UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS USO DO SOFTWARE PACKET TRACER PARA O ENSINO DE REDES DE COMPUTADORES EM UM ESPAÇO NÃO FORMAL Rodrigo Petter Lajeado, maio de 2021 8 Rodrigo Petter USO DO SOFTWARE PACKET TRACER PARA O ENSINO DE REDES DE COMPUTADORES EM UM ESPAÇO NÃO FORMAL Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Exatas, Universidade do Vale do Taquari, na área de concentração Tecnologias, metodologias e recursos didáticos para o ensino de Ciências. Orientadora: Professora Drª Márcia Jussara Hepp Rehfeldt. Lajeado, maio de 2021 ‘ ‘ 9 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde física, mental, intelectual e emocional concedida a mim para o desenvolvimento desta pesquisa mesmo em um contexto de pandemia. Agradeço também à minha esposa e a meus dois filhos, por permitirem que o marido e pai, se ausentasse por muitas horas de afazeres do lar e do convívio familiar para ir em busca de um sonho: tornar- se um mestre de verdade. Meu muito obrigado aos meus pais, Ilmo Matias Petter (em memória) e Maria de Lourdes Petter, pelo incentivo, exemplo e valores disseminados ao longo de minha trajetória de vida pessoal e profissional. Tenho ciência de que sem eles não teria me tornado uma pessoa íntegra, ética, honesta, humilde, sonhadora e batalhadora, capaz de superar obstáculos que se colocam diariamente em nosso caminho. À minha orientadora, professora doutora Márcia Jussara Hepp Rehfeldt, por todos os conselhos, puxões de orelhas e desafios impostos a mim ao longo das orientações. Obrigado também professora Márcia, pela sua disponibilidade para a leitura de meu trabalho e pelas contribuições dadas para qualificar ainda mais esta dissertação. 10 À Bebidas Fruki S.A que me permitiu desenvolver esta prática pedagógica e coletar os dados para esta pesquisa, bem como aos profissionais, sujeitos desta investigação. Aos professores Leonel Pablo Carvalho Tedesco, Maria Claudete Schorr e Marli Teresinha Quartieri que fizeram parte da banca examinadora desta pesquisa, pelo tempo destinado para leitura crítica deste estudo e pelas contribuições dadas a esta dissertação. Por fim, às amizades que tive o prazer de fazer ao longo do programa de mestrado, as experiências que colecionei e, por tudo que tenho vivenciado ou conquistado ao longo de minha vida pessoal e profissional. Sem dúvida, elas me motivam a trilhar e a buscar novos desafios. ‘ ‘ 11 RESUMO O uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), segundo Moulin, Carvalho e Brião (2019), vem fomentando a emergência de novas técnicas, práticas ou processos de ensino, entre os quais cita-se a exploração de distintos softwares. Para averiguar as possibilidades ou contribuições desse tipo de recurso, foi desenvolvida uma pesquisa, com aproximações de estudo de caso, no contexto particular da Bebidas Fruki S.A.. A pesquisa tem cunho qualitativo e foi realizada com 6 profissionais da área de Tecnologia da Informação, especificamente dos departamentos de Operação e de Atendimento da Bebidas Fruki S.A.. O problema norteador deste estudo foi o seguinte: Como o software Packet Tracer pode contribuir para o ensino de Redes de Computadores aos profissionais de TICs da Bebidas Fruki S.A.? Para responder ao propósito da pesquisa, as atividades foram desenvolvidas e classificadas em oito encontros, desenvolvidos com o objetivo: explorar e avaliar o uso do software Packet Tracer para o ensino de Redes de Computadores na área de TICs da Bebidas Fruki S.A. Todos os encontros foram realizados em uma sala virtualizada, com o uso do software Teams. Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste trabalho foram o diário de campo, um questionário semiestruturado, fotos ou print de tela, vídeos ou gravações e atividades práticas realizadas no software Packet Tracer. Os resultados obtidos apontam que os profissionais apresentavam, inicialmente, alguns conhecimentos prévios, como aplicação de switchs ou roteadores, de dispositivos (computadores, notebooks e impressoras), de cabeamento ou conexões para interligação de sub-redes, documentação ou anotações dos elementos e dispositivos utilizados nas atividades práticas de Redes de Computadores. No entanto, ao longo dos encontros, durante a execução das atividades práticas, foi possível identificar que alguns profissionais, apesar de já possuírem conhecimentos prévios, tiveram dificuldades em assimilar conceitos e funcionalidades mais avançadas dos elementos swicths e ‘ ‘ 12 roteadores. No decorrer da pesquisa, evidencia-se também que, com o uso do software Packet Tracer e por meio de simulações ou repetições de projetos (projetos muito próximos da realidade), os profissionais conseguiram mitigar ou reduzir significativamente suas dificuldades. Por fim, ao comparar a evolução obtida no ensino de Redes de Computadores considerando a atividade prática realizada no 1º encontro e a realizada no 8º encontro, percebe-se que o resultado desta pesquisa foi atingido. Os progressos foram mais visíveis ao término da atividade prática do último encontro, quando os profissionais conseguiram desenvolver uma Rede de Computadores com segmentação de três VLAN’s, de alta disponibilidade, e com dupla abordagem de comunicação entre as sub-redes da Matriz/Indústria - Lajeado e Indústria – Paverama. Evidencia-se, que todos os profissionais, sem exceção, entregaram os projetos de Redes de forma bem-sucedida, ou seja, com êxito. Palavras-chave: Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Software, Packet Tracer, Redes de Computadores, Ensino não formal. ‘ ‘ ‘ 13 ABSTRACT The use of Information and Communication Technology (ICT), according to Moulin, Carvalho and Brião (2019), has encouraged the emergence of new techniques, practices or learning processes, including the development of different software. In order to explore the possibilities or contributions of this type of resource, a study was developed, with case study approaches, in the specific context of Bebidas Fruki S.A. The research is qualitative in nature and was conducted with 6 professionals in the field of information technology, specifically from the Operation and Service Departments of Bebidas Fruki S.A. The guiding problem of this research was the following: How can the Packet Tracer software contribute to the teaching of computer networks to the ICT professionals? To respond to the purpose of the research, the activities were addressed and classified in eight meetings, with the main objective of exploring and evaluating the use of Packet Tracer software for teaching Computer Networks in the ICT area of Bebidas Fruki S.A. All meetings were held in a virtual room, using the Teams software. The methodology used was data collection through the field diary, a semi-structured quiz, photographs or serigraphs, videos or recordings, and hands-on activities performed in the Packet Tracer software. The results of the studies showed that ICT professionals already had a basic knowledge of applications, hardware devices such as switches, routers, desktops, servers, notebooks, and printers as well as cabling, interconnection of subnets, documentation or notes about the devices used in their daily activities. However, during the meetings and practical activities, it was possible to identify that some of these professionals, despite already having previous knowledge, had difficulties in assimilating more advanced concepts and functionalities of the switches and routers devices. In the course of the research, it also became clear that by using the Packet Tracer Software and through simulations or project iterations (projects that are very close to reality), the professionals were able to significantly mitigate or reduce ‘ 14 their difficulties. Finally, when in the Teaching of Computer Networks we compared the practical activities carried out in the 1st meeting with the activities of the 8th meeting, we noticed a significant improvement and we concluded that the objective of this research was achieved. The progress was more visible at the end of the practical activities of the last meeting, when the professionals managed to develop a Computer Network with the segmentation of three VLAN’s, high availability, and a dual approach of communication between the subnetworks of the Industry of Lajeado and the Paverama Industry sites. It is evident that all professionals, without exception, successfully delivered the Network projects successfully and with excellence. Keywords: Information and Communication Technology (ICT), Software, Packet Tracer, Computer Networks, Non-formal Education. ‘ ‘ 15 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Sete camadas do modelo OSI ......................................................... 19 Figura 2 - Resumo das camadas ..................................................................... 19 Figura 3 - Modelo OSI e TCP/IP ....................................................................... 20 Figura 4 - Exemplo de endereço físico ............................................................. 21 Figura 5 - Conectividade física de um switch em uma Rede local ................... 22 Figura 6 - Conectividade física de um roteador ................................................ 23 Figura 7 - Tela do software Packet Tracer ....................................................... 26 Figura 8 - Confirmação do recebimento do pacote no PC01 ........................... 27 Figura 9 - Organograma da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ................................................................................................................. 38 Figura 10 - Desenhos técnicos desenvolvidos pelos profissionais ................... 53 Figura 11 - Uso do software Packet Tracer para a solução do problema realizado pelo profissional E............................................................................. 55 Figura 12 - Atividade prática “Aula 01” com aplicação de conceitos de ativos e interligação de dispositivos de departamentos distintos ................................... 59 Figura 13 - Projetos desenvolvidos na atividade prática da “Aula01” ............... 60 Figura 14 - Atividade prática “Aula 02” com aplicação do modelo TCP/IP e suas referências........................................................................................................ 65 Figura 15 - Atividade prática “Aula 03” com uso do elemento switch e meios físicos da camada física ................................................................................... 69 ‘ 16 Figura 16 - Atividade prática aula 04 – Caso A “Uso de dois switchs para a comunicação com segmentação dos dispositivos por notebooks e desktops” . 72 Figura 17 - Atividade prática Aula 04 – Caso B “Uso de dois switchs com segmentação dos dispositivos para se comunicarem apenas entre si, nas suas sub-redes” ........................................................................................................ 74 Figura 18 - “Uso de dois switchs para segmentação dos dispositivos por andares do prédio da organização” .................................................................. 76 Figura 19 - Caso A “Uso de dois roteadores, interligando as Redes da Matriz- Lajeado com o CD Canoas” ............................................................................. 79 Figura 20 - Caso B “Uso de três roteadores, interligando as Redes de Matriz- Lajeado, CD Canoas e CD Pelotas” ................................................................. 80 Figura 21 - Caso A “Uso de dois roteadores, interligando as Redes da Matriz- Lajeado com o CD Blumenau” com erros e ajustes propostos......................... 84 Figura 22 - Caso B “Uso de três roteadores, interligando as Redes de Matriz- Lajeado, CD Caxias do Sul e CD Santo Ângelo” .............................................. 86 Figura 23 - Projeto para interligação de 4 sub-redes distintas, com alta disponibilidade, e performance da Rede .......................................................... 89 Figura 24 - Resultados obtidos com o projeto de interligação de 4 sub-Redes distintas, com alta disponibilidade e performance da Rede ............................. 90 Figura 25 - Comparativo de desenhos técnicos dos profissionais “C e F” realizado no nosso primeiro encontro (Apêndice D), versus desafio proposto no Apêndice L no ensino de Redes de Computadores da disciplina..................... 92 Figura 26 - Comparativo de desenhos técnicos dos profissionais “A, B, D e E” realizados no nosso primeiro encontro (Apêndice D), no ensino de Redes de Computadores da disciplina ............................................................................. 94 Figura 27 - Topologia para estabelecer comunicação entre sub-redes com uso de roteadores, switchs, meios físicos e dispositivos ........................................ 96 Figura 28 - Resultados obtidos dos profissionais “A e E” com o desafio de interligação de 4 sub-redes distintas, com alta disponibilidade e performance da Rede ................................................................................................................. 96 Figura 29 - Resultados obtidos dos profissionais “B, C, D e F” com o desafio de interligação de 4 sub-redes distintas, com alta disponibilidade e performance da Rede ................................................................................................................. 98 ‘ 17 Figura 30 - Resultado da dinâmica com uso do software Mentimeter ............ 100 Figura 31 - Classificação dos relatos dos profissionais A, B, C, D, E e F da Fruki ............................................................................................................... 105 ‘ 18 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Diferenças entre o ensino não formal e formal ............................... 14 Quadro 2 - Triagem de dissertações na CAPES .............................................. 30 Quadro 3 - Triagem de dissertações no Google Acadêmico ............................ 31 Quadro 4 - Detalhamento dos estudos selecionados ....................................... 32 Quadro 5 - Atividades, metodologia e recursos da pesquisa ........................... 40 Quadro 6 - Resultados do questionário eletrônico da pesquisa realizado com os profissionais “A, B, C, D, E e F” ...................................................................... 102 Quadro 7 - Atividades realizadas durante o plano de aulas ........................... 119 ‘ 19 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 08 2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 13 2.1 Espaço / Educação não formal de Ensino .................................................. 13 2.2 Redes de Computadores............................................................................ 17 2.3 O software Packet Tracer ........................................................................... 26 3. ESTUDOS RECENTES NA ÁREA ............................................................... 29 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 35 4.1 Natureza da Pesquisa e os instrumentos de coleta de dados .................... 35 4.2 Locus da pesquisa e sujeitos envolvidos ................................................... 37 4.3 Delineamento da prática desenvolvida ....................................................... 39 4.4 Análise de dados ........................................................................................ 49 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 51 5.1 Primeiro encontro ....................................................................................... 51 5.2 Segundo encontro ...................................................................................... 63 ‘ 20 5.3 Terceiro encontro ....................................................................................... 67 5.4 Quarto encontro ......................................................................................... 70 5.5 Quinto encontro .......................................................................................... 77 5.6 Sexto encontro ........................................................................................... 82 5.7 Sétimo encontro ......................................................................................... 87 5.8 Oitavo encontro .......................................................................................... 91 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 107 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 111 APÊNDICES ................................................................................................... 115 APÊNDICE A - TERMO DE CONCORDÂNCIA DA DIREÇÃO DA INSTITUIÇÃO ................................................................................................. 116 APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ............................................................................................................ 117 APÊNDICE C - PLANO DE AULAS ............................................................... 119 APÊNDICE D - DESAFIO SOBRE REDES DE COMPUTADORES .............. 124 APÊNDICE E - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER COM ATIVOS PARA ASSIMILAÇÃO DE CONCEITOS DE REDES DE COMPUTADORES ......................................................................................... 126 APÊNDICE F - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER COM ATIVOS PARA ASSIMILAÇÃO DE CONCEITOS DE REDES DE COMPUTADORES ......................................................................................... 128 APÊNDICE G - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER PARA ASSIMILAÇÃO DO CONTEÚDO DE MEIOS DE TRANSMISSÃO ..... 131 APÊNDICE H - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER PARA ASSIMILAÇÃO DO CONTEÚDO ........................................................ 133 ‘ 21 APÊNDICE I - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER PARA ASSIMILAÇÃO DA CAMADA DE REDE ............................................. 137 APÊNDICE J - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER PARA ASSIMILAÇÃO DO CONTEÚDO ........................................................ 140 APÊNDICE K - ATIVIDADE PRÁTICA NO SOFTWARE PACKET TRACER PARA ASSIMILAÇÃO DO CONTEÚDO DA CAMADA DE APLICAÇÃO COM SEGMENTAÇÃO DE VLANs E DUPLA ABORDAGEM DE COMUNICAÇÃO DA REDE ............................................................................................................. 143 APÊNDICE L - DESAFIO PROPOSTO DE REDE DE COMPUTADORES COM SEGMENTAÇÃO DE VLANs E DUPLA ABORDAGEM DE COMUNICAÇÃO145 APÊNDICE M - QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO SEMIESTRUTURADO SOBRE REDES DE COMPUTADORES ........................................................ 147 ‘ 8 1. INTRODUÇÃO No percurso de minha vida tive o privilégio, ou melhor, a oportunidade de conviver com pessoas e profissionais que possuíam uma ótima índole, um bom coração, além de serem capacitados e terem formação acadêmica. Esses indivíduos contribuíram na minha trajetória de vida, fomentando minha busca por novos conhecimentos. Eles repetiam frequentemente que esses conhecimentos prévios adquiridos ao longo de minha formação pessoal, contribuiriam para alavancar bons frutos em minha carreira profissional. Seguindo esses conselhos, em 2004, concluí o curso técnico em Informática, em 2013 concluí a graduação em Administração - Linha de Formação Específica em Análise de Sistemas e, em 2016, uma especialização em Gestão Estratégica de Tecnologia da Informação. Evidencia-se, assim, que minha formação acadêmica e área de interesse no mercado de trabalho sempre foram voltadas para a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs). Atualmente, trabalho nos turnos da manhã e tarde na organização Bebidas Fruki S.A. como Coordenador de Operações de Tecnologia da Informação, exercendo papel de liderança nas áreas de Infraestrutura (operações) e Atendimento (suporte). Minha equipe é composta por quatro 9 profissionais graduados, dois técnicos de informática e três estudantes nas áreas de Tecnologia da Informação. Também atuei como docente na Escola Estadual de Educação Profissional Estrela (EEEPE), localizada na cidade de Estrela-RS, lecionando as disciplinas de Redes de Computadores1, Redes II, Gerenciamento de Redes e Segurança de Redes nos anos de 2018 e 2019. Esse foi um momento em que pude vivenciar e compartilhar conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo de minha trajetória acadêmica e profissional. Essa aproximação com a docência despertou em mim paixão pela profissão. Por esse motivo, como profissional e educador nas organizações citadas acima, percebo que a necessidade e o desafio do uso de recursos tecnológicos para a Educação vêm crescendo com o ingresso das novas gerações nas corporações e instituições de ensino. Estas gerações, jovens da contemporaneidade, concebidas como nativos digitais por Prensky (2001), nasceram e cresceram cercadas de dispositivos tecnológicos como: computadores, notebooks, smartphones, vídeo games, entre outros brinquedos e recursos da era digital. Devido à minha aproximação com estas gerações, fomentei o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino para prototipação e realização de testes em Redes de Computadores aplicando uma ferramenta tecnológica aos profissionais da Bebidas Fruki S.A.. O software escolhido para a pesquisa é o Packet Tracer que permite simular as etapas de planejamento, desenvolvimento, homologação e implantação de uma Rede de Computadores em organizações ou instituições de ensino. Possibilita, também, tratar erros oriundos de conflitos de configurações e parametrizações de elementos e dispositivos da Rede. Por meio da inserção do software Packet Tracer no meu local de trabalho e com base em estudos anteriores - apresentados nos Quadros 2, 3 e 4, neste estudo -, busco formas de reduzir a complexidade de entendimento de conceitos e da aplicação das Redes de Computadores em organizações, 1 Optou-se neste trabalho por grafar Rede(s) de Computadores e o equivalente Rede(s) com letra inicial maiúscula por constituir o foco deste estudo. 10 fomentar o uso do software Packet Tracer no ensino de Redes de Computadores e aprimorar os conhecimentos prévios adquiridos por meio do uso do software. Considerando esta nova configuração e devido ao avanço tecnológico citados acima, a Bebidas Fruki S.A. identificou em seus processos internos a necessidade de capacitar a equipe de TICs e me concedeu a oportunidade de desenvolver neste estudo, o tema “Informática na Educação”. Diante disso, o problema de pesquisa passou a ser o seguinte: “Como o software Packet Tracer pode contribuir para o ensino de Redes de Computadores aos profissionais de TICs em um espaço não formal?”. O objetivo geral é “Explorar e avaliar o uso do software Packet Tracer para o ensino de Redes de Computadores na área de TICs da Bebidas Fruki S.A. São seus objetivos específicos: - Explorar o uso do software Packet Tracer para o ensino de Redes de Computadores na Bebidas Fruki S.A. - Aprimorar os conhecimentos prévios adquiridos em Redes de Computadores por meio do uso do software Packet Tracer. - Avaliar resultados obtidos com o uso do software Packet Tracer no ensino de Redes de Computadores em um espaço não formal. A escolha pelo tema “O uso do software Packet Tracer para prototipação e testes de Redes de Computadores em um espaço não formal” surgiu a partir de minha vivência na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs). Vivência essa adquirida, como profissional, educador, e principalmente após relato de um colega da Bebidas Fruki S.A. de não conseguir simular parametrizações, configurações, conflitos e eventuais erros em dispositivos de uma Rede de Computadores de forma preventiva. O meu objetivo foi encontrar um software que possa auxiliar nas etapas de planejamento, desenvolvimento, homologação e implantação de uma Rede de Computadores, em ambiente de prototipação e testes, sem gerar impactos na operação da organização. Diante desse cenário, passei a realizar leituras 11 sobre possíveis soluções. Mas a curiosidade e o interesse sobre o tema só aumentaram. A partir disso, iniciei leituras complementares de livros, artigos citados nesta pesquisa e encontrei o software Packet Tracer. Com base nas minhas experiências empíricas, esse software pode ser inserido no ensino corporativo e, dessa forma, a organização poderá passar a obter os ganhos e/ou vantagens destacadas a seguir: um processo de prototipação e teste mais fluido, possível redução de riscos no processo de mudanças ao negócio, ampliação de qualidade nos serviços de TICs prestados, redução de janelas de prototipação e testes fora do horário comercial, além de disseminar conhecimento a todos os profissionais da equipe de TICs. A verificação dos resultados, bem como as vantagens obtidas, são discutidas no capítulo 5. Ademais, segundo estudos recentes apresentados no Quadro 4 desta pesquisa, o software “Packet Tracer” possui uma interface amigável, de fácil interação com o usuário, permite simular virtualmente etapas de configuração ou testes de desempenho dos equipamentos, sem necessidade de acervo físico: gera redução de investimento nas instituições de ensino para construção e manutenção de laboratórios, evita depreciação de equipamentos e contribui para os processos de ensino e aprendizagem de profissionais, aliando teoria à prática (SANTOS, 2015; DA SILVA, 2019; MIRANDA, 2017; COSTA; VIANA; COUTINHO, 2017; DAMASCENO; DE SOUZA, 2014; PIMENTEL, 2013). Esta dissertação, para fins de organização foi estruturada da seguinte forma: no capítulo introdutório, apresento um breve relato de minha trajetória acadêmica e profissional, o tema, o problema, o objetivo geral, os objetivos específicos e as justificativas desta pesquisa. No capítulo seguinte, descrevo o referencial teórico imbricando autores que versam sobre os conceitos que envolvem este estudo: Espaço não formal de Ensino, Redes de Computadores, uso e aplicação do software Packet Tracer em Redes de Computadores. No capítulo 3, aponto os estudos recentes na área. Saliento que dentre eles não foi possível identificar nenhum estudo em espaços não formais de 12 ensino. Mas, autores citados apoiam o uso do software “Packet Tracer” para o ensino de Redes de Computadores. Diante deste cenário, enfatizo que sua utilização no ensino de Redes de Computadores em um espaço não formal (Organização Bebidas Fruki S.A.) pode ser um fator benéfico para profissionais desempenharem com qualidade e aptidão suas rotinas de trabalhos diários em áreas de TICs. No capítulo 4, relato os procedimentos metodológicos da pesquisa, bem como seu delineamento e organização. Apresento o local em que a pesquisa foi realizada, as atividades planejadas, as alternativas utilizadas para o desenvolvimento do objeto de estudo pedagógico e a análise dos dados da pesquisa. No capítulo 5, descrevo a análise dos dados com comentários dos profissionais pesquisados, minhas reflexões e imbricações com outros pesquisadores sobre o tema de Redes de Computadores. No capítulo 6, apresento as considerações finais da pesquisa, ou seja, os resultados do estudo e embasamento para novas pesquisas ou práticas a serem realizadas futuramente por mim nesta pesquisa ou por colegas da área de atuação. Por fim, apresento as referências bibliográficas, entre as quais citam-se livros, artigos e dissertações nos idiomas português, espanhol e inglês. 13 2. REFERENCIAL TEÓRICO Nesta pesquisa sugeri a inserção do uso do software Packet Tracer na metodologia de ensino dos profissionais da área de TICs da Bebidas Fruki S.A. para simular as etapas de planejamento, desenvolvimento, homologação e implantação de uma Rede de Computadores nas organizações. Nas seções a seguir, cito referências de autores para embasar conceitos de Espaço não formal de Ensino, Redes de Computadores, o uso e aplicação do software Packet Tracer em Redes de Computadores, levando em consideração que o objetivo maior é ensino de Redes de Computadores aos profissionais da organização. 2.1 Espaço / Educação não formal de Ensino Estudos recentes (LOPES et al., 2017; DA GLÓRIA GOHN, 2015) demonstram que espaços não formais favorecem o uso de recursos pedagógicos complementares, que métodos diferentes do habitual escolar produzem arte, experimentos, novos conhecimentos e podem ser adquiridos por meio de uma linguagem inovadora. Em adição: [...] a educação não formal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se 14 expressar no uso da linguagem, segundo valores e crenças da comunidade. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais (BARRO; SANTOS, 2010, p. 06). Gohm (2011) reforça que a educação não formal ocorre em um espaço fora da escola, desenvolve-se nos espaços não convencionais da educação. Afirma, também, que a educação não formal não substitui a educação formal, porém favorece a construção dos conhecimentos e saberes. Acrescenta o autor que a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, ou seja, no contexto ao qual o indivíduo está inserido. Para Príncepe (2016), a educação não formal apresenta uma carga de formalidade reduzida em relação à educação escolar, dispõe de maior flexibilidade quanto a tempo, espaços, conteúdos e metodologias de trabalho. O autor ainda ressalta que a maior flexibilidade na metodologia de trabalho não significa desordem ou falta de planejamento, mas sim que esta liberdade define sua forma de atuação. Salienta, também, que ela é um acontecimento que pode fornecer contribuições vindas de experiências do indivíduo em seu contexto de trabalho, grupo ou sociedade a qual está inserida. Libâneo (2008, p. 89) complementa que educação não formal [...] compreende toda atividade educativa organizada e sistemática que ocorre fora do sistema oficial de ensino, com o objetivo de facilitar determinados tipos de aprendizagem a grupos específicos da população. Refere-se àquelas “atividades com baixo grau de estruturação e sistematização”. Após ler algumas definições acerca de espaços não formais e formais, refleti sobre o assunto e elaborei o Quadro 1 em que apresento diferenças entre os ensinos não formal e formal, à luz de alguns autores. O intuito é indicar e observar algumas diferenças entre esses espaços de ensino. Quadro 1 – Diferenças entre o ensino não formal e formal. Autores Ensino não formal Ensino formal Gadotti (2005). - O espaço é na cidade (Organizações, sindicatos, igrejas, entre outros); - Diretrizes educacionais difusas; - Possui estruturas menos hierárquicas e burocráticas; - O espaço é na escola e/ou universidades; - Objetivos claros e específicos; - Diretriz educacional centralizada; - Possui estruturas hierárquicas e 15 - Marcado pela descontinuidade, pela eventualidade e pela informalidade; - Planos podem ter duração variável (flexibilidade do tempo); - Não possui órgãos fiscalizadores, e pode, ou não, fornecer certificados de aprendizagem. burocráticas; - Marcado pela formalidade, regularidade e sequencialidade; - Planos e cargas horárias bem definidas; - Possui órgãos fiscalizadores, fornecem certificados. Chagas (1993). - Esfera veiculada a museus, meios de comunicação, instituições de serviços e eventos; - Altamente flexível, de acordo com os desejos do indivíduo; - Ensino agradável e espontâneo. - Esfera escolar e de Universidades; - Altamente estruturada; - Programa de ensino pré- determinado. Bruno (2014). - Atividades educativas que ocorrem fora da escola; - Atividades não são organizadas por níveis, idades ou conteúdos; - Regras são construídas coletivamente; - Conhecimento é adquirido através da participação, transmissão ou troca de saberes; - Este ensino prepara o cidadão para o mundo. - Atividades educativas que ocorrem na escola; - Em um determinado tempo; - Sistematização sequencial das atividades; - Por disciplinas e conteúdos; - Com regulamentos e leis; - Organiza-se por idades e níveis de conhecimento; - Com certificação e diplomas. Langhi (2009). - Práticas educativas fora do ambiente escolar; - Sem obrigatoriedade legislativa; - Indivíduo possui a liberdade de escolher métodos e conteúdos de aprendizagem. - Ocorre no ambiente escolar ou em estabelecimentos de ensino; - Com estrutura própria e planejamento. - Com obrigatoriedade legislativa. Wille (2014). - Práticas educativas que não estão formalizadas; - Práticas pouco estruturadas e sistematizadas. - Ocorre em ambientes escolares e acadêmicos; - Práticas estruturadas, organizadas e planejadas. Santos (2017) - Em instituição fora da escola; - Pode ser guiado pelo guia ou - Geralmente na escola; - Orientado pelo professor; 16 professor; -Normalmente o aprendizado não é avaliado; - Tipicamente não sequencial. - Aprendizado é avaliado; - Sequencial. Fonte: O autor (2021). A partir do Quadro 1 é possível constatar que o ensino formal ocorre em instituições de ensino (escolas, universidades, entre outras), seus conteúdos e métodos são previamente definidos por órgãos competentes, são sequenciais, auditados e, sempre avaliados, conduzidos e orientados por um professor. Já no ensino não formal, as práticas educativas ocorrem fora do ambiente escolar, normalmente são ministradas em organizações ou instituições prestadoras de serviços. Seus conteúdos e métodos são flexibilizados conforme interesse do indivíduo, podendo ou não ser conduzido pelo professor e, o ensino não costuma ser avaliado. A partir da leitura do Quadro 1, me identifico, ou melhor, existem aproximações com esta pesquisa levando em consideração os estudos de Bruno (2014), que afirma que as atividades ocorrem fora da escola. O autor acrescenta, que elas normalmente não são organizadas por níveis, idades ou conteúdos. Por fim, complementa mencionando que as regras são construídas coletivamente, o conhecimento é adquirido através da participação, transmissão ou troca de saberes, e que este ensino prepara o cidadão para o mundo. Esta pesquisa ocorreu na Fruki, uma organização que atua no ramo industrial, produzindo e comercializando bebidas. Os conteúdos e práticas adotados (as) ao longo deste estudo foram flexibilizados (as) para atender ao público alvo (profissionais da área de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC), com minha orientação, no papel de professor e sem avaliações formais (provas). No entanto, coletei os dados para realizar a análise e tecer algumas considerações acerca do uso do software Packet Tracer no ensino não formal. 17 Nesse contexto informal de ensino, mobilizei os profissionais da Bebidas Fruki S.A. a revisitar conceitos de Redes de Computadores citados na próxima seção. 2.2 Redes de Computadores Segundo Comer (2016), as Redes de Computadores têm crescido consideravelmente nos últimos anos. Acrescenta que a comunicação é parte essencial da infraestrutura em organizações, que necessitam de pessoas especialistas em Redes para planejar, adquirir, instalar, operar e gerenciar os sistemas de hardware e software que compõem as Redes de Computadores. Entendo que as Redes de Computadores podem ser especialmente confusas para iniciantes, porque mesmo havendo teorias que expliquem o relacionamento ou interligação entre todas as partes e elementos, elas podem ser complexas para profissionais sem experiência, ou que estejam ingressando na área de Redes de Computadores. Tanenbaum (2011) explica que Redes de Computadores constituem um compartilhamento de serviços e/ou recursos e permitem que programas, dispositivos, dados estejam disponíveis e visíveis a todos os indivíduos que ingressarem na Rede. O autor enfatiza que as Redes atualmente são imprescindíveis para acesso ágil de informações e também para apoio no processo de tomada de decisão das pessoas, independentemente de sua localização física e do porte das organizações. Para Fernandez (2015), as Redes de Computadores entre dois ou mais dispositivos possuem aplicação limitada. Acrescenta que, devido a essa limitação são classificadas em Local Area Network (LAN), Wide Area Network (WAN), Metropolitan Area Network (MAN) conforme a distância e o alcance, que são detalhadas a seguir. Segundo Fernandez (2015, p. 13), Local Area Network (LAN) é uma Rede que [...] conecta dispositivos próximos, com distâncias da ordem de dezenas a centenas de metros, tipicamente instaladas em prédios. Pelo fato da proximidade apresenta velocidades 18 significativamente maiores do que nas redes WAN e sofre menos interferência (ruídos) do meio ambiente. Conforme Fernandez (2015, p. 13), Wide Area Network (WAN) é uma Rede de [...] longa distância que conecta dispositivos com distâncias grandes, da ordem de dezenas ou centenas de quilômetros. Pelo fato das grandes distâncias a velocidade é geralmente menor do que alcançadas nas redes locais LAN, pois nesse caso as interferências e ruídos são fatores limitantes. Ainda de acordo com Fernandez (2015, p. 13-14), Metropolitan Area Network (MAN) é uma Rede de [...] âmbito metropolitano, tipicamente aplicada em cidades, com distâncias até dezenas de quilômetros. Como nessa distância as tecnologias de redes LAN não podem ser utilizadas torna-se necessário o uso de tecnologias de longa distância WAN. Por esse fato, a nomenclatura MAN tem sido substituída pela nomenclatura WAN pois são as tecnologias utilizadas nessas distâncias. Destaco que dentre as Redes de Computadores citadas acima (LAN, WAN e MAN), eu, no papel de professor, com uso do software Packet Tracer desenvolvi em conjunto com os profissionais da Fruki projetos ou atividades práticas contendo as três Redes. As atividades práticas aplicadas foram disponibilizadas na seção de Apêndices desta pesquisa. Vale destacar que nossas Redes possuem distâncias que ficam na ordem de dezenas a centenas de metros, limitadas a interligações de prédios ou departamentos, como também estão distribuídas em cidades ou até mesmo estados distintos, atendendo até dezenas de quilômetros com alta disponibilidade e performance. Forouzan (2009) ressalta que as Redes de Computadores são utilizadas para estabelecer a comunicação entre um conjunto de dispositivos (computadores, impressoras, entre outros) nas organizações, ou seja, as Redes de Computadores estão mudando a maneira como fazemos negócios e vivemos. Acrescenta o autor supramencionado que as decisões atualmente devem ser tomadas de forma cada vez mais rápida e necessitamos obter acesso imediato às informações. Esta fluidez na comunicação é estabelecida graças a um padrão internacional, modelo Open Systems Interconnection (OSI), ou mais divulgado e conhecido como modelo OSI, que será apresentado 19 na próxima seção. Cabe salientar que, ele é mantido pela International Organization for Standardization (ISO), desde 1970. 2.2.1 Modelos de referência OSI e TCP/IP O modelo OSI, segundo Forouzan (2009), em teoria, foi arquitetado numa estrutura de 7 camadas distintas apresentadas na Figura 1, porém relacionadas entre si, cada uma delas é responsável por uma parte do processo de transferência dos dados em uma Rede de Computadores. Figura 1 – Sete camadas do modelo OSI Fonte: Forouzan (2009, p. 30). A seguir na Figura 2 apresento o resumo das funções e responsabilidades de cada uma das camadas, segundo Forouzan (2009). Figura 2 – Resumo das camadas Fonte: Forouzan (2009, p. 42). Porém, o modelo OSI serve apenas como referência para compreendermos os conceitos e funções das camadas em uma Rede de 20 Computadores. Na prática, para conceber uma Rede, Forouzan (2009) fomenta o uso de um conjunto de protocolos chamados de TCP/IP, estes protocolos não seguem exatamente as mesmas camadas do modelo OSI apresentado anteriormente. Esse conjunto de protocolos TCP/IP foi dividido em 4 camadas: host- rede (interface com a Rede), internet, transporte e aplicação. Quando comparado com o modelo OSI, afirma-se que a camada host-rede equivale à combinação das camadas física e de enlace de dados. A camada internet equivale à camada de Rede, e a camada de transporte permanece com a mesma função. Por fim, a camada de aplicação realiza as funções das camadas de sessão, apresentação e de aplicação, conforme ilustrado na Figura 3. Figura 3 – Modelo OSI e TCP/IP Fonte: Forouzan (2009, p. 43). Para o desenvolvimento das nossas atividades práticas, que estão disponibilizadas na seção de Apêndices, foi de suma importância deter o conhecimento teórico de cada uma das 7 camadas do modelo OSI (Física, Enlace de dados, Internet, Transporte, Sessão, Apresentação e Aplicação) com suas respectivas funções e protocolos. Com o conhecimento do modelo OSI, os profissionais da Fruki aplicaram os protocolos TCP/IP ao longo dos nossos encontros com uso do software Packet Tracer. Neste momento, imbricaremos (meus pesquisados e eu) os conhecimentos teóricos do modelo OSI, com 21 protocolos, funções e elementos do TCI/IP por meio da execução das atividades práticas de Redes de Computadores desenvolvidas. A seguir, conforme Forouzan (2009), detalharei em forma de itens as funcionalidades e protocolos das camadas host-rede, rede, transporte e aplicação. a) Camada host-rede (Interface com a Rede), esta camada suporta todos os protocolos padrões e proprietários. Em resumo, trata-se do endereço físico de um dispositivo que ingressa na Rede, tecnicamente conhecido como um nó definido em sua Rede local. Estes endereços variam conforme padrão escolhido para sua Rede local, porém a maior parte das Redes locais utiliza o formato ilustrado na Figura 4 de 6 bytes (12 dígitos hexadecimais). Figura 4 – Exemplo de endereço físico Fonte: Forouzan (2009, p. 47). Cada dispositivo que ingressar em uma Rede de Computador local, seja por par trançado, seja por Rede sem fio, recebeu um endereço físico, os dispositivos mais conhecidos são: switchs, roteadores, computadores, notebooks, impressoras e smartphones. Para Tanenbaum (2011), switchs são equipamentos cuja principal função é interligar, controlar e gerenciar o tráfego de pacote de dados trocado entre os dispositivos em sua Rede local. O autor complementa que são equipamentos com várias portas, existem modelos de 8, 16, 24 e 48 portas disponíveis pelos fabricantes. Ainda segundo o autor, o switch é capaz de ler o endereço físico do dispositivo, identificar a porta à qual este está conectado, e guardar estas informações internamente em sua memória para uso futuro. Assim, quando o switch receber um dado de um computador, notebook, impressora ou smartphone para ser transmitido, se o endereço físico destes equipamentos existir na sua memória, ele sabe para qual porta o dado deverá ser enviado. Tanenbaum (2011) afirma e ilustra, por meio da Figura 5, que a comunicação é estabelecida por meio de um cabeamento físico (par trançado) 22 ou Rede sem fio (wireless). Acrescenta também que todo dispositivo ao ingressar em uma Rede local, deve se comunicar com o switch para compartilhar dados ou informações entre si, e complementa que cada cabo conecta o switch a um único dispositivo. Figura 5 – Conectividade física de um switch em uma Rede local Fonte: Tanenbaum (2011, p. 47). Segundo Forouzan (2009), a principal diferença entre o switch e um roteador, é que o switch trata todos os dispositivos como se estivessem na mesma Rede local. Já o roteador consegue isolar a conexão, permitindo que dispositivos de duas ou mais Redes fisicamente distintas se comuniquem. O autor acrescenta que o roteador possui a funcionalidade de escolher o caminho de melhor desempenho entre os dois nós e também de analisar os pacotes trocados entre os dispositivos para tratar possíveis anomalias em uma Rede de Computadores. Na Figura 6, pode-se identificar como ocorre a comunicação entre o emissor “A10” e o receptor “P95”, por intermédio de um roteador, em 3 Redes fisicamente distintas / isoladas (LAN1, LAN2 e LAN3). Figura 6 – Conectividade física de um roteador 23 Fonte: Forouzan (2009, p. 48). No meu estudo, este elemento (roteador) foi utilizado em várias atividades práticas desenvolvidas com os profissionais da Fruki. O roteador foi aplicado para priorizar, direcionar, garantir a integridade dos dados e conceder às sub-redes (LAN1, LAN2 e LAN3) e seus respectivos dispositivos um melhor desempenho para as Redes de Computadores. A seguir é detalhada a funcionalidade da camada de rede. b) Camada de Rede, esta camada no modelo TCP/IP suporta o Internetworking Protocol (IP). Acrescenta que o IP é um mecanismo padrão utilizado para transportar pacotes de dados entre os dispositivos em uma Rede local. Destaca, além disso, que este mecanismo não dispõe de nenhuma verificação, tratamento ou correção de erros, entretanto essa funcionalidade limitada não deve ser considerada um ponto fraco, pois ele provê funções essenciais de transmissão e permite adicionar funcionalidades necessárias para obter a máxima eficiência na transmissão dos dados. O autor também afirma que este protocolo suporta quatro protocolos auxiliares Address Resolution Protocol (ARP), Reverse Address Resolution Protocol (RARP), Internet Control Message Protocol (ICMP) e Internet Group Message Protocol (IGMP), que são detalhados na sequência. De acordo com Forouzan (2009, p. 44), Address Resolution Protocol (ARP) é um protocolo 24 [...] usado para associar um endereço lógico a um endereço físico. Em uma rede física, típica como uma LAN, cada dispositivo em um link é identificado por um endereço físico ou de estação geralmente gravado no adaptador de rede (NIC). O ARP é usado para descobrir o endereço físico do nó quando o endereço Internet conhecido. Reverse Address Resolution Protocol (RARP) é um protocolo que, segundo explicação de Forouzan (2009, p. 44), [...] permite que um host descubra seu endereço de internet quando conhece apenas seu físico. É utilizado quando um computador é conectado a uma rede pela primeira vez ou quando um computador sem disco é ligado. Ainda conforme Forouzan (2009, p. 44), Internet Control Message Protocol (ICMP) é um protocolo [..] usado por hosts e gateways para enviar notificações de problemas ocorridos com datagramas de volta ao emissor. O ICMP envia mensagens de consulta e de notificações de erros. Por fim, Forouzan (2009, p. 44) explica que Internet Group Message Protocol (IGMP) trata-se de um protocolo “usado para facilitar a transmissão simultânea de uma mensagem a um grupo de destinatários”. Neste estudo todos os protocolos citados acima foram aplicados e praticados ao longo dos encontros. O protocolo IP para transportar pacotes de dados entre os dispositivos: computador, notebook, impressora, switch e roteador; o protocolo ARP para identificar os dispositivos que estabeleceram alguma comunicação na Rede; e, ICMP para identificar e tratar possíveis erros ou problemas que venham a ocorrer ao configurar ou simular a comunicação entre os dispositivos das Redes de Computadores. A seguir é detalhada a funcionalidade da camada de transporte. C) Camada de transporte, é representada no modelo TCP/IP por três protocolos: o User Datagram Protocol (UDP), o Transmission Control Protocol (TCP), e o Stream Control Transmission Protocol (SCTP). Ainda consoante o mesmo autor, o propósito de todos os protocolos é transmitir um pacote de dados de um dispositivo físico ao outro. Na sequência, detalham-se as especificidades de cada protocolo. 25 User Datagram Protocol (UDP), para Forouzan (2009, p. 45), é um protocolo [...] mais simples dos três protocolos de transporte padrão TCP/IP. É um protocolo processo a processo que adiciona em seu cabeçalho apenas endereços de portas de origem e destino, controle de erros, e informações do comprimento do campo de dados proveniente das camadas superiores. Já o Transmission Control Protocol (TCP) é um protocolo [...] de transporte de fluxo confiável. O termo fluxo, neste contexto, significa orientado à conexão: uma conexão tem de ser estabelecida entre ambas as extremidades de uma transmissão antes de qualquer uma delas possa iniciar a transmissão de dados (Forouzan, 2009, p. 45). De acordo com Forouzan (2009, p. 45), Stream Control Transmission Protocol (SCTP), trata-se de um protocolo [...] que provê suporte a aplicações mais recentes, como voz sobre IP. Trata-se de um protocolo de camada de transporte que combina o que há de melhor no UDP e no TCP. Todos esses protocolos foram explanados aos profissionais, no entanto apenas os protocolos UDP e TCP foram praticados com uso do software Packet Tracer. O protocolo UDP, ao simular o envio e transporte de um pacote de stream de vídeo, e o TCP nas demais comunicações estabelecidas entre os dispositivos e elementos das Redes de Computadores. A seguir é detalhada a funcionalidade da camada de aplicação. d) Camada de aplicação, no modelo TCP/IP equivale às camadas de sessão, apresentação e de aplicação do modelo OSI. Na camada de sessão, o objetivo é estabelecer, gerenciar e encerrar sessões ativas; na camada de apresentação, traduzir, criptografar e comprimir o pacote de dados a ser encaminhado; e, na camada de aplicação, possibilitar o acesso aos recursos e serviços da Rede local. Sob o sistema operacional da estação de trabalho e com uso dos modelos de referências citados acima, é instalado o software Packet Tracer, que será apresentado no próximo subcapítulo. 26 2.3 O software Packet Tracer O Packet Tracer, software que foi utilizado nesta pesquisa, é, segundo Cabarkapa (2015), desenvolvido pela Cisco Systems Inc. e utilizado pela Cisco Networking Academy Program (CNAP) em provas de certificação de Redes de Computadores como Cisco Certified Network Associate (CCNA), Cisco Certified Networking Professional (CCNP), entre outras para qualificação de profissionais ao mercado de trabalho. O supracitado autor complementa que este software conta com um ambiente virtual interativo, em modo gráfico e texto, permitindo criar e configurar cenários realistas e simular a conectividade dos dispositivos na Rede de Computadores. Na Figura 7, ilustro a área de trabalho do software Packet Tracer. Figura 7 – Tela do software Packet Tracer Fonte: O autor (2021), com base no software. O software Packet Tracer, para Makasiranondh (2010), consiste em uma ferramenta de simulação de Rede de Computadores para o ensino. O autor acrescenta que o software permite aos profissionais criar Redes, configurar dispositivos, injetar pacotes de dados para simular o tráfego entre dispositivos e observar os resultados obtidos na Rede de Computadores. Pinheiro (2009) salienta que os simuladores podem representar graficamente situações difíceis e reais vivenciadas no dia a dia de profissionais, conforme ilustrado na Figura 8. Segundo o autor, por meio dos simuladores é possível ilustrar situações reais sem correr riscos de gerar indisponibilidade na 27 operação (paradas indesejadas) ou danificar equipamentos que possuem um custo significativo para manutenção. Figura 8 – Confirmação do recebimento do pacote no PC01 Fonte: Pinheiro (2009, p. 3). O Cisco Packet Tracer, de acordo com Jesin (2014), é um simulador que pode ser usado não apenas por alunos, mas também por gerentes e administradores de Rede. Este software provê uma ampla gama de switchs e roteadores Cisco, disponibiliza os mais comuns meios físicos de comunicação (Rede sem fio, Rede cabeada, via fibra óptica e cabo UTP - Unshielded Twisted Pair), vários dispositivos finais como computadores, notebooks, impressoras e servidores. Conforme explica o autor supramencionado, este software pode ser usado também para criar exercícios práticos de baixa ou alta complexidade e ser aplicado nas organizações para especificação ou desenho técnico de Redes de Computadores. Neste estudo, o software Packet Tracer foi utilizado com objetivo de explorar as funcionalidades, os protocolos, as configurações e identificar erros em parametrizações de elementos ou dispositivos que podem ingressar nas Redes de Computadores ao longo das nossas atividades práticas desenvolvidas em um espaço não formal de ensino. O software também permitiu aprimorar conhecimentos prévios sobre o tema, desenvolvendo e aplicando casos reais oriundos de projetos ou demandas existentes na Fruki. 28 No capítulo a seguir, evidencia-se por meio de dissertações e artigos publicados, o uso e a aplicação desse software em espaços não formais de ensino. 29 3. ESTUDOS RECENTES NA ÁREA Para o desenvolvimento desta seção - estudos recentes na área -, iniciei a consulta pelo Catálogo de Teses & Dissertações da CAPES, disponível em http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/. O termo de busca utilizado foi “Packet Tracer” e obtive um número de 905 trabalhos acadêmicos já desenvolvidos por outros autores. A partir de então, passei a inserir mais variáveis no bloco de “refinamentos de busca” disponível no portal, como o tipo “Mestrado”, que resultou em 547 pesquisas. Dentre as pesquisas, busquei estratificar no portal da CAPES, quantas eram: artigos, eventos, dissertações ou teses. Com o intuito de obter uma consulta com maior qualidade, inseri mais uma variável na pesquisa e filtrei por ano de publicação. Selecionei apenas as dissertações de 2018 e 2019 do portal, por se tratar das mais recentes. As dissertações de 2018 representavam 69 publicações, mais 55 publicações no ano de 2019, totalizando 124 estudos publicados. Nesses estudos, realizei uma consulta pela expressão “Packet Tracer”. Quando não apresentado texto completo do autor, realizei a consulta nos resumos. Nesses estudos, não encontrei nenhuma pesquisa voltada para o ensino de Redes de Computadores utilizando o software Packet Tracer, independentemente do espaço de ensino, visto que o meu objetivo era encontrar o uso em espaços não formais. 30 O fato de não ter encontrado nenhuma dissertação sobre o tema em espaços não formais motivou-me ainda mais para o desenvolvimento desta pesquisa, pois trata-se de um tema inovador, contemporâneo, uma necessidade latente nas organizações, e o mercado busca profissionais qualificados para atuarem nesses projetos. Diante desse cenário, realizei uma nova busca no portal da CAPES com a expressão “Simulador Packet Tracer em Redes de Computadores”, Tipo “Mestrado” e Anos “2015, 2016, 2017 e 2018”, e obtive um número expressivo: 155 mil resultados. Devido a este resultado, inclui mais o filtro “Nome do Programa = Ciência da Computação”, encontrando um total de 954 estudos publicados. Percorri todas as páginas e estudos buscando as expressões “Simulador” e/ou “Packet Tracer” em seus títulos, mas encontrei apenas um estudo que remetia ao tema da presente proposta - “USO DO SOFTWARE PACKET TRACER PARA O ENSINO DE REDES DE COMPUTADORES” - , porém a aplicação desse estudo ocorreu em um espaço formal de ensino. O trabalho foi publicado em 2015 e é apresentado no Quadro 2. Quadro 2 – Triagem de dissertações na CAPES Título Autor Instituição Ano de publicação Espaço Uso de Simuladores como ferramenta no Ensino-Aprendizagem de Redes de Computadores. Walter dos Santos Universidade FUMEC, Belo Horizonte 2015 Formal de Ensino. Fonte: O autor (2021). Também realizei consultas no portal da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), disponível em http://bdtd.ibict.br. Para a busca foi utilizada a expressão “Simulador Redes de Computadores”, “Packet Tracer” e “Simulador Packet Tracer” e filtros: Tipo documento “Dissertação”, Idioma “Português” e Assunto “Redes de Computadores”. Resultaram dessa busca 29 estudos publicados e, em cada uma das publicações, foi pesquisada a palavra chave “Packet Tracer”, momento em que novamente não identifiquei nenhum estudo que remetesse ao tema desta pesquisa. 31 Após as tentativas sinalizadas acima, realizei novas consultas no portal do Google Acadêmico, disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?q=. Os termos de busca foram “Packet Tracer” e “Simulador Packet Tracer”, com os filtros: de ano (2013 a 2020), e idioma (português). O objetivo da pesquisa foi encontrar dissertações/artigos publicados que utilizassem a ferramenta Packet Tracer para o ensino de Redes de Computadores em espaços não formais. Os resultados estão ilustrados no Quadro 3. Quadro 3 – Triagem de dissertações no Google Acadêmico Título Autor Instituição Ano de publicação Espaço Uso do Cisco Packet Tracer como ferramenta no ensino- aprendizagem de Redes de Computadores no IFRN–Campus Mossoró. Rodrigo Ronner Tertulino da Silva. Instituto Federal do Rio Grande do Norte - Campus Mossoró 2019 Formal de Ensino. Uso de Simulações Computacionais no Ensino de Redes de Computadores. Elbe Alves Miranda. Universidade Federal Fluminense - RJ 2017 Formal de Ensino. Um Relato sobre a Monitoria da Disciplina de Redes de Computadores no Curso de Sistemas e Mídias Digitais. Vitor Rodrigues Costa Universidade Federal do Ceará 2017 Formal de Ensino. Um Simulador para Treinamento em Instalação e Reparação de Redes de Computadores. Eduardo Filgueiras Damasceno e Hevander Gabriel P. de Souza Universidade Tecnológica Federal do Paraná 2014 Formal de Ensino. Estudo e implementação de uma estrutura de Rede. Celso Ary Pimentel Universidade Tecnológica Federal do Paraná 2013 Formal de Ensino. Fonte: O autor (2021). Conforme ilustrado nos Quadros 2 e 3 acima, não foi possível identificar nas pesquisas nenhum estudo em espaços não formais de ensino. Todavia, autores citados acima apoiam o uso do software “Packet Tracer” para o ensino de Redes de Computadores. No Quadro 4, nos itens “Título e Objetivo”, destaco que os dados/informações/autores dos estudos foram copiados de alguns estudos, 32 mas estão indicados como citação direta. Quando não houve cópia direta, realizei uma síntese destes itens com base na interpretação e/ou sob os resultados dos artigos. Tal ação foi realizada por os itens não estarem explícitos ao longo do estudo. Para os demais itens, são apresentadas as sínteses das investigações analisadas. Quadro 4 – Detalhamento dos estudos selecionados nos quadros 2 e 3. Título Objetivo Metodologia de coleta e analise dos resultados Resultados Uso de Simuladores como ferramenta no Ensino-Aprendizagem de Redes de Computadores (SANTOS, 2015, p. 1). Identificar as contribuições do uso de softwares simuladores de Redes, como estratégias no processo de ensino- aprendizagem do conteúdo de Redes de Computadores (SANTOS, 2015, p. 7). Realizado levantamento de dados com as turmas do curso superior de Tecnologias em Redes de Computadores, baseado na aplicação de questionários para alunos e professores. Foi comprovado que o simulador Cisco Packet Tracer pode contribuir nos processos de ensino e aprendizagem, baseado no modelo de ensino Flipped Classroom, e indiretamente pode contribuir também para que instituições não invistam em laboratórios físicos para atender ao conteúdo do ensino de Redes de Computadores. Uso do Cisco Packet Tracer como ferramenta no ensino-aprendizagem de Redes de Computadores no IFRN– Campus Mossoró (DA SILVA, 2019, p. 67). Investigar as contribuições do uso de softwares simuladores de Redes, mais especificamente o Cisco Packet Tracer, como ferramenta no ensino- aprendizagem da disciplina de Redes, no IFRN - Campus Mossoró (DA SILVA, OLIVEIRA, 2019, p. 67). A coleta dos dados ocorreu a partir da aplicação de um questionário destinado aos alunos do curso de Informática, nas modalidades técnico integrado e subsequente, com cunho quali- quantitativo. Foi identificado que o software Packet Tracer é aderente ao ensino quando direcionado por um docente, proporcionando aos alunos um ótimo entedimento da prática. Concluiu-se também que o simulador desempenha um importante papel para a compreensão dos conteúdos de Redes de Computadores. 33 Uso de Simulações Computacionais no Ensino de Redes de Computadores (MIRANDA, 2017, p. 1). Pesquisar quais os simuladores mais adequados para uso no ensino de Redes e desenvolver práticas de laboratório para auxiliar o aprendizado dos conceitos teóricos básicos de Redes de Computadores (MIRANDA, 2017, p. 3). A coleta de dados ocorreu através da aplicação de três práticas de laboratório, em que foi exemplificado como podemos fazer o uso dos simuladores no dia a dia para enriquecer o ensino de Redes de Computadores. Foi identificado que o software Packet Tracer foi o mais aderente dentre os pesquisados, por se tratar do mais fácil de usar e de se entender. Concluiu-se também que com ele foi possível simular as três práticas de laboratório abordadas na pesquisa. Um Relato sobre a Monitoria da Disciplina de Redes de Computadores no Curso de Sistemas e Mídias Digitais (COSTA, VIANA e COUTINHO, 2017, p. 1). Permitir a seleção dos diferentes protocolos e tratar problemas de comunicação nas ferramentas (COSTA, VIANA e COUTINHO, 2017, p. 5). A coleta dos dados ocorre através de atividades práticas desenvolvidas previamente e aplicadas pelo docente aos alunos. As atividades de monitoria tiveram boa aceitação e melhoria no aprendizado dos alunos, devido ao alinhamento dos assuntos teóricos e práticos com uso da ferramenta Packet Tracer. Um Simulador para Treinamento em Instalação e Reparação de Redes de Computadores (DAMASCENO e SOUZA, 2014, p. 1). Apresentar a ferramenta e propor uma investigação sobre a concepção pedagógica deste uso (DAMASCENO e SOUZA, 2014, p. 1). A coleta dos dados se deu no ensino profissionalizante, através de uma atividade prática desenvolvida previamente e aplicada aos alunos em laboratório. Concluiu-se que o simulador Packet Tracer possibilitou uma interação dinâmica do usuário com o sistema sem a necessidade de acervo físico, o que favoreceu a preservação do equipamento e evitou danos ao patrimônio. Estudo e implementação de uma estrutura de Rede (PIMENTEL, 2013, p. 1). Implementar uma estrutura de Rede hierárquica levando em consideração a segurança, disponibilidade e integridade dos dados (PIMENTEL, 2013, p. 11). Pesquisa bibliográfica para implementação de uma Rede de Computadores utilizando os recursos Cisco Packet Tracer e Laboratório de Redes da UTFPR. A pesquisa bibliográfica trouxe o embasamento teórico para a escolha dos equipamentos e funções pretendidas. Permitiu também o uso do software Packet Tracer em laboratório para que os conhecimentos adquiridos ao longo do estudo fossem 34 aplicados, simulados e testados seu desempenhos. Fonte: O autor (2021). Diante desse cenário de pesquisa apresentado no Quadro 4 e com a necessidade latente, no mercado de trabalho, de profissionais capacitados sobre o tema, enfatizo que a utilização do software Packet Tracer no ensino de Redes de Computadores em um espaço não formal (Organização Bebidas Fruki S.A.) é apropriado para profissionais desempenharem com qualidade e aptidão suas rotinas de trabalhos diários em áreas de TICs relacionadas a Redes de Computadores. Reitero que os estudos em espaços formais de ensino citados anteriormente apresentaram resultados relevantes: o software Packet Tracer possui interface amigável, de fácil interação com o usuário, e permite simular virtualmente etapas de configuração/testes de desempenho dos equipamentos sem necessidade de acervo físico. Acrescento que o software permite gerar redução de investimento nas instituições de ensino para construção e manutenção de laboratórios, evita depreciação de equipamentos e contribui para os processos de ensino e aprendizagem de profissionais, aliando teoria à prática. Devido aos benefícios sinalizados acima posso considerar que o software Packet Tracer é aderente também nos espaços não formais de ensino. Por este motivo foi desenvolvido o estudo na organização com o intuito de atender aos objetivos já expostos anteriormente. A seguir, apresento os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo. 35 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente capítulo busca descrever os procedimentos metodológicos da pesquisa, bem como foram planejados seu delineamento e sua organização. Apresento o local em que a pesquisa foi realizada, as atividades planejadas e exploradas, bem como as alternativas utilizadas para o desenvolvimento do objeto de estudo pedagógico. 4.1 Natureza da pesquisa e os instrumentos de coleta de dados Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa e apresenta aproximação de um estudo de caso. Segundo Yin (2005), o método de pesquisa qualitativo consiste em um modo de aprofundar um estudo visando à resolução de um problema, respondendo a questionamentos que o pesquisador desenvolveu sobre o objeto. Para Yin (2005), um estudo de caso é uma investigação contemporânea dentro de seu contexto real. Assim, embasado no autor supracitado, o estudo de caso utiliza-se de técnicas de coletas de dados como diário de campo, questionários eletrônicos semiestruturados, fotos ou print de tela, vídeos ou gravações das aulas virtualizadas, comentários, relatos, registros computacionais e atividades práticas realizadas no software Packet Tracer para solução do problema de pesquisa “Como o software Packet Tracer 36 pode contribuir para o ensino de Redes de Computadores aos profissionais de TICs da Bebidas Fruki S.A.?” Acrescento também, que esta pesquisa foi qualitativa, por estar sendo realizada no contexto particular da Bebidas Fruki S.A. e utilizar-se de atividades não numéricas (projetos de redes de computadores). Para comprovar e registrar a evolução da pesquisa qualitativa, foi apresentado aos profissionais o desafio sobre Redes de Computadores. Solicitou-se, também, que cada profissional tirasse um print/fotografia da tela do seu computador contendo o esboço técnico desenvolvido, solicitou-se que todas as atividades desenvolvidas fossem disponibilizadas no repositório das aulas e fosse utilizado o software Microsoft Forms para aplicar, realizar e armazenar os questionários semiestruturados no formato eletrônico ou digital. Segundo Vasconcelos et al. (2007), a pesquisa eletrônica ou digital possui as seguintes características: ser encaminhada por e-mail ao público- alvo, conter o endereço eletrônico para obter acesso e responder ao questionário, primar pelo anonimato dos participantes e normalmente, ao final, ser enviada com as respectivas informações ao responsável pela pesquisa. O autor afirma também que o questionário confere confiança ao pesquisador e possibilita a comparação de informações entre os participantes pesquisados. Além disso, permeando todas as práticas, coletei evidências das atividades desenvolvidas de cada profissional por meio do diário de campo. Reforço que a principal prática em que todas as atividades e suas resoluções foram registradas foi o diário de campo, cuja finalidade é obter um registro completo e detalhado da pesquisa. Segundo Lewgoy (2002), o diário de campo é um instrumento de registro de pesquisa, de anotações pessoais no qual o estudante fundamenta o conhecimento teórico e/ou prático vivenciado no objeto de estudo, por meio do relato de suas experiências. Em síntese, os instrumentos de coleta de dados utilizados nesta pesquisa foram diário de campo, questionário semiestruturado, fotos ou print de tela, vídeos ou gravações e atividades práticas realizadas no software Packet Tracer. 37 Na próxima seção está descrito o Delineamento da Pesquisa, apontando o local e os personagens da pesquisa. 4.2 Locus da pesquisa e sujeitos envolvidos A pesquisa foi aplicada na Bebidas Fruki S.A., uma empresa com 96 anos de história. Fundada por Emílio Kirst em 29 de abril de 1924, a empresa iniciou produzindo cerveja, vinhos, licores e água de soda. Desde então, é administrada por descendentes da família que prezam principalmente pela característica familiar do negócio, em que as pessoas são valorizadas (FRUKI, 20202). Até 2021 sua principal atividade é a produção, comercialização e distribuição de bebidas, e as suas linhas de produtos evoluíram para atender a tendência de consumo de bebidas mais saudáveis. A ética e relacionamento de confiança são valores fundamentais que permeiam o negócio desde a sua fundação, não só com seus clientes, mas também com acionistas, profissionais, sociedade e fornecedores. O pioneirismo é outra característica fundamental da Fruki. Como exemplo posso citar a compra de um computador em 1980, a instalação da primeira Estação de Tratamento de Efluentes da região e uma das primeiras do estado em 1988, a implantação de práticas de sustentabilidade já na década de 1990, em 2018 a migração de seu datacenter físico para a nuvem da Microsoft e, em 2020, o advento da switch de produtos do Office365 para aprimorar a experiência dos seus profissionais. A empresa atua no mercado do RS e SC e conta com aproximadamente 900 profissionais e 30 mil clientes ativos. Para atender a este contexto, conta com seis centros de distribuição, um em Lajeado junto à unidade industrial, e os demais em Canoas, Pelotas, Santo Ângelo, Caxias do Sul e Blumenau. 2 Os dados citados neste parágrafo, e nos cinco seguintes, foram extraídos do site da Bebidas Fruki S.A.. Disponível em: <https://www.fruki.com.br/a_fruki/nossa_historia>. Acesso em 03 abril. 2020. 38 Possui também oito centros de vendas: em Lajeado, Canoas, Osório, Rio Grande, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Passo Fundo. Destes 900 profissionais, 24 estão alocados na área de Tecnologia da Informação e Comunicação. Este estudo foi aplicado apenas nas equipes de atendimento e operações, conforme apresentado na Figura 9. Figura 9 – Organograma da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Fonte: O autor (2021). Destes oito profissionais destacados na Figura 9 (Atendimento e Operação), consegui envolver apenas seis em todas as atividades planejadas. Acrescento que os profissionais são meus colaboradores, atuam na mesma equipe/organização, por este motivo podem fazer com que os resultados favoreçam o desenvolvimento da pesquisa. Tal aderência foi um pouco 39 prejudicada devido as atividades terem sido aplicadas durante a pandemia da covid-19, fora do horário comercial (durante a noite). Estes 6 profissionais, foram do sexo masculino, com idade média de 26 anos, com formação técnica e graduação nas áreas de Tecnologia da Informação. A seguir apresento o delineamento da prática deste estudo. 4.3 Delineamento da prática desenvolvida Este estudo de caso foi aplicado em um espaço não formal de ensino, na Matriz da Bebidas Fruki S.A., localizada na cidade de Lajeado – RS, com uma turma de profissionais da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs). Conforme disponibilizado no Apêndice A, tenho autorização da direção para sua realização. Também foi coletada, com cada profissional, a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) disponibilizado no Apêndice B. As atividades da pesquisa foram realizadas em 8 encontros virtualizados com uso do software Microsoft Teams3. Os referidos encontros, que ocorreram fora do horário comercial, foram gravados e conciliados com as demais atividades dos profissionais da área de TICs, durante 8 semanas. Cada encontro teve a duração de 3 horas, totalizando 24 horas de trabalho. A proposta de aulas disponibilizada no Apêndice C foi agendada previamente com os profissionais e apresentada por mim de forma dialogada e explicativa utilizando os recursos tecnológicos disponíveis no software Microsoft Teams. As gravações e materiais de apoio utilizados nos encontros foram disponibilizados em uma área específica na Rede da empresa. Para sintetizar os encontros descritos a seguir, apresento, no Quadro 5, as atividades realizadas, os instrumentos e os recursos utilizados. 3 Microsoft Teams: software de mensageria de texto, vídeo conferência e salas virtualizadas. 40 Quadro 5 – Atividades, metodologia e recursos da pesquisa. Enc ont ros Atividades Metodologia Recursos Competência s e habilidades esperadas Aula 01 Apresentação da proposta das aulas, desafio sobre Redes de Computadores e introdução de conceitos básicos sobre o tema. • Apresentação do desafio “Como você representaria a Rede de Computadores disponibilizada no Apêndice D?”. Esta atividade busca coletar conhecimentos prévios dos profissionais sobre o tema; • Explanação dos conceitos básicos de Redes de Computadores: o Definições, história, casos de uso, ativos de Redes, classificaçã o de Redes, topologias de Redes e meios físicos de transmissã • Aula expositiva dialogada; • Apresentação da ementa da disciplina, cronograma das aulas e sistema de avaliação; • Apresentação do problema; • Projeção/Comp artilhamento de slides. • Notebook /Desktop; • Repositóri o para materiais de apoio; • Esforço de 3 horas por profission al; • Uso do software Microsoft Teams; • Uso do software Mentimete r; • Uso do software Microsoft Forms; • Atividade prática para assimilaçã o do conteúdo e nivelamen to. • Instalação do software Packet Tracer nas estações de trabalho dos profissionais; • Inserção dos dispositivos ou elementos (computador, notebook, switchs e cabeamento) no simulador de rede de computadores; • Simulação básica de conectividade e comunicação entre os switchs e dispositivos (computador, notebooks) da Rede. 41 o. • Apresentação virtual dos principais ativos de uma Rede de Computadores. • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice E). Aula 02 Modelos de referência e padronização OSI e TCP/IP. • Explanação dos modelos de referência, padronização OSI e TCP/IP; • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice F). • Aula expositiva dialogada; • Projeção/Comp artilhamento de slides. • Conhecimento teórico da arquitetura das redes de computadores, funcionalidades e recursos de cada uma das camadas da rede; • Análise críticas de dispositivos e elementos básicos das redes de computadores para tratar incidentes do cotidiano de um administrador de redes. Aula 03 Camada Física. • Revisão dos modelos de referência e padronização OSI e TCP/IP vistos na aula • Conheciment o teórico e prático sobre os meios físicos para estabelecer 42 anterior; • Explanação dos componentes da camada física em uma Rede de Computadores: o Meios de transmissã o magnético, par trançado, coaxial, fibra óptica e sem fio. • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice G). a conectividad e entre as redes de computadore s (Cabo UTP, Fibra Óptica, entre outros). Aula 04 Camada de Enlace. • Explanação da função da camada de Enlace em uma Rede de Computadores. o Métodos de detecção e correção de erros, protocolos de acesso, endereçam entos (MAC e ARP), protocolo Ethernet e Redes locais virtuais (VLAN). • Atividade • Conheciment o teórico e prático para configuração da segmentaçã o de Redes (entre andares, prédios e classes de dispositivos) e tratar incidentes do cotidiano de um administrado r de Redes. 43 prática para assimilação do conteúdo (Apêndice H). Aula 05 Camada de Rede. • Explanação da função da camada de Rede em uma Rede de Computadores: o Apresentaç ão do funcioname nto de roteadores, interligação de Redes, protocolo IP, endereçam ento IPv4/IPv6 e máscara de Rede. • Apresentação das funcionalidades do software Packet Tracer; • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice I). • Conheciment o teórico e prático para inserção e configuração do elemento “roteador” em Redes de Computador es; • Priorização de rotas e alta disponibilida de de dados. Aula 06 Camada de Transporte. • Explanação da função, protocolos e serviços da camada de transporte: o Função da camada de transporte, • Tratamento de incidentes de roteamento e comunicação entre as redes de uma 44 protocolos TCP e UDP, serviços de NAT e QOS. • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice J). organização; • Vivenciada análise crítica de um problema de conectividad e entre as Redes. Aula 07 Camada de Aplicação. • Explanação das funções da camada de aplicação, suas arquiteturas e serviços de transporte disponíveis; • Apresentação dos principais protocolos e serviços: HTTP, POP, IMAP, SMTP, FTP e VOIP; • Atividade prática para assimilação do conteúdo (Apêndice K). • Segmentaçã o, priorização de rotas, aplicação de alta disponibilida de e dupla abordagem de dados em Redes de Computador es. Aula 08 Desafio proposto • Demonstração do conhecimento obtido através de um desafio (Apêndice L). • Envio de endereço eletrônico para aplicação do questionário semiestruturad • Realização de um desafio com uso do software Packet Tracer da Cisco; • Envio dos questionários eletrônicos semiestruturado s. • Apresentaçã o dos conheciment os obtidos em todos os encontros; • Capacitação ou aptidão para gerir Redes de Computador 45 o (Apêndice M). • Fechamento e avaliação da satisfação dos profissionais quanto ao plano de aulas executado. es de organizaçõe s. Fonte: O autor (2021). Diante desse contexto, descrevo a seguir cada encontro, em ordem cronológica. Na primeira aula, os profissionais diante de seu dispositivo (computador e/ou notebook), obtiveram acesso aos seus e-mails e, de posse do link e/ou URL disponibilizado previamente por mim nas suas agendas eletrônicas, ingressaram na sala de aula virtualizada, local onde foram ministradas e gravadas todas as aulas. Nesse momento projetei e compartilhei slides para apresentar a proposta pedagógica. Em seguida, apresentei o problema inicial: “Como você ilustraria de forma gráfica a Rede de Computadores apresentada (disponibilizada no Apêndice D)?”. O objetivo desta atividade foi fomentar que cada profissional desenvolvesse um esboço técnico da Rede de Computadores utilizando um Papel A3, lápis, pincel, borracha, régua ou algum aplicativo disponível no seu computador/notebook (Paint, Word, Excel, PowerPoint, entre outros), sumarizando seus conhecimentos prévios sobre o tema, com criatividade, individualmente, ou seja, sem o meu auxílio, tampouco de seus colegas. O prazo para realização e entrega desta atividade foi até o intervalo, ou seja, de aproximadamente 40 minutos. O objetivo desta tarefa foi coletar evidências sobre o conhecimento prévio de cada profissional, para posteriormente analisar e comparar sua evolução técnica deles ao final dos 8 encontros virtualizados planejados. Na sequência, introduzi o conteúdo sobre a evolução cronológica das Redes, bem como conceitos básicos: elementos, componentes, classificações, topologias, meios físicos e ativos das Redes de Computadores disponibilizados no Apêndice C. Após nivelamento da fundamentação teórica, apresentei virtualmente, por meio de Slides, os principais ativos: switchs, roteadores, dispositivos e tipos de meios físicos utilizados para a interligação de Redes. E por fim, realizei, em conjunto com os profissionais, uma atividade prática no software Packet Tracer 46 para assimilação de conceitos, configuração dos ativos via interface gráfica e por meio de linhas de comandos (interface CLI), conforme Apêndice E. Essa atividade prática foi compartilhada com os profissionais por meio de um repositório restrito, criado especificamente para atender ao plano de aulas, onde foram postados os materiais de apoio e atividades das aulas. Nessa mesma seção foi adicionada uma área de entrega da tarefa. Nela, cada profissional publicou os projetos desenvolvidos por meio do software Packet Tracer para posterior análise e estudo do professor/pesquisador. No segundo encontro, inicialmente reconheci com os profissionais, por meio de uma aula expositiva e com uso de slides, os modelos de referências OSI (aplicação e fluxo de dados) com suas 7 camadas: 7-Aplicação, 6- Apresentação, 5-Sessão, 4-Transporte, 3-Rede, 2-Enlace e 1-Física, e TCP/IP (protocolos) com suas 4 camadas: 4-Aplicação, 3-Transporte, 2-Internet e 1- Rede. O objetivo desse encontro foi compreender a arquitetura de comunicação e o trajeto/caminho que os dados percorrem entre dispositivos das Redes de Computadores. Por fim, os profissionais tiveram a oportunidade de desenvolver, aplicar seus conhecimentos adquiridos na prática e simular sua primeira Rede de Computadores com uso do software Packet Tracer por meio da execução da atividade disponibilizada no Apêndice F. Ela foi disponibilizada pelo professor e entregue ao final da aula pelos profissionais no repositório/diretório da “aula 02”, ilustrado anteriormente. No terceiro encontro, na primeira parte da aula, realizei uma revisão por meio de slides das duas últimas aulas. A revisão ocorreu de forma expositiva, também demonstrei os componentes da camada física, suas características, tipos e meios de transmissão. Na segunda parte da aula, os profissionais realizaram uma atividade prática no software Packet Tracer para assimilar o conteúdo disponibilizado no Apêndice G. A atividade consistiu na construção de duas Redes de Computadores com interligação das sub-redes e seus respectivos dispositivos. O primeiro caso “A”, com uso do cabo UTP, e o segundo Caso “B”, com uso de Fibra Óptica. O uso do software Packet Tracer permitiu que os profissionais desenvolvessem as Redes alternando os ativos (switchs compatíveis com as portas Ethernet e Fibra Óptica) e meios físicos 47 das mesmas. E, por fim, os profissionais publicaram seus projetos desenvolvidos por meio do software Packet Tracer na área de entrega da “aula 03” para posterior correção e eventuais esclarecimentos de dúvidas. No quarto encontro, reconheci com os profissionais, por meio de slides e de forma expositiva/dialogada a camada de Enlace, sua função, métodos de detecção, protocolos de acesso, endereçamentos, protocolo Ethernet e Redes locais. Após o esclarecimento de eventuais dúvidas, os profissionais receberam uma atividade prática disponibilizada no Apêndice H, que foi explorada com uso do software Packet Tracer para segmentação de duas Redes “Caso A” e “Caso B”. No “Caso A”, a comunicação (transferência e recepção dos pacotes de dados) da Rede foi segmentada/restrita para ocorrer apenas entre os dispositivos “NOTE01” e “NOTE02”, ou seja, “NOTE01” e/ou “NOTE02” não conseguiram estabelecer a comunicação com “DESK01” e/ou “DESK02”, ou vice-versa. No “Caso B” a comunicação somente foi permitida entre os dispositivos da mesma sub-rede, ou seja, foi permitida a comunicação apenas entre os dispositivos “DESK01” e “NOTE01” ou “DESK02” e “NOTE02”. Não foi permitido que dispositivos de sub-redes diferentes se comunicassem devido à segmentação/restrição parametrizada na Rede de Computadores. Ao final da aula, cada profissional publicou seus projetos desenvolvidos por meio do software Packet Tracer na área de entrega da “aula 04” para posterior correção e eventuais esclarecimentos de dúvidas. No quinto encontro, na primeira parte da aula reconheci com os profissionais por meio de slides e de forma expositiva/dialogada a camada de Rede, sua função, funcionalidade de roteadores, interligação de Redes, protocolo IP, endereçamento IPV4 e IPV6 e máscara de Rede. Na segunda parte da aula, junto com os profissionais, reconheci, por meio do software Packet Tracer, funcionalidades mais complexas de roteamento, momento em que os profissionais realizaram uma atividade prática no software para criação, configuração e simulação da comunicação entre os dispositivos em duas Redes de Computadores para assimilarem o conteúdo disponibilizado no Apêndice I. Ao término da atividade, cada profissional publicou seu projeto na 48 área de entrega da “aula 05” para posterior análise e estudo do professor/pesquisador. No sexto encontro, reconheci com os profissionais por meio de slides e de forma expositiva/dialogada, a camada de Transporte, função, protocolos TCP e UDP, serviço de NAT e QOS em Redes de Computadores. Restando aproximadamente 40 minutos de aula, os profissionais receberam uma atividade prática, disponibilizada no Apêndice J, que foi realizada no software Packet Tracer. Nela, os profissionais tiveram que identificar nos projetos disponibilizados o motivo pelo qual a comunicação não estava sendo bem sucedida entre as sub-redes “Matriz - Lajeado”, “CD Blumenau”, “CD Caxias do Sul”, “CD Santo Ângelo” e seus respectivos dispositivos. Ao término da atividade, cada profissional publicou seu projeto na área de entrega da “aula 06” para posterior análise e estudo do professor/pesquisador. No sétimo encontro, reconheci com os profissionais, por meio de slides e de forma expositiva/dialogada, a camada de Aplicação, sua função, arquitetura, protocolos e serviços (HTTP, POP, IMAP, SMTP, FTP, VOIP, entre outros). Na segunda parte da aula, os profissionais receberam uma atividade prática disponibilizada no Apêndice K: onde revisamos conceitos e práticas estudadas anteriormente ao longo de nossos encontros para configuração dos elementos/ativos, como IP, Máscara, Gateway, Segmentação (VLANs), Roteamento e dupla abordagem de comunicação (comunicação redundante) da Rede. O projeto possuía o propósito de interligar 4 sub-redes distintas (Indústria – Lajeado, Indústria – Paverama, CD Canoas e CD Blumenau), com alta disponibilidade, e garantia de que não haveria colisões ou perda de pacotes nas transações realizadas na Rede. Ao término da atividade, cada profissional publicou seu projeto na área de entrega da “aula 07” para posterior análise e estudo do professor/pesquisador. No último encontro, oitava aula, os profissionais realizaram um desafio disponibilizado no Apêndice L, momento em que eles demonstraram os conhecimentos e habilidades adquiridas na “disciplina” ao construir uma Rede de Computadores no software Packet Tracer, com alta disponibilidade, interligando 4 sub-redes fisicamente distintas, sem ruídos e perdas no 49 transporte dos pacotes de dados entre os dispositivos. Ao término da atividade, os profissionais postaram o projeto no repositório da disciplina, na “aula 08”. Conforme ocorria a entrega da atividade, o professor/pesquisador, juntamente com cada profissional, realizou a importação individual do respectivo projeto para seu notebook pessoal/profissional e realizou a simulação no software Packet Tracer do envio e recebimento dos pacotes de dados entre os dispositivos (computador, notebooks, entre outros) das sub-redes para testar a comunicação. Foi dada a devolutiva do êxito ou não do desafio proposto e foram esclarecidas ao grupo eventuais dúvidas em relação à atividade. Após, os 6 profissionais responderam em 5 minutos à enquete/nuvem de palavras que possuía a seguinte pergunta: “Pontos positivos sobre o planejamento e metodologia das aulas?” Essa atividade foi parametrizada/desenvolvida com uso do software Mentimeter4 e compartilhada por meio do link/URL e cada profissional citou 5 palavras que definiram nossos encontros. Por fim, foi compartilhado o link/URL do software Microsoft Forms e os profissionais tiveram o prazo de 15 dias para responder a um questionário eletrônico semiestruturado disponibilizado no Apêndice M, cujo objetivo foi coletar dados, classificá-los, transformá-los em evidências, sustentando assim o uso e aplicação do software Packet Tracer em espaços não formais de ensino. A seguir detalho como realizei a análise dos dados. 4.4 Análise de dados Neste estudo a análise dos resultados foi realizada de forma descritiva. Segundo Gonçalves (1978), a análise descritiva consiste na extração de informações contidas nos resultados do estudo. Para o autor, é importante ter definidas as características de interesse que deverão ser verificadas e também, se houver “n” elementos considerados, estes fornecerão “n” valores associados a uma dada característica de interesse. De forma particular, descrevo cada um dos 8 encontros, em ordem cronológica, relatando como cada aula foi 4 Software Mentimeter: software que permite formar “nuvens de palavras” a partir de questionamentos realizados a um público-alvo específico. As palavras repetidas são apresentadas em destaque na tela do software. 50 desenvolvida, os resultados obtidos e evidenciados pelos instrumentos de coleta de dados. Ainda irei imbricar os resultados obtidos com autores que utilizei no referencial teórico. Acrescento que os dados são oriundos de uma turma composta por 6 profissionais da Fruki, os quais serão representados nesta pesquisa pelas siglas Profissional A, Profissional B, Profissional C, ..., Profissional F. Todas as informações coletadas são originadas de técnicas de coletas de dados, como diário de campo, questionários eletrônicos semiestruturados, fotos ou print de tela, vídeos ou gravações das aulas virtualizadas, comentários, relatos, registros computacionais e atividades práticas realizadas pelos profissionais ou por mim durante e após a intervenção pedagógica. Complemento que estas fontes de dados são cruciais para responder aos objetivos desta pesquisa. Com posse dos dados, seguindo pressupostos descritos acima, apresento no próximo capítulo a análise dos resultados deste estudo. 51 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste capítulo descrevo como ocorreu o tratamento e classificação dos dados. Apresento também a análise de cada um dos oito encontros com seus respectivos questionamentos, reflexões, relatos, comentários, com imbricações para justificar as minhas respostas quando pertinente. Destaco novamente que o planejamento inicial dos nossos encontros era presencial, mas devido à pandemia da Covid-19, nossos encontros foram adaptados para o formato de aulas virtualizadas, por meio do software Teams. Tal ação foi necessária para atender ao novo contexto no qual eu e os profissionais desta pesquisa estávamos inseridos. Complemento afirmando que foram tomados todos os cuidados necessários ao longo deste capítulo para manter o anonimato dos profissionais envolvidos nesta pesquisa. 5.1 Primeiro encontro No primeiro encontro, realizado no dia 20 de novembro de 2020, em uma sala virtualizada com uso do software Teams, apresentei aos 6 profissionais o plano de aulas disponibilizado no Apêndice C, plano com duração de 24 horas/aula e um total de 8 encontros. Na oportunidade 52 destaquei as atividades planejadas com sua respectiva duração, metodologias de ensino e recursos utilizados para o desenvolvimento das aulas. Solicitei que, na medida do possível, as câmeras de seus computadores ou notebooks fossem mantidas abertas para que houvesse maior interação e também para facilitar a coleta de reações, expressões e gestos de cada profissional em um espaço não formal de ensino. De posse de seus dispositivos, os profissionais foram desafiados a solucionar o problema: Como você ilustraria de forma gráfica a Rede de Computadores apresentada (disponibilizada no Apêndice D)? Para essa atividade, deixei à escolha de cada profissional os tipos de recursos a serem utilizados: papel, lápis, caneta, borracha, régua ou softwares computacionais. Pedi que utilizassem sua criatividade. Nesse momento o profissional “F” questiona: a) “A interligação das unidades deve ocorrer através de links?”. Já o profissional “A” questiona: b) “o ERP está instalado/configurado na matriz?”, e os profissionais “D e F” questionam: c) “além de estabelecer a comunicação entre as unidades, os dispositivos da mesma unidade devem se comunicar entre si?”. Respondi aos profissionais na ordem dos questionamentos citados acima: a) “Quanto à integração das unidades, podem utilizar a criatividade de vocês e optar pelo meio físico (cabo UTP, Fibra, Rádio ou Wireless) que julgarem mais adequado”; b) “Quanto ao local ou unidade de instalação e configuração do ERP, utilizem sua criatividade, pois isso depende de vários fatores, necessidades e estratégias da organização, fatores como quantidade de dispositivos, usuários, construção da primeira unida, entre outros”; e c) “quanto à comunicação interna entre os dispositivos da sub-rede, sim, deverão se comunicar entre si para que possam compartilhar serviços, dados e informações entre sim”. Tais questionamentos foram pertinentes para esclarecer o escopo, direcionar a atividade e levantar por meio de um desenho técnico o conhecimento prévio de cada profissional sobre Redes de Computadores. Para a execução e conclusão da prática os profissionais tiveram 40 minutos. Os primeiros a concluírem a atividade foram os profissionais “E e F”, que levaram 25 minutos; na sequência o profissional “C e A”, que a concluíram 53 em 30 minutos, e o profissional “D” em 35 minutos. O profissional “B” não conseguiu finalizar dentro do tempo estipulado e relatou que faltariam detalhes. Devido a este relato, acrescentei mais 2 minutos ao tempo total da atividade, ou seja, levou 42 minutos, com o seguinte comentário “Meu deus, nem deu tempo de pensar em servidor” (profissional “B”). A diferença de tempo entre os primeiros profissionais a concluírem e o último foi de 17 minutos, ou seja, foram consideradas, para a execução da atividade afirmações de Moran (2015), que menciona que o ensino individual ou em grupo deve respeitar o ritmo e estilo de cada aluno e pode ser combinado com desafios, integração de tempos, espaços e uso de tecnologias digitais (softwares). Apresento o resultado desta atividade prática na Figura 10 contemplando os seis desenhos realizados. Figura 10 – Desenhos técnicos desenvolvidos pelos profissionais. Fonte: O autor (2021), com base nos desenhos dos profissionais. Nos desenhos técnicos apresentados é possível perceber que os profissionais possuem um conhecimento prévio sobre o tema ao ilustrarem os seguintes elementos: a) switchs ou roteadores destacados com um círculo ou elipse na cor “vermelha”. Para Forouzan (2009), o switch é um equipamento que estabelece, controla e gerencia dispositivos que estão conectados em uma mesma Rede local. Já o roteador consegue isolar a conexão, permitindo que 54 dispositivos de duas ou mais Redes fisicamente distintas se comuniquem. O autor acrescenta que o roteador possui a funcionalidade de escolher o caminho mais performático entre os dois nós e também de analisar os pacotes trocados entre os dispositivos para tratar possíveis anomalias em uma Rede de Computadores; b) Dispositivos destacados com um círculo ou elipse na cor “azul”. Segundo Forouzan (2009), são equipamentos ou recursos computacionais utilizados para compartilhar serviços em uma Rede de Computadores. O autor destaca os computadores, notebooks, servidores e impressoras como os mais utilizados em Redes de Computadores; c) Conexões para interligações das sub-redes destacadas com um círculo ou elipse na cor “verde”. Jesin (2014) afirma que os meios físicos, como cabo UTP, fibra ótica ou wireless permitem estabelecer a comunicação entre sub- redes e interligar dispositivos em Redes de Computadores; e d) Documentação ou anotações de todos os elementos citados nos itens anteriores para facilitar a compreensão da Redes de Computadores, estas destacadas com um círculo ou elipse na cor “laranja”. É possível também evidenciar que, para o desenvolvimento desta prática, os profissionais “C e F” utilizaram como recursos papel e caneta. Já os demais, a maioria, utilizaram recursos computacionais para a realização da atividade. O profissional “A” utilizou o software Power Point; o profissional “B”, o software Lucidchart; o profissional “D”, o software Vision. O software Packet Tracer, que merece um destaque, foi utilizado pelo profissional “E”