CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA - PPGBiotec INVESTIGAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DE Rubus sellowii CHAM. & SCHLTDL. (ROSACEAE) Marelise Teixeira Lajeado, fevereiro de 2017 2 2 Marelise Teixeira INVESTIGAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DE Rubus sellowii CHAM. & SCHLTDL. (ROSACEAE) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do Centro Universitário UNIVATES, com parte da exigência para a obtenção do grau de Mestre em Biotecnologia, na linha de pesquisa em produção primária de alimentos. Orientadora: Profª. Drª. Elisete Maria de Freitas Coorientadora: Profª. Drª. Clélia Paulete Correia Neves Afonso Lajeado, fevereiro de 2017 3 3 “A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”. Albert Einstein 4 4 Marelise Teixeira INVESTIGAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DE Rubus sellowii CHAM. & SCHLTDL. (ROSACEAE) A Banca examinadora abaixo aprova a Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência para obtenção do grau de Mestre em Biotecnologia, na linha de pesquisa em Produção Primária de Alimentos. Profª. Drª. Elisete Maria de Freitas – Orientadora Centro Universitário UNIVATES Profª. Drª. Clélia Paulete Correia Neves Afonso – Coorientadora Instituto Politécnico de Leiria Prof a . Dr a . Lucélia Hoehne Centro Universitário UNIVATES Profª. Drª. Mônica Jacheti Maciel Centro Universitário UNIVATES Prof a . Dr a . Teresa Margarida Lopes da Silva Mouga Instituto Politécnico de Leiria Lajeado, fevereiro de 2017 5 5 AGRADECIMENTOS A Deus, que sempre esteve ao meu lado me iluminando em todos os momentos difíceis desta jornada; A minha família, que esteve e sempre vai estar do meu lado em todas as etapas da minha vida. Ao meu namorado Rafael que além de fazer parte de toda está trajetória, sempre me apoiou, incentivou e pelo seu amor e dedicação; A minha orientadora, amiga e chefa Elisete Maria de Freitas pelo exemplo de pessoa e professora, sempre me orientando, me incentivando e puxando a orelha quando necessário, sempre com a mesma paciência, confiança e amizade; A minha coorientadora Dra. Clélia Neves Afonso que mesmo longe sempre contribui para o desenvolvimento das atividades pertinentes ao meu projeto. Ao Centro Universitário UNIVATES pela oportunidade de realizar o curso de pós-graduação; Aos bolsistas do Laboratório de Botânica, em especial à Fernanda, Carla, Letícia e Daniele que auxiliaram nas coletas de amora-preta e na montagem dos experimentos; A professora Dra. Lucélia Hoehne e suas bolsistas Taciélen e Débora que me auxiliaram com as análises físico- químicas; Ao professor Dr. Eduardo Mirando Ethur e suas bolsistas Bárbara, Bruna e Talissa pela ajuda e paciência nas análises microbiológicas; A todos que direta ou indiretamente contribuíram com este trabalho; E por fim, agradeço ao CNPq pelo apoio financeiro. Muito obrigada!!! 6 6 Sumário 1 - INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................................................................................. 8 1.1. Objetivo geral ................................................................................................................................................................. 10 1.2. Objetivos específicos ...................................................................................................................................................... 10 2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................................................................................. 11 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................................................................................. 12 3.1 Coleta do material botânico ............................................................................................................................................ 12 3.2. Caracterização físico-química de frutos ......................................................................................................................... 12 3.2.1 Determinação de umidade (U) ................................................................................................................................. 12 3.2.2 Determinação de cinzas (C) ...................................................................................................................................... 13 3.2.3 Determinação de proteínas totais (PT) .................................................................................................................... 13 3.2.4 Determinação de lipídios totais (LT) ........................................................................................................................ 13 3.2.5 Determinação de carboidratos totais (CT) ............................................................................................................... 13 3.2.6 Determinação do potencial hidrogeniônico (pH) ..................................................................................................... 13 3.2.7 Determinação da acidez titulável (AT) ..................................................................................................................... 14 3.2.8 Determinação de fibras (F) ....................................................................................................................................... 14 3.2.9 Aminograma ............................................................................................................................................................. 14 3.2.10 Determinação de ácido L-ascórbico (vitaminas C) (AA) ......................................................................................... 15 3.2.11 Determinação de carotenoides e Licopeno ........................................................................................................... 15 3.2.12 Teste de digestabilidade (D) ................................................................................................................................... 16 3.3 Estudo fitoquímico, atividades antioxidante e antimicrobiana dos extratos ................................................................. 16 3.3.1. Preparo dos extratos ............................................................................................................................................... 16 3.3.2 Quantificação total de polifenóis ............................................................................................................................. 17 3.3.3 Quantificação total de flavonoides .......................................................................................................................... 18 3.3.4 Avaliação da capacidade antioxidante (redução do radical DPPH) .......................................................................... 18 3.3.5 Atividade antimicrobiana ......................................................................................................................................... 19 3.3.5.1 Meios de cultura, microrganismos e antibiótico................................................................................................... 19 3.3.5.2 Preparo do inóculo ................................................................................................................................................ 19 3.3.5.3 Determinação da concentração inibitória mínima ............................................................................................... 20 3.3.5.4 Confirmação da concentração inibitória mínima .................................................................................................. 20 3.3.5.5 Concentração bactericida mínima (CBM) ............................................................................................................. 21 3.4 Avaliação da atividade Alelopática .................................................................................................................................. 21 3.4.1 Preparo dos extratos ................................................................................................................................................ 21 3.4.2 Bioensaio de germinação ......................................................................................................................................... 22 7 7 3.4.3 Bioensaios de crescimento ....................................................................................................................................... 22 4. RESULTADOS ......................................................................................................................................................................... 24 CAPITULO 1 ........................................................................................................................................................................... 25 Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae) Fruit Nutritional Potential Characterization ................................................... 25 CAPITULO 2 ........................................................................................................................................................................... 38 Estudo fitoquímico, atividade antioxidante e antimicrobiana de extratos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (Rosaceae) ............................................................................................................................................................... 38 CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................................................................... 55 AÇÃO ALELOPÁTICA DOS EXTRATOS AQUOSOS DE FOLHAS E FRUTOS DE Rubus sellowii Cham. & Schldl. (ROSACEAE) .... 55 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................................ 70 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................................. 71 ANEXOS ..................................................................................................................................................................................... 86 8 8 1 - INTRODUÇÃO GERAL O Brasil abriga em seu território a maior diversidade biológica do Planeta (Ganem, 2010), apresentando, por esta razão, alto potencial para a criação de novas opções para a produção de medicamentos, cosméticos e alimentos (Ridgen e Cavalcanti, 2002; Scariot, 2010), constituindo numa importante alternativa de renda. No entanto, para a que a sua exploração seja possível, viabilizando o desenvolvimento de novos produtos, é preciso garantir a preservação do ambiente, mantendo o equilíbrio entre as populações das diferentes espécies. Assim, além de ganhos econômicos com a implantação de novas culturas, é preciso garantir a manutenção da biodiversidade. A exploração do potencial das espécies vegetais nativas só é possível com maior conhecimento sobre as espécies, de estratégias para difusão deste conhecimento e de estímulo para o uso da flora nativa pela indústria e pela sociedade (Leite e Coradin, 2011). Também é indispensável que existam investimentos para obtenção de tecnologias sustentáveis, disponibilidade de matéria-prima, capacitação técnica e criação de mercados que proporcionem a comercialização desses recursos. Porém, é necessária a adoção de políticas voltadas à valorização das espécies nativas nos diversos segmentos produtivos (Leite e Coradin, 2011). É o que também sugere a Organização Mundial de Saúde ao estimular o resgate dos usos tradicionais e populares das plantas medicinais e fitoterápicas como elemento indispensável para a promoção da saúde (BRASIL, 2007). Em resposta a isso, em 2006 o Brasil aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas (PNPMF) com o propósito de incentivar o uso sustentável da biodiversidade brasileira (BRASIL, 2006). Apesar da aprovação da PNPMF e de o Brasil apresentar alta diversidade de espécies, dentre estas muitas com potencial para a produção de alimentos, o país é totalmente dependente de plantas exóticas, pois poucas dessas espécies são conhecidas ou estão disponíveis no mercado (Coradin, 2011). O estudo das potencialidades das espécies nativas e a sua domesticação são excelentes oportunidades para os países ricos em recursos genéticos, pois pode influenciar no desenvolvimento e na qualidade de vida da população (Myers et al., 2000). A procura por alimentos que satisfaçam as exigências nutricionais para a manutenção da saúde tem aumentado a demanda para a produção de frutas (Antunes, 2004). Diante do exposto, foi selecionada a espécie frutífera Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (Rosaceae), conhecida como amora-do-mato ou amora-preta, nativa e endêmica do Brasil com boas perspectivas de comercialização (Antunes, 2004). Também faz parte do grupo das espécies conhecidas como pequenas frutas 9 9 (Barbieri e Vizzoto, 2012). Além disso, frutas de coloração vermelho intenso são excelentes fontes de compostos bioativos (Carlsen et al., 2010; Vizzotto, 2012), como os compostos fenólicos e os carotenoides (Munhoz et al., 2014). Entre estes compostos estão as antocioninas que possuem propriedades terapêuticas e atuam contra doenças cardiovasculares, são protetoras do DNA e apresentam atividades anti-inflamatórias e antioxidantes (Vizzotto, 2012). A espécie também está entre as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) (Kinupp, 2007). Vários estudos sobre espécies do gênero Rubus, incluindo cultivares (híbridos), indicam a presença de uma série de constituintes químicos e de funções relacionadas às qualidades da amora-preta (Jacques e Zambiazi, 2011). Segundo Shin et al. (2014). A espécie Rubus coreanus Miquel, por exemplo, é utilizada popularmente para o combate do câncer de próstata e doenças do fígado, além de conter vários antioxidantes. Além disso, os frutos da amora-preta (Rubus spp.) apresentam alta qualidade nutricional e valor econômico (Antunes, 2002), sendo fonte de carboidratos, vitaminas do complexo B, vitamina A, minerais e cálcio (Antunes, 2002; Antunes, 2004; Jacques e Zambiazi, 2011), além de ser fonte de antioxidante natural (Koca e Karadeniz, 2009), fibras, metabólitos secundários e compostos fenólicos (Jaakkola et al., 2012). Eles também apresentam ácidos graxos essenciais como o linoléico, o linolênio e seus derivados que regulam várias funções do corpo, incluindo pressão arterial, imunidade, resposta inflamatória e viscosidade sanguínea (Simopoulos e Salem, 1996; Pawlosky et al., 1996). O consumo dos frutos frescos ou processados (Rubus spp.) está associado a várias atividades biológicas como antioxidante, antimicrobiana e anti-cancerígena (Bobinaitė et al., 2012), reduzindo o risco de acidentes cardiovasculares e de doenças neurodegenerativas (Kusznierewicz et al., 2012). Na China, os frutos de Rubus chingii H.H. Hu são utilizados na medicina para o tratamento de ejaculação precoce, impotência e incontinência urinária (Zhong et al., 2015). Bobinaitė et al. (2012) identificaram a presença de antocianinas, elagitaninos e monômeros como classes principais de compostos fenólicos nas frutas do gênero Rubus. Os compostos fenólicos incluem ácidos (hidroxicinâmico e hidroxibenzóico) e flavonóides livres, como as agliconas glicosiladas (catequina, epicatequina, quercetina e campferol). Sua ocorrência, tipo e quantidade podem variar devido a fatores genéticos, ambientais e/ou tratamento, colheita, armazenamento e análise. Segundo Antunes (2004), entre todos os compostos da amora- preta encontra-se o ácido elágico, um potente inibidor da indução química do câncer pelas funções anti- mutagênicas, anticancerígenas (Antunes, 2004), e propriedades inibidoras contra a replicação do vírus HIV (Maas et al., 1991). O estudo realizado por Hummer (2010) sobre a farmacologia de Rubus sugere que os frutos serviram de alimento e fonte medicinal para os povos nativos logo após o período glacial, traz também um relatório sobre o histórico de usos medicinais de Rubus. Segundo o mesmo autor, são inúmeras as aplicações de Rubus, sendo 10 10 utilizadas todas as partes da planta (hastes, ramos, raízes, folhas, frutos e flores). O chá dos ramos era utilizado para cessar diarreia, tingir o cabelo, evitar o corrimento vaginal e como antígeno contra picada de cobra. As folhas eram mastigadas para fortalecer a gengiva e para hemorroidas. As flores trituradas com óleo reduziam inflamações dos olhos, erupções cutâneas e, em infusões com água ou vinho, auxiliavam no combate às doenças do estômago. Extratos de frutos têm sido utilizados como corantes e estão agora sendo testados como anti-carcinogênico, antiviral, antialérgico e como hidratante (cosméticos) (Hummer, 2010). Desta forma, o estudo da espécie selecionada se faz necessário frente aos benefícios que pode trazer à população, viabilizando a elaboração de novos produtos e garantindo a exploração sustentável. 1.1. Objetivo geral Indicar as potencialidades de Rubus sellowii Cham. & Schltdl., favorecendo a exploração adequada da espécie. 1.2. Objetivos específicos - Conhecer as características físico-químicas e nutricionais de frutos de Rubus sellowii, visando estimular a sua utilização no desenvolvimento de novos produtos alimentícios. - Avaliar os principais grupos de metabólitos secundários presentes nos extratos aquoso, hidroetanólicos e etanólicos de folhas e frutos de Rubus sellowii. - Avaliar a atividade antimicrobiana e antioxidante dos extratos aquoso, hidroetanólicos e etanólicos de folhas e frutos de Rubus sellowii. - Verificar se o extrato aquoso de folhas e frutos de Rubus sellowii apresenta efeito fitotóxico sobre a germinação e o crescimento inicial de Lactuca sativa. 11 11 2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO A estrutura da dissertação está em forma de três capítulos, os quais contêm os resultados dos estudos realizados e redigidos na forma de artigos. Os capítulos estão formatados de acordo com as normas definidas pelo corpo editorial das revistas a que se pretende a submissão. Inicialmente é apresentada a metodologia de todos os estudos realizados com a espécie e, em seguida constam os resultados estruturados em capítulos, conforme descrito a seguir. No capítulo 1 está exposta a caracterização físico-química dos frutos de amora-preta através do artigo Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (Rosaceae) Fruit Nutritional Potential Characterization. O capítulo apresenta as análises físico-químicas dos frutos com a finalidade de caracterizar os teores nutricionais presentes em três populações da espécie. O referido artigo encontra-se nas normas da revista Journal of Functional Foods para onde foi enviado. As normas da revista encontram-se em anexo (Anexo 1). O capítulo 2, intitulado Estudo fitoquímico, atividade antioxidante e antimicrobiana de extratos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (Rosaceae), apresenta a caracterização dos compostos fenólicos, atividade antioxidante e antimicrobiana dos extratos aquosos, hidroetanólicos e etanólicos de folhas e frutos da espécie. O capítulo está estruturado na forma de artigo científico a ser submetido na revista Journal Medicinal Plants Research após considerações da banca e tradução para a língua inglesa. As normas da revista encontram-se no anexo (Anexo 2). O capítulo 3, Ação alelopática dos extratos aquosos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schktdk. (Rosaceae), apresenta o estudo sobre o efeito dos extratos aquosos de folhas e frutos da espécie sobre a germinação e o crescimento de Lactuca sativa (alface). O capítulo está estruturado na forma de artigo científico a ser submetido para a Brazilian Journal of Botany após considerações da banca e tradução para a língua inglesa. As normas da revista encontram-se no anexo (Anexo 3). Na sequência são apresentadas as considerações finais, considerando todos os estudos realizados com a espécie, a lista total de referências e os anexos. 12 12 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Coleta do material botânico As plantas selecionadas para coleta dos frutos e folhas Rubus sellowii (Figura 1A-B) estão localizadas nos municípios de Lajeado (29°26’40.80” S e 51°56’19.93” W), Sério (29°23’19.68” S e 52°17’28.61” W), Canudos do Vale (29°19’52.57” S e 52°16’08.27” W), Arroio do Meio (29°19’26.37” S e 51°59’54.09” W) e Progresso (29°15’09.94” S e 52°22’34.39” W), distantes de moradias, rodovias e lavouras a fim de evitar contaminações. O período de coleta ocorreu sempre no período da manhã, entre as 7:00 e 12:00, durante os meses de Fevereiro, Março e Abril. Figura 1: A – frutos em vários estágios de maturação; B – inflorescência; C – estágio inicial de desenvolvimento dos frutos. 3.2. Caracterização físico-química de frutos Os frutos coletados foram levados para o laboratório de Química e de Nutrição e separados para cada uma das avaliações quanto ao teor de umidade, cinzas, proteínas, lipídios, carboidratos, pH, acidez, e fibras. 3.2.1 Determinação de umidade (U) Foram pesadas 5,0 g de amostra em triplicata, as quais foram secas individualmente até atingir peso constante em estufa a 105 °C (Instituto Adolf Lutz, 2008). A fórmula aplicada foi 𝑈 = 100∗𝑁 𝑃 , onde N corresponde A B C 13 13 ao número de gramas de umidade (perda de massa em gramas) e P corresponde à quantidade inicial da amostra em gramas. 3.2.2 Determinação de cinzas (C) Foram pesadas 5,0 g de amostra em cápsula de porcelana descontaminada. Estas foram mantidos por quatro horas em mufla a 550 °C. Posteriormente ao tempo de aquecimento, a amostra foi novamente pesada (Instituto Adolf Lutz, 2008). A fórmula aplicada foi 𝐶 = 100∗𝑁 𝑃 , onde N corresponde à quantidade de massa perdida com o aquecimento e P corresponde à quantidade inicial da amostra em gramas. 3.2.3 Determinação de proteínas totais (PT) O método empregado foi de Kjedahl, o qual se divide em três etapas: digestão, destilação e titulação (Instituto Adolf Lutz, 2008). A fórmula aplicada foi 𝑃𝑇 = 𝑉∗0,14∗𝑓 𝑃 , onde V corresponde ao volume de ácido sulfúrico 0,1M gastos na titulação, P corresponde ao número de gramas da amostra e f corresponde ao fator de correção da solução de ácido sulfúrico (6,25) e 0,14 é a massa do nitrogênio dividida por 100. 3.2.4 Determinação de lipídios totais (LT) A quantificação dos lipídios foi realizada no laboratório UNIANÁLISES Laboratório de análises e prestação de serviços UNIVATES realizada em AOAC. Official Methods of Analysis (2012). Method 920.177, Cap. 44, p. 24. (Anexo 4). 3.2.5 Determinação de carboidratos totais (CT) A determinação foi feita através do cálculo por diferença de 100 gramas de amostra e a soma total dos valores encontrados para umidade, proteína, lipídios e cinzas (Instituto Adolf Lutz, 2008), ou seja, 100g (amostra) menos a soma total dos componentes. 3.2.6 Determinação do potencial hidrogeniônico (pH) 14 14 Foram utilizados 10 g de amostra diluída em 100 mL de água, usando um pHmetro Digimed (Instituto Adolf Lutz, 2008). 3.2.7 Determinação da acidez titulável (AT) Foram pesadas 5,0 g de amostra úmida dos frutos, a qual foi acrescentado 50 mL de água e duas gotas da solução fenolftaleína 1% e titulado com solução de hidróxido de sódio 0,1 M até atingir coloração rósea (Instituto Adolf Lutz, 2008). A fórmula aplicada foi 𝐴𝑇 = 𝑉∗𝑓∗100 𝑃∗𝑐 , onde V corresponde ao volume (em mL) da solução de hidróxido de sódio 0,1M gasto na titulação, f corresponde ao fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 M, P corresponde à quantidade inicial da amostra usada na titulação e c corresponde à correção para solução de NaOH 1 M, 10 para solução NaOH 0,1 M e 100 para solução NaOH 0,01 M. 3.2.8 Determinação de fibras (F) A quantificação de fibra alimentar total dos frutos foi realizada no laboratório do Grupo Eurofins. Sendo que para a determinação das fibras alimentares o método utilizado foi AOAC 991.43 – Fibra Alimentar Total. (Anexo 5). 3.2.9 Aminograma A polpa dos frutos utilizada para a análise foi uma mistura homogênea dos frutos dos três municípios devido o amadurecimento e baixa quantidade encontrada. O preparo da amostra passou por um processo de hidrólise ácida, sendo utilizado 120 mg da amostra em triplicata adicionado 30 mL de ácido clorídrico 6 molar, e colocados em estufa a 110 °C por 24 horas. Após foi realizada a etapa de evaporação em fluxo de nitrogênio e a temperatura da amostra a 65°C. O evaporado foi recuperado através da utilização de 5 mL de fase móvel A e filtrada com filtro para seringa de acetato celulose 0,45 um e analisada no HPLC. As soluções padrão utilizadas foram solução padrão AA-MA Shimadzu: citrato de sódio 0,20 N (ajustado para pH 3,2 com ácido perclórico) e 7 % de etanol; solução padrão AA-MB Shimadzu: citrato de sódio 0,60 N e ácido bórico 0,20 M (ajustado para pH 10,0 com hidróxido de sódio 4 M). Solução padrão AA-MC Shimadzu: hidróxido de sódio 0,20 M. Solução tampão AA-RA Shimadzu: solução de ácido bórico – ácido carbônico (pH 10,0). Solução padrão AA-RB Shimadzu (Solução reagente de orto-ftaldeído - OPA): solução de ácido bórico – ácido carbônico (pH 10,0), 0,08 % de OPA, 1,40 % de etanol, 0,10 % de n-acetil-l-cisteína e 0,04% de hipoclorito de sódio. Os aminoácidos analisados foram Asp – ácido aspártico, Thr – treonina, Ser – Serina, Glu – ácido glutâmico, Pro – prolina, Gly – 15 15 glicina, Ala – alanina, Cys – cisteína, Val – valina, Met – metionina, Lle – isoleucina, Leu – Leucina, Tyr – tirosina, Phe – fenilalanina, His – histidina e Lys – lisina. A análise quantitativa dos aminoácidos foi realizada em HPLC da marca Shimadzu, a bomba da fase móvel LC-20AT e a bomba reagentes LC-20AD, coluna Shim-parck Amino-Na 6,0mm id x 100mm e Trap ISC-30/S 0504 (Na) 4,0mm id x 50mm. Na fase móvel A, a temperatura da coluna é 60 °C com fluxo de 0,6 mL/min. O volume de injeção de amostra foi de 10. Este método foi desenvolvido pela Shimadzu (2008). 3.2.10 Determinação de ácido L-ascórbico (vitaminas C) (AA) Para a análise foram pesadas 0,5 g de amostra em triplicata e se adicionou 50 mL de solução de ácido oxálico 1% (m/v) no erlenmeyer. Após as amostras foram tituladas com solução de 2,6-diclorofenolindofenol- sódio até a coloração rosa persistente. Para a solução padrão de ácido ascórbico foram pesados 0,05g de ácido ascórbico p.a. e diluído em 100 ML de solução de ácido oxálico 1%. E para a solução padrão utilizada para a titulação foram pipetados 10 mL da solução padrão de ácido ascórbico (triplicata) em erlenmeyer contendo 50 mL de solução de ácido oxálico e em seguida, foram titulados com solução de 2,6-diclorofenolindofenol-sódio até a coloração rosa persistente (MAPA/SDA/CGAL, 2013). 3.2.11 Determinação de carotenoides e Licopeno Para a determinação dos teores de carotenoides foram pesadas 3 g de polpa de fruta em triplicata, ao quais foram acrescidas 3 g de celite para formação de uma pasta. Em seguida foram adicionados 20 mL de acetona, deixando-se decantar para posterior retirada do sobrenadante e realização da filtração. Na parte decantada adicionou-se mais acetona até a mesma ficar esbranquiçada. Os filtrados foram colocados num funil de separação junto com 30 mL de éter de petróleo, agitou-se vagarosamente e acrescentando 100 mL de água destilada pelas paredes do balão, evitando a formação de emulsão. Observou-se a formação de duas fases uma com éter de petróleo mais carotenoides e a outra com água e acetona. A fase com água e acetona foi descartada, adicionando mais água no balão até a remoção da acetona. Em seguida, a fase com éter de petróleo mais carotenoides foi filtrada através da adição de um pouco de sulfato de sódio anidro para remoção da água. O filtrado foi transferido para um balão volumétrico de 50 mL âmbar completando o volume com éter de petróleo. O teor de carotenoides totais e licopeno foram determinados em um espectrofotômetro em 450 e 470 nm respectivamente. Esta análise foi realizada de acordo com Rodriguez-Amaya e Kimura (2004). 16 16 3.2.12 Teste de digestabilidade (D) A determinação da digestibilidade in vitro foi baseada no trabalho de Schmidt (2008), adaptando as condições da amostra desse estudo. Inicialmente foi pesada uma quantidade de amostra que corresponda ao equivalente a 0,5 g de proteína. Após, foi adicionado 15 mL de uma solução de 1,5 mg de pepsina por mL de HCl 0,1 N e 0,5 mL de solução de digluconato de clorexidina (10 mg/mL), homogeneizando e levada a banho-maria a 37ºC por três horas, com agitação periódica. Posteriormente ao tempo, os tubos contendo as amostras foram resfriados e a solução foi ajustada a pH 8,0 com uma solução de NaOH 0,2 N. Ao produto hidrolisado pela pepsina, foi adicionado 10 mL de uma solução de pancreatina (0,5 mg de pancreatina por mL de tampão fosfato pH 8,0) a qual foi deixada em banho-maria a 37ºC, por 24 horas com agitação periódica. Decorrido o tempo de hidrólise foi adicionado 5 mL de uma solução de TCA 5% à amostra. A mesma foi centrifugada por 15 minutos para separação do material insolúvel, de forma que o filtrado resultante foi recolhido para posterior determinação do nitrogênio digerido pelo método de Kjeldhal. A digestibilidade in vitro foi expressa como a porcentagem de nitrogênio digerido em relação ao nitrogênio total na amostra inicial. A fórmula utilizada para calcular foi 𝐷(%) = (𝑁𝑑 ∗ 100)/𝑁𝑡, onde Nd corresponde ao nitrogênio digerido e Nt ao nitrogênio total. 3.3 Estudo fitoquímico, atividades antioxidante e antimicrobiana dos extratos 3.3.1. Preparo dos extratos O preparo dos extratos de folhas e frutos seguiu o método adaptado de Mayachiew e Devahastin, (2008). Após a coleta, folhas e frutos foram lavados, selecionados considerando o estado fitossanitário e congelados a -80 °C. As amostras em estudo foram liofilizadas e trituradas e então mantidas sob refrigeração a -80 °C até posterior utilização. No caso dos frutos, as sementes foram retiradas durante o processo de trituração. As amostras em pó de frutos e folhas serviram de base para o preparo dos extratos aquoso etanólico e hidroetanólico com a utilização dos solventes água destilada, etanol 99,8% vol (solvente orgânico polar) e mistura de água destilada e etanol (1:1), respectivamente, totalizando seis extratos (Tabela 1). Para o preparo de cada um dos extratos, todos em triplicata, foram retiradas 5,0 g de pó seco de folhas e de frutos e transferidas para vidros âmbar de 500 mL. Sobre o pó foi adicionado 200 mL dos respectivos solventes, resultando 18 amostras para o estudo. Os extratos foram mantidos em agitação a 125 rpm por 12 horas no escuro (Figura 2a). No final do processo, as soluções foram filtradas em papel filtro e a parte líquida foi armazenada no escuro à temperatura ambiente para posterior utilização (Figura 2b). Os extratos obtidos foram colocados em rotaevaporador em banho termostatizado a 40 °C para evaporação da parte líquida (Figura 2c) (Simões et al., 2004) e então armazenados a 4 °C até a utilização para as análises de polifenóis, flavonoides e atividades antioxidante e antimicrobiana. 17 17 Tabela 1 – Extratos preparados a partir de folhas e frutos de Rubus sellowii liofilizados com o respectivo solvente utilizado e a identificação de cada um (EtOH – etanol). Material vegetal Concentração/Solvente Código do extrato obtido FOLHAS (5g em pó) 100 % EtOH Extrato 1 50 % EtOH / 50 % H₂O (destilada) Extrato 2 100 % H₂O (destilada) Extrato 3 FRUTOS (5g em pó) 100 % EtOH Extrato 4 50 % EtOH / 50 % H₂O (destilada) Extrato 5 100 % H₂O (destilada) Extrato 6 Figura 2: A – Extratos na mesa agitadora; B – Extrato sendo filtrado; C – Extrato no rotaevaporador. 3.3.2 Quantificação total de polifenóis A quantificação total de polifenóis (QTP) nos extratos de folhas e frutos será avaliada através do método de Folin-Ciocalteu, conforme Souza et al. (2007) e Singleton e Rossi (1965). Este método consiste essencialmente na utilização do ácido gálico como padrão. Para a determinação da concentração do composto foi utilizado 3,16 mL de água destilada, 600 µL de solução carbonato de sódio (Na2CO3) a 15%, 200 µL de solução Folin-Ciocalteu 1 N e 40 µL solução metanólica de ácido gálico na concentração de 5000 µg/mL. Para a solução padrão foi construída uma curva de calibração de 50, 100, 150, 250 e 500 μg/mL (Figura 3). A avaliação dos extratos foi feita com a substituição da solução metanólica de ácido gálico pelas amostras de folhas e frutos na concentração de 1 mg/mL. Após o preparo das soluções, as mesmas foram agitadas em vórtex por 15 segundos, em seguida colocados em banho-maria a 40 °C por 30 minutos. Passado o tempo de banho foi realizada a leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda de 765 nm. A B C 18 18 A QTP será expressa em mg equivalentes do ácido gálico por grama de extrato de folhas e frutas (mg EAQ/g). Todas as amostras foram analisadas em triplicata. Figura 3 – Modo de preparo da curva padrão de ácido gálico Fonte: da Autora 3.3.3 Quantificação total de flavonoides A quantificação total de flavonoides foi determinada pelo método espectroscopia segundo descrito por Woisky e Salatino (1998). Primeiramente foi construída uma curva padrão com solução metanólica de rutina nas concentrações de 100; 75; 50; 25; 12,5; 6,25 e 3,12 μg/mL. Preparou-se uma solução de cloreto de alumínio (AlCl3) 5%. Após foram adicionados 1 mL de cada uma das diferentes concentrações da curva em cubetas e adicionadas a cada uma delas 2 mL da solução de alumino. Para o branco da amostra se procedeu da mesma forma apenas substituindo o cloreto de alumínio por metanol. As amostras foram homogeinizadas com o auxílio de uma pipeta e mantidas em temperatura ambiente por 30 minutos. Transcorrido e tempo, foi realizada a leitura das amostras em espectrofotômetro à 415 nm. Para a determinação dos extratos procedeu-se da mesma forma apenas substituindo a solução metanólica de rutina pelas amostras de folhas e frutos em triplicata na concentração de 500 μg/mL. 3.3.4 Avaliação da capacidade antioxidante (redução do radical DPPH) A avaliação da atividade antioxidante foi determinada através da capacidade de redução do radical DPPH por espectrofotometria conforme metodologia descrita por Mensor et al. (2001), em triplicata. Como padrão foi 19 19 utilizado uma solução metanólica de ácido ascórbico na concentração de 0,01 %. Foi preparado previamente antes da análise uma solução metanólica de DPPH à 0,004 %. Posteriormente, foi realizada a curva padrão de ácido ascórbico nas seguintes concentrações 100; 50; 25; 12,5; 6,25 e 3,125 μg/mL. Em seguida, foram separadas seis cubetas, em uma delas foi acrescentado 1,8 mL de metanol e nas demais foi adicionado apenas 1 mL. Na cubeta com 1,8 mL foi acrescentado mais 200 μL da solução metanólica de ácido ascórbico e a partir desta foram feitas diluições seriadas de 1 mL. Após foi adicionado mais 2 mL da solução metanólica de DPPH em cada uma das cubetas e homogeinizadas com o auxílio de uma micropipeta. Fazendo um intervalo de 40 segundos cronometrados entre cada uma das concentrações. A reação decorrerá no escuro durante 30 minutos à temperatura ambiente. A absorbância será medida em espectrofotômetro a 517 nm e o IC50 foi calculado para cada uma dos extratos, de acordo com a equação %𝐴𝐴 = 100{ [(𝐴𝑎−𝐴𝑏)∗100] 𝐴𝑐 }, onde: Aa corresponde à absorbância da amostra; Ab corresponde à absorbância do branco e Ac à absorbância do controle. 3.3.5 Atividade antimicrobiana 3.3.5.1 Meios de cultura, microrganismos e antibiótico Para a avaliação da capacidade antimicrobiana foram utilizados dois meios de cultura distintos: o meio Mueller-Hinton para o crescimento das bactérias Escherichia coli (ATCC 25922) (Gram negativa) e para Staphylociccus aureus (Gram positivo) (ATCC 25923) e o meio de cultura Sabouraud para o crescimento da levedura Candida albicans (ATCC 10231) para a realização dos antibiogramas. Os meios foram preparados de acordo com as indicações do fabricante e esterilizados por autoclavagem a 121⁰C durante 15 minutos. Para E. coli o antibiótico utilizado foi Gentamicina na concentração de 120 μg/mL, S aureus foi Vancomicina na concentração de 64μg/mL e para C. albicans foi Fluconazol na concentração de 60 μg/mL. 3.3.5.2 Preparo do inóculo A reidratação dos microrganismos foi realizada em ambiente estéril com o auxílio de alça estéril, transferindo os mesmos para placas contendo os meios adequados para cada microrganismo e incubados E. coli e S. aureus à 36 °C ± 2 por 24 horas e a C. albicans à 25 °C ± 2 por 48 horas. Decorrido o tempo de incubação procedeu-se para a preparação do inóculo diluindo-se o microrganismo em solução salina 0,8 % estéril para obtenção da turbidez pretentida. Para a verificação da turbidez foi realizada uma leitura em espectrofotômetro a 625 nm (NCCLS, 2003), até obtenção da absorbância entre 0,08 e 0,13 na escala de MacFarland segundo Clinical and Laboratory Standards Institute (2005). Após a obtenção da turbidez pretendida, foi retirado 200 μL do inóculo 20 20 e transferido para tubos de ensaio com 10 mL do meio, obtendo-se o meio com inóculo para a determinação da concentração inibitório mínima (CIM). 3.3.5.3 Determinação da concentração inibitória mínima A CIM foi realizada em ambiente estéril pelo método de microdiluição usando placas de acrílico com 96 poços. Com o auxílio de uma micropipeta multicanal foi adicionado da linha A até a linha G 100 μL do meio com inóculo. Na linha A juntamente com o meio com inóculo foi adicionado 100 μL da solução dos extratos em triplicata, o antibiótico conforme o microrganismo em análise e o controle de DMSO e EtOH. Após foi realizada uma homogeinização dos poços da linha A e em seguida uma diluição seriada de 100 μL até a linha F. A linha G foi utilizada como controle positivo, onde só tem meio com inóculo. Já a linha H foi usada como controle negativo, na qual foi adicionado 100 μL de meio sem microrganismo. Ao término das diluições as placas foram incubados em temperatura e tempo adequado para cada microrganismo. Figura 4: Preparo da placa de 96 poços para determinação da concentração inibitória mínima. 3.3.5.4 Confirmação da concentração inibitória mínima 21 21 Para a confirmação do CIM foi adicionado as placas 30 μL de solução aquosa estéril de resazurina a 0,02 %. Essa solução revela crescimento do microrganismo através da mudança de coloração do azul para o rosa. Após a transferência da resazurina, as placas são mantidas por 30 minutos em temperatura compatível com cada microrganismo. Figura 5a-b: Revelação das placas com o resazurina. A – Extrato de folhas em E. coli e B – Extrato de frutos em S. aureus. 3.3.5.5 Concentração bactericida mínima (CBM) Para a determinação da CBM, se realizou a semeadura em placas de Petri com meio de cultura adequado de todos os poços onde não houve coloração com o corante utilizado. Em seguida as placas foram incubadas em estufa com tempo e temperatura adequada para cada um dos microrganismos. Decorrido o tempo as placas foram analisadas, onde houve o crescimento do microrganismo no meio de cultura significa ação bacteriostática e a ausência de crescimento significa ação bactericida. 3.4 Avaliação da atividade Alelopática 3.4.1 Preparo dos extratos Folhas e frutos foram coletados, lavados, congelados e submetidos à liofilização. Após a liofilização, pesou-se 100g das amostras de folhas e frutos que foram macerados e submetidos à infusão em água de osmose reversa, aquecida a 90 °C, na proporção de 1:10 w:v. A seguir foram mantidos para resfriar em temperatura ambiente por uma hora. As infusões foram então filtradas em algodão e os extratos obtidos foram congelados para utilização nos ensaios de germinação e crescimento, realizados no Laboratório de Botânica do Tecnovates, Univates. 22 22 Figura 6: A – Diferentes concentrações do extrato aquoso de folhas e B – Montagem do bioensaio de crescimento. 3.4.2 Bioensaio de germinação Foram utilizadas cipselas de Lactuca sativa (Gran Rapids) como espécie receptora, distribuídas em placas de Petri (9,0 mm) sobre uma folha de papel germitest. Em cada placa de Petri foram estabelecidas 25 cipselas (uma repetição) de L. sativa e 8,0 mL de extrato nas diferentes concentrações (0; 0,1; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0%) e pH ajustado ao mesmo pH do extrato 100%, correspondendo a 14 tratamentos, cada um com quatro repetições com delineamento experimental casualizado valor do pH do extrato puro (2.7), verificado com pHmetro. Após para o tratamento de pH, foi ajustado o pH da água destilada para o mesmo pH do extrato puro. As placas de Petri foram mantidas por seis dias em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas/luz, temperatura de 25 °C (± 2 °C) e intensidade luminosa de 91 µmol.m 2 .s -1 . A avaliação da germinação foi realizada a cada 12 horas, sendo consideradas como germinadas as cipselas com protrusão radicular de 2,0 mm (Trezzi, 2002; Juntila, 1976). Foram determinados o percentual de germinação (PG) e índice de velocidade de germinação (IVG) para cada tratamento pela expressão 𝐼𝑉𝐺 = ( 𝐺1 𝑁1 ) + ( 𝐺2 𝑁2 ) + (… ) + ( 𝐺𝑛 𝑁𝑛 ), onde: G1 = número de sementes germinadas na primeira contagem; N1 = número de horas decorridas até a primeira contagem; G2 = número de sementes germinadas na segunda contagem N2 = número de horas decorridas até a segunda contagem e n corresponde à última contagem (Maguire, 1962). 3.4.3 Bioensaios de crescimento Para a avaliação dos bioensaios de crescimentos as cipselas passaram por um pré-tratamento, sendo mantidas por 36 horas em placa de Petri com papel germitest e água destilada, para o crescimento radicular e o aparecimento de folhas cotiledonares. Após as plântulas foram estabelecidas em placas de Petri contendo 8,0 mL de extrato nas mesmas concentrações utilizadas no ensaio de germinação, e acondicionadas em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 25 °C (± 2 °C) e intensidade luminosa de 91 µmol.m 2 .s - A B 23 23 1 . O delineamento experimental foi casualizado. Decorridos cinco dias em sala de crescimento as plântulas foram fotografadas e a medida do comprimento das raízes e da parte aérea foi realizada a partir do programa ImageJ. Todas as variáveis analisadas, tanto de germinação como de crescimento, foram submetidos a ANOVA seguida de comparação de médias por DMS em algumas foi realizada a regressão. 24 24 4. RESULTADOS CAPÍTULO 1: Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae) Fruit Nutritional Potential Characterization CAPÍTULO 2: Estudo fitoquímico, atividade antioxidante e antimicrobiana de extratos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (Rosaceae) CAPÍTULO 3: Ação alelopática dos extratos aquosos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schktdk. (ROSACEAE) 25 25 CAPITULO 1 Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae) Fruit Nutritional Potential Characterization Fonte: autora O artigo encontra-se nas normas da revista Journal of Functional Foods, submetido em 05/01/2017. As normas da revista encontram-se em anexo (Anexo 1). 26 26 Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae) Fruit Nutritional Potential Characterization Marelise Teixeira a , Taciélen Altmayer b , Fernanda Bruxel c , Carla Roberta Orlandi d , Neusa Fernandes de Moura e , Lucélia Hoehne a , Clelia Neves Afonso f , Elisete Maria de Freitas g a Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Centro Universitário UNIVATES, Av. Avelino Talini, 171 – Universitário, Lajedo por RS, 95900-000. Brasil. mareliset01@gmail.com b Curso de Engenharia Química, Centro Universitário UNIVATES. tacielen95@hotmail.com c Curso de Ciências Biológicas Licenciatura, Centro Universitário UNIVATES. fbruxel1@univates.br d Curso de Ciências Biológicas Bacharelado, Centro Universitário UNIVATES. carla-orlandi@hotmail.com e Universidade Federal do Rio Grande, Escola de Química e Alimentos. Rua Barão do Caí, 125 – Bairro Cidade alta, Santo Antônio da Patrulha por RS, 95500-000. Brasil. nfmfurg@gmail.com f MARE –Marine and Environmental Sciences Centre, ESTM, Instituto Politécnico de Leiria, Santuário Nossa Senhora dos Remédios, Apartado 126, 2520-641, Peniche, Portugal. clelia@ipleiria.pt g Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis, Centro Universitário UNIVATES. elicauf@univates.br ABSTRACT Fruit of Rosaceae species are widely used as food, besides being popularly used in the treatment of numerous disorders. However, there are few studies on this plant. Thus, the aim of this study was to know the physicochemical and nutritional characteristics of Rubus sellowii (Rosaceae), native mainly to Rio Grande do Sul State (RS), Brazil. For this purpose, three populations of the species were selected in the central region of the State aforementioned and fruits were analyzed through moisture, ash, titratable acidity, pH, lipids, fibers, carbohydrates, proteins, carotenoids, lycopene, ascorbic acid, aminogram and in vitro digestibility. Fruits showed high acidity (3.28 percent), higher mineral salt and protein (1.02 and 0.93 percent) and higher ascorbic acid (38.43 mg per 100 g) compared to Rubus cultivars. Due to Rubus sellowii nutritional properties, they provide benefits to human health and can be used as a new consumption alternative, complementing the human diet and valuing native species. KEYWORDS: Functional food, blackberry, healthy food consumption, beneficial health effects, native species, natural products 27 27 1. Introduction Brazil’s flora diversity has high potential for the development of new food products and for supplying raw material to the industry (Leite & Coradin, 2011). In addition, the demand for natural products with differentiated characteristics and properties that benefit consumers' health has grown (Dias, Schultz, Schuster, Talamini, & Révillion, 2015), not only for finished products, but also for ingredients to be included in more elaborated foods (Lima, Mélo, Maciel, & Lima, 2003). The demand is also a consequence of the incentive that has been given to the consumption of healthy foods (Levy-Costa, Sichieri, Pontes, & Monteiro, 2005; Neto, Denuzi, Rinaldi, & Staduto, 2010) that favor nutrient ingestion (Vizeu, Feijó, & Campos, 2005). In this context, fruits are important for providing vitamins, minerals, carbohydrates, fibers, proteins and lipids (Gomes, Silva, Radeke, & Oshiro, 2012). Fruit and other plant structures have vitamins and minerals that are essential for health maintenance, besides having protective effect against several serious diseases (Temple & Gladwin, 2003). However, much of the information regarding popular and traditional use is not enough to determine fruit efficacy and safety (Souza-Moreira, Salgado, & Pietro, 2010). Thus, there is the need to research the species nutritional characterization and find beneficial health effects (Maihara, Silva, Baldini, Miguel, & Fávaro, 2006). In addition, fruit may contain toxic components that cause illnesses (Turolla & Nascimento, 2006). The Rosaceae family has been widely used for the treatment of various disorders and has several of its species included in the Brazilian folk medicine plants list (Nogueira, Rosa, Haraguchi, & Vassilieff, 1998). Pharmacological studies show that Rubus genus (blackberry) species may be the source of important active principles (Nogueira et al., 1998), thus, it is essential to carry out studies on their species. In addition, the species is included in the List of Non-Conventional Plant Foods (NCPF) (Kinupp & Lorenzi, 2014). Therefore, the aim of the present study was to know the nutritional potential and physicochemical characteristics of Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae), popularly known as blackberry. It is a scandent shrub native to Brazil, occurring from the States of Minas Gerais to Rio Grande do Sul. It has composite leaves, often trifoliolate, flowers arranged in white-colored panicles and round, aggregate fruits of red to black coloration when ripe. It is a pioneer species, common in clearings and forest edges (Lorenzi, Bacher, Lacerda, & Sartori, 2006). 2. Material and Methods 2.1. Fruit Collection 28 28 Rubus sellowii (blackberry) fruits were collected from three populations located in municipalities from the central region of RS State, Brazil, and were named Population 1 (CV) (29°19’52.57” S and 52°16’08.27” W), Population 2 (PR) (29°15’09.94” S and 52°22’34.39” W) and Population 3 (SE) (29°23’19.68” S and 52°17’28.61” W). In order to avoid collecting contaminated fruits, the selected populations were located in distant areas from housing, roads and crops. Fruits were collected in the morning, between February, March and April 2015 and, at each collection, were duly identified and transferred to the Botanic Laboratory of Univates, where they were washed and frozen for further analysis. 2.2. Physicochemical Analysis Samples from each population were grounded separately until the formation of a homogeneous pulp and frozen in suitable containers for subsequent ash, moisture, titratable acidity, protein and carbohydrates analysis, as proposed by Instituto Adolfo Lutz (2008), and in vitro digestibility analysis, as described by Schmidt (2008). As there were fewer fruits from two of the populations selected for the study, amino acid, lipid, fiber, ascorbic acid and carotenoid analyzes were performed with a single sample. The sample consisted of a fruit pulp mixture of the three populations, in equal proportions. All parameters were analyzed in triplicate. 2.3. Amino Acids For amino acid analyzes, blackberry fruit pulp samples were sent to the Food Research and Production Technology Center (CTPPA), Univates Science and Technology Park, TECNOVATES. Amino acids were determined through the methodology proposed by Shimadzu High-Performance Liquid Chromatograph (2008). 2.4. Fibers Total dietary fiber contents were obtained at the Eurofins Group Laboratory, following the method proposed by the Association of Official Analytical Chemists (AOAC 991.43, 1995). 2.5. Ascorbic Acid Content In order to determine the ascorbic acid content, 0.5 g of pulp was removed in triplicate and the analysis followed the methodology described by MAPA, SDA and CGAL (2013). 2.6. Carotenoids and Lycopene 29 29 In order to determine carotenoid and lycopene contents, 3.0 g of fruit pulp was analyzed in triplicate, following the methodology described by Rodriguez-Amaya, & Kimura (2004). 2.7. Lipids Lipids quantification was obtained through analysis performed at the Laboratory of Analysis and Service Provision, UNIANÁLISES, Univates, following the Association of Official Analytical Chemists (AOAC - 920,177, 2012). 2.8. Statistical Analyzes The results of parameters evaluated in Rubus sellowii fruits were expressed by mean and standard deviation, and submitted to analysis of variance (ANOVA), followed by Tukey’s test (p <0.05 significance level), using InfoStat software. 3. Results and Discussion Mean pH values found in the fruits of the three studied populations ranged from 3.06 (SE) to 3.11 (CV), with a significant difference of population 3 (SE) in relation to the others (Table 1). Considering the pH scale, ranging from 1.0 to 14 (Mardini & Mardidni, 2000), where 7.0 corresponds to neutral acidity, whereas below and above 7.0 correspond to acidic and alkaline pH, respectively, Rubus spp. fruits had high acidity, what was already expected due to their acid to sweet-acid flavor (Hirsch, Facco, Rodrigues, Vizzotto, & Emanuelli, 2012). Ripe fruits of the evaluated populations are favorable for industrialization, since pH values between 3.0 and 3.2 are considered optimal for gel formation (Lopes, 2007). Fruit titratable acidity was high, ranging from 2.99 for population 3 (SE) to 3.28 for population 1 (CV), confirming the acid taste, since Rubus spp., according to Aroucha, Gois, Leite, Santos & Souza, has a higher titratable acidity value than fruits with low acidity, which range from 0.2 to 0.3 percent (Bonetti, Zanuzo, Machado, Constantino, Cacho, & Rieger, 2011). Values obtained for the three populations studied were higher than those reported by Hirsch et al. (2012) for blackberry (Rubus sp.) cultivars spread in Brazil’s southern region (1.30 to 1.58). This favors sustainable exploitation of the native species in the present study, since high acidity content provides high dilution and, consequently, higher yield in the final product for the juice industry (Andrade, Aragão, & Ferreira, 1993). In addition to high titratable acidity value, moisture determination results showed that fruits had high water content (PR - 82.56 to SE 83.02%), and there were no significant difference between the three populations (Table 1) . Higher values were found by Mota (2006) for Tupy and Guarani blackberry cultivars (91.7 and 90.47 percent, respectively), which were found in the municipality of Caldas, Minas Gerais, Brazil, and by Hirsch et al. (2012), for Guarani, Tupy and Cherokee 30 30 cultivars (86.1, 89.0 and 90.3 percent, respectively) in Pelotas, RS State. Variations show that fruit characteristics may differ when they come from different climatic regions (Hassimotto, Mota, Cordenunsi, & Lajolo, 2008). In the present study, population locations did not interfere in water amount, probably because the populations are in municipalities of the same region, and with little climatic variation between them. Mineral salts content, determined by ash analysis, ranged from 0.63 (SE) to 1.02 percent (PR), showing a significant difference between population 2 (PR) and the other two populations. Hirsch et al. (2012) recorded lower values (0.38 to 0.49 percent) for blackberry cultivars. Lower values were also recorded for Annanas comosus (pineapple) (0.31 percent) (Oliveira, Carvalho, Martins, & Moreira, 2012), Citrus aurantium (orange) (0.3 percent), Cucumis melo (melon) (0.5 percent), Mangifera indica (mango) (0.4 percent) and Carica papaya (papaya) (0.4 percent) (Storck, Nunes, Oliveira, & Basso, 2013). According to Antunes (2002), blackberry fruits have considerable mineral amounts, which play an important role in human health development and maintenance (Ercisli & Orhan, 2008). Therefore, they are considered important mineral sources (Hardisson, Rubio, Baez, Martin, Alvarez, & Diaz, 2001). Mineral salts in a higher level than that registered for fruits of cultivars of the same genus reinforces the importance of stimulating the consumption of fruits obtained from Rubus native species. Differing from other studies with blackberry varieties, fruits of the species populations of the present study showed higher carbohydrate amounts (PR = 15.10 and SE = 15.31 percent), without significant differences between populations (Table 1). Antunes (2002) stated that blackberry fruits contain about 10 percent carbohydrates, corroborating with Jacques & Zambiasi (2011), who obtained values of 6 to 13 percent for blackberry (Rubus spp). This amount is also higher than values recorded for Fragaria vesca L. (strawberry) (6.8 percent), Averrhoa carambola L. (starfruit) (7.5 percent) and Cucumis melo L. (melon) (7.5 Percent) (NEPA by UNICAMP, 2011). As carbohydrates perform important cellular functions, especially regarding the nutrition of central nervous system cells and energy supply (Pinheiro, Porto, & Menezes, 2005), carbohydrates presence in higher amounts makes this fruit attractive for consumption, and it could be part of everyday food. Table 1: Mean and standard deviation of fruit pulp physicochemical parameters of three Rubus sellowii Cham. & Schlitdl. (Rosaceae) populations. Parameters (in percentage) CV PR SE pH 3.11 ± 0.01 (a) 3.10 ± 0.01 (a) 3.06 ± 0.005 (b) 31 31 Titratable acidity 3.28 ± 0.04 (a) 3.20 ± 0.04 (a) 2.99 ± 0.03 (b) Humidity 83.01 ± 0.72 (a) 82.56 ± 0.11 (a) 83.02 ± 0.40 (a) Ashes 0.73 ± 0.13 (b) 1.02 ± 0.06 (a) 0.63 ± 0.08 (b) Carbohydrates 15.30 ± 0.35 (a) 15.10 ± 0.11 (a) 15.31 ± 0.65 (a) Proteins 0.92 ± 0.09 (a) 0.90 ± 0.08 (a) 0.93 ± 0.05 (a) Digestibility 79.84 ± 4.18 (a) 83.31 ± 1.29 (a) 78.81 ± 6.25 (a) Different letters on the same line show significant differences between populations (p <0.05). CV - population 1; PR - population 2 and SE - population 3. Values found for protein content ranged from 0.90 (PR) to 0.93 percent (SE), without significant difference between populations. Hirsch et al. (2012) reported lower protein values (0.09 to 0.14 percent) for blackberry cultivars. According to the Brazilian Food Composition Table (TACO), protein amount variation in fruits and by-products is 0.2 to 3.2 percent, corroborating with Tirapegui, Castro, & Rossi (2016), who mentioned that fruits and vegetables are low in protein, with these representing only 1 to 2 percent of their total weight. As a comparison parameter, Oliveira et al. (2012) reported that pineapple protein content is 0.72 percent, reinforcing the low protein amount recorded for fruits of the three populations studied. However, the values found in this study were higher than those indicated in studies on cultivars of the same plant group. In addition to the low protein content, most foods of plant origin have specific essential amino acids deficiency. However, their consumption must be stimulated, since feed must be diversified, so that nutritional needs are met (Tirapegui et al. 2016). Amino acids found in the Rubus selowii populations studied were glutamic acid (Glu) and histidine (His), which only represented 3.75 and 0.89 μMol per mL, respectively. Amino acids composition or presence and digestibility are related to the protein nutritive value (Pires, Oliveira, Rosa, & Costa, 2006). Digestibility corresponds to the protein part that will be hydrolyzed by digestive enzymes and made available as amino acids to the organism (Gerhardt, Vincenzi, Silva, Souza, Lima, Ethur, et al., 2014). In the in vitro digestibility evaluation of Rubus sellowii fruits, values expressed were high (78.81 for SE, 79.84 for CV and 83.31 percent for PR), demonstrating that Rubus sellowii fruits are easily digested, since, according to Toledo, Brazaca, Arthur, & Piedade (2007), plant proteins have digestibility of 80 percent. 32 32 Fruit pulp analysis also showed high ascorbic acid content (38.43 mg per 100 g) when compared to other fruits of the same genus. Jacques, Pertuzatti, Barcia, Zambiasi, & Chim (2010), while studying Rubus fruticosus fruit bioactive and volatile compounds, registered 0.9 mg per 100g of ascorbic acid. Similarly, Barcia, Jacques, Pertuzatti, & Zambiasi (2010) recorded 0.75 mg per 100 g of ascorbic acid for Tupy cultivar blackberry fruits. However, when compared to other fruits, ascorbic acid content was relatively low. In kiwifruit, the amount ranged from 84.6 to 116.6 mg per 100g (Gomes et al., 2012), in acerola it was 183 mg per 100g (Araújo, Figueiredo, Alves, Maia, & Paiva, 2007), in mango it was 89 mg per 100 g, and in papaya, it was 86 mg per 100 g (Hernandéz, Lobo, & Gonzáles, 2006). Ascorbic acid amount difference in natural products can be influenced by climatic conditions, soil type, storage and cultivation forms (Silva, Silva, & Oliveira, 2004). Pulp total dietary fiber content was 5.02 g per 100g, a value similar to that reported by Hirsch et al. (2012) (5.5 to 5.8 percent) when studying blackberry varieties, and by Souza, Rodrigues, Gomes, Gomes, & Vieites (2015), while characterizing blackberry fruits and jelly (4.12 to 9.13 percent). Fibers ingestion has innumerable benefits, such as reducing the risk of arterial hypertension and stroke, improving glycemic control in patients with diabetes mellitus, favoring the proper functioning of the immune system and helping in weight reduction (Bernaud & Rodrigues, 2013). Considering all the benefits that fiber ingestion provides, and that its daily intake should be of at least 30 g, Rubus sellowii fruits consumption should be stimulated. The lipid content found in the blackberry pulp was 0.12 g per 100g, a low value when compared to other fruits. According to the Brazilian Food Composition Table (TACO), in natura strawberry, also of the Rosaceae family, contains 0.3 percent of lipids. Guimarães & Silva (2008) evaluated the chemical, physical and microbiological composition of nance fruits and the in natura lipids content was 3.02 g per 100g. Oliveira et al. (2012), in a study with pineapple concentrated pulp, registered 0.29 percent lipids. Fruits and vegetables have low lipid amounts and highly energetic molecules (Somerville, Browse, Jaworski, & Ohrologge, 2000) containing unsaturated fatty acids that are beneficial to the health. In addition, they are necessary for liposoluble vitamins absorption, since they act as substances and nutrients carriers and constitute the cell membranes (Pinheiro et al., 2005). The total carotenoids content found in the blackberry pulp was 0.056 mg per g. Carotenoids are one of the most important pigment groups in nature (Oliver & Palou, 2000), responsible for fruit colors from yellow to red (Uenojo, Marostica Junior, & Pastore, 2007) and for performance of various functions, having structural diversity and wide distribution (Oliver & Palou, 2000). The value found in the fruit pulp was low in the present study compared to that recorded 33 33 by Jacques & Zambiasi (2011), who obtained 0.877 mg per g of total carotenoids in blackberry fruits (Rubus spp.). The same occurred with lycopene content, whose recorded value (9.09 μg per g) was low when compared to tomato (31 μg per g), papaya pulp (26 μg per g), red guava (53 µg per g) and surinam cherry pulp (73 μg per g) (Shami & Moreira, 2004). Lycopene synthesized by plants (Pelissari, Rona, & Matioli, 2008) has been attracting attention because it may provide protection against cancer and other degenerative diseases influenced by free radical reactions (Ellinger, Ellinger, & Stehle, 2006). 4. Conclusion Rubus sellowii fruits are beneficial to human health for their nutritional properties. Thus, the importance of Rubus sellowii fruits and their by-products in the diet is emphasized, contributing to the valorization of regional foods in human feed. As it has high acidity, it is an important mineral and protein source when compared to same genus cultivars. In addition, it is a source of ascorbic acid and carotenoids, even though in small amounts, complementing the diet and contributing to protect cells from oxidative damage, reducing the risk of developing some diseases. Thus, this study contributes to the improvement of scientific knowledge on the native plants of the region. Acknowledgment Thanks to CNPq for the Prosup scholarship and to the scholarship holders of Univates Botany Laboratory, for helping in all activities. Thanks to the owners who allowed access to their properties for fruit collection. Clélia Neves Afonso has the support of the Science and Technology Foundation (FCT), through the strategic project UID by MAR, 04292, 2013, granted to MARE. References: Andrade, J. S., Aragão, C. G., & Ferreira, S. A. N. (1993). Caracterização física e química dos frutos de Araçá-Pêra (Psidium acutangulum ) D. C.). Acta Amazonica, 23, 213-217. Antunes, L. E. C. (2002). Amora-preta: nova opção de cultivo no Brasil. Ciência Rural, 32, 151-158. AOAC - Association of Official Analytical Chemists (2012). Official Methods of Analysis. Method 920.177, Cap. 44, p. 24. AOAC - Association of Official Analytical Chemists (1995). Official Method 991.43. Total, Soluble, and Insoluble Dietary Fiber in Foods, Chapter 32, p. 7. 34 34 Araújo, P. G. L., Figueiredo, R. 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(Rosaceae) Marelise Teixeira1, Bárbara Buhl2, Talita Scheibel2, Bruna Reckziegel2, Fernanda Bruxel3, Eduardo Miranda Ethur4, Clelia Neves Afonso5, Elisete Maria de Freitas6 1Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Centro Universitário UNIVATES, Av. Avelino Talini, 171 – Universitário, Lajedo por RS, 95900-000. Brasil. mareliset01@gmail.com 2Curso de Farmácia, Centro Universitário UNIVATES. 3Curso de Ciências Biológicas, Licenciatura, Centro Universitário UNIVATES. 4Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Centro Universitário UNIVATES. 5MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, ESTM, Instituto Politécnico de Leiria. 6Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e em Sistemas Ambientais Sustentáveis, Centro Universitário UNIVATES. Autor correspondente: Resumo: Os compostos fenólicos são metabólitos secundários encontrados nas plantas que apresentam efeitos biológicos, incluindo atividades antioxidante e antimicrobiana. A descoberta de novos agentes é de extrema importância para um país como o Brasil que possui imensa biodiversidade. O gênero Rubus tem sido estudado por ser fonte de importantes princípios ativos com atividade antioxidante, antitumoral e anti-inflamatória. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi avaliar a atividade antimicrobiana, antioxidante e determinar o conteúdo de flavonoides e polifenóis nos extratos aquosos, etanólicos e hidroetanólicos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schltdl., espécie nativa, endêmica do Brasil. Os métodos utilizados foram Folin-Ciocalteu para polifenóis, espectroscopia para flavonoides, capacidade de redução do radical DPPH por espectrofotometria para atividade antioxidante e o método de micro diluição para atividade antimicrobiana. O conteúdo de polifenóis variou de 182 a 5097 mg de EAG/100 g de frutos e folhas, respectivamente. Para o teor de flavonoides totais, a variação foi de 16 a 234 mg de ERU/g, sendo as menores quantidades para os extratos de frutos. Os frutos apresentaram a menor capacidade antioxidante e o extrato etanólico de folhas apresentou a maior atividade antioxidante. Na atividade antimicrobiana, os extratos hidroetanólicos mostraram ação bactericida frente à S. aureus. Os extratos de folhas e frutos tiveram ação bacteriostática sobre E. coli. Já a levedura C. albicans se mostrou resistente a todos os extratos testados. As atividades apresentadas pelos extratos podem estar relacionadas à presença de 40 40 polifenóis e flavonoides em quantidades consideradas elevadas tanto em frutos quanto em folhas. A utilização da espécie, especialmente dos frutos, deve ser estimulada a fim de reduzir o risco de algumas doenças. Palavras chaves: Concentração Bactericida Mínima, Concentração inibitória mínima, extrato aquoso, extrato etanólico, extrato hidroetanólico, flavonóides, polifenóis. Introdução As plantas produzem uma enorme diversidade de substâncias químicas durante o seu metabolismo secundário, as quais são conhecidas como princípios ativos. Estas substâncias, podem provocar uma resposta biológica quando ingeridos ou introduzidos por qualquer via no organismo humano ou animal (Sousa et al., 1991), sendo por isso denominados como compostos bioativos. A descoberta dessas substâncias nas plantas, que constituem produtos naturais biologicamente ativos, se apresenta como base para a síntese de novos fármacos (Guerra e Nodari, 2004) e possível inclusão em alimentos funcionais. Alguns desses compostos podem apresentar ação antioxidante, sendo responsáveis pela proteção dos sistemas biológicos contra os efeitos adversos da oxidação excessiva. O stress oxidativo é o resultado da interferência entre os processos oxidativo e anti-oxidativo, tendo as suas moléculas origem em processos como a fotossíntese, fagocitose, reações enzimáticas e até origem exógena, como poluição, metais pesados e pesticidas. Como resposta, as células podem apresentar defesas como a produção de enzimas destoxificantes e compostos antioxidantes (Eckert et al., 2006), numa tentativa de evitar os efeitos nefastos, que potenciam o desenvolvimento de doenças degenerativas, cardiovasculares, cancro e diabetes (Dalle-Donne et al., 2006;. Markesbery, 1997; Tieu et al., 2003). Alguns compostos associados ao metabolismo secundário são também úteis no controle de contaminações microbianas, proporcionando mais qualidade de vida e reduzindo os estados de morbidade e mortalidade causada por microrganismos (Bianchi e Antunes, 1999). Contudo, a exploração do potencial das espécies vegetais só é possível com maior conhecimento sobre estas, com adoção de estratégias para difusão do conhecimento desenvolvido e do estímulo para o uso da flora nativa pela indústria e pela sociedade (Leite e Coradin, 2011). Além disso, a descoberta de novos agentes é de extrema importância para um país como o Brasil que possui imensa biodiversidade (Ostrosky et al., 2008). A amora Rubus sellowii Cham. & Schltdl. É um arbusto da família das Rosáceas que ocorre na zona sul de Sudoeste do Brasil, sendo uma espécie endêmica. O gênero Rubus têm sido utilizada na medicinal tradicional para o tratamento de vários distúrbios, as folhas ajudam a fortalecer a gengiva e no combate a hemorroidas, as flores reduzem inflamações dos olhos, erupções cutâneas, além de ajudar em doenças relacionadas ao 41 41 estômago, e os ramos são utilizados para cessar a diarreia e evitar corrimento vaginal (Hummer, 2010). Além disso, estudos farmacológicos demostram que as espécies do gênero Rubus podem ser fonte de importantes princípios ativos (Nogueira et al., 1998) com atividade antioxidante, antitumoral, anti-inflamatória e gastroprotetora (Patel, Rojas-Vera e Dacke, 2004). Segundo Shin et al. (2014), a espécie Rubus coreanus Miquel é popularmente utilizada como medicamento para combate do câncer de próstata e doenças do fígado, além de conter vários antioxidantes. O consumo dos frutos frescos ou processados (do gênero Rubus spp.), está associado a várias atividades biológicas (Bobinaitė et al., 2012), reduzindo o risco de acidentes cardiovasculares e de doenças neurodegenerativas (Kusznierewicz et al., 2012). Kanegusuku e colaboradores (2002) confirmaram a atividade hipoglicêmica e o uso popular brasileiro de R. imperialis como agente antidiabético. Na China, os frutos de R. chingii H.H. Hu são utilizados na medicina para o tratamento de ejaculação precoce, impotência e incontinência urinária (Zhong et al., 2015). Tais informações e a possibilidade de ampliar os benefícios para a humanidade reforçam a importância de ampliar o número de espécies do gênero a serem estudadas. Desta forma, o objetivo do estudo foi avaliar a atividade antimicrobiana, antioxidante e determinar o conteúdo de flavonoides e polifenóis nos extratos aquosos, etanólicos e hidroetanólicos de folhas e frutos de Rubus sellowii Cham. & Schltdl.. Material e Métodos Coleta das amostras e preparo dos extratos Folhas e frutos da amora-preta (Rubus sellowii Cham. & Schltdl.) foram coletados de uma população da espécie existente no município de Canudos do Vale (29°19’52.57” S e 52°16’08.27”W), Rio Grande do Sul, Brasil, distante de moradias, rodovias e lavouras a fim de evitar contaminações. A coleta dos frutos se estendeu de Fevereiro a Abril, com coletas semanais, sempre no período da manhã (7:00 até 12:00), em razão de o processo de amadurecimento ser gradual e longo. Passado o período de frutificação, foi realizada a coleta das folhas, também no período da manhã, no mês de Abril, em um único dia. Para o preparo dos extratos de folhas e de frutos foi seguido o método adaptado de Mayachiew e Devahastin, (2008). Assim, após cada coleta, folhas e frutos foram lavados, selecionados considerando o estado fitossanitário e congelados a -80 °C. As amostras em estudo foram liofilizados e triturados, sendo conservadas a - 80 °C até posterior utilização. No caso dos frutos, as sementes foram retiradas durante o processo de trituração. As amostras em pó serviram de base para o preparo dos extratos aquoso, com a utilização de água destilada, etanólico com a utilização de etanol 99,8% vol (solvente orgânico polar), e hidroetanólico 50% água destilada e 50% etanol, correspondendo a seis extratos cada um em triplicata (Tabela 1). Para cada extrato foram pesados 42 42 5,0 g de pó seco de folhas ou de frutos, em triplicata, colocados em vidro âmbar de 500 mL e adicionado 200 mL dos solventes selecionados, respeitando as concentrações citadas, resultando num total de 18 amostras em estudo. Os extratos foram colocados em agitação a 125 rpm por 12 horas no escuro. No final do processo, as soluções foram filtradas em papel filtro e a parte líquida armazenada no escuro à temperatura ambiente para posterior utilização. Os extratos obtidos foram colocados em rotaevaporador em banho termostatizado à 40 °C para evaporação da parte líquida (Simões et al., 2004) e então armazenados a 4 °C até a utilização para as análises de polifenóis, flavonoides e atividades antioxidante e antimicrobiana. Tabela 1 – Extratos preparados a partir de folhas e frutos de Rubus sellowii liofilizados com o respectivo solvente utilizado e a identificação de cada um (EtOH – etanol). Material vegetal Concentração/Solvente Código do extrato obtido FOLHAS (5g em pó) 100 % EtOH Extrato 1 50 % EtOH / 50 % H₂O (destilada) Extrato 2 100 % H₂O (destilada) Extrato 3 FRUTOS (5g em pó) 100 % EtOH Extrato 4 50 % EtOH / 50 % H₂O (destilada) Extrato 5 100 % H₂O (destilada) Extrato 6 Quantificação total de polifenóis A quantificação total de polifenóis (QTP) nos extratos de folhas e frutos foi efetuada através do método de Folin-Ciocalteu, conforme Souza et al. (2007) e Singleton e Rossi (1965). Este método consiste essencialmente na utilização do ácido gálico como padrão e a comparação desta atividade com as amostras em estudo. Para as análises do composto padrão, utilizou-se 3,16 mL de água destilada, 600 µL de solução carbonato de sódio (Na2CO3) a 15%, 200 µL de solução Folin-Ciocalteu 1N e 40 µL de solução metanólica de ácido gálico nas diversas concentrações indicadas. A solução padrão foi diluída, sendo construída uma curva de calibração com concentrações de 50 μg.mL-1, 100 μg.mL-1, 150 μg.mL-1, 250 μg.mL-1 e 500 μg.mL-1. A análise dos extratos foi realizada com a substituição da solução metanólica de ácido gálico pelas amostras de folhas e frutos na concentração de 1 mg.mL-1. Após o preparo das soluções, as mesmas foram agitadas em vórtex por 15 segundos, e em seguida colocados em banho-maria a 40°C por 30 minutos, após o que foi realizada a leitura em espectrofotômetro (Thermo Scientific, G10S-UV-VIS) em comprimento de onda de 765 nm. A QTP foi expressa em mg de equivalentes do ácido gálico (EAG) por grama de extrato de folhas ou frutas (mg EAG/g), a partir da equação da reta obtida para a curva de calibração. Todas as análises foram realizadas em triplicata. 43 43 Determinação do teor de flavonoides totais A quantificação total de flavonoides foi efetuada pelo método de espectroscopia descrito por Woisky e Salatino (1998). Primeiramente foi estabelecida uma curva padrão com solução metanólica de rutina nas concentrações de 100 μg.mL-1; 75 μg.mL-1; 50 μg.mL-1; 25 μg.mL-1; 12,5 μg.mL-1; 6,25 μg.mL-1 e 3,12 μg.mL-1. Foram adicionados em cubetas, 1,0 mL de cada uma das soluções de rutina com as diferentes concentrações indicadas e, adicionada a cada uma delas, 2,0 mL de uma solução de alumino (AlCl3) a 5%. Para o branco da amostra se procedeu da mesma forma, apenas substituindo o cloreto de alumínio por metanol. As amostras foram homogeneizadas com o auxílio de uma micropipeta automática e mantidas à temperatura ambiente por 30 minutos. Transcorrido o tempo, foi realizada a leitura das amostras em espectrofotômetro a 415nm. Para a determinação do teor de flavonoides nos extratos procedeu-se da mesma forma apenas substituindo a solução metanólica de rutina pelas amostras de folhas ou frutos em triplicata na concentração de 500 μg.mL-1. O teor de flavonoides totais foi expresso em mg de equivalentes de rutina (ERU) por grama de extrato de folhas ou frutas (mg ERU.g-1), a partir da equação da reta obtida para a curva de calibração. Todas as análises foram realizadas em triplicata. Determinação da capacidade antioxidante A avaliação da atividade antioxidante foi obtida através da medição da capacidade de redução do radical DPPH por espectrofotometria, conforme metodologia descrita por Mensor et al. (2001), em triplicata. Como padrão foi utilizada uma solução metanólica de ácido ascórbico na concentração de 0,01 %. Foi preparado previamente uma solução metanólica de DPPH a 0,004 %. A curva padrão de ácido ascórbico foi determinada nas seguintes concentrações: 100 μg.mL-1; 50 μg.mL-1; 25 μg.mL-1; 12,5 μg.mL-1; 6,25 μg.mL-1 e 3,125 μg.mL-1. A reação decorreu em cubetas, com 1,8 mL de metanol e 200 μL da solução metanólica de ácido ascórbico, a partir desta foram realizadas diluições seriadas de 1,0 mL. Ao final foram adicionados 2,0 mL da solução metanólica de DPPH e homogeneizadas com o auxilio de uma micropipeta. As amostras foram deixadas em repouso durante 30 minutos, ao abrigo da luz, à temperatura ambiente. A absorbância foi medida em espectrofotômetro a 517 nm e o IC50 foi calculado para cada um dos extratos, de acordo com a equação %𝐴𝐴 = 100 { [(𝐴𝑎−𝐴𝑏)∗100] 𝐴𝑐 }, onde Aa corresponde à absorbância da amostra, Ab corresponde à absorbância do branco e Ac corresponde à absorbância do controle. Determinação da atividade antimicrobiana in vitro 44 44 A atividade antimicrobiana in vitro foi avaliada através da utilização dos extratos, individualmente testados contra duas bactérias, Escherichia coli ATCC 25922 e Staphylococcus aureus ATCC 25923, e a levedura Candida albicans ATCC 10231. As amostras de bactérias foram incubadas em meio Mueller Hinton a 36 °C ± 2 °C por 24 horas e a levedura em meio Sabouraud a 25 °C ± 2 °C por 48 horas. Os fármacos padrão utilizados como controle positivo foram a Gentamicina (60 µg/mL), Vancomicina (64 µg/mL) e Fluconazol (64 µg/mL). A atividade foi determinada pelo método de micro diluição utilizando placas de 96 poços, segundo protocolo estabelecido pelo Clinical and Laboratory Standard Institute (2005), sendo determinadas a concentração bactericida/fungicida mínima (CBM) e a concentração bacteriostático/fungiostático mínima (CIM). Primeiramente, procedeu-se o preparo do inóculo com o microrganismo em solução salina estéril, a qual foi padronizada através da leitura da turbidez em espectrofotômetro UV-VIS em comprimento de onda de 625 nm até uma absorbância de 0,8 a 0,13, o que corresponde a 0,5 na escala nefelométrica de MacFarlend (1,5 x 108 UFC mL-1). Os extratos foram ajustados à concentração de 40 mg.mL-1 e submetidos a uma diluição seriada obtendo- se as concentrações de 20 mg.mL-1; 10 mg.mL-1; 5 mg.mL-1; 2,5 mg.mL-1; 1,25 mg.mL-1 e 0,625 mg.mL-1. Em seguida, foram adicionados 100 μL do inóculo nos poços da microplaca contendo as diluições em série dos extratos. Todos os experimentos foram realizados em triplicata. Após término das diluições, as placas foram incubadas em temperatura e tempo adequado para cada microrganismo. Para a confirmação da CIM, foi adicionado às placas, 30 μL de solução aquosa estéril de resazurina a 0,02 %. Essa solução revela o crescimento do microrganismo através da mudança de coloração do azul para o rosa. Após a transferência da resazurina, as placas foram mantidas por 30 minutos em temperatura compatível com cada microrganismo. Para a determinação da CBM, foi realizada a semeadura em placas de Petri com meio de cultura adequado de todos os poços onde não houve coloração com o corante utilizado. Em seguida, as placas foram incubadas em estufa com tempo e temperatura adequadas para cada um dos microrganismos. Decorrido o tempo, as placas foram analisadas, sendo considerada como ação bacteriostática quando houve o crescimento do microrganismo no meio de cultura e, ação bactericida na ausência de crescimento. Resultados e discussão Rendimento dos extratos Os extratos de folhas e frutos de Rubus sellowii apresentaram um rendimento médio que variou de 9,44% a 17,66% para folhas e de 21,78% a 32,07% para frutos, calculados após o término da remoção de solvente, 45 45 considerando 100% a massa total do material vegetal utilizado. Os melhores rendimentos foram obtidos dos extratos de frutos, independentemente do tipo de solvente utilizado (Tabela 2). Contrariamente ao observado no presente estudo, Arabshahi-Delouee e Urooj (2007) verificaram menor rendimento nos extratos aquosos quando avaliaram os extratos aquosos e metanólicos de folhas de Morus indica L. Tabela 2 – Percentual médio e desvio padrão dos rendimentos dos extratos utilizados: Extrato 1 (extrato etanólico de folha), Extrato 2 (extrato hidroetanólico de folha), Extrato 3 (extrato aquoso de folha), Extrato 4 (extrato etanólico de fruto), Extrato 5 (extrato hidroetanólico de fruto) e Extrato 6 (extrato aquoso de fruto). Quantificação total de polifenóis O conteúdo total de polifenóis (QTP), encontrado nos extratos aquosos, hidroetanólicos a 50% (v/v) e etanólicos de folhas e frutos de Rubus sellowii, determinado pela equação de regressão da curva analítica (y= 0,0005x + 0,0115, R2= 0,9892) e expressada em equivalência de ácido gálico (EAG), variaram de 182 a 5097 mg de EAG/100 g de frutos e folhas, respectivamente (Tabela 3). Nos frutos, o extrato hidroetanólico apresentou a maior quantidade de polifenóis, com 882 ± 0,99 mg de EAG/100g de fruto. Este resultado demonstra que o solvente utilizado foi mais eficiente na extração dos polifenóis quando comparado com o estudo de Oliveira et al. (2016). Estes autores obtiveram 177,26 mg de EAG/100g de polifenóis em frutos de Rubus rosifolius e também, quando comparados com a pesquisa realizada por Zielinski et al. (2015) com cultivares de amora-preta (Rubus spp.), pois obtiveram 169,41 mg de EAG/100g para a cultivar Brazos e 101,83 mg de EAG/100g para a cultivar Tupy. Nas folhas, o extrato etanólico apresentou a maior quantidade de polifenóis com 5097 ± 3,07 mg de EAG/100g de folhas, valor baixo se comparado com o trabalho de Chen, Lin e Hsieh (2007) que obteve 15436 mg AG/100g para folhas de goiaba com extração em solvente aquoso. Teor de flavonoides totais O conteúdo de flavonoides, determinado pela equação de regressão da curva analítica (y= 0.0102x + 0,0024, R2 = 0,9946) e expressa em equivalência de rutina (ERU), variou de 16 a 234 mg de ERU/g de extrato (Tabela 3). Tanto para os frutos como para as folhas, o extrato etanólico foi o mais representativo (23 ± 0,02 e Código do extrato Rendimento (%) Extrato 1 9,44 ± 1,06 Extrato 2 17,66 ± 4,67 Extrato 3 16,73 ± 2,64 Extrato 4 21,78 ± 1,41 Extrato 5 25,37 ± 0,91 Extrato 6 32,07 ± 3,30 46 46 234 ± 0,03 mg de ERU/100g, respectivamente). Ruiz-Rodríguez et al. (2014), no estudo com frutos de Rubus ulmifolius, registraram um teor de flavonoides que variou de 9,01 a 97,29 mg de RU/100 g de frutos, utilizando metanol e acetona como solventes. Este resultado foi superior ao encontrado no presente estudo. Desta forma, pode-se propor que o solvente extrator não foi o mais apropriado ou os fatores edáficos podem estar interferindo no teor de flavonoides presentes nas plantas deste estudo. Tabela 3: Média e desvio padrão de polifenóis em equivalência de ácido gálico por grama de extrato (EAG/g), flavonoides em equivalência de rutina por grama de extrato (ERU/g) e antioxidantes (IC50) de extratos de folhas e frutos de Rubus sellowii (Extrato 1 (extrato etanólico de folha), Extrato 2 (extrato hidroetanólico de folha), Extrato 3 (extrato aquoso de folha), Extrato 4 (extrato etanólico de fruto), Extrato 5 (extrato hidroetanólico de fruto) e Extrato 6 (extrato aquoso de fruto)). Código do extrato Polifenóis totais (mg de EAG/100 g) Flavonoides totais (mg de ERU/100 g) Antioxidante (µg/mL) Extrato 1 5097 ± 3,07 234 ± 0,03 22,05 ± 1,34 Extrato 2 3578 ± 1,91 128 ± 0,05 35,32 ± 1,54 Extrato 3 2660 ± 2,17 203 ± 0,11 48,97 ± 1,69 Extrato 4 671 ± 1,19 23 ± 0,02 > 100 Extrato 5 882 ± 0,99 19 ± 0,02 > 100 Extrato 6 182 ± 0,46 16 ± 0,01 > 100 Atividade antioxidante Os extratos aquosos, hidroetanólico e etanólicos de folhas apresentaram atividade antioxidante variando de 22,05 a 48,97 µg/mL (Tabela 3). Os resultados demonstraram que a capacidade antioxidante estabelecida pelo método quantitativo do radical DPPH está diretamente relacionada com o teor de polifenóis totais. O extrato 1 (etanólico de folhas) apresentou alto teor de polifenóis (5097 ± 3,07 mg de EAG/100g), mostrando relação direta com a capacidade antioxidante com IC50 de 22,05 ± 1,34 µg/mL quando comparado ao padrão ácido ascórbico 7,65 ± 0,88 µg/mL. De forma inversa, o extrato 3 (aquoso de folhas) apresentou baixa capacidade antioxidante com IC50 de 48,97 ± 1,69 µg/mL e baixo teor de polifenóis 2660 ± 2,17 mg de EAG/100g. Semelhante a isso, os três extratos de frutos (4, 5 e 6) apresentaram a menor capacidade antioxidante, com IC50 > 100 µg/mL. Os resultados obtidos neste estudo colaboram com os obtidos por Rabêlo et al. (2014) que também obtiveram uma relação da atividade antioxidante com o teor de polifenóis para os extratos etanólico de talos e extrato hexânico e metanólico de folhas de atemoia. E também com o trabalho de Arabshahi-Delouee e Urooj (2007) que, ao avaliar extratos aquosos e metanólicos de folhas de Morus indica, obtiveram melhor atividade 47 47 antioxidante nos extratos metanólicos. Segundo Vargas et al. (2008), os polifenóis são componentes de um grupo heterogêneo de antioxidantes que tem ação na prevenção de reações oxidativas, apresentando propriedades analgésic