CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES 

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU 

MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 

 

 

 

ASSEMBLEIA DE AVES EM DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS 

NO BIOMA PAMPA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL 

 

 

 

Juliano de Carvalho Konze 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, junho de 2015 



26 
 

Juliano de Carvalho Konze 

 

 

 

 

 

 

 

 

ASSEMBLEIA DE AVES EM DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS 

NO BIOMA PAMPA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL 

 

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, 

do Centro Universitário UNIVATES, como 

parte da exigência para a obtenção do grau de 

Mestre em Ambiente e Desenvolvimento, na 

área de concentração Ecologia. 

 

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Périco 

 

 

Lajeado, junho de 2015 



 
 

Juliano de Carvalho Konze 

 

 

 

 

 

 

ASSEMBLEIA DE AVES EM DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS 

NO BIOMA PAMPA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL 

 

A Banca examinadora abaixo aprova a Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 

em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da 

exigência para a obtenção do grau de Mestre em Ambiente e Desenvolvimento, na área de 

concentração Ecologia: 

Prof. Dr. Eduardo Périco – orientador 

Centro Universitário Univates 

 

Profa. Dra. Claudete Rempel 

Centro Universitário Univates 

 

Prof. Dr. Fernando Haetinger Bernál 

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA 

Faculdade América do Sul 

 

Prof. Dra. Elisete Maria de Freitas 

Centro Universitário Univates  

 

 

Lajeado, junho de 2015 



26 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dedico à minha esposa Aline, pelos momentos em que me ausentei desenvolvendo este 

trabalho e aos meus pais Marisa e Júlio, por sempre incentivarem meus estudos. 



 
 

 

 

 

 

AGRADECIMENTOS 

 

Muito Obrigado! Agradeço... 

 A Deus por me abençoar, realizando suas vontades em minha vida e me guiando com 

sabedoria na realização deste trabalho. 

 Aos meus pais Marisa e Júlio, que com humildade sempre esforçaram-se em garantir 

que meu irmão e eu pudéssemos estudar. Agradeço por todo o amor, dedicação, incentivo e 

admiração depositados. 

 À minha esposa Aline Deicke Brum, pelo apoio e incentivo em todos os objetivos e 

caminhos que trilhei. Por compreender, e em grande parte das vezes, abrir mão de seus planos 

para que pudesse cumprir com as obrigações que este trabalho impôs. Obrigado pelo carinho. 

Te amo muito!! 

 Ao meu querido amigo Jonas Bernardes Bica, pelo convencimento de realizar o 

mestrado do PPGAD, acreditando sempre em meu potencial. Agradeço pelo grande auxílio que 

dedicou, sempre que solicitado, durante todo este período. 

 Agradeço a professora Claudete Rempel, além do conhecimento que me ajudou a 

construir durante as aulas do PPGAD, em abrir as portas de sua residência, dando abrigo e 

conforto! E especialmente as suas filhas: Amália, por ceder, toda vez que fui a Lajeado, seu 

quarto para meu descanso e Anita, que teve que dividir a cama com a irmã mais nova. Obrigado 

por me suportarem!!! 

 Aos amigos e colegas do PPGAD, que em algum momento, me deram uma palavra 

amiga e de incentivo durante esta jornada compartilhada. 



26 
 

 Aos docentes e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e 

Desenvolvimento pelo aprendizado e auxílio. 

 Ao colega de trabalho da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, biólogo Deivid 

Ismael Kern, pela a ajuda, incentivo e momentos de discussão deste trabalho. 

 À Família Salomão, representada pela matriarca, Dona Nely Salomão e seus filhos, 

Marco Antônio Salomão, Paulo Roberto Salomão e Edson Luiz Salomão (agradecimento 

especial) por autorizar e ceder as dependências de sua propriedade rural, a Fazenda Tamanduá, 

para a realização deste trabalho. 

 Agradeço também o companheiro Antônio Carlos, o “Gordo”, capataz da Fazenda 

Tamanduá, pela companhia, conversas descontraídas e excelente comida nos intervalos das 

saídas de campo. Fico grato pela grande amizade que nasceu deste convívio.   

 Aos membros avaliadores da banca: Profa. Dra. Claudete Rempel, Prof. Dr. Fernando 

Haetinger Bernál e Prof. Dra. Elisete Maria de Freitas. Desde já agradeço as contribuições 

para este trabalho. 

 Ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Périco, pela amizade, dedicação, paciência e 

confiança depositada. Obrigado por estar sempre disposto a ajudar e compartilhar seu 

conhecimento e exemplo de vida e persistência.  

 A minha querida amiga, Profa. Dilma Terezinha Machado, pelo incentivo e cedência de 

sua turma para realização de meu estagio em docência. 

 Agradeço a todos, que de alguma forma, contribuíram e colaboraram para com este 

estudo. 

 Agradeço ao Centro Universitário UNIVATES e a Coordenação de Aperfeiçoamento de 

Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão da bolsa de taxas. 

   

 

 

 



 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Para que siempre haya un ave cruzando el cielo y alguien mirándola.” 

(Tito Narosky) 



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RESUMO 

 

O bioma Pampa, presente somente no extremo sul do país, corresponde aos campos ou pradarias 

propriamente ditas, sendo pouco conhecido em termos de diversidade biológica. A falta de 

medidas conservacionistas faz com que seja ocupado por monoculturas florestais, alterando 

drasticamente sua paisagem natural. O inventariamento de sua biodiversidade torna-se uma 

ferramenta de suma importância para o conhecimento da riqueza de espécies, e de certa forma, 

essencial para a construção de medidas eficazes para a preservação. Esta dissertação objetivou 

inventariar a assembleia de aves ocorrente em uma parte do bioma Pampa avaliando sua 

distribuição, diversidade e composição nas diferentes coberturas vegetais encontradas no 

bioma, durante os períodos sazonais ao longo de um ano. O local de estudo encontra-se ao norte 

do município de Santana da Boa Vista, RS. Realizou-se uma coleta de dados longitudinal 

durante a primavera de 2013 e o inverno de 2014, totalizando 32 saídas a campo. Foram 

escolhidas cinco coberturas vegetais diferentes considerando a fitofisionomia do local: Campo 

(C), Campo com Área Úmida (CAU), Borda de Mata (BM), Mata de Galeria (MG) e Interior 

de Mata (IM). As observações visuais e auditivas foram realizadas em 15 pontos fixos pré-

estabelecidos com distâncias superiores a 200 metros, distribuídos em três pontos em cada 

formação. As aves foram amostradas em cada ponto durante 10 minutos, sem raio definido, 

com auxílio de binóculo e gravador digital. Foram identificadas taxonomicamente 157 espécies 

de aves distribuídas em 48 famílias, destas, oito classificadas em algum critério de ameaça, 

sendo uma prioritária para a conservação. Inventários qualiquantitativos foram realizados ao 

longo do período amostral, ocorrendo a estabilização das curvas do coletor, caracterizando a 

assembleia de aves do local. A riqueza e a abundância entre as diferentes formações vegetais e 

entre a sazonalidade foram avaliadas através de análise de variância de dupla entrada (ANOVA) 

com teste post-hoc de Tuckey. A abundância e a riqueza foram ordenadas pela técnica de 

NMDS (Escalonamento Não Métrico Multidimensional), utilizando como medida de 

dissimilaridade o índice de Bray-Curtis, utilizando o programa PAST 2.08. As guildas tróficas 

foram agrupadas nas categorias descritas por Belton (1994) e Sick (1997) e suas associações 

com as formações vegetais testadas pelo teste de Qui-quadrado (χ²). A análise de variância 

(ANOVA) indicou a diferença significativa entre a sazonalidade e a riqueza de espécies (p = 

0,003) e entre as formações vegetais e a riqueza de espécies (p = 0,000). Também foram 

observadas diferenças significativas entre as estações do ano e a abundância (p = 0,000) e entre 

as formações vegetais e a abundância (p = 0,000). Escalonamento Não Métrico 

Multidimensional (NMDS) mostrou uma boa ordenação dos dados com baixo risco de falsas 

inferências e uma diferença significativa entre a abundância de espécies encontradas em 

formações vegetais C e CAU em relação às formações MG e IM. Em relação às estações, é 

clara a separação da abundância por sazonalidade. Com relação à formação vegetal foi 

observada diferença significativa (p= 0,019) entre as guildas tróficas. Do inventariamento, oito 



 
 

espécies identificadas estão classificadas em alguma categoria de ameaça e a espécie Amazona 

pretrei de endemismo ameaçado, está registrada como prioritária para a conservação. Diante da 

considerável riqueza e abundância de espécies da avifauna encontradas em uma pequena parte 

do Pampa, reitera-se a necessidade de investimentos em medidas de recuperação e conservação 

dos remanescentes naturais para a manutenção da biodiversidade deste bioma. 

Palavras-chaves: Avifauna, Pampa, Riqueza, Abundância.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



26 
 

 

 

 

 

ABSTRACT 

 

The Pampa biome occurs only in the southernmost part of Brazil and corresponds to the 

grasslands or fields, and it is one of the less known biome in terms of biological diversity. Due 

to the lack of conservation measures and economic pressure, the biome is occupied by tree 

monocultures, drastically changing its natural landscape. The inventory of their biodiversity, 

becomes an important tool for the knowledge of species richness, and somehow, essential for 

building effective measures for preservation. This work aimed to inventory the assembly of 

birds occurring in one part of the Pampa biome, evaluating their distribution, diversity and 

composition in different vegetation types found locally, during seasonal periods over a year. 

The study site is in the north of the municipality of Santana da Boa Vista, Brazil. A longitudinal 

data collection was performed during the spring 2013 to the winter 2014, totalizing 32 field 

trips. It were selected five different vegetal formations considering the local forest composition: 

grassland (C), wetlands fields (CAU), forest edge (BM), riparian forest (MG) and understory 

(IM). Visual and auditory observations were made at 15 fixed points pre-established with 

distances greater than 200 meters, three sites sampling in each formation. The birds were 

identified at each point for 10 minutes, without defined radius, with the help of the binoculars 

and digital recorder. They were identified 157 bird species distributed in 48 families, from 

these, eight were classified in any of extinction threat criteria, and one specie is classified as 

priority for conservation. Qualitative and quantitative inventories were held throughout the 

sample period, occurring stabilizing collector curves, characterizing the location of the bird 

assembly. The richness and abundance among the different vegetation types and among the 

seasonality were analyzed through double-entry analysis of variance (ANOVA) with post-hoc 

Tuckey. The abundance and richness were ordered by the NMDS technique (Non-metric 

Multidimensional Scale), using as a measure of dissimilarity index of Bray-Curtis, using the 

software PAST 2:08. Trophic guilds were grouped into the categories described by Belton 

(1994) and Sick (1997) and their associations with vegetation formations tested by chi-square 

test (χ²). Analysis of variance (ANOVA) indicated significant differences between seasonal and 

species richness (p = 0.003) and between vegetation formations and species richness (p = 

0.000). They also observed significant differences between the seasons and the abundance (p = 

0.000) and between the vegetation formations and the abundance (p = 0.000). Non-metric 

Multidimensional Scale (NMDS) showed a good ordering of data at low risk of false inferences 

and a significant difference between the abundance of species found in vegetation formations 

C and CAU in relation the MG and IM formations. Regarding the seasons, there is a clear 

separation of abundance by seasonality. With respect to vegetal formation was observed 

significant difference (p = 0.019) between the trophic guilds. To the inventory, eight species 

identified are classified into some threat category and the species Amazon pretrei of the 



 
 

endemism threatened, it is listed as a priority for conservation. In the face of considerable 

richness and abundance of birds of species found in a small part of the Pampa, reiterates the 

need for investment in recovery measures and conservation of natural remaining for 

maintaining the biodiversity of this biome.     

Keywords: Birds, Pampa, Richness, Abundance. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



26 
 

 

 

 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

 

Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo no município de Santana da Boa Vista, RS...43 

Figura 2 – Conglomerado de granito e seixos (A) e platô decrescente e mata fechada (B).........44 

Figura 3 – Formações vegetais do tipo Campos (C)...................................................................45 

Figura 4 – Formações vegetais do tipo Campo com Área Úmida (CAU)...................................47 

Figura 5 – Formações vegetais do tipo Borda de Mata (BM)...................................................48 

Figura 6 – Formações vegetais do tipo Mata de Galeria (MG)...................................................49 

Figura 7 – Formações vegetais do tipo Interior de Mata (IM)....................................................50 

Figura 8 – Localização dos pontos de escuta nas coberturas vegetais selecionadas...................51 

Figura 9 – Análise por NMDS da abundância de aves nas cinco formações vegetais 

amostradas.................................................................................................................................72 

Figura 10 – Análise por NMDS da abundância de aves nas quatro estações do ano 

amostradas.................................................................................................................................73 

Figura 11 – Análise por NMDS da riqueza de aves nas quatro estações do ano 

amostradas.................................................................................................................................74 

Figura 12 – Análise por NMDS da riqueza de aves nas cinco formações vegetais 

amostradas.................................................................................................................................75 

 

 

 

 

 



 
 

 

 

 

 

 

LISTA DE GRÁFICOS 

 

Gráfico 1 – Percentual de espécies das Famílias de não-Passeriformes identificadas na área de 

estudo localizada no bioma Pampa, Santana da Boa Vista, RS..................................................56 

Gráfico 2 – Percentual de espécies das Famílias de Passeriformes identificadas na área de estudo 

localizada no bioma Pampa, Santana da Boa Vista, RS.............................................................57 

Gráfico 3 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Campo (C)..............................................................66 

Gráfico 4 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Campo com Área Úmida (CAU)............................66 

Gráfico 5 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Mata de Galeria (MG)............................................67 

Gráfico 6 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Borda de Mata (BM)..............................................67 

Gráfico 7 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Interior de Mata (IM).............................................68 

Gráfico 8 – Riqueza média e desvio padrão de espécies de aves por período sazonal ...............69 

Gráfico 9 – Riqueza média e desvio padrão de espécies de aves por formação vegetal ............70 

Gráfico 10 – Abundância média e desvio padrão de espécies de aves por período sazonal ......71 

Gráfico 11 – Abundância média e desvio padrão de espécies de aves por formação vegetal ....71 

 

 

 

  



26 
 

 

 

 

 

LISTA DE TABELAS 

 

Tabela 1 – Lista das espécies registradas na área de estudo localizada no bioma Pampa, Santana 

da Boa Vista, Rio Grande do Sul................................................................................................58 

Tabela 2 – Número (n) de espécies e percentual (%) que ocorrem nas estações ........................65 

Tabela 3 – Número (n) de espécies e percentual (%) que ocorrem nas coberturas vegetais ....65 

Tabela 4 – Espécies de aves ameaçadas de extinção encontradas na área de estudo localizada 

no bioma Pampa, Santana da Boa Vista, RS de acordo com critérios definidos pela IUCN para 

categorização.............................................................................................................................77 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 
 

 

 

 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 

 

AP – Antes do presente 

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 

PROBIO – Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privada para Biodiversidade 

RS – Rio Grande do Sul 

SC – Santa Catarina 

PR - Paraná 

RE – Regionalmente extinto 

CR – Criticamente em perigo 

EN – Em perigo 

VU – Vulnerável 

NT – Quase ameaçada 

LC – Não ameaçada 

EBA – Endemic Bird Area 

IBA – Important Bird Area 

C – Campo 

CAU – Campo com Área Úmida 

BM – Borda de Mata 

MG – Mata de Galeria 

IM – Interior de Mata 



26 
 

CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos 

NMDS – Análise de Escalonamento Multidimensional não-Métrico   

ANOVA – Análise de Variância 

RIQ – Riqueza 

ABD – Abundância 

PRI – Primavera 

VER – Verão 

OUT – Outono 

INV – Inverno 

ON – Onívoro 

CR – Carnívoro 

PC – Piscívoro 

NC – Necrófago 

IN – Insetívoro 

FR – Frugívoro 

NE – Nectarívoro 

GR – Granívoro 

IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza 

FZB-RS – Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 

 

 

 

 

 

 



 
 

 

 

 

 

SUMÁRIO 
 

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 28 

2.1 A região Sul do Brasil ..................................................................................................... 28 

2.2 Bioma Pampa .................................................................................................................. 29 

2.3 Formações Vegetais do bioma Pampa ............................................................................ 32 

2.4 A Comunidade de Aves do Rio Grande do Sul .............................................................. 34 

2.5 Avifauna do bioma Pampa .............................................................................................. 36 

2.6 Áreas Importantes para a Conservação de Aves ............................................................. 37 

2.7 Metodologias de Inventariamento de Aves .................................................................... 38 

2.8 O método dos Pontos Fixos ............................................................................................ 40 

3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 42 

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 42 

3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 42 

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 43 

4.1 Caracterizações da paisagem .......................................................................................... 43 

4.2 Coleta de dados e material utilizado ............................................................................... 50 

4.3 Análises dos dados .......................................................................................................... 53 

5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 55 

5.1 Inventariamento .............................................................................................................. 55 

5.2 Curvas do Coletor ........................................................................................................... 65 

5.3 Riqueza e Abundância por Período Sazonal e Formações Vegetais .............................. 68 

5.4 Escalonamento Não Métrico Multidimensional (NMDS) .............................................. 72 

5.5 Guildas Alimentares ....................................................................................................... 76 

5.6 Espécies Ameaçadas ....................................................................................................... 76 

6 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 78 



26 
 

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 86 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 89 

APÊNDICES ............................................................................................................................ 96 

ANEXOS ................................................................................................................................ 105 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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1. INTRODUÇÃO 

 O Rio Grande do Sul é o único Estado brasileiro onde encontramos o bioma denominado 

Pampa, presente nos campos da metade sul e da região das Missões (IBGE, 2004). Sua matriz 

é composta predominantemente por extensas áreas de campo, com formações florestais 

localizadas ao longo de cursos hídricos e regiões com formações savanóide (BOLDRINI, 2009).  

 No Rio Grande do Sul, do século XIX, os imigrantes europeus eram incentivados a 

povoar as terras consideradas desabitadas e pouco aproveitadas, do centro ao norte da província. 

Em virtude do relevo acidentado e a predominância de matas fechadas, essa região era 

pretendida pela elite latifundiária regional, que exerciam atividades pecuárias e eram donas de 

grandes propriedades na região da Campanha. A paisagem era drasticamente alterada, e ano 

após ano os descendentes dos imigrantes europeus conquistaram extensões cada vez maiores, 

ultrapassando os limites da província (BUBLITZ, 2008). 

 A descaracterização dos biomas nativos do Rio Grande do Sul chega a níveis alarmantes 

sendo que quase a totalidade das formações florestais originais e grande parte do que ainda resta 

está altamente degradado devido, principalmente, ao avanço da fronteira agrícola para o cultivo 

de monoculturas. A destruição dos remanescentes implica também na redução de habitats 

naturais de muitas espécies da fauna nativa do Estado.  

Algumas destas espécies, entre aquelas que encontram-se em situação precária, correm 

o risco de desapareceram do território gaúcho sem mesmo se conseguir obter dados sobre sua 

biologia e distribuição. O marco da investigação ornitológica no Rio Grande do Sul iniciou seu 

primeiro estudo com metodologia confiável ao final do século XIX pelo médico naturalista 

alemão Hermann von Ihering, e o pesquisador que mais contribuiu com dados e pesquisas, 

identificando as espécies de aves, descrevendo sua ocorrência, distribuição geográfica e hábitos 

reprodutivos e migratórios foi William Belton nas décadas de 1970 e 1980 (CORRÊA; SILVA; 

CAPPELLARI, 2012). Estes dados serviram como base referencial para as primeiras listas de 



26 
 

aves gaúchas nos trabalhos de Glayson Ariel Bencke em 2001 e demais colaboradores em 2003.  

Atualmente o Rio Grande do Sul apresenta a ocorrência confirmada de 661 espécies de aves 

silvestres (BENCKE et al., 2010) e conforme Marques et al. (2002) o Estado apresenta um total 

de 128 espécies de aves ameaçadas. 

Intervenções antropogênicas afetam significamente a comunidade de espécies de aves 

que habitam os remanescentes florestais naturais existentes, sendo que a resposta da avifauna 

às alterações desses ecossistemas pode variar de diferentes formas. Algumas espécies de aves 

beneficiam-se com as ações antrópicas elevando o tamanho de suas populações, outras habitam 

ambientes antes ocupados por determinadas espécies, ocorre a diminuição da riqueza de 

espécies devido a sua variabilidade gênica e alterações na reprodução, até àquelas espécies que 

estão consideradas extintas no meio natural (MOHR, 2012; MARINI; GARCIA, 2005). A perda 

da biodiversidade não é mais um evento isolado, sendo o resultado de profundas e sucessivas 

intervenções realizadas pela espécie humana nos ecossistemas mundiais. No Brasil a perda do 

patrimônio natural têm raízes muito profundas, desde o período da colonização europeia. Para 

o Rio Grande do Sul, esta situação não foi diferente. 

 A pouca informação sobre a diversidade biológica ocorrente no bioma Pampa e as 

medidas protetivas adotadas para a conservação deste bioma, que vem sendo largamente 

ocupado por atividades de monoculturas, principalmente os plantios econômicos de essências 

exóticas de pinus e eucalipto, alterando drasticamente sua paisagem natural, instiga o estudo da 

riqueza e diversidade de espécies da avifauna silvestre, podendo ser um marco inicial para um 

conhecimento prático mais aprofundado sobre a diversidade de aves da região. 

 Este trabalho propõe o inventariamento qualiquantitativo das espécies de aves silvestres 

ocorrentes no bioma Pampa, localizado ao norte do município de Santana da Boa Vista, 

identificando as espécies da avifauna de modo não-invasivo, através da observação direta e por 

vocalizações, analisando sua distribuição, diversidade e composição, comparando parâmetros 

de riqueza e abundância, agrupadas nas diferentes guildas alimentares deste grupo taxonômico, 

nas diferentes coberturas vegetais do bioma Pampa e de acordo com a variação sazonal. 

 A conscientização e o incentivo a futuros pesquisadores para dedicarem-se na 

investigação das espécies da fauna remanescente do Rio Grande do Sul contribuirá para a 

criação de um banco de dados sobre a identificação das espécies, sua distribuição e biologia, 



27 
 

contribuindo para a criação de ferramentas conservacionistas principalmente para a fauna de 

aves ocorrente no bioma Pampa. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



28 
 

 

 

 

 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

 

2.1 A região Sul do Brasil 

 A região sul-brasileira corresponde aos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e 

Paraná. A Planície Costeira, a Depressão Central, a Campanha e a Serrando Sudeste no RS e a 

região do Planalto Sul-Brasileiro, com altitudes entre 500 e 1200 metros, são as principais 

regiões fisiográficas que caracterizam a paisagem. O clima é controlado pelo anticiclone do 

Atlântico Sul e este sistema de alta pressão transpõe massas de ar tropicais úmidas do oceano 

para o continente em direções leste e nordeste durante o ano todo. Complementar a este 

fenômeno, o sistema da Zona de Convergência Intertropical causa chuvas abundantes durante 

o verão e gera períodos de estiagem durante o outono e inverno e o encontro de frentes frias 

polares com massas de ar quentes do continente produzem fortes chuvas (BEHLING et al., 

2009). 

 A vegetação do Rio Grande do Sul apresenta-se como um mosaico resultante das 

diferenças de relevo, solo, geologia e hidrografia. Esta vegetação, composta essencialmente de 

campos e florestas, está em permanente competição no espaço regional e são condicionadas sob 

fortes influências ambientais, sobretudo as climáticas, que sofreram transformações ao longo 

do tempo e notavelmente durante o Quaternário (BAUERMANN et al., 2008). 

 A vegetação natural atual inclui os ecossistemas florestais – Floresta Mata Atlântica 

stricto sensu (Floresta Ombrófila Densa), Floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) e 

Florestas Estacionais (Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual) 

(GLÜFKE, 1999; BEHLING et al., 2009; OVERBECK et al., 2009). Os ecossistemas atuais de 

campo natural incluem os campos subtropicais e os de altitude, abrangendo uma área menor 

que a florestal sendo encontrados nas regiões fisiográficas da Depressão Central, Serra do 



29 
 

Sudeste e Campanha1 (campos subtropicais), na metade sul do Rio Grande do Sul, sendo 

semelhantes aos pampas uruguaio e argentino e constituem os campos do bioma Pampa; e na 

região do Planalto Sul-Brasileiro de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde são denominados 

como Campos de Cima da Serra, formando mosaicos com a Floresta com Araucárias 

pertencentes ao bioma Mata Atlântica (BEHLING et al., 2009). Segundo o mesmo autor, estes 

ecossistemas são fortemente influenciados pelas atividades humanas como a agricultura, o 

pastoreio e os plantios comerciais de pinus e eucalipto, removendo as florestas e alterando a 

paisagem, mudando claramente a composição vegetal original. 

 

2.2 Bioma Pampa 

 As formações campestres compõem um dos biomas mais extensos, cobrindo o 

equivalente a quarta parte da superfície do planeta, dominado por cerca de 10.000 espécies 

vegetais da família Poaceae (Gramineae) que possuem importante papel na produção de carne, 

leite, lã e couro, além de oferecer importante contribuição à manutenção da composição de 

gases atmosféricos, com a absorção do CO2 (BILENCA; MIÑARRO, 2004).   

Os ecossistemas de campos subtropicais do Brasil apresentam riqueza na sua 

biodiversidade e são os tipos de vegetação predominantes na região sul. Uma vegetação em 

forma de mosaico campo-floresta, que ainda mantém seu aspecto natural, é encontrada em 

algumas regiões pouco degradadas, apesar das fortes alterações que a paisagem tem sofrido 

pela conversão desses hábitats em áreas para a agricultura e silvicultura. (BEHLING et al., 

2009). 

 Os Campos Sulinos, ou Pampa2, abrangem as regiões pastoris de planícies em três países 

da América do Sul, localizados entre os paralelos 34° e 30° latitude Sul e 57° e 63° longitude 

Oeste. O bioma Pampa é composto por formações ecológicas que se intercruzam, formando 

uma paisagem única, de intenso fluxo gênico e biológico entre composições vegetais de 

campos, matas ciliares (ou de galeria), capões de mato e vegetações de encostas 

(SUERTEGARAY; SILVA, 2009). São fitofisionomias discerníveis em uma escala geográfica 

                                                           
1 Planalto Sul-Rio-Grandense e Planalto da Campanha, respectivamente conforme IBGE (2004b) 
2 Classificação brasileira de biomas (IBGE, 2004). 



30 
 

ampla, caracterizadas por um conjunto de espécies dominantes da flora que definem seu aspecto 

(BOLDRINI et al., 2010). 

O termo bioma (bio = vida; oma = proliferação) está associado à relação estabelecida 

entre conceitos de ecossistema e paisagem. Utiliza-se o conceito bioma no que se refere à 

classificação de grandes paisagens, quanto para designação de unidades geográficas contínuas, 

mesmo que configuradas por uma variedade de ecossistemas (SUERTEGARAY; SILVA, 

2009). A vegetação campestre do sul do Brasil é encontrada em dois biomas no Estado: no 

Pampa, correspondendo à metade sul do Rio Grande do Sul, e no bioma Mata Atlântica às áreas 

de campos do Planalto Sul-Brasileiro, formando mosaicos com as florestas da metade norte do 

Rio Grande do Sul e nos Estados de Santa Catarina e Paraná (IBGE, 2004). 

  O bioma Pampa ocupa uma área aproximada de 700.000 km², compartilhada pela 

Argentina, Brasil, e Uruguai (DI GIACOMO; KRAPOVICKAS, 2005; SUERTEGARAY; 

SILVA, 2009). A biodiversidade deste bioma é muito alta, com diversas espécies de plantas 

vasculares, das quais mais de 550 são gramíneas e a ocorrência de 450 a 500 espécies de aves, 

destas, pelo menos, 60 consideradas endêmicas destas formações (BILENCA; MIÑARRO, 

2004). No Brasil, ocupa uma área territorial de 176.496 km² (2,07%), restrito ao Rio Grande do 

Sul, abrangendo 63% da área territorial deste Estado e compreende um conjunto ambiental de 

litologias e solos basálticos da Formação Serra Geral e areníticos eólicos da Formação Botucatu 

recobertos por fitofisionomias campestres (IBGE, 2004; IBGE, 2004b; SUERTEGARAY; 

SILVA, 2009; BOLDRINI et al., 2010). Nas extensas planícies do Pampa, com relevo de 

altitudes que não ultrapassam os 200 m, destacam-se os cerros e as coxilhas compondo suaves 

ondulações (SUERTEGARAY; SILVA, 2009). 

Possui clima chuvoso, com ausência de período seco, marcado pela frequência de 

frentes polares e temperaturas negativas no inverno. As paisagens campestres do bioma são 

naturalmente invadidas por remanescentes arbóreos, representantes das florestas Estacional 

Decidual e Ombrófila Densa. Delimita-se apenas com o bioma Mata Atlântica, formado por 

quatro conjuntos principais de regiões geomorfológicas naturais: Planalto da Campanha, 

Depressão Central, Planalto Sul-Rio-Grandense e Planície Costeira (IBGE, 2004b). 

 Segundo o IBGE (2004b) no Planalto da Campanha predomina o relevo suave ondulado 

com cobertura vegetal gramíneo-lenhosa estépica, sendo considerada a área núcleo do bioma; 

é usado como pastagens (natural ou manejada) na atividade pecuária e no cultivo de arroz nas 



31 
 

esparsas planícies aluviais na atividade agrícola. A Depressão Central é caracterizada por áreas 

de floresta e campos arbustivo-herbáceo associado à matas-de-galerias degradadas compostas 

por espécies arbóreas deciduais. Apresenta densa rede de drenagem, formando extensas 

planícies sedimentares aluviais ao longo das bacias hidrográficas, onde formações vegetais 

pioneiras e as matas-de-galeria foram substituídas por culturas e pastagens (IBGE, 2004b).  

No Planalto Sul-Rio-Grandense, a cobertura vegetal se torna mais complexa devido a 

uma maior intensidade de chuvas, motivadas pela influência marinha, compondo-se de estepe 

arbórea aberta, parque e gramíneo-lenhosa, e presença marcante de formações florestais 

estacionais semideciduais.  A Planície Costeira é compreendida por terrenos sedimentares de 

origem fluvial e marinha revestidos por formações vegetais pioneiras arbustivo-herbáceas 

típicas do sistema lagunar das Lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira (IBGE, 2004b). 

 A informação sobre a biodiversidade dos Campos Sulinos está longe de sua totalidade 

e historicamente a região não foi tratada como área prioritária para a conservação, assim como 

outras formações não florestais no Brasil (OVERBECK et al., 2009). O mesmo autor sugere a 

proteção e não os florestamentos, que vêm sendo realizados atualmente, substituindo diversas 

áreas de campos por monoculturas de pinus, eucalipto e acácia.  

 De acordo com as espécies da flora ameaçada de extinção do Rio Grande do Sul, 213 

táxons pertencentes a 23 famílias de campos secos e úmidos constam relacionados na lista, 

sendo 85 ocorrentes no bioma Mata Atlântica e 146 no bioma Pampa, e destas 28 espécies em 

comum aos dois ecossistemas (BOLDRINI et al., 2010). 

Baseados nisso, Behling et al. (2009) propõem que uma maneira eficaz de preservação 

dos campos seria através de atividades de pastoreio com o gado, com um número limitado de 

cabeças por hectare, sendo melhor alternativa do que o uso do fogo, evitando efeitos negativos 

como a degradação do solo e a poluição atmosférica.  

O mapeamento dos remanescentes da vegetação do bioma Pampa está integrado ao 

projeto PROBIO do Ministério do Meio Ambiente, que consiste em mapear a cobertura vegetal 

de cada bioma brasileiro (MMA, 2007).  

Este mapeamento foi realizado através da interpretação de imagens de satélite, buscando 

identificar categorias que indicassem domínios fisionômicos de floresta ou campos, além do 

grau de antropização, que foi usado como critério para a inclusão da classe de cobertura como 



32 
 

remanescente e as áreas de uso agropecuário e urbanizadas foram consideradas como não 

remanescente. Os corpos hídricos naturais (lagos, rios e lagoas) e antrópicos (açudes e 

barragens) não foram contabilizados na categoria remanescente (MMA, 2007). 

No bioma Pampa foram identificados três tipos de formações vegetais: campestre 

(23,03%), florestal (5,38%) e de transição (12,19%). Deste estudo foi identificado que o bioma 

Pampa possui 40,6% de sua área total com presença de cobertura vegetal original, sendo o 

restante representado por áreas modificadas por algum tipo de uso antrópico. Para os 

municípios, os mesmos critérios metodológicos foram utilizados, cruzando os mapas dos 

remanescentes com os mapas dos municípios do IBGE, levando em consideração a área em 

cada município dentro do bioma Pampa. Dos municípios mapeados, Santana da Boa Vista, local 

do trabalho, possui 92,03% do total de sua área territorial dentro do bioma Pampa (MMA, 

2007). 

 Levantamentos florísticos e fitossociológicos na região dos campos se fazem necessário 

com a finalidade de se obter estimativas concretas de riqueza de espécies, permitindo dessa 

forma uma expressiva classificação florística para comparações com demais regiões 

campestres. Com isso seria possível obter informações sobre a diversidade e nível de ameaça 

nas diferentes comunidades, servindo de base para medidas conservacionistas para o bioma 

(OVERBECK, 2009). 

 

2.3 Formações Vegetais do bioma Pampa 

 Segundo Marchiori (2004) cerca de 1/3 do Rio Grande do Sul era originalmente ocupado 

por florestas e o restante por formações campestres entremeadas de matas ribeirinhas associadas 

a redes de drenagem, capões-de-mato, árvores isoladas e de arbustos lenhosos. Conforme o 

mesmo autor, o bioma Pampa corresponde aos campos propriamente ditos encontrados no sul 

do Brasil e áreas adjacentes. 

 Trata-se de um bioma complexo, formado por diversas coberturas vegetacionais, das 

quais as gramíneas são as mais representativas, sendo sua matriz formada por extensas áreas de 

campos, destacando-se os de barba-de-bode do Planalto, os de solos rasos e profundos da 

Campanha, campos de areia, campos da Depressão Central e os litorâneos. A vegetação tipo 

savanóide sobre solos rasos procedentes do granito, na Serra do Sudeste, ocupa em torno de 



33 
 

25% da área do bioma. Esta diversidade vegetacional do bioma se deve a diversos fatores como 

o clima, o solo e o tipo de manejo que a vegetação é submetida (BOLDRINI, 2009; BOLDRINI 

et al., 2010). 

 Frequentemente são diferenciados em campo limpo, onde prevalecem gramíneas e 

ciperáceas e demais espécies herbáceas; e campo sujo, com ocorrência de arbustos das espécies 

Baccharis gaudichaudiana e B. uncinella (Asteraceae) e gravatás do gênero Eryngium spp. 

(Apiaceae), além de gramíneas e herbáceas baixas (BEHLING et al., 2009). Um grande número 

de espécies da família das compostas ocorrem isolados em meio as gramíneas. As espécies dos 

gêneros Baccharis spp. e Eupatorium spp. são dominantes em beiras de estradas e quando 

ocorrem em populações densas, indicam áreas de campo com atividade pecuária mal manejada. 

Leguminosas habitam todas as formações campestres e, como as compostas, ocorrem como 

indivíduos isolados. As ciperáceas são outro grupo importante, pois habitam 

predominantemente as áreas úmidas e banhados, formando populações densas dependendo da 

espécie (BOLDRINI, 2009). 

 Matas de galeria ou matas ciliares, ripárias ou ripícolas, são formações vegetais 

associadas a margens de rios, arroios ou sangas, perenes ou intermitentes, limitando-se a um 

estreito cordão ou compondo faixas de largura variável segundo o relevo, compreendendo ao 

longo do seu curso comunidades vegetais que se diferenciam pela composição florística de 

acordo com os respectivos hábitats (MARCHIORI, 2004). 

Segundo Marchiori (2004), são encontradas espécies de arbustos como a embira e 

arvoretas como os sarandis ou amarilhos, adaptadas para suportar a correnteza e eventuais 

inundações e os angiquinhos e o salso-crioulo. Em cotas mais altas nas margens predominam 

os ingazeiros, branquilhos e o taquaruçu.  

Quando a vegetação assume um caráter aluvial, inclui-se alguns representantes de 

florestas de encosta como o açoita-cavalo (Luehea divaricata), o angico (Parapiptadenia 

rigida), ariticuns (Annona emarginata, A. neosalicifolia), canela-do-brejo (Machaerium 

stipitatum) e diversas mirtáceas (Campomanesia xanthocarpa, Eugenia uniflora, E. mansoi, E. 

uruguayensis, Gomidesia palustres) (MARCHIORI, 2004). 

Na borda da mata ciliar predominam arvoretas das espécies maricá (Mimosa 

bimucronata), unhas-de-gato (Acacia bonariensis, A. tucunarensis, A. recurva), veludinho 



34 
 

(Guettarda uruguensis), pata-de-vaca (Bauhinia forficata) e diversos juriquis (Mimosa 

adpressa, M. incana, M. pilulifera, M. urugüensis) (MARCHIORI, 2004). 

Capões são definidos como bosques de pequenas extensões, ou seja, pequenos 

fragmentos de mata, localizados geralmente nas encostas de coxilhas, junto de fontes d’água 

(vertentes) e locais favorecidos por reterem umidade, funcionando como núcleos de expansão 

da mata sobre os campos. Na metade sul do Estado, em capões da Depressão Central, Serra do 

Sudeste e da Campanha ocorrem espécies típicas da Floresta Estacional como o espinheiro 

(Sideroxylon obtusifolium), sombra-de-touro (Jodina rhombifolia), e algumas anacardiáceas 

(Lithraea molleoides, Schinus lentiscifolius, S. polygamus, S. molle) (MARCHIORI, 2004).  

Em pontos mais altos da Serra do Sudeste, restritos a lugares favorecidos pela umidade 

do solo, núcleos de vegetação usualmente estabelecem a transição gradual para campo limpo, 

formando um anel periférico de arbustos de origem chaquenha salientando-se as vassouras 

(Heterothalamus alienus, H. psisadioides, Baccharis cognata, B. dracunculifolia, B. spicata, 

B. tridentata) e algumas aroeiras (Schinus polygamus, S. molle e S. lentiscifolius) 

(MARCHIORI, 2004). 

 

2.4 A Comunidade de Aves do Rio Grande do Sul 

 A investigação ornitológica no Rio Grande do Sul iniciou com o explorador francês 

Auguste Sainte Hilaire nos anos de 1820-1821 conforme anotações em seus diários, estes 

mencionam a coleta de espécimes, mas não exibem detalhes de sua ocorrência no Estado 

(BELTON, 1994). O primeiro estudo sobre a fauna de aves do Rio Grande do Sul iniciou ao 

final do século XIX (1880-1893) com o trabalho do médico naturalista alemão Hermann von 

Ihering (BELTON, 1994; CORRÊA; SILVA; CAPPELLARI, 2012). 

 O pesquisador que mais contribuiu com dados e pesquisas, identificando as espécies de 

aves do Rio Grande do Sul, descrevendo seus status de ocorrência, distribuição geográfica e 

seus hábitos de reprodução e migração foi William Belton, realizando vários trabalhos sobre a 

avifauna gaúcha nas décadas de 1970 e 1980 (CORRÊA; SILVA; CAPPELLARI, 2012), 

servindo de base referencial para a criação de Listas de Referência das Espécies de Aves do Rio 

Grande do Sul nos trabalhos de Bencke (2001), Bencke et al. (2003) e Bencke et al. (2010). 



35 
 

As intervenções antrópicas afetam significamente as espécies de aves que habitam os 

ecossistemas naturais. A resposta das espécies da avifauna a essas alterações variam desde 

aquelas que, de alguma forma, beneficiam-se com as ações antrópicas elevando o número de 

indivíduos de suas populações (p. ex. Pitangus sulphuratus – bem-te-vi) até as espécies que 

estão consideradas extintas no meio natural (p. ex. Anodorhynchus glaucus – ararinha-azul) 

(MARINI; GARCIA, 2005). 

O Rio Grande do Sul apresenta a ocorrência confirmada de 661 espécies de aves 

silvestres (BENCKE et al., 2010) e conforme Marques et al. (2002) o Estado apresenta um total 

de 309 espécies da fauna silvestre enquadrados em algum status de ameaça de extinção, das 

quais, 128 espécies são aves. Conforme comentário de Glayson A. Bencke na obra de Meller 

(2011), as últimas atualizações adicionadas na lista de espécies de aves do Rio Grande do Sul 

mostram que o conhecimento completo sobre a fauna de aves no Estado está longe de ser 

alcançado. Espécies residentes que anteriormente passavam despercebidas passaram a compor 

a lista, enquanto que outras, presentes somente ocasionalmente, têm sido registradas devido ao 

aumento de estudos sobre sua ocorrência e distribuição.  

 Inventários de aves realizados em locais pré-determinados como reservas ecológicas, 

parques municipais, áreas urbanas ou regiões geográficas do Estado são importantes, pois 

contribuem, significativamente, para o conhecimento da diversidade de espécies, identificando 

locais de relevante interesse para a conservação, informações sobre sua ecologia e da 

preservação de remanescentes florestais (SCHERER; SCHERER; PETRY, 2010; CORRÊA; 

SILVA; CAPPELLARI, 2012; CORRÊA et al., 2013; SACCO; BERGMANN; RUI, 2013; 

BICA et al., 2014).  

Como exemplo cita-se o trabalho de Santos e Petry (2010) que divulga a ocorrência de 

23 espécies de aves de interesse conservacionista em uma área pertencente ao bioma Mata 

Atlântica, localizada no extremo norte do Estado, sendo 16 delas ameaçadas de extinção, quatro 

em um nível de quase ameaça e uma espécie de ocorrência pouco conhecida para o Estado. 

Através de investigações das espécies de aves no Estado, Corrêa, Silva e Cappellari (2010) 

fizeram o registro da ocorrência de Crypturellus noctivagus noctivagus, o jaó-do-sul, em uma 

área de Floresta Estacional Semidecidual no município de São Sepé, considerada extinta para 

o Rio Grande do Sul desde o ano de 1970. Meller e Bencke (2012) realizaram o primeiro 

registro da espécie Buteo platypterus (gavião-de-asa-larga) para o sul do Brasil, em área 



36 
 

pertencente ao Parque Estadual do Turvo, sendo a ocorrência mais meridional desta espécie 

altamente migratória.  

 

2.5 Avifauna do bioma Pampa 

 Os campos constituem o hábitat de uma expressiva parcela da fauna ocorrente no sul do 

Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, onde este ecossistema possui maior 

representatividade (BENCKE, 2009). Entre as espécies de mamíferos nativos, 83 são 

encontradas no Pampa (PAGLIA et al., 2012). Para o grupo dos anfíbios, conforme lista 

compilada, temos a ocorrência de 50 espécies para os Campos Sulinos (GARCIA et al., 2007). 

Em relação aos répteis, a região abriga 97 espécies, predominantemente heliófilas e campestres 

(BÉRNILS et al., 2007). Para a ictiofauna, embora não associada diretamente aos campos, 

espécies do gênero Austrolebias (Rivulidae) constituem um componente peculiar da fauna do 

Pampa (BENCKE, 2009). 

Das espécies de vertebrados ocorrentes no bioma Pampa, 21 delas podemos considerar 

endêmicas das formações campestres do sul do Brasil, nos Estados do RS, SC e PR. Como 

espécies populares e emblemáticas da avifauna gaúcha, como animais essencialmente 

campestres, temos a Rhea americana (ema), a Nothura maculosa (perdiz), o Vanellus chilensis 

(quero-quero), a Myiopsitta monachus (caturrita) e o Furnarius rufus (joão-de-barro). Dentre 

as aves, 120 das 578 espécies nativas continentais são primariamente adaptadas a hábitats 

campestres, representando 21% do total, e destas como exemplo: (1) Ciclodes pabsti (pedreiro), 

ocorrente em áreas de campos rupestres; (2) Scytalopus iraiensis (macuquinho-da-várzea), de 

ocorrência em capinzais úmidos de várzeas; (3) Sporophila melanogaster (caboclinho-de-

barriga-preta), restritos ao bioma Pampa somente no período reprodutivo, como representantes 

do grupo das aves (BENCKE, 2009). 

 Entre as espécies de aves migratórias neárticas que utilizam os campos da América do 

Sul como área de invernagem, sete delas ocorrem no Pampae três invernam em números 

consideráveis de indivíduos, basicamente no Rio Grande do Sul. As espécies Pluvialis dominica 

(batuiruçu), Tryngites subruficollis (maçarico-acanelado) e Hirundo rustica (andorinha-de-

bando) ocupam de forma mais extensiva as áreas de campos arenosos da planície costeira sul-

rio-grandense (BELTON, 1994; BENCKE, 2009). 



37 
 

 Como componente migratório da fauna de aves do Pampa, destaca-se o gênero 

Sporophila, conhecidos popularmente por caboclinhos, possuem hábito alimentar granívoro, 

alimentam-se de sementes de gramíneas nativas e concentram-se as margens de capinzais de 

banhados e nos campos úmidos aluviais de regiões campestres (BENCKE et al., 2003). 

 Das espécies ocorrentes em habitat campestres, que estão ameaçadas de extinção no RS, 

são consideradas importantes: Culicivora caudacuta (papa-moscas-do-campo), Sporophila 

plumbea (patativa-do-sul), S. hypoxantha (caboclinho-de-barriga-vermelha) e S. melanogaster 

(caboclinho-preto) que sofrem com a degradação dos campos; espécies típicas da formação 

savana-parque (Parque do Espinilho) Drymornis bridgesii (arapaçu-platino), Coryphistera 

alaudina (corredor-crestudo), Leptasthenura platensis (rabudinho) e Pseudoseisura lophotes 

(coperete) são prioritárias pela especificidade de hábitat e distribuição restrita no RS; 

Gubernatrix cristata (cardeal-amarelo) encontra-se ameaçado devido à extrema pressão de 

captura existente para cativeiro e tráfico; espécies campestres, como Gallinago undulata 

(narcejão), Xolmis dominicanus (noivinha-de-rabo-preto), Anthus nattereri (caminheiro-

grande) e Xanthopsar flavus (veste-amarela), sofrem com a diminuição de seus hábitats pelo 

plantio de pinus e eucalipto; e como prioritários para a conservação cita-se também Amazona 

pretrei (papagaio-charão), A. vinacea (papagaio-de-peito-roxo) e Urubitinga coronata (águia-

cinzenta) ( (BIODIVERSIDADE RS, 2011).  

Para as espécies de aves ameaçadas de extinção, a importância das formações 

campestres como hábitat, é um indicador eficaz para sua conservação (BENCKE, 2009). O total 

de espécies de aves ameaçadas que dependem de formações campestres no Rio Grande do Sul 

é de 23 dentre as 128 espécies de aves da lista vermelha do Estado (MARQUES et al., 2002).  

Como espécie extinta cita-se Anodorhynchus glaucus (arara-azul-pequena) que habitava os 

palmares e estepes arborizadas do Pampa gaúcho (BENCKE et al., 2003). 

 

2.6 Áreas Importantes para a Conservação de Aves  

 Na porção sul da América do Sul, onde as pastagens e a agricultura impactaram 

severamente os campos naturais, o conhecimento sobre a distribuição das espécies de aves 

silvestres ainda não foi finalizado (GIACOMO; KRAPOVICKAS, 2005). 



38 
 

Dos principais esforços de identificação de áreas importantes para a conservação da 

biodiversidade, seis utilizam bases de dados faunísticos em suas análises e apenas dois se 

embasam de forma exclusiva nesse parâmetro, utilizando aves como indicadoras de relevância 

biológica, para designar áreas consideradas especiais para a conservação (BENCKE, 2009). 

 Conforme Bencke (2009), as áreas designadas com base em dados da avifauna 

correspondem em uma EBA (Endemic Bird Area), nos campos argentinos, definida pela 

sobreposição da distribuição reprodutiva de três espécies ameaçadas do gênero Sporophila e de 

14 Áreas Importantes para a Conservação das Aves, as IBAs (Important Bird Areas), que 

cobrem todas as porções de campos de planalto de domínio da Mata Atlântica, mas incluem 

áreas muito restritas no bioma Pampa. Apresentam grande sobreposição com as Áreas Valiosas 

de Pastizal (BILENCA; MIÑARRO, 2004) e com as Áreas Prioritárias para Conservação da 

Biodiversidade (MMA, 2007). 

 

2.7 Metodologias de Inventariamento de Aves 

 Qualquer biólogo, pesquisador ou simplesmente um amante da avifauna ao visitar pela 

primeira vez uma determinada região, seja para planejar um futuro estudo ou apenas uma 

“passarinhada” (termo usado por ornitólogos em relação à observação de aves), sempre se 

questionam sobre quais as espécies de aves que ali ocorrem naturalmente. 

 Para Develey (2009) esse tipo de questionamento reflete o interesse e a importância da 

obtenção de dados relacionados à composição e abundância das populações de aves. Porém, 

fatores físicos como as condições meteorológicas dificultam a obtenção de dados reais da 

situação das aves na área estudada, pois alteram a atividade e o grau de detectabilidade das 

espécies durante a realização dos censos. O mesmo autor afirma também que a eficiência de 

um método pode variar conforme a biologia e o tipo de ambiente em que as espécies são 

encontradas. 

 As aves, por se fazerem presentes em todos os ecossistemas e ocuparem uma grande 

diversidade de nichos ecológicos, são consideradas excelentes indicadores da diversidade 

destes sistemas naturais, oferecendo ainda vantagens como possuir uma taxonomia bem 

estabelecida e comportamento conspícuo permitindo a identificação em campo sem a 

necessidade de capturas (VIELLIARD et al., 2010). 



39 
 

 Existem dois tipos de levantamentos, ou censos de aves: o qualitativo e o quantitativo. 

O levantamento qualitativo tem como objetivo conhecer a riqueza (número de espécies) da 

comunidade em uma determinada área estudada. Para isso, o uso de gravações e playbacks 

torna-se um recurso fundamental na identificação de aves, muito semelhantes em relação à 

plumagem ou vocalização, o que pode se tornar errônea usando-se de métodos mais 

tradicionais. Gravações e fotografias de boa qualidade são ótimas evidências para comprovação 

da presença de espécies em uma determinada área (DEVELEY, 2009).  

O resultado deste tipo de levantamento é a criação de uma lista com o número de 

espécies que ocorrem em uma área de estudo, sendo prática muito comum a comparação dessa 

lista com dados obtidos em outras regiões estudadas, determinando padrões de riqueza de 

espécies (DEVELEY, 2009). Além de fornecer uma listagem mais completa possível da 

avifauna, o levantamento qualitativo possui a função de caracterizar as preferências ecológica 

e os padrões biológicos anuais como reprodução e migração das espécies (ALEIXO; 

VIELLIARD, 1995).  

Em levantamentos quantitativos, o número de espécies ocorrentes na área de estudo não 

é o único interesse do pesquisador, mas também o tamanho populacional das espécies. Neste 

tipo de levantamento procura-se estimar a abundância de espécies ao longo do tempo, com 

estimativas baseadas no número de contatos, sendo em sua maior parte auditivos (ALEIXO; 

VIELLIARD, 1995; DEVELEY, 2009). 

 Os principais métodos para censo de aves (DEVELEY, 2009; VIELLIARD et al., 2010) 

são os pontos fixos ou pontos de escuta onde a amostragem se baseia nas observações, 

fornecendo um índice de abundância por ponto; transecções ou transects, onde o índice de 

abundância baseia-se nas observações feitas ao longo de percursos; redes de neblina, onde as 

amostragens são realizadas por captura/recaptura; e a dos quadrados ou spot mapping, 

consistindo no mapeamento dos territórios de reprodução em uma área demarcada, fornecendo 

uma abundância por área (densidade) das espécies encontradas.  

Todos os métodos apresentam vantagens e desvantagens, sendo sua escolha na utilização 

dependente da questão proposta no estudo.  

 



40 
 

2.8 O método dos Pontos Fixos 

 Neste método, o observador permanece parado por um tempo pré-determinado, 

anotando todas as aves registradas por observação ou vocalização. Por tratar-se de um método 

menos seletivo é mais indicado para trabalhos que envolvam toda a assembleia de aves. A 

identificação de espécies pouco conspícuas é mais fácil, devido ao fato do observador 

permanecer imóvel e em silêncio (DEVELEY, 2009). 

 Segundo Vielliard et al. (2010), os pontos devem ser locados a uma distância mínima 

de 200 m entre eles, minimizando assim o risco de que cantores de uma espécie com vocalização 

de longo alcance sejam detectados em mais de um ponto. O número de pontos locados não é 

fixo e deve se ajustar à área amostrada, que de acordo com o tamanho, determinará a colocação 

de um número maior ou menor de pontos amostrais. Se a área estudada apresenta uma 

heterogeneidade de hábitats (ex.: fragmentos de mata em meio a pastagens e áreas úmidas), de 

acordo com o seu objetivo, pode-se apenas registrar as espécies encontradas do hábitat de 

interesse (DEVELEY, 2009). Para Vielliard et al. (2010) o importante é que estes pontos sejam 

distribuídos de maneira a abranger toda a área estudada. 

 Develey (2009) determina que o tempo de amostragem em cada um dos pontos também 

deverá ser definido e que na maioria dos trabalhos realizados em regiões temperadas, o 

observador permanece entre 5 a 10 minutos. Vielliard et al. (2010) sugere para habitats de 

florestas neotropicais uma permanência de 20 minutos em cada ponto como suficiente. A 

permanência em cada ponto além da determinada aumenta a chance de se contar um mesmo 

indivíduo por mais vezes em um mesmo ponto (DEVELEY, 2009). 

Considerando que em ambientes florestais a detecção de aves por meio da vocalização 

é superior a 90%, o observador deverá conhecer os cantos e chamados das espécies que habitam 

o local de estudo, evitando-se erros ou dúvidas de identificação que poderão interferir nos 

resultados do trabalho. Desta forma, a gravação em campo das vocalizações desconhecidas para 

posterior identificação, utilizando-se de um simples gravador e microfone direcional, torna-se 

uma ferramenta importante, reduzindo o número de contatos não identificados (VIELLIARD 

et al., 2010).  

A disponibilidade de tempo do pesquisador é uma prática que se deve considerar na 

definição do esforço amostral e, um levantamento exaustivo prévio é recomendado para se 

estabelecer uma lista mais completa possível da avifauna da área estudada, fornecendo 



41 
 

subsídios para realização e interpretação do levantamento quantitativo, estimando o tamanho 

amostral necessário. A definição do esforço amostral adequado é importante para que se tenha 

certeza de que os dados coletados serão suficientes para responder o questionamento proposto 

e de que não houve tempo perdido coletando dados além do necessário (DEVELEY, 2009; 

VIELLIARD et al. 2010). 

Para o bom aproveitamento do esforço amostral necessário no inventário da avifauna 

leva-se em conta a compreensão da metodologia e das normas estabelecidas no método. O raio 

de observação ilimitado (limitado somente pelo raio de percepção dos contatos visuais ou 

auditivos) é o mais utilizado, mas alguns autores optam em utilizar raios determinados de 100, 

50 ou 25 metros do ponto de observação, em florestas temperadas. Em matas tropicais, esta 

limitação que visa obter resultados rigorosos, não se aplica devido à baixa visibilidade, 

dificultando a estimativa de distância, comportamento arredio de algumas espécies e a grande 

variabilidade de distâncias de detecção entre espécies, contudo, em determinados casos de 

proximidade a habitat abertos, deve-se observar a não inclusão no inventário de uma mata 

espécies de brejo ou de campo (VIELLIARD et al. 2010).  

A ordem de amostragem deve ser determinada por sorteio independente dos pontos na 

ordem sucessiva das amostras, ou seja, a primeira amostra será sorteada entre todos os pontos 

e a segunda igualmente, fazendo com que o mesmo ponto seja amostrado duas vezes seguidas. 

Nem sempre será possível deslocar-se rapidamente entre os pontos mais distantes e um sorteio 

independente de cada amostra faria perder-se muito tempo no deslocamento. Em casos como 

este sugere-se o sorteio de um ponto inicial e prosseguir a amostragem pelos pontos vizinhos 

sucessivos, respeitando sempre a distância mínima de 200 m (VIELLIARD et al. 2010). 

Conforme Vielliard et al. (2010) o horário das amostragens deve ser feito nas primeiras 

horas do dia, aproveitando assim a maior atividade das aves, particularmente a atividade vocal, 

e obter um melhor rendimento do trabalho cobrindo todo o período ativo. Pela manhã pode-se 

começar 15 minutos antes do nascer do sol ou aguardar a primeira vocalização antes do clarear 

do dia para se dar início ao tempo de amostra. Este último exemplo exige um pouco mais do 

observador por ter que ser posicionar em um local escuro mas permite um melhor 

aproveitamento do tempo, possibilitando o registro de espécies noturnas. O encerramento das 

amostragens depende, muitas vezes, das condições regionais. Isto ocorre geralmente em torno 

de três horas após o nascer do sol. Para registros de dados biológicos, o horário brasileiro de 

verão não deve ser utilizado como referencial temporal durante as amostragens. 



42 
 

 

 

 

 

3 OBJETIVOS 

 

3.1 Objetivo Geral 

Inventariar as espécies de aves silvestres ocorrentes em uma porção da região do bioma 

Pampa, na propriedade rural denominada Fazenda Tamanduá, localizada ao norte do município 

de Santana da Boa Vista, RS, analisando sua distribuição, diversidade e composição nas 

diferentes coberturas vegetais encontradas. 

 

3.2 Objetivos Específicos 

 Identificar as espécies de aves da região através da observação direta (visual) e por 

vocalizações (auditiva); 

 

 Agrupar, em guildas alimentares, as diferentes espécies de aves ocorrentes na região 

comparando os parâmetros de riqueza e abundância; 

 

 Comparar os parâmetros de riqueza, abundância e diversidade de aves nas 

coberturas vegetais de campo (C), campo com área úmida (CAU), borda de mata 

(BM), mata de galeria (MG) e interior de mata (IM) do bioma Pampa encontradas 

na região;  

 

 Comparar os parâmetros de riqueza, abundância e diversidade de aves durante os 

períodos sazonais (estações do ano).  

 



43 
 

 

 

 

 

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

 

4.1 Caracterizações da paisagem 

A propriedade rural, denominada Fazenda Tamanduá (-30º36’19”S -53º7’41”O), com 

uma área total de 1100 ha, utilizada principalmente para a produção pecuária (ovinos e bovinos) 

está localizada (FIGURA 1) na divisa entre os municípios de Santana da Boa Vista (535 ha) e 

Cachoeira do Sul (565 ha), Rio Grande do Sul, na metade sul do bioma Pampa, em uma região 

montanhosa, pertencente a Serra das Encantadas. 

Possui morros formados por um conglomerado de granito e seixos, possuindo como 

características predominantes os platôs que, de forma decrescente acabam em vales profundos 

de mata fechada, (FIGURA 2) (IBGE, 2013). Foram escolhidas cinco coberturas vegetais 

diferentes considerando a fitofisionomia do local: campo (C), campo com área úmida (CAU), 

borda de mata (BM), mata de galeria (MG) e interior de mata (IM) (SUERTEGARAY; SILVA, 

2009). 

Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo no município de Santana da Boa Vista, RS. 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Google Earth (2015). 

RS 

SC 

Santana da Boa Vista 

Fazenda Tamanduá 



44 
 

 

Figura 2 – Conglomerado de granito e seixos (A) e platô decrescente e mata fechada (B). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: do autor 

 

A composição florística nas diferentes coberturas vegetais escolhidas caracterizam-se 

da seguinte forma: formação vegetal de C (FIGURA 3) diferenciavam-se entre campo limpo 

no ponto inicial (C I) apresentando ocorrência de gramíneas e demais espécies herbáceas, 

ocorrendo posteriormente o preparo do solo e o isolamento da área para execução de plantio de 

B 

A 



45 
 

soja, transformando em área de cultivo sazonal; apresentavam características de e campo sujo 

nos demais pontos, prevalecendo a presença de arbustos da família Asteraceae e gravatás 

(Eryngium spp.) além de gramíneas e herbáceas baixas, utilizado para o pastoreio de gado 

bovino e equino (C II); e com pequenos capões de mato isolados, com representante de espécies 

da família Myrtaceae (Eugenia spp.) e Anacardiaceae (Schinus spp.; Lithraea spp.) utilizados 

para o pastejo de ovinos e bovinos (C III) (MARCHIORI, 2004; BEHLING et al., 2009). 

Figura 3 – Formações vegetais do tipo Campos (C).  

 

Fonte: imagens de satélite (GOOGLE EARTH, 2015) e fotos do autor. Pontos fixos I (A), II (B) 

e III (C). A coluna da esquerda apresenta a imagem de satélite e a da direita a fotografia local do 

ponto de observação. 

A 

B 

C 

I 

II 

III 



46 
 

A composição da vegetação de CAU (FIGURA 4) caracteriza-se pela transição gradual 

de campo limpo localizados em áreas de declive, onde formam grandes áreas alagadas 

(banhados) com presença de fauna característica (anuros), finalizando em capões de mato de 

pequenas extensões, localizados geralmente junto de fontes de d’água (vertentes) e locais 

favorecidos por reterem umidade. 

Estes locais funcionam como corpos d’água para dessedentação de animais (açudes), 

formando anéis periféricos de arbustos de vassouras (Heterothalamus spp.; Baccharis spp.) e 

algumas aroeiras do gênero Schinus spp., formando pequenos corredores pelos de córregos 

perenes formados pela drenagem do relevo até comporem fragmentos maiores de capões de 

matas de galeria. 

Os pontos de escuta da formação BM se caracterizam pela predominância de arvoretas 

das espécies maricá (Mimosa bimucronata), unhas-de-gato e pata-de-vaca (FIGURA 5). Os 

pontos localizados nas formações vegetais de MG caracterizam-se pela ocorrência de 

comunidades de arbustos e arboretas (Sebastiania spp., Terminalia spp. e Pouteria spp.), 

adaptadas para suportar a correnteza e eventuais inundações, angiquinhos (Calliandra spp.) e o 

salso-chorão (Salix humboldtiana). Nos barrancos das margens predominam os ingazeiros e 

branquilhos, e ao avançar para próximo da borda da mata, inclui-se alguns representantes de 

florestas de encosta como o açoita-cavalo, pau-jacaré, ariticuns, canelas e diversas mirtáceas 

(FIGURA 6). 

A característica da vegetação dos pontos de escuta de IM era de possuir estágios médio 

e avançado de regeneração natural com uma melhor definição dos estratos do dossel da mata, 

apresentando ocorrência de subosque e espécies emergentes (clímax), espécies epifíticas das 

Famílias Ochidaceae e Bromeliaceae e trepadeiras lenhosas, localizada nas encostas dos platôs 

onde a drenagem do relevo contribuía para a formação de reservatórios naturais de água e cursos 

hídricos intermitentes contribuintes para os afluentes da micro bacia da região (FIGURA 7). 

 

 

 

 



47 
 

Figura 4 – Formações vegetais do tipo Campo com Área Úmida (CAU). 

 

 

Fonte: imagens de satélite (GOOGLE EARTH, 2015) e fotos do autor. Pontos fixos I (A), II (B) 

e III (C). A coluna da esquerda apresenta a imagem de satélite e a da direita a fotografia local do 

ponto de observação. 

 

 

 

 

A 

B 

C 

I 

II 

III 



48 
 

Figura 5 – Formações vegetais do tipo Borda de Mata (BM). 
 

 

 

Fonte: imagens de satélite (GOOGLE EARTH, 2015) e fotos do autor. Pontos fixos I (A), II 

(B) e III (C). A coluna da esquerda apresenta a imagem de satélite e a da direita a fotografia 

local do ponto de observação. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A 

B 

C 

I 

II 

III 



49 
 

Figura 6 – Formações vegetais do tipo Mata de Galeria (MG). 

 

Fonte: imagens de satélite (GOOGLE EARTH, 2015) e fotos do autor. Pontos fixos I (A), II (B) 

e III (C). A coluna da esquerda apresenta a imagem de satélite e a da direita a fotografia local do 

ponto de observação. 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

A 

B 

C 

I 

II 

III 



50 
 

Figura 7 – Formações vegetais do tipo Interior de Mata (IM).  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

Fonte: imagens de satélite (GOOGLE EARTH, 2015) e fotos do autor. Pontos fixos I (A), II (B) 

e III (C). A coluna da esquerda apresenta a imagem de satélite e a da direita a fotografia local do 

ponto de observação. 

 

4.2 Coleta de dados e material utilizado 

O estudo de campo foi realizado através de uma coleta de dados longitudinal, durante 

os períodos sazonais do ano (primavera de 2013 até inverno de 2014), realizando oito saídas 

por estação sazonal, totalizando 32 saídas durante todo o período. O esforço amostral foi de 

C 

A 

B 

C 

I 

II 

III 



51 
 

52,5 horas de observação nos pontos de escuta e de 29,2 horas de deslocamento nos transectos 

entre os pontos. Para cada formação vegetal (C, CAU, BM, IM, e MG), foram selecionados três 

pontos, e cada ponto foi amostrado 14 vezes, totalizando 42 amostragens por formação vegetal 

(FIGURA 8). 

As observações visuais e auditivas foram realizadas em pontos de escuta (RALPH et al., 

1996; VIELLIARD et al., 2010), pré-determinados e georreferenciados com auxílio de 

equipamento de navegação GPS com distâncias superiores a 200 metros entre os pontos, e 

durante o deslocamento no transecto entre os pontos fixos (BISPO; SCHERER-NETO, 2010).  

Figura 8 – Localização dos pontos de escuta nas coberturas vegetais selecionadas. 

 
Fonte: Google Earth (2015). Borda de mata (BM), campo (C), campo com área úmida (CAU), matas de 

galeria (MG) e interior de mata (IM). Faz. Tamanduá (área delimitada) -30°36’19” S -53°7’41” O. 

 

O tempo de cada observação foi controlado com o auxílio de um cronômetro digital, 

permanecendo um período de 15 minutos em cada ponto, considerando cinco minutos de 

ambientação, onde o observador permaneceu imóvel e em silêncio, e 10 minutos de 

apontamento das espécies. A identificação visual das espécies em cada ponto foi realizada 

dentro de um raio ilimitado de observação com auxílio de binóculo marca Bushnell de 



52 
 

configuração óptica de 10x50 para áreas abertas e binóculo Tasco de configuração óptica de 

10x21 para interior de matas. As vocalizações foram capturadas com o auxílio de gravador 

digital marca Sony modelo PX312F e microfone direcional externo. Durante as observações 

procurou-se não apontar espécies ocorrentes em cobertura vegetacionais diferentes, como 

espécies comuns de áreas abertas em uma formação vegetacional de interior de mata 

(VIELLIARD et al. 2010).   

Os apontamentos realizados nos pontos de escuta foram feitos em uma planilha de 

campo (ANEXO A), sendo anotados o número de indivíduos e das espécies de aves 

identificados de acordo com a observação (visual ou auditiva) no quadrante correspondente 

(orientado magneticamente com o auxílio de bússola), a formação vegetal que ela ocupa, a 

temperatura e umidade relativa (termohigrômetro), condições climáticas (dia de sol, nublado, 

chuvoso, vento), o horário e a data da observação. Foram percorridos quatro roteiros diferentes, 

sorteados aleatoriamente a cada saída a campo para que todos os pontos de escuta pudessem 

ser amostrados mais que duas vezes em cada período de tempo (matutino e vespertino), sendo 

anotadas também as espécies observadas durante o deslocamento entre os transectos de um 

ponto a outro. 

A busca pelas espécies de aves ocorrentes no local de estudo (-30°36'19" S -53° 07'41" O) 

foi realizada baseando-se em uma pré-lista elaborada (APÊNDICE A)  com base em mapas de 

distribuição das espécies de aves do Rio Grande do Sul (BELTON, 1994) e das espécies 

registradas para as cidades de Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul e Encruzilhada do Sul, 

localizadas em um raio de 30 km da sede do município de Santana da Boa Vista, RS 

(WIKIAVES, 2013), totalizando 227 espécies de aves conforme referência. Esta pré-lista 

seguiu a classificação taxonômica e a hierarquia dos táxons conforme a lista de aves do Comitê 

Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011) e os nomes populares conforme o proposto 

por Bencke et al. (2010). 

Algumas espécies foram fotografadas com o uso de câmera digital marca Sony modelo 

H2 de zoom ótico de 12x e as que não puderam ser identificadas no ponto de escuta, foram 

identificadas taxonomicamente com o auxílio de guias de campo especializados em avifauna 

(HÖFLING, CAMARGO, 2002; NAROSKY, 2003; BELTON, 2004; MELLER, 2011; 

SIGRIST, 2013). As gravações das vocalizações foram comparadas com arquivos de áudio em 

formato MP3 de Boesman (2006) e Narosky (2010). 

 



53 
 

4.3 Análises dos dados 

 Conforme Develey (2009), inventários qualiquantitativos têm por objetivos conhecer a 

riqueza (número de espécies) da comunidade de aves em uma área de estudo e também o 

tamanho populacional dessas espécies.  Para Vielliard et al. (2010), a medição da diversidade 

da avifauna fornece um meio potente de caracterizar e monitorar a qualidade ambiental de uma 

determinada área. Os resultados do levantamento quantitativo por pontos de escuta permitem 

acompanhar as variações quantitativas das comunidades de aves através do número de espécies 

ocorrentes, índices pontuais de abundância cumulativos e médios, índices de diversidade e 

equidistribuição, tornando-se possível a análise de características como a divisão por guildas, 

relação com fatores ambientais, relações com a estrutura vegetacional do bioma e distribuição 

espacial. 

A curva de acumulação de espécies, para cada uma das áreas amostradas (C, CAU, BM, 

IM e MG) foi calculada por estimativa, utilizando o programa Estimates 9.0, e como estimador 

o índice S (estimado), considerando uma aleatorização de 100 repetições e um intervalo de 

confiança de 95%. A riqueza e a abundância entre as diferentes formações vegetais, entre a 

sazonalidade e a interação entre elas, foi analisada através de análise de variância de dupla 

entrada (ANOVA) com teste post-hoc de Tuckey (ZAR, 1999), no programa SPSS 22. Para a 

análise dos dados, considerou-se apenas as espécies identificadas nos pontos de escuta, 

excluindo-se as encontradas durante os transectos entre as formações vegetais.  

A abundância e a riqueza, conforme as formações vegetais e as estações do ano, foram 

ordenadas pela técnica de NMDS (Escalonamento Não Métrico Multidimensional), utilizando 

como medida de dissimilaridade o índice de Bray-Curtis, utilizando o programa PAST 2.08 

(HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). Ao contrário das demais técnicas de ordenação, 

baseadas no cálculo dos autovetores da matriz de associação, os eixos do NMDS não 

maximizam a variância. A técnica baseia-se em preservar somente a ordem das inter-relações 

entre os objetos sendo, portanto, considerada não-métrica (VALENTIN, 2012). A escolha da 

melhor representação é medida pelo Stress, que varia de 0 a 1 e quanto menor o valor, melhor 

é a representação das amostras no espaço reduzido. O Stress depende somente do posto (rank) 

das dissimilaridades, transformadas em valores ordinais (CLARKE, 1993).  



54 
 

As guildas tróficas foram agrupadas nas categorias descritas por Belton (1994) e Sick 

(1997) e suas associações com a sazonalidade e as formações vegetais testadas pelo teste de 

Qui-quadrado (χ²).  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



55 
 

 

 

 

 

 

 

5 RESULTADOS 

 

5.1 Inventariamento 

 Foram identificadas um total de 157 espécies da avifauna, distribuídas em 48 Famílias, 

considerando as espécies encontradas nos pontos de escutas e espécies diferentes encontradas 

nos transectos entre os pontos (TABELA 1).  

Para os não-Passeriformes predominam 24 famílias, entre as quais destacam-se 

Accipitridae, Columbidae e Picidae com seis espécies cada (3,82%), Ardeidae com cinco 

(3,18%) e Falconidae com quatro (2,55%). As demais famílias dos não-passeriformes 

apresentaram número reduzido de espécies. Com três espécies ocorrem as Famílias Anatidae, 

Cathartidae, Rallidae, Cuculidae, Caprimulgidae, Throchilidae e Psittacidae (1,91%); com duas 

espécies ocorrem as Famílias Tinamidae, Cracidae, Threskiornitidae, Strigidae e Alcedinidae 

(1,27%) e com apenas uma espécie as Famílias Rheidae, Charadriidae, Scolopacidae, 

Nyctibiidae, Trogonidae, Ramphastidae e Cariamidae (0,64%) (GRÁFICO 1).    

A Ordem Passeriformes também foi representada por 24 famílias, sendo as que possuem 

maior representatividade das espécies identificadas à Tyrannidae = 21 (13,38%), seguida de 

Thraupidae = 19 (12,10%) e Furnariidae = 8 (5,10%). As demais famílias representadas com 

menor número de espécies da avifauna foram Dendrocolaptidae, Turdidae e Icteridae com 

quatro representantes (2,55%); Thamnophilidae, Rhynchocyclidae, Parulidae e Fringilidae com 

três espécies (1,91%); Vireonidae, Hirundinidae, Corvidae, Troglodytidae, Motacillidae e 

Passerelidae com duas espécies cada (1,27%) e Conopophagidae, Formicariidae, Xenopidae, 

Tityridae, Pipridae, Polioptidae, Mimidae e Cardinalidae com apenas um representante (0,64%) 

(GRÁFICO 2). 



56 
 

Gráfico 1 – Percentual de espécies das Famílias de não-Passeriformes identificadas na área de 

estudo localizada no bioma Pampa, Santana da Boa Vista, RS. 

 

Fonte: do autor 

 

Para a análise dos dados, considerou-se apenas as espécies identificadas nos pontos de 

escuta, sendo um total de 144 espécies, excluindo-se as encontradas durante os transectos entre 

as formações vegetais. Após finalizado o inventário das aves no local de estudo, foram 

acrescentadas 17 espécies de aves não relacionadas na pré-lista elaborada de acordo com a 

bibliografia consultada (BELTON, 1994; WIKIAVES, 2013).  

As espécies acrescentadas foram Cairina moschata (pato-do-mato), Tigrisoma lineatum 

(soco-boi-veradeiro), Circus buffoni (gavião-do-banhado), Accipter striatus (gaviãozinho), 

Buteo brachyurus (gavião-de-rabo-curto), Picumnus nebulosus (pica-pau-anão-carijó), 

Conopophaga lineata (chupa-dente), Xiphocolaptes albicollis (arapaçu-grande-de-garganta-

branca), Xenops rutilans (bico-virado-carijó), Elaenia flavogaster (guaracava-de-barriga-

amarela), Megarynchus pitangua (nei-nei), Legatus leucophaius (bem-te-vi-pirata), 

Cistothorus platensis (corruíra-do-campo), Turdus leucomelas (sabiá-barranco), Saltator 

RHEIDAE
0.64%

TINAMIDAE
1.27%

ANATIDAE
1.91%

CRACIDAE
1.27%

ARDEIDAE
3.18%

THRESKIORNITIDAE
1.27%

CATHARTIDAE
1.91%

ACCIPTRIDAE
3.82%

RALLIDAE
1.91%

CHARADRIIDAE
0.64%

SCOLOPACIDAE
0.64%

COLUMBIDAE
3.82%

CUCULIDAE
1.91%

STRIGIDAE
1.27%

NYCTIBIIDAE
0.64%

CAPRIMULGIDAE
1.91%

TROCHILIDAE
1.91%

TROGONIDAE
0.64%

ALCEDINIDAE
1.27%

RAMPHASTIDAE
0.64%

PICIDAE
3.82%

CARIAMIDAE
0.64%

FALCONIDAE
2.55%

PSITTACIDAE
1.91%

Não-Passeriformes



57 
 

similis (trinca-ferro-verdadeiro), Emberizoides ypiranganus (canário-do-brejo) e Euphonia 

cyanocephala (gaturamo-rei). 

Em laboratório, através da análise das gravações realizadas nos pontos de escuta, 

comparando com o acervo digital de vocalizações disponível (BOESMAN, 2006; NAROSKY, 

2010) foram identificadas nove espécies de aves: Conopophaga lineata (chupa-dente), 

Dendrocolaptes platyrostris (arapaçu-grande), Donacospiza albrifrons (tico-tico-do-banhado), 

Mackenziaena leanchii (brujarara-assobiador), Polioptila dumicola (balança-rabo-de-máscara), 

Schoeniophylax prhyganophilus (bichoita), Syndactila rufosuperciliata (trepador-quiete), 

Cranioleuca obsoleta (arredio-oliváceo) e Volatinia jacarina (tiziu). 

 

Gráfico 2 – Percentual de espécies das Famílias de Passeriformes identificadas na área de 

estudo localizada no bioma Pampa, Santana da Boa Vista, RS. 

 

Fonte: do autor 

 

 

 

THAMNOPHILIDAE
1.91%

CONOPOPHAGIDAE
0.64%

FORMICARIIDAE
0.64%

DENDROCOLAPTIDAE
2.55%

XENOPIDAE
0.64%

FURNARIIDAE
5.10%

PIPRIDAE
0.64%

TYTIRIDAE
0.64%

RHYNCHOCYCLIDAE
1.91%

TYRANNIDAE
13.38%VIREONIDAE

1.27%

CORVIDAE
1.27%

HIRUNDINIDAE
1.27%

TROGLODYTIDAE
1.27%

POLIOPTILIDAE
0.64%

TURDIDAE
2.55%

MIMIDAE
0.64%

MOTACILIDAE
1.27%

PASSERALIDAE
1.27%

PARULIDAE
1.91%

ICTERIDAE
2.55%

THRAUPIDAE
12.10%

CARDINALINAE
0.64%

FRINIGILIDAE
1.91%

Passeriformes



58 
 

Tabela 1 – Lista das espécies registradas na área de estudo localizada no bioma Pampa, 

Santana da Boa Vista, Rio Grande do Sul. 

Ordem/Família/Espécie Nome popular GT C CAU BM IM MG 

STRUTHIONIFORMES          

 

Rheidae (1) 
       

Rhea americana (Linnaeus, 1758) ema ON X X    

 

TINAMIFORMES 
       

 

Tinamidae (2) 
       

Crypturelus obsoletus (Temminck, 1815) inambuguaçu GR    X X 

Nothura maculosa (Temminck, 1815) perdiz ON X X    

 

ANSERIFORMES 
       

 

Anatidae (3) 
       

Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1758) marreca-piadeira ON X     

Cairina moschata (Linnaeus, 1758) pato-do-mato ON  X X   

Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) marreca-pé-vermelho ON  X X   

 

GALLIFORMES 
       

 

Cracidae (2) 
       

Ortalis gutatta (Spix, 1825) aracuã FR   X   

Penelope obscura Temminck, 1815 jacuaçu FR   X X X 

 

PELECANIFORMES 
       

 

Ardeidae (5) 
       

Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi-verdadeiro ON     X 

Butorides striata (Linnaeus, 1758)* socozinho ON      

Ardea alba Linnaeus, 1758 graça-branca-grande PC X     

Syrigma sibilatrix (Temminck, 1815) maria-faceira ON  X X   

Egretta thula (Molina, 1782) 
garça-branca-

pequena 
ON     X 

Threskiornithidae (2)        

Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) 
maçarico-de-cara-

pelada 
ON  X   X 

Theristicus caudatus (Boddaert, 1783)            curicaca ON X X X X X 

 

CATHARTIFORMES 
       

 

Cathartidae (3) 
       

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) 
urubu-de-cabeça-

vermelha 
NC X X X X X 

Cathartes burrovianus Cassin, 1845 
urubu-de-cabeça-

amarela 
CR  X    

Coragyps atratus (Bechstein, 1793) 
urubu-de-cabeça-

preta 
NC X     

Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 



59 
 

Tabela 1 (continuação)        

ACCIPITRIFORMES        

 

Accipitridae (6) 
       

Circus buffoni (Gmelin, 1788)* gavião-do-banhado CR      

Accipiter striatus Vieillot, 1808 gaviãozinho CR     X 

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo CR X X    

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó CR X  X X X 

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) 
gavião-de-rabo-

branco 
CR X     

Buteo brachyurus Vieillot, 1816 gavião-de-rabo-curto CR X     

 

GRUIFORMES 
       

 

Rallidae (3) 
       

Aramides ypecaha (Vieillot, 1819) saracuruçu ON   X   

Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) três-potes ON X    X 

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato ON  X X   

 

CHARADRIIFORMES 
       

 

Charadriidae (1) 
       

Vanellus chilensis (Molina, 1792) quero-quero ON X X X   

 

Scolopacidae (1) 
       

Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) narceja IN  X    

 

COLUMBIFORMES 
       

 

Columbidae (6) 
       

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa ON X X    

Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picuí ON X X    

Patagioneas picazuro (Temminck, 1813) pombão ON X X X X X 

Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando ON X X X  X 

Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu ON X X X X X 

Leptotila rufaxila (Richard & Bernard, 

1792) 
juriti-gemedeira ON X X X X  

 

CUCULIFORMES 
       

 

Cuculidae (3) 
       

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato IN   X   

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco CR X X X   

Tapera naevia (Linnaeus, 1766)    saci IN X X X   

 

STRIGIFORMES 
       

 

Strigidae (2) 
       

Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato CR    X  

Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-do-campo CR X     
Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 

 



60 
 

Tabela 1 (continuação)        

CAPRIMULGIFORMES        

 

Nyctibiidae (1) 
       

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789)* urutau IN      

 

Caprimulgidae (3) 
       

Hydropsalis parvula (Gould, 1837)* bacurau-pequeno IN      

Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789)* bacurau-tesoura IN      

Chordeiles nacunda (Vieillot, 1817)* corucão IN      

 

APODIFORMES 
       

 

Trochilidae (3) 
       

Stephanoxis lalandi (Vieillot, 1818) beija-flor-de-topete NE   X X X 

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) 
besourinho-de-bico-

vermelho 
NE X X X X X 

Hylocharis chrysura (Shaw, 1812) beija-flor-dourado NE X X X X X 

 

TROGONIFORMES 
       

 

Trogonidae (1) 
       

Trogon surrucura Vieillot, 1817 surucuá-variado IN  X X X X 

 

CORACIIFORMES 
       

 

Alcedinidae (2) 
       

Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) 
martin-pescador-

grande 
PC  X    

Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) 
martin-pescador-

pequeno 
PC  X   X 

 

PICIFORMES 
       

 

Ramphastidae (1) 
       

Ramphastos toco Statius Muller, 1776 tucanuçu ON  X    

 

Picidae (6) 
       

Picumnus nebulosus Sundevall, 1866 pica-pau-anão-carijó IN    X  

Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) 
picapauzinho-verde-

carijó 
IN   X X X 

Piculus aurulentus (Temminck, 1821) pica-pau-dourado IN    X X 

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) 
pica-pau-verde-

barrado 
IN   X X X 

Colaptes campestris (Vieillot,1818) pica-pau-do-campo IN X X X   

Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) 
pica-pau-de-banda-

branca 
IN    X  

CARIAMIFORMES        

 

Cariamidae (1) 
       

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema CR X X X   
Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 



61 
 

Tabela 1 (continuação)        

FALCONIFORMES        

 

Falconidae (4) 
       

Caracara plancus (Miller, 1777) caracara CR X X X   

Milvago chimachima (Vieillot, 1817) carrapateiro CR X X    

Milvago chimango (Vieillot, 1817) chimango CR X X X  X 

Falco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri CR X X    

 

PSITTACIFORMES 
       

 

Psittacidae (3) 
       

Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) 
tiriba-de-testa-

vermelha 
FR X X X X X 

Myiopsitta monachus (Boddaert, 1783) caturrita FR X X X   

Amazona pretrei (Temminck, 1830) charão FR X X X   

 

PASSERIFORMES 
       

 

Thamnophilidae (3) 
       

Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 
choca-de-boné-

vermelho 
IN X X X X X 

Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 choca-da-mata IN X X X X X 

Mackenziaena leanchii (Such, 1825)  brujarara-assobiador IN  X    

 

Conopophagidae (1) 
       

Conopophaga lineata (Wied, 1831) chupa-dente IN    X  

 

Formicariidae (1) 
       

Chamaeza campanisona (Lichtenstein, 

1823)  
tovaca-campainha IN  X X X X 

 

Dendrocolaptidae (4) 
       

Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-verde IN   X X X 

Lepidocolaptes falcinellus (Cabanis & 

Heine, 1859 

arapaçu-escamoso-

do-sul 
IN    X X 

Dendrocolaptes platyrostris Spix, 1825 arapaçu-grande IN    X X 

Xiphocolaptes albicollis (Vieillot, 1818) 
arapaçu-grande-de-

garganta-branca 
IN    X  

Xenopidae (1)        

Xenops rutilans Temminck, 1821* bico-virado-carijó IN      

 

Furnariidae (8) 
       

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro IN X X X   

Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823)*  joão-porca IN      

Heliobletus contaminatus Berlepsch, 1885 trepadorzinho IN   X X  

Syndactyla rufosuperciliata (Lafresnaye, 

1832) 
trepador-quiete IN   X X X 

Anumbius annumbi (Vieillot, 1817) cochicho IN X X X   

Schoeniophylax phryganophilus (Vieillot, 

1817) 
bichoita IN  X X   

Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 



62 
 

Tabela 1 (continuação)        

Synallaxis cinerascens Temminck, 1823 pi-puí IN   X X  

Cranioleuca obsoleta (Reichenbach, 1853) arredio-oliváceo IN     X 

 

Pipridae (1) 
       

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 

1793) 
dançador ON   X X X 

 

Tytiridae (1) 
       

Pachyramphus viridis ((Vieillot, 1816) caneleirinho-verde IN   X   

 

Rhynchocyclidae (3) 
       

Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) 
borboletinha-do-

mato 
IN   X X X 

Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) 
bico-chato-de-orelha-

preta 
IN   X X X 

Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 

1846) 
tororó IN   X X X 

 

Tyrannidae (21) 
       

Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) birro IN X X    

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha IN X X X X X 

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) 
guracava-de-barriga-

amarela 
ON   X X X 

Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868 
guaracava-de-bico-

curto 
ON   X  X 

Elaenia obscura (d’Orbigny & Lafresnaye, 

1837) 
tucão FR   X  X 

Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) piolhinho IN    X  

Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) alegrinho IN   X X  

Legatus leucophaius (Vieillot, 1818)  bem-te-vi-pirata IN    X  

Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 

1859 
irré IN   X   

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi ON X X X  X 

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro IN X X    

Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 

1776)  
bem-te-vi-rajado IN    X  

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei IN   X  X 

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri IN X X X   

Tyrannus savana Vieillot, 1808 tesourinha IN X X X   

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica ON   X  X 

Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783)* príncipe IN      

Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 

1764)* 
freirinha IN      

Knipolegus lophotes Boie, 1828 
maria-preta-de-

penacho 
IN  X    

Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera IN X     

Xolmis irupero (Vieillot, 1823) noivinha IN X X X   

 

Vireonidae (2) 
       

Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)  pitiguari IN X X X X X 
Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 



63 
 

Tabela 1 (continuação)        

Vireo chivi (Vieillot, 1817) juruviara IN   X X X 

 

Corvidae  (2)        

Cyanocorax caeruleus (Vieillot, 1818) gralha-azul ON X X X X X 

Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) gralha-picaça ON   X  X 

 

Hirundinidae (2) 
       

Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo IN X X X   

Progne chalybea (Gmelin, 1789) 
andorinha-

doméstica-grande 
IN X  X   

 

Troglodytidae (2) 
       

Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra IN X X  X  

Cistothorus platensis (Latham, 1790) corruíra-do-campo IN  X    

 

Polioptilidae (1) 
       

Poilioptila dumicola (Vieillot, 1817) 
balança-rabo-de-

máscara 
IN    X  

 

Turdidae (4) 
       

Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira ON X X X X X 

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco ON     X 

Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca ON X X X X X 

Turdus albicollis Vieillot, 1818 sabiá-coleira ON X X X X X 

 

Mimidae (1) 
       

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo IN X X    

 

Motacillidae (2) 
       

Anthus lutescens Pucheran, 1855 caminheiro-zumbidor IN X X    

Anthus hellmayri Hartert, 1909 
caminheiro-de-

barriga-acanelada 
IN X X    

 

Passerelidae (2) 
       

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico ON X X X X X 

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo GR X X    

 

Parulidae (3) 
       

Setophaga pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita IN  X X X X 

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula IN   X X X 

Myiothlypis leucoblephara (Vieillot, 1817) pula-pula-assobiador IN   X X X 

 

Icteridae (4) 
       

Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) chopim ON X X X   

Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) chopim-do-brejo GR X X    

Agelaioides badius (Vieillot, 1819) asa-de-telha FR X X    

Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta GR X X    

 

Thraupidae (19) 
       

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica ON X X X X X 
Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 



64 
 

Tabela 1 (continuação)        

Saltator similis d’Orbigny & Lafresnaye, 

1837 

trinca-ferro-

verdadeiro 
ON X X X X X 

Saltator aurantiirostris Vieillot, 1817 bico-duro FR  X  X  

Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) tico-tico-rei ON   X  X 

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento FR X X    

Stephanophorus diadematus (Temminck, 

1823) 
sanhaçu-frade FR    X  

Paroaria coronata (Miller, 1776) cardeal GR X X    

Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) saíra-viúva ON     X 

Pipraeidea bonariensis (Gmelin, 1789)* sanhaçu-papa-laranja FR      

Donacospiza albifrons (Vieillot, 1817) tico-tico-do-banhado GR  X    

Poospiza nigrorufa (d’Orbigny & 

Lafresnaye, 1837) 
quem-te-vestiu IN X  X  X 

Poospiza cabanisi Bonaparte, 1850 quete IN    X X 

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) 
canário-da-terra-

verdadeiro 
GR X X    

Sicalis luteola (Sparrman, 1789) tipio GR X X X   

Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) canário-do-campo IN X X X   

Emberizoides ypiranganus Ihering & 

Ihering, 1907 
canário-do-brejo IN  X X X X 

Embernagra platensis (Gmelin, 1789) sabiá-do-banhado ON X X    

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tziu IN  X    

Sporophila collaris (Boddaert, 1783) coleiro-do-brejo IN  X    

 

Cardinalidae (1)       
       

Cyanoloxia glaucocaerulea (d’Orbigny & 

Lafresnaye, 1837)* 
azulinho GR      

 

Fringillidae (3) 
       

Sporagra magellanica (Vieillot, 1805)       pintassilgo GR   X   

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim FR X X X X X 

Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818)* gaturamo-rei FR      
Onde “X” indica a presença na formação vegetal de (C) campo, (CAU) campo com área úmida, (BM) borda de mata, 

(IM) interior de mata, (MG) mata de galeria. (GT) guilda alimentar: (ON) onívoro, (GR) granívoro, (FR) frugívoro, (CR) 

carnívoro, (NE) nectarívoro, (NC) necrófago, (IN) insetívoro, (PC) piscívoro. As espécies com (*) foram registradas nos 

transectos entre os pontos das formações vegetais. 

Fonte: do autor. Classificação taxonômica segue CBRO (2014) e nomes populares conforme Bencke et al. (2010).  

 

 O percentual de espécies que ocorreram apenas em um período sazonal do ano, é maior 

na primavera, sendo que aproximadamente 1/3 (37%) ocorreram nas quatro estações 

amostradas. Destas espécies destacaram-se Cairina moschata (Linnaeus, 1758) e Megaceryle 

torquata (Linnaeus, 1766), encontradas no inverno e no verão, respectivamente, em apenas uma 

oportunidade ao longo do período amostral e Xolmis irupero (Vieillot, 1823) presente o ano 

todo (TABELA 2).    

 



65 
 

Tabela 2 – Número (n) de espécies e percentual (%) que ocorrem nas estações. 

Sazonalidade 

 P V O I 1E 2E 3E 4E 

n (%) 14 (9.7) 7 (4.9) 6 (4.2) 9 (6.2) 36 (25) 29 (20) 26 (18) 53 (37) 

Fonte: do autor. Primavera (P), Verão (V), Outono (O) e Inverno (I) e que ocorrem em uma ou mais 

estações do ano (E = estação). 

  

Em relação às formações vegetais do bioma Pampa, as áreas de CAU e IM possuem maior 

exclusividade de espécies que frequentam apenas uma formação.Pelo menos 31% das espécies 

ocorreram em duas formações vegetais diferentes e apenas 6% frequentaram quatro formações 

no bioma. Como espécie frequentadora de todas as formações vegetais destacou-se Euphonia 

chlorotica (Linnaeus, 1766) (TABELA 3).   

Tabela 3 – Número (n) de espécies e percentual (%) que ocorrem nas coberturas vegetais. 

Formações Vegetais 

 C CAU BM IM MG 1FV 2FV 3FV 4FV 5FV 

n(%) 7(4.9) 10(6.9) 6(4.2) 10(6.9) 6(4.2) 39(27) 44(31) 33(23) 9(6) 19(13) 

Fonte: do autor. Campo (C), Campo com Área Úmida (CAU), Borda de Mata (BM), Mata de Galeria (MG) e 

Interior de Mata (IM) e que ocorrem em uma ou mais formações vegetais do bioma Pampa (FV = formação 

vegetal). 

  

5.2 Curvas do Coletor  

As curvas de suficiência amostral elaboradas com os resultados dos inventários obtidos 

nos pontos de escuta, nas cinco formações vegetais do bioma (campo, campo com área úmida, 

mata de galeria, borda de mata e interior de mata) apontaram estabilização das curvas 

(GRÁFICOS 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente), indicando que os resultados foram representativos 

para a caracterização da assembleia de aves ocorrentes em cada formação vegetal. 

Em um total de 32 amostragens realizadas durante os períodos sazonais ao longo de 

um ano, foram encontradas 73 espécies de aves para a formação vegetal campo (C), 83 espécies 

para a formação campo com área úmida (CAU), 62 espécies para a formação mata de galeria 

(MG), 82 espécies para borda de mata (BM) e 59 espécies de aves para a formação vegetal 

interior de mata (IM).  



66 
 

Gráfico 3 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Campo (C). 

 

Fonte: do autor 

 

Gráfico 4 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Campo com Área Úmida (CAU). 

 

Fonte: do autor 

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223242526272829303132

N
ú

m
er

o
 d

e 
es

p
éc

ie
s

Número de amostragens 

S(estimado)

S(est) 95% abaixo

S(est) 95% CI acima

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

N
ú

m
er

o
 d

e 
es

p
éc

ie
s

Número de amostragens

S(estimado)

S(est) 95% abaixo

S(est) 95% CI acima



67 
 

Gráfico 5 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Mata de Galeria (MG). 

 

Fonte: do autor 

 

Gráfico 6 – Curva do coletor com a riqueza observada (S estimado) e respectivo intervalo de 

confiança (CI = 95%) da formação vegetal Borda de Mata (BM). 

 

Fonte: do autor 

 

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

N
ú

m
er

o
 d

e 
es

p
éc

ie
s

Número de amostragens

S(estimado)

S(est) 95% abaixo

S(est) 95% CI acima

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40

50

60