 29 

Figura 12 - CL vs α para o perfil NACA 65(2)-415 ....................................................... 31 

Figura 13 - CD vs α para o perfil NACA 65(2)-415 ...................................................... 31 

Figura 14 - Forças aerodinâmicas e momento atuante no aerofólio ......................... 32 

Figura 15 - Componentes principais das aeronaves ................................................. 33 

Figura 16 - O spinner é fixado na frente das hélices ................................................. 33 

Figura 17 - Estabilizadores vertical e horizontal ........................................................ 34 

Figura 18 - Aviões de asa alta, média e baixa. .......................................................... 39 

Figura 19 - Elementos principais da asa de um avião ............................................... 40 

Figura 20 - Geometria típica dos aerofólios............................................................... 34 

Figura 21 - Interpretação dos dígitos NACA .............................................................. 35 



6 

 

Figura 22 - Exemplos de formatos de aerofólios ....................................................... 36 

Figura 23 - Vista superior dos modelos de asas ....................................................... 37 

Figura 24 - Ângulo de ataque .................................................................................... 37 

Figura 25 - Ângulo de incidência ............................................................................... 38 

Figura 26- CL e CD vs ângulo de ataque .................................................................... 41 

Figura 27 - Ponto de separação vs ângulo de ataque ............................................... 41 

Figura 28 - Posicionamento padrão dos flapes nos aviões ....................................... 44 

Figura 29 - Diferentes tipos de flapes ........................................................................ 44 

Figura 30 - Princípio de funcionamento dos Slots ..................................................... 45 

Figura 31 - Princípio de funcionamento dos Slats ..................................................... 45 

Figura 32 - Funcionamento dos Slats ........................................................................ 46 

Figura 33 - Comparação da turbulência com flapes e sem flapes............................. 46 

Figura 34 - Coeficiente de sustentação VS deflexão dos flapes ............................... 46 

Figura 35 - Exemplo de malha gerada para simulação de um aerofólio ................... 48 

Figura 36 - Metodologia proposta para o desenvolvimento do trabalho .................... 53 

Figura 37 - Embraer 720C com os flapes defletidos ................................................. 54 

Figura 38 - Aerofólio NACA 65(2)-415 ...................................................................... 54 

Figura 39 - Domínio da simulação computacional ..................................................... 55 

Figura 40 - Simplificação da deflexão dos flapes ...................................................... 56 

Figura 41- Aerofólio NACA0015 Flape 10° Ataque 10° no Javafoil ........................... 58 

Figura 42- Pontos do aerofólio e flapes gerados no software Javafoil ...................... 60 

Figura 43- Esquema do domínio criado para a simulação ........................................ 60 

Figura 44- Macro vista do domínio gerado para a simulação .................................... 61 

Figura 45-Vista aproximada da malha computacional ............................................... 61 

Figura 46- . Vista dos nós da malha no bordo de ataque do aerofólio ...................... 62 

Figura 47- Distribuição de pressões sobre o aerofólio com ataque -8° ..................... 64 

Figura 48- Distribuição de velocidades sobre o aerofólio com ataque -8 .................. 65 

Figura 49- Distribuição de pressões sobre o aerofólio com ataque 0° Erro! Indicador 
não definido. 

Figura 50 - Distribuição de velocidades sobre o aerofólio com ataque 0° ............ Erro! 
Indicador não definido. 

Figura 51 - Distribuição de pressões sobre o aerofólio com ataque 8° Erro! Indicador 
não definido. 

Figura 52 - Distribuição de velocidades sobre o aerofólio com ataque 8° ............ Erro! 
Indicador não definido. 

Figura 53 - Distribuição de Pressões do NACA 65(2)415 A10F55 ............................ 68 



7 

 

Figura 54 - Distribuição de velocidades do NACA 65(2)415 A10F55 ........................ 68 
 

 

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS 

Tabela 1- Propriedades físicas de gases na pressão atmosférica ............................ 23 

Tabela 2- Iterações estudadas no trabalho ............................................................... 56 

Tabela 3- CL vs Alpha ............................................................................................... 59 

Tabela 4-  Comparação entre os valores de CL e ângulo de ataque ......................... 69 

Tabela 5 - Comparação entre os valores de CL e CD da simulação computacional. 70 

 

  



8 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 

                      Área perpendicular 

                      Área tangencial 

                         Corda média do perfil 

                        Aceleração da gravidade 

                      Pressão estática 

a                       Velocidade do som 

CAD                  Computer-Aided Design 

CFD                 Computational Fluids Dynamics 

CL                      Coeficiente de sustentação  

CLmáx                Coeficiente de sustentação máximo  

Cp                     Centro de pressão  

D                       Força de Arrasto  

HLD                  High-Lift  Device 



9 

 

L                        Força de Sustentação  

M                       Número de Mach  

M0                      Momento  

NACA                National Advisory Comitee of Aeronautics 

NASA                National Aeronautics and Space Administration 

R                      Constante dos gases. 

Ra                     Resultante aerodinâmica  

RANS               Reynolds Averaged Navier Stokes 

Re                Número de Reynolds 

u                       Velocidade do objeto 

Vestol                  Velocidade de Estol  

α                        Ângulo de ataque  

θ                        Ângulo de incidência  

τ                         Tensão de cisalhamento 

                          Área da asa 

 

w                        Peso do avião 

                          Viscosidade cinemática 

                          Peso específico  

                          Viscosidade dinâmica 

 

                          Densidade do ar 

                          Tensão normal  



10 

 

 

SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12 
1.1 Tema ................................................................................................................. 14 

1.1.1 Delimitação do tema .................................................................................... 14 

1.2 Objetivos .......................................................................................................... 14 

Objetivos específicos ............................................................................................ 14 
1.3 Justificativa ..................................................................................................... 15 

1.4 Delimitação do trabalho .................................................................................. 18 
1.5 Estrutura do trabalho ...................................................................................... 18 

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19 

2.1 Fluidos ............................................................................................................. 19 
2.1.1 Tensão normal e cisalhante ........................................................................ 20 

2.1.2 Massa específica e peso específico........................................................... 21 
2.1.3 Compressibilidade de fluidos ..................................................................... 22 

2.1.4 Equação dos gases ideais .......................................................................... 22 
2.1.5 Viscosidade .................................................................................................. 23 
2.1.6 Escoamento laminar e turbulento .............................................................. 24 
2.1.7 Camada limite .............................................................................................. 25 
2.2 Aerodinâmica .................................................................................................. 26 

2.2.1 Sustentação ................................................................................................. 27 
2.2.2 Força de arrasto .......................................................................................... 30 
2.2.3 Momentos ..................................................................................................... 32 
2.3 Principais características dos aviões............................................................ 32 
2.3.1 Superfícies aerodinâmicas e aerofólios .................................................... 33 

2.3.2 Estrutura das asas....................................................................................... 38 
2.3.3 Geometria alar ............................................................................................. 39 

2.3.4 Geometria do aerofólio ............................................................................... 34 
2.3.5 Formato das asas ........................................................................................ 36 
2.3.6 Principais ângulos ....................................................................................... 37 
2.4 Estol ................................................................................................................. 40 

2.5 Dispositivos hipersustentadores ................................................................... 43 



11 

 

2.6 Simulação computacional de fluidos ............................................................ 47 
2.6.1 Modelos de turbulência ............................................................................... 49 

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 51 
3.1 Metodologia da pesquisa ............................................................................... 51 
3.1.1 Classificação quanto ao modelo de pesquisa .......................................... 51 

3.1.2 Método de análise dos dados ..................................................................... 52 
3.1.3 Procedimento metodológico ...................................................................... 52 
3.1.4 Simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)-415 com flapes ....... 53 
3.1.5 Definição das condições de contorno ....................................................... 53 

3.1.6 Verificação do código numérico ................................................................ 55 
3.1.7 Teste de qualidade de malha ...................................................................... 56 
3.1.8 Iterações analisadas .................................................................................... 56 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 57 

4.1 Verificação do código numérico ..................................................................... 57 
4. 2 Simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)415 ................................ 59 
4.2.2 Variação de parâmetros ................................................................................ 63 

         A) Ataque -8° .................................................................................................. 64 
         B) Ataque 0° ................................................................................................... 66 
         C) Ataque 8° .......................................................... Erro! Indicador não definido. 
         D) Ataque 10° ................................................................................................. 68 

 4.2.3 Comparação dos resultados com os testes experimentais da NASA ..... 69 

5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 71 

 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 72 

 

 



12 

 

1 INTRODUÇÃO 

Do surgimento das primeiras aeronaves até o lançamento do homem à lua 

passaram-se apenas algumas décadas, entretanto a evolução da tecnologia é 

notavelmente exponencial. Embora até a primeira metade do século XX o estopim 

para o avanço foi impulsionado pelas guerras, no momento presente a alta 

qualidade e tecnologia embarcada nas aeronaves é resultado da grande demanda e 

concorrência do setor. No início o objetivo era apenas passar alguns minutos no céu 

por propulsão própria, mas a história foi muito além. 

Segundo Rodrigues (2014), os aficionados pela aviação puseram-se à criar 

e desenvolver novas máquinas voadoras. E assim, o estudo permitiu grandes 

avanços que hoje resultam em aviões que atingem velocidades supersônicas e até 

voos espaciais. 

Esses avanços ocorreram de diversas maneiras dependendo do tipo de 

aeronave e operação que se estava analisando. A competência de um avião pode 

estar relacionada à voar em velocidades supersônicas, gastar pouco combustível, 

resistir à cargas gravitacionais acentuadas, operar em aeroportos pequenos, ou 

pousar com baixíssimas velocidades, e assim por diante.  

Toda a operação de uma aeronave resulta das forças que lhe mantém no ar, 

que resumidamente são sustentação e arrasto. Dessa forma, desenvolver maneiras 

de manipular essas componentes é o meio mais coerente de aperfeiçoar o 

desempenho da máquina voadora. 

Inicialmente, os estudos realizados em tal domínio dependiam da utilização 

dos tuneis de vento para estudar a performance de uma superfície sob escoamento, 



13 

 

entretanto com o aumento da complexidade das geometrias tal procedimento tornou-

se um tanto caro e demorado. Para preencher essa lacuna, surgiram as simulações 

computacionais de fluidodinâmica. Segundo Versteeg e Malalasekera (2007), 

existem diversas vantagens do CFD (Dinâmica de fluidos computacional) em relação 

às aproximações experimentais de escoamento de fluidos, como a redução do 

tempo e custo para desenvolvimento de novos projetos, controlar experimentos 

difíceis de modelar (dimensões), capacidade de estudar situações que se tornariam 

arriscadas na prática (cenários de acidentes) e um detalhamento de resultados 

praticamente ilimitado. 

A tecnologia de simulação computacional de fluidos foi integrada pela 

indústria aeroespacial por volta da década de 1960, e o motivo de seu uso ter 

"estagnado" foi a tremenda complexidade do comportamento de um fluido. A 

disponibilidade de hardwares de alta performance e preço acessível, além do 

surgimento de interfaces de uso simplificado levaram à uma grande procura dos 

processos CFD pela comunidade industrial desde os anos 1990. Desde então, 

muitos estudos vem sendo publicados sobre as simulações numéricas, como o 

trabalho desenvolvido por OBEID et al.(2017), que demonstra todas as etapas de 

processamento da informação, modelagem da malha e resultados obtidos.  

 Os métodos de estudo de escoamentos sobre aerofólios são feitos com a 

utilização dos túneis de vento e as simulações numéricas de fluido dinâmica. Tanto o 

método prático quanto a aproximação numérica são importantes no estudo, e 

habitualmente ambos se complementam ao desenvolver de um projeto. Entretanto, a 

utilização da computação é um método que, por envolver basicamente poder de 

processamento, economiza dinheiro e tempo.  

Sendo assim, este trabalho propõe utilizar a tecnologia CFD para comparar  

a variação das componentes de sustentação e arrasto de um perfil aerodinâmico em 

situação plana, e com a utilização do dispositivo HLD (dispositivo hipersustentador) 

Flape. 

 

 



14 

 

1.1 Tema 

O presente trabalho ocupa-se do estudo computacional de otimização da 

sustentação gerada em um aerofólio quando em uso do dispositivo hipersustentador 

flape simples. 

1.1.1 Delimitação do tema 

Análise computacional (CFD) das alterações da curva de sustentação 

causadas pelo uso de flapes planos no aerofólio NACA 65(2)-415. As condições de 

simulação do são escoamento citadas abaixo: 

a) Regime permanente 

b) Atmosfera padrão 

c) Fluido incompressível  

e) Análise bidimensional  

1.2 Objetivos 

O objetivo do trabalho é avaliar o comportamento da curva CL x Alfa 

(coeficiente de sustentação x ângulo de ataque) do aerofólio NACA 65(2)415 quando 

submetido à certas deflexões de flapes e ângulos de ataque, por meio 

computacional, tomando como comparativo um estudo prático realizado pela NASA 

em 1950. 

Objetivos específicos 

Os objetivos específicos são listados à seguir. 

 

a) Modelagem bidimensional com auxílio CAD (desenho assistido por 

computador) do aerofólio em estudo com sua superfície 

hipersustentadora. 



15 

 

b) Simulação computacional fluidodinâmica do aerofólio em diferentes  

ângulos de ataque e 55° de flapes. 

c) Verificação do código numérico. 

d) Análise dos efeitos do flape sobre a sustentação, arrasto e ângulos 

críticos do aerofólio.  

 

1.3 Justificativa 

A velocidade das decolagens e pousos de aviões à jato tem aumentado, e 

como consequência, os aeroportos tiveram que ser estendidos por todo o mundo.  

Há limites econômicos e operacionais relacionados à esta extensão, como 

também limites de velocidades para pousos e decolagens seguros. Assim, com o 

intuito de manter as velocidades de decolagem e pouso dentro de limites, 

dispositivos de alta sustentação mais potentes são requeridos.  

A tendência do desenvolvimento de dispositivos 

hipersustentadores tem sido atingir altos níveis de sustentação com 

tecnologia simplificada para reduzir custos de aquisição e manutenção da 

frota (RUDOLPH, 1996, pg.1). 

"O sistema hipersustentador é uma parte crítica do projeto. Para alcançar 

razoável desempenho em pouso/decolagens e também em cruzeiro, o projeto vai 

requerer um sistema hipersustentador sofisticado" (MASON, 2006). 

Se o valor natural do coeficiente de sustentação (CL) de um avião 

não é grande o bastante para pousos e decolagens seguros, o coeficiente 

de sustentação máximo (CLmáx) pode ser aumentado mecanicamente pelos 

dispositivos de alta sustentação (ANDERSON, 1999). 

Segundo Carvalho (2015), a verificação da eficiência aerodinâmica e a 

comparação de diferentes geometrias de um aerofólio pode ser aferida através do 

uso de técnicas de fluidodinâmica  computacional, podendo-se obter respostas 

rápidas e com baixo custo quando comparados a testes práticos. A metodologia de 

cálculo presente em softwares CFD fundamenta-se na solução de forma numérica 

das equações de Navier-Stokes aplicadas a uma malha a qual descreve uma 

geometria tridimensional obtida em software CAD. 



16 

 

A utilização de dispositivos hipersustentadores possibilita às aeronaves 

aproximações de grande performance e decolagens mais curtas, o que pode ser 

traduzido em segurança nas operações mais críticas. Sendo assim, o estudo das 

variações que os HLD provocam nos aerofólios (mais precisamente, os flapes) 

torna-se de extrema importância. Além disso, a grande capacidade de 

processamento dos hardwares atuais permite uma aproximação numérica eficiente e 

de custos reduzidos, se comparados ao método experimental, sem mencionar o 

tempo envolvido. 

No ano de 1950 a NASA (ainda NACA) realizou um estudo intitulado " 

Investigação de controle de camada limite para melhorar as características de 

arrasto e sustentação do aerofólio NACA 65(2)415 com flapes simples e de dupla 

fenda". Estudo realizado pelo Laboratório aeronáutico Langley (Virgínia, EUA), e 

chefiado por Elmer A. Horton. O estudo objetivava quantificar os ganhos de Máximo 

coeficiente de sustentação provocados pelo uso de fendas (slots) combinadas com 

flapes na asa de um avião.  

Trata-se de um estudo de camada limite, onde a fenda trabalha com o 

princípio de sucção de Venturi, amplificando a ação dos flapes e mantendo os filetes 

de ar energizados próximos da asa. Para quantificar esses efeitos, foi construído um 

modelo de asa, com 2 pés de corda (largura), posto em um túnel de vento. As 

medidas de sustentação foram realizadas pegando a diferença entre a pressão 

integrada de reação no teto e superfície inferior do túnel.  O modelo de 2ft foi 

construído em liga de alumínio. Para o estudo com o flape plano, testes foram feitos 

para determinar a configuração de deflexão de maior sustentação. As melhores 

configurações de flapes (50° e 55°) foram encontradas por investigação sistemática 

em Reynolds de 1.0x106  até 6.0 x106. O aerofólio também foi testado com a fenda 

traseira selada, afim de ter um comparativo e determinar a máxima sustentação. 

Na figura 1 está disposto o modelo de asa construída para estudo de 

deflexão de flapes. Foram gerados valores de CL em função do ângulo de ataque, 

como pode ser visto na figura 2, e esses dados são o ponto de partida para o 

desenvolvimento dessa análise computacional. 

 



17 

 

           Figura 1- Modelo de asa construída pela NASA. 

 

Fonte: Dos autores. 

 

Figura 2- Curvas de CL em função do Ataque para  55° de flape 

 

Fonte: NASA NTRS 



18 

 

1.4 Delimitação do trabalho 

Este trabalho restringe-se à simulação computacional fluidodinâmica do 

aerofólio NACA 65(2)-415 combinando ângulos de ataque e deflexão de flape de 55°. 

Será uma comparação dos valores de CL obtidos nas situações propostas e estudos 

experimentais. Serão consideradas algumas informações de entrada como regime 

permanente, escoamento incompressível e isotérmico do ar atmosférico. 

 

1.5 Estrutura do trabalho 

O presente trabalho está dividido nos seguintes capítulos: 

O primeiro capítulo introduz e delimita o tema, aponta os objetivos gerais e 

específicos, além de apresentar a estruturação do trabalho. 

O capítulo de número dois realiza uma revisão bibliográfica acerca dos 

fluidos, aerodinâmica, aeronaves e dispositivos de hipersustentação. Essa seção 

fecha com uma explanação da utilização da simulação computacional de fluidos 

(CFD), salientando os conceitos necessários para o desenvolvimento da proposta. 

O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada, a descrição dos 

passos que serão tomados para alcançar os objetivos propostos. 

O quarto capítulo mostra o desenvolvimento do trabalho, que é concluído no 

quinto. 



19 

 

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

Com o objetivo de contextualizar o leitor acerca dos assuntos abordados 

neste trabalho, na sequência estão relacionados os conceitos teóricos pertinentes, 

como fluidos, aerodinâmica, dispositivos hipersustentadores e simulações 

computacionais. 

2.1 Fluidos 

”Um fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação 

de uma tensão de cisalhamento (tangencial), não importando o quão pequeno seja o 

valor" (FOX et.al.,2013). Para distinguir as fases podemos analisar a situação 

abaixo, onde é aplicada uma força de cisalhamento sobre um sólido e um fluido, e 

após a deformação inicial apenas o fluido continuará se deformando. Além disso, o 

fluido em contato com a superfície sólida não desliza, tendo a mesma velocidade 

nula, que é um fato experimental, e tal circunstância gera a camada limite, que será 

abordada mais à frente.  

Figura 3 - Comportamento do fluido devido ao cisalhamento 

 

Fonte: Fox  (2013). 



20 

 

         "Apesar da estrutura molecular dos fluidos ser importante para 

distinguir um fluido de outro, não é possível descrever o comportamento dos 

fluidos, em equilíbrio ou movimento, a partir da dinâmica individual de suas 

moléculas. Mais precisamente, nós caracterizaremos o comportamento dos 

fluidos considerando os valores médios, ou macroscópicos, das 

quantidades de interesse" (VERSTEEG e MALALASEKERA, 2007) 

Para Hauke (2008), enquanto no estado sólido a matéria é mais ou menos 

rígida, os fluidos caracterizam-se por seu movimento interminável e deformável. 

Para entender melhor seu comportamento, alguns conceitos precisam ser 

explanados. 

2.1.1 Tensão normal e cisalhante  

         Dada uma superfície de um corpo onde está atuando uma força, 

existem dois tipos de tensões presentes: tensão normal e tensão de cisalhamento. 

o Tensão normal ( ): É o quociente entre a força aplicada e a área 

perpendicular, onde está atuando a força:  

                                                 
 

  
                                                                  (1) 

o Tensão cisalhante ( ): É a força por unidade da área que age 

tangencialmente à superfície. 

                                       
 

  
                                                                    (2) 

No sistema internacional (SI) a tensão é dada em pascal Pa = 
 

  

 . Mais 

comumente utilizados em MPa = 106 Pa. Na figura abaixo é elucidada suas 

aplicações 

Figura 4 - Tensão normal e tensão cisalhante 

 

Fonte: Hauke (2008). 



21 

 

Analisando a figura 3, exemplo do fluido, percebe-se que a placa superior é 

inicialmente acelerada pela força aplicada, assumindo velocidade maior que zero. À 

partir de certo instante adquire velocidade constante, o que comprova que a força 

aplicada na placa é equilibrada por forças internas ao fluido, pois pela segunda lei de 

Newton, ao não existir aceleração a resultante das forças deve ser zero.  

Segundo Brunetti (2008), a explicação disso está no princípio da aderência. 

O fluido em contato com a placa superior irá se mover com a mesma velocidade 

dela, e o fluido em contato com a parte inferior ira adquirir velocidade nula (a mesma 

velocidade do solo). Sendo assim, há a existência de um gradiente de velocidades, e 

as camadas intermediárias se adaptam às extremas. Cada camada do fluido desliza 

sobre a próxima com velocidade relativa, fato que cria atrito entre elas. Tal 

deslizamento gera tensões de cisalhamento que aplicadas na área da placa 

originam uma força tangencial interna ao fluido, que é a força de equilíbrio com a 

externa. A figura 3 demonstra as tensões cisalhantes do escorregamento entre 

camadas. Newton verificou que em alguns fluidos a tensão de cisalhamento é 

proporcional ao gradiente de velocidades (em y), são os chamados fluidos 

newtonianos. 

Figura 5- Gradiente de velocidades e surgimento das tensões cisalhantes 

 

Fonte: Brunetti (2008). 

2.1.2 Massa específica e peso específico  

Outras características diferenciam os fluidos, como o caso da massa e peso 

específico. Brunetti (2008) afirma que a massa específica é a quantidade de massa 



22 

 

de fluido por unidade de volume, e à partir dela é calculado o peso específico (  , 

dado pela seguinte equação: 

                                                                                                                              (3) 

Onde    é a aceleração da gravidade e   a massa específica.  

Quando a massa específica de um fluido varia significativamente ao alterar 

sua pressão e temperatura, é chamado de fluido compressível. Em contrapartida, 

caso a variação seja pequena pode ser desprezada, e temos um fluido 

incompressível. 

2.1.3 Compressibilidade de fluidos 

Segundo Anderson (2001), um fluido é considerado compressível quando 

seu número de Mach (M) é superior à 0,3. Nesse caso considera-se a variação da 

massa específica, pressão e temperatura em função da razão entre calores 

específicos (  . O número de Mach é uma comparação da velocidade do 

escoamento do fluido com a velocidade do som, sendo determinado da seguinte 

forma: 

                                      
 

  
                                                             (4) 

Manipulando a equação para facilitar a abordagem, temos: 

                                    
    

       
                                                        (5) 

Onde µ corresponde à viscosidade do fluído,   é a massa específica do 

fluído,e Cs a velocidade do som e Lc o  comprimento da corda. 

2.1.4 Equação dos gases ideais  

Segundo Fox et.al.(2006), a variação da massa específica com a altitude 

deve ser levada em consideração em muitas situações, para se obter resultados 

mais aproximados da realidade. E sabendo que a massa específica dos gases varia 

de acordo com o delta de temperatura, é necessário analisar cada situação pela 

equação dos gases ideais. Porém White (1998) alerta, as propriedades 



23 

 

termodinâmicas encontradas teoricamente e experimentalmente se relacionam de 

forma diferente entre substâncias divergentes. E deve-se analisar substâncias puras 

de apenas uma fase, como água no seu estado totalmente líquido.  O segundo fluido 

mais conhecido é o ar, sendo uma mistura de gases, desde que a proporção da 

mistura se mantenha a mesma entre as temperaturas de 160 e 2200K, pode ser 

considerada uma substância pura. 

                                                                                                                       (6) 

Sendo R a constante universal dos gases (relacionado à massa molecular 

do gás) e T a temperatura absoluta. Neste caso, a relação entre altitude e 

temperatura atmosférica deve ser conhecida. Segundo Munson et.al.(2004), a 

equação de estado dos gases perfeitos aproxima o comportamento dos gases reais 

em condições normais, quando não estão próximos da liquefação. Na tabela abaixo 

estão dispostas algumas propriedades de gases na pressão atmosférica padrão. 

Tabela 1- Propriedades físicas de gases na pressão atmosférica 

 

Fonte: Munson et.al. (2004). 

2.1.5 Viscosidade 

 Na tabela 1 é possível verificar a divergência entre os valores de massa 

específica, constante dos gases R e também é introduzida um novo parâmetro, a 

viscosidade. Segundo Vieira (1971), todos os fluidos reais apresentam uma 

resistência à mudança de forma, o que resulta na sua propriedade chamada 



24 

 

"viscosidade".  A viscosidade pode ser definida como a aderência interna do fluido, e 

a sua taxa de deformação está ligada à suas propriedades viscosas. Munson et al 

(2004) afirma que a viscosidade é necessária para estudar a fluidez , uma vez que 

massa e peso específico pode ser semelhantes em muitas substâncias. 

Brunetti (2008), define de forma simplificada, "a viscosidade dos fluidos é 

originada pela coesão entre as moléculas e pelos choques entre elas". Sendo que a 

viscosidade não é uma propriedade visível em fluidos em repouso, e a viscosidade 

dinâmica é uma  propriedade dos fluidos que possibilita equilibrar, dinamicamente, 

as forças tangenciais externas quando os fluidos se movimentam. A lei de Newton 

da viscosidade é definida da seguinte forma: 

                                                                    
  

  
                                                    (7) 

Onde:  

  = Tensão de cisalhamento 

  

  
 = Perfil de velocidade em relação à elevação "y". 

  = Viscosidade dinâmica 

 

Sendo que a viscosidade dinâmica   varia em função do tipo de fluido, 

temperatura, pressão e taxa de deformação angular 
  

  
 . 

É comum a introdução da viscosidade cinemática   de um fluido, sendo 

definida como o quociente entre a viscosidade e a massa específica: 

                                                             
 

 
                                                                     (8) 

2.1.6 Escoamento laminar e turbulento 

"O primeiro parâmetro correlacionando o comportamento viscoso e os 

fluidos newtonianos é o adimensional número de Reynolds" (WHITE, 1998). 

Segundo Fox et.al.(2013), o número de Reynolds é um parâmetro 

adimensional que relaciona as forças de inércia (vρ) com as forças viscosas (µ/c). É 

utilizado para classificar o regime de escoamento do fluido em laminar ou turbulento, 

e é essencial para determinar se as forças viscosas são desprezíveis ou não. 



25 

 

Segundo White (1998), para um baixo número de Re indica que os efeitos de inércia 

são desprezíveis. Reynolds moderados  caracterizam um fluxo laminar suavemente 

variável, e um alto Re é um fluxo turbulento que varia no tempo de forma aleatória, 

com flutuações de alta frequência. Para aplicações aerodinâmicas, Reynolds pode 

ser definido em função da corda média do perfil.  

                                                                                              

                                                          
      

 
                                                                  (9) 

 

Onde:   é a velocidade do escoamento,   é a densidade do ar,   é a 

viscosidade dinâmica do ar e    é a corda média do perfil. 

"A importância fundamental de Reynolds é a possibilidade de se avaliar a 

estabilidade do fluxo podendo obter uma indicação se o escoamento flui de forma 

laminar ou turbulenta" (RODRIGUES, 2014). O autor afirma que geralmente o 

número de Re aumenta proporcionalmente com o aumento da corda, alta velocidade 

e baixas altitudes, e vice versa. E assim, a capacidade de um perfil em gerar 

sustentação e arrasto está diretamente ligado com o valor obtido, que se torna 

turbulento na ordem de 1x107. 

2.1.7 Camada limite  

A viscosidade gera outra definição importante no estudo dos fluidos, a 

camada limite, que foi formulada inicialmente por Ludwig Prandtl em 1904. Segundo 

Pereira (2010) através da teoria de Prandtl foi possível dividir o fluxo de um 

escoamento viscoso em duas regiões. Uma das regiões muito próxima da fronteira 

sólida, e a outra abrangendo o restante. Apenas na primeira região o efeito da 

viscosidade é importante, sendo responsável pelo gradiente de velocidades 

desenvolvido no escoamento. A camada limite se estende até o ponto em que a 

velocidade do fluido é a mesma da corrente livre, e considera-se então um 

escoamento não viscoso.  

"A camada-limite é  a região adjacente a uma superfície sólida na qual 

tensões viscosas estão presentes, em contraposição à corrente livre em que as 



26 

 

tensões viscosas são desprezíveis" (FOX et.al., 2013).  Não é surpreendente que o 

número de Reynolds seja tão significativo na caracterização dos escoamentos da 

camada-limite. O comprimento característico usado no número de Reynolds ou é o 

comprimento paralelo ao desenvolvimento da camada limite, ou é a sua espessura. 

Fox ainda afirma que a transição de laminar para turbulento em um escoamento não 

é pontual e nem possui um valor único, sendo dependente do gradiente de pressão, 

rugosidade superficial, transferências de calor, forças de campo e perturbações de 

corrente livre. 

Figura 6- Camada limite sobre placa plana 

 

Fonte: Pereira (2010). 

2.2 Aerodinâmica 

"Aerodinâmica é a área de estudo dentro da mecânica dos fluidos que trata 

dos efeitos das cargas atuantes sobre corpos imersos em um escoamento de fluido, 

particularmente o ar" (SOUSA, 2008). 

Todo o estudo desenvolvido ao longo de décadas à respeito do 

escoamento de fluidos sobre perfis possibilitou um grande avanço na 

indústria aeronáutica.  No início da era da aviação comercial, na primeira 

metade do século XX, as decisões de engenharia muitas vezes eram 

tomadas de forma bastante empírica, pois o conhecimento teórico e técnico 

não estava maduro o suficiente (HANSEN, 2009). 

Rodrigues (2014), define a aerodinâmica como estudo das propriedades dos 

fluidos, e sua influência em um corpo submerso. Sendo assim, de grande 

importância para o desenvolvimento de aeronaves. O autor explica que essa ciência 



27 

 

só ganhou importância após o advento de aeronaves e automóveis, no intuito de 

tornar-lhes mais econômicos, e assim, eficientes. 

As cargas citadas por Sousa (2008), são geradas por meio de uma diferença 

de pressões causada no escoamento em virtude do corpo em que circunda, além de 

efeitos viscosos. As forças resultantes são chamadas de sustentação e arrasto, e 

são definidas em seguida. 

2.2.1 Sustentação 

Segundo Brunetti (2007), a força de sustentação é essencialmente o que 

mantém em voo a aeronave. Essa é constituída por uma interação entre a asa e o ar 

que flui sobre ela, gerando uma componente de força perpendicular a direção do 

movimento. Seu princípio de funcionamento está ligado à diferença de pressão que 

surge nos dorsos das asas devido ao diferencial de velocidades do escoamento  

Rodrigues (2014), ressalta que a sustentação é a maior vantagem que uma 

aeronave possui em relação à outros veículos, sendo sua garantia de vencer o peso 

e manter o voo. Sua formação pode ser explicada por meio de duas abordagens. Se 

a asa possui um ângulo maior que zero entre sua corda e o vento relativo, o 

escoamento será forçado à se dividir, sendo uma parcela para o intradorso que é 

forçada para baixo, gerando uma força na direção ascendente (asa é forçada para 

cima), efeito explicado pela terceira lei de Newton (ação e reação). 

A outra abordagem segundo Rodrigues (2014) é por meio da teoria de 

Bernoulli, a continuidade do escoamento. " Se a velocidade de uma partícula de um 

fluido aumenta enquanto ele escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão 

dinâmica do fluido deve aumentar e vice-versa". Assim, como na parte superior das 

asas a velocidade do escoamento é maior (partículas percorrem uma maior distância 

no mesmo tempo que na superfície inferior), a pressão estática na superfície inferior 

é menor que na superior, que pode ser interpretado como uma força de sustentação 

que age de baixo para cima. Na figura abaixo é possivel ver a separação do fluxo de 

ar entre os dorsos da asa. 

 



28 

 

Figura 7- Escoamento sobre uma asa 

 

 

 

Fonte: Rodrigues (2014). 

O princípio de Bernoulli pode ser expresso da seguinte forma: 

                                            
 

 
                                                          (10) 

Onde    é a pressão estática que o ar aplica sobre a asa,   é a densidade 

do ar em escoamento e  , a sua velocidade.  

Uma forma simples de visualizar a variação de pressão e velocidade em 

escoamentos é pelo tubo de Venturi, que é demonstrado à seguir. 

Figura 8 - Tubo de Venturi 

 

Fonte: Rodrigues (2014). 



29 

 

Segundo Anderson (1985), segundo a complexidade e tamanho das 

superfícies imersas em um escoamento, as forças aerodinâmicas são geradas pela 

pressão e pela tensão de cisalhamento. 

Figura 9 - Pressão e tensão de cisalhamento no aerofólio 

 

Fonte: Anderson (1985). 

A pressão e a tensão de cisalhamento (τ) geram uma força, a resultante 

aerodinâmica (Ra), e um momento (M). A resultante é dividida em duas partes, uma 

paralela ao escoamento, a força de arrasto (D), e uma perpendicular ao 

escoamento, a força de sustentação (L). Ambas atuam no centro de pressão (Cp) do 

perfil, como ilustrado abaixo. 

Figura 10 - Forças aerodinâmicas resultantes 

 

Fonte: Anderson (1985). 

De acordo com Abbott e Doenhoff (1959) a força de sustentação é calculada 

da seguinte maneira: 



30 

 

                                                
 

 
                                                         (11) 

Sendo,  

  : Força de sustentação 

  : Densidade 

  : Velocidade da aeronave 

  : Área da asa 

   : Coeficiente de sustentação 

2.2.2 Força de arrasto 

Em contraposição à sustentação, que produz uma força favorável ao voo, a 

força de arrasto é a segunda componente da resultante aerodinâmica.  Rodrigues 

(2014) explica que o arrasto é advindo das diferentes pressões que atuam na 

aeronave e também das tensões de cisalhamento. Dessa forma, um projeto bem 

estruturado e visando eficiência energética e aerodinâmica deve garantir menor 

arrasto possível. 

Assim como a sustentação, a força de Arrasto está relacionada com o 

coeficiente de arrasto, que neste caso depende das características do perfil 

aerodinâmico selecionado para o avião. Uma asa considerada eficiente possui um 

alto coeficiente de sustentação e um reduzido Cd. Além da geometria do perfil, o 

arrasto é influenciado pelas condições de escoamento (laminar ou turbulento)  e pelo 

ângulo de ataque. 

Segundo Mueller (2001), em escoamentos de baixos Reynolds o Cd tende à 

aumentar, reduzindo a relação sustentação/arrasto (L/D),e assim limitando a 

eficiência do aerofólio. O autor ressalta também que com a redução da velocidade 

ocorre a amplificação da espessura da camada limite, gerando variações de 

pressões diretamente relacionados com arrasto e sustentação. 

Com o incremento de ângulo de ataque do aerofólio a diferença de pressão 

entre o intradorso e extradorso também é elevada, causando um aumento da força 

de sustentação , assim como também um aumento gradativo da força de arrasto. As 

figuras  11 e 12  mostram as curvas do coeficiente de sustentação e de arrasto em 



31 

 

função do ângulo de ataque para o perfil NACA 65(2)-415, em condições de Reynolds 

igual à 106. A máxima relação CL/CD, foi obtida no α=5,5°. 

Figura 11 - CL vs α para o perfil NACA 65(2)-415 

 

Fonte: Airfoiltools (2019). 

 

Figura 12 - CD vs α para o perfil NACA 65(2)-415 

 

Fonte: Airfoiltools (2019). 

A força de arrasto também pode ser expressa em termos de coeficientes 

adimensionais, pela equação proposta por Abbott e Doenhoff (1959). 



32 

 

                                                        
 

 
                                                            (12) 

Sendo,  

  : Força de arrasto 

  : Densidade 

  : Velocidade da aeronave 

  : Área da asa 

   : Coeficiente de arrasto 

2.2.3 Momentos 

Segundo Rodrigues (2014), além das componentes sustentação e arrasto, 

há um momento que tende a rotacionar o perfil aerodinâmico. Para fins de cálculos, 

considera-se que esse momento atua em um ponto localizado a 1/4 da corda, à 

partir do bordo de ataque. Esse ponto é chamado de centro aerodinâmico do perfil. 

Utilizando a convenção da regra da mão direita, momentos positivos atuam no 

sentido horário. Como o arqueamento dos aerofólios geralmente é positivo, a 

tendência de rotação dos mesmos é anti-horária (momentos negativos). 

Figura 13 - Forças aerodinâmicas e momento atuante no aerofólio 

 

Fonte: Rodrigues (2014). 

2.3 Principais características dos aviões 

Para Rodrigues (2014), Um avião é um modelo de aeronave de asa fixa 

mais pesada que o ar, movida por propulsão mecânica, que se mantém em voo 

devido à reação dinâmica do ar que escoa através de suas asas. Apesar de cada 

avião ter seu projeto desenvolvido para suprir diferentes necessidades, todos eles 

possuem alguns componentes principais, que são fuselagem (corpo longitudinal), 



33 

 

asas, empenagem (estabilizadores verticais e horizontais), trem de pouso e grupo 

motopropulsor. A figura 14 demonstra os principais componentes. 

Figura 14 - Componentes principais das aeronaves 

 

Fonte: Rodrigues (2014).  

2.3.1 Superfícies aerodinâmicas e aerofólios 

Segundo Homa (2010), quanto ao estudo da aerodinâmica, os componentes 

de um avião podem ser classificados em superfícies aerodinâmicas e aerofólios. As 

superfícies aerodinâmicas são definidas assim por produzir reduzida resistência ao 

avanço, mas não produzem nenhuma força útil (pode-se citar o spinner e as 

carenagens de rodas). 

Figura 15 - O spinner é fixado na frente das hélices 

 

Fonte: Alan R. Photography (2019). 

           Em contrapartida, os aerofólios são as superfícies que geram forças 

essenciais ao voo, como a hélice, asa e empenagens do avião. 



34 

 

Figura 16 - Estabilizadores vertical e horizontal 

 

Fonte: Rodrigues (2014). 

2.3.2 Geometria do aerofólio 

Sousa (2008) descreve que o aerofólio tem por objetivo produzir uma 

diferença de pressões, e assim um efeito aerodinâmico. Sendo o efeito principal a 

força de sustentação, que mantém a aeronave no ar. Suas características principais 

são descritas à seguir. 

 Envergadura: Representa a distância entre cada uma das pontas das asas. 

 Corda: É a linha reta que une os bordos de ataque e fuga. 

 Extradorso: Representa a porção superior do perfil aerodinâmico. 

 Intradorso: Representa a porção inferior do perfil aerodinâmico. 

 Linha de curvatura média: Linha que segue a curvatura do perfil, equidistando 

do extradorso e do intradorso. 

Figura 17 - Geometria típica dos aerofólios 

 

Fonte: Sousa (2008). 

 



35 

 

Cada perfil aerodinâmico possui suas características próprias, como 

coeficientes de sustentação e arrasto em determinados ângulos de ataque, 

comportamentos diferentes de acordo com o fluido aplicado, sendo que todas 

essas informações são fundamentais no projeto de um aerofólio. Henn (2012) 

afirma que seu comportamento teórico é obtido por meio de ensaios, como 

por exemplo, os realizados pelo laboratório da Göttingen, na Alemanha, e os 

ensaios realizados nos laboratórios da National Advisory Comitee of 

Aeronautics (NACA), hoje denominado de NASA, nos Estados Unidos da 

América. Na figura abaixo é demonstrado o significado da nomenclatura do 

perfil NACA que será abordado nesse trabalho. 

Figura 18 - Interpretação dos dígitos NACA 

 

Fonte: Do autor (2019). 



36 

 

Figura 19 - Exemplos de formatos de aerofólios 

 

Fonte: Adaptado de NASA (1975). 

2.3.3 Formato das asas 

Além da vasta gama de perfis aerodinâmicos, Rodrigues (2014), destaca 

também a variedade de formatos de asas existentes, sendo que os mais comuns 

são as retangulares, trapezoidais e elípticas. 

 Asa retangular: Possui baixa eficiência, considerando que a relação 

sustentação/arrasto que gera é inferior aos outros modelos existentes.  

 Asa trapezoidal: Desempenho aerodinâmico excelente, devido à 

gradativa redução da corda ao longo da asa (reduz arrasto induzido). 

 Asa elíptica: É a mais eficiente de todas, porém é a mais difícil de se 

fabricar.             



37 

 

Figura 20 - Vista superior dos modelos de asas 

 

Fonte: Adaptado NASA (1975). 

2.3.4 Principais ângulos 

Além do formato das asas e perfis, alguns ângulos são de extrema 

importância no projeto e operação dos aviões. Os ângulos principais de estudo são 

ângulo de ataque (α) e ângulo de incidência (θ). O primeiro, é o ângulo formado 

entre a corda do perfil e o vento relativo. O efeito da elevação do ângulo de ataque é 

o aumento da sustentação e respectivamente do arrasto, até um ponto crítico 

(ângulo  de estol). O ângulo crítico do aerofólio pode ser aumentado em até 30 graus 

com a utilização dos dispositivos hipersustentadores. 

Figura 21 - Ângulo de ataque 

 

 

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2014). 



38 

 

          Já o ângulo de incidência (θ) é o ângulo entre a corda do perfil e o 

eixo longitudinal da fuselagem da aeronave. Usualmente, as asas são montadas no 

avião formando um pequeno ângulo positivo de incidência (5°), o que lhe confere 

melhor performance em pousos, decolagens e voo nivelado. 

Figura 22 - Ângulo de incidência 

 

 

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2014). 

 

2.3.5 Estrutura das asas 

As asas são as estruturas elementares de sustentação do voo de um avião, 

e possuem inúmeros formatos e finalidades especificamente desenvolvidas para 

atender a proposta de cada fabricante. De acordo com a posição da asa ela pode 

ser alta, média ou baixa, influenciando da dinâmica de voo do avião, principalmente 

em relação ao vento que lhe atinge, movimento de rolagem e esteira de turbulência 

que é propagada após o fluxo passar pelas asas e direcionar o estabilizador 

horizontal. Além disso, um avião pode ser monoplano (se possuir um par de asas), 

biplano (se possuir dois pares de asas) e assim por diante. Segundo Talay (1975) a 

asa proporciona a principal força de sustentação de um avião, sendo essa obtida 

através da ação dinâmica dela em relação ao ar. O formato do aerofólio, da asa e 

sua fixação na fuselagem vai depender do seu objetivo de projeto. 



39 

 

Figura 23 - Aviões de asa alta, média e baixa. 

 

Fonte: Adaptado de NASA (1975). 

2.3.6 Geometria alar 

A estrutura de uma asa é basicamente composta por nervuras, longarinas e 

seus bordos.  

 Nervuras: Proporcionam o formato aerodinâmico às asas e transmitem os 

esforços da superfície alar à longarina. Ligam o bordo de ataque com o 

bordo de fuga. 

 Longarina: É a "viga" da asa. É o principal componente estrutural, sendo 

dimensionada de forma à suportar esforços cisalhantes, fletores e 

torcionais provenientes das cargas aerodinâmicas do voo. 

 Bordos: Representam as partes dianteira e traseira da asa 

respectivamente. O bordo de ataque pode possuir elementos 

hipersustentadores como os slots, e o bordo de fuga possui os flapes 

(além de alojar os ailerons). 

 

 

 

 

 



40 

 

 

Figura 24 - Elementos principais da asa de um avião 

 

 

 

 

 

Fonte: Aviação geral (2010). 

 

2.4 Estol 

"Normalmente, o aumento do ângulo de ataque proporciona um aumento da 

força de sustentação até um certo ponto no qual esta diminui bruscamente. Este 

ponto é conhecido como estol" (RODRIGUES, 2014).  

Anderson (1999), demonstra que o CL aumenta proporcionalmente com o 

ângulo de ataque até um ponto crítico, denominado estol do aerofólio. A sustentação 

atinge um pico e em seguida cai drasticamente, à medida que o α aumenta. O valor 

máximo de CL é chamado de CLmáx. A mínima velocidade em que um avião possa 

http://rsbals.weebly.com/asas.html


41 

 

manter voo reto nivelado é a Velocidade de Estol (Vestol), e está relacionada com a 

CLmáx. 

Figura 25- CL e CD vs ângulo de ataque 

 

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2014). 

A razão da redução brusca da sustentação é a separação do escoamento 

que ocorre no extradorso (parte superior) do perfil, gerando também a elevação do 

arrasto. Quando isso ocorre, o CL decresce drasticamente e o CD aumenta 

rapidamente. 

Figura 26 - Ponto de separação vs ângulo de ataque 

 

Fonte: Adaptado de Andrade (1999). 

 

 

 



42 

 

Na figura 26 pode-se perceber que com o aumento do ângulo de ataque o 

ponto de separação move-se lentamente em direção ao bordo de ataque, mas se 

mantém relativamente próximo do bordo de fuga. Próximo ao ângulo de estol do 

aerofólio a separação move-se rapidamente e consequentemente o arrasto aumenta 

abruptamente, e a sustentação decai.    

Vieira (1971), assume que a separação da camada limite dá origem à um 

escoamento no sentido oposto à direção geral (turbilhonamento), causando também 

um aumento da espessura da mesma. Esse descolamento e trilha de vórtices 

dependem da existência de um gradiente positivo de pressões, e quanto mais 

acentuada a curvatura da superfície, maior o gradiente de pressões e mais intensos 

os fenômenos descritos. A consequência do descolamento é a perda de energia, 

sendo indesejável a sua formação. 

Rodrigues (2014) ressalta que o estudo do estol é de extrema importância 

pois proporciona dados para cálculos de desempenho  das aeronaves, como as 

mínimas velocidades de operação, comprimentos de pista necessários e assim por 

diante. 

O cálculo da velocidade de estol proposto por Anderson (1999) é 

determinado pelo CLmáx, à partir da seguinte equação: 

     

                                                               
  

        
                                              (13) 

Sendo 

 

   = Peso do avião 

   = Densidade fluido 

 S = Área alar 

 CLmáx= Coeficiente de sustentação máximo 

 



43 

 

2.5 Dispositivos hipersustentadores 

Alguns dispositivos estão disponíveis para artificialmente elevar o CLmáx além 

do possível com o formato básico do avião, segundo Anderson (1999). São os 

chamado dispositivos hipersustentadores (High-lift devices), que incluem os flapes e 

slats, e quando acionados pelo comandante reduzem a velocidade de estol, sendo 

geralmente utilizados em operações de pousos e decolagens. 

Segundo Anderson (1999), apesar da vasta opção de dispositivos 

hipersustentadores (slots, slats, flapes, freios aerodinâmicos e assim por diante) seu 

propósito em comum é a segurança em decolagens e a capacidade de pousar na 

menor velocidade possível, e tudo isso sem afetar as características normais de voo. 

Na mínima velocidade de voo (decolagem e pouso), as asas devem estar operando 

no CLmáx. 

Para Homa (2010), os flapes são HLD que servem para aumentar a 

curvatura ou arqueamento do perfil, aumentando assim seu coeficiente de 

sustentação. O ângulo crítico (estol) diminui um pouco, pois o flape produz uma 

perturbação no escoamento. 

Os flapes devem ser utilizados para aumentar o máximo coeficiente de 

sustentação CLmáx, aumentar a área da asa, ou ambos (Anderson, 1999). O CLmáx 

para um aerofólio com um flape convencional é maior que um aerofólio sem flapes, e 

ele aumenta proporcionalmente com o ângulo de ataque. Entretanto o ângulo de 

estol é essencialmente o mesmo. Esse fato não ocorre com os Slots, onde maiores 

ângulos de estol são obtidos com o seu uso.  

Rodrigues (2014) define os flapes como dispositivos hipersustentadores 

compostos por abas articuladas que são instalados nos bordos de fuga alares, e 

quando estendidos aumentam a sustentação (e também o arrasto) pela mudança de 

curvatura do seu perfil e aumento da sua área. Como mencionado anteriormente, os 

HLD são utilizados em momentos críticos do voo, como os pousos e decolagens.  

Na aproximação para pouso, a deflexão máxima permite reduzir sua 

velocidade de aproximação evitando estol, e assim tocar o solo na menor velocidade 

possível, em segurança e poupando comprimento pista. 



44 

 

Nas operações de decolagem o ajuste correto produz uma combinação de 

sustentação máxima e mínimo arrasto, permitindo à aeronave percorrer uma menor 

distância na pista antes de atingir a sustentação necessária para decolar. 

Os flapes normalmente se encontram localizados no bordo de fuga próximos 

à fuselagem, e possuem algumas derivações, que são demonstradas na figura 27. 

Figura 27 - Posicionamento padrão dos flapes nos aviões 

 

Fonte: Guia do aviador (2019). 

 

Figura 28 - Diferentes tipos de flapes 

 

Fonte: Rodrigues (2014). 



45 

 

Homa (2010) diferencia os Slots e Slats, já mencionados anteriormente. O 

primeiro dispositivo, também chamado de ranhura, é um HLD que aumenta o ângulo 

crítico da asa sem alterar a sua curvatura, reduzindo o turbilhonamento que 

ocasiona o estol (a asa atinge ângulos mais elevados, produzindo mais 

sustentação).  

Figura 29 - Princípio de funcionamento dos Slots 

 

Fonte: Adapatado de Pilot Online (2019). 

Já os Slats são os mesmos Slots, porém retráteis, ficando recolhidos em 

voos nivelados e sendo defletidos pela ação de molas quando são atingidos ângulos 

de ataque mais elevados. 

Figura 30 - Princípio de funcionamento dos Slats 

 

Fonte: Adaptado de Boldmethod (2019). 

Vieira (1971) fornece uma explicação mais científica para o funcionamento 

dos HLD, sendo que o Slat atua acelerando as partículas na camada limite, 

fornecendo energia cinética e retardando o descolamento. Já os flapes fazem uma 

sucção da camada limite, removendo partículas desaceleradas do escoamento do 

extradorso. Ambos dispositivos descritos aumentam os coeficientes de sustentação 

em cerca de 50%, considerando um mesmo ângulo de ataque. 



46 

 

Figura 31 - Funcionamento dos Slats 

 

Fonte: Adaptado de Anderson (1999). 

Figura 32 - Comparação da turbulência com flapes e sem flapes 

 

Fonte: Adaptado de FLY8MA (2016). 

 

Figura 33 - Coeficiente de sustentação VS deflexão dos flapes 

 

Fonte: Anderson (1999). 



47 

 

O CLmáx obtido após o uso dos flapes pode ser estimado pela aplicação da 

seguinte equação proposta por Rodrigues (2014).         

                                                                                                       (14) 

Onde X representa a fração da corda estendida em função da utilização dos 

flapes. 

2.6 Simulação computacional de fluidos  

Versteeg e Malalasekera (2007) definem a dinâmica computacional de 

fluidos (CFD) como a análise de sistemas envolvendo escoamentos, transferência 

de calor e outros fenômenos, como reações químicas em termos de simulações 

computacionais. Algumas das áreas de aplicação incluem aerodinâmica de 

aeronaves e veículos (sustentação e arrasto), hidrodinâmica de navios e até 

engenharia biomédica (circulação sanguínea através de veias e artérias). 

Munson et.al. (2004) propõe que os métodos numéricos são muito utilizados 

atualmente pela alta velocidade de processamento dos novos computadores. O 

número de soluções analíticas das equações que descrevem fluidos newtonianos 

(Navier Stokes) é bastante reduzido, mesmo que não se tratem de equações 

recentes. Os computadores então aproximam essas soluções e tornaram possível a 

simulação.  

Segundo Souza (2011), Dinâmica Computacional dos Fluidos (CFD) é um 

conjunto de modelos matemáticos e de métodos numéricos baseados na 

capacidade de processamento computacional, utilizada para simular o 

comportamento de sistemas que envolvem escoamento de fluidos, trocas térmicas, 

reações químicas, entre outros processos.  

Anderson (1995), define que a simulação computacional é a arte de 

substituir as integrais ou derivadas parciais em equações discretizadas em formas 

algébricas, que são resolvidas com o intuito de obter valores para os campos de 

escoamento em pontos do tempo e espaço 

De acordo com Versteeg e Malalasekera (2007), todos os códigos de 

solução de equações por meio de computadores possuem três elementos principais: 



48 

 

A) Pré-processamento: É a inserção do problema no programa CFD, detalhamento 

da geometria do escoamento. Nessa etapa é criada a geometria 3D em software 

CAD e importada para o simulador. Então é gerada a malha computacional, 

selecionado seu modelo e nível de refino (deve-se levar em conta as limitações de 

poder de processamento). É escolhido o modelo matemático, fluido e equações que 

serão utilizadas na resolução, assim como também as condições de contorno. 

A malha representa o domínio (formato) de interesse na simulação, e quanto 

maiores os números  de "nós" dessa malha, maior a aproximação dos resultados, e 

também maior a necessidade de poder de processamento e tempo. Geralmente as 

malhas são mais refinadas em áreas com grandes variações, e mais grosseiras em 

regiões com mínimas mudanças. 

Figura 34 - Exemplo de malha gerada para simulação de um aerofólio 

 

Fonte: CFD Online (2019). 

B) Solução Numérica: Existem três formas de resolver as equações, o método das 

diferenças finitas,  dos elementos finitos e volumes finitos, e o método dos 

elementos de contorno. Nesses métodos , o campo de escoamento é descrito em 

função de valores discretos e relativos à posições. Essa metodologia permite que as 

equações diferenciais sejam substituídas por equações algébricas, que então são 

resolvidas pelo computador.  Os passos para a solução do problema são; Integração 

das equações governantes nos volumes de controle do domínio, a discretização 



49 

 

(conversão das integrais em equações algébricas) e a solução algébrica das 

equações por um método iterativo.  

C) Pós-processamento: Representa a visualização e análise dos resultados. Nessa 

etapa, é possível a plotagem das informações em gráficos, visualização da 

simulação em animações, e principalmente, análise da coerência das informações 

obtidas, checando assim se não há necessidade de alteração das informações 

processadas, qualidade e refinamento de malha, e etc. É possivel validar o modelo 

comparando-o com dados experimentais ou analíticos, e tirar as conclusões. 

 

2.6.1 Modelos de turbulência 

Analisar fenômenos que envolvem turbulência é um grande desafio, mas 

extremamente importante para prever situações que podem vir à ocorrer e interferir 

no estudo. Nesse sentido, as ferramentas CFD são uma grande vantagem, pois 

permitem a adoção de modelos matemáticos que simulam a presença de turbulência 

no escoamento.  

Para Versteeg e Malalasekera (2007), modelo de turbulência é um 

procedimento que visa aproximar o sistema de equações para possibilitar o cálculo 

de uma vasta amplitude de problemas. Os modelos de turbulência mais comuns são 

apresentados à seguir. 

RANS:  Segundo iESSS (2011), o método RANS (Reynolds Averaged Navier Stokes 

- Modelos da turbulência baseado nas equações de Navier-Stokes médias no 

tempo) é o modelo de turbulência mais utilizado. As equações do RANS são 

formuladas em termos de tempo e média do campo de escoamento (velocidade, 

pressão, densidade e temperatura). Ou seja, oscilações da turbulência são 

desconsideradas, e as equações tornam-se mais simples para o processo CFD. 

k-ε:  Para Wilcox (1993), o modelo k-épsilon é o mais popular de duas equações, 

possuindo uma equação de transporte para energia cinética turbulenta (k) e uma 

para a sua dissipação (ε). Karthik (2011), defende que o modelo possui facilidade de 

implementação, cálculos estáveis e boa assertividade. Entretanto os resultados do 



50 

 

modelo quando se tratam de turbilhões, fluxos de alta separação e turbulência  

anisotrópica são ruins, sendo eficiente apenas para fluxos completamente 

turbulentos. 

Spalart- Allmaras:  Segundo Spalart (2000), é um modelo que soluciona a equação 

de transporte modelada para a viscosidade cinemática turbulenta. Sendo 

desenvolvida  especificamente para aplicações aeroespaciais,  demonstra 

resultados muito bons em situações de elevado gradiente de pressões na camada 

limite (o caso da asa de um avião).  

 



51 

 

3 METODOLOGIA 

O presente capítulo apresenta a metodologia que será utilizada para a 

simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)-415 com a utilização de flapes 

planos. Inicialmente será descrita a metodologia de pesquisa na qual esse trabalho 

foi baseado, e em seguida serão numeradas as etapas utilizadas para a construção 

do modelo numérico. 

3.1 Metodologia da pesquisa 

3.1.1 Classificação quanto ao modelo de pesquisa 

Segundo Gil (2010) e Collis; Hussey (2005), a pesquisa é classificada 

segundo a sua finalidade, que pode ser exploratória, explicativa e descritiva. O 

estudo exploratório tem por objetivo aproximar o pesquisador do problema, 

maximizando seus conhecimentos. E Richardson (1999) afirma que a pesquisa 

exploratória aprofunda conhecimentos para procurar explicações das causas e 

consequências.  

Para Rudio (1985), as pesquisas descritivas não se limitam apenas à 

descoberta, mas também à analisar e classificar os fatos. Oliveira (1999) ainda 

recomenda que a aquisição de dados de uma pesquisa descritiva seja feita por meio 

exploratório, pelo planejamento rigoroso. 

Levando em consideração a descrição proposta, esse trabalho possui 

natureza exploratória descritiva, visto que tem por objetivo maximizar os 



52 

 

conhecimentos do autor sobre determinado assunto por meio da pesquisa de 

referenciais, analisar a relação entre variáveis, e gerar uma conclusão à cerca do 

procedimento realizado. 

3.1.2 Método de análise dos dados 

Martins (2004), define que a pesquisa qualitativa emprega diferentes 

métodos de coleta de dados, analisando "microprocessos" envolvidos em ações 

sociais, ao passo que os procedimentos quantitativos se baseiam em textos e 

gravuras, e usam estratégias diversas para investigação. A pesquisa quantitativa 

pode ser entendida como método que centraliza sua preocupação no exame dos 

dados, nas tabelas, nos números. Marconi e Lakatos (2009), afirmam que  na 

pesquisa quantitativa, a representação dos dados é feita pelo uso de técnicas 

quânticas de análise, e seu resultado dinamiza o processo de relação entre as 

variáveis. 

Assim, pode-se classificar essa pesquisa como quantitativa, visto que os 

dados são quantificáveis, numéricos,  sendo coletados, combinados e analisados 

por técnicas exatas, sem segundas interpretações.  

3.1.3 Procedimento metodológico 

A metodologia proposta para o desenvolvimento do estudo abrange todas as 

condições e etapas necessárias para a simulação computacional do aerofólio com 

seu dispositivo de hipersustentação (flape). A figura 35 representa os procedimentos 

metodológicos adotados neste trabalho. 



53 

 

Figura 35 - Metodologia proposta para o desenvolvimento do trabalho 

 

Fonte: Do autor (2019). 

3.1.4 Simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)-415 com flapes  

Essa seção apresenta os passos que serão tomados para a simulação 

computacional do aerofólio NACA 65(2)415 com a utilização de flapes. 

3.1.5 Definição das condições de contorno 

Essa etapa do trabalho visa definir todas as condições de contorno que 

serão aplicadas à simulação computacional, como características do aerofólio, 

regime de escoamento e simplificações. 

A) Aerofólio analisado: O aerofólio que será estudado é o NACA 65(2)415, 

pertencente à família dos 6 dígitos. A escolha do aerofólio é  devido ao 

conhecimento prático do autor sobre seu desempenho, na aeronave Embraer 720C 

(Minuano), e também a escassez de avaliações numéricas do mesmo, sendo 

estudado pela NASA no ano de 1950, de forma prática em túneis de vento no centro 

de pesquisa de Langley, na Virgínia. 

Simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)-415 
com flapes 

Definição das condições de 
contorno 

Verificação do código 
numérico 

Teste de qualidade de malha 

Variação dos parâmetros 



54 

 

Figura 36 - Embraer 720C com os flapes defletidos 

 

Fonte: Do autor (2019). 

Figura 37 - Aerofólio NACA 65(2)-415 

 

Fonte: Airfoiltools (2019). 

 

B) Software CFD: Todas as simulações serão realizadas no Software Ansys Fluent, 

sendo um programa que contém as configurações necessárias para uma simulação 

de escoamento tanto laminar quanto turbulento. 

C) Bidimensional: A análise realizada será bidimensional (2D), considerando 

apenas o perfil do aerofólio estudado, suas deflexões de flape e ângulos de ataque.  

D) Características do escoamento:  O fluido utilizado será o ar atmosférico nas 

condições padrão, fluído incompressível, regime permanente e escoamento 

isotérmico. 

E) Representação do domínio: Para realizar a simulação será criado um domínio 

com limites definidos (pode ser comparado às paredes de um túnel de vento), 

visando concentrar o poder de processamento apenas na região de interesse, 

tomando o devido cuidado para que sua dimensão seja grande o bastante para não 

interferir no escoamento. Os limites inferior e superior serão configurados na 



55 

 

condição de simetria e não deslizamento. O aerofólio centrado no domínio terá a 

condição de parede. A velocidade do escoamento será definida na entrada, e na 

saída será configurada a pressão. Ou seja, quem se moverá será o escoamento de 

ar, e o aerofólio fica estático. 

Figura 38 - Domínio da simulação computacional 

 

Fonte: Do autor (2019). 

3.1.6 Verificação do código numérico 

Com o intuito de verificar e validar a metodologia aplicada na análise 

numérica do aerofólio, inicialmente será feita uma simulação computacional 

configurada de acordo com o trabalho de Obeid et.al.(2017), onde foram obtidos 

resultados de boa precisão em relação à dados experimentais para o aerofólio 

NACA 0015. A escolha dos autores foi feita em razão da utilização do modelo de 

turbulência, pela simplificação da deflexão do flape (sem fenda), boa descrição das 

condições de contorno e comparação com dados experimentais.. A figura 39 ilustra 

a simplificação de deflexão de flapes que também será adotada no aerofólio em 

estudo. 



56 

 

Figura 39 - Simplificação da deflexão dos flapes 

 

Fonte: Obeid et.al. (2017).   

3.1.7 Teste de qualidade de malha 

Com o objetivo de excluir variações no resultado final das simulações que 

estejam relacionadas à discretização do problema, é feito o teste de qualidade de 

malha. Para a situação de maior esforço computacional (maior α) serão feitas 

sucessivas simulações aumentando a quantidade de elementos progressivamente 

(refinando), até o ponto na qual a adição de elementos não altere significativamente 

o resultado final. Essa metodologia também visa reduzir o tempo dedicado à cada 

simulação, exigindo apenas o esforço computacional necessário. 

3.1.8 Iterações analisadas 

As iterações estudadas na simulação do aerofólio foram escolhidas de 

acordo com o relatório do estudo da NASA, objetivando gerar valores de CL em três 

estágios da curva CL vs α com a deflexão de flape de 55°, essas informações estão 

dispostas à seguir em forma de tabela. 

Tabela 2- Iterações estudadas no trabalho 

Fonte: Do autor (2019). 

 



57 

 

4   RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Com o objetivo de analisar a efetividade da metodologia proposta para a 

comparação entre testes práticos do NACA 65(2)415 em túnel de vento e a 

aproximação numérica, o presente capítulo demonstra os resultados obtidos e a 

discussão sobre eles.  

4.1 Verificação do código numérico 

Como já mencionado anteriormente, foi escolhido o trabalho de OBEID et 

al.(2017) para verificar se a metodologia de configuração do software Ansys 

efetuada pelo autor e orientador são aceitáveis. Desta forma, foi reproduzida a 

situação na qual o NACA 0015 foi simulado para um ângulo de ataque de 10°, e 

flapes também 10° defletidos. 

As coordenadas do aerofólio foram obtidas no site da Airfoiltools.com, assim 

como OBEID et al.(2017), e plotadas no software Javafoil, ferramenta simplificada 

que permite modelar situações como ângulos de ataque, deflexão de flapes em 

função da corda, modelagem de curvatura, e etc. 

A corda do aerofólio é de 1m, utilizando número de Reynolds= 106 ,número 

de Mach calculado para 0,04296278, obtida pela equação 5. Para facilitar a geração 

da malha e análise computacional, o aerofólio e a superfície de flape  defletida foram 

construídos em uma única geometria (sem fenda), sendo a superfície defletida tendo 

a dimensão de 0,3c (30% da corda). Foram utilizadas malhas de formato 



58 

 

triangular,como padrão standard do ANSYS., sendo o maior diâmetro de 49,2 C e o 

menor 12,3c.  

As condições de contorno para a simulação foram  campo de pressões no 

domínio periférico e condição de parede estacionária baseada em Riemann 

Invariants, e corrente livre no infinito, número de Mach e condições estáticas 

especificadas.  

As configurações dos parâmetros foram: Solver independente do tempo 

baseado na pressão, modelo de turbulência k-epsilon para analisar o fluxo na 

camada limite sobre o aerofólio. O fluxo de ar é considerado incompressível. O 

simples esquema de gradiente Green-Gauss cell-based implícito na formulação de 

velocidade de pressão é utilizado.  

Na figura 40 demonstra-se o aerofólio NACA0015 gerado e importado do 

Javafoil. 

Figura 40- Aerofólio NACA0015 Flape 10° Ataque 10° no Javafoil 

 

Fonte: Do autor (2019). 

O resultado da simulação do aerofólio acima (no Ansys) é comparado 

graficamente com os resultados de Obeid, e segue abaixo: 



59 

 

Tabela 3- CL vs α 

 

Fonte: Do autor (2019). 

Verificou-se um valor de coeficiente de sustentação igual à 1.4538969, que 

quando comparado o valor obtido por OBEID  et al.(2017) na mesma situação (1,5) 

demonstram que a diferença de resultados é na ordem de 3,73%, podendo ser 

interpretada como advinda da diferença de modelagem dos nós, tamanho do 

domínio ou até critério de convergência utilizado. 

Após o resultado, foi considerada concluída a verificação de setup do Ansys, 

com resultado próximo e aceitável. Seguindo adiante com o trabalho em sí. 

4. 2 Simulação computacional do aerofólio NACA 65(2)415 

Da mesma forma que o aerofólio anterior, o NACA65(2)-415 foi gerado e 

modelado no software Javafoil, e importado para o Ansys por meio das coordenadas 

resultantes.  

 

 



60 

 

Figura 41- Pontos do aerofólio e flapes gerados no software Javafoil 

 

 

Fonte: Do autor (2019). 

As condições impostas ao software Ansys foram semelhantes ao executado 

na análise anterior, com número de Mach especificado e correspondente à Re= 106 

(para uma corda de 2 pés), condição de parede do aerofólio, modelo de turbulência 

de Spalart Allmaras e critério de convergência de 10-4.  

O domínio criado para a simulação do aerofólio tem o formato de entrada 

esférico e jusante quadrangular, como é demonstrado na figura abaixo: 

Figura 42- Esquema do domínio criado para a simulação 

 

 

Fonte: Do autor (2019). 

A malha gerada para a análise tem formato triangular e disposta em cerca 

de 550513 nós, resultando em 797303 elementos. A figura 43 mostra o domínio de 

forma macro, e as figura 44 e 45 de forma mais aproximada. 



61 

 

 

Figura 43- Macro vista do domínio gerado para a simulação 

 

Fonte: Do autor (2019). 

Figura 44-Vista aproximada da malha computacional 

 

Fonte: Do autor (2019). 

 

 

 

 

 



62 

 

Figura 45- . Vista dos nós da malha no bordo de ataque do aerofólio 

 

Fonte: Do autor (2019). 

 

4.2.1 Teste de qualidade de malha  

O teste de qualidade de malha foi realizado sob as configurações descritas 

anteriormente. Foi escolhida uma iteração de mediana dificuldade de 

processamento, como é o caso do ângulo de ataque de 8° (com os 55° de flapes). 

Foram realizadas sucessivas simulações aumentando gradativamente o número de 

cálculos, e comparando a variação dos coeficientes de arrasto e sustentação, como 

são mostrados na imagem abaixo. À partir de cerca de 275000 elementos a variação 

dos coeficientes se tornou desprezível, tornando esse número uma referência no 

limite de equações atribuídas. 

 

 



63 

 

Figura 46- Teste de qualidade de malha 

 

Fonte: Do autor (2019). 

 

4.2.2 Variação de parâmetros 

Como mencionado anteriormente, o parâmetro alterado ao longo das 

simulações foi ângulo de ataque para uma deflexão de flape de 55°. Os ângulos de 

ataque selecionados foram de -8°, 0°, 8° e 10°, objetivando ter valores próximos do 

ponto de inflexão da curva coeficiente de sustentação vs ângulo de ataque (curva de 

estol). 

 

 

 

 

 



64 

 

As imagens seguintes mostram os resultados das distribuições de pressão e 

velocidades entorno do NACA 64(2)415, para uma deflexão de flape de 55° 

 

1) Ataque -8° 

Figura 47- Distribuição de pressões sobre o aerofólio com ataque -8° 

         

                        

Fonte: Do autor (2019). 

 

 

 

 

 



65 

 

 

 

Figura 48- Distribuição de velocidades sobre o aerofólio com ataque -8      

 

                           

Fonte: Do autor (2019) 

. 

 

 

 

 

 

 

 



66 

 

2) Comparação das velocidades antes e depois do ESTOL 

Figura 49- Perfil de velocidades na transição de estol. 

 

 

Fonte: Do autor (2019). 

Pode-se constatar que a distribuição de velocidades ocorre de forma 

coerente com a teoria, sendo a maior velocidade registrada no extradorso do 

aerofólio, causada pela queda de pressão do alfa = 0° até o alfa=8° (visível na figura 

50), sendo esse princípio o chamado Bernoulli, descrito anteriormente. O mesmo 

comportamento é perceptível nas próximas iterações, o ângulo de ataque vai sendo 

aumentado e ao ponto que a pressão no extradorso cai, a velocidade aumenta (e 

vice versa). A turbulência na saída (bordo de fuga) é crescente (percebe-se a 

amplitude da oscilação do escoamento turbulento), , e mesmo que o aerofólio 

demonstre características de continuar produzindo sustentação (queda de pressão e 



67 

 

aumento de velocidade), é necessário analisar os coeficientes de sustentação e 

arrasto, para ver em qual ângulo ocorre o estol. 

3) Comparação das pressões antes e depois do estol. 

Figura 50- Perfil de pressões na transição de estol. 

 

Fonte: Do autor (2019). 

 

Percebe-se a queda brusca de pressão ocorrida em todo o aerofólio, com o 

pico no extradorso. Essa variação brusca ocorre tanto pelo ângulo de ataque quanto 

pela deflexão de flape, que já causou um grande arqueamento prévio na asa. A 

pressão decai de -0,5 KPa para -1,2 KPa, apenas com o aumento de 8° no ataque. 

pela teoria, queda de pressão no extradorso significa força de sustentação agindo, 

mas até que ponto essa turbulência afeta essa sustentação é a questão chave. 

 

 



68 

 

 

4) Ataque 10° 

Figura 51 - Distribuição de Pressões do NACA 65(2)415 A10F55 

 

Fonte: Do autor (2019). 

A pressão continua caindo com o aumento do alfa, ao ponto que a 

velocidade no extradorso aumenta. 

Figura 52 - Distribuição de velocidades do NACA 65(2)415,alfa = 10°. 

 

Fonte: Do autor (2019). 



69 

 

4.2.3 Comparação dos resultados com os testes 

experimentais da NASA 

Sobre os valores de CL obtidos com cada iteração simulada, foi gerado o 

gráfico/tabela 4, que converge os resultados experimentais da NASA e o presente 

estudo computacional. 

Tabela 4-  Comparação entre os valores de CL e ângulo de ataque 

 

Fonte: Do autor (2019). 

Como pode ser percebido no gráfico/tabela 4, a curva gerada no Ansys 

mantém o mesmo perfil que a curva experimental, mostrando uma maior diferença 

no ângulo de ataque de 0° (cerca de 20%), mas aproximando muito bem  os outros 

valores, e inclusive o ponto de inflexão das curvas é semelhante, considerando que  

o ângulo de estol ocorre na verdade aos 6° (figura 2). Sendo o estol uma das 

informações mais importantes na construção e operação dos aviões, o fato da 



70 

 

análise  numérica ter aproximado muito bem o valor experimental demonstra ser 

uma boa forma de avaliar pontos críticos do desempenho do aerofólio.   

No gráfico abaixo é construída a curva CL vs Cd da simulação. 

Tabela 5 - Comparação entre os valores de CL e CD da simulação computacional. 

 

Fonte: Do autor (2019). 

 

Como mencionado anteriormente, a análise da distribuição das pressões e 

velocidades dá uma boa noção do que ocorre, mas é necesário comparar os 

coeficientes de sustentação e arrasto para saber os pontos críticos (estol). Na figura 

acima é possivel perceber que a inflexão da curva ocorre com o alfa = 8°, o que na 

verdade seria já verificado nos 6° (caso esse ângulo fosse estudado). Como foi 

escolhido estudar as características do escoamento antes e depois do estol, é 

justificado. A proximidade entre os valores obtidos pela simulação computacional e 

os obtidos pela NASA em 1950, permitem constatar que apesar da defasagem entre 

os valores, as curvas de CL vs ângulo de ataque evoluem de forma semelhante. 

 

 



71 

 

 

5. Conclusões 

 

Foi efetuada a modelagem do NACA 65(2)-415 como proposto, de forma 

simplificada, com flapes embutidos, foram efetuadas as simulações propostas do 

aerofólio estudado em alguns ângulos de ataque interessantes ao estudo.  A 

verificação do código numérico mostrou uma boa aproximação de uma iteração 

crítica analisada (estol, desvio de 1,1% no valor de CL), e foi possível aproximar o 

comportamento das iterações estudadas aos valores obtidos pela NASA, 

apresentando alguns desvios mas comportamento semelhantes, baseados nos 

valores de CL, Cd em ângulos críticos. De forma simplificada, o comportamento da 

curva é semelhante, mostrando relevância à esta aproximação simplificada. Pode-se 

concluir que a aproximação experimental permitiu reproduzir o comportamento das 

variáveis que foram testadas e mensuradas de forma prática pela NASA, mostrando 

que o estol do aerofólio ocorre no mesmo ponto como o previsto. Pode-se concluir 

anda que o estudo dos coeficientes de sustentação e arrasto são os pontos chaves 

para estimar o comportamento de um aerofólio submetido ao escoamento, pois a 

interação entre eles que irá predizer as características e limites operacionais das 

aeronaves. A NASA buscou entender como as variáveis se alteram de forma 

conjunta (iterações), e foram reproduzidas alguma dessas iterações, chegando à 

resultados promissores. 



72 

 

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