13 

 

 

 

 

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – UNIVATES 

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU 

MESTRADO EM ENSINO 

 

 

 

 

 

 

AS METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: O 

TRABALHO DE UMA PROFESSORA NO MUNICÍPIO DE GOIANÉSIA 

DO PARÁ-PA EM TURMA MULTISSERIADA 

 

 

 

 

 

 

 

Lindomar Pereira de Souza 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2021 



Lindomar Pereira de Souza 

 

 

 

 

 

AS METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: O 

TRABALHO DE UMA PROFESSORA NO MUNICÍPIO DE GOIANÉSIA 

DO PARÁ-Á EM TURMA MULTISSERIADA 

 

 

 

 

 

 

 

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 

Ensino, da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, como 

parte da exigência para obtenção do grau de Mestre em Ensino, 

na área de Alfabetização Científica e Tecnológica, na linha de 

pesquisa Formação de Professores, Estudo do Currículo e 

Avaliação. 

 

Orientadora: Profª Dra. Jacqueline Silva da Silva 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2021 



Lindomar Pereira de Souza 

 

 

 

 

AS METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: O 

TRABALHO DE UMA PROFESSORA NO MUNICÍPIO DE GOIANÉSIA 

DO PARÁ-PA EM TURMA MULTISSERIADA 

 

 

 

A Banca examinadora da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 

em Ensino, da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, como parte da exigência 

para obtenção do grau de Mestre em Ensino, Alfabetização Científica e Tecnológica, 

na linha de pesquisa Formação de Professores, Estudo do Currículo e Avaliação. 

 

Profª Dra. Jacqueline Silva da Silva 

Orientadora - Universidade do Vale do Taquari 

 

 

Profº Drº Salomão Mufarrej Hage 

1º Membro – Universidade Federal do Pará 

 

Profª Drª Silvana Neumann Martins 

2º Membro – Universidade do Vale do Taquari 

 

Profª Drª Liliana Inês Ávila Garzon 

3º Membro - Universidade Pedagógica  e Tecnológica da Colômbia 

 

 

 

 

Lajeado, dezembro de 2021 

 



Dedico esta dissertação as pessoas que me dão o maior sentido 

da vida. Ao meu pai, o Srº Fernando Pereira Souza, um homem 

de caráter singular, de uma sabedoria única, uma pessoa de 

palavras sábias que me dão forças no momento de precisão. A 

minha mãe a Srª Maria da Conceição Pereira, uma mulher de 

personalidade forte e única, guerreira e amiga que sempre me 

acolhe e quando precisa me diz o que pensa. É, e sempre será 

a mulher que terei como referência de mãe e de mulher do 

interior. Essas duas pessoas que nunca fugiram à luta para com 

seus filhos, mesmo residindo no campo desde quando nasceram 

no interior do Maranhão e atualmente moram no interior do Pará.  

Dedico ainda este meu trabalho aos meus padrinhos o Srº Xavier 

Vieira Vale (In memoriam) e a Srª Albetiza dos Santos Vale. 

Pessoas com as quais convivi desde a minha adolescência e me 

deram ensinamentos para a vida que trago comigo até hoje.  

Dedico também, ao meu companheiro, Bruno da Silva Dutra por 

ter acompanhado de perto essa minha caminhada rumo ao 

Mestrado e em direção de novos desafios em busca do saber na 

minha realização pessoal e profissional, por estar na minha 

companhia todas as vezes que tive de ir ao lócus da pesquisa. 

Por aturar as minhas constantes reclamações quando peço 

silêncio no momento que estou lendo ou escrevendo em casa, 

pela sua proximidade de minhas lutas e conquistas profissional 

e acadêmica.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

AGRADECIMENTO 
 

Agradeço profundamente ao nosso Deus criador pela oportunidade de nos possibilitar 

a chegada ao final de nossa caminhada com a obtenção do título de mestre em ensino.  

De maneira muito especial agradeço minha orientadora a Professora Doutora 

Jacqueline Silva da Silva, uma pessoa com a qual aprendi muito, me ensinou a ver as 

coisas de pontos e ângulos diferentes, me provocou a pensar grande acerca do ensino 

e da pesquisa. Por ter diretamente dado a sua valiosa contribuição para novas 

percepções sobre a educação do campo.  

Agradeço aos professores do PPGEnsino que a cada disciplina nos trazia novos 

olhares sobre o ensino e a pesquisa na pós-graduação, nos ensinando algo novo, 

fazendo florar reflexões sobre o ato de ensinar e de aprender e de pensar no exercício 

da docência.  

Agradeço aos colegas de turma pelas contribuições no momento dos debates, pelas 

amizades e parcerias na hora de realizar as atividades acadêmicas ao longo do curso.  

Agradeço ao Colégio Anunciada Chaves pelo aprendizado que nele obtive, a partir 

das relações com seu corpo docente e discente, desde o ano de 2011 quando passei 

a compor seu quadro funcional na função de Técnico em Educação pela esfera 

estadual.   

Agradeço a professora Alvina Maria Ferreira de Souza por me permitir aprender junto 

com ela ao longo de toda minha pesquisa, seja no tocante às questões do universo 

da docência como de outras questões de ordem social e pessoal. Pela oportunidade 

que me concedeu de enxergar a vida pela janela da superação, da luta pela 

sobrevivência e pela beleza de trazer e ver a alegria em pequenos gestos e 

momentos.   

 

 

 

 

 

 



 

 

 
 

 

 

 

Eterno Aprendiz  
 

(...) 

Viver e não ter a vergonha de ser feliz 

Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz 

Ah meu Deus! 

Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será 

Mas isso não impede que eu repita 

É bonita, é bonita e é bonita 

(...) 
 

Gonzaguinha  
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=tHkDVrNjbVw
https://www.youtube.com/watch?v=tHkDVrNjbVw


 

 

 

 

 

RESUMO  

 

Discutir o ensino na Educação do Campo é marcar esse território respeitando todos 
os sujeitos que dão vida para cada realidade do campo, e nessa perspectiva a 
formação continuada do professor atuante nessa realidade em turma multisseriada se 
torna uma questão a mais a ser respeitada e considerada por todos que fazem a 
educação sistemática acontecer. Vivenciar os desafios de ensinar numa escola do 
campo é, sobretudo acreditar no trabalho do professor, na sua capacidade de criação 
e recriação de metodologias de ensino em sua ação no cotidiano da sala de aula 
buscando melhorar sua prática pedagógica. O presente estudo teve como problema: 
Quais metodologias de ensino são utilizadas por uma professora atuante na Educação 
do Campo, em uma turma multisseriada no município de Goianésia do Pará? Dessa 
forma seu objetivo geral buscou: Investigar quais as metodologias de ensino são 
utilizadas por uma professora atuante na Educação do Campo, em uma turma 
multisseriada no município de Goianésia do Pará. A pesquisa teve uma abordagem 
de caráter qualitativo fundamentada no pensamento de Teixeira (2011) e Moreira 
(2011) e do tipo documental baseada em Gil (1999) e da pesquisa de campo na 
perspectiva do olhar de Marconi e Lakatos (1999), e ainda da Pesquisa-Ação 
conforme Thiollent (2007). O sujeito da pesquisa foi uma professora atuante numa 
turma multisseriada nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Educação do Campo 
no município de Goianésia do Pará/PA. A coleta de dados se efetivou através do uso 
da entrevista semiestruturada as quais foram gravadas com celular, da observação 
participante, registro por meio de fotografia e diário de campo. A mesma contou com 
as contribuições teóricas de autores que discutem a temática em debate como: Hage 
(2005, 2010); Pires (2012); Fighera (2018); Veiga (2012) entre outros que abordam 
esse campo de estudo, e ainda algumas legislações que regulamentam a Educação 
do Campo. A pesquisa apontou sobre a carência de materiais didáticos para auxiliar 
a professora em suas ações pedagógicas, assim como da necessidade de ampliação 
de formação continuada destinadas aos professores atuantes em turmas 
multisseriadas no campo, além de se pensar um planejamento pautado na 
coletividade. A pesquisa trouxe contribuições importantes no sentido de compreender 
a necessidade da elaboração de um projeto capaz de assegurar a formação 
continuada para professores de turmas multisseriadas do campo visando a melhoria 
da prática pedagógica em sala, bem como da construção de um planejamento 
baseado na realidade dos sujeitos residentes no espaço rural que necessitam da 
escola do campo.   
 
 

PALAVRAS-CHAVE: Educação do Campo. Turma Multisseriada. Metodologias de 

Ensino.  

 



 
 
 

ABSTRACT 
 

 
 
Discussing teaching in Rural Education is setting this territory, respecting every living 

element in the field, and with this perspective, continuing education by an active 

teacher in such reality of a mixed grade class, brings about another issue to be 

respected and considered by all who make the systematic education happen. 

Experiencing the challenges of teaching in a rural school, above all, involves trusting 

the teacher's work, their ability of creating and recreating teaching methodologies in 

their daily life action seeking classroom improvements in their pedagogical 

practice. The problem in this project is: What teaching methodologies are used by a 

teacher who works in Rural Education, in a mixed grade level class in the city of 

Goianésia do Pará? Thus, its general objective it sought to: Investigate which teaching 

methodologies are used by a teacher working in Rural Education, in a mixed grade 

level class in the city of Goianésia do Pará. The research had a qualitative approach 

based on Teixeira´s and Moreira´s ideas (2011) and the documentary type based on 

Gil´s (1999) and field research from the perspective of Marconi and Lakatos (1999), 

and also of Action Research according to Thiollent (2007). The research subject was 

an active teacher working in a mixed grade level class in the First Years of Elementary 

School of Rural Education in the city of Goianésia do Pará/PA. Data collection was 

performed through the use of semi-structured interviews, which were recorded with cell 

phones, participant observation, recording through photography and field diary. It also 

had theoretical contributions from authors who debate themes such as: Hage (2005, 

2010); Pires (2012); Fighera (2018); Veiga (2012) among others that address this field 

of study, and still some legislation that regulates field education. The survey pointed to 

the lack of didactic materials to help the teacher in her teaching duties, as well as the 

need to expand continuing education aimed to teachers working in mixed grade level 

classes in the field, in addition to planning activities based on the community. The 

research brought important contributions in order to understand the need to prepare a 

project capable of ensure continuing education for teachers of mixed grade level 

classes of the field aiming at the improvement of pedagogical practice in the classroom, 

as well as building a plan based on the reality of the ones living in rural areas who need 

the country school. 

  
  

KEYWORDS: Rural Education. Mixed Grade Level Class. Teaching Methodologies. 
  
 

 



 

 

 

LISTA DE IMAGENS  

 

Imagem 1:  Professora com o pesquisador com os jogos de Língua Portuguesa 

confeccionadas  em sala 34 

Imagem 2:  Mapa da Região da Cinco Irmãos 35 

Imagem 3: Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Santa Cecília 36 

Imagem 4:  Sala de aula da EMEIF Santa Cecília 37 

Imagem 5: Eu e a professora em um dos caminhos que dão acesso a escola Santa 

Cecília 38 

Imagem 6: Jogos de leitura confeccionados pela professora, alunos e eu em sala 41 

Imagem 7: Primeira Cena ilustrando a prática da professora em sala de aula 58 

Imagem 8: Sala de aula Escola Santa Cecília 60 

Imagem 9: Área externa da frente da Escola Santa Cecília 60 

Imagem 10: Segunda CENA ilustrando a prática da professora em sala de aula 61 

Imagem 11: caderno de planejamento da professora 63 

Imagem 12: atividades elaboradas com a professora 85 

Imagem 13: Desenho da sala de aula feito pela professora 86 

Imagem 14: Desenho ilustrando a realidade do aluno em sua comunidade 95 

Imagem 15: Pátio da escola onde as crianças realizam atividades recreativas 102 

Imagem 16: Sala de aula da escola Santa Cecília 106 

Imagem 17: Professora com jogos de leitura confeccionados em sala 108 

Imagem 18: Professora ensinando leitura com jogo confeccionado por ela e eu 112 

Imagem 19: Desenho que representa a realidade da aluna em sua comunidade 117 

Imagem 20: Formação continuada para professores de turmas Multisseriadas 121 

Imagem 21: Professores do campo da região pesquisada, em formação continuada

 124 

Imagem 22: Caminhos que dão acesso à escola Santa Cecília 129 

 

 



 

 

 

SUMÁRIO 

 

1 UM OLHAR NO RETROVISOR DE MINHA HISTÓRIA E O DESEJO DE APRENDER COM 

A PESQUISA 13 

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA: A TRILHA DA CAMINHADA 26 

2.1 Caracterização da pesquisa: uma abordagem qualitativa 27 

2.2 Tipos de pesquisa e suas contribuições 29 

2.3 Lócus da pesquisa e os participantes 35 

2.4 Instrumentos da pesquisa 40 

2.5 Detalhamento das Atividades e a Técnica da Análise de Conteúdo 45 

 

3 O ENSINO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE UMA 

PROFESSORA ATUANTE NUMA TURMA MULTISSERIADA 48 

3.1 O ensino na Educação do Campo: olhares e percepções 50 

3.2  A prática pedagógica de uma professora numa realidade da Educação do Campo 57 

3.3 A realidade do ensino multisseriado e os desafios de ensinar no campo 65 

 

4 METODOLOGIAS DE ENSINO E OS DESAFIOS VIVIDOS POR UMA PROFESSORA DA 

EDUCAÇÃO DO CAMPO: RETRATO DE UMA REALIDADE MULTISSERIADA 74 

4.1 As vozes advindas do ensino na Educação do Campo, uma realidade a ser visitada 75 

4.2 Metodologias de ensino em turmas multisseriadas: o que dizer? 79 

4.3 Falando sobre o espaço escolar e o planejamento de uma professora dos Anos Iniciais da 

Educação do Campo 86 

 

 

 

5 A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES ATUANTES NA EDUCAÇÃO DO 

CAMPO E AS AMARRAS DE UMA REALIDADE 99 



5.1 A realidade da Educação do Campo e a formação continuada de professores: um olhar geral 

a respeito dessa questão 100 

5.2 Formação continuada de professores, diretrizes e a proposta pedagógica para a Educação 

do Campo 111 

5.3 Formação continuada de professores e a Educação do Campo em Goianésia do Para 120 

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 127 

REFERÊNCIAS 138 

APÊNDICES 142 

ANEXOS 149 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



13 

 

 

 

 

 

 

1 UM OLHAR NO RETROVISOR DE MINHA HISTÓRIA E O DESEJO 

DE APRENDER COM A PESQUISA 

 

É historicamente, que o ser humano veio virando o que vem sendo: não apenas um ser finito, 

inconcluso, inserido num permanente movimento de busca, mas um ser consciente de sua finitude, 
(FREIRE, 2003, p. 10). 

  

Escrever sobre nossas experiências adquiridas ao longo da vida, não é simples como 

pensamos, uma vez que é necessária uma organização de ideias em conformidade 

com o tempo, o espaço e os fatos que vivenciamos nas mais diversas circunstâncias 

da vida. E essas circunstâncias dão sentido e marcam esse movimento do ser 

inconcluso, apontado por Freire (2003). É nesse ato da escrita, que ora me debruço 

firmemente com o desejo de expor de maneira memorável as minhas experiências, e 

a contemplar um espaço que marca minha trajetória e me impulsiona a mover forças, 

em busca de novos saberes.   

Marcas que até hoje carrego deixadas pela cultura do espaço escolar, das relações 

estabelecidas no seu bojo desde os meus quase 10 anos de idade, quando iniciei 

minha caminhada em direção a alcançar o saber, simbolizando, portanto, esse 

movimento, segundo Freire (2003), de permanente busca. 

E essa busca se registra numa simples e pacata comunidade do município de 

Goianésia do Pará, que outrora pertencia ao território da cidade de Rondon do Pará-

Pará. Comunidade marcada pela vida simples, daqueles homens, mulheres e crianças 

que então desbravavam parte da floresta, com o objetivo de ali construir sua 

residência e deixar registro histórico e cultural naquela comunidade no início da 

década de 80.     



14 

 

Dou uma atenção especial aos desafios de minha vivência pessoal que já passei junto 

com minha família, e ainda parte de minha trajetória escolar no espaço rural com início 

na década de 80. Falo um pouco das minhas origens, já que compreendo a família 

como estrutura fundamental na construção da personalidade do indivíduo. Busquei 

nessa narrativa retratar o que já experienciei, não só como um menino filho de 

lavradores, mas especialmente como uma criança que iniciou sua vida escolar na 

zona rural, na Educação do Campo, onde a escola era um barracão onde funcionava 

uma turma Multisseriada, com alunos da 1ª a 4ª série na época. E esse contato com 

o espaço rural traz seus significados para mim, como pesquisador, e merece destaque 

devido às adversidades que são impostas aos sujeitos com os quais fiz a minha 

pesquisa e neles me remeto a pensar.   

 Ao refletir sobre o tempo, a memória e ao ato de pesquisar, faço minhas afirmações 

como sujeito pertencente a uma história com enredo singular de uma família 

nordestina, vinda do interior do Maranhão para o estado do Pará. Meus pais chegaram 

ao Pará no início da década de 80, a procura de terra para trabalhar e ali nos criar. 

Iniciei minha caminhada como estudante, no ano de 1986 na 1ª série do 1º grau como 

era conhecido naquela época. Estudei numa turma multisseriada da educação rural, 

como era chamada naquele tempo. Na época eu ia completar 10 anos de idade, não 

tive o privilégio de cursar a alfabetização, tampouco a Educação Infantil.  

A princípio, eu e minha irmã mais velha (Arlete) estudávamos particular com a 

professora Nedina Luiz, que improvisou uma sala em um cômodo de sua casa. Ela, 

por sua vez, não tinha nem o Ensino Fundamental. Logo após, passamos a estudar 

na “escola” Romero Ximenes, com a mesma. Um barracão de taipa coberta de 

cavaco1 com apenas uma sala, onde estudavam alunos de séries diferentes, uma 

característica do ensino multisseriado no horário, das 13h às 17h de segunda a sexta-

feira na comunidade Gleba Pitinga, onde até hoje meus pais residem.   

 Lembro que ia mais para a escola por causa dos tantos amigos que tinha e, 

especialmente por conta das brincadeiras na hora do recreio, por ser um momento de 

fortalecimento dos laços de amizade com os demais colegas. Tinha dia que a 

professora não dava conta de receber a minha lição e nem de passar dever em meu 

                                                 
1 pequeno pedaço de madeira tirado em lasca que era utilizado para fazer cobertura de casa,  ainda 

muito comum no interior, geralmente de madeira de lei, como: cedro, maçaranduba e outras.  



15 

 

caderno ou no quadro negro2.  Aquilo chegava, às vezes, ser motivo de alegria, por 

não ter nenhum dever na escola ou não levar alguma atividade para fazer em casa. 

Hoje acredito que isso se dava, porque a professora deveria priorizar algumas séries 

por serem mais desenvolvidas. Na época não me faço recordar se os alunos com 

maior grau de aprendizagem auxiliavam a professora nas tarefas de sala, ajudando 

os colegas de uma série. Raramente os alunos da turma de 1ª série copiavam do 

quadro negro devido à falta de tempo, pois a professoras geralmente priorizava a 

escrita do quadro para os alunos de 3ª e 4ª série, enquanto para as outras séries ela 

fazia as atividades no caderno, com uma caneta de cor azul, registro de minha 

memória, que até hoje me faz lembrar com muita clareza desse objeto.   

As relações ali estabelecidas referem-se àqueles significados, modos de pensar e 

agir, valores, comportamentos, modos de funcionamento que, de certa forma, 

mostram a identidade dos sujeitos, das crianças que frequentavam aquele contexto, 

no campo e no campo. E aquela realidade tinha uma identidade que o tempo não 

apagará da minha memória, o quadro negro que ficava pendurado na parede do 

barracão que era a escola e constantemente mudava de posição, conforme a 

intensidade do sol quando era verão ou da chuva quando era inverno, devido o reflexo 

da luz solar, ou das goteiras que caiam sobre os bancos fixos no chão, usados como 

assentos pelos alunos. Os bancos eram feitos de madeira bruta, que serviam de 

assento para alunos e professora. As paredes eram cheias de buracos o que favorecia 

a ventilação no interior da sala e através desses buracos os alunos olhavam quem 

passava na estrada e os animais que pastavam no entorno da escola. 

Passada essa etapa de minha vivência no espaço rural, no ano de 1991 mais 

precisamente no mês de agosto tive que ir estudar na zona urbana, pois na escola 

que outrora estudava a professora só lecionava até a 4ª série. Chegando lá, precisei 

estabelecer outras relações com o espaço escolar, dando sentido à cultura que a 

escola apresentava e os seus significados. E o primeiro significado que construí no 

campo real, foi o estranhamento com aquele novo ambiente, bastante diferente do 

que eu conhecia. Havia tantas salas, banheiro masculino e feminino separados, os 

alunos tinham que usar farda, e principalmente, na sala só tinha alunos de uma série 

                                                 
2 Um pedaço de fórmica retangular pintado de verde escuro que era utilizado pela professora para 

escrever as tarefas a giz e ficava pendurado na parede da escola (barraco com um cômodo com uma 

turma multisseriada).   



16 

 

(turma seriada), nesse caso da 4ª série, na qual estudava e concluí no ano de 1991 

na cidade de Jacundá.  

E na cidade de Jacundá (PA) residi, ora com meus padrinhos, ora com minha avó 

materna até concluir o Ensino Fundamental, ou seja, o primeiro grau como era 

conhecido. No ano de 1995, ali naquele espaço urbano pude perceber o 

intercruzamento de cultura oportunizado pela escola, um lugar capaz de aguçar o 

pensamento e o modo de agir das pessoas que as constitui.    

Ao refletir sobre nossa história e nossa busca como ser inconcluso, inserido num 

permanente movimento (FREIRE, 2003), destaco meu ingresso no campo 

educacional a partir 1996, atuando como auxiliar de secretaria no município de Itaituba 

(PA), e como docente desde 1997, nesta mesma cidade com uma turma de 2ª série 

do ensino fundamental. Tendo naquele ano o primeiro contato com o universo do 

ensinar e aprender em sala de aula e sentir de perto a cultura organizacional, falada 

por Freire (2003). Era uma escola situada numa comunidade carente em um dos 

bairros (Santo Antônio) mais pobres da cidade, o que constituiu um dos maiores 

desafios para um profissional que ora escolheu enveredar pelos caminhos da 

docência.  

E esse caminhar acontecia em direção da formação em nível médio Magistério, sendo 

meu, ingressado no ano de 1996, pois mesmo sem a qualificação mínima, já com 

muito afinco desenvolvia as atividades profissionais de docente em turmas de 1ª a 4ª 

série, o que caracterizou desde então um aprendizado significativo enquanto 

educador na busca permanente de conhecimentos pertinentes a minha profissão e, 

no ano de 1998, concluí o curso Normal em nível de Magistério e continuei atuando 

em sala de aula, com turmas de séries iniciais.  

 No ano de 1999 a ampliação dessa busca e afinidade pela profissão docente, se 

consolida, quando ingressei na Universidade, no Curso de Formação de Professores, 

atualmente Pedagogia, pela Universidade do Estado do Pará - UEPA, ainda no 

município de Itaituba. Isso solidificou o meu maior desejo enquanto pessoa e 

fundamentalmente como profissional, uma vez que eu já estava atuando na docência. 

 E foi ao concluir a graduação que tive a grata oportunidade de estabelecer contato 

com o universo da pesquisa, discorrendo sobre “As concepções de Currículo de 

Professores e Técnicos de Itaituba, Pará”, para fins de obtenção do título de 



17 

 

Licenciado Pleno em Pedagogia. Em seguida, já com a consciência e certeza 

constituída de que estava na profissão certa e que precisava ir além, em direção a 

minha identidade como sujeito parte integrante da escola, dando vida ao movimento 

de busca mencionado por Freire (2003).  

 E essa busca se deu na Pós-Graduação em nível de Especialização que fiz na 

Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) em Administração Educacional, na cidade 

de Santarém (PA), localizada a 500Km da cidade onde morava em Itaituba/PA- no 

ano de 2003. Com o esforço em busca da formação na área de atuação posso 

destacar da mesma forma o desejo de buscar novos saberes através da pesquisa, 

como o título deste capítulo sugere “UM OLHAR NO RETROVISOR DE MINHA 

HISTÓRIA E O DESEJO DE APRENDER E PESQUISAR” 

 E naquela ocasião escrevi sobre “O Currículo Escolar Numa Perspectiva 

Construtivista”, caracterizando um aprendizado bastante potente para minha 

formação, ao passo de trazer novas reflexões no âmbito do ensino no espaço escolar, 

visto que o currículo precisa ser percebido como algo vivo, que movimenta sujeitos e 

que é feito, que se manifesta a partir das relações e interesses.  

 E como sujeito em busca de novos saberes, desde o ano de 2007 desenvolvo as 

minhas atribuições profissionais, seja na função de docente ou em outra voltada para 

o campo da educação/ensino na cidade de Goianésia do Pará, onde foi realizado 

nosso estudo, dando nessa perspectiva movimento de busca, de ida e vinda em busca 

do aprender, construindo um arcabouço teórico mais amplo a respeito da temática 

pesquisada. E nossa busca nesse aspecto é de compreender o movimento do ensino 

envolvendo uma professora atuante em turma multisseriada na Educação do Campo.  

 Em Goianésia tenho perpassado as fronteiras da educação de Jovens e Adultos, 

modalidade de ensino que trabalhei de 2007 a 2014 quando aqui cheguei devido ser 

professor concursado para atuação nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. E de 

2015 para cá, o meu contato tem sido com Séries Iniciais na escola, a destacar EMEIF 

Paulo Freire e foi a partir desse contato, com esses alunos de séries iniciais e, 

percebendo o árduo desafio de ensinar vários componentes curriculares para alunos 

de uma série com níveis distintos de aprendizagem e de comportamento que comecei 

a refletir sobre os desafios das turmas multisseriadas. 



18 

 

 Eu tinha que desdobrar ações pedagógicas, metodologias para fazer acontecer o 

ensino na sala de aula, com o desejo de atender a todos igualmente. E ali por vezes 

passei a questionar: se trabalhar vários componentes curriculares para alunos de um 

ano é difícil, imagine numa turma multisseriada? Assim me pus a pensar, a questionar-

me, a matutar, a problematizar sobre a realidade dos professores atuantes em turmas 

multisseriadas da Educação do Campo do município de Goianésia do Pará. E diante 

dessa minha inquietude então, no ano de 2019 busquei a seleção na Univates, tendo 

como ponto de partida de meu problema de pesquisa, o qual foi investigado no 

Mestrado em Ensino no ano de 2021.  

 Também faz saber que desde 2009 muito tenho contribuído para o ensino na realidade 

no município local da pesquisa, na função de professor formador nos cursos de 

formação inicial Licenciatura Plena em Matemática (UFPA3: 2009 - 2013) e no curso 

de Licenciatura em Pedagogia numa instituição particular no período de 2009 a 2016, 

assim como em formação continuada para professores da rede municipal de ensino 

quando convidado pela Secretaria Municipal de Educação. Nesse contexto, é 

importante destacar que na função de coordenador em que sou efetivo na função de 

Técnico em Educação, no Colégio Estadual de Ensino Médio Profª Anunciada Chaves 

desde o ano de 2011, proporciono formação continuada para professores que 

trabalham naquela instituição de ensino estadual no município de Goianésia do Pará. 

 Esse Colégio de Ensino Médio, representa para mim enquanto pesquisador, um 

espaço rico de discussão e aprendizagem no tocante ao planejamento do ensino para 

alunos de nível médio que o mesmo oferece a sua comunidade. E nesse espaço, em 

2015, realizei uma pesquisa para obtenção do título de especialista em Gestão 

Escolar – EAD – pela Universidade Federal do Pará (UFPA) que investigou, "As 

causas da não participação efetiva dos diversos atores no desenvolvimento dos 

projetos planejados pela escola de maneira efetiva”.  

 Pois por essa razão, esse colégio tem se configurado num espaço singular acerca do 

ensino planejado a partir das discussões e aprendizagens feitas em formação com 

esses professores, dadas provocações no sentido de fomentar novas metodologias 

de ensino nas formações, um novo olhar ao ensinar os conteúdos dos diversos 

componentes curriculares do Ensino Médio, buscando reconstruir o ensino a uma 

                                                 
3 Universidade Federal do Pará 



19 

 

nova perspectiva, de modo a atender as expectativas do alunado e comunidade local. 

Trazer para a prática do professor ações metodológicas que ampliam o ensino e torna 

as aulas mais atraentes. Inclusive com propostas já oriundas de nossa formação no 

programa de Mestrado em Ensino, provocadas pela disciplina Estratégias de Ensino 

I, realizada em janeiro de 2020. 

 É nessa tônica que nossa caminhada segue, ao encontro de novas descobertas no 

âmbito do ensino. Que o professor essencialmente possa refletir a prática pedagógica 

no contexto da escola e utilizar mecanismos que venham favorecer o aprendizado dos 

alunos, no sentido de envolvê-los com os mais variados conteúdos, das diversas 

áreas do conhecimento, despertando o interesse deles pelo aprender, reconhecendo-

os, como seres históricos, “inseridos num permanente movimento de busca, mas um 

ser consciente de uma finitude” (FREIRE, 2003, p. 10) 

É certo dizer que minha pesquisa está relacionada com minhas vivências na condição 

de estudante de uma escola do meio rural em turma multisseriada, pela razão de ser 

professor efetivo dos Anos Iniciais e Educação Infantil, com formação específica do 

Ensino Fundamental da rede municipal de ensino de Goianésia do Pará.   

Desse ponto de vista, e partindo da premissa de que só tem pesquisa se houver 

problema capaz de fazer fluir indagações, uma inquietação por parte de um 

pesquisador é que propus buscar explicação para tais indagações e assim 

efetivamente fazer valer o ato de pesquisar. Nessa perspectiva, expresso o 

pensamento que norteou a pesquisa realizada, apresentando o seguinte problema de 

pesquisa: Quais metodologias de ensino são utilizadas por uma professora atuante 

na educação do campo, em uma turma multisseriada no município de Goianésia do 

Pará?  

E com a intenção de esclarecer o que desejei alcançar com o estudo aqui proposto, 

elenco os seguintes objetivos: Geral: Investigar quais as metodologias de ensino são 

utilizadas por uma professora atuante na Educação do Campo, em uma turma 

Multisseriada no município de Goianésia do Pará.  

E os objetivos Específicos foram assim traçados: Identificar as principais dificuldades 

e facilidades enfrentadas pela professora atuante na turma multisseriada em relação 

ao ensino na sua prática pedagógica; Descrever e analisar as metodologias de Ensino 

utilizadas por uma professora atuante em uma turma Multisseriada na Educação do 

Campo, no município de Goianésia do Pará; Conhecer os programas de formação 



20 

 

continuada oferecidos aos professores que atuam em turmas Multisseriadas na 

Educação do Campo em Goianésia do Pará; 

Na perspectiva de alcançar os objetivos tratados acima para a pesquisa, apresento as 

questões norteadoras da mesma: Quais são as dificuldades enfrentadas por uma 

professora atuante em turma multisseriada em relação ao ensino na sua prática 

pedagógica? Que metodologias de Ensino uma professora atuante em turmas 

multisseriadas da educação no campo de Goianésia do Pará utiliza?  Como e onde 

são oferecidas as formações continuadas para os professores que atuam em turmas 

multisseriadas na Educação do Campo em Goianésia do Pará?  O que é oferecido na 

formação para professores da Educação do Campo que atuam em turmas 

multisseriadas?  

Após considerar as questões norteadoras acima descritas, realizei a 

Contextualização do tema da pesquisa. Nessa direção, a discussão que permeia o 

ensino em suas diversas singularidades, nos permite argumentar acerca da temática 

que propus escrever, por entender ser um momento de possibilidades de externar 

pensamentos compartilhados por autores do campo de estudo, bem como suas 

reflexões quanto ao ato de ensinar em turmas multisseriadas na Educação do Campo. 

Nesse sentido, minha escrita a princípio se sustenta em bases empíricas, a partir de 

nossas vivências enquanto profissional da educação da rede municipal de ensino. E 

a partir desse contato me permitiu buscar autores que discutem questões pertinentes 

ao ensino e os desafios vividos por professores atuantes em turmas multisseriadas na 

Educação do Campo, a destacar especialmente as metodologias por eles utilizadas 

em seu fazer pedagógico diário, numa comunidade do município de Goianésia do 

Pará.  

Por isso, falar do ensino multisseriado é retratar a realidade de sujeitos que vivenciam 

realidades no espaço rural que não condizem com o estabelecido nas leis, como por 

exemplo4 (BRASIL, 2013).  O que temos visto no contexto ao qual imprimimos nossas 

ideias é a ausência de políticas públicas do poder municipal local, bem como das 

advindas da esfera federal já fragilizada, no sentido de não ser efetivada nos mais 

distantes espaços rurais do município onde foi realizada a investigação. Nesse 

sentido, o ensino do campo tem ficado às margens do atendimento das diretrizes 

estabelecidas pelos poderes constituídos.  

                                                 
4 LDB e PRONACAMPO – Programa Nacional de Educação do Campo.  



21 

 

A refletir nessa linha de pensamento, nossa questão fundamental diz respeito, à 

necessidade de tecermos questionamentos sobre certos marcos regulatórios da 

Educação do Campo. Falar de como o ensino na educação básica poderá se organizar 

e até podemos afirmar a sua simplicidade, porém na prática do ponto de vista da 

legislação essa efetividade não se consolida e de modo bem visível quando se trata 

do ensino na Educação do Campo em turmas multisseriadas. Do mesmo modo, 

podemos dizer sobre os Entes Federados quando se trata das responsabilidades 

deles quanto à universalização do acesso e permanência escolar de crianças, jovens 

e adultos na Educação Básica.   

Em relação a este tema, a Educação do Campo e o ensino em turmas multisseriadas, 

precisaram situar a localidade na qual o nosso estudo será concretizado. A pesquisa 

será efetivada numa realidade do interior do estado do Pará, no município de 

Goianésia do Pará, com um recorte a considerar apenas uma região do município, 

lócus da investigação ora proposta. 

 A escolha do local da pesquisa, a região da comunidade Cinco Irmãos teve como 

critérios a distância da cidade (mediana 58.5 km aproximadamente), o contato com 

moradores e especialmente devido às reclamações de professores (colegas de 

profissão) atuantes nas turmas multisseriadas na região, por não terem formação que 

possibilite novas metodologias de ensino e ainda o contato com professores em 

formação no curso de Pedagogia devido insatisfações quanto aos desafios 

enfrentados por eles nas turmas onde lecionam. 

Essa localidade, conhecida pelo nome de Região da Cinco Irmãos/e ou Ararandeua, 

é formada por cinco (05) núcleos, com aproximadamente setenta famílias assentadas 

em cada núcleo, oriundos de várias localidades do estado do Pará. Nesses cinco (05) 

núcleos temos atualmente 5 (cinco) escolas que ofertam o ensino multisseriado, cada 

uma delas com sua singularidade, incluindo a escola polo da região, situada no núcleo 

dois (02).  

 No lócus de nosso estudo, é muito comum o professor ainda trabalhar com turmas 

multisseriadas. E para exemplificar essa realidade vivenciada por professores da 

região da qual fazemos menção, trazemos um dado representativo dessa realidade. 

Pois num quantitativo de 35 professores daquela localidade atuantes com turmas de 

Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 71.24% deles ainda trabalham com turmas 



22 

 

multisseriadas, ou seja, com alunos de Anos diferentes, ambos juntos numa mesma 

sala e horário, (Fonte 2021: Secretaria Municipal de Educação/ Departamento da 

Educação do Campo).  

Nesse sentido, faz saber a prática pedagógica desses professores atuantes em 

turmas multisseriadas do Ensino Fundamental no tocante às metodologias usadas por 

eles em sala de aula.  

E pensando nesses desafios com os quais os professores da Educação do Campo 

lidam diariamente, com a percepção de pesquisador, e por ter situado a localidade 

onde aconteceu a materialidade de nossa investigação, a seguir, apresento os 

argumentos fundamentais que deram sustentação às razões pelas quais a referida 

pesquisa merece um olhar singular na perspectiva do conhecimento científico e assim 

a mesma se justifica: Porque sou professor com desejo de ampliar meus saberes no 

campo do ensino e,  tendo transitado da Educação Infantil ao Ensino Médio em 

escolas públicas e particulares;  Por ter contribuição em cursos de formação de 

professores na educação básica na Amazônia paraense (Goianésia e outras);  Devido 

ter estudado até a 4ª Série do Ensino Fundamental em turma multisseriada em uma 

escola do meio rural; Em razão do convívio com professores atuantes em turmas 

multisseriadas em comunidades do entorno da cidade de Goianésia do Pará, 

Amazônia, Brasil, onde foi realizada a nossa investigação; Por compreender que o 

estudo proposto se configura numa produção acadêmica científica de extrema 

relevância para a região, estado e país; Por compreender a potência da pesquisa em 

ensino que servirá como fonte de pesquisa para outros trabalhos nesse campo de 

estudo. 

Da mesma forma porque nessa realidade, o trabalho do professor tem sido marcado 

pela escassez de material didático, por um planejamento que considere a realidade 

do campo, pelas condições que a maioria dos alunos e professores vivenciam nesses 

espaços escolares; Pelo distanciamento dos gerenciadores da educação em 

possibilitar o debate acerca da compreensão das dificuldades e facilidades 

enfrentadas pelos professores de turmas multisseriadas no tocante às metodologias 

de ensino desenvolvidas no chão da escola em que a pesquisa poderá estreitar essa 

relação.  



23 

 

A pesquisa a qual realizei é potente, pela oportunidade de compartilhar conhecimento, 

especialmente no tocante ao ensino da Educação Básica de escolas públicas de uma 

realidade amazônica, com recorte sobre metodologias utilizadas por professores 

atuantes em turmas multisseriadas da educação do campo nas séries iniciais. 

Também pela possibilidade de dar visibilidade à comunidade Amazônica no aspecto 

da produção científica no campo de saber que ora discutimos. Portanto, é nessa 

perspectiva que julgamos serem questões importantes e justificáveis à escolha da 

temática para o presente estudo.  

Diante do exposto, e tendo como elemento basilar os objetivos traçados para minha 

investigação, apresento os capítulos com uma breve descrição trazendo uma 

provocação de conhecer os achados advindos do campo teórico sobre a temática, do 

lócus da pesquisa a considerar as sessenta (60) horas de observações de campo 

registradas no diário de itinerância no período de maio e junho de 2021, assim como 

de minhas interpretações feitas quando em contato com o objeto de pesquisa.  E 

nesse ritmo, caminhando na direção de conhecer aquilo que ocupa toda a discussão 

posta na minha dissertação, apresento a mesma desdobrando o núcleo de seus seis 

capítulos. 

No capítulo 1, intitulado de “Um olhar no retrovisor de minha história e o desejo de 

aprender e pesquisar”, é um momento da escrita que trago um relato de momentos 

de minha vida e trajetória escolar, com um recorte temporal, olhando o tempo que fui 

morador e estudante de escola multisseriada no espaço rural. Trago ainda as 

informações introdutórias da pesquisa, com exposição dos elementos obrigatórios de 

sua composição como por exemplo: o objeto de investigação, os objetivos, as 

questões norteadoras do estudo, a contextualização e a delimitação do problema e os 

argumentos que sustentam a justificativa pela escolha da temática.  

O capítulo 2, com o título de “Procedimentos metodológicos da pesquisa: a trilha da 

caminhada”, onde descrevo os passos dados para atender cada etapa da caminhada 

proposta metodologicamente, estando dividido em cinco subseções dos quais: 2.1 

Caracterização da pesquisa: uma abordagem qualitativa, 2.2 . Tipos de pesquisa e 

suas contribuições, 2.3 Lócus da pesquisa e os participantes, 2.4 Instrumentos da 

pesquisa, 2.5 Detalhamento das atividades e a técnica da análise de conteúdo.  



24 

 

No capítulo 3, denominado de “O ensino na Educação do Campo e a prática 

pedagógica de uma professora atuante numa turma multisseriada”, o mesmo 

manifesta questões relacionadas os desafios do ato de ensinar de uma professora 

que leciona numa turma multisseriada na Educação do Campo, e de como a prática 

dela tem sido efetivada em sala. O mesmo está organizado em três subseções sendo: 

3. 1 O ensino na Educação do Campo: olhares e percepções, 3.2 A prática pedagógica 

de uma professora numa realidade da Educação do Campo, 3.3 O ensino 

multisseriado e os desafios de ensinar no campo. 

No capítulo 4, intitulado de “Metodologias de ensino e os desafios vividos por uma 

professora da Educação do Campo: retratos de uma realidade multisseriada”, em que 

faço a descrição e análise das metodologias de Ensino utilizadas por uma professora 

atuante em uma turma Multisseriada na Educação do Campo, no município de 

Goianésia do Pará. Este capítulo está detalhado em três subseções, sendo: 4.1 As 

vozes advindas do ensino na Educação do Campo, uma realidade a ser visitada, 4.2 

Metodologias de ensino em turmas multisseriadas: o que dizer?, 4.3 Falando sobre o 

espaço escolar e o planejamento de uma professora dos Anos iniciais da Educação 

do Campo. 

O capítulo 5, cujo título é “A formação continuada para professores atuantes na 

Educação do Campo e as amarras de uma realidade”, e nele apresento informações 

e discussões a respeito dos programas de formação continuada oferecidos aos 

professores que atuam em turmas Multisseriadas na Educação do Campo em 

Goianésia do Pará. O mesmo se encontra desdobrado em três subseções, sendo as 

seguintes: 5.1 A realidade da Educação do Campo e a formação continuada de 

professores: um olhar geral a respeito dessa questão, 5.2 Formação continuada de 

professores, diretrizes e a proposta pedagógica para a Educação do Campo, 5.3 

Formação continuada de professores e a Educação do Campo em Goianésia do Pará.  

No capítulo 6, intitulado de “Considerações finais”, estão postas as características 

principais de minha pesquisa, levando em consideração os achados da mesma, 

tornando assim relevante para o universo social, acadêmico e científico. Também é o 

espaço onde apresento as informações relacionadas aos objetivos traçados para tal 

e como essas questões abordadas nos capítulos dialogam com cada objetivo, bem 

como as respostas dadas ao objeto que ora propus a investigar. Nele ainda são 

colocadas reflexões importantes relacionadas ao ensino da Educação do Campo, 



25 

 

extraídas a partir do contato do pesquisador com o lócus da pesquisa, dos autores 

lidos e das legislações que dão sustentação à existência da Educação do Campo.  Por 

fim, termino a escrita da dissertação com as Referências, os Apêndices e os anexos.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



26 

 

 

 

 

 

 

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA: A TRILHA 

DA CAMINHADA 

 

Fazer pesquisa é uma manifestação subjetiva de alguém que em seu eu é tocado pelo 

desejo da descoberta, da explicação de um dado fenômeno e a elucidação de 

resposta de algumas indagações feitas por um pesquisador. A pesquisa e o desejo de 

compartilhar conhecimentos é marcante no pensamento de quem é incomodado por 

certas afirmações, que vivem a quicar em nossa cabeça provocadas por uma ou outra 

razão. O senso comum é um atributo a ser considerado, pois é na convivência das 

afirmações do cotidiano, de pessoas simples de saberes distintos que o pesquisador 

manifesta o desejo de conhecer o até então desconhecido, trazendo seu 

posicionamento assegurado nos critérios do saber científico e assim sustentando 

certas afirmações ou negando-as.   

É no embalo do conhecer, do brilho do girassol o símbolo da Educação do Campo e 

do florescer do conhecimento entre a professora pesquisada e o pesquisador que digo 

a respeito da caminhada planejada na busca de afirmações da investigação que 

norteou a minha pesquisa, com o apoio de autores que discutem o campo teórico 

metodológico da pesquisa. [...] “a pesquisa em ensino tem como foco o ensino. [...]  o 

ensino tem sempre como objetivo a aprendizagem e, como tal, perde significado se 

for tratado isoladamente”  (MOREIRA, 2011, p. 15). 

Para potencializar a afirmação de Moreira (2011), entendo que para falar de pesquisa 

em ensino no contexto da contemporaneidade se faz necessário algumas reflexões 

acerca do ato de ensinar e de aprender, ou seja, esses dois atos estão diretamente 

ligados à realidade da sala de aula em todo Brasil. Assim, trazer à tona uma discussão 

oriunda de uma pesquisa em ensino, de um programa de Pós-Graduação Stricto 



27 

 

Sensu é um compromisso do ponto de vista acadêmico e social e que tal produção 

percorre etapas até seu produtor dar a mesma por acabada.  

E é com o pensamento de produzir discussões sobre o ensino na Amazônia, com o 

recorte da Educação do Campo, numa realidade paraense, no Município de Goianésia 

do Pará, que apresento a metodologia da pesquisa nesse capítulo de minha 

dissertação. Aqui apresento o balizamento metodológico da pesquisa realizada e seus 

elementos constituintes que nos forneceu resposta com seriedade da produção 

desejada, ao passo de contemplar o conhecimento acadêmico produzido no universo 

da pesquisa em ensino.  

 

2.1 Caracterização da pesquisa: uma abordagem qualitativa 

 

Na perspectiva do olhar metodológico da pesquisa, desdobro neste capítulo os 

caminhos que trilhei na busca de resposta aos meus objetivos propostos e a 

elucidação do problema de pesquisa, a saber: Quais metodologias de ensino são 

utilizadas por uma professora atuante na educação do campo, com turma 

multisseriada no município de Goianésia do Pará?  

Assim, escolhi trabalhar na perspectiva da abordagem qualitativa fundamentado em 

Teixeira (2011) e Moreira (2011). E a partir do olhar desses autores e focado no desejo 

de conhecer os pressupostos metodológicos, o estudo em questão se constituiu a 

partir de uma abordagem qualitativa da pesquisa, eis de considerar o pensamento de 

Teixeira (2011), quando fala que a pesquisa qualitativa tem sua relevância por que:  

 

 [...] o pesquisador procura reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre 

o contexto e a ação [...] isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua 
descrição e interpretação. As experiências pessoais do pesquisador são 
elementos importantes na análise e compreensão dos fenômenos estudados 

(p. 137). 
 
 

Para Teixeira (2011), quando o pesquisador adere à abordagem qualitativa da 

pesquisa ele estabelece uma relação de compreensão daquilo que deseja clarificar, 

considerando a relevância dos detalhes descritivos apresentados após serem notados 

na realidade em questão pelo pesquisador. Isso significa dizer que o pesquisador tem 

o respaldo técnico científico em tecer suas considerações à luz de sua compreensão 



28 

 

como produtor de conhecimento que “mergulhou”5 num desejo de conhecer algo até 

então desconhecido, de buscar resposta a perguntas curiosas e provocantes.   

Nessa abordagem de pesquisa segundo Teixeira (2011), às experiências do 

pesquisador devem ter uma atenção singular quando se faz a análise e a 

compreensão do fenômeno pesquisado, pois essa experiência suscitada pela autora 

possibilita estabelecer relações com outros saberes e posterior afirmação dos 

achados do estudo.  

Ao fazer menção ao trabalho do pesquisador, a autora considera a experiência desse 

sujeito como sendo algo importante reconhecer nesse cenário na busca pelas 

explicações dos fatos perceptíveis no mundo real do estudo. Por isso, o contexto no 

qual o pesquisador é parte integradora, carrega consigo uma importância no sentido 

de estreitar as percepções minutas dos detalhes a serem escritos acerca do objeto 

em estudo. 

Ainda, na direção da importância que o pesquisador deve ter consigo quanto ao uso 

da abordagem qualitativa da pesquisa em ensino, Moreira (2011, p. 50 e 51) destaca: 

 

O pesquisador qualitativo também transforma dados e eventualmente faz uso 

de sumários, classificações e tabelas, mas a estatística que usa é 
predominantemente descritiva. Ele não está preocupado em fazer 
interferências estatísticas, seu enfoque é descritivo e interpretativo ao invés 

de exploratório ou preditivo. Interpretação dos dados é o aspecto crucial do 
domínio metodológico da pesquisa qualitativa.  

 

 

A escolha pela abordagem qualitativa da pesquisa, se sustenta por considerarmos a 

proposta quanto ao aspecto analítico mais preciso e de melhor manuseio das 

informações obtidas em campo. Também devido às descrições dos fatos estarem bem 

mais ao nosso alcance, de modo que a subjetividade esteja clarificada e a 

manifestação do conhecimento sobre o fenômeno por parte do pesquisador: Quais 

metodologias de ensino são utilizadas por uma professora atuante na Educação 

do Campo, em uma turma multisseriada em Goianésia do Pará?.  

Portanto, a pesquisa qualitativa não visa a generalização das informações, porque 

trabalha com um recorte de uma realidade, em que o pesquisador qualitativo tem a 

                                                 
5 Grifo meu 



29 

 

capacidade de modificação de dados e sua interpretação é predominantemente 

descritiva, considerando os significados ali perceptíveis. 

 

2.2 Tipos de pesquisa e suas contribuições 

 

Quanto ao tipo de pesquisa foram utilizadas as opções a seguir, visando desenvolver 

melhor a ampliação de meu olhar sobre o fenômeno em estudo. Lancei mãos da 

pesquisa documental e do estudo de caso de acordo com Gil (1999) e da pesquisa de 

campo na perspectiva do olhar de Marconi e Lakatos (1999), da Pesquisa-Ação 

conforme Thiollent (2007), tendo cada autor suas contribuições ao demarcarem 

características específicas do objeto de investigação, que deu sentido a essa 

dissertação.  

No sentido de tornar minha pesquisa ainda mais consistente quanto sua relevância 

acadêmica e social, usei a pesquisa documental, pois a pesquisa aqui realizada tem 

em seu escrito também o desejo de compreender questões referentes aos registros 

legais que orientam a efetivação do trabalho da professora pesquisada. Nesse 

aspecto, Gil (1999, p. 66) corrobora dizendo que: 

 

A pesquisa documental assemelha-se muito com a pesquisa bibliográfica. A 

única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a 
pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos 

diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se 
de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda 
podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. O 

desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da 
pesquisa bibliográfica. Apenas há que se considerar que o primeiro passo 
consiste na exploração das fontes documentais, que são em grande  número 

[...]. 

 

O uso da pesquisa documental se faz preciso, pois é uma oportunidade que a 

investigação tem de revelar informações importantes escritas nos conteúdos dos 

documentos oficiais, tanto da Secretaria Municipal de Educação, da Secretaria de 

Estado de Educação e/ou do Ministério da Educação, no tocante à discussão proposta 

na pesquisa. A saber, o que essas fontes têm a dizer sobre a Educação do Campo, 

até que ponto as ações pensadas, planejadas e escritas nesses documentos se 



30 

 

realizam na prática no ambiente escolar onde o ensino se efetiva no seu contexto 

único.  

E com o objetivo de capturar informações a serem obtidas conforme propõe o meu 

terceiro objetivo específico analisei os seguintes documentos no âmbito municipal: 

Proposta de ensino para a Educação do Campo nos Anos Iniciais do Ensino 

Fundamental; Projeto que institui o Programa de formação para professores da 

Educação do Campo para os Anos Iniciais; Calendário escolar específico para a 

educação do campo; Plano de curso para a Educação do Campo Anos Iniciais; 

Planejamento da professora entrevistada; Plano Municipal de Educação (PME6) para 

ver o que tem a dizer sobre a modalidade de educação a qual foi pesquisada.  

Ao se tratar da esfera federal, pesquisei o que os marcos regulatórios em nível 

nacional da Educação do Campo tem apresentado para essa modalidade de 

Educação, a destacar: Resolução nº 1, de abril de 2002; Parecer CNE7/CEB8 Nº 1 de 

fevereiro de 2006; Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008; Decreto nº 7.352, de 4 de 

novembro de 2010; PRONACAMPO 9  documento orientador e o relatório das 

Conferências Nacionais por uma Educação Básica do Campo, ocorridas nos anos de 

1998 e 2004, respectivamente. Um olhar sobre essas fontes documentais nos 

possibilita o conhecimento de como a Educação do Campo tem sido desenhada ao 

longo dos tempos na educação brasileira, do mesmo modo como essa modalidade de 

educação tem se materializado em Goianésia do Pará e a partir dessas importantes 

informações se pensar e planejar o ensino na Educação do Campo de modo a se 

aproximar o quanto mais das diretrizes traçadas para a educação do campo.   

Nessa perspectiva, a Pesquisa Documental de acordo com Gil (1999), oportuniza 

conhecer dados e demais informações pertinentes que contribuíram para minha 

pesquisa.  E foi de posse desses esclarecimentos que obtive discussão sobre a 

formação de professores que atuam em turmas multisseriadas na Educação do 

Campo e demais informações que por sua vez estão relacionadas ao estudo 

realizado.  

                                                 
6 Plano Municipal de Educação;  
7 Conselho Nacional de Educação; 
8 Câmara de Educação Básica;  
9 Programa Nacional de Educação do Campo;  



31 

 

Ainda falando da pesquisa documental, a destacar suas características Marconi e 

Lakatos (1999, p. 64), afirmam que: 

 

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados 
está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina 
de fontes primárias. Estas podem ser recolhidas no momento que o fato ou 

fenômeno ocorre, ou depois.  

 

De acordo com as autoras, esses documentos são fontes de dados e estão restritos, 

podendo ser de fonte primária ou não. Os documentos os quais foram manuseados 

são denominados de fontes primárias, devido ainda não ter passado por nenhuma 

análise, e os mesmos revelaram a realidade vivida pela professora10 na escola onde 

leciona em sua comunidade. Na ocasião tive acesso aos termos legais, das 

resoluções que normatizam a modalidade de ensino na rede municipal de ensino, ao 

se tratar do termo educação multisseriada, bem como do uso da expressão “educação 

no campo ou do campo”, e de informações do ponto de vista legal e prático.  

Ainda de acordo com as fontes documentais do órgão gerenciador da educação 

municipal, Secretaria Municipal de Educação, pude atender um dos objetivos da 

pesquisa - Conhecer os programas de formação oferecidos aos professores que 

atuam em turmas Multisseriadas dos Anos Iniciais na Educação do Campo em 

Goianésia do Pará. Pois de acordo com Marconi e Lakatos  (1999, p. 66) “Para que o 

investigador não se perca na “floresta” das coisas escritas deve iniciar seu estudo com 

a definição clara dos objetivos, para poder julgar que tipo de documentação será 

adequada às suas finalidades”. Os documentos os quais são todos relacionados à 

modalidade de Educação do Campo e a partir de minha leitura sobre eles, certamente 

meu leque de saber se ampliou e se solidificou frente a produção de conhecimento na 

área.  

E com o desejo de melhor compreender o fenômeno pesquisado, fiz uso da Pesquisa 

de Campo, por entender sua validade ao se tratar da possibilidade do maior contato 

do pesquisador com o problema de pesquisa, da possibilidade de maior proximidade 

de onde tal problema se manifesta efetivamente. Com a intenção de consolidar a 

                                                 
10 Utilizarei a palavra professora devido ser somente professoras que atuam nas escolas da região a ser pesquisada 

em turmas multisseriadas, conforme informação da Secretaria municipal de Educação em 2019.  



32 

 

importância da pesquisa de campo para o estudo proposto, as autoras citadas, 

salientam que: 

 

A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir 
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se 
procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou, 

ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na 
observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na 
coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume 

relevantes, para analisá-los (MARCONI; LAKATOS. 1999, p. 85).  
 

No mesmo passo de entendimento que Marconi e Lakatos (1999), tive a oportunidade 

de estreitar a relação com o fenômeno pesquisado, tendo como fio condutor o 

referencial teórico condizente com o conteúdo do estudo. A pesquisa de campo é o 

espaço que se tem a constatação ou não do objeto de investigação, é nele que o 

pesquisador entrelaça os elementos teóricos com os elementos práticos da realidade 

vivida pelos sujeitos investigados. É no campo em contato com a realidade que se 

institui o contato com o fato real pesquisado e observado pelo pesquisador que temos 

a oportunidade de minuciosamente fazer as descrições dos detalhes ali percebidos a 

caracterizar uma descoberta ou provocação de uma nova indagação. De acordo com 

Gil (1999. p.72), “o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de 

observação do que de interrogação”.  

Ainda falando sobre o tipo de pesquisa usado nesse estudo, fiz uma aproximação com 

o Estudo de Caso, com o desejo de compreender com maior profundidade o objeto 

ora investigado, presente no contexto de uma sala da aula da Educação do Campo 

numa turma de alunos marcados por uma característica específica, uma turma 

multisseriada e com o desejo de identificar as metodologias de ensino usadas por uma 

professora atuante nessa realidade de ensino. Frente essa realidade Gil (1999, p. 72-

73), afirma que: 

 

 “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um 
ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e 
detalhado tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de 

delineamentos considerados”. 

 



33 

 

Postos os argumentos de Gil (1999) no estudo de caso, se faz necessário ampliar e 

detalhar o objeto a ser estudado. Esse tipo de estudo busca investigar um fenômeno 

dentro de seu contexto onde o pesquisador deve usar várias fontes de evidências.   

Nesse aspecto, a curiosidade não ocupa lugar de destaque de modo a prender a 

atenção do pesquisador, que informações desnecessárias a fazer questionamento 

sobre essa ou aquela situação da realidade a qual está sendo pesquisada. Assim a 

pesquisa de campo carrega consigo seus atributos favoráveis para uma investigação 

capaz de evidenciar as questões que ora desejo compreender. Foi o momento de 

conhecer o campo, devido ser lá que o problema se manifesta, se materializa, 

cabendo ao pesquisador conhecê-lo, e, portanto, ter a resposta de sua pergunta sobre 

o problema ora investigado.  

Ainda sobre o tipo de pesquisa usado na pesquisa, busquei apoio no sentido de uma 

aproximação também com a Pesquisa-Ação apresentada por Thollent (2007). Pois 

nessa proposta devo estabelecer um vínculo ativo construído na interação com os 

participantes da realidade a ser investigada. E, portanto, será uma aproximação dessa 

metodologia de estudo devida não se seguir em sua completude os seus 

pressupostos. Nesse sentido Thiollent (2011, p. 20) destaca:  

 

[...] a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é 

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a 
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os 
participantes representativos da situação e do problema estão envolvidos de 

modo cooperativo ou participativo.  

 

Nessa direção é importante saber que ao longo da pesquisa-ação tive a oportunidade 

de registrar e conhecer o problema a partir de minha observação dada ali com os 

participantes, especialmente com a professora pesquisada. A pesquisa-ação busca 

conhecer melhor esse problema numa realidade coletiva e assim criar mecanismo 

capaz de conhecer a prática da professora, conversando com ela, observando-a, 

propondo sugestão, interagindo com a professora e os alunos no espaço onde a 

pesquisa foi realizada. A imagem que segue diz respeito a um momento de interação 

entre pesquisador e professora pesquisada na elaboração de jogos de leitura de 

Língua Portuguesa.  

 



34 

 

Imagem 1:  Professora com o pesquisador com os jogos de Língua Portuguesa confeccionadas em 

sala 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

 

Fonte: Pesquisador (2021) 

 

Na pesquisa-Ação, o pesquisador e os participantes do estudo na pesquisa-ação têm 

uma relação de proximidade, estão naquele contexto envolvido onde suas relações 

acontecem de modo colaborativo, onde o pesquisador apresenta uma participação 

efetiva em busca da solução do problema. Pois Thiollent (2011), afirma que:  

 

(...) a pesquisa-ação pode ser vista como modo de conceber e de organizar 
uma pesquisa social de finalidade práticas e que esteja de acordo com as 
exigências próprias da ação e da participação dos atores da situação 

observada (p. 32)  

  

O pesquisador nesse momento da pesquisa em contato com o campo estabelece uma 

relação bastante singular e específica na pesquisa, o de observação da realidade sem 

se deixar levar pelas emoções, mesmo tendo uma relação de estreita confiança com 

os sujeitos a serem pesquisados, nesse caso uma professora atuante numa turma 

multisseriada na Educação do Campo e seus alunos. Foi um momento em que a 

questão ética/profissional teve de prevalecer e a realidade ter a devida atenção. Foi 

um momento exploratório no sentido de conhecer o problema a ser investigado, 

manuseando documentos, planejamento e plano de aula da professora, objetos 

didáticos, observando a realidade, assim como algumas imagens da escola, pátio, dos 

arredores, trechos do caminho percorrido pelos alunos e a professora para ter acesso 

à escola.  

 



35 

 

2.3 Lócus da pesquisa e os participantes 

 

Imagem 2:  Mapa da Região da Cinco Irmãos 

 

Fonte: Departamento de Terras/ Prefeitura Municipal de Goianésia do Pará (2020) 

 

Com o objetivo de ilustrar visualmente melhor o lócus da pesquisa trouxe esse mapa 

feito por satélite pelo Departamento de Terras da prefeitura de Goianésia do Pará, e 

assim termos uma visão melhor como a região está organizada em cinco núcleos, que 

no mapa está marcado com N01, N02, N03, N04 e N05 e por onde se tem o acesso, 

através da ROD PA 150 e Vicinal 05 Irmãos.   

O lócus da pesquisa foi uma escola da rede Municipal de Ensino Fundamental, 

localizada no município de Goianésia do Pará, que oferece a Modalidade Educação 

do Campo em turma multisseriada, com jurisdição da Secretaria Municipal de 

Educação instituição a qual tive a autorização para a realização da pesquisa 

(APÊNDICE A).  

A imagem três apresenta uma visão geral da frente da escola onde a pesquisa foi 

realizada. 

 

 

 

 

 

 



36 

 

Imagem 3: Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Santa Cecília 

 

 

Fonte: Pesquisador (2020) 

A escola pesquisada está localizada no espaço rural, numa comunidade chamada 

“Cinco Irmãos”11 a uma distância de aproximadamente 55 quilômetros da sede da 

cidade de Goianésia do Pará (ver o mapa, na imagem 02). Vale lembrar que essa 

região é formada por 5 núcleos de famílias assentadas, onde cada núcleo tem 

aproximadamente 70 famílias, acrescida de mais 2 comunidade que fazem parte 

dessa região, a região da Alfaia e Vila Ipiranga. Esses núcleos são realidades 

singulares da Amazônia paraense, região sudeste do Pará e se constituem em 

realidades onde a figura do professor tem enfrentado grandes desafios no tocante à 

apropriação de metodologias de ensino oriunda de formação continuada para atuação 

em turmas multisseriadas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.   

Essa singularidade é vivenciada pelos sujeitos que residem em cada núcleo, que por 

sua vez tem uma escola com uma sala de aula que oferece a Educação do Campo no 

formato multisseriado em um turno, quando não em dois turnos um pela manhã ou 

tarde e noite com a modalidade EJA - Educação de Jovens e Adultos. 

A imagem (04) apresenta a sala de aula em dois focos, um voltado um quadro um (01) 

fixado no fundo da parede e outro focado no quadro dois (02) fixado na parede da 

frente da sala, onde a professora pesquisada realiza suas atividades docentes 

cotidianamente. 

 

                                                 
11 De acordo com relatos da comunidade esse nome se deve em homenagem aos 5 irmãos que doaram o lote para 

ser divido entre as famílias assentadas daquela região;   



37 

 

Imagem 4:  Sala de aula da EMEIF Santa Cecília 

 

 

Fonte: Pesquisador (2020) 

 

A escola escolhida para minha investigação foi a escola Municipal de Ensino Infantil e 

Fundamental Santa Cecília, situado no núcleo 03 da região da “Cinco Irmãos” ou PA12 

Ararandeua13, como também é conhecida. Essa escolha foi marcada em razão do 

trabalho diferenciado apresentado pela escola, pois segundo relatos de moradores da 

comunidade e de funcionários do Departamento da Educação do Campo da 

Secretaria Municipal de Ensino, a escola tem se destacado em comparação com as 

outras da região.  

Tive a oportunidade de enxergar com maior proximidade a realidade do ato de ensinar 

dessa professora atuante numa turma multisseriada e a partir de meu estudo 

compartilhar suas metodologias de ensino ali colocadas em prática de maneira a 

garantir o aprendizado de seu alunado. Tive a circunstância oportuna de mostrar o 

protagonismo de uma profissional da Educação do Campo, de como são tantos os 

desafios para ensinar, de registrar o trabalho tão árduo e muitas vezes esquecido, 

porém importante para sua comunidade. Protagonismo que precisa ser visto e 

conhecido no universo da academia e então servir de apoio a outras escolas de 

realidades que ainda vivem nos moldes do ensino multisseriado.  

Sobre os participantes da investigação foi uma professora negra, residente num 

assentamento há mais de 12 anos, mãe de 8 filhos e atualmente leciona na escola 

acima destacada a qual já foi comunicada sobre minha pesquisa envolvendo-a, e 

tendo a mesma assinado o TCLE14 (APÊNDICE B). Antes de se tornar professora 

                                                 
12 Projeto de Assentamento 
13 É o nome do rio que passa na região e nele os moradores pescam peixes para sua alimentação 
14 Termo Consentimento Livre e Esclarecido; 



38 

 

trabalhou por 10 anos como servente na mesma escola e somente no ano de 2019 

após concluir o Ensino Médio na modalidade Normal e ingressar no Ensino superior 

em pedagogia assumiu a sala de aula, uma turma multisseriada.  A professora no ano 

de 2021 foi lotada com uma turma multisseriada na EMEIF Santa Cecília, turma esta 

composta de alunos de quatro níveis de ensino diferentes, pré-escola, alunos com 

quatro e cinco anos de idade na Educação Infantil e alunos de 1º e 2º ano dos Anos 

Iniciais do Ensino Fundamental. A professora é residente na mesma comunidade onde 

a escola é localizada, no núcleo 03, ela tem apresentado um trabalho diferenciado na 

sala de aula com seus alunos em relação sua proposta de ensino e também apresenta 

uma relação muito forte de envolvimento com a comunidade, conseguindo, desse 

modo, o respeito profissional e destaque diante de sua comunidade. A imagem a 

seguir foi registrada em um dos caminhos que dão acesso à escola no dia em que fui 

visitar a comunidade e entregar e receber atividades do segundo bimestre dos alunos.  

Imagem 5: Eu e a professora em um dos caminhos que dão acesso à escola Santa Cecília 

 

 

 

 

 

 

 
 

 
 

Fonte: Pesquisador (2021) 

No tempo que estive com a professora, juntos realizamos visitas nas casas dos alunos 

dela para receber ou entregar atividades a eles e conversar com os pais e/ou 

responsáveis a respeito do desempenho escolar deles. A imagem acima traduz a 

realidade de um dos caminhos de acesso que alunos e comunidade têm para chegar 

até a escola.  

Vale ressaltar que embora o foco de minha pesquisa não tenha sido as crianças, 

alunos dessa professora, os familiares foram convidados a assinarem o TCLE 



39 

 

(Apêndice C) autorizando a participação das crianças assim como o uso da imagem 

das crianças, sendo elas também convidadas para participarem concedendo sua 

autorização. Essa autorização foi obtida mediante conversas e, também, diante de 

manifestações das crianças em sala frente a confiança que a me foi concedida por 

elas. 

 Confiança manifestada pelas crianças, quando solicitaram ajuda para resolução de 

atividades em alguma disciplina proposta pela professora, de pesquisa em livros ou 

em outras fontes, na organização da sala de aula ou em atividade proposta pela 

professora, a ser feita em sala de aula, por solicitação de uso de algum objeto meu 

(lápis, caneta, lápis de cor, borracha, apontador) ou em outras ações desenvolvidas 

no contexto da escola lócus da pesquisa.  

E a minha escolha já clara anteriormente em pesquisar a Educação do Campo no 

âmbito do ensino multisseriado, se deve em decorrência de minha proximidade com 

esse universo da Educação do Campo, e porque também sou professor efetivo dos 

Anos Iniciais com longa experiência em turma seriada. E na ocasião tenho que 

trabalhar todos os componentes curriculares, por exemplo, matemática, língua 

portuguesa, história, geografia e outras.  

Esse trabalho requer o domínio de várias áreas do conhecimento e não é fácil 

trabalhar com tantos componentes curriculares e isso tem sido uma inquietação 

minha. Inquietação em querer conhecer as metodologias utilizadas assim como uma 

professora consegue desenvolver suas metodologias de ensino em sala de aula, 

numa turma multisseriada. Realidade vivida por essa professora, entendo que 

desenvolver o ensino numa turma com uma série não é fácil, imagine numa turma 

com diferentes níveis de aprendizagens em um turno só, tendo a professora que 

lecionar todos os componentes curriculares. 

Nesse sentido, refletir sobre as metodologias de ensino usadas por essa professora 

atuante em turma multisseriada na Educação do Campo se configura num importante 

fenômeno, que tem muito a ser conhecido em nossa realidade, por isso a pesquisa 

me possibilitou fazer uma reflexão quanto ao ato de ensinar, tendo como fator 

balizador as metodologias de ensino utilizadas por uma professora em suas práticas 

diárias que a cada dia realiza com compromisso e afinco seu ofício de educar, 

crianças, jovens e adultos em escolas com turmas multisseriadas Brasil a fora.  



40 

 

2.4 Instrumentos da pesquisa  

 

A busca do conhecimento que confere significado a pesquisa que ora realizei contou 

com instrumentos indispensáveis para a chegada dos resultados alcançados. Para 

tanto, destaco o uso de instrumentos da pesquisa científica, a considerar o 

pensamento de autores como: Marconi; Lakatos (1999); Gil (1999), Bardin (1977) e 

outros que convido a conhecer mais a frente dessa minha escrita. 

Em relação aos instrumentos de pesquisa, fiz uso no período ao longo da pesquisa 

de campo da observação participante, da entrevista semiestruturada, da fotografia e 

do diário de itinerância que serviram como instrumentos de coleta de dados cuja 

intenção foi capturar as devidas informações que precisei acerca do problema de 

estudo proposto. A observação participante de acordo com o pensamento de Marconi; 

Lakatos, (1999), a entrevista semiestruturada a contento com a fala dos autores 

Ludke; André (2012).  

Para Marconi  e Lakatos (1999):  

 
A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir e utilizar os 
sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consistem 

em apenas ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que 
se deseja estudar. (p. 90) 

 

 Ainda com base no pensamento das autoras acima proferidas, a técnica da 

observação me auxiliou na coleta de informações sine qua non a partir da realidade 

vivida pelos sujeitos investigados. Uma vez que para Marconi e Lakatos (1999), a 

observação ajuda o pesquisador obter informação inerente à realidade onde o 

fenômeno se faz presente.  

A observação por ser uma técnica da coleta de dados (MARCONI; LAKATOS, 1999, 

p. 90), apresentam vantagens importantes a serem destacadas, a citar algumas: 

 

Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de 

fenômeno; b. Exige menos do observador do que as outras técnicas; c. 

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais 

típicos; d. Depende menos da introspecção ou da reflexão; e. Permite a 

evidência de dado não constantes do roteiro de entrevistas ou de 

questionários. 

 



41 

 

No tocante ao tipo de observação, optei pela observação participante, pois a luz do 

pensar de Marconi e Lakatos (1999, p. 92) “Consiste na participação do pesquisador 

com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica 

tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das 

atividades normais deste”. E ao definir a escolha do instrumento, nesse caso, a 

observação participante significa dizer do meu compromisso com a produção 

científica, pois se trata de um estudo relevante para minha região tendo sido planejado 

em consonância com os objetivos traçados. 

Durante o percurso da pesquisa estabeleci contato com a professora pesquisada e 

seus alunos e, nesse tempo, me envolvi com ela e alguns alunos na construção de 

jogos de leitura por dois dias juntos na sala de aula, caracterizando, portanto como 

bem aponta Marconi e Lakatos (1999) a pesquisa participante.  

Imagem 6: Jogos de leitura confeccionados pela professora, alunos e eu em sala 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Pesquisador (2021) 

 

Em relação ao período de observação participante no campo, foi realizada nos meses 

de maio e junho de 2021 perfazendo uma carga horária de 60 horas. No mês de maio 

foi realizado um quantitativo de 48 horas estando dividida em 6 dias, oito horas por 

dia. E no mês de junho foram dois encontros, um de oito horas e outro de quatro horas.  

Faz saber que a observação obedeceu a um cronograma estabelecido pela escola 

polo da região, a qual está situada no núcleo 02 e a escola pesquisada localizada no 

núcleo 03 (ver imagem 3), em virtude de as aulas estarem acontecendo por meio de 



42 

 

grupo de WhatsApp e com orientações presenciais das atividades dos cadernos 

pedagógicos, em que cada professor destinasse um tempo para auxiliar seus alunos 

de modo a respeitar os protocolos sanitários, em razão da Covid-19 na escola.  Na 

realidade pesquisada a professora escolheu o dia de segunda-feira para ficar na 

escola os dois horários e atender seus alunos, dando-lhes as devidas orientações 

quando solicitadas pelas crianças que vinham à escola acompanhadas pelos 

responsáveis.  

Na ocasião traziam as atividades respondidas, pediam orientação para a professora 

e levava as atividades do caderno seguindo, quando era o caso. E no período da 

manhã e tarde eu ficava junto com ela e os alunos, sempre em número reduzido e 

seguindo as orientações de segurança em saúde. Nesse período de observação 

participante que fiquei no campo, tive o contato direto com o objeto de investigação, 

vivi a experiência de trabalhar com alunos de turma multisseriada juntamente com a 

professora pesquisada e seus alunos, mesmo com a participação deles ordenados 

em grupos menores.  

Essas observações ocorreram em diferentes momentos da rotina desses alunos em 

sala de aula, onde eu pude conhecer de que modo as metodologias de ensino da 

professora se apresentam quando ela realiza sua prática na escola. 

Após o meu contato com o cotidiano pesquisado, eu percebi algum estranhamento 

por parte dos alunos, pois os mesmos se sentiram envergonhados, ficaram por um 

período tímidos, tendo a professora e eu que explicar a razão de minha presença na 

sala junto com todos. E em pouco tempo já conseguia conversar e até mesmo ajudá-

los na resolução de atividades.   

Com a intenção de evidenciar os objetivos de minha pesquisa, as observações 

seguiram um roteiro previamente organizado e foram realizadas no final de abril e 

início de junho (APÊNDICE D), e posteriormente os registros advindos dos roteiros 

das observações foram devidamente analisados obedecendo um diálogo com os 

marcos teóricos do campo de estudo.  

Quanto à escolha de outro instrumento de coleta de dados que usei, foi a entrevista 

semiestruturada, porque ela “se desenrola a partir de um esquema básico, porém não 

aplicado rigidamente que o entrevistador faça as necessárias adaptações” conforme 

argumenta (LUDKE; ANDRÉ, 2012, 34). De acordo com as autoras, o pesquisador ao 



43 

 

realizar a entrevista com o pesquisado pode inserir em seu esquema de perguntas, 

novas informações que achar relevante no momento da conversa, sem preocupação 

de uma rigidez em seu roteiro de perguntas.  

Para Marconi e Lakatos (1999, p. 94). “A entrevista é um encontro entre duas pessoas, 

a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um determinado assunto, 

mediante uma conversação de natureza profissional”.  Na pesquisa fiz uso da 

entrevista do tipo semi estruturada em dois momentos. A primeira entrevista foi feita 

no final do mês de abril de 2021 e a segunda entrevista no início do mesmo de junho 

do mesmo ano (APÊNDICES E e F).  

Cada entrevista com a professora, foi realizada na própria escola sempre após a aula 

respeitando sua disponibilidade. E, essa sugestão, quanto ao horário das duas 

entrevistas, a professora foi previamente informada, porque no momento da entrevista 

se faz necessário um ambiente sem ruídos de modo que a gravação não seja 

prejudicada na sua qualidade e também, para que não ocorra intervenções no 

momento que estiver acontecendo a entrevista.  

As entrevistas aconteceram na escola por ser merecido entender que é um espaço 

onde a professora tem uma familiaridade de maior frequência com as questões 

educativas e ali ela pode ficar mais à vontade para falar de seu trabalho, falar de uma 

realidade a qual tem domínio. As duas entrevistas foram gravadas no meu celular, 

transcritas e analisadas. 

E nessa perspectiva, a coleta das informações obtidas no lócus da pesquisa, penso 

que na condição de pesquisador tenho a responsabilidade de fazer uso de tais 

informações com intenção apenas de caráter científico, de modo que “Não dar mais 

para ignorar atitudes éticas e sociais” (TEIXEIRA, 2011, p. 157).  

O pesquisador deve reconhecer, por exemplo, os espaços que usam para realização 

de seus estudos como um local de identidade, como um território que a partir dele se 

produz conhecimento, onde essa identidade deve ser respeitada na sua singularidade. 

Devendo obedecer ao princípio ético profissional. Pensando assim, Teixeira (2011, p. 

157), ressalta o seguinte:  

 

Não dá mais para entrar e sair de escolas, salas de aula e residências sem 

explicar nossos objetivos, intenções e métodos de pesquisa bem como sem 



44 

 

contribuir com aqueles que participam dando informações, às vezes 

pessoais, às vezes profissionais, para que possamos concluir nosso estudo. 
Todos os pesquisadores devem estar alerta sobre essas questões.  

 

 

De acordo com Teixeira (2011), o pesquisador é responsável de uma atribuição sine 

qua non, a produção do saber sistemático, devendo esse saber ser compartilhado nos 

espaços utilizados como fonte de investigação, a destacar as escolas por fornecerem 

relevantes informações, devendo a preocupação ética do pesquisador ser respeitada 

em toda a trajetória da produção acadêmica.   

E, ainda, no campo em contato com os participantes da pesquisa, fiz uso de registros 

fotográficos que, de acordo com (MARCONI; LAKATOS, p. 72), “Fotografias – [...] 

referem-se a um passado menos distante”. A escolha por fotografias tem o objetivo 

de fazer o registro da realidade envolvendo as ações desenvolvidas no período de 

observação, bem como no momento de análise dos registros, caso necessário retomo 

as imagens com o desejo de captar informações importantes que de repente 

passaram despercebidas. E nessa perspectiva, o uso da fotografia segundo 

(ACHUTTI, 2004, p. 111) é importante para: 

 

[...] recolher pequenas porções do reflexo da realidade, é aprisionar a luz do 

instante presente para fixar breves fragmentos do passado. A fotografia é 
uma operação exercida sobre o passado ou sobre um presente recente. O 
futuro não lhe diz respeito. [...] é um ato intencional determinado pelo ponto 

de vista particular daquele que olha e adota uma certa posição frente à 
realidade. Uma fotografia é a materialização de um olhar, é o discurso de um 
olhar.   

 

E a luz do pensamento de Achutti (2004) e também no sentido de trazer novos olhares, 

porções da realidade a qual conheci, selecionei imagens para ilustrar o texto de minha 

dissertação, pondo em evidência o trabalho de uma professora atuante no ensino do 

campo numa turma multisseriada em Goianésia do Pará, bem como de outros 

elementos que fizeram a composição da investigação.  

É importante destacar que as observações e demais anotações no decorrer da 

pesquisa foram registradas por meio de um diário de itinerância. Pois segundo 

(BARBIER, 2007, p. 133 – 134 apud SILVA,  2011, p. 39)  

 

o diário de Itinerância é um instrumento metodológico específico da pesquisa-
ação. Ele toma emprestado ao diário íntimo seu caráter relativamente singular 

e privado. Nele registram-se pensamentos, sentimentos, desejos, sonhos 
muito secretos.  



45 

 

 

Nele ficou contido as minhas anotações, as manifestações pertinentes ao meu 

problema de pesquisa vivenciadas juntamente com a professora e os alunos na 

realidade que fomos parte integrante. Nesse diário registrei como os sujeitos se 

manifestam na realidade vivida por eles em seu cotidiano, quais as metodologias de 

ensino a professora faz uso em sua prática pedagógica ao trabalhar com diferentes 

Anos e componentes curriculares na mesma turma? Como as atividades do dia a dia 

da turma se desenvolvem? O que é prioridade dessa professora junto da turma no 

tocante ao ensino? Se é ensinar a ler ou escrever? Como tem sido o planejamento da 

professora? E que metodologia utiliza, por exemplo, dentre outras anotações.  

Nesse diário se faz preciso anotar informações que foram responder os objetivos 

específicos da pesquisa, a saber: Identificar as principais dificuldades enfrentadas 

pela professora atuante numa turma multisseriada em relação a sua prática 

pedagógica e descrever as metodologias de Ensino utilizadas pela professora da 

turma Multisseriada da educação no campo de Goianésia do Pará e, nesse sentido, 

teremos uma visão ampliada do percurso investigativo, possibilitando reflexões sobre 

as informações da pesquisa.  

 

2.5 Detalhamento das Atividades e a Técnica da Análise de Conteúdo 

 

E, para a análise dos dados, foi realizada uma aproximação com a técnica da Análise 

de Conteúdo, proposta por Bardin (1977), por se tratar de uma técnica bastante 

utilizada no meio acadêmico, com a perspectiva de analisar as comunicações ao 

ponto de compreender o sentido demonstrado na fala dos sujeitos que compõem a 

investigação. 

Em relação a essa questão Bardin (1977, p. 38) faz a seguinte afirmativa: 

  

[...] análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise 
das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de 
descrição do conteúdo das mensagens. [...] A intenção da análise de 

conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de 
produção [...]. 

 



46 

 

Na busca de compreender o fenômeno a ser investigado tendo como técnica a Análise 

de Conteúdo, apontada por Bardin (1977), o olhar de pesquisador deve ser uma olhar 

direcionado às diferentes comunicações possíveis captadas das informações 

advindas das observações e do campo, o contexto da pesquisa das entrevistas, 

acerca do objeto de estudo. Dali então, precisamos retirar informações contidas nas 

falas dos sujeitos aos quais estamos pesquisando, e então realizar análise dessas 

informações de modo a validar ou refutar os objetivos elaborados para a pesquisa.  

E nessa perspectiva e com o desejo de fazer a análise das informações capturadas 

em campo ao longo da pesquisa, escolhi realizar uma aproximação com a Técnica da 

Análise de Conteúdos, a luz do pensamento de Bardin (1977). A análise de conteúdo 

atua sobre a fala e “procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as 

quais se debruça [...] a análise de conteúdo é uma busca de outra realidade através 

das mensagens” (BARDIN, 1977, p. 44). 

No primeiro momento, dei o devido tratamento à etapa da “pré-análise”, que 

conforme Bardin (1977, p. 96), “A pré-análise tem por objectivo a organização, embora 

ela própria seja composta por actividades não estruturadas, abertas, por oposição à 

exploração sistemática dos documentos”, constituindo portanto, o “corpus”. Tive o 

cuidado de reunir diferentes elementos que subsidiaram a pesquisa como: as 

entrevistas, registros de observação participante e documentos os quais foram 

analisados.  

E ainda nessa fase da pesquisa realizei uma “leitura flutuante”, e organização do 

material a ser analisado, pois para Bardin (1977, p. 96), “A leitura flutuante [...] consiste 

em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto 

deixando-se invadir por impressões e orientações”.   

No segundo momento, me debrucei na fase de “exploração do material”, a qual 

conforme aponta Bardin (1977, p. 101), “Esta fase, longa e fastidiosa, consiste 

essencialmente de operações de codificações, desconto ou enumeração, em função 

de regras previamente formuladas”. Foi o momento de codificação e categorização 

dos dados obtidos na pesquisa. Nessa fase, desenvolvi a codificação como uma 

unidade de registro identificada por verbos ou temática, por exemplo, conforme 

escolha do pesquisador, com ainda a criação de cores e códigos para identificação 

das categorias analisadas. Seguindo assim, foi feita a codificação de registro por tema 



47 

 

do tipo: prática pedagógica, discutida no capítulo três, metodologia de ensino no 

capítulo 4 e formação de professores no capítulo cinco da dissertação em tela. As 

duas entrevistas eu agrupei em três temas conforme já anunciados anteriormente, 

com o objetivo de direcionar e melhorar a qualidade da discussão da temática posta 

em cada um dos três capítulos.  

Na terceira fase da análise da pesquisa “tratamento dos resultados obtidos e 

interpretação”, busquei apoio no pensamento de Bardin (1977, p. 101), ao indicar 

que nessa fase “Os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos 

(falantes) e válidos”. Foi nesse momento que precisei realizar a organização dos 

elementos da etapa anterior, e em seguida fazer uso de inferência no ato da 

interpretação dos dados, dialogando com as dimensões teóricas e, sobretudo 

devendo estabelecer uma conexão com o problema de pesquisa e os objetivos 

propostos ou ainda por encontrar novos achados surgidos no desenrolar da pesquisa. 

Por fim, diante do exposto neste capítulo, detalhar os caminhos de minha pesquisa 

pressupõe entender que nessa caminhada planejada pude melhor lidar com o ato da 

descoberta. Construí e ampliei uma relação com o campo do saber, de modo a 

entender que fazer pesquisa envolve sujeitos, dedicação, ética e estes merecem toda 

nossa atenção e respeito no sentido de manter o sigilo de informações que não dizem 

respeito ao interesse da pesquisa da produção científica. A pesquisa requer do 

pesquisador a obrigação de adotar uma postura ética em todas as etapas da pesquisa, 

antes, durante e depois, sem perder de vista ao final das análises a resposta para 

elucidar ou não o problema de investigação em discussão.   

 

 



48 

 

 

 

 

 

 

3 O ENSINO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO E A PRÁTICA 

PEDAGÓGICA DE UMA PROFESSORA ATUANTE NUMA TURMA 

MULTISSERIADA 

 

Entendo a prática pedagógica como uma prática social orientada por 
objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática 

social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe 
a relação teoria-prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, 
a busca de condições necessárias à sua realização (Veiga, 1992, p. 16)   

 

O presente capítulo apresenta os achados da pesquisa que estão relacionados ao 

primeiro objetivo específico que por sua vez buscou identificar as principais 

dificuldades enfrentadas pela professora atuante na turma multisseriada em relação 

ao ensino, na sua prática pedagógica. Como bem salienta Veiga (1992) a prática 

pedagógica é uma manifestação da prática docente e nesse aspecto a investigação 

tem em seu alicerce a discussão da prática pedagógica, que ora permeia na Educação 

do Campo fazendo um recorte sobre as metodologias de ensino de uma professora 

atuante numa turma multisseriada numa comunidade conhecida por “PA15 ou Região 

da Cinco Irmãos” localizada no interior do município de Goianésia do Pará, no estado 

do Pará. 

Também apresento elementos que marcam os desafios e os pontos positivos 

destacados pela professora pesquisada ao colocar em ação sua prática em sala de 

aula na comunidade onde reside. A escrita se consolida como uma construção 

pautada no diálogo a partir das informações capturadas no campo por meio das 

observações e anotações realizadas no diário de itinerância do pesquisador, das 

                                                 
15 Projeto de Assentamento 



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entrevistas realizadas com uma professora a qual foi o sujeito pesquisado ao longo 

do período planejado para a realização do estudo. 

Os autores que deram embasamento teórico metodológico das questões apontadas 

sobre a temática em discussão, assim como o que a professora diz, da mesma forma 

as anotações feitas no diário de Itinerância deram sentidos científicos à pesquisa que 

ora falo sobre tal. Nesse sentido faço a triangulação das informações com o objetivo 

de dar a robustez nos resultados alcançados neste capítulo e nos dois próximos, como 

bem destaca Moreira (2011, p.105): 

 

A triangulação pode envolver o uso de diferentes fontes de dados, diferentes 

perspectivas ou teorias, diferentes pesquisadores ou diferentes métodos; é 
uma resposta holística à questão da fidedignidade e da validade dos estudos 

interpretativos.  

 

De acordo com Moreira (2011) as informações as quais são postas na minha escrita 

advêm de um olhar amplo sobre o objeto de investigação “Quais metodologias de 

ensino são utilizadas por uma professora atuante na educação do campo, em uma 

turma multisseriada no município de Goianésia do Pará?”.   

 A triangulação das fontes que me apropriei me permitiu visualizar e registrar a 

belezura do trabalho realizado por uma professora com experiência em turma 

multisseriada. O contato com o lócus da pesquisa me possibilitou além de refletir sobre 

os desafios ao trabalhar no campo com alunos de faixas etárias diferentes, trazer 

achados importantes para pensarmos a modalidade de ensino e chamar a atenção 

para ampliação do debate.  

 Pude me apropriar de diferentes olhares a respeito do objeto investigado, tive a 

oportunidade de conhecer os desafios vividos pela professora investigada, o que me 

fez pensar e repensar o ensino na Educação do Campo após vivenciar a realidade de 

uma escola do campo, de modo a considerar as reflexões feitas a partir das 

informações vindas do campo onde efetivamente aconteceu o estudo. Neste Capítulo, 

assim como nos demais que dão formato a esta dissertação, trago ao conhecimento 

do leitor reflexões e outros pensamentos a respeito da Educação do Campo. O 

trabalho no geral busca no seu bojo novas reflexões sobre o cotidiano dos povos 

campesinos e de suas riquezas e grandezas feitas na realidade de sua existência, 



50 

 

assim como a flor do girassol tem na sua solidez a busca pelo brilho do sol e a boa 

colheita na existência da vida no campo.   

Nessa perspectiva, as discussões apresentadas são sustentadas nas contribuições 

teóricas de autores como: Hage (2005; 2010); Pires (2012); Fighera (2018) entre 

outros que dialogam com a educação do campo, além de Veiga (1992); Alarcão 

(2011); Zabala (1998) que serviram de base para construção do debate pertinente à 

prática pedagógica manifestada no cotidiano da professora pesquisada como uma 

ação social presente no fazer pedagógico e as impressões que marcam o pensamento 

acerca do ser professor reflexivo. Questões que estão relacionadas ao objetivo que 

deu origem a este capítulo, que por sua vez, é desdobrado em três subitens: Educação 

do Campo: olhares e percepções; A prática pedagógica de uma professora numa realidade 

da educação do campo; O ensino multisseriado e os desafios de ensinar no campo. 

Assim convido você a fazer toda a leitura para melhor conhecer as discussões que 

dão significados a este capítulo da dissertação. 

 

3.1 O ensino na Educação do Campo: olhares e percepções 

 

 

O girassol é o atual símbolo do movimento da Educação do Campo e foi 

escolhido pois o sol é o grande orientador do trabalho e cotidiano, como 

também dos saberes e conhecimentos do camponês em sua realidade no 

campo. Enraizada no solo fértil e vivaz, a flor do girassol representa a 

metáfora da colheita (...). Apresenta-nos o olhar e perfil da escola do 

campo, que “colhe a luz” na sua experiência do processo de ensino e 

aprendizagem de seus alunos e na valorização dos saberes que residem e 

se expressam do e no campo (GONDIM, 2016, p. 10 e 11) 

 . 

 Guiado pelo brilho do girassol, pelo desejo de querer conhecer, inspirado nas palavras 

expressadas Gondim (2016) em respeito e valorização dos saberes dos sujeitos que 

compõem a Educação do Campo, apresento a seguir, as percepções que tenho 

quanto ao conceito de Educação do Campo. Educação da qual precisa ser 

compreendida como uma modalidade 16  de ensino ofertada em escolas que 

atualmente ainda oferecem o ensino na modalidade multisseriada. Hage (2005), nos 

                                                 
16 No ano de 2010 com a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica 

(Resolução nº 04/2010/CEB/CNE) a Educação do Campo passa ser reconhecida como modalidade de 

ensino.  



51 

 

provoca a pensar a Educação do Campo, de modo a enxergar como o ensino em 

escolas multisseriadas nesses espaços têm se manifestado. Isso se deve em razão 

de o referido autor ter uma vasta contribuição científica sobre a temática no estado do 

Pará. 

 Nessa direção, nos interessa particularmente compreender como o ensino e a  

Educação do Campo tem sido notado na realidade pesquisada. Pois a partir de um 

dos dispositivos legais (o Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010), cabe 

esclarecer que a expressão, a ser utilizada ao longo deste texto será Educação do 

Campo17 e não Educação no Campo ou Educação Rural. Também é importante saber 

para quais cidadãos essa modalidade de educação se destina especialmente, no seu 

aspecto mais específico. Sendo assim, para os efeitos do decreto nº 7.352 de 2010 

Art. 1º a Educação do Campo deve atender:  

 

I – população do campo: os agricultores familiares, os extrativistas, os 

pescadores artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da 
reforma agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os 
caiçaras, os povos da floresta, os caboclos e outros que produzem suas 

condições materiais de existências a partir do trabalho no meio rural; e. 

II – escola do campo: aquela situada em área rural, conforme definida pela 

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ou aquela 
situada em área urbana, desde que tenda predominantemente a populações 
do campo.  

 

 No tocante à legislação e a realidade das escolas no espaço rural, a Lei 9394/96 

destaca que o calendário deve necessariamente atender a necessidade de cada 

localidade a respeitar os ciclos da economia vivida, naquele contexto.   

 Em outras palavras, é necessário estarmos atentos como a discussão posta acima, 

identifica os atores que dão vida e movimentam esse espaço do camponês. E para 

nos fazer pensar sobre essas questões ARROYO; CALDART; MOLINA (2009, p. 150 

e 151), destacam que: 

 

A educação do campo se identifica pelos seus sujeitos: é preciso 
compreender que por trás da indicação geográfica e da frieza de dados 
estatísticos está uma parte do povo brasileiro que vive neste lugar e desde 

                                                 
17 Expressão conforme estabelecida no Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispões sobre a 

política e educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. 
 



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as relações específicas que compõem a vida no e do campo, em suas 

diferentes identidades e em sua identidade comum; estão pessoas de 
diferentes idades, estão famílias, comunidades, organizações, movimentos 
sociais (...) A perspectiva da educação do campo é exatamente de educar 

este povo, estas pessoas que trabalham no campo, para que se articulem, se 
organizem e assumam a condição de sujeitos da direção de seu destino.  

 

 Diante da colocação das autoras acima pergunto: Então como tem sido tratado o 

ensino na Educação do Campo de uma realidade do Norte do Brasil? A falar de uma 

professora que além de exercer suas atribuições profissionais em sala de aula, ainda 

tem tempo de efetivamente participar de certas ações ali efetivadas, a destacar: visita 

periódica na casa de seus alunos, a participação nas programações da igreja de sua 

comunidade bem como, em ações voluntárias beneficentes. Ações essas, que 

consolidam o envolvimento dela para além da escola, e, portanto, consolida sua 

contribuição dando contorno em sua vida e a vida de seus pares do campo, no campo.  

 Nessa perspectiv