UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – UNIVATES 

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTUDO SOBRE A ISOMERIZAÇÃO DE ALFA-ÁCIDOS DE LÚPULO 

NA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL EM DIFERENTES 

CONDIÇÕES DE PROCESSO 

 

Jonathan Alberto Spies 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2018 



 
 

Jonathan Alberto Spies 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTUDO SOBRE A ISOMERIZAÇÃO DE ALFA-ÁCIDOS DE LÚPULO 

NA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL EM DIFERENTES 

CONDIÇÕES DE PROCESSO 

 

 

Monografia apresentada na disciplina de 

Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de 

Engenharia Química, da Universidade do Vale do 

Taquari – Univates, como exigência para 

aprovação nesta disciplina e como parte da 

exigência para obtenção do título de Bacharel em 

Engenharia Química. 

 

Orientador: Prof. Dr. Daniel Lehn 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2018 



 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO 

 

A cerveja é a bebida alcóolica mais popular e mais antiga consumida pelo homem. É definida 

como uma bebida alcóolica obtida da fermentação de um mosto de cereais maltados, com ou 

sem adição de outras matérias-primas como lúpulo, cereais não maltados e aditivos. Após 

longos anos de dominação de cervejas leves e sem grande apelo sensorial, nos últimos anos o 

mercado mundial têm-se movimentado com o ressurgimento de estilos de cerveja que ao 

longo do tempo haviam deixados de ser produzidos. Desta forma, estilos que prezam pela 

qualidade vêm ganhando espaço dentro de um novo nicho de mercado. Para a produção de 

cervejas de qualidade faz-se necessária à seleção de matérias-primas de qualidade, quanto a 

maltes, lúpulos e leveduras. Um dos grandes diferenciais nestes tipos de cervejas é o emprego 

de maiores quantidades de lúpulo, responsável por conferir amargor e aroma à bebida. Os 

compostos alfa-ácidos presentes no lúpulo são os principais responsáveis pelas características 

de amargor de uma cerveja, porém, seus efeitos em relação às características do produto final 

estão diretamente relacionados à quantidade e à forma como são adicionados ao processo. 

Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento da isomerização de alfa-ácidos de 

lúpulo em diferentes condições de tempos de fervura e massas específicas de mostos. 

Selecionou-se para a realização do trabalho a variedade de lúpulo Galena, e, determinou-se 

por meio de espectrofotometria sua concentração de alfa-ácidos totais. Preparou-se dois 

mostos com diferentes massas específicas, 1,030 e 1,040 g/mL, adicionando em ambos a 

mesma concentração de lúpulo, da variedade Galena, de mesmo lote e safra. O mosto 

lupulado fora fervido por um período total de 60 minutos, sendo coletadas amostras para 

determinação de iso-alfa-ácidos, a partir de espectrofotometria,  nos períodos de 20, 40 e 60 

minutos. Os resultados encontrados mostraram o aumento da concentração de iso-alfa-ácidos 

e de utilização de alfa-ácidos em função do aumento do tempo de fervura para os dois mostos 

avaliados. Outro resultado significativo apresentou valores de concentrações de iso-alfa-

ácidos e utilização de alfa-ácidos mais elevados para o mosto de menor massa específica, em 

comparação ao de maior massa específica. Pode-se concluir que as variáveis analisadas 

interferem diretamente na conversão de alfa-ácidos a iso-alfa-ácidos durante o processo de 

fervura do mosto, afetando consequentemente as características de amargor do produto final. 

 

Palavras-chave: Iso-alfa-ácidos, mosto, fervura, massa específica. 

 



 
 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 - Aumento do número de microcervejarias nos Estados Unidos nos últimos dez 

anos...........................................................................................................................................13 

Figura 2 – Aumento do número de microcervejarias no Brasil ao longo dos últimos quinze 

anos...........................................................................................................................................14 

Figura 3 - Número de microcervejarias por estado brasileiro...................................................15 

Figura 4 - Fluxograma padrão de produção de cerveja artesanal..............................................19 

Figura 5 - Rizoma de lúpulo.....................................................................................................25 

Figura 6 - Estrutura para cultivo de lúpulo...............................................................................26 

Figura 7 - Plantação de lúpulo..................................................................................................27 

Figura 8 - Cone de lúpulo.........................................................................................................27 

Figura 9 - Glândulas de lupulina...............................................................................................27 

Figura 10 - Lúpulo em pellets...................................................................................................29 

Figura 11 - Mecanismo de isomerização de alfa-ácidos a iso-alfa-ácidos...............................30 

Figura 12 - Lúpulo Galena........................................................................................................33 

Figura 13 - Esquematização da metodologia............................................................................34 

Figura 14 - Mosto 1...................................................................................................................35 

Figura 15 - Fluxograma de produção das amostras..................................................................35 

Figura 16 - Refratômetro..........................................................................................................37 

Figura 17 - Correlações lineares entre as variáveis analisadas para os Mostos 1 e 2...............45 

 



 
 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE TABELAS 

Tabela 1 - Composição e massas específicas das formulações para produção dos mostos......34 

Tabela 2 – Tabela de conversão de graus Brix para massa específica......................................37 

Tabela 3 - Resultados das análises da caracterização do lúpulo...............................................39 

Tabela 4 - Resultados de concentrações de iso-alfa-ácidos dos mostos a 20, 40 e 60 minutos 

de fervura..................................................................................................................................41 

Tabela 5 - Utilização de alfa-ácidos durante processo de fervura do mosto.............................43 

Tabela 6 - Correlações de Tinseth para cálculos de amargor....................................................45 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 
 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO 

 

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................8 

1.1 Objetivos.............................................................................................................................11 

1.1.1 Objetivo geral...................................................................................................................11 

1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................................11 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................................12 

2.1 Mercado da cerveja artesanal..............................................................................................12 

2.2 Principais classes de cervejas..............................................................................................15 

2.3 Matérias-primas..................................................................................................................16 

2.4 Processo de fabricação da cerveja artesanal........................................................................18 

2.5 Lúpulo e alfa-ácidos............................................................................................................24 

2.5.1 História.............................................................................................................................24 

2.5.2 A planta............................................................................................................................25 

2.5.3 Processamento do lúpulo.................................................................................................28 

2.5.4 Alfa-ácidos.......................................................................................................................29 

 

3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................33 

3.1 Material – amostragem........................................................................................................33 

3.2 Métodos...............................................................................................................................35 

3.2.1 Determinação de alfa-ácidos............................................................................................38 



 
 

3.2.2 Determinação de iso-alfa-ácidos......................................................................................38 

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................................39 

4.1 Caracterização do lúpulo.....................................................................................................39 

4.2 Concentrações de iso-alfa-ácidos........................................................................................40 

4.3 Utilização de alfa-ácidos.....................................................................................................42 

4.4 Degradação de iso-alfa-ácidos............................................................................................44 

4.5 Correlações lineares entre as variáveis avaliadas...............................................................45  

 

5 CONCLUSÃO.......................................................................................................................47 

 

REFERÊNCIAS........................................................................................................................49 

 

ANEXOS..................................................................................................................................52 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



8 
 

 

 

 

 

 

 

1  INTRODUÇÃO 

 

 A cerveja é uma das bebidas mais populares do planeta, considerada como um 

elemento de união entre as pessoas, possibilitando momentos de prazer e diversão. Estudos 

médicos comprovam que o consumo moderado da bebida traz efeitos positivos à saúde 

(KUNZE, 2006). 

 Não há certeza sobre onde ou quando foi produzida a primeira cerveja, indícios 

históricos remetem a mais de nove mil anos, quando nas planícies da Mesopotâmia povos 

nômades passaram a cultivar e colher espécies de cereais primitivos, os quais, expostos às 

condições climáticas locais de calor e umidade originaram uma bebida de características 

específicas, primeira ancestral da cerveja (HAMPSON, 2014). É tida como a bebida alcóolica 

mais antiga consumida pelo homem (MORADO, 2009). 

 A partir dos povos Mesopotâmios, atual território Egípcio, a cultura cervejeira passou 

a expandir-se através da Europa Oriental, chegando posteriormente a Europa Central e 

Ocidental. Esta expansão deu-se graças aos povos Trácios, os quais dominavam grande parte 

do território onde hoje se situam países como Bulgária, Romênia, Grécia e Turquia, entre 

outros, influenciando o desenvolvimento de escolas cervejeiras importantes historicamente 

como as Germânicas e Celtas (MORADO, 2009). 

 O desenvolvimento da cultura cervejeira ao redor do mundo está diretamente 

relacionado à evolução da sociedade humana, tida como alimento familiar, como alternativa 



9 
 

para prevenção de doenças (período da peste negra na Europa) e principalmente como 

instrumento de desenvolvimento tecnológico, contribuindo para a criação das primeiras 

microempresas da história como também na geração de empregos (MORADO, 2009). 

 A cerveja é definida como uma bebida alcóolica obtida da fermentação de um mosto 

de cereais maltados, com ou sem adição de outras matérias primas como lúpulo, cereais não 

maltados e aditivos, com teor alcoólico entre 0,5 e 7% ou mais em alguns estilos específicos 

(DANIELS, 2000). 

 Nas últimas décadas movimentos de resgate de culturas cervejeiras vem tornando-se 

comuns ao redor do planeta, tendo como principal expoente os Estados Unidos. No livro “A 

revolução da cerveja artesanal” o autor Steve Hindy (2014), cofundador da Brooklyn 

Brewery, microcervejaria de Nova Iorque, conta a história de um grupo de microcervejeiros 

que a partir dos anos de 1960 transformou e continua transformando a bebida alcóolica mais 

apreciada no mundo, desenvolvendo cervejas até aquele momento esquecidas e/ou ignoradas 

pela indústria de cervejas massificadas, conta como em quarenta anos o número de 

microcervejarias no território americano passou de menos de 10 para mais de 2700. Este 

movimento com o passar dos anos espalhou-se pelo mundo, hoje empresas com este mesmo 

perfil se desenvolvem em todos os continentes. 

 Estas cervejas produzidas por microcervejarias, consideradas artesanais, caracterizam-

se por serem bebidas de menor refrescância e maior apelo sensorial, mais encorpadas, por 

vezes mais alcoólicas e amargas, com características aromáticas bastante específicas, 

provenientes de matérias primas selecionadas, maltes, lúpulos e leveduras (DANIELS, 2000). 

 Em pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal em fevereiro 

de 2018, o país fechou o ano de 2017 com 679 microcervejarias registradas, apresentando um 

crescimento de 37,7% em relação ao ano anterior. A pesquisa informa ainda que o Rio Grande 

do Sul é o estado com o maior número de microcervejarias, com 142, seguido por São Paulo 

com 124, Minas Gerais com 87, Santa Catarina com 78 e Paraná com 67 (ABRACERVA, 

2018). 

 A produção de cervejas artesanais tem início desde a seleção de matérias-primas de 

qualidade, maltes de cevada, trigo, centeio, em sua maioria evitando o emprego de cereais não 

malteados como arroz e milho em prol da qualidade de seu produto, acarretando desta forma 



10 
 

maior valor agregado à bebida (DANIELS, 2000).  Um dos maiores diferenciais das cervejas 

artesanais em relação às massificadas está na quantidade de lúpulo ofertado em sua produção, 

responsável por conferir amargor e aroma à bebida, tornando-se uma ferramenta importante 

no desenvolvimento de um produto com características únicas (PALMER, 2006). 

 O lúpulo, Humulus lupulus, é uma trepadeira perene, dióica, pertencente ao grupo das 

urticáceas e à família Cannabinaceae, suas flores fêmeas apresentam grande quantidade de 

resinas amargas e óleos essenciais, responsáveis por conferir amargor e aroma à cerveja, 

possui também propriedades bacteriostáticas, atuando como conservante natural da bebida 

(VARNAM, SUTHERLAND, 1994). Existem centenas de variedades de lúpulos disponíveis 

no mercado, e cada uma destas transmite à cerveja características exclusivas, intensidades de 

amargor e aromas, consequência das variações de composições e concentrações de resinas e 

óleos essenciais da planta (PALMER, 2006). 

 As características de amargor conferidas à cerveja pela adição de lúpulo estão 

relacionadas à concentração de alfa-ácidos da variedade da planta, estes, porém, são 

insolúveis em água e, precisam ser isomerizados a iso-alfa-ácidos a partir do processo de 

fervura para que propiciem o amargor desejado à bebida (KUNZE, 2006). Como qualquer 

reação ou transformação química esta isomerização ocorre em meio a diversas variáveis, 

como tempo e intensidade de fervura, pH do mosto, massa específica do mosto, entre outras 

(DANIELS, 2000). 

 Para que se tenha total controle de processo como também reprodutibilidade 

(padronização) e estabilidade na qualidade da cerveja produzida, é de fundamental 

importância o entendimento do processo, conhecendo de que forma as variáveis envolvidas 

poderão interferir no comportamento da reação ou transformação a ser assistida. Diante do 

exposto, o controle das etapas do processo produtivo torna-se importante para a obtenção de 

um produto com características diferenciadas e com um padrão de composição, 

consequentemente sensorial.  

 

 

 



11 
 

1.1 Objetivos 

 

1.1.1 Objetivo geral 

 Este trabalho teve como objetivo estudar o comportamento da isomerização de alfa-

ácidos de lúpulo em diferentes tempos de fervura e, massas específicas de mosto. 

 

1.1.2 Objetivos específicos 

 - Produzir, a partir de uma formulação padrão dois mostos com diferentes massas 

específicas, adicionando em ambos a mesma concentração da mesma variedade e safra de 

lúpulo; 

 - Determinar através de espectrofotometria, a concentração total de alfa-ácidos da 

variedade de lúpulo utilizada; 

 - Determinar através de espectrofotometria, a concentração de iso-alfa-ácidos dos 

mostos lupulados em intervalos de 20, 40 e 60 minutos de fervura; 

 - Comparar os resultados de concentração de alfa-ácidos totais adicionados ao 

processo com as concentrações de iso-alfa-ácidos dos mostos nos diferentes períodos de 

fervura. 

 

 

 

 

 

 

 



12 
 

 

 

 

 

 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

 

2.1 Mercado da cerveja artesanal 

 Diferente de alguns anos atrás, hoje a oferta de cervejas diferenciadas, com maior 

apelo sensorial é cada vez maior, cervejas claras, escuras, amargas, suaves, com ou sem 

adição de especiarias estão cada vez mais à disposição dos consumidores da bebida. Este 

movimento espalha-se por todos os continentes (GARAVAGLIA, 2017). 

 Como maior influente para este movimento de expansão do mercado das cervejas 

artesanais os Estados Unidos são a grande fonte de inspiração para cervejeiros de todo o 

mundo (OLIVER, 2003). Em terras americanas, o movimento conhecido como “A revolução 

da cerveja artesanal” teve seu início entre os anos de 1960 e 1970, quando um grupo de 

cervejeiros decidiu recriar estilos de cervejas que deixaram de ser produzidas ao longo dos 

anos, buscando qualidade e desafiando as cervejas leves e refrescantes que dominavam o 

mercado. No ano de 1965 existiam no território americano uma única microcervejaria e 182 

cervejarias nacionais e regionais. Dados do ano de 2014 registraram um número de 2700 

microcervejarias com o surgimento simultâneo de outras centenas (HINDY, 2014). A Figura 

1 apresenta o aumento do número de microcervejarias no território norte-americano ao longo 

dos últimos dez anos. 

 

 



13 
 

 

Figura 1 – Aumento do número de microcervejarias nos Estados Unidos nos últimos dez anos. 

 

Fonte: Adaptado de Brewers Association (2018) 

 

 Dados publicados pela Brewers Association (2018) indicam que ao final do ano de 

2017 o território americano contava com 6372 microcervejarias, movimentando um valor de 

67,8 bilhões de dólares na economia do país e representando valores próximos a 456000 

empregos entre diretos e indiretos. Em relação ao ano de 2016, o mercado da cerveja artesanal 

americano mostrou um crescimento de 5% no volume vendido no ano de 2017. 

 Esta expansão do mercado da cerveja artesanal é percebida no território brasileiro com 

maior destaque ao público nos últimos anos, porém, algumas iniciativas já se destacavam 

entre os anos de 2005 e 2006, quando algumas poucas microcervejarias já buscavam um 

diferencial, trabalhando com novos estilos ou mesmo ao preocupar-se com a qualidade do 

produto e com produções regionais (ABRACERVA, 2018).  O número de 

microcervejarias assim como o volume e a variação de estilos de cervejas produzidas no 

Brasil passou a aumentar com maior intensidade nos últimos seis anos, como é possível 

observar na Figura 2 (MAPA, 2018). 

 

 

 

 

 

 

 



14 
 

Figura 2 – Aumento do número de microcervejarias no Brasil ao longo dos últimos quinze 

anos. 

 

Fonte: MAPA (2018) 

 

 A Figura 2 evidencia o crescimento expressivo do número de microcervejarias no 

território brasileiro, e, como seu ritmo de crescimento mantém-se constante nos últimos anos. 

Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 

janeiro de 2018, indicam o número total de 679 microcervejarias instaladas no Brasil até o 

final de 2017, indicando ainda o número de 8903 produtos registrados, entre chopes e 

cervejas. 

 A Figura 3 mostra a distribuição do número de microcervejarias por estado brasileiro 

até final do ano de 2017. 

 

 

 

 

 

 



15 
 

Figura 3 – Número de microcervejarias por estado brasileiro. 

 

Fonte: MAPA (2018) 

 

 O Rio Grande do Sul se destaca no cenário nacional com 142 microcervejarias, o 

equivalente a 20,9% do total de estabelecimentos do país, seguido por São Paulo com 124, 

Minas Gerais com 87 e Santa Catarina com 78 (BRASIL, 2018). 

 Outro dado importante divulgado pelo MAPA (2018) é a densidade cervejeira, a qual 

relaciona a distribuição média de habitantes por microcervejarias no estado, neste ponto o 

estado do Rio Grande do Sul apresenta um valor de 79873 habitantes/microcervejaria, valor 

bastante inferior a São Paulo, por exemplo, com 363668 habitantes/microcervejaria. 

 Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal 

(ABRACERVA) em 2018 mostra o aumento da geração de empregos do setor no ano de 

2017, microcervejarias com menos de 100 funcionários geraram 723 novos empregos no país. 

 

2.2 Principais classes de cervejas 

 Existem muitos estilos e subestilos de cerveja, cada um apresentando características 

específicas de acordo com os tipos de maltes, lúpulos, levedura e até mesmo quanto às 



16 
 

características da água empregada. De forma mais ampla, torna-se mais fácil discriminar os 

estilos de acordo com seu tipo de fermentação, pode-se citar três grandes classes de cervejas; 

Ales, Lagers e Lambics (PALMER, 2006). 

 O ponto determinante para diferenciar estas três classes é seu processo de fermentação 

e a cepa de levedura específica para cada. As cervejas da classe Ale caracterizam-se por 

fermentações de topo, a levedura atua no topo do volume do fermentador, com temperaturas 

ideais entre 15 e 25°C. São empregadas leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae, 

produzem cervejas com aromas frutados e condimentados. Dentre esta classe destacam-se 

estilos como Pale Ale, India Pale Ale, Stout, Saison entre outras. Já as cervejas da classe 

Lager caracterizam-se por fermentações de fundo, a levedura atua no fundo do volume do 

fermentador, empregam-se leveduras da espécie Saccharomyces pastorianus, com 

temperaturas ideais entre 9 e 15°C. Cervejas desta classe caracterizam-se por aromas neutros 

e limpos, além de visual mais clarificado, destacam-se estilos como Pilsner, American Lager, 

Bock, Dunkel, entre outros (AQUARONE et al., 2013). 

 Com características bastante específicas e complexas, as cervejas da classe Lambic são 

específicas de uma região próxima a Bruxelas na Bélgica, sendo sua fermentação processada 

por leveduras selvagens do próprio ambiente, caracterizam-se por sabores levemente ácidos e 

aromas altamente frutados (DANIELS, 2000). 

 Embora existam dezenas de estilos e subestilos de cervejas ao redor do mundo, o 

mercado mundial é dominado pelos estilos American Lager e Premium Lager, que se 

caracterizam por serem mais refrescantes, com teores alcoólicos médios ou baixos, baixo 

amargor e pouco apelo sensorial (MORADO, 2009). 

 

2.3 Matérias-primas 

 Para a produção de uma cerveja de qualidade, a água é a matéria prima em maior 

quantidade, representando cerca de 90% da composição da bebida. Para cada 1 litro de 

cerveja produzida são gastos em média 10 litros de água, e esta deve ser insípida e inodora 

para não interferir no gosto e no aroma da cerveja produzida, seu pH deve estar entre 5,2 e 8,0 

pois nesta faixa as enzimas do malte atuam com maior eficiência (DANIELS, 2000). 



17 
 

 A segunda matéria-prima empregada em maior quantidade é o malte, de acordo com a 

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), “malte é o produto resultante da 

germinação e posterior dessecação do grão de cevada ou de outros cereais”. O produto é 

designado simplesmente “malte” quando obtido da cevada, quando obtido de outro cereal, 

será designado pela palavra “malte” seguido do nome do cereal de origem, como por 

exemplo, malte de trigo ou malte de centeio (ANVISA, 2009). 

 Na indústria cervejeira o malte é a principal fonte de amido a ser convertido em 

açúcares fermentescíveis como maltose e glicose. Estes, serão as bases para a geração de 

álcool etílico e gás carbônico durante o processo de fermentação. Em média, são necessários 

cerca de 150 gramas de malte para a produção de um litro de cerveja, esta quantidade pode 

variar de acordo com o estilo da cerveja a ser produzida (MORADO, 2009). 

 As características do malte são definidas através do processo de maltagem ao qual o 

cereal é submetido, variando de acordo com as temperaturas de secagem e torrefação. Os 

grãos secos a temperaturas mais baixas produzem maltes mais leves, suaves e claros, 

considerados maltes base, constituintes do maior percentual da formulação. Grãos secos a 

temperaturas mais elevadas são caramelizados ou cristalizados, originando maltes mais 

escuros, com aromas diversos, lembrando caramelo, biscoito, chocolate e até mesmo café. A 

levedura, espécie de fungo unicelular, responsável pela fermentação dos açúcares do mosto 

cervejeiro extraídos do malte, gerando álcool etílico e gás carbônico, além de outros 

compostos em menores concentrações, responsáveis por proporcionar características 

particulares à cerveja (MORADO, 2009). 

 Dentro do processo cervejeiro as leveduras são separadas em dois grupos, de alta 

fermentação, onde a cepa empregada é a Saccharomyces cerevisiae, a qual atua em 

temperaturas entre 15 e 25°C, produzindo aromas frutados e condimentados. Ou de baixa 

fermentação, onde a cepa empregada é a Saccharomyces pastorianus, a qual atua em 

temperaturas entre 9 e 15°C, produzindo aromas mais limpos e neutros (KUNZE, 2006). 

 Outro componente de extrema importância na composição de uma cerveja é o lúpulo 

(Humulus lupulus), uma planta trepadeira perene, dióica, pertencente à família das urticáceas 

e cannabinaceae. Para a produção da cerveja são empregadas somente as flores das plantas 

fêmeas por possuírem elevadas concentrações de lupulina, substância encontrada entre as 



18 
 

folhas da flor contendo resinas amargas como alfa e beta-ácidos e óleos essenciais 

característicos da planta (HIERONYMUS, 2012; AQUARONE, 2013). 

 O lúpulo é responsável por conferir as características de amargor, sabor e aroma à 

cerveja. Relacionados ao amargor estão os alfa-ácidos, quanto maior a concentração destes, 

mais potente será o amargor transmitido à bebida, porém, esta característica é alcançada 

somente após a isomerização dos mesmos submetidos ao processo de fervura. Já as 

características de sabor e aroma estão relacionadas diretamente com os óleos essenciais 

presentes na flor, estes são em sua maioria hidrocarbonetos da família dos terpenos, ésteres, 

aldeídos, cetonas, ácidos e álcoois, a composição pode variar de acordo com o local e as 

condições de plantio, originando assim uma infinidade de diferentes tipos de lúpulo, sendo 

que cada um poderá acrescentar à cerveja sabores e aromas específicos (HIERONYMUS, 

2012). 

 Para muitos cervejeiros, e, para alguns estilos de cerveja, o lúpulo é considerado a 

alma de uma formulação, a partir da combinação entre duas, três ou mais espécies torna-se 

possível elaborar produtos com características tanto de amargor quanto sabor e aroma 

bastante peculiares, transmitindo para a bebida uma “personalidade própria e marcante”. As 

características sensoriais transmitidas a partir do lúpulo representam também um dos 

principais diferenciais entre as cervejas populares ou massificadas em comparação às cervejas 

artesanais. Para a produção de uma cerveja popular é característica a adição de em média 0,2 

a 0,3 gramas por litro de cerveja, para uma cerveja artesanal do estilo India Pale Ale, por 

exemplo, este valor pode chegar a 6 gramas por litro de cerveja (OLIVER, 2003). 

 

2.4 Processo de fabricação da cerveja artesanal 

 Embora existam diversas famílias, estilos e subestilos de cervejas, o processo 

produtivo segue um padrão comum para todos, iniciando com a seleção, fracionamento do 

malte, mostura, recirculação/lavagem, fervura/lupulagem, resfriamento, fermentação, 

maturação, filtragem (opcional) e envase, conforme o fluxograma da Figura 4. 

 

 



19 
 

Figura 4 – Fluxograma padrão de produção de cerveja artesanal. 

 

Fonte: Adaptado de Aquarone (2013). 

 O processo produtivo de qualquer cerveja inicia a partir da seleção e fracionamento 

dos maltes a serem adicionados ao processo, os quais são moídos de maneira que apenas sua 

casca seja quebrada, permitindo o contato do seu conteúdo interno com o meio, o principal 

motivo para não realizar uma moagem excessiva é o fato de que na sequência do processo a 

casca do grão será utilizada como elemento filtrante, assim, quanto menor o tamanho da casca 

maior a dificuldade de filtragem (AQUARONE et al., 2013). 

 A etapa seguinte, chamada de mostura consiste na mistura dos maltes previamente 

moídos com água. A partir do contato com a água, o amido contido no interior do grão de 

malte é solubilizado, e, em pH e temperatura específicos, as enzimas do próprio grão, alfa e 

beta amilases fazem sua hidrólise, convertendo-o em açúcares fermentescíveis com menor 

Fracionamento e pesagem do malte

Moagem do malte

Mostura

Recirculação e lavagem

Fervura e lupulagem ← Adição de lúpulos de amargor e aroma ao processo.

Resfriamento/aeração

Fermentação

Maturação/carbonatação

Filtragem (opcional)

Envase

Pasteurização (opcional)

Distribuição

↓

↓

↓

↓

↓

↓

↓

↓

↓

↓

↓



20 
 

tamanho molecular, originando assim uma solução açucarada chamado de mosto (ROSA et 

al., 2015). Neste processo são ainda extraídos do malte compostos solúveis como dextrinas 

(açúcares com longas cadeias moleculares, não fermentescíveis), compostos minerais e 

albuminóides. Na mostura definem-se algumas das principais características do produto final, 

como teor alcoólico, corpo, cor e até mesmo formação e retenção da espuma, todas 

determinadas de acordo com a quantidade e tipos de maltes empregados e/ou pelas 

temperaturas e tempos de processo (KUNZE, 2006). 

 O mosto açucarado originado durante a mostura precisa na sequência do processo ser 

filtrado, esta etapa tem como objetivo a separação do mosto líquido do bagaço de malte. No 

processo da cerveja artesanal a filtração é realizada em tina de clarificação, a qual recebe todo 

o volume de mostura, mosto líquido mais bagaço, a parte inferior desta tina possui uma 

espécie de fundo falso perfurado, semelhante a uma peneira, com orifícios pequenos o 

suficiente para reter a casca do grão, permitindo ao mesmo tempo a passagem do líquido 

açucarado. Sem agitação mecânica, o bagaço decanta sobre o fundo falso formando uma 

espécie de filtro natural, responsável pela filtração do mosto líquido. O líquido percola através 

do bagaço, onde sólidos em suspensão são retidos e deposita-se no fundo da tina, abaixo do 

fundo falso (MORADO, 2009; KUNZE, 2006). 

 O volume inicial filtrado é recirculado através da tina de clarificação até o momento 

em que se apresente visualmente limpo, sem a presença de sólidos em suspensão, a partir 

deste momento inicia-se a lavagem, adiciona-se água a temperaturas específicas, 

determinadas pelo processo, sobre o bagaço com o objetivo de extrair açúcares 

fermentescíveis ainda retidos nas cascas. O controle da temperatura da água de lavagem é de 

extrema importância, de modo que temperaturas muito elevadas podem vir a extrair polifenóis 

em excesso, os quais poderão proporcionar sabores e turbidez indesejada à cerveja, ao mesmo 

tempo, temperaturas muito baixas dificultarão a extração dos açúcares ainda retidos no bagaço 

de malte (AQUARONE, 2013; KUNZE, 2006). 

 Todo o mosto açucarado resultante após a filtragem é transferido para uma nova tina, 

na qual ocorrerão os processos de fervura e lupulagem. O processo de fervura pode durar 

entre 60 e 120 minutos, variando de acordo com o estilo de cerveja. Tem como objetivos a 

esterilização do mosto, eliminando microrganismos patogênicos, a estabilização coloidal do 

mosto, a partir da coagulação de proteínas solúveis, e, a eliminação de compostos voláteis 

indesejados, os quais poderiam interferir negativamente no aroma do produto final, aromas 



21 
 

semelhantes a legumes cozidos. Por este motivo torna-se importante um bom sistema de 

exaustão para o processo, evitando que ocorra a condensação de tais compostos, 

possibilitando seu retorno ao mosto (KUNZE, 2006; DANIELS, 2000). 

 Juntamente com o processo de fervura ocorre também a lupulagem, adição de lúpulo 

ao mosto. O lúpulo, responsável por conferir amargor e aroma à cerveja é adicionado dentro 

de um processo padrão em dois ou três momentos durante o tempo de fervura, adições ao 

início da fervura tem como objetivo o amargor, para tal os alfa-ácidos presentes na resina 

componente do lúpulo precisam ser convertidos a iso-alfa-ácidos, para que isso ocorra 

necessitam ser submetidos à fervura intensa. Adições intermediárias de lúpulo podem ainda 

contribuir relativamente para o amargor, porém, propiciam maior influência em relação ao 

sabor. Adições tardias, ou seja, próximas ao final da fervura ou mesmo após a fervura, são 

responsáveis pelo aroma da bebida, proveniente dos óleos essenciais componentes do lúpulo, 

os quais são altamente voláteis, assim, quanto menor seu tempo de exposição a elevadas 

temperaturas, melhores serão seus resultados em relação ao aroma (HIERONYMUS, 2012). 

 Ao final dos processos de fervura e lupulagem torna-se necessário remover os resíduos 

de lúpulo e de material proteico, dentro do processo artesanal o método mais utilizado é a 

sedimentação. O método denominado whirpool, consiste na aplicação de uma força centrípeta 

em relação ao volume total da tina de fervura, seguido de um razoável intervalo de tempo em 

descanso, o que faz com que todo o resíduo, denominado como trub aglutine-se e deposite-se 

no centro da tina. A remoção do trub tem grande importância para a obtenção de boas 

características em relação a brilho e suavização do sabor da cerveja (KUNZE, 2006; 

DANIELS, 2000). 

 Após fervura e lupulagem o mosto deve ser transferido para o processo de 

fermentação, porém, durante essa transferência é necessário seu resfriamento até a 

temperatura ideal de fermentação, a grande maioria das microcervejarias utiliza para este 

processo trocadores de calor de placas, em função de sua alta eficiência de troca térmica e sua 

facilidade de sanitização. Para o resfriamento, fluem em contracorrente, separados através de 

placas de aço inoxidável, o mosto quente e o fluido refrigerante, composto por uma mistura de 

água com etileno glicol ou etanol. A temperatura na saída do trocador de calor varia de acordo 

com a temperatura de fermentação da cerveja a ser produzida, mantendo-se entre 10 e 20°C 

em média, considerando que a temperatura de entrada no trocador de calor situa-se entre 85 e 



22 
 

95°C. O resfriamento do mosto deve ser rápido, evitando a formação de aromas indesejáveis e 

contaminação a partir de microrganismos do ambiente. (MORADO, 2009; PALMER, 2006). 

 Ainda antes de ser adicionado ao fermentador é realizada a aeração do mosto, 

adiciona-se oxigênio ao mosto com o objetivo de acelerar e facilitar a multiplicação celular da 

levedura durante os momentos iniciais da fermentação. A aeração é necessária tendo em vista 

que ao final da fervura a concentração de oxigênio no mosto é muito baixa (PALMER, 2006). 

 A fermentação é o processo responsável por transformar o mosto açucarado em 

cerveja, neste processo ocorre por ação de leveduras selecionadas a transformação dos 

açúcares fermentescíveis em etanol e dióxido de carbono, sendo o gás descartado no topo do 

tanque. Além destes, vários outros subprodutos são gerados nesta etapa, alguns desejáveis 

outros nem tanto, álcoois superiores e ésteres podem contribuir de maneira positiva para as 

características sensoriais da bebida, enquanto aldeídos, compostos de enxofre como o sulfeto 

de dimetila e o sulfeto de hidrogênio são extremamente prejudiciais, sendo considerados 

defeitos de fabricação. Outro composto extremamente indesejável é o diacetil, formado 

durante o processo gera um aroma semelhante à manteiga rançosa, é formado durante o auge 

do processo fermentativo, porém, a partir de processos bem controlados pode ser 

reincorporado pela própria levedura como fonte de energia para seu metabolismo celular, 

fazendo que seja eliminado (WHITE et al, 2010).  

 O bom andamento do processo de fermentação está diretamente relacionado ao 

controle eficiente de temperatura e aos cuidados com sanitização, evitando qualquer 

contaminação por microrganismos do ambiente. A temperatura de fermentação está 

relacionada ao estilo de cerveja a ser produzida e à temperatura ideal de atuação da cepa de 

levedura a ser utilizada, cervejas da família Lager fermentam em temperaturas entre 10 e 

15°C, enquanto cervejas da família Ale fermentam em temperaturas entre 17 e 22°C em 

média (WHITE et al., 2010). 

 Ao final da fermentação a levedura tende a decantar no fundo do fermentador, tal 

característica pode variar de acordo com a cepa trabalhada, formando uma massa semelhante 

a um lodo, sua capacidade de decantação pode ser incrementada a partir da redução da 

temperatura do fermentador a faixas entre 0 e 5°C, clarificando desta forma a cerveja. O lodo 

biológico de levedura pode desta forma ser purgado pelo fundo do tanque fermentador 

(WHITE et al., 2010).  



23 
 

 Depois de concluída a fermentação e realizado o descarte do lodo de levedura, inicia-

se a maturação, processo realizado em temperaturas inferiores às de fermentação, considerada 

por muitos como o “afinamento da cerveja”. Nesta etapa acontecem reações físico-químicas 

que transformam o aspecto visual e produzem sabores e aromas característicos à bebida. A 

temperatura de maturação pode variar entre 0 e 10°C, dependendo do estilo de cerveja a ser 

produzido, já em relação ao tempo, microcervejarias trabalham com períodos entre um 

mínimo de 14 dias que podem chegar à meses. É também durante a maturação que muitos 

cervejeiros fazem a adição de especiarias à bebida, buscando por características sensoriais 

diferenciadas ao seu produto. A baixa temperatura promove a precipitação de células de 

levedura, materiais proteicos e polifenóis em suspensão, contribuindo para a clarificação da 

cerveja (WHITE et al., 2010; MORADO, 2009). 

 Depois de maturada a cerveja é submetida ao processo de filtração, com o objetivo de 

eliminar leveduras em suspensão, consequentemente clarificando e propiciando um 

translúcido à bebida. O método mais usado é a filtração com terra diatomácea ou diatomita, 

um mineral de origem sedimentar rico em sílica, constituído por carapaças de minúsculas 

algas. A diatomita é dosada de acordo com o volume de cerveja a ser filtrada, é depositada 

sobre uma superfície metálica, formando uma camada filtrante capaz de reter qualquer sólido 

em suspensão presente na bebida Em algumas microcervejarias é comum o processo de 

centrifugação para remover materiais em suspensão (PALMER, 2006). 

 Há, porém alguns estilos de cervejas as quais tradicionalmente não são filtradas nem 

centrifugadas, como cervejas de trigo entre outras da classe Ale, para que determinadas 

leveduras ainda sejam mantidas na bebida depois de envasada, propiciando características 

sensoriais peculiares ao produto final (MORADO, 2009). 

 A cerveja filtrada é armazenada em tanques de condicionamento, onde então é 

submetida ao processo de carbonatação. Nesta etapa é feita adição de dióxido de carbono 

(CO2), através da contrapressão do tanque, o gás é incorporado à bebida até atingir a 

concentração ideal para o envase, a temperatura durante este processo é mantida próxima a 

0°C para conservação do produto como também para facilitar a incorporação do gás 

(KUNZE, 2006). 

 Depois de carbonatada a bebida é então envasada, neste processo existem três 

possibilidades, envase em garrafas, em latas ou ainda barris. As três formas de envase 



24 
 

demandam os mesmos cuidados quanto à sanitização, e é de suma importância a limpeza dos 

recipientes como também a eliminação de todo o oxigênio em seu interior, buscando evitar 

desta forma qualquer contaminação por microrganismos indesejáveis como também o 

surgimento de defeitos à bebida provocados por oxidação (KUNZE, 2006). 

 Para garantir maior tempo de prateleira, aumentando a validade do produto, após 

envasada a cerveja é submetida ao processo de pasteurização, o qual consiste em submeter à 

bebida já envasada a temperaturas próximas aos 60°C por um curto período de tempo, 

eliminando desta forma microrganismos e evitando sua contaminação, o que poderia interferir 

negativamente no sabor da cerveja (PALMER, 2006). Muitos críticos da pasteurização 

afirmam que esta etapa pode interferir na qualidade do produto final, conferindo a cerveja 

uma adstringência indesejada, gerando aroma “caramelado” e reduzindo a percepção dos seus 

aromas específicos (MORADO, 2009). 

 Diferentemente de garrafas e latas, os barris depois de envasados não são submetidos à 

pasteurização, são armazenados em câmaras frias a temperaturas entre 0 e 4°C para 

conservação da bebida até sua destinação ao consumidor final, que por não serem 

pasteurizados possuem um período de validade inferior as latas e garrafas (PALMER, 2006). 

 

2.5 Lúpulo e alfa-ácidos 

2.5.1 História 

 O lúpulo é uma planta pertencente à família Cannabinaceae, do gênero Humulus e da 

espécie Humulus lupulus. Segundo dados históricos fora documentado pela primeira vez entre 

os anos de 23 e 79 d.C. no Império Romano pelo autor Plínio, o Velho (Pliny the Elder), que 

o catalogou como Lupus salictarius e o mencionou em seu livro como “lobo dos arbustos”, 

Pliny the Younger, seu sobrinho, anos mais tarde continuou seus estudos sobre a planta 

(WECKL, 2014). 

 De acordo com a história, a planta de lúpulo foi cultivada pela primeira vez no ano de 

736 d.C. na região de Hallertau na Alemanha, e o primeiro registro de sua utilização na 

produção de cerveja aparece no livro Physica sive Subtilitatum, da monja beneditina alemã 

Hildegard von Bingen (1098-1179). Seu emprego na produção de cerveja iniciou no final do 

século IX em monastérios e pequenas produções, passando a popularizar-se com o tempo. 



25 
 

Apesar do amargor pronunciado, seu maior benefício inicial estava relacionado à sua 

propriedade conservante, aumentando a estabilidade biológica da bebida (MORADO, 2009). 

 Com a propagação da cultura da adição de lúpulo à cerveja, criaram-se regiões 

importantes no cultivo da planta, como a já citada região de Hallertau, Tettnang, Spalt, entre 

outras na Alemanha, a região de Saaz na República Tcheca, como também as regiões de Kent 

e Herefordshire na Inglaterra (KUNZE, 2006).  

 

2.5.2 A planta 

 Entre o gênero Humulus estão as espécies Humulus japonicus, Humulus yunnanensis e 

a Humulus lupulus, porém, somente a última possui as características necessárias para 

utilização no processo cervejeiro (MARCOS, 2011). 

 O Humulus lupulus trata-se de uma planta trepadeira, capaz de alcançar alturas 

próximas aos sete metros, dióica, ou seja, existem plantas macho e fêmeas, porém, somente as 

fêmeas são utilizadas para produção de cerveja, devido a sua elevada concentração de alfa e 

beta-ácidos e óleos essenciais. É cultivado através de “brotos” conhecidos como rizomas, 

ilustrado na Figura 5 cuja vida média útil atinge entre 12 e 15 anos (HIERONYMUS, 2012). 

Figura 5 – Rizoma de lúpulo. 

 

Fonte: Marcos (2011) 

 

 Para o cultivo do lúpulo é necessária a instalação de uma espécie de “cerca de arame”, 

sobre a qual a planta se desenvolverá verticalmente. Geralmente a construção deste suporte 

respeita padrões similares, composta por uma rede reticular de arames galvanizados presos 

por postes de madeira, sendo a distância entre os postes entre 10 e 12 metros. Entre cada duas 

linhas de postes, existem três linhas de plantas e duas faixas abertas chamadas de “ruas”, pelas 



26 
 

quais é realizada a colheita. A estrutura necessária para o cultivo adequado do lúpulo pode ser 

observada na Figura 6 (MARCOS, 2011). 

Figura 6 – Estrutura para cultivo de lúpulo. 

 

Fonte: Marcos (2011) 

 

 O lúpulo é uma planta típica do hemisfério norte, mais especificamente entre latitudes 

de 30° e 52°, para seu desenvolvimento pleno necessita de condições específicas, entre elas, 

período de 120 dias para seu crescimento e desenvolvimento sem geadas ou neve, local que 

permita receber luz solar por aproximadamente 15 horas por dia, um período de seis a oito 

semanas de descanso/dormência em temperaturas abaixo de 4,4°C, pH do solo entre 6,0 e 6,5. 

Nos países do hemisfério norte o cultivo da planta sob a forma de rizoma inicia-se geralmente 

entre o final do mês de março e o início de abril, já a sua colheita em média se dá próximo aos 

meses de maio e junho (HIERONYMUS, 2012). O aspecto da planta no local de cultivo é 

mostrado na Figura 7. 

 

 

 



27 
 

Figura 7 – Plantação de lúpulo. 

 

Fonte: Marcos (2011) 

 

 Após a colheita das plantas de lúpulo, o objeto de maior interesse é a sua flor, com 

folhas semelhantes a folhas de uva e um cone com tamanho entre 3 e 5 cm que lembra uma 

pinha em miniatura (Figura 8). Na base das pétalas destes cones se encontra uma espécie de 

glândula de coloração amarela (Figura 9) contendo a lupulina, a qual armazena as resinas (alfa 

e beta-ácidos) e os óleos essenciais da planta, responsáveis por conferir à cerveja as 

características desejadas quanto a amargor, sabor e aroma (AQUARONE, 2003; PALMER, 

2006). 

 

Figura 8 – Cone de lúpulo. 

 

Fonte: Hieronymus (2012) 

 

Figura 9 – Glândulas de lupulina. 

 

Fonte: Palmer (2006)



28 
 

 A colheita consiste em cortar a planta a uma altura de aproximadamente 30 cm do 

solo, com as flores apresentando teor de umidade entre 75 e 85%, fator importante de controle 

para garantir a viabilidade no processamento do produto (MARCOS, 2011). 

 

2.5.3 Processamento do lúpulo 

 Após a colheita, com o objetivo de evitar o início de processos de fermentação e/ou 

oxidação da planta, esta é submetida a um processo mecânico responsável por separar suas 

flores do restante de seu material vegetal (HIERONYMUS, 2012). 

 Depois de extraídas, as flores de lúpulo são submetidas a um processo de secagem, o 

qual tem por objetivo facilitar sua conservação, diminuindo os riscos de deterioração, e 

prepará-la para os posteriores processos de transformação. Nesta etapa, em sua maioria 

realizada por meio de secadores de bandeja, a umidade da flor é reduzida até valores entre 9 e 

11%. Durante a secagem ocorrem transformações físico-químicas nas flores, entre as 

principais sua descoloração e perda de textura, como também a perda de parte de compostos 

voláteis, principalmente de óleos essenciais. A precisão no controle do processo é de extrema 

importância para evitar grandes prejuízos referentes às características do produto (MARCOS, 

2011). 

 Para garantir a uniformidade da umidade, após a secagem as flores passam por um 

período de acondicionamento por um determinado período de horas, neste momento a 

umidade é reduzida até a faixa entre 7 e 8% e atinge o equilíbrio ao longo do volume das 

flores (KUNZE, 2006). 

 O lúpulo pode ser comercializado em três diferentes formas, de forma natural, em 

pellets ou como extrato. Sob a forma natural, as folhas e cones são envasados em volumes de 

35 a 40 kg e prensadas, removendo o excesso de oxigênio. Para sua conservação deve ser 

mantido refrigerado, ainda assim deve ser consumido no processo cervejeiro o mais rápido 

possível. A técnica de obtenção de extratos de lúpulo é comum desde o ano de 1960, quando 

inicialmente os compostos da flor eram extraídos por meio de destilação a vapor, devido à 

percepção de características negativas em relação ao sabor, com o passar do tempo um novo 

método, a partir de extração por dióxido de carbono líquido, passou a ser o mais empregado. 



29 
 

O extraído é concentrado por evaporação e posteriormente destinado à indústria cervejeira 

(KUNZE, 2006). 

 A forma mais empregada na comercialização de lúpulo é em pellets, para a obtenção 

destes, as flores de lúpulo após secas e acondicionadas são moídas e peneiradas, originando 

uma “farinha”, esta é então prensada em moldes cilíndricos. Os pellets, mostrados na Figura 

10 são acondicionados em embalagens específicas sob vácuo para evitar sua oxidação e 

alteração de suas características essenciais ao longo do tempo, devem ainda ser conservados 

sob refrigeração até sua utilização. O lúpulo em forma de pellets possui como principais 

vantagens em relação a sua forma natural, a redução do seu volume, facilitando o transporte e 

estocagem como também o fato de ser um produto concentrado, possibilitando que se reduza 

a quantidade ofertada ao processo de produção de cerveja para a obtenção das características 

desejadas (HIERONYMUS, 2012; KUNZE, 2006).  

Figura 10 – Lúpulo em pellets. 

 

Fonte: Hieronymus (2012) 

 

 

2.5.4 Alfa-ácidos 

 A lupulina é a glândula responsável pela produção dos principais compostos 

relacionados às características amargas, de sabor e aroma do lúpulo, entre eles os alfa-ácidos. 

Representam um grupo de compostos quimicamente semelhantes, principais responsáveis por 

conferir o amargor durante o processo de fabricação de uma cerveja, a composição e a 

concentração destes compostos é variável de acordo com a variedade do produto (ELENA et 

al., 2008). 



30 
 

 Em matéria seca, os alfa-ácidos podem representar entre 2 e 15% do peso de uma 

amostra de lúpulo. Entre os principais componentes dos alfa-ácidos estão a adhumulona, 

cohumulona, humulona, prehumulona e posthumulona, com maior destaque para a primeira, 

podendo representar valores de até 15% e a cohumulona e a humulona, as quais podem 

alcançar concentrações entre 20 e 50% do total de ácidos. Os compostos apresentam a mesma 

estrutura química, diferenciando-se apenas nos seus radicais (CABALLERO et al., 2012). 

 Alfa-ácidos possuem baixa solubilidade em água, e, ao serem parcialmente dissolvidos 

não revelam sabor amargo algum. O sabor amargo é originado após a isomerização dos ácidos 

humulona, cohumulona e adhumulona durante o processo de fervura do mosto, processo 

intermediário do processo de produção de cerveja, transformando-se em isohumulona, 

isocohumulona e isoadhumulona através do mecanismo mostrado na Figura 11 

(CABALLERO et al., 2012). 

Figura 11 – Mecanismo de isomerização de alfa-ácidos a iso-alfa-ácidos. 

 

 

Fonte: Adaptado de Caballero (2012) 

 



31 
 

 Cada iso-alfa-ácido origina dois modelos de iso-alfa-ácido, um modelo trans e um 

modelo cis, os quais se distinguem em função do arranjo espacial de sua função álcool 

terciário localizado em C4 e em função do formato da cadeia lateral prenyl. A cinética de 

formação dos compostos iso-alfa-ácidos corresponde a uma reação de primeira ordem, onde a 

taxa de formação do modelo cis é sempre superior a taxa de formação do modelo trans, 

principalmente à temperaturas entre 90 e 100°. Esta diferença está relacionada à demanda de 

energia requerida para a formação de cada um dos modelos (JASKULA, 2007). 

 A intensidade do amargor de uma cerveja está diretamente relacionado com o grau de 

isomerização dos alfa-ácidos durante o processo de fervura, e, é intensificado com o aumento 

do tempo e da temperatura do processo (DYBOWSKI, 2015). A sensação de amargor 

transmitida por uma cerveja pode ser percebida de diferentes formas e intensidades de uma 

pessoa para outra, de acordo com sua percepção e a memória sensorial. Além disso, a própria 

“doçura” da bebida, relacionada à concentração de açúcares fermentescíveis e não 

fermentescíveis provenientes do malte é responsável por balancear a intensidade de percepção 

do amargor. Desta forma, o método mais empregado para determinar o amargor real de uma 

cerveja é a partir da determinação do seu International Bitterness Units (IBU), técnica oficial 

adotada pelas convenções europeias e norte-americanas de cervejeiros. A medida de IBU 

indica a concentração exata em miligramas por litro de cerveja de iso-alfa-ácidos, 

consequentes da isomerização dos alfa-ácidos presentes no lúpulo utilizado para a produção 

da bebida. A determinação da concentração de iso-alfa-ácidos pode ser realizada por meio de 

técnicas de espectrofotometria ou cromatografia (DA SILVA et al., 2008). 

 Da Silva e Faria (2008) avaliaram e compararam o amargor de diferentes tipos de 

cervejas, entre marcas brasileiras e norte-americanas, determinando seus valores de IBU a 

partir da técnica de espectrofotometria, através de extração por isooctano e leitura em 

comprimento de onda de 275 nanômetros, e, a composição de iso alfa-ácidos por meio de 

cromatografia líquida de alta eficiência. Foram analisadas cervejas dos estilos India Pale Ale, 

características por seu maior sensorial amargo, Lagers e Pilsners. Os resultados mostraram 

que conforme o esperado, as cervejas do estilo India Pale Ale apresentaram valores superiores 

de IBU em comparação as demais. Além deste, outro resultado interessante revelou que os 

compostos cis de isohumulona e isocohumulona contribuem de forma mais significativa nos 

valores totais de iso-alfa-ácidos em comparação aos compostos trans. 



32 
 

 Huang, Tippmann e Becker (2013) avaliaram o comportamento cinético dos alfa-

ácidos do lúpulo em diferentes condições de pH (4,5 e 6,5), diferentes temperaturas de 

fervura, entre 90 e 130°, e, diferentes tempos de fervura, entre 0 e 360 minutos. De acordo 

com o estudo, o aumento do pH do mosto reduz a energia de reação, potencializando a 

isomerização, em relação à temperatura. O trabalho mostrou que com o aumento do tempo de 

fervura ocorre a redução da concentração de alfa-ácidos e aumento na concentração de iso 

alfa-ácidos até o instante de 180 minutos de processo, quando houve estabilização em ambas 

as concentrações. O resultado quanto à avaliação da temperatura do processo revelou que a 

temperatura mais elevada acelera a isomerização dos alfa-ácidos, com 30 minutos de fervura a 

120°C o ponto de equilíbrio entre as concentrações de alfa e iso alfa-ácidos foi alcançado, 

enquanto em temperatura de 100°C este ponto foi atingido somente após 180 minutos de 

fervura. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



33 
 

 

 

 

 

 

 

3 MATERIAL E MÉTODOS 

 

3.1 Material - amostragem 

 Para a realização do trabalho foi utilizada a variedade de lúpulo Galena (Figura 12) na 

forma de pellets T 90, safra 2016, lote 3035, com validade prevista para março de 2020, 

produzido pela empresa norte-americana Barth Hass Group. Os dados do produto indicavam 

uma concentração de 12,5% em massa de alfa-ácidos totais. 

Figura 12 – Lúpulo Galena. 

 

Fonte: Do Autor (2018) 



34 
 

 A partir de uma formulação base, utilizando água e malte de cevada do tipo Pilsen, 

foram produzidos 10 litros de dois mostos com diferentes massas específicas. As formulações 

estão descritas na Tabela 1. 

Tabela 1 – Composição e massas específicas das formulações para produção dos mostos. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

 A Figura 13 mostra de forma resumida a preparação das amostras de mostos lupulados 

e os momentos de coleta das amostras para posterior determinação de concentração de iso-

alfa-ácidos. 

Figura 13 – Esquematização da metodologia. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

 A Figura 14 mostra uma imagem do Mosto 1 no momento de início do processo de 

fervura. 

 

 

Matérias-primas Mosto 1 Mosto 2

Volume total de água (L) 20,00 24,00

Malte Pilsen (kg) 1,60 1,80

Massa específica (g/mL) 1,030 1,040

Formulação padrão Formulação padrão

↓ ↓

Mosto 1 Mosto 2

10 litros 10 litros

1,030 g/mL 1,040 g/mL

↓ ↓

Levar a ebulição (100 - 102°C) Levar a ebulição (100 - 102°C)

↓ ↓

Adição 0,5 g/L de lúpulo Adição 0,5 g/L de lúpulo

↓ ↓

20 minutos de fervura - Amostragem 20 minutos de fervura - Amostragem

40 minutos de fervura - Amostragem 40 minutos de fervura - Amostragem

60 minutos de fervura - Amostragem 60 minutos de fervura - Amostragem



35 
 

Figura 14 – Mosto 1. 

 

Fonte: Do Autor (2018) 

 

 

3.2 Métodos 

 O objetivo do trabalho foi verificar e avaliar o comportamento da isomerização dos 

alfa-ácidos do lúpulo durante o processo de fervura do mosto, etapa intermediária do processo 

completo da produção de cerveja, considerando que durante as etapas posteriores da produção 

possam ocorrer perdas de compostos iso-alfa-ácidos devido à sua degradação. A metodologia 

compreendeu apenas as etapas de fracionamento e pesagem do malte, moagem do malte, 

mostura, recirculação/lavagem e fervura/lupulagem, conforme a Figura 15. 

 

Figura 15 – Fluxograma de produção dos mostos. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

 

 A sequência de processo para os dois mostos seguiu exatamente o mesmo fluxo.  



36 
 

 O procedimento teve início com o fracionamento e pesagem das massas totais de 

malte necessárias para a produção de cada mosto, a diferença de massa para cada mosto se 

deve à variação entre as massas específicas a serem avaliadas, ou seja, a concentração de 

açúcares do mosto. Utilizou-se somente malte Pilsen para produção das amostras, por ser um  

malte base, não apresenta grandes alterações biológicas em consequência do seu processo de 

malteação, proporcionando menor interferência nos resultados devido à baixa extração de 

açúcares não fermentescíveis.  

 As massas de malte foram moídas a partir de um moedor de cereais de discos manual 

da marca Guzzo (Brasil), com o objetivo de quebrar a casca dos grãos e expor seu amido. A 

moagem fora controlada de forma que a casca do grão se mantivesse o mais intacta possível, 

com comprimento não inferior a 3 mm e largura não inferior a 2 mm, considerando que a 

própria casca servira como elemento filtrante na etapa posterior do processo. 

 No processo de mostura, todo o conteúdo resultante da moagem, pó e casca, fora 

adicionado com água, em uma proporção de três litros de água para cada quilograma de malte 

em uma tina de mistura. A mistura foi aquecida e mantida à temperatura de 50°C sob agitação 

lenta durante 10 minutos, após, aquecida até a temperatura de 66°C e mantida sob agitação 

lenta durante 60 minutos. Após este período, verificou-se a conversão dos amidos extraídos 

do malte em açúcares utilizando solução de iodo 1%. Concluída a conversão, aqueceu-se a 

mistura até 75°C sob agitação lenta durante 10 minutos para a inativação enzimática. 

 Encerrado o processo de mostura, toda a mistura foi transferida para uma nova tina 

contendo em seu fundo uma peneira com malha de abertura de 1 mm , sobre a qual ficara 

retido todo o bagaço de malte, deixando escorrer o líquido açucarado, chamado de mosto. O 

mosto inicial fora recirculado sobre o bagaço novamente durante o tempo necessário para 

apresentar-se visualmente clarificado, sem a presença de partículas em suspensão. A partir 

deste momento o mosto foi transferido para uma nova tina. Para remover os açúcares 

residuais, o bagaço de malte foi lavado com água a 75°C, utilizou-se para tal uma relação de 

10 litros de água para cada quilograma inicial de malte, sendo o líquido escorrido da lavagem 

também transferido para a tina de fervura juntamente com o mosto inicial da recirculação, 

atingindo um volume próximo a dez litros de mosto. Utilizando refratômetro de 0 a 32° Brix 

da marca ATC (Figura 16), ao final da lavagem verificou-se as massas específicas dos mostos 

produzidos, a partir da leitura em graus Brix, utilizando a Tabela 2 fez-se a conversão para 

massa específica, estando ambas de acordo com os valores projetados na Tabela 1.  



37 
 

Figura 16 – Refratômetro. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

 

Tabela 2 – Tabela de conversão de graus Brix para massa específica. 

 

Fonte: Adaptado de Palmer (2006). 

 Na tina de fervura, sem agitação, o mosto foi aquecido até iniciar ebulição. Neste 

momento adicionou-se a massa de lúpulo e iniciou-se a cronometragem do tempo de fervura, 

passados vinte minutos coletou-se a primeira amostra de mosto lupulado, passados quarenta e 

sessenta minutos a segunda e terceira amostra, respectivamente. Em cada amostragem foram 

coletados 100 mL de mosto lupulado, acondicionados em garrafas de politereflalato de etileno 

(PET) de 350 mL e mantidos sob refrigeração até o momento da análise, seguindo as 

instruções do laboratório responsável. Todo o procedimento foi realizado em duplicata, 

totalizando desta forma doze amostras de mosto lupulado. 

 As análises de determinação de alfa-ácidos totais da variedade de lúpulo e as 

determinações de concentração de iso-alfa-ácidos das amostras de mosto foram realizadas 

pelo Laboratório de Tecnologia Cervejeira e Desenvolvimento (TECDEN), localizado na 

cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, seguindo metodologias já estabelecidas.  

 

6,8 1,028 9,2 1,038

7,0 1,029 9,4 1,039

7,4 1,030 9,6 1,040

7,6 1,031 9,8 1,041

7,8 1,032 10,0 1,042

Massa específica 

(g/mL)
°Brix °Brix

Massa específica 

(g/mL)



38 
 

3.2.1 Determinação de alfa-ácidos 

 A determinação de alfa-ácidos totais da variedade de lúpulo foi realizada a partir de 

metodologia estabelecida pela American Society of Brewing Chemist, método ASBC 6A, a 

partir de espectrofotometria. Para tal procedimento foram necessários 50 g da variedade de 

lúpulo. O laudo da análise encontra-se no Anexo A. 

 

3.2.2 Determinação de iso-alfa-ácidos 

 A determinação de iso-alfa-ácidos nas amostras de mostos foi realizada seguindo 

metodologias estabelecidas pela European Brewery Convention, EBC 9.8, a partir de 

espectrofotometria. Para tal, foram necessários 100 mL de cada amostra de mosto a ser 

analisado. Os laudos das análises de iso-alfa-ácidos encontram-se no Anexo B. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



39 
 

 

 

 

 

 

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

 

4.1 Caracterização do lúpulo 

 Os resultados de concentração de alfa-ácidos totais da variedade de lúpulo podem ser 

verificados na Tabela 3, juntamente com os valores de beta-ácidos totais e de Hop Storage 

Index (HSI), os quais não estão diretamente relacionados ao trabalho, porém são frequentes 

em análises de caracterização de lúpulos. 

Tabela 3 – Resultados das análises de caracterização do lúpulo. 

 

Fonte: Adaptado de Relatório de ensaio CAL 088 – 2018 – TECDEN. Resultados obtidos através de médias de 

triplicatas (2018). 

 A determinação de HSI busca quantificar a taxa de degradação de alfa-ácidos e beta-

ácidos de lúpulo em função do tempo. Por meio de espectrofotometria, alfa-ácidos e beta-

ácidos são detectados em comprimentos de onda de 325 nm, enquanto compostos associados 

à sua oxidação são detectados em comprimento de onda de 275 nm. O resultado de HSI é 

determinado através da divisão do resultado de absorbância a 275 nm pelo resultado de 

absorbância a 325 nm. Resultados inferiores a 0,3 indicam boa qualidade do lúpulo avaliado, 

Alfa-ácidos 11,4 %

Beta-ácidos 7,2 %

HSI (Hop Storage Index) 0,3 -

Procedimento técnicoParâmetros Resultado Unidade Método

EspectrofotometriaASBC Hops 6A, 8 e 12



40 
 

resultados entre 0,3 e 0,4, indicam resultados de qualidade satisfatórios, porém sujeitos a 

atenção, enquanto resultados acima de 0,4 indicam baixa qualidade (CARPENTER, 2015). 

   O resultado encontrado para a concentração de alfa-ácidos mostra um valor inferior ao 

indicado na embalagem do produto, 12,5%. Esta perda é um fato comum, devido 

principalmente à oxidação do lúpulo quando em contato com o ar, exposto a luz, ou 

submetido a ambientes com temperaturas elevadas. Carpenter (2015) afirma que o oxigênio é 

o principal inimigo do lúpulo, responsável por sua degradação, causando perda não apenas de 

suas propriedades de amargor, como também de aroma. O autor indica que a matéria-prima 

deve ser armazenada em ambiente refrigerado e protegida da incidência de luz. 

 De acordo com Daniels (2000) a degradação de alfa-ácidos em determinadas 

variedades de lúpulos, quando conservados de forma inadequada, pode representar valores de 

até cinquenta por cento de perda em comparação ao momento de sua colheita, em média, para 

lúpulos mantidos em condições adequadas, a perda costuma ser inferior a vinte e cinco por 

cento. O resultado obtido através da caracterização do lúpulo Galena, utilizado para a 

realização do trabalho, indica uma perda de 8,8% de alfa-ácidos, considerando sua colheita no 

ano de 2016, passados aproximadamente um ano e seis meses, pode ser considerado baixo, 

indicando boa conservação e processamento do produto. 

 O trabalho de Darby et al. (2014) apresenta um comparativo relacionando às 

concentrações de alfa-ácidos e valores de HSI entre diversas variedades de lúpulos utilizados 

em grande escala nos Estados Unidos, entre tais a variedade Galena. O trabalho apresenta 

também um comparativo das concentrações de alfa-ácidos de cada variedade entre as safras 

de 2013 e 2014. Os resultados mostram o lúpulo Galena como uma das variedades com 

maiores concentrações de alfa-ácidos entre as analisadas, mostram também que os resultados 

encontrados nas safras 2013 e 2014 apresentam-se bastante próximos, indicando estabilidade 

e reprodutibilidade na produção desta variedade.   

 

4.2 Concentrações de iso-alfa-ácidos  

 A Tabela 4 apresenta os resultados de concentrações de iso-alfa-ácidos nas amostras 

de mostos avaliados em relação às diferentes massas específicas e tempos de fervura. Os 



41 
 

valores descritos como concentração de iso-alfa-ácidos são correspondentes aos valores de 

IBU, sendo estes expressos em mg/L. 

Tabela 4 – Resultados de concentrações de iso-alfa-ácidos dos mostos a 20, 40 e 60 minutos 

de fervura. 

 

Fonte: Adaptado de relatório de ensaio RI 28 CN – CAW 002 - 2018 a CAW 013 - 2018 – TECDEN. Resultados 

de amostras de mosto preparados e analisados em duplicata e resultados analíticos médios de triplicatas (2018). 

 O procedimento completo, preparação de mostos com diferentes massas específicas e 

amostragens ao longo do processo, foi realizado em duplicata, apresentando resultados 

bastante próximos. Foram desconsiderados resultados relativos à amostra coletada na segunda 

preparação do Mosto 2, por apresentarem desvio em relação aos demais. Este desvio pode 

estar diretamente relacionado à adição de sacarose ao mosto visando correção de sua massa 

específica inicial, nas demais amostras de mostos a massa específica fora atingida somente a 

partir da maltose, extraída do grão de cevada malteada.  Daniels (2000) explica que devido ao 

fato de a estrutura molecular da sacarose ser menor em relação à maltose, mostos a base de 

sacarose possuem maiores espaços intermoleculares, facilitando a isomerização dos alfa-

ácidos. 

 Ao analisar os resultados da Tabela 4, observa-se que para os dois mostos, os valores 

de concentração de iso-alfa-ácidos aumentam em função do aumento do tempo de fervura. 

Sendo que os resultados do Mosto 2 apresentam valores 4,47% em média, inferiores em 

comparação ao Mosto 1. O trabalho desenvolvido por Pinto (2018) com o objetivo de avaliar 

o comportamento da variedade de lúpulo Cascade ao longo dos processos de fervura e 

fermentação de mosto cervejeiro, apresenta resultados similares, indicando além do aumento 

da concentração de iso-alfa-ácidos, a redução da concentração de alfa-ácidos em função do 

tempo de fervura. Os resultados do trabalho de Pinto (2018) foram obtidos a partir de 

avaliações de mosto entre intervalos de 5, 10, 15, 20, 30, 40, 60 e 90 minutos de fervura. 

20 38

40 44

60 52

20 37

40 42

60 49

2

1,030

1,040

Concentração de iso-alfa-

ácidos (mg/L)
Tempo de fervura (min)Massa específica (g/mL)Mosto

1



42 
 

 De acordo Daniels (2000) e Hieronymus (2012) o tempo pelo qual o lúpulo é mantido 

sob fervura é a maior influência em relação às características finais de amargor de uma 

cerveja, com dez minutos de fervura atinge-se em média 10% de conversão de alfa em iso-

alfa-ácidos, já com sessenta minutos de fervura este valor pode atingir os 30%. Hieronymus 

(2012) cita que apesar de os valores de conversão manterem-se crescentes ao longo do 

processo de fervura, não seguem uma taxa de crescimento linear em função do tempo. 

 

4.3 Utilização de alfa-ácidos    

 Hall (1997) descreve o fator de “utilização” de alfa-ácidos de lúpulo. O termo refere-

se ao percentual em relação ao total de alfa-ácidos ofertados convertidos a iso-alfa-ácidos 

durante o processo de fervura. A partir de estudos e coleta de dados o autor apresenta 

resultados que indicam uma “utilização” máxima de aproximadamente 30%, sendo este valor 

relativo a análises de cervejas ao final do processo. Com base nos resultados apresentados na 

Tabela 3, é possível calcular a “utilização” de alfa-ácidos durante o processo de fervura dos 

mostos, conforme a Tabela 4. 

Tabela 4 – Utilização de alfa-ácidos durante o processo de fervura do mosto. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

 Os resultados de utilização de alfa-ácidos descritos na Tabela 4 seguem o mesmo 

padrão dos resultados de concentração de iso-alfa-ácidos, apresentados na Tabela 3. Verifica-

se o aumento do percentual de utilização em função do aumento do tempo de fervura. 

Observa-se também resultados de utilização em média 3,2% inferiores para o Mosto 2, de 

maior massa específica, em relação ao Mosto 1, de menor massa específica. 

 Segundo Hieronymus (2012) a utilização de alfa-ácidos decresce em razão do aumento 

da massa específica do mosto, mostos com massas específicas elevadas apresentam resultados 

de utilização inferiores. De acordo com Daniels (2000), em uma comparação entre um mosto 

Mosto Tempo (min) Utilização (%)

20 66,66

40 77,19

60 88,14

20 64,91

40 73,68

60 85,96

1

2



43 
 

com massa específica de 1,040 g/mL e outro com massa específica de 1,080 g/mL a diferença 

de utilização entre ambos pode chegar a 15%. 

 Palmer (2006) afirma que a utilização dos alfa-ácidos decresce com o aumento da 

massa específica, quanto maior a concentração de açúcares no mosto, maior a dificuldade na 

isomerização em iso-alfa-ácidos. O autor apresenta a tabela desenvolvida por Tinseth, 

elaborada a partir de dados experimentais, correlacionando tempos de fervura com massas 

específicas de mostos, estabelecendo fatores para cálculos de estimativa de concentração de 

iso-alfa-ácidos, consequentemente amargor, para a produção de uma cerveja. 

 O método de Tinseth é o mais utilizado por cervejeiros caseiros para cálculos 

referentes à estimativa de amargor final para suas cervejas, baseia-se na multiplicação da 

concentração, em gramas por litros, de lúpulo utilizado pela concentração de alfa-ácidos da 

variedade de lúpulo, multiplicando este resultado pelo valor encontrado na Tabela 5, a partir 

da relação entre o tempo de fervura e a densidade do mosto. 

Tabela 5 – Correlações de Tinseth para cálculos de amargor. 

 

Fonte: Adaptado de Palmer (2006) 

  

 Aplicando o método de Tinseth para estimar o resultado final de concentração de iso-

alfa-ácidos, utilizando os fatores de correlação indicados na Tabela 5 para as respectivas 

concentrações dos mostos analisados. Para o Mosto 1 o resultado encontrado seria de 15,73 

mg/L de iso-alfa-ácidos, para o Mosto 2, 14,36 mg/L de iso-alfa-ácidos. Estes resultados são 

1,030 1,040 1,050 1,060

0 0,000 0,000 0,000 0,000

5 0,055 0,050 0,046 0,042

10 0,100 0,091 0,084 0,076

15 0,137 0,125 0,114 0,105

20 0,167 0,153 0,140 0,128

25 0,192 0,175 0,160 0,147

30 0,212 0,194 0,177 0,162

35 0,229 0,209 0,191 0,175

40 0,242 0,221 0,202 0,185

45 0,253 0,232 0,212 0,194

50 0,263 0,240 0,219 0,200

55 0,270 0,247 0,226 0,206

60 0,276 0,252 0,231 0,211

Tempo de fervura (min)
Massa específica (g/mL)



44 
 

considerados indicativos de cervejas de amargor médio/baixo, encontrados em cervejas dos 

tipos Pilsen, Blond Ales, Golden Ales, entre outros. 

 O método de Tinseth teve sua coleta de dados baseada em testes em escala piloto, e a 

partir de informações fornecidas por pequenas cervejarias. A análise dos fatores encontrados 

por Tinseth mostra como de fato há interferência do tempo de fervura e da massa específica 

do mosto cervejeiro no resultado final de concentração de iso-alfa-ácidos, consequentemente 

nas características de amargor da cerveja. 

 O trabalho realizado por Elena et al. (2008) faz um comparativo entre as variedades de 

lúpulo Warrior e Styrian Aurora, avaliando suas concentrações iniciais de alfa-ácidos e sua 

conversão a iso-alfa-ácidos sob fervura em períodos de 60, 90 e 120 minutos, em mostos com 

massas específicas de 1,040; 1,048 e 1,056 g/mL. Os resultados descritos no trabalho com as 

duas variedades mostram o aumento da concentração de iso-alfa-ácidos em razão do aumento 

do tempo de fervura, como também a redução na concentração de isômeros em razão do 

aumento das massas específicas dos mostos analisados. O comportamento do processo 

mostrou-se similar entre as variedades de lúpulo avaliadas, sendo suas variações relacionadas 

à concentração inicial de alfa-ácidos. 

 

4.4 Degradação de iso-alfa-ácidos 

 Os resultados de utilização de alfa-ácidos no presente trabalho apresentaram valores 

bastante acima do valor máximo descrito por Hall (1997), o que é explicado pelo fato de a 

determinação de iso-alfa-ácidos ter sido realizada antes do processo de fermentação, processo 

no qual há grande degradação de iso-alfa-ácidos. 

 O trabalho de Pinto (2018), mostra resultados significativos em relação à degradação 

de iso-alfa-ácidos durante o processo de fermentação, de acordo com o estudo a perda ocorre 

principalmente nos momentos finais da atividade fermentativa. De acordo com Daniels (2000) 

a perda de compostos iso-alfa-ácidos durante o processo de fermentação pode ocorrer por 

diversos motivos, entre eles, sua precipitação juntamente com as células de levedura ao final 

do processo, fato que pode ser intensificado ou minimizado de acordo com o número de 

células dosadas ao início da fermentação, quanto maior o número de células, maior o volume 

precipitado e decantado, consequentemente maior a perda de compostos amargos. Outro fato 



45 
 

está relacionado com a massa específica inicial de fermentação do mosto, maior a massa 

específica, maior a oferta de nutrientes para a levedura, a qual atingirá uma maior taxa de 

reprodução, consequentemente gerando maior volume de precipitado. Processos de 

clarificação, filtragem, pasteurização e até mesmo o envelhecimento da cerveja após envasada 

ocasionam perdas de compostos iso-alfa-ácidos. 

 Schoemberger (2009) indica que há perda de iso-alfa-ácidos no Trub quente, momento 

ao final do processo de fervura quando ocorre a precipitação e decantação de materiais 

proteicos e resíduos de lúpulo do mosto fervido, após esta etapa, o mosto é resfriado e 

destinado à fermentação. 

 

4.5 Correlações lineares entre as variáveis avaliadas 

 A partir dos resultados obtidos foram elaborados os gráficos relacionando as variáveis 

avaliadas para os mostos analisados, conforme Figura 17. 

Figura 17 – Correlações lineares entre as variáveis para os Mostos 1 e 2. 

 

Fonte: Do autor (2018) 

Mosto 1

Mosto 2 

y = 0,35x + 30,667
R² = 0,9932

0

10

20

30

40

50

60

0 20 40 60 80

m
g/

L 
d

e
 is

o
-a

lf
a-

ác
id

o
s

Tempo de processo (minutos)

y = 0,3x + 30,667
R² = 0,9908

0

10

20

30

40

50

60

0 20 40 60 80

m
g/

L 
d

e
 is

o
-a

lf
a-

ác
id

o
s

Tempo de processo (minutos)



46 
 

 Os resultados de correlação linear para os dois mostos avaliados apresentam-se 

bastante satisfatórios, R
2
 = 0,9932 para o Mosto 1 e R

2
 = 0,9908 para o Mosto 2, indicando 

relação direta entre as variáveis analisadas, tempo e massas específicas, representando 

confiabilidade nos resultados encontrados. A correlação entre as variáveis tempo e 

concentração de iso-alfa-ácidos é positiva, as variáveis aumentam ou diminuem 

proporcionalmente, uma em razão da outra. 

 Comparando as equações de ajuste dos dados experimentais dos Mostos 1 e 2, 

observa-se que se diferenciam somente em relação ao seu coeficiente angular, indicando a 

partir deste valor a interferência da massa específica do mosto analisado na conversão de alfa-

ácidos em iso-alfa-ácidos ao longo do tempo de fervura.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



47 
 

 

 

 

 

 

 

5 CONCLUSÃO 

 

 Com base no exposto nos itens anteriores do trabalho, pode-se concluir que: 

- A partir de uma formulação padrão, utilizando água e malte Pilsen foram produzidos dois 

mostos, Mosto 1 com massa específica de 1,030 g/mL e Mosto 2 com massa específica de 

1,040 g/mL;  

- A concentração de alfa-ácidos totais da variedade de lúpulo utilizada apresentou resultados 

próximos ao indicado pelo fabricante, a diferença se deve à degradação da matéria-prima ao 

longo do tempo e, em função de seu processamento e armazenamento; 

- Os resultados de concentração de iso-alfa-ácidos nas amostras de mostos lupulados 

apresentaram resultados entre 35 e 55 mg/L ou 35 e 55 IBU’s, variando em função das 

variáveis avaliadas; 

- Os resultados de utilização de alfa-ácidos, determinados a partir da relação entre o total de 

alfa-ácidos adicionados ao processo e os resultados das concentrações de iso-alfa-ácidos das 

amostras de mosto lupulado, apresentaram valores entre 60 e 90%; 

- Os resultados encontrados permitem concluir que existe relação direta entre tempo de 

fervura com a isomerização dos compostos alfa-ácidos do lúpulo, sendo a conversão 

favorecida pelo incremento do tempo, assim como há também interferência da massa 



48 
 

específica do mosto na conversão de alfa em iso-alfa-ácidos durante o processo de fervura, 

sendo a conversão dificultada em função do aumento da massa específica do mosto. 

 O trabalho realizado mostra que existem outras inúmeras variáveis que interferem 

diretamente no resultado final durante a produção de uma cerveja. Como sugestões para 

trabalhos futuros: 

- Estudo sobre a degradação dos compostos iso-alfa-ácidos durante o processo de 

fermentação; 

- Estudo sobre isomerização de alfa-ácidos em temperaturas abaixo de 80 °C, considerando 

adições de lúpulo durante o processo de Whirpool; 

- Influência da adição de lúpulo na etapa de Dry Hopping sobre compostos iso-alfa-ácidos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



49 
 

 

 

 

 

 

 

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WHITE, C.; ZAINASHEFF J. Yeast, The practical quide to beer fermentation. Brewers 

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WECKL, Alexander. Lúpulo: Um Breve Tour. Disponível em 

<http://www.beerplanet.com.br/downloads/BeerPlanet-Palestra_L%C3%BApulos-

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52 
 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



53 
 

ANEXO A – Laudo de análise de caracterização do Lúpulo. 

 



54 
 

ANEXO B – Laudos das análises de iso-alfa-ácidos nas amostras de Mostos Lupulados. 

 



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