CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO MESTRE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA PARA A MELHORIA NA EFICIÊNCIA DE LINHAS DE ENVASE DE LEITE TIPO UHT: UM ESTUDO DE CASO Daniel Bandeira Silva Lajeado, novembro de 2016 Daniel Bandeira Silva IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO MESTRE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA PARA A MELHORIA NA EFICIÊNCIA DE LINHAS DE ENVASE DE LEITE TIPO UHT: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção, do Centro Universitário Univates, como parte da exigência para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Me. Rafael Crespo Izquierdo Lajeado, novembro de 2016 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Daniel e Maili, que me prepararam para os desafios da vida com muita dedicação, amor e carinho e me ensinaram os reais valores da mesma e a minha querida irmã, Glaucia, pelo carinho e motivação constante. Ao meu estimado orientador, Prof. Me. Rafael Crespo Izquierdo, por todo auxílio, dedicação, motivação e por me dar a honra de compartilhar os conhecimentos para a elaboração deste trabalho. Aos meus amigos e colegas da Cooperativa Santa Clara, pelo apoio, disposição e cooperação dedicada neste período, fornecendo-me os dados e as informações necessárias, contribuindo para a realização deste estudo de caso. A todos os meus amigos, familiares e em especial aos professores Carlos Henrique Lagemann, Cláudio Roberto do Rosário, Manfred Costa e William Jacobs, que com dedicação, companheirismo e presteza estiveram junto comigo em mais esta importante conquista de minha vida. Meu muito obrigado a todos vocês! Melhorar geralmente significa fazer algo que nunca fizemos antes. (Shigeo Shingo) RESUMO Em função do crescimento do mercado consumidor brasileiro, as indústrias de laticínios vêm investindo constantemente no desenvolvimento de novos produtos e embalagens, visando satisfazer as exigências dos consumidores, os quais primam por produtos com qualidade e preço baixo. Diante dessa situação, as empresas deste ramo necessitam de um processo produtivo eficiente, com poucas falhas e quebras em suas máquinas e equipamentos. Nesse sentido, o Plano Mestre de Manutenção Preventiva é uma das ferramentas imprescindíveis para a eficiência do processo produtivo, visto que integra as melhores técnicas de manutenção com enfoque na manutenção preventiva reduzindo, assim, as falhas, quebras e paradas não programadas que impactam diretamente nos custos e nos índices de produção. O presente trabalho tem o propósito de elaborar um Plano Mestre de Manutenção Preventiva para, em futuras aplicações, melhorar a eficiência do processo produtivo de leite tipo Ultra High Temperature (UHT). A metodologia desse trabalho baseia-se em aplicar o método PMMP em uma linha de envase, com utilização de um Procedimento de Manutenção Padrão, de Ordens de Serviço específicas, de Mapas de Planejamento das manutenções e de aplicações de indicadores de manutenção. Após a implementação do PMMP, os resultados mostram que o PMMP é uma ferramenta eficaz para a melhoria dos índices de produtividade, já que as simulações realizadas mostram que um acréscimo moderado de 2,33% na eficiência mensal da linha em estudo indica um potencial ganho financeiro para a empresa analisada. Palavras-chave: Manutenção preventiva. Indicadores de desempenho da manutenção. Processo produtivo de leite tipo UHT. Plano mestre de manutenção ABSTRACT Due to the growth of the Brazilian consumer market, the dairy industries have been constantly investing in the development of new products and packaging, aiming to fulfill the consumers’ demands, who strive for qualified products at low price. Faced with this situation, the companies of this sector need an efficient productive process, with little flaws and breakdowns into their machines and equipment. In this sense, the Preventive Maintenance Master Plan is one of the essential tools for the efficiency of the productive process, once it incorporates the best maintenance techniques with focus on the preventive maintenance, diminishing, this way, the flaws, breakdowns, and non-programed stops, which directly impact on the costs and production rates. This paper proposes to elaborate a Preventive Maintenance Master Plan, to, in future applications, improve the efficiency of the productive process of the milk type Ultra High Temperature (UHT). The methodology of this study consists of applying the PMMP method on a filling line, using a Standard Maintenance Procedure, of Specific Service Orders, Planning Maps of maintenance and maintenance indicators applications. After the implementation of PMMP, the results show that the PMMP is an efficient tool for the improvement of the productive rates, as the simulations carried out demonstrate that a moderate increase of 2,33% in the monthly efficiency from the line under study indicates a potential financial gain for the analyzed company. Key-words: Preventive Maintenance. Maintenance performance indicators. Productive process of the milk type UHT. Maintenance Master Plan. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tarefas das funções de um departamento de manutenção ....................................... 16 Figura 2 - Organograma de organização de uma fábrica.......................................................... 18 Figura 3 - Combinação de tipos de manutenção em um automóvel ......................................... 20 Figura 4 - Aplicação dos Recursos na Manutenção ................................................................. 23 Figura 5 - Estrutura de um PMMP ........................................................................................... 24 Figura 6 - Modelo de cabeçalho de PMP ................................................................................. 26 Figura 7 - Modelo de cabeçalho de OS .................................................................................... 26 Figura 8 - Mapa 52C1 - manutenções anuais (A), semestrais (S) e mensais (M) .................... 27 Figura 9 - Mapa 52C2 - básico ................................................................................................. 28 Figura 10 - Tempos de funcionamento e reparação ................................................................. 31 Figura 11 - Linha de leite tipo UHT ......................................................................................... 42 Figura 12 - Etapas da Ultrapasteurização de leite tipo UHT .................................................... 43 Figura 13 – Simulação de produção em um mês ...................................................................... 47 Figura 14 – Regime de operação da indústria .......................................................................... 47 Figura 15 - Eficiência produtiva da Indústria de Leite Tipo UHT ........................................... 48 Figura 16 - Organograma do setor de manutenção UHT ......................................................... 49 Figura 17 - Eficiência produtiva da linha_A ............................................................................ 54 Figura 18 - Simulação de implementação do PMMP na linha_A ............................................ 55 Figura 19 - Sugestão de planejamento para preventiva 3.000h ................................................ 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Máquinas que compõem as linhas de leite tipo UHT .............................................. 46 Tabela 2 - Turnos de trabalho da indústria ............................................................................... 47 Tabela 3 - Escalas da manutenção UHT ................................................................................... 50 Tabela 4 - Índice de atuação da manutenção UHT ................................................................... 50 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAMAN Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos CIP Clean in Place ou Limpeza no Local CLP’s Controladores Lógicos Programáveis HH Homem Hora MCC Manutenção Centrada em Confiabilidade MM Manual de Manutenção OS Ordem de Serviço PCM Planejamento e Controle da Manutenção PCP Planejamento e Controle da Produção PMMP Plano Mestre de Manutenção Preventiva PMP Procedimento de Manutenção Padrão TCBP 70 Tetra Cardboard Packer 70 TMEF Tempo Médio Entre Falhas TMPR Tempo Médio Para Reparos TPM Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total TTS 51 Tetra Tray Shrink 51 UHT Ultra High Temperature ou Ultra Alta Temperatura SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 1.1 Tema .................................................................................................................................. 12 1.2 Objetivos ............................................................................................................................ 13 1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 13 1.4 Limitações do trabalho ..................................................................................................... 14 1.5 Organização do trabalho ................................................................................................. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15 2.1 Definição de Manutenção ................................................................................................. 15 2.2 A Engenharia de Manutenção ......................................................................................... 16 2.3 O Planejamento e Controle de Manutenção (PCM)...................................................... 17 2.4 Tipos de Manutenção ....................................................................................................... 18 2.5 Manutenção Preventiva ................................................................................................... 20 2.6 Plano Mestre de Manutenção Preventiva ....................................................................... 23 2.6.1 Procedimento de Manutenção Padrão (PMP) ............................................................ 25 2.6.2 Ordem de Serviço (OS) ................................................................................................. 26 2.6.3 Mapas de planejamento de manutenção preventiva .................................................. 27 2.6.4 Exemplos de implementação do PMMP ...................................................................... 28 2.7 Indicadores de desempenho da Manutenção ................................................................. 29 2.7.1 Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) ........................................................................... 30 2.7.2 Tempo Médio Para Reparos (TMPR) ......................................................................... 32 2.7.3 Disponibilidade de equipamentos ................................................................................ 33 2.7.4 Custo de manutenção por faturamento ....................................................................... 34 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 36 3.1 Metodologia de pesquisa .................................................................................................. 36 3.1.1 Quanto aos fins .............................................................................................................. 36 3.1.2 Quanto aos meios ........................................................................................................... 37 3.1.3 Local do estudo .............................................................................................................. 37 3.1.4 Coleta de dados .............................................................................................................. 38 3.1.5 Análise dos dados ........................................................................................................... 38 3.1.6 Apresentação dos dados ................................................................................................ 49 3.1.7 Limitações dos métodos ................................................................................................ 49 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 41 4.1 A Empresa ......................................................................................................................... 41 4.2 Descrição do processo produtivo ..................................................................................... 41 4.2.1 Ultrapasteurização de leite tipo UHT .......................................................................... 42 4.2.2 Envase de leite tipo UHT .............................................................................................. 44 4.2.3 Acondicionamento de leite tipo UHT ........................................................................... 45 4.2.4 Limpeza CIP e Regime de operação ............................................................................ 46 4.2.5 Eficiência produtiva da indústria ................................................................................. 48 4.3 Descrição do setor de manutenção .................................................................................. 49 4.3.1 PMMP na máquina TP A3/Flex ................................................................................... 51 4.3.2 PMMP na máquina Tetra Cardboard Packer 70 ......................................................... 52 4.3.3 PMMP na máquina Tetra Tray Shrink 51 ................................................................... 53 4.4 Análise do PMMP nas máquinas da linha_A ................................................................. 53 4.5 Proposta de melhorias para o setor de manutenção UHT ............................................ 57 4.6 Sugestão de indicadores de desempenho ........................................................................ 58 5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 60 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62 APÊNDICES ........................................................................................................................... 65 APÊNDICE A - PMP para a máquina TP A3/Flex ............................................................. 66 APÊNDICE B - O.S. para a máquina TP A3/Flex .............................................................. 68 APÊNDICE C - PMP para a máquina TCBP 70 ................................................................. 79 APÊNDICE D - O.S. para a máquina TCBP 70 .................................................................. 71 APÊNDICE E - PMP para a máquina TTS 51 .................................................................... 72 APÊNDICE F - O.S. para a máquina TTS 51 ..................................................................... 73 APÊNDICE G - Mapa de planejamento das manutenções preventivas ............................ 74 ANEXOS ................................................................................................................................. 75 ANEXO A - Exemplo de Ordem de Serviço para atividades programadas ..................... 76 ANEXO B - Exemplo de cálculo de TMEF em uma indústria têxtil ................................. 77 ANEXO C - Exemplo de cálculo de TMEF .......................................................................... 78 ANEXO D - Exemplo de cálculo de TMPR .......................................................................... 79 ANEXO E - Exemplo de aplicação da Disponibilidade ...................................................... 80 11 1 INTRODUÇÃO Com atuação em mercados competitivos, que apresentam mudanças cada vez mais rápidas e expressivas, a maioria das organizações trabalha focada na busca incessante por qualidade e produtividade. Nesta perspectiva, os setores de manutenção passam a desempenhar um papel estratégico nas indústrias, ocasionando uma forte mudança na consciência administrativa e gerencial acerca dos custos, das despesas, da necessidade de inovações e dos procedimentos de manutenção (SANTOS; COLOSIMO; MOTTA, 2007). Ainda, segundo os autores, a manutenção que, anteriormente era vista pelos gestores industriais de forma negativa, passou a ser apreciada como uma atividade estratégica de extrema importância e indispensável nos processos produtivos, sendo um dos pilares de toda atividade industrial. Em Seeling (2000), explica-se que, quando mal aplicada, a manutenção oferece soluções tardias e precárias, permitindo que alguns problemas, os quais poderiam ser detectados no estágio inicial, se agravem e afetem o desempenho da produção, onerando os custos da empresa. Por outro lado, quando bem aplicada, a manutenção propicia melhorias na segurança, na performance e na confiabilidade dos equipamentos, maximizando a disponibilidade dos mesmos. As exigências de confiabilidade e disponibilidade de máquinas e equipamentos são de tal importância que demandam dos Setores de Manutenção e Operação responsabilidades que podem ser realizadas somente com processos adequados de gestão, como o Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) e o Planejamento e Controle da Produção (PCP) (TAVARES, 1996). 12 Um bom sistema de Gestão da Manutenção Industrial baseia-se, além das tarefas administrativas de gestão, na utilização dos indicadores de manutenção, os quais fornecem informações importantes para a tomada de decisões desse setor, tais como: o planejamento e execução das manutenções preventivas programadas nas máquinas e equipamentos, a redução nos tempos das intervenções, a redução no tempo de máquinas paradas, os ajustes nos tempos de setup e as análises de viabilidade de investimentos (BRANCO, 2008). Segundo Cavalcante e Almeida (2005), nas indústrias, a grande relevância da manutenção preventiva ocorre pelo fato de que todas as máquinas e equipamentos falham e, consequentemente, causam grandes problemas aos processos produtivos. Nos processos de produção de bens, as falhas significam: retrabalho, ineficiência, atraso de produção, horas- extras, desperdício de insumos e matéria prima, estoques elevados; enfim, uma quantidade enorme de prejuízos que impactam no custo da produção. Dessa forma, a alta confiabilidade deixa de ser algo desejável e se torna essencial, passando a ser um objetivo necessário para que uma falha não ocorra em um determinado período de tempo sob condições predeterminadas. Portanto, uma análise da confiabilidade relacionada com o planejamento de custo permite o estabelecimento de uma política de manutenção preventiva com uma estrutura mais sólida, preservando o processo produtivo em estados específicos de performance e eficiência. Um processo produtivo em larga escala, assistido por um Plano Mestre de Manutenção Preventiva (PMMP) por uma equipe de técnicos capacitados e controlado por indicadores de desempenho de manutenção, possibilita, com baixo custo operacional, melhorias nos índices de eficiência e produtividade, minimizando as perdas que tornam a empresa mais competitiva no mercado. O PMMP promove a redução dos tempos de máquina parada durante a realização das tarefas de manutenção e a redução nos índices de paradas de máquina por falhas e quebras durante o processo produtivo, propiciando a elevação dos índices de eficiência e produtividade, a redução dos custos de produção e o aumento no faturamento da indústria. 1.1 Tema Este trabalho de conclusão de curso aborda como tema principal o Plano Mestre de Manutenção Preventiva e os seus benefícios para uma linha de envase de leite tipo UHT de uma Cooperativa de Laticínios da Serra Gaúcha que produz leites: integral, desnatado e semidesnatado. 13 1.2 Objetivos O objetivo principal deste trabalho consiste em melhorar os índices de eficiência das linhas de envase de leite tipo UHT com a implementação do Plano Mestre de Manutenção Preventiva. Os objetivos específicos deste trabalho são: (i) estudar a técnica de manutenção preventiva; (ii) consultar literatura e aprofundar conhecimentos sobre PMMP; (iii) descrever o processo produtivo das linhas em questão; (iv) descrever como são programadas e realizadas as atividades de manutenção preventiva na indústria; (v) elaborar o PMP, a OS e os mapas de planejamento de manutenção preventiva para uma linha de produção; (vi) simular os ganhos financeiros com a implementação do PMMP; (vii) sugerir o uso de alguns indicadores de desempenho da manutenção; (viii) propor, caso necessário, melhorias para o setor de manutenção analisado. 1.3 Justificativa Autores como Slack, Chambers e Johnston (2002) comentam que os conceitos de competitividade estão claramente inseridos dentro da operação industrial, uma vez que influenciam diretamente sobre os aspectos de desempenho dos processos produtivos, tais como: entregas rápidas ao cliente, fabricação de produtos sem defeitos, manutenção dos prazos de entrega, oferta de um mix de produtos para satisfazer as exigências do cliente e habilidade para alterar volumes ou prazos de entrega, conforme a demanda do cliente. Segundo Oliveira (2008), a redução das perdas e dos custos nos processos produtivos é essencial para que as organizações se mantenham competitivas. Dessa forma, a indisponibilidade dos equipamentos e as perdas de produtividade devem ser minimizadas ao extremo, para que as indústrias produzam com flexibilidade e atendam as demandas do mercado. A empresa estudada busca, por meio da tecnologia dos seus processos, atender o mercado consumidor com produtos de qualidade, para manter-se competitiva no setor de laticínios do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil. A produção de leite nas propriedades rurais é diária, de modo que a indústria é comprometida com o produtor perante a captação desse leite, não havendo como descartar o produto em função de problemas no processo 14 produtivo. Então, entende-se que a implantação de um PMMP é uma alternativa que pode auxiliar no escoamento da produção, visto que a redução das quebras e das falhas proporcionam ganhos de tempo de produção, aumentando a produtividade e o lucro do processo produtivo em questão. 1.4 Limitações do trabalho Este trabalho foi desenvolvido com foco exclusivo na manutenção preventiva (PMMP), aplicada em máquinas e equipamentos de linhas de envase de leite tipo UHT, não propondo discussões sobre os métodos relativos à gestão do setor de manutenção. 1.5 Organização do trabalho O primeiro capítulo trata sobre a relevância do tema escolhido, bem como os objetivos, o método utilizado, as limitações do estudo e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo refere-se à revisão bibliográfica necessária para o embasamento teórico deste trabalho, abordando conceitos como: manutenção industrial, engenharia de manutenção, PCM, tipos de manutenção, manutenção preventiva programada, PMMP e indicadores de desempenho da manutenção. No terceiro capítulo, apresenta-se a metodologia do PMMP. O quarto capítulo apresenta os resultados e a análise relativa à implementação do PMMP em uma linha de produção de leite tipo UHT. O quinto capítulo discorre sobre a conclusão do trabalho realizado, apresentando as vantagens e desvantagens do PMMP. 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Uma revisão bibliográfica, como fundamentação teórica para o embasamento inerente ao desenvolvimento do trabalho, será apresentada a seguir. Os temas considerados relevantes são: a definição de manutenção; a engenharia de manutenção; o conceito do PCM; os tipos de manutenção utilizados nas indústrias; o conceito do PMMP e a metodologia de aplicação dos indicadores de desempenho da manutenção. 2.1 Definição de Manutenção A Manutenção possui um conceito amplo, apresentando inúmeras definições e variedade de enfoques, que podem justificar e garantir a sua importância. De acordo com Verri (2007, p. 1), “é evidente, em muitas áreas de atividades não ligadas à manutenção, o desconhecimento dessa atividade, o que leva as pessoas a subestimar sua importância em um processo industrial, principalmente em indústrias que possuem processamento contínuo”. Em Quinello e Nicoletti apud Monchy (1989), destaca-se que o termo manutenção é originário do vocabulário militar e tem como significado manter, nas unidades de combate, todo o material e todo o efetivo em um nível constante. Na indústria, a palavra manutenção surgiu no ano de 1950, nos Estados Unidos da América e na França. Segundo Viana (2014, p. 1), a manutenção é uma “palavra derivada do latim manus tere, que significa manter o que se tem”. Em Cabral (2006), comenta-se que todo e qualquer conjunto de máquinas está suscetível a um processo de desgaste, oxidação e deterioração. Assim, para que uma instalação industrial tenha produtividade, assegurando a sua função preestabelecida, faz-se necessário que as máquinas, equipamentos, utilidades, dentre outros, sejam mantidos em perfeitas condições de utilização. Para tanto, deve-se realizar inspeções de rotina, reparos 16 (substituições) de peças (componentes avariados ou desgastados), lubrificações, limpezas e pinturas. Esse conjunto de ações constitui o conceito de manutenção. 2.2 A Engenharia de Manutenção A Engenharia de Manutenção surgiu entre os anos de 1950 e 1960 e, no Brasil, este conceito passou a ser mais evidente a partir dos anos 1990. A Engenharia de Manutenção é responsável pela elaboração e implantação de técnicas de gerenciamento de um setor de manutenção, as quais melhoram o desempenho da manutenção na busca de um padrão de classe mundial e, portanto, aumentam a excelência na prestação de serviços para satisfazer o cliente (PEREIRA, 2009). Na visão de Branco (2006a, p. 42), a Engenharia de Manutenção é definida como: Órgão consultivo normalmente a nível de staff, que constitui o sistema de controle da gerência de Manutenção para corrigir e melhorar a gestão. Sua missão é aperfeiçoar as técnicas de organização e os métodos e procedimentos do trabalho, favorecendo a implantação da Política de Manutenção mais adequada e o desenvolvimento de novas idéias, novos métodos de trabalhos e de controle. Segundo Tavares (1996), um departamento de manutenção deve ser dividido em duas funções: a execução da manutenção e a engenharia de manutenção. As tarefas de cada função podem ser observadas na Figura 1. Figura 1 - Tarefas das funções de um departamento de manutenção Fonte: Elaborado pelo autor. Seeling (2000) destaca que ambas as funções precisam trabalhar de forma integrada para atingir níveis satisfatórios de eficiência no setor de manutenção. A Engenharia de Manutenção é responsável pela elaboração dos relatórios de performance com informações de indicadores adequados para o gerenciamento desse departamento, assim como para o restante Execução da Manutenção Engenharia de Manutenção Trocas de peças e componentes Reparos Estudos e análises especiais Ajustes PCM Lubrificação Gerenciamento da Manutenção Preventiva Reformas de máquinas e equipamentos 17 da organização. Além disso, a Engenharia de Manutenção deve fornecer o suporte necessário para a equipe de execução das tarefas de manutenção, ou seja, planejar e programar as tarefas, providenciando os recursos necessários (ferramentas, materiais, pessoas). Viana (2014), por sua vez, explica que a Engenharia de Manutenção deve ser formada por uma equipe multidisciplinar de técnicos e engenheiros com visão dialética e foco em resultados. Esta área visa promover o progresso tecnológico da Manutenção, buscando o aprimoramento constante das máquinas (equipamentos), os maiores índices de produtividade e a eliminação de danos ao meio ambiente e dos riscos em segurança do trabalho. Em termos de Engenharia de Manutenção, algumas pesquisas propõem a implementação deste sistema, destacando a sua importância, como, por exemplo, a pesquisa de Seeling (2000), que propõe a aplicação desse sistema em uma empresa de alimentos do Rio Grande do Sul. 2.3 O Planejamento e Controle de Manutenção (PCM) Na visão de Tavares (1996), a partir de 1966, com a propagação dos computadores, com o crescimento das Associações Nacionais de Manutenção e com a evolução dos instrumentos de medição e proteção, a Engenharia de Manutenção passou a criar critérios de previsão e predição de falhas para otimizar o desempenho das equipes de manutenção. As técnicas de Manutenção Preventiva ou Preditiva foram associadas a métodos automatizados de planejamento e controle da manutenção, que deram origem ao PCM. Viana (2014, p. 20) define o PCM como “um órgão staff, ou seja, de suporte à manutenção, sendo ligado diretamente à gerência de departamento”. No setor de PCM, as atividades de gestão das Ordens de Serviço e de planejamento das manutenções preventivas possuem um responsável direto, o planejador de manutenção. Dificilmente a Engenharia de Manutenção sobrevive sem um profissional dedicado para realizar essa atividade. O PCM é considerado de extrema importância para o sucesso dos sistemas preventivos, pois é neste setor que serão gerados os relatórios e os gráficos gerenciais com base nos indicadores de desempenho (PEREIRA, 2009). A Figura 2 ilustra o PCM na organização de uma fábrica. 18 Figura 2 - Organograma de organização de uma fábrica. Fonte: Viana (2014, p. 20). Segundo Seeling (2000), o gerenciamento da manutenção é um tema extremamente importante, pois a indústria precisa tirar o máximo de proveito dos equipamentos e dos seus recursos para ser competitiva. Dessa forma, faz-se necessário o uso de tecnologias e metodologias de gestão voltadas para o planejamento e controle das atividades de manutenção. Além disso, o autor destaca que as Estratégias ou tipos de Manutenção Preventiva devem ser consideradas para garantia de um bom desempenho da produção. O PCM possui uma relação direta com o PMMP, já que se trata do setor que fornece suporte para o planejamento, a programação e a execução das manutenções preventivas. Assim, a ausência do setor de PCM contribui para a realização das tarefas do PMMP em um período de tempo maior que o previsto nas Ordens de Serviço (OS), devido à falta de planejamento, gerando um aumento da indisponibilidade dos equipamentos para a operação. 2.4 Tipos de Manutenção Com o objetivo “de manter os equipamentos funcionando a maior parte do tempo e a custos mais baixos, a manutenção, dependendo da forma como é executada, pode ser dividida em corretiva, preventiva e preditiva” (SANTOS, 2010, p. 17). De acordo com Branco (2008), existem várias formas de aplicação dos recursos para a obtenção de excelentes resultados durante as intervenções em máquinas e equipamentos. Autores como Slack, Chambers e Johnston (2002), Branco (2008), Santos (2010), entre outros, descrevem os três tipos de manutenção mais utilizados pelas organizações: 19 a) Manutenção Preventiva – é todo serviço de manutenção realizado antes da ocorrência da falha, ou, executado em máquinas e equipamentos que não estejam em modo de falha (condições de operação ou em situação de defeito). Nessa técnica, a manutenção caracteriza-se por um método sistemático, ou seja, é executada em intervalos regulares (horas de operação, quilômetros rodados, ciclos de operação, dentre outros). As inspeções de rotina, as manutenções por oportunidade e as atividades de lubrificação são alguns exemplos de manutenção sistemática. b) Manutenção Preditiva – é todo trabalho de monitoramento e acompanhamento das condições da máquina ou equipamento e de sua eventual deterioração e seus parâmetros operacionais. Nesse tipo de manutenção, emprega-se o monitoramento dos componentes das máquinas com as mesmas em funcionamento, buscando a predição das falhas. Utilizam-se técnicas como: termografia, análise de lubrificantes, análise de ruídos, análise de vibrações, ferrografia, dentre outras. c) Manutenção Corretiva – é toda a manutenção executada em um sistema operacional, máquina, equipamento, unidade ou item que esteja em situação de falha ou quebra. Esta técnica de manutenção caracteriza-se por devolver ao item sua condição de operação para que ele possa desempenhar a sua função. Algumas das tarefas realizadas na manutenção corretiva são: localização da pane, isolamento da pane, desmontagem de conjuntos de peças, substituição de peças ou componentes, remontagem dos conjuntos de peças, alinhamentos ou ajustes e realização de teste funcional. A maioria dos processos produtivos adota uma combinação dessas três abordagens, em função das diferentes características dos equipamentos e de suas instalações. Por exemplo, considerando o caso de um automóvel, o qual é apresentado na Figura 3, constata-se que alguns componentes são substituídos somente quando falham como, por exemplo, fusíveis, lâmpadas e buzina (Corretiva). Por outro lado, existem componentes fundamentais de um veículo que não devem operar até falhar, isto é, o óleo, o filtro de óleo e o filtro de ar do motor, tratando-se de itens de manutenção periódica de um carro (Preventiva). Além disso, existe o caso em que os motoristas monitoram as condições do veículo, percebendo ruídos, vazamentos de óleo, vibrações incomuns, verificando os níveis do óleo do motor, da água do 20 radiador e a profundidade do sulco dos pneus (Preditiva) (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). Figura 3 - Combinação de tipos de manutenção em um automóvel. Fonte: Adaptado pelo autor em 20/09/2016, com base em Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 646). Os tipos e as técnicas de manutenção, para que possam ser aplicadas de maneira eficaz, devem estar no escopo do processo de gestão do setor de manutenção, sendo necessário conhecê-las muito bem (suas particularidades). Além disso, a capacitação e qualificação dos profissionais são de extrema importância para a atuação de cada tipo de manutenção. Por sua vez, o Engenheiro de Manutenção é um profissional fundamental para a implantação das técnicas com base em estudos, análises e definições, sendo que o objetivo das mesmas é o aumento da disponibilidade e confiabilidade das máquinas e equipamentos (PEREIRA, 2009). 2.5 Manutenção Preventiva Esse tipo de manutenção desempenha um controle sobre a máquina ou equipamento, com intuito de reduzir a probabilidade de falhas, levando-se em conta intervalos regulares de manutenção. A grande dificuldade desse tipo de manutenção baseia-se na escolha de um intervalo adequado para a parada da máquina, visto a dificuldade de determinação deste intervalo, que apresenta base aleatória, por experiência ou dados estatísticos (SANTOS, 2010). 21 De acordo com Seeling (2000, p.64), a Manutenção Preventiva objetiva: prolongar a vida útil dos equipamentos, atuando sobre os componentes que tendem a se desgastar. O ideal é que tais substituições interfiram o mínimo possível com a operação dos demais componentes, não interrompam a operação normal de produção e ocorram em intervalos que, na medida do possível, excedam o ciclo máximo de operação ou de produção contínua. A técnica de Manutenção Preventiva mais utilizada nas indústrias é a Manutenção Preventiva Sistemática ou Manutenção Preventiva Baseada em Tempo. Esta técnica caracteriza-se pela substituição de um componente ou pela recuperação do mesmo em intervalos de tempo prefixados. Entre os exemplos de sua aplicação pode-se citar: a troca do óleo do cárter de um veículo a cada 10.000 km rodados, a revisão de um compressor de ar comprimido a cada 6.000 horas de operação, a inspeção semestral de uma caldeira de geração de vapor, dentre outros (SEELING, 2000). Slack, Chambers e Johnston (2002) citam um exemplo de manutenção em uma aeronave de transporte de passageiros, o qual é muito interessante sob o ponto de vista da avaliação da necessidade da manutenção preventiva. Quando em solo, alguns componentes da aeronave são inspecionados, verificados, limpos e calibrados de acordo com um plano de manutenção periódico, isto é, após um determinado número de horas de voo. No entanto, tirar essa aeronave de sua função para a realização de manutenção preventiva programada é uma opção muito onerosa para a companhia aérea; por outro lado, as consequências de uma falha em voo são consideravelmente sérias. Neste caso, como as aeronaves transportam pessoas e existe o risco de morte em situações de pane, torna-se necessária a aplicação da manutenção preventiva programada nas mesmas. Esse “princípio também é aplicado a instalações com consequências menos catastróficas das falhas” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 645). De acordo com Santos (2010), antes de implantar a manutenção preventiva nos equipamentos, é necessária uma avaliação da necessidade da mesma, visto que apresenta desvantagens em algumas situações. As características que devem ser analisadas no equipamento, para a avaliação da necessidade da aplicação da manutenção preventiva, são as seguintes: 22 1) Equipamento valioso para o processo produtivo, cuja falha altera a programação de produção; 2) Equipamento do qual depende a segurança das instalações e a segurança pessoal; 3) Equipamento que exige muito tempo para reparo após a ocorrência de uma falha; 4) Equipamento que implica em perda de parte da produção após a ocorrência de uma falha. Conforme a visão de Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 646): A maioria das operações produtivas planeja sua manutenção incluindo certo nível de manutenção preventiva regular, o que resulta em uma probabilidade razoavelmente baixa, mas finita, de falhar. Normalmente, quanto mais freqüentes os episódios de manutenção preventiva, menor é a probabilidade de ocorrerem falhas. Na visão de Viana (2014), a manutenção preventiva planejada oferece uma série de benefícios para um processo produtivo, considerando que uma das situações mais indesejadas no cotidiano da produção é a quebra inesperada. A quebra, por consequência, causa a parada no processo produtivo, aumento nos custos de produção e manutenção, mal-estar na equipe de PCM, configurando-se num contraponto do principal objetivo da manutenção. A realização das manutenções preventivas contribui para a redução dessas ocorrências, proporcionando o controle sobre o funcionamento dos equipamentos. A Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (ABRAMAN) emite a cada dois anos um Documento Nacional, o qual mede a situação da manutenção no país. Esse documento é elaborado após a compilação de dados e informações geradas por ampla pesquisa realizada entre empresas representantes dos principais setores da economia no Brasil. O último Documento Nacional emitido pela ABRAMAN, publicado em 2013, apresenta as informações importantes sobre a aplicação dos recursos aplicados na manutenção do nosso país, as quais podem ser observadas na Figura 4. 23 Figura 4 - Aplicação dos Recursos na Manutenção. Fonte: Adaptado de Abraman (2016) Analisando os números da tabela da Figura 4, constata-se que desde 1995 o percentual de aplicação dos recursos em manutenção no Brasil é maior na Manutenção Preventiva, seguido por um percentual menor na Manutenção Corretiva. Percebe-se, também, que a Manutenção Preditiva ainda possui um percentual muito baixo de aplicação no país. 2.6 Plano Mestre de Manutenção Preventiva Conforme Viana (2014, p. 97), um Plano Mestre de Manutenção Preventiva “consiste num conjunto de atividades (tarefas), regularmente executadas com o objetivo de manter o equipamento em seu melhor estado operacional”. Na visão de Branco (2006a, p. 97) o PMMP é “o conjunto de atividades de manutenção preventiva sistemática que é colocado em um programa de computador para que na época certa seja emitida uma Ordem de Serviço para execução da tarefa que foi programada para aquela data”. Segundo Bechtold (2010), a elaboração de planos mestres de manutenção é parte fundamental da estratégia de manutenção preventiva. Alguns fatores importantes como a experiência técnica dos profissionais da empresa, os requisitos técnicos contidos nos manuais dos fornecedores das máquinas e o histórico das mesmas devem ser considerados durante a 24 elaboração e formatação das OS e seus procedimentos de execução. Esses fatores, tratados de forma conjunta, contribuem para a obtenção de um PMMP adequado. Para Kardec e Nascif (2009), a implementação do PMMP é definida por três etapas, apresentadas na Figura 5 e descritas a seguir. Figura 5 - Estrutura de um PMMP Fonte: Do autor, adaptado de Kardec e Nascif (2009). Como ilustrado, as etapas para a implementação do PMMP são as seguintes: a) Definição da estratégia de manutenção a ser utilizada; b) Implementar o PMP de acordo com a seguinte metodologia: elaborar os planos preventivos sistemáticos, as rotas de lubrificação e as rotas de inspeção, utilizando os históricos, check lists, manuais do fabricante e catálogos das máquinas, em conjunto com o conhecimento dos profissionais de manutenção, para construir o PMMP de cada máquina; c) Elaboração das Ordens de Serviço para as manutenções preventivas, as quais fornecem para o executante as informações necessárias para a realização do serviço. 25 A seguir, a fim de elucidar as etapas (b) e (c), as quais são fundamentais para a implementação do PMMP, são apresentados os conceitos e métodos relativos ao PMP (Procedimento de Manutenção Padrão) e as OS. 2.6.1 Procedimento de Manutenção Padrão (PMP) Segundo Branco (2008), inicialmente, para implementar um PMMP, é necessário reunir todos os dados e informações sobre os equipamentos (etapa b) e, com estes, o planejador deve elaborar um arquivo denominado Procedimento de Manutenção Padrão (PMP). O PMP é um documento utilizado pelos profissionais de execução de manutenção, no qual estão descritas e registradas as etapas a serem seguidas durante a execução das tarefas de manutenção preventiva, para a correta intervenção no equipamento. No PMP deve estar descrito quais ajustes que devem ser realizados, os valores dos mesmos, como devem ser efetuados durante as tarefas e as ferramentas ou gabaritos que devem ser utilizados, assim como as verificações, lubrificações, dentre outras ações. O formato do documento deverá ser definido na Manual de Organização da Manutenção e deverá ser considerada a recomendação do fabricante do equipamento, componente ou peça. Deveremos considerar nossa experiência com este tipo de equipamento em nossa empresa, sua carga de trabalho atual e a experiência de nosso pessoal de manutenção neste equipamento, em equipamentos semelhantes nesta e em outras empresas (BRANCO, 2008, p. 201). Com relação à codificação, o autor explica que é necessário inserir dígitos suficientes para a identificação do setor ou especialidade para a qual o PMP é destinado. A sequência de tarefas constadas no PMP deve ser a mesma constada na OS, ou seja, as máquinas devem estar descritas no cabeçalho do PMP e da OS. A codificação cruzada é de extrema importância para a prevenção de indicações errôneas em caso de preenchimentos de documentos de forma manual, ou detectar erros de digitação em caso de utilização de softwares de gestão de manutenção. A Figura 6 apresenta um modelo de cabeçalho de PMP, no qual descreve a OS que deve ser utilizada durante o serviço. 26 Figura 6 - Modelo de cabeçalho de PMP Empresa de Papéis e Papéis Ltda. Departamento de Manutenção PMP- E-091-A Procedimento de Manutenção Padrão para Preventiva. Usar com a O.S. 123456/05 Fonte: Branco (2008, p. 204). Branco (2008) exemplifica o PMP-E-091-A (Figura 6) como sendo do setor da elétrica de uma indústria. Os cabeçalhos indicam: PMP do setor da elétrica (E), número noventa e um (091), utilizado em revisões anuais (A) para a O.S.123456/05. 2.6.2 Ordem de Serviço (OS) Para Bechtold (2010), as OS devem conter as atividades que serão executadas, a previsão da quantidade de homem hora necessária, a frequência com que a atividade deve ser executada, a data programada, horários de início e término da execução, dentre outros. Na Figura 7, apresenta-se um modelo de cabeçalho de OS, no qual descreve o PMP que deve ser utilizado durante o serviço. Tavares (1996) exemplifica um modelo de Ordem de Serviço para atividades programadas (ANEXO A). Figura 7 - Modelo de cabeçalho de OS Fonte: Branco (2008, p. 204) Segundo Branco (2008), após a elaboração do PMP e da OS, deve-se iniciar o preenchimento dos mapas de planejamento de manutenção preventiva, que consiste em tabelas ou formulários com inúmeras colunas nas quais são marcadas as datas ou semanas em que a máquina ou equipamento deve iniciar ou estar em manutenção preventiva. Empresa de Papéis e Papéis Ltda. Departamento de Manutenção O.S. 123456/05 Ordem de Serviço de Manutenção Preventiva Executar com PMP - E-091-A 27 2.6.3 Mapas de planejamento de manutenção preventiva Em Branco (2008), com a finalidade de apresentar os mapas de planejamento das manutenções preventivas, são apresentados os mapas 52C1 (Figura 8) e 52C2 (Figura 9). Ambos recebem esses nomes porque possuem 52 colunas devido as 52 semanas do calendário. O mapa 52C1 deve ser utilizado pelo planejador para a distribuição das tarefas de manutenções preventivas em diversos equipamentos com base na semana do ano. Por sua vez, o mapa 52C2 “possui espaço para marcar a data exata em que será feita a manutenção em um equipamento em especial ou nos equipamentos de uma determinada unidade” (BRANCO, 2008, p.221). Para cada equipamento inserido no mapa 52C1, o planejador deve marcar as semanas que o mesmo passa por manutenções preventivas e o tempo de trabalho em HH, necessário para a execução de toda a manutenção. No mapa 52C2, o planejador marcará os dias exatos do início e término da manutenção preventiva no equipamento. Além disso, outro fator importante a ser considerado é que o mapa 52C1 marca as manutenções por semana com a finalidade do setor de manutenção se planejar para a carga de tarefas programadas na semana. O mapa 52C2 marca as manutenções por dia e serve para a visualização do operador, que sabe o dia exato que tem que disponibilizar o equipamento para a manutenção programada (BRANCO, 2008). Figura 8 - Mapa 52C1 - manutenções anuais (A), semestrais (S) e mensais (M) Fonte: Branco (2008, p. 228). MÁQUINA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 1-C-TR-01 A M M T M M 1-C-TR-02 M A M M T M 1-C-TR-03 M M A M M T 1-C-TR-04 T M M A M M 1-C-TR-05 M T M M A M 1-C-TR-06 M M T M M A 1-C-TR-07 S M M T M M 1-C-TR-08 M M S M M T 1-C-TR-09 T M M S M M 1-C-TR-10 M T M M S M TOTAL SEMANAS DO ANO PLANO MESTRE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 28 Figura 9 - Mapa 52C2 - básico Fonte: Branco (2008, p. 221). Para Branco (2008), a programação das tarefas de manutenção depende de uma série de fatores como as demandas de produção, as características operacionais da unidade fabril e software que está sendo utilizado. O planejamento e a programação devem ser realizados com antecedência e de comum acordo com o PCP, que também é responsável pelo cumprimento do PMMP, efetuando a parada, preparação e liberação das máquinas para a realização das tarefas de manutenção. 2.6.4 Exemplos de implementação do PMMP Há na literatura diversas abordagens relativas à elaboração e implementação do Plano Mestre de Manutenção Preventiva no segmento industrial. Em Seeling (2000) menciona-se a importância da implantação do Plano Mestre de Manutenção Preventiva durante o desenvolvimento de um sistema de gestão da manutenção para uma indústria do ramo alimentício do Rio Grande do Sul. Baldessar (2006) propõe um plano de manutenção preventiva para os transformadores da rede de distribuição elétrica da concessionária CELESC de Santa Catarina-SC. A autora utilizou a técnica FMEA para analisar as causas das falhas nos transformadores e elaborar o plano de manutenção preventiva para prolongar a vida útil e a melhoria do funcionamento dos transformadores da rede elétrica da CELESC. DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB 1 19 37 2 20 38 3 21 39 4 22 40 5 23 41 6 24 42 7 25 43 8 26 44 9 27 45 10 28 46 11 29 47 12 30 48 13 31 49 14 32 50 15 33 51 16 34 52 17 35 18 36 PLANO MESTRE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 29 Lottermann (2014) apresenta um plano de manutenção para as máquinas do laboratório de usinagem da Faculdade de Horizontina baseado na manutenção preventiva, com suporte de alguns pilares da Manutenção Produtiva Total (TPM). O objetivo principal do trabalho é garantir a disponibilidade e confiabilidade de operação das máquinas quando solicitadas. Ferreira e Schianti (2015) sugerem um Plano Mestre de Manutenção Preventiva para as máquinas dobradeiras de uma indústria de produtos siderúrgicos da cidade de Bebedouro- SP, com o objetivo de reduzir as horas de parada de máquinas para reparos. Santos et al. (2016) propõem um plano de manutenção preventiva para máquinas injetoras com a finalidade de reduzir os gastos com manutenção corretiva e prolongar o tempo de produção da mesma durante as jornadas de trabalho. 2.7 Indicadores de desempenho da Manutenção Um indicador, independentemente da área de aplicação, realiza um apontamento sobre um determinado acontecimento ou característica. Na manutenção, alguns indicadores com formulações teóricas são utilizados pela gestão para indicarem: os tempos dos reparos, o ritmo de ocorrência das avarias, a disponibilidade dos equipamentos, o sucesso das manutenções preventivas, dentre outros (CABRAL, 2006). Para Kardec, Flores e Seixas (2002), as informações de desempenho são de extrema importância para a eficiência e eficácia do departamento de manutenção, pois podem indicar possíveis oportunidades de melhorias, fornecendo suporte para a gerência de manutenção. Branco (2006b, p.2) define os Indicadores e Índices de Manutenção da seguinte maneira: Indicadores de Manutenção: Dados estatísticos relativos a um ou diversos processos de manutenção que desejamos controlar. Usados para comparar e avaliar situações atuais com situações anteriores. Servem para medir o desempenho contra metas e padrões estabelecidos. Índices de Manutenção: Relação entre valores e medidas numa empresa, sobre a manutenção, para avaliar situações atuais com as situações anteriores. Servem para medir o desempenho contra metas e padrões estabelecidos. 30 Segundo Verri (2007), diferente de outras atividades, não existia na Manutenção uma preocupação com medidas de desempenho até alguns anos atrás e, em algumas situações, a avaliação da eficiência da equipe de Manutenção era medida pela correria do dia a dia e pelo estado de preocupação e urgência expresso na face do gerente do setor. Por outro lado, uma quantidade elevada de índices de controle ou indicadores de desempenho pode desmotivar uma equipe de manutenção e, por isso, é importante escolher os indicadores utilizados. Neste trabalho, para analisar a eficiência de um setor de manutenção, foram selecionados quatros índices de desempenho: a) Tempo Médio Entre Falhas (TMEF), b) Tempo Médio Entre Reparos (TMPR), c) Disponibilidade de Equipamentos; e, por fim, d) Custos de manutenção. Vale ressaltar que, segundo Viana (2014), o TMEF, TMPR e a Disponibilidade de Equipamentos são considerados “Índices de Classe Mundial”, em função de que a maioria dos países do ocidente utiliza os mesmos (VIANA, 2014). 2.7.1 Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) Conforme Viana (2014), o TMEF é o resultado da divisão da soma das horas disponíveis para operação (HD), pelo número de manutenções corretivas realizadas no equipamento no período (NC). Esse índice analisa o comportamento dos equipamentos, diante das intervenções de manutenção. Para exemplificar, se o valor do Tempo Médio Entre Reparos aumenta com o passar do tempo, indica que as manutenções corretivas estão diminuindo e as horas disponíveis para a operação, aumentando. Em síntese, quanto maior o índice do TMEF, menor será o índice de quebras e, consequentemente, maior será o índice eficiência do equipamento. Segundo Viana (2014), o TMEF é expresso de acordo com a Equação 1. (1) Para Cabral (2006), o TMEF revela o tempo médio de bom funcionamento de uma máquina ou equipamento, ou seja, o tempo que transcorre, em média, entre duas falhas consecutivas, ou o tempo médio entre as manutenções corretivas. Na Figura 10, pode-se observar que para medir o TMEF, em geral, adota-se o tempo decorrente entre o fim do último reparo e o início do próximo, como, por exemplo, o TF1, TF2 e TF3. 31 Figura 10 - Tempos de funcionamento e reparação. Fonte: Cabral (2006, p. 282). A medição do tempo entre falhas (avarias) é realizada em termos do tempo em que a máquina deveria estar operando, ou seja, não se trata do tempo de calendário. Em Tavares (1996), exemplifica-se o cálculo de TMEF em uma indústria têxtil com 80 máquinas (com função específica) que operam 24 horas diárias (ANEXO B). De acordo com Kardec, Flores e Seixas (2002), há outra forma de determinar o TMEF de sistemas de produção e equipamentos num determinado intervalo de tempo. Este método baseia-se no cálculo do TMEF com base no cálculo da Taxa de Falha ( ), que consiste no número de falhas observadas em um determinado intervalo de tempo, conforme apresentado na Equação 2. (2) Onde: = Taxa de Falha n = Número de Falhas Observadas N = Número de Equipamentos Operando T = Intervalo de Tempo Os autores citam um exemplo de cálculo de TMEF em um sistema com 40 motores elétricos (ANEXO C). A importância do indicador TMEF deve-se ao fato de que é possível expressar a confiabilidade do equipamento, ou seja, o quanto o equipamento é confiável para operar sem a ocorrência de falhas ou quebras (SEELING, 2000). Na visão de Cabral (2006, p. 284), o A B C D E F G TF = Tempos de funcionamento no período TR = Tempos utilizados nas reparações no período ... Funciona TF1 Repara TR1 Repara TR2 Repara TR3 Funciona TF2 Funciona TF3 32 TMEF “é um indicador sugestivo para a gestão pelo que deve ter o seu lugar em qualquer quadro de bordo de gestão da manutenção”. 2.7.2 Tempo Médio Para Reparos (TMPR) Segundo Viana (2014), o TMPR é o resultado da divisão entre o somatório das horas de indisponibilidade do equipamento para a operação devido à manutenção (HIM) pelo número de manutenções corretivas no período (NC). Assim, pode-se dizer que quanto menor o valor do TMPR no decorrer do tempo, melhor o andamento dos serviços de manutenção, visto que as intervenções corretivas causam impactos menores no processo produtivo. O TMPR é definido conforme a Equação 3. (3) De acordo com Cabral (2006), o TMPR de um equipamento mostra o tempo médio necessário para realizar o conserto de uma avaria, ou a média de todos os tempos utilizados nos reparos do período em análise. Este indicador trata da manutenabilidade do equipamento, ou seja, “a sua aptidão para ser restaurado para uma condição de bom funcionamento” (CABRAL, 2006 p. 285). Um fator importante a ser observado é que o tempo do reparo depende de fatores como: a produtividade dos executantes, o planejamento e a sequência do trabalho. A Equação 4, que é proposta por Cabral (2006), é definida por: (4) Onde: TRi = tempos utilizados nas reparações no período Nav = número de avarias no período Segundo Kardec, Flores e Seixas (2002), há outra forma de determinar o TMPR de equipamentos num determinado intervalo de tempo. Este método baseia-se no cálculo da Taxa de Reparo ( ), que consiste no número de reparos realizados em um determinado intervalo de tempo, segundo a Equação 5. (5) 33 Onde: = Taxa de Reparo r = Número de reparos efetuados T = Intervalo de Tempo Os autores citam um exemplo de cálculo de TMPR em um conjunto de motores elétricos (ANEXO D). O valor do Tempo Médio Para Reparos representa a duração de todas as intervenções de manutenção. A medição dos tempos de reparo das intervenções é muito importante para o processo produtivo (SEELING, 2000). Os estudos e análises “destes dados, em combinação com dados de confiabilidade, permitem a comparação de estratégias alternativas de reparo em termos de custos e recursos necessários” (SEELING, 2000, p. 56). 2.7.3 Disponibilidade de equipamentos Disponibilidade é um indicador de manutenção que serve para indicar a probabilidade de que um equipamento esteja disponível para produção. Dessa forma, um valor de 0,90 (ou 90 por cento) indica que, em média, a máquina está em operação ou disponível para operar em 90% do tempo considerado (BRANCO, 2006b). De acordo com Kardec, Flores e Seixas (2002), esse indicador visa avaliar o desempenho da manutenção e determinar a probabilidade do equipamento estar em operação num determinado intervalo de tempo. É um indicador que depende da confiabilidade e manutenabilidade do equipamento. A confiabilidade está vinculada ao número de falhas ou paradas não programadas e a manutenabilidade está relacionada ao tempo utilizado para o reparo, ou, o tempo de paralisação. De acordo com Verri (2007, p. 69), “quanto mais confiável for intrinsecamente o equipamento, menor a probabilidade de falha e, portanto, maior a probabilidade de estar disponível para produção”. Segundo Viana (2014, p. 145), a “fórmula do cálculo da disponibilidade varia de um setor produtivo para outro, e até mesmo de uma empresa concorrente para outra”. Na Equação 6, Kardec, Flores e Seixas (2002) demonstram a disponibilidade operacional, enquanto que, na Equação 7, Viana (2014) demonstra a disponibilidade física. 34 (6) Sendo: DISPo = Disponibilidade operacional TMEM = Tempo Médio entre Manutenção TMP = Tempo Médio de Paralisação (7) Onde: DF = Disponibilidade física HT = Horas trabalhadas HG = Horas totais no período HO = Tempo total de operação HM = Tempo de paralisações, corretivas e preventivas Kardec, Flores e Seixas (2002) citam um exemplo de aplicação de disponibilidade em quatro empresas distintas (ANEXO E). Na visão de Verri (2007, p.69), “este é o indicador mais importante para a manutenção. Os números relativos às perdas devido a falhas em equipamentos são enormes, e o objetivo maior da manutenção deve ser propiciar a máxima continuidade operacional através de uma grande disponibilidade”. Com base neste conceito, a manutenção deve trabalhar focada na redução dos tempos de reparo e na mantenabilidade, visando à elevação nos tempos entre as falhas. Geralmente as metas de disponibilidades nas indústrias variam entre 90% a 99%, sendo que instalações de alto desempenho trabalham com disponibilidade acima de 98% (VERRI, 2007). 2.7.4 Custo de manutenção por faturamento Segundo Viana (2014), com o surgimento do conceito de manutenção de classe mundial, inseriu-se a perda de faturamento e a depreciação na composição dos custos de manutenção, que até 1993 era composta pelos gastos com materiais e contratação de serviços externos e gastos com pessoal. A perda de faturamento é composta pelo somatório dos custos 35 da perda de produção e dos custos com desperdício de matéria prima. O resultado da relação entre o somatório dos gastos com manutenção e o faturamento da empresa gera o custo de manutenção por faturamento. Tavares (1996) informa que este índice possui um cálculo de fácil obtenção, visto que os valores do numerador e denominador são geralmente processados e fornecidos pelo departamento de contabilidade da empresa. O autor demonstra o cálculo do custo de manutenção por faturamento na equação 8. (8) Sendo: CMFT = Custo de Manutenção por Faturamento CTMN = Custo Total de Manutenção FTEP = Faturamento da Empresa no Período A finalidade desse indicador está no conhecimento das despesas da Manutenção e de manutenção no faturamento da empresa, sendo recomendado um período de apuração igual ao período no qual a mesma encerra os períodos de apuração da sua contabilidade. Para a realização do cálculo, entende-se que o faturamento seja proveniente de todas as entradas de capital resultante das vendas no período (BRANCO, 2006b). 36 3 METODOLOGIA Neste capítulo serão descritos os métodos utilizados para atingir os objetivos do trabalho, as pessoas envolvidas, o local, a coleta e o modo como os dados serão analisados. Também contempla uma breve descrição da empresa analisada, do processo produtivo, do setor de manutenção UHT e dos PMMP’s aplicados nas máquinas da linha A. 3.1 Metodologia de pesquisa Em relação à forma de abordagem do tema, esta pesquisa é definida como sendo qualitativa, pois enfatiza o processo e seu significado. A pesquisa qualitativa busca o que é comum, contudo aceita também a individualidade e os significados múltiplos, em vez de transformá-los em uma média estatística, sendo a fonte direta para a coleta dos dados o ambiente natural e o pesquisador vai a campo para analisar os dados (LAKATOS; MARCONI, 2010). Em uma segunda etapa, a pesquisa pode ser considerada como quantitativa. Segundo Gil (2006), a pesquisa quantitativa se preocupa em realizar a medição de quantidade, frequência, intensidade e analisar as relações causais entre as variáveis, utilizando-se de uma amostra representativa do universo pesquisado. 3.1.1 Quanto aos fins Quanto aos fins, esta pesquisa pode ser considerada exploratória. De acordo com Gil (2006), a pesquisa exploratória visa o estudo de determinado acontecimento através de levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o tema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. 37 Este estudo também contempla a pesquisa bibliográfica, a qual, de acordo com Lakatos e Marconi (2010), compreende toda bibliografia disponível referente ao tema de estudo. O objetivo principal é descrever a natureza das variáveis analisadas para obtenção de uma maior compreensão do tema abordado. A pesquisa foi elaborada através de levantamento bibliográfico em livros, monografias, dissertações e internet, buscando uma reflexão mais aprofundada e ampliação do conhecimento sobre o tema escolhido. 3.1.2 Quanto aos meios Quanto aos meios, este trabalho pode ser considerado um estudo de caso, o qual busca examinar um acontecimento dentro de um contexto e, de acordo com Vergara (2010), necessita de uma teoria bem embasada para orientar a investigação e gerar uma melhor compreensão do tema, tendo por objetivo retratar a realidade de forma profunda e completa. Os pesquisadores vêm adotando com frequência o estudo de caso quando buscam as respostas para as questões de “como” e “por quê” certos fatos acontecem, quando existe possibilidade limitada de controle sobre os fenômenos pesquisados e quando o foco de interesse é sobre fatos atuais, que só podem ser analisados dentro de algum contexto da realidade (GODOY, 1995). Para compreensão desse objetivo, Gil (2006) descreve as quatro fases que delineiam um estudo de caso: a) Delimitação do estudo-caso; b) Coleta de dados; c) Seleção, análise e interpretação dos dados; d) Elaboração do relatório. 3.1.3 Local do estudo O estudo foi realizado na empresa Cooperativa Santa Clara Ltda, situada em Carlos Barbosa-RS, nas linhas de envase de leite UHT. O pesquisador, colaborador da empresa na qual foi efetuado o trabalho, atua no setor de engenharia, desenvolvendo atividade de coordenador de projetos para as indústrias de laticínios. Durante o estudo, o pesquisador realizou as atividades de levantamento de dados, elaboração do PMMP, sugestão dos indicadores de manutenção e implementação das técnicas propostas na revisão de literatura. 38 3.1.4 Coleta de dados Na visão de Marconi e Lakatos (2010), a coleta de dados é a “etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos”. Os autores salientam que esta etapa do trabalho leva mais tempo do que se planeja, sendo bem exaustiva. Dessa forma, torna-se fundamental a paciência, esforço pessoal, perseverança e atenção do pesquisador ao registrar e apontar os dados. As evidências resultantes de um estudo de caso podem ocorrer de seis fontes distintas: entrevistas, registros em arquivo, observação participante, observação direta, documentos e elementos físicos. O pesquisador tem que saber usar estas seis fontes, que exigem habilidades, conhecimento e procedimentos metodológicos diferentes. A coleta de dados deste estudo foi realizada através de registros em arquivo, observações diretas, documentos, entrevistas e diálogos informais com os técnicos e o encarregado de manutenção, responsáveis pelas intervenções de manutenção na indústria. Também foram utilizadas planilhas dos Controladores Lógicos Programáveis (CLP’s) das linhas de envase, livros (diários) da manutenção, e check lists para a contribuição no processo de coleta de dados. 3.1.5 Análise dos dados Segundo Gil (2009), a análise e entendimento dos dados nos estudos de caso é um processo que geralmente ocorre simultaneamente à sua coleta. Cada novo palpite, informação ou hipótese que surge direciona a nova fase do processo de coleta de dados, que conduz ao consecutivo refinamento ou reformulação das questões da pesquisa. Durante a análise dos dados deste trabalho procurou-se, sempre que possível, que a mesma fosse simultânea à aplicação do método. Contudo, no final da pesquisa, todos os resultados foram sintetizados, gerando as propostas para a melhoria da eficiência das linhas de envase de leite tipo UHT. 39 3.1.6 Apresentação dos dados Conforme Gil (2009), o modelo clássico de análise e apresentação dos dados de um estudo de caso consiste na identificação de alguns tópicos-chave e na consequente elaboração de um texto discursivo. Dessa forma, o pesquisador deve possuir habilidades analíticas e discursivas. Esta etapa possibilita a utilização de ferramentas analíticas para sumarizar, organizar e relacionar os dados. Tabelas, quadros, figuras, gráficos, mapas, matrizes, diagramas e redes são ferramentas que contribuem para a análise, interpretação e apresentação desses dados em um estudo de caso, principalmente quando o pesquisador tem como objetivo transcender o nível exploratório de investigação (GIL, 2009). Para realizar a análise final deste trabalho e apresentar os dados, o autor fez uso de algumas ferramentas antes citadas. 3.1.7 Limitações dos métodos Em todo método há possibilidades e limitações e, dessa forma, faz-se necessária a antecipação às críticas que o leitor poderá fazer a este trabalho, especificando as limitações do método em questão, mas, que ainda assim fazem com que ele seja o mais adequado para o mesmo (VERGARA, 2010). O método escolhido para este trabalho possui as limitações abaixo: a) Curto período de tempo disponível para a coleta, análise e compilação dos dados e sugestão de melhorias, o qual ocorreu em seis (06) meses. Uma das limitações é não se ter a noção exata da eficácia da implementação do PMMP, visto que o mesmo não pôde ser implementado, ou seja, somente poderá ser medido com precisão após sua implementação. Segundo Gil (2009), o tempo utilizado em estudos de caso tende a ser maior que o tempo utilizado em outras modalidades de pesquisa; b) Possibilidade de falta de informações, informações incompletas, dados imprecisos ou dados arquivados sobre o tema do trabalho. Salientando que não há registros e histórico das atividades do setor de manutenção em um sistema informatizado; 40 c) Confiabilidade dos dados e informações coletadas. Os sujeitos da pesquisa possuem conhecimentos, habilidades e forma de execução das tarefas de modo diferente, não garantindo em algumas situações a validade e fidedignidade dos dados e informações coletadas. 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 A Empresa O principal ramo de atuação da Cooperativa Santa Clara Ltda é na indústria de laticínios. Possui três indústrias deste segmento, sendo duas localizadas no município de Carlos Barbosa e uma no município de Getúlio Vargas, todas no Estado do Rio Grande do Sul. Além dessas indústrias, a empresa também possui um frigorífico de suínos, uma fábrica de rações, uma cozinha industrial, quatro unidades produtoras de leitões, sete centros de distribuição, 14 supermercados e 15 mercados agropecuários. A Unidade Industrial de Leite Longa Vida (UHT) foi inaugurada aos vinte e sete dias do mês de março de 2002, em comemoração aos 90 anos da Cooperativa Santa Clara. No início, a indústria processava 6 milhões de litros de leite ao mês e, a partir de outubro de 2005, iniciou o processamento de cerca de 10 milhões de litros. Com a ampliação de abril de 2016, o processamento mensal passou a ser de 12 milhões de litros. Dentre estes estão: o integral, o desnatado e o semidesnatado. A indústria conta com 66 colaboradores que trabalham em quatro turnos de seis horas, garantindo o escoamento da produção em vinte e quatro horas diárias de trabalho contínuo, durante seis dias de cada semana. 4.2 Descrição do processo produtivo O processo de fabricação do leite UHT baseia-se em três etapas: (a) ultrapasteurização, que consiste na esterilização do leite pasteurizado; (b) envase, o qual se refere ao enchimento e à formação da embalagem do leite; e, por fim, (c) acondicionamento, etapa de produção das bandejas e aplicação do filme de proteção. A Figura 11 representa o layout de uma linha de 42 envase de leite tipo UHT similar às instaladas na indústria em estudo. É importante ressaltar que a linha_A não utiliza o Acumulador de embalagens e o Aplicador de tampas. Figura 11 - Linha de leite tipo UHT Fonte: Adaptado de Tetra Pak (2016). 4.2.1 Ultrapasteurização de leite tipo UHT Ao chegar à indústria, o leite cru resfriado é armazenado em silos com capacidade de 100.000 litros e, durante a estocagem, o mesmo permanece refrigerado com temperatura inferior a 4°C até ser liberado para a pasteurização. No processo de pasteurização, o leite é aquecido numa temperatura entre 72°C a 75°C por 15 a 20 segundos, refrigerado a uma temperatura inferior a 4°C, padronizado em um teor de gordura conforme o tipo de produto a ser elaborado (Integral, Semidesnatado ou Desnatado) e, posteriormente, é armazenado em outros silos com capacidade de 100.000 litros. O leite pasteurizado é enviado com auxílio de uma bomba centrífuga até o tanque de equilíbrio do ultrapasteurizador onde é ultrapasteurizado. Em síntese, o processo de Ultrapasteurização do leite UHT baseia-se nas seguintes etapas: 1º) Pré-aquecimento: o leite é enviado por outra bomba centrífuga do tanque de equilíbrio até o trocador de calor tubular onde é pré-aquecido à temperatura aproximada de 80°C; 43 2º) Ultrapasteurização: o leite pré-aquecido é ultrapasteurizado através de injeção direta de vapor culinário, que eleva instantaneamente a temperatura do mesmo a 142°C. O produto permanece nesta temperatura durante 4 segundos; 3º) Resfriamento I: na etapa de resfriamento, o vapor culinário injetado durante a ultrapasteurização é retirado. Neste processo, o leite passa por uma câmara de vácuo onde é resfriado imediatamente e o vapor é retirado em forma de condensado com o auxílio de uma bomba de vácuo, onde o leite atinge uma temperatura aproximada de 80°C; 4º) Homogeneização: após o resfriamento, o produto passa por um homogeneizador, para que ocorra a redução dos glóbulos de gordura, onde é homogeneizado em condições assépticas a uma pressão de 220 bar e a 80°C de temperatura; 5º) Resfriamento II: na sequência do processo de homogeneização, o leite retorna ao trocador de calor tubular para sofrer outro resfriamento onde atinge temperatura aproximada de 30°C para o envase. A Figura 12 ilustra as etapas necessárias para a ultrapasteurização do leite UHT. Figura 12 – Etapas da Ultrapasteurização de leite tipo UHT Fonte: Adaptado de Tetra Pak (2016). 44 4.2.2 Envase de leite tipo UHT O leite ultrapasteurizado é enviado para as máquinas de envase asséptico através de tubulação de aço inoxidável. Insere-se um rolo de material de embalagem no magazine da máquina de envase e, a seguir, ocorrem as seguintes etapas: a) O material é desenrolado e forma-se um pulmão de material de embalagem; b) Aplica-se uma fita para a realização da selagem longitudinal em uma das bordas do material de embalagem; c) O material passa por um banho de peróxido de hidrogênio para esterilização; d) Após o banho o material entra em uma câmara asséptica e o excesso de peróxido de hidrogênio é removido por rolos espremedores emborrachados e por um sopro de ar estéril a 140°C; e) O material entra na seção de formação do tubo, onde há três anéis com roletes e que possuem circunferências diferentes, formando um tubo; f) O tubo passa por um elemento de selagem logitudinal que realiza a emenda entre as bordas do material; g) Após selado, o tubo recebe o leite, o qual é dosado em tubulação de aço inoxidável; h) Já com o leite, o tubo passa pelo sistema de mandíbulas. Neste sistema ocorre a selagem transversal de topo e fundo da embalagem e são realizados os vincos que dão formato à embalagem; i) Na sequência, a embalagem passa por um sistema dobrador de abas, o qual dobra e sela as abas de topo e fundo. Assim que as embalagens saem da máquina de envase através de uma esteira transportadora, passam por uma unidade datadora e recebem a impressão com os dados de lote, data de fabricação e data de validade. 45 4.2.3 Acondicionamento de leite tipo UHT As embalagens das linhas A e B são conduzidas através de esteiras transportadoras até as máquinas encaixotadoras para serem acondicionadas em bandejas de papelão contendo 12 unidades. As bandejas são transportadas por esteiras transportadoras até o túnel de encolhimento, onde recebem uma película de plástico termorretrátil e são acondicionadas em paletes de madeira pelo sistema de paletização automática composto por uma célula com robô. Já as embalagens das linhas C e D são encaminhadas através de esteiras transportadoras até as máquinas acumuladoras de embalagens, passam pelas máquinas aplicadoras de tampas e seguem até as máquinas encaixotadoras para serem acondicionadas em bandejas fechadas de papelão com 12 unidades. As bandejas são transportadas por esteiras transportadoras e são acondicionadas em paletes de madeira pelo sistema de paletização automática composto por outra célula com robô. Após a montagem, os paletes das quatro linhas recebem um filme de proteção denominado stretch, são identificados e são armazenados em um sistema de drive-ins estáticos, permanecendo neste local aguardando liberação por parte do laboratório da Indústria de Leite tipo Longa Vida. Há em operação quatro linhas (A, B, C e D) de máquinas de envase asséptico, as quais são alimentadas por dois ultrapasteurizadores, ou seja, existe um ultrapasteurizador para cada duas máquinas de envase. As máquinas que compõem cada linha de envase de leite tipo UHT podem ser observadas na Tabela 1. 46 Tabela 1 - Máquinas que compõem as linhas de leite tipo UHT Fonte: Elaborada pelo autor. 4.2.4 Limpeza CIP e Regime de operação As produções de leite tipo UHT ocorrem em ciclos de 35 horas contínuas, sendo que ao final de cada ciclo há a necessidade de parada para limpeza CIP nas tubulações de produto e nova ultrapasteurização para o restabelecimento da produção. O tempo total da parada para a realização da limpeza CIP é de 5 horas, sendo que, desse total, 3 horas são para a realização da limpeza e 2 horas são para a realização dos passos do ultrapasteurizador para o ciclo subsequente. No momento em que ocorre o término do ciclo de produção, as máquinas de envase também realizam uma limpeza CIP de 1,5 horas e as outras máquinas da linha ficam paradas, recebendo cuidados de limpeza manual pelos operadores. Realizou-se uma simulação da operação da indústria em um mês, com os tempos de produção e parada para limpeza CIP, com base de cálculo de quatro semanas conforme procedimento do PCP, os quais podem ser observados na Figura 13. Máquina Função Embalagem (Formato) Linha (s) Capacidade (l/h) Tetra Pak VTIS Ultrapasteurizador Brik A e B 15.000 Tetra Pak A3 Flex Envasadora Brik A 7.000 Tetra Cardboad Packer 70 Encaixotadora Brik A 7.000 Tetra Tray Shrink 51 Túnel de encolhimento Brik A e B 7.000 Tetra Pak A3 Flex Envasadora Brik B 7.000 Tetra Cardboad Packer 70 Encaixotadora Brik B 7.000 Tetra Tray Shrink 51 Túnel de encolhimento Brik A e B 7.000 Robô 1 Paletização automática Brik A e B 14.000 Tetra Pak VTIS Lactenso Ultrapasteurizador Brik C e D 18.000 TP A3 Flex Envasadora Edge C 8.000 Tetra Accumulator 30 Acumulador Edge C 8.000 Tetra Cap Applicator 25 Aplicador de tampas Edge C 8.000 Tetra Cardboad Packer 32 Encaixotadora Edge C 8.000 TP A3 Flex Envasadora Edge D 8.000 Tetra Accumulator 30 Acumulador Edge D 8.000 Tetra Cap Applicator 25 Aplicador de tampas Edge D 8.000 Tetra Cardboad Packer 32 Encaixotadora Edge D 8.000 Robô 2 Paletização automática Brik C e D 16.000 47 Figura 13 - Simulação de produção em um mês Fonte: Elaborada pelo o autor. A indústria opera de segunda-feira a sábado, com folga aos domingos, ou seja, seis dias semanais de operação e um dia semanal sem atividade. O regime de operação da mesma pode ser observado na Figura 14. Figura 14 - Regime de operação da indústria Fonte: Elaborada pelo o autor. A indústria opera em quatro (04) turnos de trabalho de 6 horas cada um, conforme mostrado na Tabela 2. Tabela 2 - Turnos de trabalho da indústria Fonte: Elaborada pelo autor. P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) C IP ( h ) P ro d u çã o ( h ) 35 5 35 5 35 5 24 35 5 35 5 35 5 24 35 5 35 5 35 5 24 35 5 35 5 35 5 24 16 CIP/mês (Ciclos) 12 Produção/semana (h) 129 Semana 4 144 SIMULAÇÃO DE PRODUÇÃO/MÊS 60 Semana 2 144 Semana 3 144144 Semana 1 CIP/mês (h) CIP/semana (h) 15 Produção/mês (h) 516 Produção/mês (Ciclos) Turno Período (h) 1° 00h às 06h 2° 06h às 12h 3° 12h às 18h 4° 18h às 00h Dias de operação (semana) Horas de operação (dia) Regime de operação/semana (h) Regime de operação/mês (h) 6 24 144 576 Regime de operação da indústria 48 Observa-se que neste regime de trabalho com quatro turnos, há quatro operadores diferentes operando cada máquina, em cada dia de operação. 4.2.5 Eficiência produtiva da indústria A fim de analisar o PMMP na linha_A, o qual é descrito no seguinte capítulo, é necessário analisar a eficiência deste processo. As metas de produção da indústria são elaboradas pelo PCP, após demanda enviada pelo departamento de vendas. Realiza-se uma análise dos números de produção das quatro linhas de envase, dos anos 2015 e 2016, os quais podem ser observados na Figura 15. Figura 15 - Eficiência produtiva da Indústria de Leite Tipo UHT Fonte: Elaborada pelo autor. A Figura anterior mostra que a capacidade produtiva da indústria é de 15.480.000 litros de leite por mês, porém, a média de produção mensal é de 11.520.000 litros de leite, tendo uma eficiência de 74,42%. Isso ocorre devido ao alto índice de paradas de máquinas por falhas ou por quebras mecânicas e elétricas. Vale lembrar que existem alguns eventos externos que também causam paradas não programadas nas linhas de envase e contribuem para a queda na eficiência produtiva, apesar da ocorrência desses eventos serem pequenas e dos números não serem muito representativos. Os eventos estão relacionados ao provimento das utilidades, como: problemas no fornecimento de vapor, ar comprimido, água gelada e água potável. Horas/dia Litros/h Litros/mês 24 30.000 21.600.000 Litros/h Qtd/sem Litros/mês 30000 4 15.480.000 Horas/dia Litros/h Litros/mês 16 30.000 11.520.000 Eficiência Produtiva (Atual) 15.480.000 100 74,42% 11.520.000 X Capacidade instalada Capacidade de Produção Produção Real (Média) Dias 30 Horas/sem 129 Dias 24 Eficiência Produtiva - Indústria de Leite Tipo UHT 49 4.3 Descrição do setor de manutenção Na indústria de leite tipo UHT, as máquinas e os equipamentos possuem uma plaqueta de identificação do fabricante. Essa identificação é utilizada pelo setor de manutenção UHT para os registros de ocorrências. Esse setor não utiliza o programa SILMAN para realizar o controle das atividades do PCM, realizando o controle em planilhas do Microsoft Excel e anotações em livros de registro dos equipamentos. O setor de manutenção UHT é administrado por um encarregado de manutenção, o qual é subordinado do Gerente da Manutenção Industrial. A equipe é composta pelo encarregado e cinco técnicos de manutenção, conforme mostrado na Figura 16, os quais executam as manutenções corretivas e preventivas nas máquinas e equipamentos e as manutenções prediais (elétrica, mecânica e hidráulica) necessárias na indústria. As funções do PCM e do controle do almoxarifado das peças de reposição são realizadas pelo encarregado do setor. Figura 16 - Organograma do setor de manutenção UHT Fonte: Elaborada pelo autor. A manutenção atua em escalas de horários diferentes que compreendem as 24 horas de cada dia, conforme exposto na Tabela 3, com intuito de sempre estar presente durante o regime de operação da indústria. Cada profissional goza de um intervalo de 1 hora e 10 minutos. Encarregado de manutenção Téc. Mecânica Téc. Mecatrônica Téc. Mecatrônica Téc. Mecatrônica Eletrotécnico 50 Tabela 3 - Escalas da manutenção UHT Período (h) Profissional 07h às 10h e 38min – 11h e 50min às 17h Encarregado de manutenção 07h às 10h e 38min – 11h e 50min às 17h Técnico em Mecânica 07h às 12h – 13h e 10min às 17h Eletrotécnico 07h às 12h – 13h e 10min às 17h Técnico em Mecatrônica 12h às 17h e 50min – 19h às 21h e 58min Técnico em Mecatrônica 20h às 02h – 03h e 10min às 05h e 58min Técnico em Mecatrônica Fonte: Elaborado pelo autor. Como ilustrado na Tabela 4, o maior índice de atuação dos profissionais do setor está concentrado nas manutenções corretivas, com baixo índice de realização de manutenções preventivas periódicas programadas. Este fator ocorre pelos altos volumes de matéria prima que entram na indústria, dificultando o planejamento das paradas programadas para a realização das manutenções preventivas. O fabricante dos equipamentos fornece check lists de manutenção para serem executados em intervalos de 250h e os mesmos não são executados para que não ocorra a parada da máquina, a qual interrompe a produção. Por outro lado, uma quantidade elevada de falhas ou quebras param as máquinas e contribuem para baixos índices de eficiência e performance das linhas de envase. Tabela 4 - Índice de atuação da manutenção UHT Tipo de Manutenção Índice de atuação Atividades Corretiva não programada 25% Reparar quebras nos equipamentos e utilidades. Corretiva programada 45% Troca de mangueiras, vedações, rolamentos, peças e componentes diversos, realizar pequenos ajustes, apertos de parafusos e conexões, trocar lâmpadas, reparar tubulações das utilidades, etc. Preventiva 15% Executar a manutenção preventiva programada nas máquinas, equipamentos e utilidades. Instalações 15% Elétricas, hidráulicas e mecânicas prediais. Fonte: Elaborado pelo autor. 51 Realiza-se a cada ano, de forma escalonada, uma manutenção preventiva programada de cinco (05) dias nas máquinas e equipamentos de cada linha. Essas manutenções preventivas são programadas para iniciar em uma segunda-feira e são concluídas na sexta- feira da mesma semana. Geralmente ocorrem das 8h às 17h e no período das 17h às 8h a máquina fica parada, sem assistência de manutenção. Conforme observações dos profissionais do setor, após a manutenção preventiva, as máquinas operam em média durante quatro (04) meses sem apresentação de falhas ou quebras mecânicas, apresentando as primeiras paradas a partir do quinto mês. Os profissionais alegam que isso ocorre devido ao desgaste prematuro de algumas peças ou componentes. Constatou-se durante os diálogos e entrevistas com os técnicos de manutenção e operadores de máquinas que os ultrapasteurizadores são equipamentos que apresentam baixíssimo índice de paradas por falhas ou quebras. Por outro lado, máquinas de envase, as encaixotadoras e os túneis de encolhimento apresentam um índice mais elevado de paradas que geralmente são causadas por pequenas falhas pontuais, as quais poderiam ser minimizadas se os conjuntos geradores dessas falhas fossem inspecionados antes do início de cada ciclo de produção. Quando ocorre uma parada da máquina de envase, os técnicos têm 40 minutos para sanar o problema, do contrário, a máquina perde a sua esterilização, o programa deve ser passado ao passo zero e uma limpeza CIP de 1h e 30min deve ser realizada na mesma. Além de aumentar o custo operacional, as paradas das máquinas de envase contribuem para a ineficiência do processo produtivo. 4.3.1 PMMP na máquina TP A3/Flex Para a elaboração do PMMP da máquina de envase TP A3/Flex, segue-se os seguintes procedimentos: a) Como estratégia, define-se a aplicação da manutenção preventiva; b) Realiza-se uma pesquisa com coleta de dados e informações nos históricos das máquinas, check lists, manuais do fabricante e catálogos das mesmas; c) Realiza-se entrevistas e diálogos com os técnicos de manutenção acerca da elaboração do PMP e OS para a máquina; 52 d) Elabora-se um mapeamento dos pontos de lubrificação e limpeza que deveriam ser inseridos no PMP e OS; e) Elabora-se um mapeamento dos pontos de verificação e inspeção que deveriam ser inseridos no PMP e OS; f) Elabora-se um mapeamento dos pontos de ajustes que deveriam ser inseridos no PMP e OS. Após a realização das etapas do roteiro acima, elabora-se no Microsoft Excel um PMP (APÊNDICE A), vinculado a uma OS (APÊNDICE B) para a realização de manutenção preventiva na máquina de envase TP A3/Flex da linha A, durante as 5 horas de parada para CIP no ultrapasteurizador. O procedimento foi elaborado com a utilização de informações do manual de manutenção (MM) da máquina e com base no conhecimento técnico e prático dos colaboradores do setor de manutenção UHT. Estes solicitaram que os documentos fossem elaborados de forma simplificada, sem imagens, figuras ou tabelas e deveriam mencionar os documentos de referência do MM da máquina para cada ponto de intervenção da OS e do PMP. Foram inseridos no PMP os principais pontos de verificação, ajuste e limpeza, que geram a maior quantidade de paradas por falhas pontuais na máquina. O tempo total para a execução das tarefas da OS ficou em 210 minutos, ou seja, 3 horas e 30 minutos, salientando que o tempo de execução de todas as tarefas constadas na OS deveria ser menor ou igual a 5 horas, visto que esse é o tempo total de parada para CIP no ultrapasteurizador. Após a elaboração do PMP e da OS, foi elaborado o mapa de planejamento das manutenções preventivas programadas (APÊNDICE G) para as primeiras quinze (15) semanas do ano de 2017. O mapa traz informações das intervenções que serão realizadas, como: data, semana e horário. 4.3.2 PMMP na máquina Tetra Cardboard Packer 70 O primeiro passo para a elaboração do PMMP na encaixotadora foi a realização de um roteiro idêntico ao do tópico 3.2.4, no qual definiu-se a estratégia de manutenção a ser adotada, fez-se pesquisas, entrevistas, coletas de dados e informações e o mapeamento dos pontos de lubrificação, de limpeza, de verificação e de ajustes a serem inseridos no PMP e OS. Após a realização das etapas do roteiro, elaborou-se no Microsoft Excel o PMP 53 (APÊNDICE C) e a OS (APÊNDICE D) para a máquina encaixotadora seguindo o mesmo modelo de pesquisa realizado na elaboração dos documentos da máquina de envase, ou seja, com a utilização de informações provenientes dos diálogos e pesquisas realizadas com os colaboradores da indústria e com a utilização do manual MM da máquina. No PMP da encaixotadora Tetra Cardboard Packer 70 (TCBP 70) foram inseridos os principais pontos de verificação, ajuste e limpeza, que geram a maior quantidade de paradas por falhas pontuais na mesma. O tempo total para a execução das tarefas da OS ficou em 135 minutos, ou seja, 2 horas e 15 minutos. Após a elaboração do PMP e da OS, foi elaborado o mapa de planejamento das manutenções preventivas programadas (APÊNDICE G) para as primeiras quinze (15) semanas do ano de 2017. 4.3.3 PMMP na máquina Tetra Tray Shrink 51 Da mesma forma que as outras máquinas da linha A, elaborou-se o roteiro com as seis (06) etapas e, posteriormente, no Microsoft Excel, o PMP (APÊNDICE E) e a OS (APÊNDICE F) para o túnel de encolhimento Tetra Tray Shrink 51 (TTS 51). Utilizou-se de informações provenientes dos diálogos e pesquisas realizadas com os colaboradores da indústria , com a utilização do manual MM da máquina. Foram inseridos os principais pontos de verificação, ajuste e limpeza, que geram a maior quantidade de paradas por falhas pontuais na mesma. O tempo total para a execução das tarefas da OS ficou em 75 minutos, ou seja, 1 hora e 15 minutos. Após a elaboração do PMP e da OS, foi elaborado o mapa de planejamento das manutenções preventivas programadas (APÊNDICE G). 4.4 Análise do PMMP nas máquinas da linha_A Após a elaboração do PMMP para as três (03) máquinas da linha_A, foram analisados os índices de produção desta linha, conforme apresentado na Figura 17. 54 Figura 17 - Eficiência produtiva da linha_A Fonte: Elaborada pelo autor. Como pode-se observar, a capacidade de produção da linha_A é de 5.040.000, porém a média de produção mensal é de 2.352.000 litros de leite, constituindo uma eficiência de 65% em função do elevado índice de paradas das máquinas por falhas ou por quebras. A média do lucro unitário da venda de leite tipo UHT realizada entre os meses de janeiro a julho de 2016 é de R$ 0,154. Multiplicando o valor do lucro unitário de R$ 0,154 pela média de produção mensal, constata-se que essa linha de envase gera para a empresa um lucro médio mensal de R$ 362.208,00. Os valores apresentados tratam-se de estimativas para analisar o potencial do PMMP na linha em estudo. Com a utilização destes números, realiza-se uma simulação da implementação do PMMP na linha_A, a qual pode ser observada na Figura 18. Horas/dia Litros/h Litros/mês 24 7.000 5.040.000 Litros/h Qtd/sem Litros/mês 7000 4 3.612.000 Horas/dia Litros/h Litros/mês 14 7.000 2.352.000 Eficiência Produtiva (Atual) 3.612.000 100 65,12% 2.352.000 X Lucro Unitário (Médio) R$ 0,154 Litros/mês Lucro/mês 2.352.000 R$ 362.208,00 Capacidade instalada Dias 30 Resultado (Mensal) Lucro R$ 0,154 Capacidade de Produção Horas/sem 129 Produção Real (Média) Dias 24 Eficiência Produtiva - Linha_A 55 Figura 18 – Simulação de implementação do PMMP na linha_A Fonte: Elaborada pelo autor. Conforme pode-se observar na Figura 18, para a implementação do PMMP nas máquinas da linha_A existe a necessidade de um planejador de PCM, um computador com impressora, material de expediente e utilização de dois técnicos de manutenção que trabalhem em horário flexível. Um dos técnicos deve ficar dedicado para a máquina de envase, visto que o tempo de manutenção preventiva na mesma é de 3 horas e 30 minutos e, o outro, deve ficar Recursos Qtd Horas Trabalhadas Total Planejador PCM 1 36 900,00R$ Técnico de Manutenção 2 60 4.200,00R$ Computador 1 100 8,10R$ Impressora 1 100 3,40R$ Material de escritório 30,00R$ 5.141,50R$ N° Horas/mês x Litros/h x N° semanas = Litros/mês 7000 4 3.612.000 N° dias x Horas/dia x Litros/h = Litros/mês 14 7.000 2.352.000 N° dias x Horas/dia x Litros/h = Litros/mês 14,5 7.000 2.436.000 100% X 100% X → 2,33% Lucro Litros/mês Lucro/mês 0,154 2.352.000 R$ 362.208,00 Lucro Litros/mês Lucro/mês 0,154 2.436.000 R$ 375.144,00 R$ 12.936,00 Resultado (lucro - (custos + despesas) R$ 7.794,50 SIMULAÇÃO DOS RESULTADOS Resultado Mensal de2016 (Real) Simulação do lucro na venda, com acréscimo na eficiência em 2,33% Acréscimo no lucro, com o aumento da eficiência em 2,33% Simulação da Eficiência com acréscimo de 1,5 hora na produção 3.612.000 litros/mês (Capac. Produção) → 67,44% 2.436.000 litros/ mês (14,5h/dia) Acréscimo na Eficiência LUCRO LÍQUIDO DA VENDA POR LITRO DE LEITE = R$ 0,154 EFICIÊNCIA Eficiência Produtiva Mensal de 2016 (Real) 3.612.000 litros/mês (Capac. Produção) → 65,12% 2.352.000 litros/ mês (14h/dia) Média de Produção do ano de 2016 Produção de 2016 (Real) 24 Simulação com acréscimo de 1,5 hora diária na produção Simulação de acréscimo na Produção 24 Capacidade de Produção 129 CUSTOS E DESPESAS Custos e Despesas Mensais do Plano em atividade Custo Unitário/H 25,00R$ 35,00R$ 0,081R$ 0,034R$ PRODUÇÃO Capacidade de Produção da Indústria 56 dedicado para as duas máquinas do setor de acondicionamento, totalizando 3 horas e 30 minutos de trabalho. Realiza-se uma simulação da implementação do PMMP na linha_A, com um percentual de acréscimo moderado de 2,33% na eficiência da mesma. O custo mensal do PMMP é de R$ 5.141,50. Se o plano contribuir para o aumento moderado de 2,33% na eficiência mensal da linha, existe um ganho mensal de R$ 7.794,00, o qual justifica a viabilidade de implementação do PMMP. Utiliza-se um percentual de acréscimo moderado na simulação, justamente para avaliar a viabilidade da implementação, sendo que, estando o PMMP em operação, quanto maior o percentual de acréscimo na eficiência da linha, maior é o ganho financeiro da empresa. Observa-se que o PMMP propicia benefícios para a indústria de leite tipo UHT, tais como: a) As manutenções preventivas programadas, quando aplicadas nas máquinas da linha_A, no período de CIP do ultrapasteurizador, não impactam na produção comercial; b) Os técnicos de manutenção têm mais contato com as máquinas. Estão mais atentos ao comportamento das mesmas, analisando folgas, desgastes, vazamentos, ruídos, odores estranhos, dentre outros; c) A frequência da execução das manutenções preventivas programadas durante o período de CIP do Ultrapasteurizador faz com que as máquinas falhem ou quebrem c