Trajetórias de feminização no trabalho hospitalar

Trajectories of feminization in hospital work

Tábata Milena Balestro Borges1, Priscila Pavan Detoni2

Resumo: O  objetivo  deste  trabalho  é  compreender  as  trajetórias  de  feminização  no  espaço  hospitalar,
entendendo os reflexos da divisão sexual e das relações de gênero nas práticas de trabalho, com base em uma
pesquisa realizada em um hospital na serra gaúcha. Utilizou-se, como metodologia, a análise de discurso das
trajetórias de vida das trabalhadoras, através de entrevistas semiestruturadas. Participaram desta pesquisa nove
mulheres  com  escolaridades  e  funções  diversas.  As  análises  compuseram-se  pelos  seguintes  elementos:  o
trabalho como possibilidade de autonomia e sustento; o trabalho feminino precarizado diante da divisão sexual
do trabalho e no início da carreira;  o trabalho feminino doméstico como pouco reconhecido e obrigatório; a
duplicidade da jornada em ser mãe e trabalhadora; e o cuidado como atribuição naturalizada das trabalhadoras da
saúde.  Conclui-se que essas mulheres  sentem-se realizadas no trabalho,  apesar  de serem pouco valorizadas,
diante  dos  marcadores  sociais  de  gênero  e  faixa  etária.  Rever  suas  trajetórias  permitiu  repensar  que  as
dificuldades  em relação  à  feminização  do  trabalho  não  sejam estendidas  para  a  próxima geração,  além da
possibilidade de produzir saúde.

Palavras-chave: Feminização, cuidado, trabalho hospitalar

Abstract: The  goal  of  this  study  is  to  understand  the  pathways  to  the  feminization  within  hospitals,
comprehending the outcomes of sex division and gender relations at work based on a research performed in a
hospital in the state of Rio Grande do Sul.  The methodology used was semi-structured interviews about the
workers’ life paths and analysis of discourse. Nine women with a wide range of education and varied functions
participated  in  this  research.  The  analysis  was  made  of  the  following  elements:  work  as  autonomy  and
sustenance; precarious female work due to sexual division of labor and beginning of career; female domestic
work as under acknowledged; the double journey of being a mother and a worker; and caretaking as a natural
attribution to the female health provider. It is concluded that these women feel fulfilled at work even being little
recognized because of the social markers of gender and age. To review their life paths allowed them to rethink so
the difficulties regarding feminization of work does not get expanded to the next generation, plus the possibility
to strengthen their health. 

Keywords: Feminization, care, hospital work

 Introdução

Este artigo apresenta as trajetórias de feminização3 no espaço hospitalar, entendendo

os reflexos da divisão sexual e das relações de gênero nas práticas de trabalho, com base em

1 Graduanda em Psicologia pela UNIVATES, Graduada em Administração pela Faculdade Cenecista de Bento 
Gonçalves. Contato: tabatabalestro@yahoo.com.br
2 Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) e Docente da UNIVATES. Contato:
ppavandetoni@gmail.com
3 Para Yannoulas (2011, p.271) feminização se refere a “um significado qualitativo que alude às transformações
de significado e valor social de uma profissão ou ocupação, originadas a partir da feminilização ou aumento
quantitativo e vinculadas à concepção de gênero predominante em uma época.”

1



uma pesquisa realizada em um hospital na serra gaúcha. Dessa forma, é importante considerar

as constantes transformações nas relações de trabalho e de gênero. 

O  desejo  por  realizar  esta  pesquisa  surgiu  através  da  experiência  de  uma  das

pesquisadoras, que trabalhou por um período de quatro anos em um hospital no interior do

RS, no qual o total de colaboradores correspondente era cento e dezoito (1184) e, desse total,

cerca  de  noventa  e  nove  (99)  representava  o  número  de  mulheres,  ou  seja,  84%  dos

trabalhadores  do  hospital  eram  mulheres.  Essa  foi  a  circunstância  que  mobilizou  o

pensamento  sobre  na  feminização  do  trabalho  em  saúde,  uma  vez  que  o  quadro  de

funcionários/as do hospital em sua maioria é composto por mulheres, filhas, mães, donas de

casa, trabalhadoras, portanto cuidadoras no contexto da saúde.

Durães, Jones e Silva (2010) apontam que as mulheres possuem maior oportunidade

de colocação no mercado de trabalho em setores de públicos,  nos serviços,  sobretudo, de

saúde e de educação, no comércio e no setor industriário, quando se trata de produção têxtil,

alimentos e bebidas. Esses autores consideram que, mesmo sendo perceptível o aumento de

mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos, situações que denotam a divisão sexual do

trabalho5 estão  ainda  muito  presentes.  Para  Wermelinger,  Machado,  Tavares,  Oliveira  e

Moysés (2010), o setor da saúde apresenta forte vocação para a ocupação de mulheres, em

que o contingente feminino tem se tornado majoritário nesse ramo da economia.

 Pastore, Rose e Homem (2008) afirmam que o setor da saúde tem se caracterizado

pela presença da divisão sexual do trabalho, no qual, predominantemente, as mulheres atuam

nas funções voltadas  ao cuidar, por essa prática ser vista e reconhecida como um processo

naturalizado e, por vezes, precarizado. 

Antunes (2014) aponta que estamos vivendo um momento de “precarização estrutural

do  trabalho”,  referindo-se  às  novas  características  encontradas  em  nosso  cotidiano

profissional, como por exemplo: a fragilidade do contrato de trabalho formal e regular que

vem sendo modificado por formas atípicas de trabalho precário e/ou voluntário; cooperativas

que estão sendo criadas a fim de extrair recursos dos/as trabalhadores/as e, por outro lado, não

há  uma  contra  partida  que  assegure  as  condições  mínimas  para  o  desempenho  de  suas

4 Dado obtido do CAGED, no mês de 09/2016.
5 Divisão sexual do trabalho é um conceito que foi criado e estudado pela autora francesa Danièle Kergoat 
(Hirata e Kergoat (2007).

2



atividades;  os  novos  modelos  de  administração  que  visam  disseminar  a  ideia  de  que  as

flexibilizações do salário, do horário e da função são benefícios.

Para  Hirata  (2001/02),  a  amplitude  do  espaço  que  as  mulheres  vêm  obtendo  no

mercado de trabalho chama a atenção devido ao modelo de trabalho precário, vulnerável e

flexível.  Dessa  forma,  as  trabalhadoras  ainda  vivenciam  em  suas  práticas  profissionais

reflexos de uma história de luta contínua, e que precisa ser tratada com a devida atenção. 

Por isso, esta pesquisa buscou entender o processo de feminização do trabalho em um

setor  da  saúde,  especificamente,  em  um  hospital  de  média  complexidade,  no  qual

problematizou-se os desafios encontrados pelas mulheres em relação à equidade de gênero no

trabalho, uma vez que trabalho e gênero estão diretamente associados. 

O trabalho,  conforme Nardi  (2006)  é  central  para  o  desenvolvimento  da  estrutura

social, material e psíquica dos sujeitos. E o gênero é um fator que constitui o sujeito, uma vez

que o/a trabalhador/a imprime em sua dinâmica de trabalho características que se referem à

divisão sexual do trabalho, marcada pela generificação dos sujeitos, do que seria trabalho de

homem e de mulher.

Deste  modo,  a  análise  das  trajetórias  de  vida  das  trabalhadoras  pesquisadas  foi

composta  pelos  seguintes  eixos  orientadores:  o  trabalho  como  autonomia  e  sustento;  o

trabalho feminino precarizado diante da divisão sexual do trabalho e no início da carreira; o

trabalho feminino doméstico como pouco reconhecido e obrigatório; a duplicidade da jornada

em ser mãe e trabalhadora; e o cuidado como atribuição naturalizada das trabalhadoras de

saúde. 

Gênero, trabalho e cuidado

A fim de compreender como ocorre a feminização do trabalho na área da saúde, tendo

em vista a divisão sexual, entende-se que os conceitos de gênero, trabalho e cuidado estão

diretamente associados. 

Na  sociedade  ocidental,  só  é  possível  existir  dentro  de  um  gênero,  feminino  ou

masculino. A partir dessa divisão, monta-se uma trajetória para estes gêneros, seja através do

comportamento, do corpo ou através do trabalho. Para Meyer, Klein, Da’Igna e Alvarenga

3



(2014), o entendimento de gênero é construído e implicado através de discursos instituintes de

feminilidades e de masculinidades que são produzidos e ressignificados ao mesmo tempo.

Isso  implica  considerar  que  as  instituições  sociais,  os  símbolos,  as  normas,  os

conhecimentos,  as  leis,  as  doutrinas  e  as  políticas  de  uma  sociedade  são  constituídas  e

atravessadas  por  pressupostos  de  gênero  e,  ao  mesmo  tempo,  estão  implicadas  com sua

produção, manutenção e ressignificação (MEYER et al., 2014). 

Para Butler (2013), o gênero é culturalmente construído, diferente da ideia de que o

sexo  é  naturalmente  concebido.  Tal  percepção  torna-se  fundamental  para  a  mudança  de

concepção  do  senso  comum,  pois  a  diferenciação  desses  entendimentos  nos  remete  a

desnaturalizar a ideia de que o feminino está ligado à postura de fragilidade ou submissão,

como também para explicar preconceitos que ainda existem em torno da reiteração que é feita

para designar os corpos nos seus postos de trabalho. Butler (2013, p.58-59) ainda aponta que

“ser  de  um  gênero  é  um  efeito”,  ou  seja,  a  construção  social  desse  “ser”  passa  por

efeitos/modificações  das  mais  diversas  no  cotidiano,  sendo  uma  consequência  disso,  por

exemplo, a divisão sexual do trabalho.

Tendo em vista um número considerável de mulheres que atuam no setor da saúde,

Hirata e Kergoat (2007) apresentam o conceito de divisão sexual do trabalho e atentam para

dois aspectos fundamentais: o primeiro aponta questões sociográficas, que visam identificar

como se dá a distribuição de homens e mulheres no mercado de trabalho, e as variantes de

tempo e local dessa distribuição; o outro aspecto apresenta que as desigualdades funcionam

geralmente  de  forma sistemática  e  que  isso também está  associado às  diferentes  práticas

profissionais e, portanto de gênero.

Com relação  à  divisão  sexual  do  trabalho  na  área  da  saúde,  Durães  et  al.  (2010)

afirmam que o setor da saúde tem sido socialmente reconhecido como trabalho feminino. Os

autores  argumentam  que  isso  ocorre  devido  ao  fato  de  que  tais  atividades  profissionais

geralmente  são  semelhantes  àquelas  desempenhadas  no  cotidiano  da  mulher,  como  por

exemplo, o cuidado com a família. 

Pastore  et  al.  (2008)  salientam  que  há  uma  maior  incidência  de  feminização  no

contexto da saúde nas áreas de enfermagem, higienização e no setor de nutrição. Isso se refere

aos diferentes modos que o meio social cristaliza ou regula o que define ser homem ou ser

mulher e quais lugares e atribuições seriam mais apropriados para cada sujeito,  dentro da
4



perspectiva de gênero. Para alguns postos, é preconizada a virilidade e, em outros, o cuidado,

uma vez que  a  dinâmica  das relações  de trabalho,  como as  de gênero,  é  fundamental  na

constituição de cada sujeito.

De acordo com essa perspectiva,  Scott  (1995) destaca que o gênero é um conceito

histórico,  e  que  demarca  em  seu  terreno  questões  socioculturais  que  permanecem  em

constante fluxo, evocando reflexões acerca da construção da caminhada da mulher. A autora

indaga:

Qual é a relação entre as leis sobre as mulheres e o poder de Estado? Por que (e
desde  quando)  as  mulheres  são  invisíveis  como  sujeitos  históricos,  ainda  que
saibamos que elas participaram de grandes e pequenos eventos da história humana?
O gênero legitimou a emergência de carreiras profissionais? [...] Houve, em algum
momento, conceitos de gênero verdadeiramente igualitários sobre os quais fossem
projetados ou mesmo fundados sistemas políticos? (SCOTT, 1995, p.93).

Assim sendo,  gênero é  uma categoria  em curso,  que se relaciona  inclusive com a

temática do trabalho, uma vez que os meios de produção e a divisão de renda reproduzem as

relações.  Para  Detoni  e  Nardi  (2012,  p.66),  “as  relações  de  gênero  são  constituintes  dos

modos  e  dos  processos  de  subjetivação,  [...]  a  subjetividade  como  uma  produção  da

experiência  de  si,  em  um  determinado  contexto  sócio  histórico.”  Nessa  perspectiva,  a

constituição do sujeito se dá através das atribuições de gênero, na qual o sujeito define-se ou é

definido, bem como o entendimento de que trabalho faz parte da identidade social dos sujeitos

(Nardi, 2006).

Para  Merlo,  Bottega  e  Perez  (2014),  o  trabalho continua  possuindo um espaço de

centralidade na vida das pessoas, como preconizou Dejours (2000). Devido a esse fato, ele

pode ser fonte de prazer ou de sofrimento, questão essa que vem ao encontro dos objetivos

desse  estudo,  que  se  refere  a  potencializar  o  cuidado  e  produzir  saúde  para  essas

trabalhadoras, apesar das precarizações decorrentes da feminização.

Deste modo, percebe-se uma conexão importante na relação gênero e trabalho.  Para

Araújo (2001/02, p.133), as mulheres passaram a ingressar no mercado de trabalho, de forma

crescente,  durante  “as  décadas  de  1920  e  1980,  acompanhando  os  processos  de

industrialização e de urbanização da sociedade.” A autora também salienta que as ocupações

femininas  tradicionais  daquele  período  eram  caracterizadas  por  serviços  domésticos,

atividades  em prol do próprio consumo e da família,  além de serviços como “magistério,

5



enfermagem,  comércio,  telefonia,  alguns  setores  industriais,  como  os  ramos  têxtil  e  do

vestuário, e nos serviços pessoais, como cabeleireiras, manicures, lavadeiras.” 

Durante  décadas,  as  mulheres  vêm  absorvendo  possibilidades  significativas  de

oportunidades  no  mercado  de  trabalho,  fazendo  com  que  a  feminização  do  mercado  de

trabalho acompanhasse os processos de reestruturação produtiva e globalização. 

Carvalho,  Cavalcanti,  Almeida  e  Bastos  (2008,  p.  440)  questionam:  “será  que  na

divisão de trabalho por gênero há uma tendência recorrente à assunção pelas mulheres e/ou a

atribuição a elas, mais do que aos homens, do papel de cuidadora?” De acordo com Meyer et

al.(2014), a feminização é marcada pelo lugar de cuidadora dos vulneráveis, dos doentes. Para

tal, Guimarães, Hirata e Sugita (2011, p. 154) colocam que “no Brasil e nos países de língua

espanhola,  a  palavra  “cuidado”  é  usada para designar  a  atitude;  mas é  o verbo “cuidar”,

designando a ação, que parece traduzir melhor a palavra care”. Nesse sentido, Dumont (2012,

p.43) refere que “o cuidado é tratado de forma naturalizada como modos de sentir e agir das

mulheres”, por esse motivo, o gênero estabelece “centralidade na construção das relações” e,

assim, se inicia a divisão sexual do trabalho.

Diante disso, é interessante refletir que as mulheres são treinadas para exercer funções

de cuidado desde a infância, por exemplo, brincadeiras de bonecas, cuidar dos irmãos, auxiliar

nos serviços domésticos. Nesses contextos, a menina passa a assumir o papel de mulher e, na

medida em que cresce, o que era apenas brincadeira de infância se naturaliza em suas práticas

diárias. Contudo, cabe destacar que, muito recentemente, as mulheres vêm assumindo postos

de trabalho fora de casa, assalariado e com direitos, afinal isso só foi possível no Brasil a

partir  de 1932, quando se conquistou o direito  do sufrágio universal6,  fruto das lutas  dos

movimentos feministas.

O trabalho das profissionais mulheres em um ambiente hospitalar

A condição do público feminino exercendo a prática do cuidado leva à reflexão sobre

a naturalização  do papel  da  mulher  na sociedade,  desde os  primórdios,  que  se referia  ao

cuidado dos filhos, da casa. Assim sendo, Yannoulas (2011, p. 283) aponta que o conceito de

feminização se refere a aspectos qualitativos observados na mudança que uma determinada

6 Direito ao Voto: No Brasil, apenas em 1932 a mulheres passa a ter o direito ao voto e também de ser votada. 
(Lopes, 2014, p.2).

6



ocupação  atravessa.  Essas  mudanças  estão  “vinculadas  à  imagem  simbólica  do  feminino

predominante na época ou na cultura especificamente analisada”.

Nesse  contexto,  torna-se  importante  considerar  os  processos  históricos  de

industrialização e urbanização, marcos esses fundamentais para a compreensão do conceito de

divisão sexual do trabalho. Conforme aponta Yannoulas (2011, p.276), o trabalho passou a ser

caracterizado  como  “trabalho  produtivo  e  assalariado,  excluindo  todas  as  atividades

destinadas à reprodução da vida biológica e social. Trabalhar foi pensado como uma atividade

a ser realizada extramuros, uma atividade pública. Cuidar do lar, dos filhos, dos idosos e da

família ficou delimitado como atividade não trabalho, privada”. A autora ainda complementa

que o  processo de  feminização  pode ser  considerado  “uma categoria  em movimento,  em

processo de construção”.

Hirata  (2001/02, p.  10) afirma que,  historicamente,  “a atividade feminina continua

concentrada em setores como serviços pessoais, saúde e educação”, por isso a feminização do

trabalho  em  saúde.  Assim,  a  abordagem  dessa  temática  diz  respeito  a  compreender  o

posicionamento do público feminino nos diversos contextos sociais do trabalho, levando em

consideração que estudar e pesquisar o tema divisão sexual do trabalho, tendo em vista as

constantes transformações que o mundo do trabalho vem percorrendo, torna-se um grande

desafio,  visto  que  ainda  hoje  temos  reflexos  da  história  em  que  as  mulheres  eram

diferentemente tratadas em relação aos homens. 

Outro analisador  importante  a ser observado no ambiente  hospitalar  é a hierarquia

estabelecida  nas  relações  entre  os  profissionais.  Para  Santos  (2010,  p.148),  “na  estrutura

hospitalar,  as  relações  de poder  manifestam-se em diversos  campos de atuação”.  O autor

suscita pensar no poder estabelecido pelas categorias que regulamentam os profissionais, as

relações sociais que sexualmente são hierarquizadas, em nível individual e coletivo.

Para Hora, Ferreira e Silva (2013), é estatisticamente comprovado o número maior de

profissionais do sexo feminino que atuam no âmbito hospitalar e, soma-se a isso, a sobrecarga

de trabalho que é algo eminente no dia a dia da mulher, devido às tarefas domésticas, entre

outras, que geralmente são desempenhadas em dupla jornada. 

Osório (2006) relata que as atividades em um hospital, tomando como base o exemplo

do estado de São Paulo, são dinâmicas constantes, onde o quadro muda em instantes e o

cenário é dinâmico, sendo preciso jogo de cintura por parte das profissionais que precisam se
7



adequar  o  tempo  todo.  Conforme Maturana  e  Valle  (2014,  p.3),  é  comum vivenciar  em

hospitais situações como “apresentar respostas rápidas relacionadas a situações-limite de vida

e morte de pacientes, alta carga horária, atendimento ao público, muitas vezes, em estados

emocionais  alterados,  sobrecarga  de  tarefas,  conflitos  de  opiniões  e  pontos  de  vista

divergentes com profissionais de outra formação acadêmica.

Em uma pesquisa realizada no interior do Rio Grande do Sul, com uma equipe de

atendimento pré-hospitalar, na qual  Carreno, Veleda e Moreschi (2015) identificaram que a

maioria  dos  profissionais  que integravam a equipe  era  composta  por  homens,  com idade

superior  a  36  anos,  que  ocupavam  as  funções  de  técnicos  em  enfermagem  seguido,  de

médicos  e  enfermeiros,  contrário  as  pesquisas  encontradas  até  o  momento.  Nesse caso,  a

atuação  do  sexo  masculino  em  atendimentos  pré-hospitalares  (SAMU7)  é  evidenciada

constantemente devido às atividades que exige força e preparo físico. Por isso, que ao estudar

feminização em um ambiente hospitalar não pode-se negligenciar o trabalho dos homens.

Desse modo, o gênero só existe nas relações, sejam elas domésticas ou de trabalho,

que hierarquizam um dos gêneros em detrimento do outro. Por esse motivo, a importância de

promover ações de saúde sejam elas individuais e ou coletivas. 

Percurso metodológico

“Todos esses que aí estão,
 Atravancando meu caminho,

 Eles passarão...
 Eu passarinho!”
Mário Quintana

Durante essa caminhada de pesquisa/escrita, buscou-se uma forma que representaria a

fala das participantes e eis que surgiu a imagem de um pássaro, de um passarinho.  Passarinho

porque a maior parte das mulheres trouxe presentes em suas narrativas e trajetórias de vida o

fato que o trabalho deu a elas a liberdade, a independência, além de inúmeras possibilidades

de viver e olhar para a vida atribuindo-lhes um novo significado. Metaforizando o Poeminho

do  Contra, de  Mário  Quintana,  segundo  Franco  (2009,  pp.  75/76),  o  verbo  "passarão",

conjugação do verbo passar no futuro do indicativo, “deixa de ser tão somente verbo e torna-

7 SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
8



se também um pássaro gigante, predador do passarinho, um bicho-papão ameaçador que, pela

enormidade, não tem a agilidade do passarinho – este, quando viu seu caminho atravancado,

bateu asas e voou.” 

No sentido literal  da palavra, “pássaro grande”, não se comparam as qualidades do

canto, da ligeireza, da liberdade caracterizado pelo “passarinho”. Dessa forma, as mulheres

passarinhos  são  análogas  às  conquistas  e  as  resistências  dos  movimentos  feministas  com

relação a trabalhar,  estudar  e  votar.  Pode-se,  então,  associar  a  agilidade  e  a liberdade  do

passarinho com os constantes movimentos e deslocamentos que as mulheres realizaram nos

últimos tempos, lutando pela igualdade de direitos e a liberdade social, comum na trajetória

destas mulheres.

Com base na  associação da  metáfora  do  Poeminho do Contra, participaram desta

pesquisa, de forma livre e esclarecida, nove mulheres trabalhadoras de um hospital de média

complexidade,  com idades entre 20 e 54 anos; quatro solteiras,  três em união estáveis ou

casadas, duas separadas; seis delas têm filhos/as; seis delas são as únicas responsáveis pela

renda familiar; oito brancas e uma parda; escolaridades e funções são variadas8. 

Neste estudo, pretendeu-se entender por que há um número significativo de mulheres

que atuam no espaço hospitalar, ou seja, na área da saúde. Suas práticas profissionais podem

estar associadas ao cuidado dos usuários do serviço, que se estende ao cargo de higienização,

copa, cozinha, enfermagem, técnicas de enfermagem, nutrição, psicologia, farmácia, médicas,

atendimento, entre outras.

O  corpus  da  pesquisa  foi  constituído  pela  análise  das  trajetórias  de  vida  das

trabalhadoras que,  segundo Born (2001, p.4), se relacionam a “um conjunto de eventos que

fundamentam a vida de uma pessoa.” O autor cita que:

Normalmente  é  determinada pela frequência  dos acontecimentos,  pela  duração  e
localização dessas existências ao longo de uma vida. O curso de uma vida adquire
sua  estrutura  pela  localização  desses  acontecimentos  e  pelos  estágios  do  tempo
biográfico (BORN, 2001, p.4).

Esses  acontecimentos  não são eventos  isolados,  mas dizem sobre um determinado

tempo e local, e atravessa as experiências de vida dos sujeitos, por isso tratamos aqui como

8 Não realizamos a identificação e/ou informações individuais das mulheres trabalhadoras, por ser um grupo 
muito pequeno. Percorremos pelas funções de higienização até a gestão hospitalar.

9



trajetórias de feminização. A realização de entrevistas individuais com as trabalhadoras se deu

a partir de um roteiro semiestruturado9, através de um convite e divulgação nos murais do

hospital.  Assim, nove mulheres se voluntariaram para participar da pesquisa, em uma sala

reservada no hospital, mediante consentimento10. As entrevistas foram gravadas e transcritas

na íntegra para posterior análise. 

A  análise  da  trajetória  de  vida  “permite  descrever  e  entender  como  o  trabalho

atravessa  os  processos  de  subjetivação11 e  expressa  o  conflito  que  caracteriza  o  jogo  de

verdades” (NARDI, 2006). Quanto aos jogos de verdade, Nardi (2006) faz uso do conceito

Foucaultiano para pensar a relação ética e subjetiva que constitui a centralidade do trabalho na

vida dos sujeitos, o que é parte de um elemento da nossa sociedade atual, ou seja, as relações

de trabalho e de gênero atravessam a vida de todas as participantes da pesquisa.

Análises e discussão dos resultados

A partir das narrativas, analisaram-se as trajetórias de vida das trabalhadoras dentro do

seu contexto social na interlocução de gênero e trabalho, em que são destacados como eixos

comuns  entre  as  participantes:  o  trabalho  como possibilidade  de  autonomia  e  sustento;  o

trabalho feminino precarizado diante da divisão sexual do trabalho e no início da carreira; o

trabalho feminino doméstico como pouco reconhecido e obrigatório; a duplicidade de jornada

em ser mãe e trabalhadora; e o cuidado como atribuição naturalizada das trabalhadoras da

saúde. Estes fragmentos unem perspectivas das trajetórias de vida das mulheres e marcam

suas diferenças, por isso, utilizou-se das falas delas para entender a feminização no trabalho

hospitalar.

“Aos  pouquinhos  fui  subindo,  subindo,  subindo...”:  trabalho  como  possibilidade  de

autonomia e sustento

9 Roteiro semi-estruturado: foi construído a partir da inspiração do questionário utilizado por Moreira (2008,
2010) na  sua  pesquisa  sobre  trajetórias  de  vida  de  mães  trabalhadoras,  que  busca  a  identificação  das
participantes, além de informações sobre a configuração familiar, e de modo especial compreender a dinâmica
que se estabelece no contexto do trabalho.
10 Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme CAAE: 64759116.5.0000.5310.
11 Na análise das trajetórias de vida é importante considerar os “processos” e dos “modos de subjetivação”. O
modo de subjetivação está associado à maneira como os sujeitos relacionam-se com a regra e a forma como se
vêem obrigados a cumpri-la e, ao mesmo tempo, reconhecer-se como ligados a esta obrigação. Enquanto, os
processos de subjetivação podem ser compreendidos a partir da análise de como cada indivíduo se relaciona com
o regime de verdade próprio em cada período, ou seja, a maneira como o conjunto de regras que define cada
sociedade é experienciado por cada sujeito.(NARDI, 2006).

10



Com relação à ascensão no trabalho, percebe-se que essas mulheres se sentem livres,

independentes e capazes quando possuem sua própria remuneração, por isso o trabalho ocupa

uma possibilidade para que essas profissionais possam crescer, conquistar oportunidades e

sentirem-se  realizadas,  além  de  garantir  o  sustento  dos/as  filhos/as  (MOREIRA,  2008).

Afinal, dois terços são responsáveis exclusivamente pela manutenção do lar.

Desse modo, pode-se refletir sobre o quanto o trabalho representa uma necessidade

para  estas  trabalhadoras,  especialmente,  neste  estudo,  para  as  mulheres,  ainda  que  a

precarização (ANTUNES, 2014) e a divisão sexual (HIRATA, KERGOAT, 2007) do trabalho

ainda sejam desafios que precisam ser discutidos e repensados.

“Porque do trabalho que vem o sustento [...] Claro a família em primeiro lugar, mas

o trabalho anda ali, anda junto.” (Bem-te-vi)

Para Moreira (2008, p. 105), a relação econômica atrelada à necessidade de trabalhar é

“constituída tanto das formas possíveis de trabalho quanto das relações de gênero.” Isso pode

ser observado nas narrativas das mulheres, de modo especial quando a mulher Águia diz que o

salário  “dele”,  referindo-se  ao  companheiro,  não  é  mais  suficiente  para  dar  conta  das

responsabilidades  da casa.  Ainda,  conforme Moreira,  se antes  o trabalho,  como forma de

organização  social,  tornava  possíveis  relações  de  gênero,  pautadas  na  divisão  homem

provedor (econômico) e mulher mantenedora (do bem-estar e dos cuidados com a família),

hoje, o trabalho do homem não é garantia do sustento familiar.

“[...]  Só com o salário dele  a gente não conseguia muita coisa e graças a Deus

comigo trabalhando também, a gente consegue comprar as coisinhas que a gente quer.”

(Canário)

“[...]  É uma questão de conseguir  teu próprio dinheiro,  tu  ter um dinheirinho se

precisar comprar alguma coisa, ir lá e comprar.” (Sabiá)

A narrativa  da trajetória  da mulher  Pintassilgo serviu de inspiração para definir  o

subtítulo da análise como “Aos pouquinhos fui subindo, subindo, subindo”, pois se percebe

que a autonomia e a independência proporcionam às mulheres a realização de seus desejos.

Isso fica muito claro nos relatos, inclusive na fala das demais mulheres, segundo as quais não

11



depender do marido traz a elas muita satisfação. É interessante observar que  seis das nove

mulheres  entrevistadas  são  as  únicas  responsáveis  pela  renda  familiar  e  as  outras  três

trabalham também com o propósito de não serem dependentes de seus companheiros.

 

“Eu me vejo que cresci profissionalmente, tipo eu era lá uma coisinha e nada e aos

pouquinhos fui subindo, subindo, subindo.” (Pintassilgo)

“[...] Mas assim, o principal sentimento era a independência, não depender 100% de

meus pais.” (Azulão)

“[...] Eu dou muito valor, procuro não faltar, procuro se tem que fazer, procuro fazer,

porque é muito importante ter serviço, para mim ter carteira assinada, tem teu salário no

final do mês, tu pode tipo, como é que vou te dizer, comprar uma coisa que tu quer, é outra

vida.” (Tico-tico)

Por  meio  da  análise  dessas  trajetórias  de  vida  compreende-se  o que  Nardi  (2006)

aponta como sendo a ética do trabalho, na qual também estabelece e reconhece socialmente

o/a trabalhador/a como cidadão. Nesse caso, referindo-se à possibilidade que a mulher possui

em  desfrutar  do  que  o  trabalho  pode  oferecer-lhe:  melhores  oportunidades,  satisfazer

necessidades,  liberdade  de  escolha,  enfim,  fazer  uso  dos  recursos  obtidos  pela  renda  do

trabalho, a partir de seus próprios desejos.

“Tu  tens  que  aprender  a  trabalhar...”:  o  trabalho  feminino  precarizado  diante  da

divisão sexual do trabalho e no início da carreira

Tendo como referência Hirata & Kergoat (2007), quando inferem sobre o trabalho

feminino precarizado diante da divisão sexual do trabalho e no início da carreira, toma-se

como base as  trajetórias  de vida sete  das mulheres  entrevistadas,  as quais  iniciaram suas

trajetórias ainda muito cedo, na faixa etária dos dez aos vinte anos. A grande maioria delas já

desempenhou  atividades  como:  empregada  doméstica,  babá,  atendente,  entre  outras.

Geralmente,  elas  iniciaram  em  trabalhos  informais  e  caracterizados  com  estereótipos  de

mulheres e com práticas de cuidado, o que demonstra experiência informal na área que atuam.

Quatro dessas mulheres tiveram seus/suas filhos/as antes dos vinte anos de idade, ou seja,

desde muito cedo, desempenham o papel de cuidadoras. Como aparece nas entrevistas:

12



“Foi bem difícil, eu nunca tinha trabalhado, claro ajudava o pai, eu perdi a mãe com

onze anos [...] Aí tinha meu pai e meus irmãos tipo, tomei conta da casa [...].” (Bem-te-vi)

“[...]  Eu me ajuntei  tinha treze  anos,  com quatorze  tive  meu primeiro filho,  com

quinze eu já tive meu segundo filho [...].”(Canário) 

Com relação à divisão sexual do trabalho, Madalozzo et al. (2010) consideram que os

reflexos não estão presentes somente no âmbito do emprego e na participação diferenciada de

homens e mulheres no mercado, mas, também, na forma como essas relações se difundem na

sociedade, como nas famílias e nos lares, marcadas por desigualdades.

Entretanto,  ao rever suas trajetórias,  essas mulheres percebem o quanto de dever e

obrigação  com  relação  às  responsabilidades  domésticas  e  cuidados  em  geral  lhe  foram

impostos na construção de suas subjetividades, seja pela valorização do trabalho como pela

forma de conduzir  as  vidas  e  os  corpos (MOREIRA, 2010).  O trabalho doméstico  como

naturalizado pode ser uma forma de conduzir a subjetividade das mulheres no trabalho e no

cuidado, onde esta responsabilidade a elas atribuídas pode ser evidenciado neste relato ainda

muito precocemente:

 

“Com cinco anos eu fui morar com uma senhora lá, daí tu já começa, tu vai lavar a

louça, varrer a casa, vai limpando aí cada dia ia aumentando né, as coisas assim. [...] Eu

lembro que com sete anos vamos supor eu tinha uma boneca né, vou brincar, não, não pode...

Ela pegou e jogou fora, tu tem que aprender a trabalhar, não a brincar.” (Tico-tico)

Nessa trajetória, é evidente os aspectos do trabalho infantil e do trabalho doméstico

como sendo de responsabilidade da mulher desde cedo. Paganini (2011) considera que, por

mais que haja um aparato jurídico que visa erradicar o trabalho infantil, deve-se sensibilizar a

sociedade para a garantia real dos direitos assegurados a todas as crianças e adolescentes. É

importante dizer o quando foi doloroso para a mulher Tico-tico relembrar que, durante a sua

infância, quase não pode brincar como as demais crianças e, sim, ser obrigada a trabalhar para

ganhar a sua refeição diária. 

Ainda  sobre  as  diferenças  entre  trabalhadores/as, a  fala  da  mulher  Sabiá está

relacionada a comparações que são realizadas de papéis ocupados por homens anteriormente e

que, agora, são exercidos por mulheres. Hirata e kergoat (2007, p. 599) colocam que a divisão

13



social do trabalho é caracterizada por “dois princípios organizadores: o princípio de separação

(existem trabalhos de homens e trabalhos de mulheres) e o princípio hierárquico (um trabalho

de homem “vale” mais que um trabalho de mulher).” Isso pode ser materializado diante da

legitimação, no qual o estereótipo do trabalho doméstico é serviço exclusivo da mulher e a

elas  cabe  menor  capacidade  de  decisões  em relação  aos  homens,  o  que  se  reproduz  no

ambiente do trabalho hospitalar.

“[...] se tu tenta conversar com alguém eu sempre falei com mulher eu nunca tive

dificuldades, agora com homem parece um pouco mais resistente, porque tu ta falando já te

cortam.” (Sabiá)

“[...] Mas vou dizer que a gente tem uma hierarquia, mas eu me sinto hoje muito mais

a vontade para conversar com ela, levar um problema, pedir para me ajudar a solucionar

uma coisa que eu não consigo sabe. Hum, antes quando a gente tinha um homem, não tinha,

era bem difícil, bem difícil mesmo [...]”. (Pintassilgo refere-se à troca de chefia de um homem

para uma mulher)

“[...] a principal dificuldade é lidar com a comparação. Porque se existia uma pessoa

que eles  viam como o ideal,  como perfeito  né.  [...]  olha  na verdade,  nem tanto  por  ser

mulher, mas por não ser tão velha, eu não sou nova. Talvez é a maneira como eu me visto,

não sei.”(Canário)

A idade e a forma de apresentação das mulheres, inclusive como se vestem interfere

muito mais que nos homens nas relações de trabalho. Isso se refere aos marcadores sociais da

diferença (PISCITELLI, 2009) que regulam as trajetórias dentro do gênero, da classe social,

da geração, pois, de certa forma, quanto mais jovens (com cerca de 30 anos) essas mulheres

assumem papéis de liderança, recebem hostilidades em meio as suas relações profissionais,

passando  por  certa  descredibilidade  ao  se  compararem  com  uma  liderança  masculina,

demonstrando que a divisão sexual do trabalho ainda se perpetua. Enquanto as mulheres com

mais  de  50  anos  de  idade  são  vistas  com pouco  rendimento  para  o  trabalho  hospitalar,

segundo elas anunciaram em suas trajetórias. 

 

14



“Eu era dona de casa, eu cuidava das crianças só...”: o trabalho feminino doméstico

como pouco reconhecido e obrigatório 

Com relação  ao  trabalho  feminino  doméstico,  é  importante  observar  que  três  das

participantes  não o reconhecem como trabalho legítimo,  pois  têm a compreensão que ele

começou a partir do momento que saíram do lar. Além disso, é possível também perceber que

algumas  das  participantes,  durante  o  período  das  suas  formações,  consideravam que não

trabalhavam, apenas estudavam.

Para Santos (2010), a estrutura familiar vem passando por modificações nos últimos

anos e,  com isso,  os homens,  principalmente  os mais  jovens,  têm passado a compartilhar

algumas tarefas domésticas com as mulheres, embora elas ainda continuem sendo a pessoa de

referência com relação aos cuidados dos/as filhos/as e domésticos.

Visto  que  os  modos  de  trabalho  são  pautados  por  fazeres  formais  ou  informais

determinados  pelo  social,  percebe-se,  nas  narrativas,  uma desvalorização  com os  afazeres

domésticos,  cuidados com os  filhos,  ser estudante.  De acordo com Meyer (2014),  cabe a

problematização no sentido de quais são os reflexos dos atributos que naturalizam atividades e

características de homens e mulheres nas relações de cuidado? A autora também questiona

como o que é naturalizado atravessa e legitima o conhecimento que é produzido, bem como as

práticas profissionais na área da saúde.

“Eu era dona de casa, eu cuidava das crianças só.” (Canário)

“Eu comecei a trabalhar depois que eu me formei.” (Beija-Flor)

Ao analisar a fala “eu era dona de casa, eu cuidava das crianças só”, a palavra “só”

está imbuída do significado de que tais afazeres são diminutos, que precisam ser ampliados.

Verifica-se  aí  a  necessidade  de  desnaturalizar  a  ideia  de  um  cuidado  desvalorizado,

culturalmente  identificado  como  um  trabalho  informal  e  quase  sempre  precarizado,

comumente feito por mulheres 

“Conseguir conciliar a casa e meu trabalho aqui...”: a duplicidade de jornada em ser

mãe e trabalhadora

15



A  duplicidade  de  jornada  em  ser  mãe  e  trabalhadora  também  foi  um  elemento

importante  nas respostas  das  mulheres  que,  além de trabalharem no hospital,  conciliam a

maternidade e o trabalho doméstico em seu ofício. De forma geral, os horários nos hospitais

são marcados por  turnos de seis  horas diárias,  de segunda à  sexta-feira,  e  de doze horas

(plantão), em finais de semana, assim, o horário é alternado com o exercício da dupla jornada

(OSÓRIO, 2006). Hirata e Kergoat (2007) explicam que a definição que retrata o trabalho

doméstico vem passando por alterações, as quais propõem usar os seguintes termos: dupla

jornada, acúmulo ou conciliação de tarefas, como se fosse apenas um apêndice do trabalho

assalariado. 

 Para Poldi, Borges e Araujo (2011), o patriarcado considera o trabalho doméstico

como tarefa natural da mulher, o que, por vezes, dificulta a ascensão no público. Da mesma

forma, percebe-se através das falas da mulher Pintassilgo e da mulher Canário, quão valiosa e

potente foi a saída de seus lares para desenvolver um trabalho formal. No entanto, ainda estão

latentes nos discursos as demandas da casa e a necessidade de conciliar ambos os trabalhos.

“É uma vida tripla fora daqui... Filhos, marido, mulher, mãe, tudo... família. Tá, para

mim é importante porque é como se fosse, eu saio daquele mundinho de dona de casa e to

buscando alguma coisa fora assim [...].” (Pintassilgo)

“Para mim, sempre tive um filho atrás do outro né, então tu começas, tem que cuidar

da casa, tem o marido que chega de meio dia, tu tem que estar com o almoço pronto, o

almoço tem que estar tudo organizadinho. [...] Eu não queria trabalhar o dia inteiro, eu

achava difícil porque tinha meus outros guris que trabalhavam, tu tinha que ter comida na

hora, roupa pra passar, comida para fazer, eu não vou vencer em fazer tudo no final de

semana. [...] Para mim foi uma benção em todos os sentidos, eu conseguir conciliar a casa e

meu trabalho aqui.”(Canário)

A maior parte das mulheres retrata em suas falas a importância de conciliar a vida

familiar  com a  profissional.  De acordo com Hirata  e  Kergoat  (2007,  p.603),  essa  é  uma

“política fortemente sexuada, visto que define implicitamente um único ator (ou atriz) dessa

“conciliação”: as mulheres, e consagra o statu quo, segundo o qual, homens e mulheres não

são iguais perante o trabalho profissional.” Dado o contexto do desejo de atingir a igualdade

por meio da conciliação de tarefas, talvez esteja aqui o grande desafio da mudança no olhar

16



sobre a divisão de tarefas, visto que, conforme Colcerniani et al. (2015), é uma produtora de

desigualdades e tensões, evidentes na conciliação de vida profissional e trabalho reprodutivo.

A mulher como o “sexo frágil” também foi uma das expressões evidenciadas nas falas

destas  trabalhadoras.  Considerando as  narrativas  da  mulher  Canário e  da mulher  Pardal,

evidencia-se  um  antagonismo  de  olhares.  Para  Canário, mesmo  que  haja  homens  que

reconheçam as mulheres como sexo frágil, elas asseguram a capacidade em realizar diversas

tarefas,  não havendo restrições  por  ser  de um determinado sexo.  Já  a  mulher  Pardal faz

relação  com a  fragilidade  e  a  sensibilidade  da  mulher  quanto  ao  grau  de  força,  pois  há

trabalhos  que  requerem  um  nível  de  esforço  maior,  os  quais  são,  geralmente,  melhor

realizados por homens. Segundo ela: 

“[...]A gente é colocada como sexo frágil[...] Eu em casa sou homem e mulher, eu

faço, faço encanamento. Digo o que dizem que a gente é. Mas a gente é muito mais forte do

que qualquer homem, mas para eles a gente é frágil[...]”(Canário)

“[...] O homem pode até fazer melhor no sentido de mais força, né. Acredito que a

mulher é sexo frágil mesmo.[...]   Ela é a parte mais frágil e mais sensível[...]” (Pardal)

O antagonismo de ideias evidenciado nas narrativas das mulheres é de fato o que se

presencia  como  legítimo  e  naturalizado  no  meio  social.  Em  verdade,  os  estereótipos  de

fragilidade,  fraqueza,  sensibilidade,  entre  outros,  são  barreiras  que  ainda  precisam  ser

superadas, sendo importante reconhecer que, em a nossa sociedade é generificada, conforme

leciona Butler (2013), mas os sujeitos podem ter ações e subversões diante do que vivenciam.

Desta forma, essa pesquisa também produziu nas participantes uma reflexão do porquê

precisam desenvolver  dupla jornada,  afinal  as  tarefas  do lar  precisam ser  desempenhadas

pelas pessoas que o habitam e não apenas concentrar-se restritamente à mulher.  Emergiu,

durante  as  entrevistas,  a  motivação  de  olhar  de  outra  forma  para  o  que  está  posto  e

naturalizado, para desenvolver movimentos de reflexão do que se institucionaliza quanto ao

modo de fazer e de ser mulher e pode produzir saúde para elas ou não.

 “Quem auxilia, quem presta atenção e presta cuidados é a mulher...”:  o cuidado como

atribuição naturalizada das trabalhadoras da saúde

17



Com relação ao número considerável de mulheres que atuam no contexto hospitalar,

as trabalhadoras identificam essa feminização (YANNOULAS, 2011) devido ao cuidado já

ser  uma  das  tarefas  naturalizadas  das  mulheres,  considerando  o  que  já  realizavam  nas

atividades relacionadas às práticas de saúde e higienização em seu meio familiar (cuidar dos

filhos/marido, afazeres domésticos).

Com relação aos atributos que socialmente são incumbidos para homens e mulheres,

Godim et al (2013) apontam que, devido à influência da cultura, homens tenderiam a assumir

mais atributos de agressividade, competitividade, ao passo que as mulheres adotariam mais

facilmente  atitudes  e  comportamentos  de  sociabilidade,  gentileza  e  amabilidade,  pela

valorização cultural da sensibilidade e do cuidado com a família e o lar. 

De acordo com os atributos que são reafirmados pelo papel social da menina, mulher,

mãe, trabalhadora, percebe-se, conforme Godim et al (2013), a influência, quanto à divisão

sexual do trabalho, em suas escolhas profissionais, entre outras, levando à compreensão do

porquê há um número tão expressivo de mulheres que atuam no segmento da saúde.

“A mulher é mais sensível, mais organizada. [...]” (Pintassilgo)

“[...] Até mesmo a questão de um recém nascido, a mulher toma muito mais as rédias

de cuidar, de limpar. [...] que é essa questão do cuidado com o paciente. Que já é imposta a

mulher pela sociedade, não sei se pela sociedade, ou pela forma que é criado, pela história.”

(Azulão)

“Olha eu até acredito que seja a questão do cuidar, da sensibilidade, da preocupação

com o outro, isso digamos que já culturalmente é destinado a mulher então acredito que

muito pode, estar vinculado a questão da cultura também [...] essa área da saúde é mais

procurada e vista como feminina em função de uma cultura, que já ta pré-determinado que

quem cuida, quem auxilia, quem presta atenção e presta cuidados é a mulher.” (Beija-Flor) 

“[...] A mulher parece que tem mais, por ser dona de casa e as mulheres que tem

filhos, a criança faz sujeira, tu vai lá e limpa, não tem mistério. E para o homem é mais

complicado. Então eu acho que é porque na área da saúde tem menos homens, eles têm mais

medo[...] a mulher é mais sensível nesse sentido.” (Pardal)

18



As trabalhadoras do hospital reconhecem a sua experiência empírica no cuidado com

outras pessoas e com o ambiente, porém isso não consta como um atributo sempre válido

quando consideram a separação entre o trabalho em casa e fora de casa. Por isso, percebeu-se

que todas as trajetórias são atravessadas pelas marcas de gênero, divisão sexual do trabalho e

precarização do trabalho feminino. 

Considerações finais

A rotina de uma mulher que trabalha no hospital é cuidar do paciente, seus familiares,

medicar, preparar as refeições, manter o ambiente limpo e organizado, além de atentar-se para

os processos burocráticos, atualização no uso de novas tecnologias e práticas administrativas.

Conclui-se, portanto, através da pesquisa, que essas mulheres sentem-se realizadas em suas

trajetórias de trabalho, apesar de serem pouco valorizadas diante dos preconceitos advindos de

marcadores sociais, atravessados principalmente pelo gênero e a faixa etária. 

Deste modo, a Psicologia pode colaborar na produção de cuidado, problematizando o

nexo  causal  do  adoecimento  e  sofrimento  psíquicos  no  ambiente  do  trabalho  (JAQUES,

2007), buscando formas de promoção e prevenção da saúde ao/à trabalhador/a, olhando para

os marcadores  sociais  da diferença (PISCITELLI,  2008) como gênero,  classe social,  raça,

etnia que intercectam trajetórias de vida..

Essa  pesquisa  evocou  nas  participantes  um  olhar  mais  atento  ao  seu  espaço  de

trabalho, no sentido de perceber o que está a sua volta, o porquê de a sua configuração ser em

sua  maioria  composto  por  mulheres,  produzidas  pela  divisão  sexual  do  trabalho  e  pela

naturalização das experiências no cuidado, através da feminização do trabalho no hospital.

Rever  as  trajetórias  das  trabalhadoras  daquele  local  permitiu  repensar  os

comportamentos sociais para que as dificuldades em relação à divisão sexual do trabalho não

sejam estendidas  para a  próxima geração de seus/suas filhos/as,  além da possibilidade de

potencializar o cuidado e produzir saúde. É necessário, no entanto, levar em consideração que

a divisão sexual do trabalho é um fator que estimula e provoca ainda muitas diferenças no

meio profissional. Por esse motivo, é relevante desenvolver novos estudos sobre a temática,

tendo em vista a necessidade de romper com paradigmas que são estereotipados pelas relações

de gênero no campo do trabalho em saúde.

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