UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA FERRAMENTA PARA CONVERSÃO E INTEGRAÇÃO AUTOMÁTICA DE MODELOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM O SOFTWARE OPENDSS. Tiago Scapin Lajeado, dezembro de 2018 Tiago Scapin FERRAMENTA PARA CONVERSÃO E INTEGRAÇÃO AUTOMÁTICA DE MODELOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM O SOFTWARE OPENDSS. Monografia apresentada ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade do Vale do Taquari – UNIVATES, como parte da exigência para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Área de Concentração: Sistemas Elétricos de Potência, Redes de Distribuição de Energia Elétrica. Orientador: Prof. Me. Augusto Simon Lajeado, dezembro de 2018 Tiago Scapin FERRAMENTA PARA CONVERSÃO E INTEGRAÇÃO AUTOMÁTICA DE MODELOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM O SOFTWARE OPENDSS. A banca examinadora aprova a Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, na linha de formação específica em Engenharia Elétrica, da Universidade do Vale do Taquari – Univates, como parte da exigência para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica: Prof. Me. Augusto Simon – Orientador Universidade do Vale do Taquari – Univates Prof. Me. Anderson Antônio Giacomolli Universidade do Vale do Taquari – Univates Prof. Dr. Juliano Schirmbeck Universidade do Vale do Taquari – Univates Lajeado, 10 de dezembro de 2018 RESUMO Um dos principais estudos necessários à operação de sistemas de distribuição de energia elétrica é a análise do fluxo de potência. Essa análise é complexa, tendo-se em vista a magnitude desses sistemas. Faz-se assim necessário o uso de softwares adequados para o modelamento das redes de distribuição que calculam o fluxo de potência e outras análises relevantes. Existem atualmente diferentes opções de softwares para o cálculo do fluxo de potência de redes de distribuição. Entretanto, os modelos resultantes não são compatíveis entre si, o que prejudica o intercâmbio de informações entre os agentes de distribuição de energia sobre os seus diferentes sistemas e demais interessados. Este trabalho aborda o problema da falta de compatibilidade entre os modelos de redes de distribuição gerados por diferentes ferramentas de software. Elegendo a ferramenta de análise MATPOWER, que se destaca pelo tamanho de sua comunidade de usuários, este trabalho tem como proposta o desenvolvimento de um sistema computacional capaz de converter redes elétricas modeladas a partir do MATPOWER para o modelo do sistema de código aberto OpenDSS. Ao final, para validação da ferramenta, foi analisado o resultado da resolução do fluxo de potência na rede original em comparação com o fluxo de potência da rede recriada com o algoritmo e executado no software OpenDSS. Nestas análises foram possíveis verificar que as redes convergem no mesmo número de interações, a tensão das barras divergiu em uma média de 0,2% em relação a rede original e o fluxo de potência em uma média de 4,2% inferior a rede original. Considerando estes valores dentro de limites aceitáveis e suficientemente precisos, a conversão de redes elétricas foi executada e validada com êxito através do desenvolvimento desta ferramenta. Palavras-chave: Fluxo de potência, distribuição de energia elétrica, OpenDSS MATPOWER. ABSTRACT One of the main studies required for the operation of electric power distribution systems is power flow analysis. This analysis is complex, given the magnitude of these systems. It is therefore necessary to use suitable software for the modeling of distribution networks that calculate power flow and other relevant analyzes. There are currently different software options for calculating the power flow of distribution networks. However, the resulting models are not compatible with each other, which impairs the exchange of information between the energy distribution agents on their different systems and other stakeholders. This work addresses the problem of the lack of compatibility between the distribution network models generated by different software tools. By choosing the MATPOWER analysis tool, which stands out for the size of its user community, this work proposes the development of a computational system capable of converting electrical networks modeled from MATPOWER to the OpenDSS open source system model. At the end, for the validation of the tool, the result of the resolution of the power flow in the original network was analyzed in comparison with the power flow of the network recreated with the algorithm and executed in the OpenDSS software. In these analyzes it was possible to verify that the networks converge in the same number of interactions, the voltage of the bars diverged in an average of 0.2% in relation to the original network and the flow of power in an average of 4.2% inferior to the original network. Considering these values within acceptable and sufficiently precise limits, the conversion of electrical networks was executed and validated successfully through the development of this tool. Keywords: Power flow, Energy distribution, OpenDSS, MATPOWER. LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Modelo de sistema elétrico .............................................................. 17 Figura 2 - Modelo π .......................................................................................... 18 Figura 3 - Modelo de linhas curtas ................................................................... 19 Figura 4 - Modelo de linhas médias ................................................................. 20 Figura 5 - Modelo de linhas longas .................................................................. 21 Figura 6 - Modelo exato transformador monofásico refletido ao primário ........ 25 Figura 7 - Modelo aproximado de transformador refletido ao primário ............. 25 Figura 8 - Diagrama fasorial de polos lisos ...................................................... 28 Figura 9 - Diagrama fasorial de polos salientes ............................................... 29 Figura 10 - Fluxograma de Newton-Raphson................................................... 36 Figura 11 - Rede exemplo MATPOWER .......................................................... 38 Figura 12 - Processo de geração do Circuit ..................................................... 47 Figura 13 - Processo de geração do Transformer e Line ................................. 48 Figura 14 - Processo de geração do Load e Capacitor .................................... 49 Figura 15 - Processo de geração do Generator ............................................... 50 Figura 16 - Fluxograma de execução da ferramenta ........................................ 51 Figura 17 - Fluxograma de conversão e teste .................................................. 53 Figura 18 - Tela inicial da ferramenta ............................................................... 54 Figura 19 - Tela alerta de solicitação da rede no padrão ................................. 55 Figura 20 - Conversão rede 33 barras em barramento infinito ......................... 56 Figura 21 - Arquivo “.zip” rede 33 barras convertido ........................................ 56 Figura 22 - Exemplo de tela rede não padrão MATPOWER ............................ 57 Figura 23 - Parcial do arquivo de saída MATPOWER ...................................... 59 Figura 24 - Sumário do fluxo de potência OpenDSS rede 33 barras ............... 59 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Variação de potência absorvida em função da tensão ................... 24 Gráfico 2 - Magnitude das tensões das barras ................................................. 60 Gráfico 3 - Divergência percentual da magnitude da rede convertida .............. 60 Gráfico 4 - Fase das tensões das barras ......................................................... 61 Gráfico 5 - Divergência percentual da fase da rede convertida em relação a rede original .............................................................................................................. 62 Gráfico 6 - Fluxo de potência ativa terminal 1 .................................................. 63 Gráfico 7 - Fluxo de potência reativa terminal 1 ............................................... 63 Gráfico 8 - Divergência percentual do fluxo de potência do terminal 1 da rede convertida em relação a rede original .............................................................. 63 Gráfico 9 - Fluxo de potência ativa terminal 2 .................................................. 64 Gráfico 10 - Fluxo de potência reativa terminal 2 ............................................. 64 Gráfico 11 - Divergência percentual do fluxo de potência do terminal 2 da rede convertida em relação a rede original .............................................................. 65 Gráfico 12 - Divergência percentual de perdas de potência da rede convertida em relação a rede original ................................................................................ 66 Gráfico 13 - Perdas ativas e reativas acumuladas no sistema ......................... 67 Gráfico 14 - Divergência percentual de perdas de potência acumulada da rede convertida em relação a rede original .............................................................. 67 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação das linhas .................................................................. 19 Tabela 2 - Perdas ativas e reativas dos circuitos ............................................. 66 LISTA DE ABREVIAÇÕES ANEEL Agencia Nacional de Energia Elétrica EPRI Eletric Power Research Institute IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers JNI Java Native Interface MPC MATPOWER Case OpenDSS The Open Distribution System Simulator P Potência ativa PC Power Conversion PD Power Delivery PRODIST Procedimentos de Distribuição Q Potência reativa RT Relação de Transformação S Potência aparente Sb Potência Base SIN Sistema Interligado Nacional V Tensão SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11 1.1. Objetivos gerais ................................................................................ 11 1.2. Objetivos específicos ....................................................................... 13 1.3. Justificativa do trabalho ................................................................... 13 1.4. Disciplinas relacionadas .................................................................. 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 14 2.1. Valores percentuais e por unidade .................................................. 14 2.2. Modelos de elementos de sistemas elétricos ................................. 16 2.2.1. Barras ........................................................................................... 16 2.2.2. Linhas ........................................................................................... 18 2.2.3. Cargas .......................................................................................... 22 2.2.4. Transformadores .......................................................................... 25 2.2.5. Geradores ..................................................................................... 27 2.2.6. Capacitores .................................................................................. 30 2.3. Matriz de admitância ......................................................................... 30 2.4. Fluxo de potência .............................................................................. 32 2.4.1. Método Gauss-Seidel ................................................................... 33 2.4.2. Método Newton-Raphson ............................................................. 35 2.5. Modelagem para o MATPOWER....................................................... 37 2.5.1. Formato de dados ......................................................................... 37 2.5.2. Branch – Branches (Ramificações) .............................................. 38 2.5.3. Gen – Generators (Geradores) ..................................................... 39 2.5.4. Loads (Cargas) ............................................................................. 39 2.5.5. Shunt ............................................................................................ 39 2.6. Modelagem para o OpenDSS ........................................................... 39 2.6.1. Circuit ........................................................................................... 40 2.6.2. Line ............................................................................................... 41 2.6.3. Transformer .................................................................................. 42 2.6.4. Load .............................................................................................. 43 2.6.5. Capacitor ...................................................................................... 43 3. METODOLOGIA ....................................................................................... 44 3.1. Etapa 1 – Fundamentação teórica ................................................... 44 3.2. Etapa 2 – Conversão de modelos .................................................... 45 3.3. Etapa 3 – Algoritmos para conversão do modelo .......................... 47 3.4. Etapa 4 – Criação do sistema DumpDSS ........................................ 50 3.5. Etapa 5 – Testes de conversão ........................................................ 53 4. RESULTADOS E VALIDAÇÕES .............................................................. 54 4.1. Utilizando o DumpDSS ..................................................................... 54 4.2. Conversão rede 33 Barras IEEE ....................................................... 58 4.3. Fluxo de potência .............................................................................. 58 4.4. Análise de tensões das barras ......................................................... 60 4.5. Análise do fluxo de potência nas linhas ......................................... 62 4.6. Análise das perdas de potência ....................................................... 65 5. CONCLUSÕES ......................................................................................... 68 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 69 APÊNDICE A – ARQUIVOS GERADOS REDE 33 BARRAS ......................... 71 Arquivo “.dss” ............................................................................................. 71 Arquivo “.txt” .............................................................................................. 75 APÊNDICE B – ARQUIVOS DE SAÍDA REDE 33 BARRAS .......................... 76 Arquivo de saída do MATPOWER .............................................................. 76 Arquivo de saída do OpenDSS - TENSÕES .............................................. 79 Arquivo de saída do OpenDSS - POTÊNCIAS .......................................... 81 Arquivo de saída do OpenDSS - PERDAS ................................................ 84 ANEXO A – FORMATO DE DADOS MATPOWER ......................................... 85 ANEXO B – REDE 33 BARRAS MATPOWER ................................................ 88 11 1. INTRODUÇÃO O planejamento e a operação de sistemas elétricos de potência têm como finalidade atender ao contínuo crescimento da demanda de carga assim como suas variações diárias e sazonais. (ZANETTA JÚNIOR, 2005). Pode-se considerar como pertencentes aos sistemas elétricos de potência as indústrias de grande porte, as distribuidoras regionais de energia elétrica e todo Sistema Interligado Nacional (SIN). Manter esse sistema estável e confiável requer vários estudos contínuos e detalhados com previsões de ampliações, reforços e instalações de novos equipamentos em linhas de transmissão e distribuição, subestações e geração de energia. Um dos principais desses estudos é o fluxo de potência. Ele é utilizado para analisar sobrecargas no sistema, projetos de novas linhas de transmissão e distribuição, perdas nas linhas, desvios de potência, entre outros. A sua resolução é matematicamente complexa devido à grande dimensão do sistema elétrico, com sua infinidade de barras nas quais as linhas se conectam, exigindo uma matriz com muitos argumentos a serem calculados. Deste modo, os agentes de energia envolvidos utilizam ferramentas computacionais para resolver o fluxo de potência. Existem diversas ferramentas no mercado que oferecem modelos que não são compatíveis entre si, o que prejudica o intercâmbio de informações sobre os sistemas de potência entre os agentes e demais interessados. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2015 haviam 63 concessionárias, 38 Permissionárias e 13 Autorizadas, totalizando 114 agentes atuando no mercado de distribuição. Tratando do problema da falta de compatibilidade entre os modelos de sistemas de potência gerados por diferentes ferramentas de software, este trabalho elege as redes de distribuição como contexto e a ferramenta MATPOWER por sua relevância no mercado. O seu objetivo consiste no desenvolvimento de um sistema computacional capaz de converter redes elétricas modeladas a partir do MATPOWER para um modelo genérico do sistema de código aberto OpenDSS. 1.1. Objetivos gerais As análises de fluxo de potência são necessárias para manter um bom equilíbrio no sistema elétrico. Ele é utilizado para analisar sobrecargas no 12 sistema, projetos de novas linhas de transmissão e distribuição, estudos de perdas nas linhas, desvios de potência. A resolução do fluxo de potência é matematicamente complexa devido à grande dimensão do sistema elétrico, além da grande extensão métrica, temos milhares de barras nas quais as linhas se conectam exigindo uma matriz com muitos argumentos para serem calculados. Deste modo os agentes de distribuição de energia possuem suas redes elétricas modeladas em softwares autônomos que resolvem fluxo de potência. Em Geral estes softwares são comerciais, de alto valor econômico e de difícil integração com outros softwares. Cabe observar que existem versões acadêmicas de alguns desenvolvedores que fornecem licenças gratuitas, como o software ANAREDE1, porém há limitações no número de barras. Outros como o MATPOWER com licenças gratuitas, porém há necessidade de uma licença de Matlab para executar. Esta limitação dificulta a integração e o desenvolvimento de estudos de otimização das redes. Uma ótima ferramenta para este estudo é o The Open Distribution System Simulator – OpenDSS. Ele foi desenvolvido pela empresa Eletric Power Research Institute - EPRI com o objetivo de criar uma ferramenta que fosse possível modelar circuitos de distribuição de energia elétrica em uma linguagem de programação orientada a objetos, deste modo o trabalho de modelagens em complexas linguagens da época seria reduzido. O OpenDSS é um software livre e por este motivo pode ser utilizado e modificado por qualquer usuário sem gerar ônus ou qualquer obrigação legal com o desenvolvedor. Recentemente, através de nota técnica, a ANEEL propôs o aprimoramento da metodologia de cálculo de perdas na distribuição regulamentada no Módulo 7 do PRODIST2 que se aplica as distribuidoras de serviço público de energia. Essa proposta trata da alteração do cálculo das perdas técnicas através do fluxo de potência, abandonando os modelos simplificados para a aplicação de métodos detalhados e utilizando o OpenDSS como ferramenta padrão. 1 Programa computacional para análise de sistemas elétricos de potência. http://www.cepel.br/produtos/anarede-analise-de-redes-eletricas.htm 2 Procedimentos de Distribuição - PRODIST são documentos elaborados pela ANEEL e normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica. 13 Devido à complexidade em modelar as redes elétricas, este trabalho propõe o desenvolvimento de um algoritmo que seja capaz de transferir os dados das redes elétricas reais de empresas e agentes modeladas a partir do MATPOWER para um modelo equivalente ao do sistema OpenDSS sem ser necessário a remodelação manual. 1.2. Objetivos específicos Modelar redes elétricas no OpenDSS; Desenvolver um algoritmo capaz de converter redes reais do sistema padrão MATPOWER para o sistema OpenDSS; Validar a rede gerada pelo algoritmo. 1.3. Justificativa do trabalho Devido à grande dimensão dos sistemas de distribuição temos redes elétricas de alta complexidade que tornam a modelagem severamente trabalhosa. Juntamente, a grande parte dos softwares que resolvem fluxo de potência possuem um alto valor comercial. Com este algoritmo temos uma rápida conversão para a ferramenta OpenDSS podendo assim ser simulado e analisado com maior agilidade e gratuitamente. 1.4. Disciplinas relacionadas Como base teórica para este trabalho são usados os conhecimentos adquiridos nas disciplinas: ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA; PLANEJAMENTO, OPERAÇÃO E CONTROLE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA; PROTEÇÃO E ESTABILIDADE DOS SISTEMAS ELÉTRICOS; DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA; SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA; TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA; ANÁLISE E PROJETO DE SUBESTAÇÕES; ALGORITMOS E PROGRAMAÇÃO; MÁQUINAS ELÉTRICAS I; MÁQUINAS ELÉTRICAS II. 14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo aborda os temas valores por unidade, modelos do sistema elétrico de potência, matriz de admitância, métodos de fluxo de potência, modelos do MATPOWER e modelos do OpenDSS. As seções 2.1 a 2.4 apresentarão o detalhamento dos temas baseados na literatura de LEMOS (2008), MONTICELLI (2011), MOURA (2013), PAIVA (2011), PINTO (2014), ROBBA (2000) e ZANETTA JÚNIOR (2003 e 2005). 2.1. Valores percentuais e por unidade Os valores percentuais e valores por unidade, normalmente chamados de pu corresponde a uma escala de grandeza referenciada a alguma grandeza do sistema elétrico como, tensão, corrente, impedância e potência. A escala em pu é utilizada para facilitar os cálculos de sistemas elétricos, principalmente quando há transformadores. Para relacionar as grandezas do sistema elétrico dispomos de duas relações físicas: 𝑉 = 𝑍 ∗ 𝐼 (1) 𝑆 = 𝑍 ∗ 𝐼 (2) Como premissa, definimos uma Potência Base (𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒) e uma Tensão Base (𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒) em que o sistema será referenciado. A 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒será sempre a mesma para todo sistema, já a 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 dependerá da relação de transformação (RT) dos transformadores entre as barras. Através destes valores fixados e das relações físicas podemos obter todas tensões e potências com uma relação percentual ou fracionária (pu) da base. 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉 e 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆 (3) Deste modo, qualquer tensão pode ser expressa por: 𝑣% = 𝑉 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 100 (4) 15 𝑣 = 𝑉 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑢 (5) Analogamente, para qualquer potência: 𝑠% = 𝑆 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 100 (6) 𝑠 = 𝑆 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑢 (7) Para corrente e impedância utilizamos as equações (1) e (2): 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 (8) 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉²𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 (9) Analogamente, qualquer corrente e impedância será expressa por: 𝑧 = 𝑍 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑍 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉²𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑢 (10) 𝑖 = 𝐼 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐼 ∗ 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑢 (11) Nos sistemas reais, geralmente conhecemos o valor de uma grandeza em pu numa determinada base e precisamos saber este valor em outra base. Para isso usamos o procedimento de Mudança de Base. Ele consiste em multiplicar o valor pu pela base que foi dada e dividir pela nova base, assim temos: 16 Tensão: 𝑣′ = 𝑉 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑣 ∗ 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 (12) Corrente: 𝑖′ = 𝐼 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑖 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑖 ∗ 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 (13) Potência: 𝑝′ = 𝑃 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑝 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 (14) 𝑞′ = 𝑄 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑞 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 (15) 𝑠′ = 𝑆 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑠 ∗ 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 (16) Impedância: 𝑧′ = 𝑍 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑧 ∗ 𝑉²𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′²𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑧 ∗ 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 ∗ ( 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 ) ² (17) 2.2. Modelos de elementos de sistemas elétricos Nesta seção são apresentados os conceitos e modelos matemáticos dos principais elementos do sistema elétrico de potência. 2.2.1. Barras Em geral, o estudo de fluxo de potência utiliza o modelo da rede elétrica chamado barra-linha. As barras são consideradas os nós da rede elétrica e as linhas ou transformadores são os elos entre os nós. A figura 1 apresenta um exemplo de sistema elétrico tradicional. As barras consistem de condutores com resistência desprezível em comparação as impedâncias das linhas e dos transformadores. Deste modo podemos considerar uma única tensão em todo condutor. 17 Figura 1 - Modelo de sistema elétrico Fonte: Do autor As barras em geral localizam-se em subestações e podem ser compostas por vários condutores interligados através de seccionadoras e disjuntores. Para todas as barras do sistema são associadas quatro variáveis, módulo de tensão, ângulo de tensão, potência ativa e potência reativa. Destas quatro variáveis apenas duas delas conhecemos e através do fluxo de potência obtemos as outras duas. No estudo de fluxo de potência temos três modelos de barras, são elas: Barra de carga: A barra de carga tem como notação Barra PQ. Nesta barra conhecemos os valores de potência ativa (P) e potência reativa (Q). Através da resolução do fluxo de potência vamos obter a tensão (V) e ângulo (θ). Barra de geração: A barra de geração tem como notação Barra PV. Nela conhecemos os valores de potência ativa (P) e a tensão (V). Como incógnitas vamos obter potência reativa (Q) e o ângulo (θ) Barra slack: Esta barra também é conhecida como barra swing ou de referência. Temos como parâmetros a tensão (V) e o ângulo (θ). Como resultado final vamos obter as potências ativa (P) e reativa (Q). 18 2.2.2. Linhas As linhas de transmissão de energia são condutores que tem a finalidade de transportar energia elétrica das unidades geradoras para os sistemas de distribuição. Para o estudo de fluxo de potência são utilizados modelos matemáticos com as propriedades de resistência, indutância, capacitância e condutância da linha. Normalmente os problemas são representados no modelo π. Nesse modelo a linha, a impedância série e as admitâncias shunt então entre as barras, conforme figura 2. Figura 2 - Modelo π Fonte: LEMOS, 2008 O modelo π é o modelo mais utilizado para representar o sistema (MONTICELLI, 2011), nele os comportamentos indutivo e resistivo estão associados em Z, que representa a impedância total da linha. Já o comportamento capacitivo está associado em Y, que representa a admitância total da linha. Estes parâmetros resultam das propriedades da linha pela sua extensão. 𝑍 = (𝑟 ∗ 𝑗𝑤𝑙) ∗ 𝑑 (18) 𝑌 = 𝑗𝑤𝑐 ∗ 𝑑 (19) 𝑤 = 2πf (20) 19 Onde f é a frequência em Hertz, r é a resistência por unidade de comprimento (Ω/km), l é a indutância por unidade de comprimento (H/km), c é a capacitância por unidade de comprimento (F/km) e d é o comprimento (km). As linhas são classificadas em três modelos. Curtas, médias e longas conforme tabela 1. Tabela 1 - Classificação das linhas Tipo de linha Tensão da Linha Comprimento da linha Curta V < 150kV 80km 150kV < V < 400kV 40km V > 400kV 20km Média V < 150kV 80km < L < 200km 150kV < V < 400kV 40km < L < 200km V > 400kV 20km < L < 100km Longa Restante dos casos Fonte: Do autor Para as linhas curtas podemos desprezar as capacitâncias para o terra, ficando apenas com o modelo de uma impedância em série. Figura 3 - Modelo de linhas curtas Fonte: Do autor 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 (21) 𝐼�̇� = 𝐼�̇� (22) �̇�𝑆 = �̇�𝑅 + 𝑍. 𝐼�̇� (23) 20 Quadripólo equivalente: [ 𝑉𝑆 𝐼𝑆 ] = [ 𝐴 𝐵 𝐶 𝐷 ] . [ 𝑉𝑟 𝐼𝑟 ] (24) 𝑉𝑆 = 𝐴. 𝑉𝑟 + 𝐵. 𝐼𝑟 𝐼𝑠 = 𝐶. 𝑉𝑟 + 𝐷. 𝐼𝑟 (25) 𝐴 = 𝐷 = 1 𝐵 = 𝑍(Ω) 𝐶 = 0 (26) As linhas médias normalmente são representadas pelo modelo π demostrado na figura 4. Este modelo vai nos trazer relações mais simplificadas para resolução do fluxo e terá uma boa precisão. Figura 4 - Modelo de linhas médias Fonte: Do autor 𝐼�̇� = (1 + 𝑍. 𝑌 4 ) . 𝑌. �̇�𝑅 + (1 + 𝑍. 𝑌 2 ) . 𝐼�̇� (27) �̇�𝑆 = (1 + 𝑍. 𝑌 2 ) . �̇�𝑅 + 𝑍. 𝐼�̇� (28) 21 Quadripólo equivalente: [ 𝑉𝑆 𝐼𝑆 ] = [ 𝐴 𝐵 𝐶 𝐷 ] . [ 𝑉𝑟 𝐼𝑟 ] (29) 𝑉𝑆 = 𝐴. 𝑉𝑟 + 𝐵. 𝐼𝑟 𝐼𝑠 = 𝐶. 𝑉𝑟 + 𝐷. 𝐼𝑟 (30) 𝐴 = 𝐷 = 1 + 𝑍. 𝑌 2 𝐵 = 𝑍(Ω) 𝐶 = 𝑌. (1 + 𝑍. 𝑌 4 ) (31) As linhas longas geralmente são representadas pelo modelo exato, nele fornecemos os parâmetros indutivos e capacitivos exato, sem aproximações. Figura 5 - Modelo de linhas longas Fonte: Do autor 𝑍𝑒𝑞 = 𝑍. sinh(𝛾. 𝐿) 𝛾. 𝐿 (Ω) (32) 𝑌𝑒𝑞 = 𝑌. tanh(𝛾. 𝐿 2⁄ ) 𝛾. 𝐿 2⁄ (S) (33) 22 Quadripólo equivalente: [ 𝑉𝑆 𝐼𝑆 ] = [ 𝐴 𝐵 𝐶 𝐷 ] . [ 𝑉𝑟 𝐼𝑟 ] (34) 𝑉𝑆 = 𝐴. 𝑉𝑟 + 𝐵. 𝐼𝑟 𝐼𝑠 = 𝐶. 𝑉𝑟 + 𝐷. 𝐼𝑟 (35) 𝐴 = 𝐷 = cosh 𝛾. 𝐿 𝐵 = 𝑍𝐶 . sinh(𝛾. 𝐿) (Ω) 𝐶 = sinh(𝛾. 𝐿) 𝑍𝐶 (𝑆) (36) 𝑍𝐶 = √ 𝑧 𝑦 𝛾 = √𝑧. 𝑦 Impedância característica Constante de propagação 2.2.3. Cargas As cargas associadas ao nosso sistema elétrico, tanto equilibradas como desequilibradas, são representadas por um conjunto de impedâncias complexas constantes. A potência absorvida por uma carga vai depender da sua natureza e ela pode variar em função das tensões nela aplicada. Isto é, as variações da carga em questões resistivas, capacitivas e indutivas vão alterar essa potência. Essa relação pode ser descrita por: 𝑃𝑓 = 𝑓1(𝑉𝑓) ; 𝑄𝑓 = 𝑓2(𝑉𝑓) (37) Onde: 𝑃𝑓 equivale a potência ativa absorvida pela carga por fase; 𝑄𝑓 equivale a potência reativa absorvida pela carga por fase; 𝑉𝑓 é a tensão de fase aplicada a carga; 𝑓1(𝑉𝑓), 𝑓2(𝑉𝑓) são funções que relacionam as potências ativas e reativas em função da tensão aplicada. 23 Dentre os vários modelos para representação do comportamento das cargas no sistema destacam-se: Cargas de potência constante com a tensão: Nesta representação as potências ativas e reativas permanecem constantes, o mesmo dos seus valores nominais. Deste modo a corrente absorvida pela carga com uma tensão qualquer é obtida conforme equação 40. 𝑆𝑁𝐹 = 𝑃𝑁𝐹 + 𝑗𝑄𝑁𝐹 = 𝑆𝑁𝐹∠𝜑 (38) �⃗⃗�𝐹 = 𝑉𝐹∠𝜃1 (39) 𝐼𝐹 = 𝑆𝑁𝐹 ∗ 𝑉𝐹 ∗ = 𝑆𝑁𝐹∠ − 𝜑1 𝑉𝐹∠ − 𝜃1 = 𝑆𝑁𝐹∠ − 𝜑1 + 𝜃1 𝑉𝐹 (40) Cargas de corrente constante com a tensão: nesta representação o módulo da corrente absorvida e o fasor de potência permanecem constantes. Para obter esses valores necessitamos da potência ativa e reativa absorvida pela carga ao ser alimentada com a tensão nominal. Matematicamente temos: 𝐼𝐹 = 𝑆𝑁𝐹 ∗ 𝑉𝐹 ∗ = 𝑆𝑁𝐹∠ − 𝜑1 𝑉𝐹∠ − 𝜃1 = 𝑆𝑁𝐹∠ − 𝜑1 + 𝜃1 𝑉𝐹 = 𝐼𝑁𝐹∠ − 𝜑1 + 𝜃1 (41) Para qualquer valor de tensão aplicado a carda a nova corrente será 𝐼𝐹 = 𝐼𝑁𝐹∠ − 𝜑1 + 𝜃1 (42) 𝜑𝑛𝑜𝑣𝑜 = −𝜑1 + 𝜃1 (43) E a potência absorvida será: 𝑆𝑁𝐹 = 𝑉𝐹. 𝐼𝐹 ∗ = 𝑉𝐹∠𝜃1. (𝐼𝑁𝐹∠ − 𝜑1 + 𝜃1) ∗ = 𝑉𝐹. 𝐼𝑁𝐹∠𝜑1 (44) 24 Cargas de impedância constante com a tensão: Nesta representação a impedância da carga é constante e resulta das potências ativas e reativas absorvidas pela carga ao ser alimentada com a tensão nominal. Estes modelos normalmente estão associados a capacitores, equipamentos resistivos e cargas residenciais. �⃗�𝐶 = 𝑅 + 𝑗𝑋 = 𝑉𝑁𝐹² 𝑆𝑁𝐹 ∗ = 𝑉𝑁𝐹² 𝑆𝑁𝐹 ∠𝜑 (45) Para qualquer tensão aplicada a potência absorvida será: 𝑆𝐹 = 𝑉𝐹² �⃗�𝐶 ∗ = ( 𝑆𝑁𝐹 𝑉𝑁𝐹² ) . 𝑉𝐹² = 𝑆𝑁𝐹. ( 𝑉𝐹 𝑉𝑁𝐹 ) ² (46) Para comparação dos modelos podemos observar o gráfico 1 que relaciona potência absorvida em relação a carga. Gráfico 1 - Variação de potência absorvida em função da tensão Fonte: Do autor A escolha do modelo a ser utilizado deve ser criteriosamente analisada com base no tipo de carga atendida na região de estudo. Geralmente em estudos de fluxo de potência é utilizado o modelo ZIP para toda a empresa ou uma determinada região de estudo. O modelo ZIP consiste em uma composição de combinações dos modelos acima descritos. 25 2.2.4. Transformadores Do mesmo modo que para linhas de transmissão, os transformadores são modelados através do circuito equivalente e equações matemáticas para o cálculo de fluxo de potência. Em sistemas de transmissão, os transformadores utilizados apresentam algumas semelhanças e outras diferenças quando comparados a outros tipos de transformadores. Em geral utilizamos modelos de transformadores de menor porte e em casos de grande porte podemos desprezar os efeitos de magnetização. A figura 6 ilustra o modelo do circuito equivalente exato de um transformador real com sua impedância refletida ao primário. Através deste modelo obtemos os parâmetros necessários para os cálculos das componentes equivalentes em circuito aberto. O modelo aproximado, representado na figura 7, simplifica nossos cálculos para obtenção das componentes equivalentes para testes de curto-circuito. Figura 6 - Modelo exato transformador monofásico refletido ao primário Fonte: Do autor Figura 7 - Modelo aproximado de transformador refletido ao primário Fonte: Do autor 26 Temos que: 𝑎 = 𝑛1 𝑛2 , 𝑛 é 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠 (47) Perdas entreferro são dadas por: 𝑟𝑐 = 𝑉1 2 𝑃0 (48) As correntes parasitas e de histerese são dadas por: 𝐼𝑐 = 𝑉1 𝑟𝑐 (49) A corrente de magnetização é dada por: 𝐼𝑚 = √𝐼1 2 − 𝐼𝑟𝑐 2 (50) A reatância a vazio é dada por: 𝑋𝑚 = 𝑉1 𝐼𝑋𝑚 (51) A impedância equivalente é dada por: 𝑍𝑒𝑞 = 𝑉1 𝐼𝑒𝑞 (52) A resistência equivalente é dada por: 𝑅𝑒𝑞 = 𝑃𝑠𝑐 𝐼𝑠𝑐 2 (53) A reatância equivalente é dada por: 𝑋𝑒𝑞 = √𝑍𝑒𝑞 2 − 𝑅𝑒𝑞 2 (54) Em transformadores de três enrolamentos podemos ter potências nominais diferentes. Nestes transformadores expressamos as impedâncias em valores percentuais ou por unidade, tendo em base os valores nominais de seus próprios enrolamentos. Para relacionar as impedâncias entre os enrolamentos podemos tomar como referência a tensão de um enrolamento e aferir a impedância dos enrolamentos, assim tempos que: 𝑍𝑝𝑠 = (𝑍𝑝 + 𝑍𝑠) (55) 27 𝑍𝑝𝑡 = (𝑍𝑝 + 𝑍𝑡) (56) 𝑍𝑠𝑡 = (𝑍𝑠 + 𝑍𝑡) (57) Onde 𝑍𝑝 é a impedância do primário, 𝑍𝑠 é a impedância do secundário e 𝑍𝑡 é a impedância do terciário. Já se 𝑍𝑝𝑠, 𝑍𝑝𝑡 e 𝑍𝑠𝑡 forem medidas e referidas ao circuito primário, podemos obter: 𝑍𝑝 = 1 2 (𝑍𝑝𝑠 + 𝑍𝑝𝑡 − 𝑍𝑠𝑡) (58) 𝑍𝑠 = 1 2 (𝑍𝑝𝑠 + 𝑍𝑠𝑡 − 𝑍𝑝𝑡) (59) 𝑍𝑡 = 1 2 (𝑍𝑝𝑡 + 𝑍𝑠𝑡 − 𝑍𝑝𝑠) (60) 2.2.5. Geradores Analisando o sistema elétrico mundial, vemos que praticamente toda a potência ativa consumida é gerada por meio de geradores síncronos. A potência no eixo do gerador é medida pelo produto da velocidade angular do rotor pelo torque mecânico fornecido por uma turbina a ele ligado. Essas turbinas podem ser do tipo hidráulica ou a vapor. Nas turbinas hidráulicas, a fonte primária de energia é a potencial, provida dos reservatórios de água. Já nas turbinas a vapor, é gerado vapor através da queima de combustíveis. Máquinas de polos lisos Através do diagrama fasorial da máquina de polos lisos, representado na figura 8, podemos obter as equações para as potências ativa e reativa do gerador. 28 Figura 8 - Diagrama fasorial de polos lisos Fonte: MONTICELLI (2011) |𝑉𝑡| sin 𝛿 = 𝑥𝑠|𝐼| cos(∅ + 𝛿) (61) |𝐸𝑓| − |𝑉𝑡| cos 𝛿 = 𝑥𝑠|𝐼| sin(∅ + 𝛿) (62) Ao multiplicar as equações anteriores por |𝑉𝑡|, obtemos: |𝑉𝑡|2 sin 𝛿 = 𝑥𝑠|𝐼||𝑉𝑡| cos(∅ + 𝛿) (63) |𝐸𝑓||𝑉𝑡| − |𝑉𝑡|2 cos 𝛿 = 𝑥𝑠|𝐼||𝑉𝑡| sin(∅ + 𝛿) (64) Onde podemos obter: 𝑥𝑠 −1|𝑉𝑡|2 sin 𝛿 = |𝐼||𝑉𝑡|(cos 𝛿 cos ∅ − sin 𝛿 sin ∅) (65) 𝑥𝑠 −1(|𝐸𝑓||𝑉𝑡| − |𝑉𝑡|2 cos 𝛿) = |𝐼||𝑉𝑡|(sin 𝛿 cos ∅ − sin 𝛿 cos ∅) (66) Através de arranjo matricial podemos obter a potência ativa entregue pela máquina síncrona: 𝑃 = |𝐸𝑓||𝑉𝑡| 𝑥𝑠 sin 𝛿 (67) 29 E a Potência reativa: 𝑄 = |𝐸𝑓||𝑉𝑡| 𝑥𝑠 cos 𝛿 − |𝑉𝑡|2 𝑥𝑠 (68) Máquinas de polos salientes Podemos também através do diagrama fasorial obter as potências para o modelo de polos salientes, representado na figura 9. Figura 9 - Diagrama fasorial de polos salientes Fonte: MONTICELLI (2011) |𝑉𝑡| sin 𝛿 = 𝑥𝑞𝐼𝑞 = 𝑥𝑠|𝐼| cos(∅ + 𝛿) (69) |𝐸𝑓| − |𝑉𝑡| cos 𝛿 = 𝑥𝑑𝐼𝑑 = 𝑥𝑑|𝐼| sin(∅ + 𝛿) (70) Do mesmo modo, través de arranjo matricial podemos obter a potência ativa e reativa entregue pela máquina síncrona: 𝑃 = |𝐸𝑓||𝑉𝑡| 𝑥𝑑 sin 𝛿 + 1 2 𝑥𝑑 − 𝑥𝑞 𝑥𝑑𝑥𝑞 |𝑉𝑡|2 sin 2𝛿 (71) 𝑄 = |𝐸𝑓||𝑉𝑡| 𝑥𝑑 cos 𝛿 − |𝑉𝑡|2 ( sin2 𝛿 𝑥𝑑 + cos2 𝛿 𝑥𝑞 ) (72) 30 2.2.6. Capacitores Para o estudo de fluxo de potência a representação dos capacitores se devem a banco de capacitores instalados em subestações para compensação de reativos e também a capacitância das linhas de transmissão devido às suas propriedades. A reatância capacitiva 𝑋𝐶 de cada fase da linha corresponde a parte imaginária da impedância complexa em derivação ou shunt 𝑍𝑠ℎ da linha. Isto será dado conforme equação 73: 𝑋𝑐 = 1 𝑤𝐶 = 1 2𝜋𝑓𝐶 (73) Onde 𝑓 é a frequência e 𝐶 a capacitância da linha A partir de 𝑋𝐶 calcula-se a susceptância da linha conforme equação 74: 𝐵𝑠ℎ = 1 𝑋𝑐 (74) Para o banco de capacitores será pela fórmula abaixo: 𝐵𝐶 = 𝑀𝑣𝑎𝑟 𝑘𝑉2. 1000 (75) Onde 𝑀𝑣𝑎𝑟 é a potência reativa do banco na escala Mega (10^6) e 𝑘𝑉2 é a tensão elevada ao quadrado. 2.3. Matriz de admitância Sistemas de transmissão e distribuição de energia estão geograficamente dispersos envolvendo assim um grande número e variedade de componentes elétricos. Ao interligar estes componentes formam-se as redes elétricas, que para podermos analisar necessitamos de uma representação matemática adequada. Esta representação é feita através da forma matricial. As redes elétricas são representadas de duas maneiras. Utilizando a matriz de impedância (Z), na qual é utilizada para cálculos de curto-circuito e 31 utilizando a matriz de admitância (Y), onde vamos utilizar para o fluxo de potência, que é o objeto de estudo. A matriz de admitância relaciona as tensões elétricas nodais com as correntes injetadas ao sistema através dos geradores. Assim sendo temos: 𝐼 = 𝑌 . 𝑉 (76) Onde: 𝐼 – Vetor de injeção de correntes na rede; 𝑉 – Vetor de tensão nodal nas barras; 𝑌 – Matriz de admitância nodal Assim a matriz Y será montada analisando duas partes, os elementos da diagonal principal e os elementos fora da diagonal principal. Elementos diagonal principal: Admitância própria - 𝑌𝑖𝑖, sendo i = 1:N barras. Soma de todas admitâncias conectadas à barra i. 𝑌𝑖𝑖 = 𝑦𝑖0 + ∑ (𝑦𝑖𝑘 + 𝑦𝑖𝑘𝑠ℎ ) 𝑛 𝑘=1 (77) Elementos fora diagonal principal: Admitância mútua - 𝑌𝑖𝑘, sendo k = 1:N barras {i ≠ k}. Negativo da soma de todas admitâncias conectadas entre as barras, i e k, e 𝑌𝑘𝑖 = 𝑌𝑖𝑘. 𝑌𝑖𝑘 = −𝑦𝑖𝑘 (78) [𝑌𝑏𝑢𝑠] = [ 𝑦11 𝑦12 … 𝑦21 𝑦22 … ⋮ ⋮ ⋱ 𝑦1𝑁 𝑦2𝑁 ⋮ 𝑦𝑁1 𝑦𝑁2 … 𝑦𝑁𝑁 ] (79) 32 2.4. Fluxo de potência O cálculo do fluxo de potência ou fluxo de carga em uma rede de energia elétrica consiste em determinar as tensões complexas nas barras, a distribuição dos fluxos de potência (ativa e reativa) que fluem pelas linhas e transformadores e outras grandezas. Nesta resolução o sistema é considerado estático e representado por um conjunto de equações algébricas não-lineares. Essa representação é utilizada em situações que as variações da rede com o tempo são suficientemente lentas e assim podem ser desconsiderados os transitórios. Assim, podemos obter informações nas quais permitem determinar o estado operativo do sistema, se ele está operando adequadamente e ainda podendo indicar correções ou prevenções de situações inadequadas. Através da premissa de conservação das potências ativas e reativas em cada barra da rede obtemos as equações básicas para o cálculo de fluxo de potência. 𝑆𝑖𝑘 = 𝑃𝑖𝑘 + 𝑄𝑖𝑘 (80) 𝑃𝑖𝑘 = (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖) 2. 𝑔𝑖𝑘 − (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖). 𝑉𝑘. 𝑔𝑖𝑘. cos(𝜃𝑖𝑘 + 𝜑𝑖𝑘) − (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖). 𝑉𝑘. 𝑏𝑖𝑘. sin(𝜃𝑖𝑘 + 𝜑𝑖𝑘) (81) 𝑄𝑖𝑘 = − (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖) 2. (𝑏𝑖𝑘 + 𝑏𝑖𝑘 𝑠ℎ) + (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖). 𝑉𝑘. 𝑏𝑖𝑘. cos(𝜃𝑖𝑘 + 𝜑𝑖𝑘) − (𝑎𝑖𝑘. 𝑉𝑖). 𝑉𝑘. 𝑔𝑖𝑘. sin(𝜃𝑖𝑘 + 𝜑𝑖𝑘) (82) Sendo: Linhas de transmissão – 𝑎𝑖𝑘 = 1 e 𝜑𝑖𝑘 = 0; Transformadores em fase – 𝑏𝑖𝑘 𝑠ℎ = 0 e 𝜑𝑖𝑘 = 0; Defasadores puros – 𝑏𝑖𝑘 𝑠ℎ = 0 e 𝑎𝑖𝑘 = 1; Defasadores – 𝑏𝑖𝑘 𝑠ℎ = 0. 33 2.4.1. Método Gauss-Seidel O método de Gauss-Seidel consiste numa adaptação do algoritmo do ponto fixo, cujo princípio está em substituições sucessivas. Para uma barra qualquer do sistema precisamos definir a corrente que entra nesta barra: 𝐼�̇� = ∑ 𝑌𝑖𝑗 . �̇�𝑗 𝑛 𝑗=1 (83) Ou 𝐼�̇� = �̇�𝑖 ∑ 𝑌𝑖𝑗 − 𝑛 𝑗=0 ∑ 𝑌𝑖𝑗. �̇�𝑗 𝑛 𝑗=1≠𝑖 (84) Onde, 𝑌𝑖𝑗 é elemento da matriz 𝑌𝑏𝑢𝑠. Na barra i, P e Q são: 𝑆𝑖 = 𝑃𝑖 + 𝑗𝑄𝑖 = 𝑉𝑖 . 𝐼𝑖 ∗ (85) 𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖 𝑉𝑖 ∗ = �̇�𝑖 ∑ 𝑌𝑖𝑗 − 𝑛 𝑗=0 ∑ 𝑌𝑖𝑗 . �̇�𝑗 𝑛 𝑗=1≠𝑖 , para 𝑗 ≠ 𝑖 (86) Neste caso a formulação matemática do fluxo de potência corresponde a um sistema de equações algébricas não lineares e deve ser resolvido por uma técnica interativa. A barra Swing é definida com um valor de tensão fixo (módulo e ângulo), assim, serão resolvidas 2(n-1) equações de modo interativo. Em condições normais de operação do sistema as tensões nas barras aproximam-se de 1,0 p.u. No geral, a magnitude das tensões nas barras de carga é levemente inferior à barra Swing, já nas barras de geração é levemente superior. Os ângulos de fase nas barras de cargas são menores que a Swing, já na geração, são ligeiramente maiores. 34 Deste modo, podemos definir inicialmente como 1∠0° como tensões iniciais. Para barras P-Q calculamos: 𝑉𝑖 (𝑘+1) = 𝑃𝑖 𝑠𝑐ℎ − 𝑗𝑄𝑖 𝑠𝑐ℎ 𝑉𝑖 ∗(𝑘) + ∑ 𝑦𝑖𝑗. 𝑉𝑗 (𝑘) ∑ 𝑦𝑖𝑗 , 𝑐𝑜𝑚 𝑗 ≠ 𝑖. (87) Para barras P-V calculamos: 𝑄𝑖 (𝑘+1) = − ℑ {𝑉𝑖 ∗(𝑘) [𝑉𝑖 𝑘. 𝑦𝑖𝑖 − ∑ 𝑦𝑖𝑗 . 𝑉𝑗 (𝑘) 𝑛 𝑗=1≠𝑖 ]} (88) 𝑉𝑖 (𝑘+1) = 𝑃𝑖 𝑠𝑐ℎ − 𝑗𝑄𝑖 𝑠𝑐ℎ 𝑉𝑖 ∗(𝑘) + ∑ 𝑦𝑖𝑗. 𝑉𝑗 (𝑘) ∑ 𝑦𝑖𝑗 (89) Com j ≠ i. Como |𝑉𝑖| é conhecido a parte real é calculada por: (𝑒𝑖 (𝑘+1) ) 2 + (𝑓𝑖 (𝑘+1) ) 2 = |𝑉𝑖|² (90) 𝑒𝑖 (𝑘+1) = √ |𝑉𝑖|2 − (𝑓𝑖 (𝑘+1) ) 2 (91) 𝑉𝑖 (𝑘+1) = 𝑒𝑖 (𝑘+1) + 𝑓𝑖 (𝑘+1) (92) Após obtenção dos resultados comparamos os valores da interação atual com a anterior: |𝑒𝑖 (𝑘+1) − 𝑒𝑖 (𝑘) | ≤ 휀 (93) 35 |𝑓𝑖 (𝑘+1) − 𝑓𝑖 (𝑘) | ≤ 휀 (94) Caso 휀 = 0,00001 𝑎𝑡é 0,00005 𝑝. 𝑢. , o sistema convergiu e não são mais necessárias interações. Caso o valor seja superior devemos atualizar as tenções das barras com os valores obtidos na última interação e recalcular todas as barras. Após o sistema convergir, podemos calcular P e Q da barra Swing: 𝑃𝑖 (𝑘+1) = ℜ {𝑉𝑖 ∗(𝑘) [𝑉𝑖 𝑘. 𝑦𝑖𝑖 − ∑ 𝑦𝑖𝑗. 𝑉𝑗 (𝑘) 𝑛 𝑗=1≠𝑖 ]} (95) 𝑄𝑖 (𝑘+1) = − ℑ {𝑉𝑖 ∗(𝑘) [𝑉𝑖 𝑘. 𝑦𝑖𝑖 − ∑ 𝑦𝑖𝑗 . 𝑉𝑗 (𝑘) 𝑛 𝑗=1≠𝑖 ]} (96) Com j ≠ i. Posteriormente a determinação das tensões de todas as barras, devemos calcular os fluxos de potência nas linhas que podem ser obtidas através das correntes que entram e saem das barras e as perdas pela soma algébrica das potências complexas entre as barras. 2.4.2. Método Newton-Raphson O método Newton-Raphson é um método interativo que aproxima um conjunto de equações não-lineares simultâneas por um conjunto de equações lineares usando expansão por séries de Taylor e os termos são restritos a aproximação de primeira ordem. Este método é matematicamente superior ao método anteriormente visto e possui uma integridade maior ao divergir em caso de sistemas mal condicionados. Devido a essa superioridade o método Newton-Raphson é mais eficiente para grandes sistemas de potência. A principal vantagem é que o número de 36 interações necessárias para obter a uma solução é independente do tamanho do problema, isso o torna computacionalmente mais eficiente. Diferente do método de Gauss-Seidel, que em base calculamos as tensões das barras, no método Newton-Raphson vamos calcular as variações de Potência Ativa e Reativa das barras com base em uma potência estipulada e para validar vamos verificar se esse Delta está nos limites aceitáveis. Em base o método é executado conforme a figura 10. Figura 10 - Fluxograma de Newton-Raphson Fonte: Do autor, com base em Zanetta Jr. (2006) 37 2.5. Modelagem para o MATPOWER O MATPOWER é um pacote de arquivos ".m" de licença gratuita em linguagem MATLAB de código aberto para resolver problemas de simulação e otimização de sistemas de energia em regime permanente, como fluxo de potência, fluxo de energia de continuação, fluxo de potência ótimo, entre outros. Foi desenvolvido com objetivo de ser uma ferramenta de simulação para pesquisadores e educadores, de fácil edição e utilização. Na modelagem da rede, a magnitude dos elementos é expressa em P.U. e o ângulo complexo em radianos. As barras são numeradas consecutivamente iniciando do número 1 e os geradores são reordenados pelo número do barramento. Todos os modelos e equações são apresentados no MATPOWER em forma de matriz e vetor. Isso se dá devido ao fato de utilizar o MATLAB como base de programação, e este possuir grandes capacidades no manuseio de matrizes e vetores. 2.5.1. Formato de dados Os arquivos de dados utilizados pelo MATPOWER são arquivos MATLAB do tipo M-file (.m) ou MAT-file (.mat) que definem e retornam uma única estrutura padrão do MATLAB. O arquivo do tipo M-file nada mais é do que um arquivo de texto simples que pode ser editado em qualquer editor de texto padrão. Sua estrutura é composta dos campos baseMVA, bus, branch, gen e opcionalmente gecost, onde baseMVA é um escalar e os outros elementos são matrizes. Nestas matrizes cada lida linha corresponde a um único elemento, podendo ser um barramento, uma linha ou gerador. As colunas são semelhantes às do formato IEEE CDF (Common Data Format). Abaixo na figura 11 temos um exemplo de uma rede modelada no MATPOWER onde podemos observar as barras, linhas, geradores. No ANEXO A estão apresentados todos valores correspondentes as colunas das matrizes bus, gen e branch. 38 Figura 11 - Rede exemplo MATPOWER Fonte: Do autor 2.5.2. Branch – Branches (Ramificações) Todas as linhas de transmissão, transformadores, defasadores são modelados com um common branch model. Ele consiste em um modelo Pi de linhas de transmissão, com impedância série 𝑍𝑆 = 𝑅𝑆 + 𝑗𝑋𝑆 e susceptância total 𝑏𝐶. Os parâmetros 𝑅𝑆, 𝑋𝑆 e 𝑏𝐶 são representados diretamente nas colunas BR_R(3), BR_X(4), BR_B(5), na linha correspondente da matriz. Quando o branch representar um transformador temos os valores do TAP e da fase que estão nas colunas TAP(9) e SHIFT(10). 39 2.5.3. Gen – Generators (Geradores) Um gerador é modelado como uma injeção de energia complexa em um barramento específico. Para o gerador i, a injeção é: 𝑆𝐺 𝑖 = 𝑃𝐺 𝑖 + 𝑗𝑄𝐺 𝑖 Os equivalentes de MW e MVAr de 𝑃𝐺 e 𝑄𝐺 são especificados nas colunas PG(2) e QG(3), respectivamente, da linha i da matriz gen. 2.5.4. Loads (Cargas) Cargas de potência constante são modeladas diretamente com a quantidade de potência ativa e reativa consumida na barra. Os equivalentes são representados nas colunas PD(3) e QD(4) respectivamente. Cargas de impedância constante são modeladas como elementos shunts, que serão descritos no item 2.5.5. 2.5.5. Shunt Os capacitores e indutores são modelados diretamente conforme a admitância 𝑌𝑠ℎ = 𝐺𝑠ℎ + 𝑗𝐵𝑠ℎ do elemento conectado a barra. 𝐺𝑠ℎ + 𝑗𝐵𝑠ℎ são especificados nas colunas GS(5) e BS(6), respectivamente, onde é informado o equivalente em MW (Consumido) e MVar (Injetado) em uma magnitude de tensão nominal de 1.0 P.U. e ângulo zero. 2.6. Modelagem para o OpenDSS Softwares que resolvem fluxo de potência tais como o MATPOWER e o ANAREDE, é primeiramente criada as barras e depois os elementos são conectados a elas. No OpenDSS o processo é diferente, primeiramente devemos criar os elementos do sistema (transformadores, geradores, cargas, ...) e no próprio elemento dizemos em quais barras ele está conectado. A estrutura principal do OpenDSS é desenvolvida em Object Pascal usando o ambiente Delphi, outras estruturas para solução de matrizes esparsas são desenvolvidas em C e C++. Como o seu código fonte é aberto, é possível compilar para diversas plataformas. Ele possui integração com Windows, Linux, Mac OSX, Raspberry Pi, entre outros. Além disso é possível aplicações em Java 40 utilizar o OpenDSS através de JNI. Isso o torna uma aplicação muito flexível e econômica. Basicamente o OpenDSS trabalha com três modelos básicos: Primeiro modelo é o BUS (barra). O BUS pode conter N nós, onde o nó zero é o nó de referência para o software. O nó zero não necessariamente está sendo referenciado ao terra, essa definição pode ser feita pelo usuário ao efetuar a modelagem. O segundo modelo é o PD (Power Delivery). Os elementos referenciados a este modelo são elementos que recebem energia de um lado e transferem par o outro lado, por exemplo linhas, transformadores, capacitores. Os elementos do tipo PD podem conter N terminais com N conectores em ambos os lados. Via de regra, cada terminal pode se conectar a apenas uma barra. Geralmente o PD é representado por uma matriz de admitância nodal. O último modelo é o PC (Power Conversion). São elementos que recebem ou geram energia, como por exemplo as cargas, geradores, equivalentes de Thevenin, entre outros. O PC contém um terminal que pode conter N conectores. Para a criação de qualquer elemento no OpenDSS devemos utilizar o comando “New”. Caso precisamos obter as informações de um elemento podemos utilizar o comando “dump tipoElemento.NomeElemento debug”. Este comando criará um arquivo com todas informações vinculadas ao elemento. Dentre os caracteres especiais utilizados no OpenDSS, destacamos os seguintes: “~” – Continuação da linha imediatamente acima. “//” – Início de comentários que serão ignorados pelo software. “!” – Início de comentário em linhas de comando. “|” – Delimitador de linhas de matriz. “.” – Delimitador de classe, objeto, nó ou barra. 2.6.1. Circuit O elemento Circuit representa o equivalente da transmissão que será conectado a distribuição. Devemos informar qual a tensão de linha ou p.u. e para as impedâncias informamos os pares de potências (trifásica e monofásica), 41 pares das correntes ou das os pares das impedâncias. Este elemento sempre deve existir no OpenDSS, ele representa a barra Swing. Como exemplo temos: New circuit.Exemplo bus1=barra100 basekv=13.8 phases=3 mvasc3=2000 mvasc1=2100 Onde: New – Comando para criação de novo elemento. Exemplo – Nome dado para o elemento “circuit”. bus1 – Definição em qual barra ele está conectado, neste caso “barra100”. basekv – Tensão base do elemento, neste caso “13.8” sempre em kV. phases – Número de fases do elemento, neste caso “3” fases. mvasc3 – Potência de curto-circuito trifásico, neste caso “2000”. mvasc1 – Potência de curto-circuito monofásico, neste caso “2100”. 2.6.2. Line Esse elemento representa as linhas elétricas. O OpenDSS utiliza o modelo π para representar as linhas. Neste elemento devemos fornecer os valores de R0, X0, R1 e X1, todos devem ser em Ohms/Km ou Ohms/mi, conforme a unidade de medida da linha, seu comprimento e a escala. Também é fornecido as capacitâncias shunt caso não sejam desprezíveis. Como exemplo temos: New line.Linha_Exemplo phases=3 bus1=barra100 bus2=barra200 length=0.5 units=km ~ r1=0.06 x1=0.10 r0=0.18 x0=0.40 c1=3 c0=1 Onde: New – Comando para criação de novo elemento. Linha_Exemplo – Nome dado ao elemento “line” criado. phases – Número de fases do elemento, neste caso “3” fases. bus1 – Definição da barra DE, neste caso “barra100”. bus2 – Definição da barra PARA, neste caso “barra200”. length – Comprimento da linha, neste caso “0.5” unidades de medida. units – Unidade de medida, neste caso “km”. r0 – Resistência de Sequência Zero, em Ohms por unidade de medida. x0 – Reatância de Sequência Zero, em Ohms por unidade de medida. 42 c0 – Capacitância de Sequência Zero, em Ohms por unidade de medida. r1 – Resistência de Sequência Positiva, em Ohms por unidade de medida. x1 – Reatância de Sequência Positiva, em Ohms por unidade de medida. c1 – Capacitância de Sequência Positiva, em Ohms por unidade de medida. 2.6.3. Transformer É utilizado para representar todos os tipos de transformadores. Ao modelar este componente devemos informar qual o tipo de ligação do transformador (delta ou estrela), as tensões no primário e secundário, além de Rm, Rs, Ls e Lm. Como exemplo temos: New transformer.Trafo_Exemplo xhl=6 windings=2 %loadloss=0.5 %noloadloss=0.1 %imag=0.5 ~ wdg=1 bus=barra200 kv=13.8 kva=25 conn=wye ~ wdg=2 bus=barra300 kv=0.22 kva=25 conn=wye Onde: New – Comando para criação de novo elemento. Trafo_Exemplo – Nome dado ao elemento “transformer” criado. xhl – Reatância Hi-Low percentual do transformador, neste caso “6”%. windings – Número de enrolamentos. %loadloss – Percentual de perda em carga em relação a potência nominal. %noloadloss – Percentual de perda a vazio em relação a potência nominal. %imag – Percentual da corrente de magnetização em relação a corrente nominal. wdg=1 – Início da descrição do primeiro enrolamento. bus=barra200 – Definição de qual barramento o enrolamento 1 está conectado. kv=13.8 – Definição da tensão do enrolamento primário. kva=25 – Potência do transformador, neste caso, “25”MVA. conn – Tipo de ligação do primário do transformador, neste caso “wye” (estrela). 43 2.6.4. Load Esse elemento representa as cargas do sistema. Ao criar devemos dizer qual é o modelo de carga (potência constante, impedância constante ou corrente constante), tipo de conexão (delta ou estrela), número de fases, a tensão nominal. Ainda devemos informar pelo menos dois entre potência ativa, potência reativa, potência aparente, fator de potência. Como exemplo temos: New load.Carga_Exemplo phases=3 model=1 bus=barra300 kv=0.22 kw=10 kvar=4 conn=wye Onde: New – Comando para criação de novo elemento. Carga_Exemplo – Nome dado ao elemento “load” criado. phases – Número de fases do elemento, neste caso “3” fases. model – Modelo de carga, neste caso “1” potência constante. bus – Definição em qual barra ele está conectado, neste caso “barra300”. kv – Tensão de linha da carga. kw – Potência ativa da carga. kvar – Potência reativa da carga. conn – Tipo de ligação da carga, neste caso “wye” (estrela). 2.6.5. Capacitor Esse elemento consiste em modelar bancos de capacitores. No OpenDSS ele será vinculado a alguma barra, normalmente é associado em paralelo. Devemos informar o número de fases, o barramento que está conectado e também a tensão de linha. Como exemplo temos: New Capacitor.cap_exemplo phases=3 bus1=barra400 kvar=100 kv=0.22 Onde: New – Comando para criação de novo elemento. cap_exemplo – Nome dado ao elemento “Capacitor” criado. phases – Número de fases do elemento, neste caso “3” fases. Bus1 – Definição em qual barra ele está conectado, neste caso “barra400”. Como não está ligado a outra barra a conexão é em paralelo. kvar – Potência reativa injetada. kv – Tensão de linha. 44 3. METODOLOGIA Este trabalho propõe a construção de uma ferramenta que irá converter automaticamente redes elétricas de distribuição modeladas a partir do MATPOWER para um modelo genérico correspondente ao software OpenDSS. Para atingir o objetivo proposto foram necessárias várias etapas de estudos, programação e testes. 3.1. Etapa 1 – Fundamentação teórica Inicialmente foi realizada a revisão bibliográfica necessária para o estudo do SEP, que inclui desde os valores por unidade, modelos dos elementos do SEP e métodos de fluxo de potência. Em seguida foi fundamental o estudo aprofundado da estrutura de modelagem e lógica do MATPOWER e do OpenDSS. Esses estudos possibilitaram a compreensão dos modelos apresentados nas seções 2.5 e 2.6. São análises fundamentais para gerar as lógicas da ferramenta proposta, que vão desde a validação do arquivo de entrada, até a entrega da rede convertida para o usuário. A validação do problema proposto foi desenvolvida através da busca sistematizada por artigos científicos utilizando o software “Harzing’s Publish or Perish”. Com ele foi possível definir algumas palavras-chave que são do interesse, podendo ser palavras no texto, autores, lugares de publicações, eteceteras. Com essas definições o software trabalha juntamente com mecanismos de busca para varrer e organizar os títulos mais semelhantes, ordenando-os por maiores citações em outros trabalhos e número de acessos. Tendo em vista a necessidade estudada, foram analisados trabalhos acadêmicos no contexto nacional que visam solucionar essa demanda através de pesquisa via Google Acadêmico com as palavras-chave "OpenDSS” e “fluxo de potência". Após a análise de 172 publicações, foram selecionadas 9 cujos títulos foram considerados relevantes. Ao estudar essas nove publicações foi possível concluir que não há trabalhos que satisfaçam essa demanda no Brasil. 45 3.2. Etapa 2 – Conversão de modelos Nesta etapa foram estudados como fazer a conversão de um modelo do MATPOWER para um modelo ou equivalente do OpenDSS. Com este estudo foram relacionados seis modelos. Circuit, que representa o equivalente de transmissão, Tranformer sendo os transformadores, Line sendo as linhas, Load sendo as cargas, Capacitor sendo os shunts e Generator os geradores. Circuit – Conforme estudado na seção 2.6, para qualquer rede modelada no OpenDSS é necessário existir um elemento Circuit (Item 2.6.1), que representa o equivalente de transmissão. Para modelar o elemento Circuit deve ser convertido os dados da barra de referência da rede do MATPOWER, que neste caso é indicada como uma barra do tipo “3”. Este valor está presenta na coluna 2 da matriz BUS. Será informado no modelo o número da barra, a tensão de base, a tensão de operação em p.u., e a potência base do sistema. Os parâmetros necessários para compor este elemento estão dispostos na matriz “mpc.bus” do MATPOWER, Tabela 1 do Anexo A, com exceção da potência base do sistema que é disposta diretamente através do “mpc.baseMVA”. Como padrão é definido que a rede a ser convertida trabalha com barramento infinito. Neste caso o modelo ainda é composto com pares complexos das impedâncias de sequência zero e positiva tendendo a zero. Tranformer – Para gerar um modelo equivalente de transformador no OpenDSS é analisado a matriz BUS do MATPOWER, onde verificamos se há alterações entre os valores da coluna 10 que corresponde a tensão de base da barra, e a matriz BRANCH, onde estão dispostas as ramificações. Na matriz BRANCH obtemos as barras que estão conectadas as bobinas do transformador. Esta indicação está disposta na coluna 1, representando o “DE” e na coluna 2, representando “PARA”. Também obtemos a impedância em relação do primário para o secundário, disposta na coluna 4. O TAP do transformador na coluna 9, a potência na coluna 6. Line – Para criar os modelos de linhas utilizamos basicamente o mesmo processo que é feito para os modelos de transformadores. 46 As linhas estão dispostas juntamente na matriz BRANCH, assim para diferir entre um transformador e uma linha devemos analisar alguns parâmetros na estrutura do MATPOWER. A primeira análise é feita na matriz BUS, verificando a tensão base entre as barras. Na matriz BRANCH podemos analisar o TAP (coluna 9) e a susseptância (coluna 5). Quando se trata de linhas o valor do TAP sempre é “1” e a susseptância tende a ser maior que zero. Já em transformadores a susseptância é sempre zero e o TAP tende ser diferente de “1”. Devemos ainda considerar se o circuito está ou não ativo, neste caso deve ser considerado o valor presente na coluna 11. Load – Para criar os modelos de cargas devemos analisar a matriz BUS do MATPOWER. Cargas de potência constantes são obtidas diretamente da coluna 3 e coluna 4, representando a potência ativa e reativa sucessivamente. Podendo algum dos valores ser nulo. Cargas de impedância constantes são obtidas diretamente da coluna 5 e coluna 6, representando a potência ativa e reativa sucessivamente. Neste caso, ambos os valores devem ser diferentes de zero. Caso o valor da coluna 5 seja nulo, este elemento na realidade é um Capacitor, representando por outro modelo. Capacitor – Os shunts de linha são obtidos diretamente da coluna 5 e coluna 6. A potência reativa injetada é fornecida na coluna 6. Devemos utilizar a coluna 5 e verificar que ela seja nula, assim temos a certeza que está sendo modelado um shunt de linha. Este processo pode ser feito juntamente com o Load pois utilizam os mesmos parâmetros. Generator – A criação do modelo de geradores utiliza a matriz GEN e a matriz BUS. Essa necessidade se dá devido ao modelo de gerador a ser utilizado. Ao analisar a matriz GEN necessitamos a barra que ele está conectado, representado na coluna 1, a potência ativa representada na coluna 2, máxima 47 potência reativa representada na coluna 4 e a mínima potência reativa representada na coluna 5. Devemos ainda usar a matriz BUS para verificar o tipo de barra que esse gerador está conectado. Caso seja uma barra do tipo PV, indicamos um gerador de modelo 3 no OpenDSS, que possui potência ativa e tensão constantes. Caso seja uma barra do tipo PQ, indicamos um gerador de modelo 1 no OpenDSS, que possui potência ativa e potência reativa constantes. 3.3. Etapa 3 – Algoritmos para conversão do modelo Circuit – Para encontrar a barra correspondente ao Circuit deve ser percorrido as linhas da matriz BUS. Este processo é feito através de um looping. O processo consiste numa captura linha por linha da matriz BUS e comparando a coluna 2 com o numeral inteiro “3”. Enquanto o valor for diferente ele pula para a próxima linha da matriz e compara com o novo valor. Ao encontrar o valor correto é iniciado o processo para gerar o modelo. Os dados necessários para compor o modelo estão na própria linha capturada. Figura 12 - Processo de geração do Circuit Fonte: Do autor Tranformer e Line – O processo para criar transformadores e linhas é feito no mesmo looping. A matriz BRANCH é percorrida linha a linha até o último elemento. 48 O processo começa capturando a linha da matriz BRANCH. Com os valores obtidos da coluna 1 e coluna 2 desta linha, são utilizados nos processos seguintes para obter as linhas correspondentes da matriz BUS comparados a coluna 1, isto é, são obtidos todos valores das barras correspondentes a esse ramo. Seguindo o processo é feita a comparação das tensões de base entre as barras, o TAP e a susseptância para definir se corresponde a um modelo de transformador ou uma linha, direcionando para o processo correspondente e já com todos os valores necessários para o modelo obtidos. Figura 13 - Processo de geração do Transformer e Line Fonte: Do autor Load e Capacitor – O processo para criar as cargas e shunts da rede é feito através de um único looping percorrendo toda a matriz BUS. O processo se dá capturando linha a linha da matriz BUS e são feitas três verificações condicionais nas colunas desta linha para definir se o elemento existe e caso sim criá-lo. A primeira verificação se dá nas colunas 3 e 4. Caso 49 seja satisfeita a condição é gerado um elemento Load do tipo potência constante. A segunda verificação se dá nas colunas 5 e 6. Caso seja satisfeita a condição é gerado um elemento Load do tipo impedância constante. A terceira verificação se dá nas colunas 5 e 6 novamente. Caso seja satisfeita a condição é gerado um elemento Capacitor. Todos os valores necessários para compor os elementos estão presentes na linha corrente do processo. Figura 14 - Processo de geração do Load e Capacitor Fonte: Do autor Generator – Os geradores são criados em um processo simples. A matriz GEN é percorrida totalmente através de um looping. O processo se dá capturando linha a linha da matriz GEN. No processo seguinte é utilizado o valor da coluna 1 da matriz GEN, que corresponde ao número do barramento, para obter a linha correspondente na matriz BUS comparados a coluna 1, que nesta temos todos os dados da barra. Este mesmo processo foi visto para transformadores e linhas. Ao concluir, é iniciado o processo de criar o elemento Generator. Neste processo é verificado o tipo da barra para alterar os parâmetros necessários. 50 Figura 15 - Processo de geração do Generator Fonte: Do autor 3.4. Etapa 4 – Criação do sistema DumpDSS Da mesma forma que a maioria dos softwares que resolvem fluxo de potência, o OpenDSS utiliza um arquivo texto que contém rede elétrica modelada a ser resolvida. Este arquivo é composto pelos elementos vistos na seção 2.6. A ferramenta desenvolvida consiste em um algoritmo computacional para o qual foi definido como ambiente um sistema Web, composto de um servidor Linux Ubuntu3 executando PHP4 7.1 e Apache5 2.2. O algoritmo é descrito na linguagem de programação PHP junto com o framework Laravel 5.6. Este framework permite trabalhar de forma estruturada e rápida, facilitando a programação. O sistema é composto por diversas etapas para automação do processo de conversão conforme pode ser analisada na figura 16. Na tela inicial da ferramenta o operador entra com a rede para ser convertida, ao fornecer o arquivo, a ferramenta executa uma pré-verificação de compatibilidade do arquivo e informa qual é a barra swing do sistema. Caso haja incompatibilidades ele alerta o usuário e interrompe o processo, caso seja compatível solicita confirmação se a rede está modelada conforme os padrões do MATPOWER (ANEXO A). 3 Sistema operacional software livre. 4 Linguagem de programação interpretada. 5 Servidor web livre. 51 Figura 16 - Fluxograma de execução da ferramenta Fonte: Do autor 52 Posteriormente é dado como opção para o usuário definir o modo de operação da barra Swing, opção de fazer donwload ou visualizar o arquivo convertido na tela. Ao ser selecionado uma das opções a ferramenta começa o processo de decodificação da rede fornecida pelo usuário. Primeiramente é feita uma varredura linha a linha do arquivo fornecido buscando os parâmetros conhecidos do modelo correspondente do MATPOWER. Estes modelos baseiam-se na estrutura básica vista no item 2.5.1. Através do modelo encontrado é associado o valor desta linha a matriz correspondente de dados simplificados que serão utilizadas no próximo processo para criação dos elementos do OpenDSS. Ao término da varredura do arquivo de entrada, inicia-se o processo de criação de dois arquivos. O primeiro o arquivo é de extensão “dss” e contém a rede convertida pronta para ser executada no software OpenDSS. O segundo arquivo que é um arquivo texto com informações de comentários do arquivo da rede original e outras anotações geradas pela ferramenta. Sequencialmente, a ferramenta executa múltiplos loopings com o objetivo de percorrer todas as matrizes geradas no processo anterior. Através dos estudos dos modelos do MATPOWER e OpenDSS foram projetados os blocos para capturar os valores necessários das matrizes e gerar os elementos equivalentes correspondentes no formato padrão do OpenDSS. Ao finalizar todas as matrizes, caso o usuário tenha optado em fazer o download da rede, a ferramenta cria um arquivo compactado “contendo os dois arquivos gerados, a rede convertida no formado “.dss” e o arquivo de informações no formato “.txt”, e efetua o download automático. Caso tenha optado por apenas visualizar, é apenas apresentado na tela do navegador a rede convertida, sem a opção do arquivo de comentário. Ao iniciar os trabalhos de programação foi necessário criar um nome para o projeto. O comando “dump” é muito utilizado no PHP e em bancos de dados para mostrar ou despejar valores. Associando a ideia de extrair dados arquivos de redes elétricas para gerar novos modelos para o OpenDSS, esta ferramenta foi batizada com o nome de DumpDSS. 53 3.5. Etapa 5 – Testes de conversão Para validação da ferramenta foram feitas análises comparativas entre os arquivos de saída da rede original e da rede convertida. Estas análises se basearam na comparação das tensões e ângulos das barras, fluxo de potência nos circuitos e as perdas de potência da rede. Estes arquivos são obtidos conforme pode ser observado na figura 17. O arquivo “exemplo.m” contém toda a estrutura da rede elétrica original. Este arquivo é utilizado como dados de entrada no DumpDSS, que irá gerar a rede convertida. É utilizado ainda no MATPOWER para obter os dados para serem analisados. Este processo é feito através da execução do fluxo de potência com o comando “runpf(‘nomedocaso’), onde nomedocaso é o valor associado a variável mpc da rede. O arquivo “exemplo.dss” contém a rede elétrica convertida, isto é, um modelo equivalente a rede original na estrutura do OpenDSS. Este arquivo é utilizado como dados de entrada no OpenDSS para obter os dados para serem analisados. Este processo é feito através da execução do fluxo de potência com o comando “Solve”. Figura 17 - Fluxograma de conversão e teste Fonte: Do autor 54 4. RESULTADOS E VALIDAÇÕES Neste capítulo será apresentado a forma de utilizar o DumpDSS, os resultados da conversão da rede de distribuição, resultados do fluxo de potência da rede original e da rede convertida, análise das tensões das barras, análise do fluxo de potência da linhas e análise das perdas técnicas de potência. 4.1. Utilizando o DumpDSS Ao acessar a ferramenta é permitido ao usuário ingressar com a rede no formato do MATPOWER. Este processo é feito clicando no botão “Escolher arquivo” conforme visto na figura 18. Após a seleção da rede pelo usuário a ferramenta inicia o processo de pré-verificação do arquivo selecionado. Este processo verifica a estrutura de dados da rede conforme o padrão do MATPOWER, analisando heuristicamente os blocos “mpc.”, versão e uma varredura em busca da barra Swing. Caso o arquivo disponibilizado não seja compatível é disparado um alerta na tela informando-o. Figura 18 - Tela inicial da ferramenta Fonte: Do autor 55 Se o arquivo atender os requisitos da pré-verificação, é disparado um alerta para o usuário solicitado se a rede está nos padrões dos formatos de dados do MATPOWER (ANEXO A) conforme a figura 19. Figura 19 - Tela alerta de solicitação da rede no padrão Fonte: Do autor Caso o usuário entrar com uma rede nos padrões, deverá ser selecionado a opção “Sim” e não há necessidade de ajustes manuais dos valores. Após selecionar a opção, é informado ao usuário qual a barra de referência da rede original e solicitado qual o modo de operação que a barra deve trabalhar, sendo fornecido 4 opções: 1 – Barramento infinito, neste caso não há entrada de dados; 2 – Informando os pares das impedâncias complexas; 3 – Informando os pares das potências de curto-circuito; 4 – Informando os pares das correntes de curto-circuito. 56 A figura 20 mostra a seleção de donwload da rede de 33 barras em modo barramento infinito. Esta rede está nos padrões do MATPOWER. Na figura 21 temos a visualização do arquivo de saída da ferramenta. Este é um arquivo compactado com extensão “.zip” tendo outros dois arquivos na sua composição, a rede convertida “case33bw.dss” e o arquivo de informações “case33bw_info.txt” gerados pela ferramenta com informações pertinentes da conversão. Figura 20 - Conversão rede 33 barras em barramento infinito Fonte: Do autor Figura 21 - Arquivo “.zip” rede 33 barras convertido Fonte: Do autor 57 Caso o usuário entre com uma rede que não está nos padrões de formato de dados do MATPOWER, deverá selecionar “Não” na opção da figura 19 e ajustar manualmente a escala que está sendo modelada. A figura 22 mostra uma rede não padrão, sendo necessário informar a escala da potência ativa, potência reativa, condutância shunt, reatância shunt e também se a matriz BRANCH está modelada em P.U. ou Ohms. Ainda na figura 22, pode ser observado que a barra de referência vai operar com os limites das potências de curto-circuito. Com estas informações o algoritmo faz as conversões necessárias para evitar erros nos modelos. Figura 22 - Exemplo de tela rede não padrão MATPOWER Fonte: Do autor 58 4.2. Conversão rede 33 Barras IEEE Para validação da ferramenta foi elegida a rede de 33 barras apresentada no artigo de M. E. Baran e F. F. Wu (1989). Trata-se de uma rede radial de distribuição de energia composta por 1 gerador, 33 barras, 37 linhas e 32 cargas. Esta rede encontra-se modelada no formato de dados do MATPOWER (ANEXO B) e é disponibilizada juntamente com o pacote de arquivos do MATPOWER ao fazer o download. O processo de conversão e coleta de dados foi executado conforme seção 3.5. No Apêndice A estão os arquivos gerados pela ferramenta após a conversão. O primeiro arquivo com extensão “.dss” consiste na rede convertida e com este foi executado o fluxo de potência no OpenDSS. 4.3. Fluxo de potência Inicialmente foi executado o fluxo de potência da rede original no MATPOWER. O método de cálculo utilizado é o Newton-Raphson. A figura 23 mostra parte do arquivo de saída do MATPOWER (Apêndice B), ao analisarmos concluímos que a rede convergiu em três interações e levou o tempo de 0,05 segundos para concluir o cálculo do fluxo de potência. Ainda são dispostas informações importantes sobre o sistema, como as quantidades de elementos, as potências combinadas destes elementos, entre outras como: Máxima tensão: 1,0 pu, localizada na barra 1; Mínima tensão: 0,913 pu, localizada na barra 18; Total de perdas ativas: 0,2 MW; Total de perdas reativas: 0,14 MVar. O processo seguinte se deu realizando a execução do fluxo de potência na rede convertida no OpenDSS. O método de cálculo utilizado é o Newton- Raphson. A figura 24 apresenta o sumário após a resolução do fluxo de potência. Diferente do MATPOWER, as informações das tensões das barras, fluxo de potência nas linhas e outras informações são dispostas em arquivos separadamente conforme solicitado pelo usuário. Analisando, é possível concluir que a rede convergiu e foram necessárias três interações para resolver o fluxo de potência, ainda ressaltamos os valores: 59 Máxima tensão: 1,0 pu; Mínima tensão: 0,91738 pu; Total de perdas ativas: 0,186083 MW; Total de perdas reativas: 0,123776 MVar. Figura 23 - Parcial do arquivo de saída MATPOWER Fonte: Do autor Figura 24 - Sumário do fluxo de potência OpenDSS rede 33 barras Fonte: Do autor 60 4.4. Análise de tensões das barras Esta análise consiste em comparar as magnitudes e as fases de cada barra entre a rede original e a rede convertida. Após a execução do fluxo de potência das redes em suas respectivas plataformas, foram tratados os dados de saída (Apêndice B) e dispostos em gráficos de barras correspondentes. No gráfico 2 estão dispostos paralelamente a magnitude da tensão de todas as barras que compõe a rede. O gráfico 3 apresenta divergência percentual da magnitude da tensão em relação a rede original, isto é, qual é a proporção que a magnitude da tensão de cada barra da rede convertida está maior ou menor que a rede original. Consideramos para questão de validação que a tensão na rede convertida deve se manter o mais próximo da rede original. Neste caso a maior divergência foi de 0,477% correspondente a barra número 18. A menor divergência, desconsiderando a barra de referência, foi de 0,003% correspondente a barra número 20. A média ficou em 0,236%. Gráfico 2 - Magnitude das tensões das barras Fonte: Do autor Gráfico 3 - Divergência percentual da magnitude da rede convertida Fonte: Do autor 0,90 0,92 0,94 0,96 0,98 1,00 1,02 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 M A G N IT U D E (P .U .) NÚMERO DA BARRA MATPOWER OpenDSS -0,2% 0,0% 0,2% 0,4% 0,6% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 NÚMERO DA BARRA 61 No gráfico 4 estão dispostas a fase da tensão das barras da rede. Podemos observar um comportamento equivalente ao observado na magnitude, onde não há grandes elevações de valores. Gráfico 4 - Fase das tensões das barras Fonte: Do autor O gráfico 5 apresenta a divergência percentual da fase em da rede convertida em relação a rede original. O OpenDSS ao disponibilizar os dados do fluxo de potência para o usuário efetua um arredondamento nos valores da fase, disponibilizando apenas uma casa decimal. Como no MATPOWER temos quatro casas decimais para este valor, ocorre divergência elevada entre as redes através de erros de divisão. Ainda é possível observar que quando menor os valores, tanto para magnitude, quanto para fase, maior será essa divergência. Analisando essa situação de casas decimais foi efetuada uma nova análise teórica através do arredondamento científico para duas casas decimais no MATPOWER. Como pode ser observado, houve uma redução pouco significativa na divergência por se tratar de valores pequenos. Seguindo nesta análise, foi efetuado novamente o arredondamento mantendo-se apenas uma casa decimal para se igualar a condição do OpenDSS. Neste caso todos os valores de fase entre o OpenDSS e o MATPOWER ficaram iguais, considerando que não há divergência entre todos valores. Assim considera-se que a tensão e fase das barras do sistema estão dentro de valores aceitáveis e suficientemente precisos. -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0,20 0,40 0,60 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 FA SE ( D EG ) NÚMERO DA BARRA MATPOWER OpenDSS 62 Gráfico 5 - Divergência percentual da fase da rede convertida em relação a rede original Fonte: Do autor 4.5. Análise do fluxo de potência nas linhas Esta análise consiste em comparar o fluxo de potência ativa e reativa de dos terminais das linhas entre a rede original e a rede convertida. Após a execução do fluxo de potência das redes em suas respectivas plataformas, foram tratados os dados de saída (Apêndice B) e dispostos em gráficos de barras correspondentes. O gráfico 6 e o gráfico 7 apresentam o fluxo de potência ativa e reativa, respectivamente, no terminal 1 dos circuitos, isto é, a potência ativa e reativa que está entrando na linha. Nota-se que nos circuitos 33, 34, 35, 36 e 37 os valores estão nulos, isto se dá, pois, estes circuitos fazem parte da rede, mas estão fora de operação. Para questões de validação é esperado que o fluxo de potência da rede convertida (OpenDSS) seja o mais próximo possível da rede original (MATPOWER). O gráfico 8 apresenta a divergência percentual do fluxo de potência ativa e reativa do terminal 1 em relação a rede original, isto é, qual a proporção que a potência ativa e reativa de cada circuito da rede convertida está maior ou menor que a rede original. Em potência ativa a maior divergência foi de -7,11% no circuito 11 e o menor 0,00% no circuito 21. A média ficou em -4,24%. Em potência reativa a maior divergência foi de -7,00% no circuito 17 e o menor 0,25% nos circuitos 20 e 21. A média ficou em -4,17%. -35,0% -25,0% -15,0% -5,0% 5,0% 15,0% 25,0% 35,0% 45,0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 NÚMERO DA BARRA Sem arredondamento Com arredondamento * 63 Gráfico 6 - Fluxo de potência ativa terminal 1 Fonte: Do autor Gráfico 7 - Fluxo de potência reativa terminal 1 Fonte: Do autor Gráfico 8 - Divergência percentual do fluxo de potência do terminal 1 da rede convertida em relação a rede original Fonte: Do autor 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0 3500,0 4000,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637 P O TÊ N C IA ( K W ) NÚMERO DA LINHA MATPOWER OpenDSS 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637 P O TÊ N C IA ( K V A R ) NÚMERO DA LINHA MATPOWER OpenDSS -7,5% -6,0% -4,5% -3,0% -1,5% 0,0% 1,5% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 NÚMERO DA LINHA Potência Ativa Potência Reativa 64 O gráfico 9 e o gráfico 10 apresentam o fluxo de potência ativa e reativa, respectivamente, no terminal 2 dos circuitos, isto é, a potência ativa e reativa que está saindo na linha. O gráfico 11 apresenta a mesma análise de divergência efetuada no terminal 1. Em potência ativa a maior divergência foi de -7,11% no circuito 17 e o menor 0,0% nos circuitos 20 e 21. A média ficou em -4,23%. Em potência reativa a maior divergência foi de -7,81% no circuito 12 e o menor 0,00% nos circuitos 21 e 24. A média ficou em -4,22%. Gráfico 9 - Fluxo de potência ativa terminal 2 Fonte: Do autor Gráfico 10 - Fluxo de potência reativa terminal 2 Fonte: Do autor -4000,0 -3500,0 -3000,0 -2500,0 -2000,0 -1500,0 -1000,0 -500,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637 P O TÊ N C IA ( K W ) NÚMERO DA LINHA MATPOWER OpenDSS -2500,0 -2000,0 -1500,0 -1000,0 -500,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637 P O TÊ N C IA ( K V A R ) NÚMERO DA LINHA MATPOWER OpenDSS 65 Gráfico 11 - Divergência percentual do fluxo de potência do terminal 2 da rede convertida em relação a rede original Fonte: Do autor Os valores das divergências observadas nos gráficos 8 e 11 apresentam uma semelhança com os observados no gráfico 5, que se refere a fase das tensões das barras. Neste caso as potências ativas e reativas do MATPOWER são apresentadas em MW com apenas duas casas decimais de resolução, enquanto no OpenDSS são informados em kW com uma cada decimal de resolução. Ao efetuar o arredondamento científico dos valores do OpenDSS foi observado uma aproximação aos valores do MATPOWER, consequentemente a diminuição da divergência de todo sistema. As divergências apresentadas nos gráficos 8 e 11 estão relacionados a erros de resolução entre a disposição dos resultados das ferramentas. Entretanto essas divergências podem ser consideradas aceitáveis devido ao seu valor reduzido em relação aos valores absolutos observados nos gráficos 6, 7, 9 e 10 e também considerando uma média aceitável. Assim considera-se que o fluxo de potência do sistema está dentro de valores aceitáveis. 4.6. Análise das perdas de potência Esta análise consiste em comparar a potência ativa e reativa relativa as perdas técnicas entre a rede original e a rede convertida. Após a execução do fluxo de potência das redes em suas respectivas plataformas, foram tratados os dados de saída. A tabela 2 apresenta uma compilação das perdas ativas e reativas em cada linha de cada sistema. Por padrão os valores do MATPOWER são apresentados com prefixo mega, já no OpenDSS são apresentados com o prefixo kilo. -8,0% -7,0% -6,0% -5,0% -4,0% -3,0% -2,0% -1,0% 0,0% 1,0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 NÚMERO DA LINHA Potência Ativa Potência Reativa 66 Tabela 2 - Perdas ativas e reativas dos circuitos MATPOWER OpenDSS MATPOWER OpenDSS Linha P(MW) Q(MVar) P(kW) Q(kVar) Linha P(MW) Q(MVar) P(kW) Q(kVar) 1 0,0122 0,0062 11,5668 5,8963 17 ND* ND* 0,0454 0,0356 2 0,0518 0,0264 48,5896 24,7482 18 0,0002 0,0002 0,1609 0,1536 3 0,0199 0,0101 18,2050 9,2716 19 0,0008 0,0007 0,8320 0,7497 4 0,0187 0,0095 17,0254 8,6713 20 0,0001 0,0001 0,1007 0,1177 5 0,0382 0,0330 34,7436 29,9923 21 ND* ND* 0,0436 0,0577 6 0,0019 0,0063 1,7595 5,8161 22 0,0032 0,0022 3,1774 2,1711 7 0,0048 0,0016 4,3722 1,4449 23 0,0051 0,0041 5,1368 4,0563 8 0,0042 0,0030 3,7012 2,6591 24 0,0013 0,0010 1,2857 1,0060 9 0,0036 0,0025 3,1347 2,2219 25 0,0026 0,0013 2,3269 1,1852 10 0,0006 0,0002 0,4854 0,1605 26 0,0033 0,0017 2,9633 1,5087 11 0,0009 0,0003 0,7693 0,2544 27 0,0113 0,0100 10,0101 8,8257 12 0,0027 0,0021 2,3149 1,8213 28 0,0078 0,0068 6,9209 6,0293 13 0,0007 0,0010 0,6312 0,8308 29 0,0039 0,0020 3,4329 1,7486 14 0,0004 0,0003 0,3073 0,2735 30 0,0016 0,0016 1,3871 1,3708 15 0,0003 0,0002 0,2416 0,1764 31 0,0002 0,0002 0,1853 0,2159 16 0,0003 0,0003 0,2153 0,2875 32 ND* ND* 0,0114 0,0178 Total 0,203 0,135 186,1 123,8 Fonte: Do autor, com base nos dados Apêndice B (* Não disponível) O gráfico 12 apresenta a divergência percentual de perdas de potência ativa e reativa em relação a rede original, isto é, qual a proporção que a potência ativa e reativa referente a perdas técnicas de cada circuito da rede convertida está maior ou menor que a rede original. Gráfico 12 - Divergência percentual de perdas de potência da rede convertida em relação a rede original Fonte: Do autor -30,0% -20,0% -10,0% 0,0% 10,0% 20,0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 NÚMERO DA LINHA Potência Ativa Potência Reativa 67 O gráfico 13 apresenta as perdas de potência ativa e reativa de todo sistema, isto é, a soma das perdas de potência de todos circuitos que compõe a rede. A rede original apresento uma perda de 203kW e 135kVar. Na rede convertida foi de 186kW e 124kVar. O gráfico 14 apresenta a divergência percentual de perdas acumuladas de potência ativa e reativa em relação a rede original. Assim a rede convertida apresentou uma diferença de -8,15% de perdas ativas e de -8,25% de perdas reativas em relação a rede original. Gráfico 13 - Perdas ativas e reativas acumuladas no sistema Fonte: Do autor Gráfico 14 - Divergência percentual de perdas de potência acumulada da rede convertida em relação a rede original Fonte: Do autor As divergências apresentadas nos gráficos 12 e 14 estão relacionados a erros de resolução entre a disposição dos resultados das ferramentas. Com uma maior resolução, o OpenDSS entrega valores com uma precisão mais elevada para o usuário. Assim considera-se que as perdas de potência do sistema estão dentro de valores aceitáveis. Não foi encontrado na literatura acadêmica outras redes de distribuição conhecidas na IEEE no formato do MATPOWER para realização de novos procedimentos, julgando-se a utilização da rede de 33 barras suficiente para validar a ferramenta através dos resultados obtidos. 100 120 140 160 180 200 220 Perdas Ativas Perdas Reativas P O TÊ N C IA ( K W ) MATPOWER OpenDSS -8,3% -8,2% -8,1% -8,0% Ativas Reativas 68 5. CONCLUSÕES No sistema elétrico Brasileiro, as empresas que controlam as redes de distribuição utilizam softwares no auxílio da operação das mesmas e são realizados estudos como o fluxo de potência. Os modelos de redes gerados por esses softwares, entretanto, não são compatíveis entre si, o que impossibilita a portabilidade direta de uma rede de distribuição de uma plataforma de software para outra. Tratando do problema da falta de compatibilidade entre os modelos de sistemas elétricos de potência gerados por diferentes ferramentas de software, esse trabalho definiu o objetivo de converter redes elétricas no padrão do sistema MATPOWER para o sistema OpenDSS e foi alcançado através do desenvolvimento da ferramenta DumpDSS. Esta por sua vez cria elementos no padrão OpenDSS gerando a estrutura necessária da rede elétrica utilizando como base os dados da rede do sistema MATPOWER, efetuando assim a conversão fiel da rede original. A validação do DumpDSS iniciou com a conversão da rede de distribuição de 33 barras, posteriormente através da análise comparativa do fluxo de potência entre a original sendo executando o fluxo no MATPOWER, e a rede convertida pelo DumpDSS e sendo executado o fluxo no OpenDSS, obtendo resultados satisfatórios. Na análise dos resultados é observado uma divergência em todas medições. Isto se dá principalmente pela diferença de resolução na amostragem dos valores do fluxo de potência dentre as ferramentas. Outra possível causa, mas com menor magnitude, é a diferença na execução do método do fluxo de potência em cada ferramenta, pois podem haver pequenas variações na implementação que possam causar diferenças de valores. Entretanto essas divergências podem ser desprezadas devido ao seu valor reduzido em relação aos valores absolutos observados. Assim considera-se os valores do sistema estão dentro dos limites aceitáveis e suficientemente precisos. Propõe-se para trabalhos futuros abranger novas plataformas como ANAREDE, CYME6, entre outros. Também efetuar o processo inverso, convertendo redes do OpenDSS para outras plataformas. 6 http://www.cyme.com/software/cymecymflow/ 69 REFERÊNCIAS ANEEL. Nota Técnica n° 0057/2014-SRD/ANEEL - Aprimoramento da metodologia de cálculo de perdas na distribuição regulamentada no Módulo 7 – Cálculo de Perdas na Distribuição do PRODIST. – 2014. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2014/026/documento/n ota_tecnica_0057_srd.pdf >. Acesso em: 19 abr. 2018. EPRI. Reference Guide - The Open Distribution System Simulator (OpenDSS). – 2018. Disponível em: <http://svn.code.sf.net/p/electricdss/code/trunk/Distrib/Doc/OpenDSSManual.pd f>. Acesso em: 19 abr. 2018. LEMOS, João Ricardo Ferreira. Modelagem de linhas de transmissão para estudos de transitórios eletromecânicos. Rio de Janeiro, 2008. Monografia para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10001145.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2018. BARAN, Mesut; WU, Felix. Network reconfiguration in distribution systems for loss reduction and load balancing. IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 4, no. 2, pp. 1401-1407, Apr 1989. Disponível em: <http://doi.org/10.1109/61.25627 >. Acesso em: 31 ago. 2018. MONTICELLI, Alcir. Introdução a sistemas de energia elétrica. Alcir Monticelli e Ariovaldo Garcia. 2 ª edição – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011. MOURA, Adriano Aron Freitas de. Novo método e modelos para estudos de fluxo de potência e de curto-circuito / Adriano Aron - Freitas de Moura. – 2013. PAIVA, José Pedro Sucena. Redes de energia eléctrica: uma análise sistémica. 3ª ed. Lisboa: IFT PRESS, 2011. PINTO, Milton de Oliveira. Energia Elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados / Milton de Oliveira Pinto. – 1. ed. – Rio de Janeiro: LTC,2014. ROBBA, Ernesto João Robba. Introdução a sistemas elétricos de potência – Componentes simétricas. Carlos César Barioni de Oliveira, Hernán Prieto Schmidt, Nelson Kagan, Ernesto João Robba – 2 ª edição rev. e ampl. – São Paulo: Blucher, 2000. ZANETTA JÚNIOR, Luiz Cera. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência / Luiz Cera Zanetta Jr – 1. ed. – São Paulo: Editora Livraria da Física, 2005. 70 ZANETTA JÚNIOR, Luiz Cera. Transitórios eletromagnéticos em sistemas de potência / Luiz Cera Zanetta Jr – São Paulo: Editora da Universidade de São paulo, 2003. ZIMMERMAN, Ray Daniel; MURILLO-SÁNCHEZ, Carlos E. MATPOWER User’s Manual – Version 6.0. 2016. Disponível em: <http://www.pserc.cornell.edu/matpower/MATPOWER-manual.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018. ZIMMERMAN, Ray Daniel; MURILLO-SÁNCHEZ, Carlos E. MATPOWER: Steady-State Operations, Planning, and Analysis Tools for Power Systems Research and Education. IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 26, no. 1, pp. 12-19, Feb 2011. Disponível em: <https://doi.org/10.1109/TPWRS.2010.2051168>. Acesso em: 31 ago. 2018. 71 APÊNDICE A – ARQUIVOS GERADOS REDE 33 BARRAS No processo de conversão são gerados dois arquivos. O primeiro arquivo com extensão “.dss” que corresponde a rede e o segundo arquivo com extensão “.txt” que corresponde ao arquivo de comentários e informações. Arquivo “.dss” // DumpDSS - Trabalho de Conclusão de Curso - ENG. Elétrica Univates 2018B // // Aluno: Tiago Scapin - Orientador: Prof.Me.Augusto Simon // // Rede convertida do arquivo case33bw.m em 13/11/2018 11:27:13 clear New circuit.case33bw bus1=barra1 basekv=12.66 pu=1 baseMVA=100 Angle=-30 ~ Z0=[0.000000001 , 0.000000001] Z1=[0.000000001 , 0.000000001] New Line.linha1 phases=3 bus1=barra1 bus2=barra2 length=1.0 units=km ~ r1=0.0922 x1=0.0470 b1=0 ~ enable=true New Line.linha2 phases=3 bus1=barra2 bus2=barra3 length=1.0 units=km ~ r1=0.4930 x1=0.2511 b1=0 ~ enable=true New Line.linha3 phases=3 bus1=barra3 bus2=barra4 length=1.0 units=km ~ r1=0.3660 x1=0.1864 b1=0 ~ enable=true New Line.linha4 phases=3 bus1=barra4 bus2=barra5 length=1.0 units=km ~ r1=0.3811 x1=0.1941 b1=0 ~ enable=true New Line.linha5 phases=3 bus1=barra5 bus2=barra6 length=1.0 units=km ~ r1=0.8190 x1=0.7070 b1=0 ~ enable=true New Line.linha6 phases=3 bus1=barra6 bus2=barra7 length=1.0 units=km ~ r1=0.1872 x1=0.6188 b1=0 ~ enable=true New Line.linha7 phases=3 bus1=barra7 bus2=barra8 length=1.0 units=km ~ r1=0.7114 x1=0.2351 b1=0 ~ enable=true New Line.linha8 phases=3 bus1=barra8 bus2=barra9 length=1.0 units=km ~ r1=1.0300 x1=0.7400 b1=0 ~ enable=true New Line.linha9 phases=3 bus1=barra9 bus2=barra10 length=1.0 units=km ~ r1=1.0440 x1=0.7400 b1=0 ~ enable=true New Line.linha10 phases=3 bus1=barra10 bus2=barra11 length=1.0 units=km ~ r1=0.1966 x1=0.0650 b1=0 ~ enable=true New Line.linha11 phases=3 bus1=barra11 bus2=barra12 length=1.0 units=km ~ r1=0.3744 x1=0.1238 b1=0 ~ enable=true New Line.linha12 phases=3 bus1=barra12 bus2=barra13 length=1.0 units=km ~ r1=1.4680 x1=1.1550 b1=0 ~ enable=true 72 New Line.linha13 phases=3 bus1=barra13 bus2=barra14 length=1.0 units=km ~ r1=0.5416 x1=0.7129 b1=0 ~ enable=true New Line.linha14 phases=3 bus1=barra14 bus2=barra15 length=1.0 units=km ~ r1=0.5910 x1=0.5260 b1=0 ~ enable=true New Line.linha15 phases=3 bus1=barra15 bus2=barra16 length=1.0 units=km ~ r1=0.7463 x1=0.5450 b1=0 ~ enable=true New Line.linha16 phases=3 bus1=barra16 bus2=barra17 length=1.0 units=km ~ r1=1.2890 x1=1.7210 b1=0 ~ enable=true New Line.linha17 phases=3 bus1=barra17 bus2=barra18 length=1.0 units=km ~ r1=0.7320 x1=0.5740 b1=0 ~ enable=true New Line.linha18 phases=3 bus1=barra2 bus2=barra19 length=1.0 units=km ~ r1=0.1640 x1=0.1565 b1=0 ~ enable=true New Line.linha19 phases=3 bus1=barra19 bus2=barra20 length=1.0 units=km ~ r1=1.5042 x1=1.3554 b1=0 ~ enable=true New Line.linha20 phases=3 bus1=barra20 bus2=barra21 length=1.0 units=km ~ r1=0.4095 x1=0.4784 b1=0 ~ enable=true New Line.linha21 phases=3 bus1=barra21 bus2=barra22 length=1.0 units=km ~ r1=0.7089 x1=0.9373 b1=0 ~ enable=true New Line.linha22 phases=3 bus1=barra3 bus2=barra23 length=1.0 units=km ~ r1=0.4512 x1=0.3083 b1=0 ~ enable=true New Line.linha23 phases=3 bus1=barra23 bus2=barra24 length=1.0 units=km ~ r1=0.8980 x1=0.7091 b1=0 ~ enable=true New Line.linha24 phases=3 bus1=barra24 bus2=barra25 length=1.0 units=km ~ r1=0.8960 x1=0.7011 b1=0 ~ enable=true New Line.linha25 phases=3 bus1=barra6 bus2=barra26 length=1.0 units=km ~ r1=0.2030 x1=0.1034 b1=0 ~ enable=true New Line.linha26 phases=3 bus1=barra26 bus2=barra27 length=1.0 units=km ~ r1=0.2842 x1=0.1447 b1=0 ~ enable=true New Line.linha27 phases=3 bus1=barra27 bus2=barra28 length=1.0 units=km ~ r1=1.0590 x1=0.9337 b1=0 ~ enable=true New Line.linha28 phases=3 bus1=barra2