CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES 

CURSO DE PEDAGOGIA 

  

 

 

 

 

 

MODELAGEM MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO 

FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA PARA O 5º ANO 

 

Magáli Schuster Kuhn 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lajeado, junho de 2015



Magáli Schuster Kuhn 

 

 

 

 

 

 

 

 

MODELAGEM MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO 

FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA PARA O 5º ANO 

 

 

 

Monografia apresentada na disciplina de 

Trabalho de Curso II, do curso de Pedagogia do 

Centro Universitário UNIVATES, como parte 

da exigência para a obtenção do título de 

Graduação em Pedagogia. 

Orientadora:  Drª Ieda Maria Giongo 

 

 

 

Lajeado, junho de 2015



Magáli Schuster Kuhn 

 

 

 

 

 

 

 

 

MODELAGEM MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO 

FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA PARA O 5º ANO 

 

A banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de 

Curso II, do Curso de Pedagogia, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência 

para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia:  

 

Prof.ª Drª Ieda Maria Giongo – orientadora 

Centro Universitário UNIVATES 

 

Prof.ª Ma. Cristiane Antonia Hauschild 

Centro Universitário UNIVATES 

 

 

Lajeado, 18 de junho de 2015 



 

 

 

 

RESUMO 

 

Este trabalho relata algumas ações de uma pesquisa intervenção que tem como foco a 

Modelagem Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A escolha da temática se 

deu tendo em vista que existem poucos estudos realizados com este foco e que estejam 

direcionados aos primeiros anos do Ensino Fundamental, conforme constatado nas buscas 

realizadas no Banco de Teses do Portal da Capes e Biblioteca Digital UNIVATES. A questão 

de pesquisa - quais as possibilidades e limitações de uma prática pedagógica investigativa 

efetivada em uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental tendo como aportes teóricos estudos 

do campo da Modelagem Matemática – delineou os objetivos que se constituem em avaliar as 

contribuições da prática pedagógica na reflexão crítica do aluno frente a questões sociais; 

promover nos  discentes a capacidade de fazer uso de conhecimentos vinculados à disciplina de 

Matemática em outras áreas do conhecimento, e em situações cotidianas, bem como contribuir 

para a disseminação de conhecimentos relativos à Modelagem Matemática nos Anos Iniciais 

do Ensino Fundamental. O referencial teórico está alicerçado em conceitos e contribuições de 

Biembengut e Hein (2005), Burak e Aragão (2012), Barbosa (2001, 2004), Silva e Barbosa 

(2011) e Silva, Barbosa e Oliveira (2013). Os conteúdos matemáticos abordados emergiram a 

partir de temas de interesse dos estudantes, evidenciados por meio de diálogos efetivados no 

início da referida prática, que ocorreu nos meses de março, abril e maio de 2015 em uma escola 

pública da região do Vale do Taquari, RS. Por conta do referencial teórico escolhido para 

sustentar a pesquisa intervenção, a metodologia de investigação caracteriza-se por ser de 

natureza qualitativa e o material de pesquisa se constitui em diário de campo da professora 

pesquisadora, filmagens da prática pedagógica e material escrito e produzido pelos alunos. Os 

resultados provenientes da pesquisa apontam olhares sobre: a escrita dos alunos; uso de 

diferentes formas de pensar matematicamente; e crescimento da turma frente às questões sociais 

discutidas ao longo dos encontros. 

Palavras-chave: Matemática. Modelagem Matemática. Prática Pedagógica Investigativa. Anos 

Iniciais.  

 



 

 

 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 

 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 – Esquema do processo de modelagem matemática, segundo Biembengut e Hein 

(2005, p.13) ...............................................................................................................................16 

Figura 2 – O aluno e o professor nos casos de Modelagem, segundo Barbosa (2001, p.9) .........22 

Figura 3 – Atividade desenvolvida pelo Aluno I.......................................................................48 

Figura 4 – Atividade desenvolvida pela Aluna Q.......................................................................49 

Figura 5 – Atividade desenvolvida pelo Aluno K.....................................................................50 

Figura 6 – Atividade desenvolvida pelo Aluno F......................................................................51 

Figura 7 – Atividade desenvolvida pelo Aluno H.....................................................................52 

Figura 8 – Atividade desenvolvida pelo Aluno D......................................................................53 

 

LISTA DE QUADROS 

Quadro 1 – Questionário proposto à turma no dia 14 de abril de 2015.......................................38 

Quadro 2 – Desafio proposto à turma no dia 23 de abril de 2015................................................42 

Quadro 3 – Atividade 1, proposta à turma no dia 28 de abril de 2015.........................................43 

Quadro 4 – Atividade 2, proposta à turma no dia 28 de abril de 2015.....................................44 

Quadro 5 – Questões propostas à turma no dia 30 de abril de 2015.........................................45 

 

 



 

 

 

 

SUMÁRIO 

 

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................7 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................14 

 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................25 

3.1 Da metodologia de investigação.......................................................................................26 

3.2 Da prática pedagógica investigativa ...............................................................................27 

 

4 DO TRABALHO PEDAGÓGICO...................................................................................36 

4.1 Para início de conversa......................................................................................................36 

4.2 Primeiro encontro - 14 de abril de 2015..........................................................................37 

4.3 Segundo encontro - 16 de abril de 2015...........................................................................39 

4.4 Terceiro encontro - 23 de abril de 2015...........................................................................41 

4.5 Quarto encontro - 28 de abril de 2015..............................................................................42 

4.6 Quinto encontro - 30 de abril de 2015..............................................................................44 

4.7 Sexto encontro - 6 de maio de 2015..................................................................................46 

 

5 LANÇANDO ALGUNS OLHARES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA 

INVESTIGATIVA .................................................................................................................47 

5.1 Sobre as escritas dos alunos...............................................................................................47 

5.2 Uso de diferentes formas de pensar matematicamente ..................................................51 

5.3 Crescimento da turma frente às questões sociais discutidas ao longo dos encontros 

...................................................................................................................................................55 

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................62 

 

REFERÊNCIAS......................................................................................................................67 

 

APÊNDICE..............................................................................................................................69 

APÊNDICE A - Termo de consentimento informado aos responsáveis pelo(a) aluno(a)...70



ANEXOS..................................................................................................................................71 

ANEXO A – Autorização da escola para o desenvolvimento da prática pedagógica 

investigativa no 1º semestre do ano de 2015.........................................................................72 

ANEXO B – Reportagem: Quadra poliesportiva coberta da Cidade [...] começa a receber 

cobertura..................................................................................................................................73 

ANEXO C- Levantamento de dados acerca das questões respondidas pela turma do 5º 

ano no dia 14 de abril de 2015................................................................................................74 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO 

 

 A presente monografia, vinculada ao Curso de Graduação em Pedagogia do Centro 

Universitário UNIVATES, tem como tema de pesquisa/intervenção: Modelagem Matemática 

nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A escolha do assunto justifica-se por quatro razões 

distintas. 

 A primeira razão pela qual escolhi desenvolver este estudo está ligada ao fato de que, 

como aluna, desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental até hoje, sempre gostei de assuntos 

relativos à disciplina de Matemática. Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, lembro-me de 

ter uma professora de Matemática considerada por todos “muito competente”, e que para mim, 

além disso, também tornava os conteúdos relativos ao ensino de Matemática mais acessíveis. 

No meu Ensino Médio (Curso Normal), discutíamos muito, na minha turma, sobre a 

aplicabilidade da Matemática, buscando em diversos momentos da aula, explicações que nos 

remetiam a pensar quando, onde e como utilizaríamos certos conceitos da Matemática no nosso 

dia a dia. De fato, dentre todas as disciplinas escolares que cursei, a que mais me identifiquei 

foi a Matemática. 

Num primeiro momento, até cogitei em desenvolver um Trabalho de Conclusão de 

Curso que não estivesse relacionado à Matemática, mas logo percebi que se não fosse associar 

meu tema de pesquisa a algo que tivesse relação com esta área de conhecimento, a pesquisa 

certamente não me interessaria; e faria algo apenas para “cumprir o currículo” de meu curso. 

Também, sobre isso, minhas colegas mais próximas disseram que não adiantaria tentar deixar 

a Matemática de lado e que eu deveria seguir alguma linha de pesquisa nesta área. 

A segunda razão, justifica-se pela minha participação do I Seminário Observatório da 

Educação UNIVATES, que aconteceu no Campus do Centro Universitário UNIVATES, no 



8 
 

primeiro semestre do ano de 2014. No momento eu estava cursando a disciplina de “Saberes e 

Práticas da Matemática II” e a participação do seminário foi sugerida pela professora da 

disciplina, professora Cristiane Antonia Hauschild. Nossa participação prestigiou a presença da 

professora pesquisadora Andréia Marta Pereira de Oliveira, que discorreu sobre a temática 

“Práticas pedagógicas na perspectiva da Modelagem Matemática”. Inicialmente, destaco que 

algumas das contribuições de Andréia foram incompreendidas, pois, de certo modo, tanto eu 

quanto minha turma, não possuíamos conhecimento aprofundado sobre a temática até o 

momento. No entanto, posteriormente, nas aulas da disciplina já citada, iniciamos trabalhos de 

Modelagem Matemática, partindo da construção da casa dos sonhos, concomitante a leituras e 

discussões coletivas pertinentes ao assunto. Em suma, foi na participação deste evento que pude 

ter meu primeiro contato com a Modelagem Matemática. 

Como terceiro motivo de escolha do tema, destaco a realização da disciplina de “Saberes 

e Práticas da Matemática II”, já que a partir da mesma, pude conhecer a metodologia de ensino 

denominada Modelagem Matemática. Terminada a disciplina, o que ficou para mim sobre 

Modelagem Matemática, sob uma visão geral, correspondia a uma tendência de ensino em que 

a Matemática seria vista por meio de aplicações, onde o aluno faria suas próprias construções 

através de pesquisas sobre uma determinada temática/assunto - proposta pelo professor, ou pelo 

próprio aluno/turma - fazendo uso dos mais diferentes materiais e recursos. Esta temática seria 

trabalhada de acordo com o interesse da turma, bem como, da sua realidade.  

A participação do seminário e da disciplina do curso de Pedagogia citados 

anteriormente, foram como uma alavanca para levar-me a realizar este estudo, pensando como 

a Modelagem Matemática pode ser desenvolvida nos Anos Iniciais. Certamente, com o 

aprofundamento de estudos, minha visão sobre Modelagem Matemática expandiu-se, levando-

me a pensar que esta tendência da Educação Matemática vai muito além de simples 

“aplicações” matemáticas. Na concepção que adotei em meu estudo – corrente sociocrítica de 

Modelagem Matemática idealizada por Barbosa - a Modelagem tem uma preocupação muito 

maior com o fator social, com a possibilidade de provocar momentos de reflexão nos alunos, 

promovendo sua capacidade de refletir sobre aspectos sociais pertinentes ao seu contexto social. 

A busca por novas possibilidades de ensinar e aprender nos Anos Iniciais do Ensino 

Fundamental, pode ser considerado como o  quarto motivo que levou-me a investigar sobre 

Modelagem Matemática. Como professora, tenho buscado diferentes alternativas de “fazer” 

Matemática, priorizando um ensino de qualidade e que possibilite ao aluno utilizar o 

conhecimento escolar nas práticas cotidianas. Por meio desta perspectiva, a Modelagem 



9 
 

Matemática vem com o propósito de qualificar o ensino de Matemática, partindo de situações 

reais, relativas ao contexto no qual os alunos se encontram. Também há o propósito de 

contribuir para a resolução de dúvidas pertinentes ao meio social, possibilitando ao educando 

que ele, cada vez mais, participe de forma ativa na sociedade da qual faz parte, contribuindo e 

opinando de maneira crítica sobre os mais diferentes assuntos, fazendo uso da Matemática de 

forma contextualizada, ou seja, uma Matemática engajada com sua função social. Sobretudo, 

ao mesmo tempo em que estou ciente de todos os benefícios de um trabalho centrado na 

Modelagem Matemática, também tenho a certeza de que esta estratégia de ensino não pode ser 

considerada a solução para todos os problemas relativos ao ensino e aprendizagem, 

principalmente, por se tratar da Matemática nos Anos Iniciais. 

As leituras que efetivei me permitiram inferir que, por meio da Modelagem Matemática, 

a Matemática está contextualizada com outras áreas de conhecimento, bem como, com o 

contexto no qual o aluno está inserido. As propostas de Modelagem priorizam momentos de 

troca, vivências, compartilhamento de saberes, e dúvidas; como, também, a pesquisa sobre a 

problemática em questão. Diferentes metodologias e estratégias se fazem presentes para se 

atingir o objetivo da proposta. Metodologias estas, que vão além da Matemática pura, mas que 

permitem a compreensão do processo, seja este feito por meio de uma tabela, gráfico, cálculo 

ou outro.  

 Ademais, esta monografia visa contribuir com os estudos relativos à Modelagem 

Matemática no campo educacional, mais especificamente voltada aos Anos Iniciais do Ensino 

Fundamental, já que, atualmente, existem poucos estudos realizados sobre esta temática, que 

estejam direcionados aos Anos Iniciais. Digo isso porque, nas buscas desenvolvidas no Portal 

da Capes, utilizando os termos “modelagem matemática nos anos iniciais”, surgiram apenas 

cinco estudos relativos à pesquisa. No entanto, destes, apenas dois estão de fato relacionados à 

Modelagem Matemática nos Anos Iniciais. A seguir, apresento uma breve síntese sobre cada 

uma das duas pesquisas encontradas no referido portal, que são pertinentes a estudos relativos 

à Modelagem Matemática nos Anos Iniciais. 

 A Modelagem Matemática como metodologia de ensino e aprendizagem nos Anos 

Iniciais do Ensino Fundamental, de autoria de Marinês Avila de Chaves Kaviatkovski, é uma 

dissertação de mestrado, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Educação da 

Universidade Estadual de Ponta Grossa, tendo como professor orientador Dr. Dionísio Burak. 



10 
 

O trabalho visa investigar as contribuições que a Modelagem Matemática, como 

metodologia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, pode oferecer ao Ensino de Matemática. 

Para que tal investigação fosse alcançada, foram desenvolvidos questionários com professores 

atuantes nos Anos Iniciais e que participaram de uma formação relativa à Modelagem 

Matemática. Como resultado, a autora comprovou que a Modelagem Matemática, apesar de ser 

um tema de estudo nos últimos trinta anos, não se consolidou como metodologia de ensino na 

Educação Básica, por inúmeros fatores – falta de atualização de professores, receio frente ao 

uso da Modelagem Matemática, visões distorcidas perante os conceitos de Modelagem 

Matemática. Também, a autora observou que a Modelagem Matemática, como metodologia de 

ensino, visa aproximar os conhecimentos matemáticos à realidade do aluno, além de 

caracterizar-se por ser um ensino dinâmico e significativo. 

Os usos da linguagem em atividades de Modelagem Matemática nos Anos Iniciais do 

Ensino Fundamental, de autoria de Emerson Tortola, caracteriza-se por ser uma dissertação 

apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da 

Universidade Estadual de Londrina, tendo como professora orientadora, a Drª Lourdes Maria 

Werle de Almeida. Neste estudo, Tortola (2012) desenvolve uma série de atividades de 

Modelagem Matemática em uma turma de 4º ano do Ensino Fundamental, centradas nos três 

momentos sugeridos por Almeida e Dias (2004). O objetivo do estudo consiste em investigar 

os usos da linguagem em atividades de Modelagem Matemática, visto que os estudantes estão 

integrados a diferentes linguagens e, ao mesmo tempo, iniciando na linguagem Matemática.  

 Os demais estudos (três) encontrados no Banco de Teses da Capes relativos às palavras-

chave “modelagem matemática nos anos iniciais” não estão vinculados à Modelagem 

Matemática, sendo que, a partir de seus títulos, já podemos ter uma noção básica do que se trata 

o estudo: “Cultura amazônica e Educação Matemática na formação de professores dos Anos 

Iniciais: caminhos oferecidos pelo curso Pedagogia das águas1” de autoria de Janaina Carvalho 

de Souza, “Resolução de problemas e formação docente: saberes e vivências no curso de 

Pedagogia” de autoria de José Luiz Cavalcante, e “Câncer de pulmão: tendências de 

mortalidade e fatores associados à sobrevida dos pacientes do Instituto Nacional de Câncer José 

Alencar Gomes da Silva” de autoria de Mirian Carvalho de Souza. Apesar dos estudos do 

primeiro e segundo título apresentados neste parágrafo estarem relacionados à Matemática, isso 

                                                           
1 A referida tese não foi encontrada na web, no entanto, destaco que, seu resumo consta no Banco de Teses do 

Portal da Capes, assim como, no endereço < 
https://sigaa.ufpa.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=379>  

https://sigaa.ufpa.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=379


11 
 

não quer dizer que eles também discorram sobre a Modelagem Matemática. Lendo seus 

resumos pude ter um contato maior com suas linhas de pesquisa e pude perceber que ambas não 

levantam questões sobre assuntos relacionados à Modelagem; desta forma, não contribuem para 

este trabalho. Em relação ao terceiro estudo citado, este está vinculado à área da saúde, portanto, 

também não contribui com meu estudo. 

 Também desenvolvi buscas utilizando termos mais abrangentes em termos de 

quantidades de materiais acadêmicos produzidos acerca da Modelagem Matemática. Desta 

forma, utilizando como descritores “modelagem matemática”, foi possível encontrar 

novecentos e cinco registros no banco de teses. Em outro momento, utilizei como palavras-

chave “modelagem matemática no ensino médio”, para fazer uma comparação entre estudos 

realizados no campo da Educação Matemática relativas à Modelagem Matemática, observando 

em termos quantitativos a incidência de pesquisas desenvolvidas no Ensino Médio, em 

comparação com os estudos desenvolvidos acerca da mesma temática – Modelagem 

Matemática – nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Com este propósito, foram 

encontrados quarenta registros relativos a este descritor. Portanto, por meio destas buscas, 

observa-se uma grande diferença no número de estudos desenvolvidos no Ensino Médio em 

relação aos Anos Iniciais.  

Tendo em vista a diferença no número de estudos desenvolvidos acerca da Modelagem 

Matemática nos Anos Iniciais, parte integrante no nível de Ensino Fundamental, para com o 

nível de ensino posterior – Ensino Médio -, também nota-se a mesma desproporção em relação 

à incidência de trabalhos desenvolvidos nos Anos Finais, em comparação com os Anos Iniciais. 

Usando como referência os termos “modelagem matemática no ensino fundamental”, foi 

possível encontrar trinta e três registros, sendo que, destes, apenas dois são pertinentes a estudos 

desenvolvidos na área da Modelagem Matemática nos Anos Iniciais. Todavia, estes são os 

mesmos que surgiram na pesquisa anterior, utilizando como referências os descritores 

“modelagem matemática nos anos iniciais”. Os demais estudos estão voltados, principalmente, 

aos Anos Finais do Ensino Fundamental e Médio, bem como, Ensino Superior e grupos de 

professores. 

Também desenvolvi buscas na Biblioteca Digital da UNIVATES, onde utilizei para 

investigação, a expressão “modelagem matemática”. A partir desta pesquisa, encontrei vinte e 

nove estudos, no entanto, destes, os que de fato se remetem à Modelagem Matemática, 

constituem em apenas cinco. Destes, ainda, dois estão voltados ao Ensino Médio, um para a 



12 
 

Educação de Jovens e Adultos (EJA), outro para a Educação Infantil e o último, relativo a um 

estudo que buscou elaborar um modelo matemático que simulasse o volume de consumo de 

água, tendo em vista a população total e tempo, verificando se há a possibilidade de acontecer 

um colapso pela falta de água. 

Logo, observando o número restrito de estudos relativos à Modelagem Matemática nos 

Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tenho em vista que a presente pesquisa vem a contribuir 

com futuras pesquisas relativas à Modelagem Matemática nos Anos Iniciais, já que nota-se uma 

limitação de estudos nesta perspectiva nos Anos Iniciais, indicando um campo ainda pouco 

explorado e desenvolvido.  

 Diante disso, e do que motivou-me a desenvolver a pesquisa, destaco o seguinte 

questionamento que foi objeto deste estudo: 

- Quais são as possibilidades e limitações de uma prática pedagógica investigativa efetivada em 

uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental, tendo como aportes teóricos, estudos do campo 

da Modelagem Matemática? 

 A partir desta questão, apresento como objetivo principal da pesquisa:  

- Elaborar uma prática pedagógica centrada nas teorizações do campo da Modelagem 

Matemática em uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental. 

 Como objetivos específicos: 

- Avaliar as contribuições da prática pedagógica na reflexão crítica do aluno frente às questões 

sociais; 

- Promover, nos alunos, a capacidade de fazer uso de conhecimentos vinculados à disciplina de 

Matemática em outras áreas do conhecimento e em situações cotidianas; 

- Contribuir para a disseminação de conhecimentos relativos à Modelagem Matemática nos 

Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 

 A monografia está estruturada em seis capítulos. O primeiro constitui-se nesta 

introdução, que tem o propósito de apresentar o tema, a delimitação do tema, os objetivos da 

pesquisa e as razões que levaram-me a escolher a temática de pesquisa em questão.   

 No capítulo 2 – Referencial teórico - desenvolvo um resgate histórico da Modelagem 

Matemática no Brasil, estabelecendo relações históricas acerca da temática de modo mais 



13 
 

amplo, mas, principalmente, voltando-me à Modelagem Matemática na Educação. Neste 

mesmo capítulo, apresento alguns apontamentos sobre Modelagem Matemática, embasando-

me a partir de concepções de Barbosa (2001), Biembengut; Hein (2005), Burak; Aragão (2012), 

Silva; Barbosa; Oliveira (2013), bem como, demais estudiosos no campo da Educação 

Matemática. Ao final, são apresentadas as contribuições da Modelagem Matemática para o 

campo educacional.   

 No capítulo 3 – Procedimentos metodológicos - apresento os caminhos que foram 

percorridos ao longo da pesquisa. Neste capítulo, consta a definição de uma metodologia de 

pesquisa qualitativa, tendo por referência, contribuições de Neves (1996), e Bauer e Gaskell 

(2002). Ainda, descrevo algumas etapas realizadas em termos de procedimentos metodológicos 

(apresentação formal e informal à escola e secretaria de educação do município onde foi 

desenvolvida a investigação, através de cartas de apresentação), apresento situações que me 

chamaram atenção durante o acompanhamento das aulas ministradas pelo professor titular em 

uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública do Vale do Taquari. 

Também, neste capítulo, descrevo os temas de interesse que surgiram na turma, temas possíveis 

para desenvolver o trabalho de Modelagem Matemática e demais procedimentos utilizados ao 

longo do estudo.   

 No capítulo 4 – Do trabalho pedagógico – descrevo as situações de ensino vivenciadas 

por mim e pelos alunos do 5º ano ao longo de seis encontros, realizados durante os meses de 

abril e maio de 2015, na perspectiva sociocrítica de Modelagem Matemática.  

 No capítulo 5 – Lançando alguns olhares sobre a prática pedagógica investigativa – 

teço uma análise sobre as propostas desenvolvidas ao longo da prática pedagógica investigativa, 

bem como, em relação aos materiais produzidos pelos alunos ao longo dos seis encontros. Este 

capítulo é subdividido em três seções, sendo estas, as três unidades de análise escolhidas para 

apreciação: sobre a escrita dos alunos, o uso de diferentes formas de pensar matematicamente 

e, por fim, o crescimento da turma frente às questões sociais discutidas ao longo dos encontros. 

 No capítulo 6 – Considerações finais – aponto algumas possibilidades, implicações e 

limitações da proposta de Modelagem Matemática com uma turma de 5º ano do Ensino 

Fundamental, bem como demais percepções relativas ao estudo desenvolvido.  

Por fim, apresento as referências que fundamentam e subsidiam o desenvolvimento 

desta monografia, seguido do apêndice e anexos.



 

 

 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

 

Neste capítulo, além de apresentar um breve histórico da Modelagem Matemática, 

desenvolvo uma análise acerca de três concepções de Modelagem Matemática distintas. A 

primeira, defendida por Biembengut e Hein, a segunda, elaborada por Burak, e a última, 

idealizada por Barbosa e pelos seus orientandos. Certamente há outras concepções de 

Modelagem Matemática além das três que serão apresentadas aqui; no entanto, para a realização 

deste estudo, optei em realizar uma análise das concepções citadas.  

A tendência da Educação Matemática denominada de Modelagem Matemática, mesmo 

sendo alvo de inúmeras pesquisas no âmbito dos Ensinos Fundamental e Médio, apresenta 

poucas produções no que se refere aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, como foi apontado 

no capítulo de introdução desta pesquisa. Embora a Modelagem Matemática seja considerada 

uma proposta recente nos Anos Iniciais, tendo por referência os poucos estudos desenvolvidos 

sobre esta tendência nos Anos Inicias, a 

[…] arte de expressar por intermédio da linguagem matemática situações-problema 

de nosso meio, tem estado presente desde os tempos mais primitivos. Isto é, a 

modelagem é tão antiga quanto a própria Matemática, surgindo de aplicações na rotina 

diária dos povos antigos (BIEMBENGUT E HEIN, 2005, p.7). 

 

 Como é possível compreender, a partir do excerto acima, apesar de estar presente na 

história da humanidade desde os tempos mais antigos, a Modelagem Matemática nem sempre 

foi chamada como a conhecemos hoje. De acordo com estudos de Biembengut e Hein (2005), 

a expressão “Modelagem” surgiu no período do Renascimento, acompanhada pelo surgimento 

das primeiras ideias da Física. Sobretudo, Blum & Niss (1991) e Fiorentini (1996), citados por 

Barbosa (2001, p.1), apontam que “o movimento de Modelagem Matemática internacional e 

nacional tomou contorno nos últimos trinta anos, contando com a contribuição decisiva de 



15 
 

matemáticos aplicados que migraram para a área da Educação Matemática.” Contribuindo para 

com esta temática, Biembengut e Hein (2005) também defendem a visão de que a Modelagem 

Matemática na educação é mais recente, levando em consideração que:  

Nas últimas três décadas, a modelagem vem ganhando seu “espaço” em diversos 

países, nas discussões sobre o ensino e aprendizagem, com posicionamentos a favor 

e contra sua utilização como estratégia de ensino de Matemática. No Brasil, um dos 

primeiros trabalhos de modelagem no ensino foi do professor Aristides Camargos 

Barreto, da PUC do Rio de Janeiro, na década de 1970. A consolidação e difusão se 

efetuaram por vários professores, em particular, pelo professor Rodney Bassanezi, da 

Unicamp de Campinas-SP e seus orientandos [...] (BIEMBENGUT e HEIN, 2005, p. 

7). 

 Barbosa (2001, p.1) aponta, a partir das contribuições de Fiorentini (1996), que “as 

experiências no Brasil possuem um forte viés antropológico, político e sociocultural, já que têm 

procurado partir do contexto sociocultural dos alunos e de seus interesses”. Sobre isso, Barbosa 

(2001, p.1-2) ainda aponta, através dos subsídios de Kaiser-Messmer (1991), “que esta pode 

ser considerada uma marca dos trabalhos brasileiros de Modelagem, ao contrário do movimento 

internacional que não apresenta esta preocupação de forma muito aparente”.   

Outra questão importante, que aqui vale ser destacada, é o fato de muitas vezes não ser 

criado um modelo específico, ou ainda, não ser criado modelo algum, para o desenvolvimento 

de uma proposta de Modelagem Matemática. Isso vem ao encontro do que Barbosa (2001) 

apresenta de modo significativo em relação à corrente sociocrítica, que está engajada com o 

social, com o contexto do aluno, a fim de resolver situações-problema do dia a dia.  

Referente à concepção de Modelagem Matemática defendida por Biembengut e Hein, 

os autores atestam que “A modelação matemática norteia-se por desenvolver o conteúdo 

programático a partir de um tema ou modelo matemático e orientar o aluno na realização de seu 

próprio modelo-modelagem” Biembengut e Hein (2005, p. 18). Desta forma, temos a 

perspectiva de que a Modelagem Matemática é vista como uma ferramenta, uma abordagem 

pela qual se introduz conhecimentos matemáticos por meio de diferentes áreas do 

conhecimento. Este conceito de Modelagem Matemática, defendido por Biembengut e Hein 

(2005), também sugere a obtenção e construção de modelos matemáticos que, seguidos de uma 

série de procedimentos (interação – matematização – modelo matemático), culminam em um 

modelo matemático.  

 De modo sintético, apontarei os procedimentos da Modelagem Matemática conforme 

Biembengut e Hein (2005) apresentam em seus trabalhos. O procedimento denominado 

Interação, subdivide-se em duas sub etapas, que caracterizam-se pelo reconhecimento da 



16 
 

situação-problema e familiarização com o assunto a ser modelado. Na interação, os alunos 

tendem a desenvolver pesquisas sobre o assunto em questão, bem como esclarecer a situação-

problema da proposta de Modelagem Matemática. A Matematização, segunda etapa de 

procedimento da Modelagem Matemática, também subdivide-se em sub etapas, sendo estas, a 

formulação do problema e a resolução. Segundo Biembengut e Hein (2005, p.14), “é aqui que 

se dá a “tradução” da situação-problema para a linguagem matemática” e, ainda, Biembengut e 

Hein (2005, p.14) destacam que “o objetivo principal deste momento do processo de modelar 

é chegar a um conjunto de expressões aritméticas ou fórmulas, ou equações algébricas, ou 

gráfico, ou representações, ou programa computacional, que levem à solução ou permitam a 

dedução de uma solução”. 

 A terceira e última etapa do processo de Modelagem Matemática, apresentado por 

Biembengut e Hein (2005), denomina-se Modelo Matemático. Nesta etapa acontece a avaliação 

do modelo matemático sugerido na etapa de matematização, tendo em vista o objetivo de 

verificar o nível de aproximação do mesmo para com a situação-problema representada. Caso 

o modelo não estiver adequado com as necessidades que o fizeram surgir, o processo de 

matematização deverá ser revisto, ajustando o necessário. 

 A seguir, apresento o “Esquema do processo de modelagem matemática”, exposto por 

Biembengut e Hein (2005, p. 13): 

Figura 1 – Esquema do processo de modelagem matemática, segundo Biembengut e Hein 

(2005, p.13) 
  
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Biembengut e Hein (2005, p.13). 

Através desta representação, fica evidente a necessidade de criação de um modelo que, 

por sua vez, surge do uso da Matemática durante a resolução de uma situação real/situação 

problema, que pode ter sido sugerida pela própria turma. Mas afinal, o que é um modelo 

matemático? 

 

 

 

 

 

 

 

 

modelagem 

matemática 

matemática situação real 

modelo 



17 
 

Um modelo pode ser formulado em termos familiares, utilizando-se expressões 

numéricas ou fórmulas, diagramas, gráficos ou representações geométricas, equações 

algébricas, tabelas, programas computacionais etc. Por outro lado, quando se propõe 

um modelo, ele é proveniente de aproximações nem sempre realizadas para se poder 

entender melhor o fenômeno, e tais aproximações nem sempre condizem com a 

realidade. Seja como for, um modelo matemático retrata, ainda que em uma visão 

simplificada, aspectos da situação pesquisada (BIEMBENGUT e HEIN, 2005, p. 12). 

 

 

Na sequência, formulo algumas considerações sobre a concepção de Modelagem 

Matemática idealizada por Dionísio Burak, que parte de uma perspectiva cognitivista, centrada 

na visão construtivista de aprendizagem, no sociointeracionismo e na aprendizagem 

significativa. Por sua vez, o autor define Modelagem Matemática como “um conjunto de 

procedimentos cujo objetivo é construir um paralelo para tentar explicar, matematicamente, os 

fenômenos presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer predições e tomar 

decisões” Burak e Aragão (2012, p.88). Sua concepção de Modelagem Matemática parte de 

duas premissas: “1) o interesse do grupo de pessoas envolvidas; 2) os dados são coletados onde 

se dá o interesse do grupo de pessoas envolvidas” (Ibidem, p.88). Desta forma, nota-se que as 

atividades partem do grupo de indivíduos participantes da proposta, bem como, os conteúdos 

matemáticos que são trabalhados a partir de uma proposta de Modelagem Matemática emergem 

do tema em questão que surgiu do interesse da turma.  

Ainda, diferentemente de Barbosa, que não evidencia etapas para o desenvolvimento de 

uma proposta de Modelagem, Burak propõe cinco delas para o encaminhamento de propostas 

de Modelagem Matemática: “1) escolha de um tema; 2) pesquisa exploratória; 3) levantamento 

do(s) problema(s); 4) resolução dos problemas e desenvolvimento dos conteúdos no contexto 

do tema; 5) análise crítica da(s) solução(ões)” (Ibidem, p.89). É importante salientar que Burak 

(2012) esclarece que as etapas sugeridas por ele não podem ser vistas como passos rígidos e 

estanques. É possível haver alterações, já que, elas devem ser priorizadas de maneira natural ao 

longo do trabalho com Modelagem.  

Conforme Burak e Aragão (2012), a escolha do tema surge do grupo de alunos pelo qual 

se objetiva desenvolver a proposta de Modelagem, ou seja, curiosidades, assuntos de interesse, 

desejo de conhecer mais e melhor algum assunto e situações-problema apresentados pela turma. 

Na etapa dois, denominada pesquisa exploratória, ocorre a busca de informações no local onde 

possam ser encontrados dados sobre os interesses mostrados pela turma na etapa um (pesquisa 

bibliográfica, pesquisa a campo, e outras, dependendo da necessidade do aprofundamento 

conforme o assunto escolhido). Dando sequência, o próximo passo se dá pelo levantamento de 

problemas, ou problema. De acordo com Burak e Aragão (2012, p.94), nesta etapa: 



18 
 

Os dados coletados na pesquisa exploratória dão sustentação à etapa de levantamento 

do problema ou dos problemas relativos ao tema. O papel do professor, na qualidade 

de mediador, é de importância fundamental no trabalho com a Modelagem, pois esse 

é o momento em que se pode contribuir de forma significativa no desenvolvimento da 

autonomia do estudante e na formação de seu espírito crítico. É uma etapa em que a 

ação e a qualidade dessa ação, por parte do aluno, se fazem notar e podem se constituir 

em um diferencial educativo. É a etapa em que se inicia a ação matemática 

propriamente dita, pois é o início da formulação dos problemas como resultado da 

pesquisa exploratória (BURAK, ARAGÃO, 2012, p.94).  

Em suma, é aqui, na terceira etapa – levantamento de problemas -  que os alunos são 

estimulados a pensar em todas as relações possíveis que podem estabelecer entre o assunto de 

interesse com a Matemática. A resolução dos problemas e desenvolvimento dos conteúdos no 

contexto do tema consiste em utilizar os conteúdos matemáticos para dar significado à 

resolução dos problemas, fazendo com que a Matemática se alie aos assuntos do cotidiano e 

interesse do aluno. Por fim, aproxima-se a última etapa do processo de Modelagem sugerido 

por Burak, a análise crítica da(s) solução(ões). É o momento em que se reflete criticamente 

sobre as soluções encontradas para o(s) problemas(s), analisando a viabilidade de se utilizar as 

soluções matemáticas encontradas em relação ao tema de pesquisa que foi estudado.   

A Modelagem Matemática, com o passar do tempo, foi se reinventando e, como vimos, 

atualmente, não existe um único modo de se operar com a Modelagem Matemática. Neste 

sentido, trago as contribuições de Barbosa (2001), que destaca que no Brasil esta tendência está 

ligada à noção de trabalho de projeto, em que os alunos são organizados em grupos e cada qual 

desenvolve uma investigação por meio da Matemática, tendo como foco seu tema de interesse, 

e, ao mesmo tempo, contando com o acompanhamento e auxílio do professor. 

 Em seus estudos, Barbosa também aponta inúmeros registros de práticas pedagógicas 

centradas na Modelagem Matemática, voltadas à investigação e problematização de questões 

sociais. Barbosa (2004) enfatiza uma delas em que disponibilizou uma tabela de preços em 

relação a quatro planos de companhias distintas que ofereciam serviços de internet. Nesta tabela 

constava o valor da assinatura mensal, o tempo de acesso incluído e o valor por tempo adicional 

(hora). A partir destes dados, os alunos tiveram de optar pela companhia que oferecesse o 

melhor plano. Em um segundo momento, Barbosa (2004) explica que partiu de um 

questionamento, no qual os próprios alunos tiveram o desafio de buscar dados relativos à 

questão, para que, posteriormente, a situação-problema fosse solucionada. A questão partiu da 

seguinte problematização: “Quanto custa ter acesso à internet?” – Barbosa (2004, p. 6). 



19 
 

 Trabalhos relativos à conta de luz, construção de uma casa, construção de uma quadra 

poliesportiva para a escola, Olimpíadas de Sidney, entre outros, são algumas das práticas 

centradas na Modelagem Matemática, que podemos encontrar nos materiais escritos por este 

pesquisador e seus orientandos. Por meio das duas propostas citadas no parágrafo anterior, é 

possível observarmos o viés investigativo e reflexivo destas propostas, uma vez que partem do 

interesse do aluno, assim como de temas relativos à realidade na qual ele se encontra. A 

Modelagem Matemática objetiva a compreensão da realidade, usando a Matemática como meio 

de possibilitar ao indivíduo a capacidade de opinar, de maneira crítica, sobre os fatos com os 

quais se depara, garantindo-lhe, também, a possibilidade de decidir suas escolhas de maneira 

crítica/reflexiva – fato visto através da proposta do melhor plano de internet.  

 Barbosa ainda alude, pautado por contribuições de diferentes personalidades do campo 

da Matemática, que existem duas tendências em Modelagem Matemática: as correntes 

pragmática e científica. 

[...] A corrente pragmática argumenta que o currículo deve ser organizado em torno 

das aplicações, removendo os conteúdos matemáticos que não são aplicáveis em áreas 

não-matemáticas. Os tópicos matemáticos ensinados na escola devem ser aqueles que 

são úteis para sociedade. A ênfase é colocada no processo de resolução de problemas 

aplicados, focalizando o processo de construção de modelos matemáticos. A corrente 

científica, por sua vez, busca estabelecer relações com outras áreas a partir da própria 

matemática. Ela considera a ciência matemática e sua estrutura como um guia 

indispensável para ensinar matemática, a qual não pode ser abandonada. 

Modelagem, para os “científicos”, é vista como uma forma de introduzir novos 

conceitos (BARBOSA, 2001, p.3). 

 

 

  Mas, por ambas não estarem relacionadas de modo significativo ao conhecimento 

reflexivo, pelo qual a Modelagem também é responsável, conhecimento este que Skovsmose 

apud Barbosa (2001, p.4) aponta “que se refere à natureza dos modelos e os critérios usados 

em sua construção, aplicação e avaliação”, surge uma nova corrente dentro da Modelagem 

Matemática, a corrente sociocrítica. 

  Pelo que podemos observar, a corrente pragmática tem uma preocupação maior em 

reorganizar o currículo a partir da realidade dos estudantes.  Também, está clara sua visão de 

aplicabilidade matemática, que poderá resultar em modelos matemáticos. Em contrapartida, a 

corrente científica de Modelagem Matemática não nos deixa clara sua preocupação com a 

reorganização curricular, mas deixa em evidência a importância de estudar os conceitos da 

Matemática, tanto que, para que isto seja possível, se desenvolverão estudos acerca de temáticas 

de outras áreas do conhecimento e, através delas, se estudarão termos matemáticos.  



20 
 

 Como já destacado anteriormente, em relação ao conhecimento reflexivo, no qual ambas 

as correntes acima apresentadas não estão de modo total envolvidas, surge uma terceira corrente 

dentro da Modelagem Matemática, denominada corrente sociocrítica. A corrente sociocrítica é 

defendida e idealizada por Barbosa, que dispõe, em sua íntegra, a preocupação com o 

conhecimento reflexivo e com a função social da Modelagem Matemática. Desta forma, 

Barbosa (2001, p.4), aponta que: 

As atividades de Modelagem são consideradas como oportunidades para explorar os 

papéis que a matemática desenvolve na sociedade contemporânea. Nem matemática 

nem Modelagem são “fins”, mas sim “meios” para questionar a realidade vivida. Isso 

não significa que os alunos possam desenvolver complexas análises sobre a 

matemática no mundo social, mas que Modelagem possui o potencial de gerar algum 

nível de crítica. É pertinente sublinhar que necessariamente os alunos não transitam 

para a dimensão do conhecimento reflexivo, de modo que o professor possui grande 

responsabilidade para tal (BARBOSA, 2001, p.4). 

 

 Sendo assim, por meio da corrente sociocrítica, percebe-se que a função social da 

Matemática é desempenhada de fato, já que ela parte do contexto no qual o aluno e a escola se 

encontram e onde, por meio deste panorama, a Matemática insere-se como meio de responder 

a questões práticas do cotidiano. Há um diálogo entre teoria e prática e, neste jogo, o que 

importa não é o aluno construir modelos matemáticos e verificar sua aplicabilidade na situação-

problema elencada, nem como estudar a Matemática por meio de outras áreas do conhecimento. 

A preocupação maior está em utilizar a Matemática como meio de responder às dúvidas, as 

problemáticas de um dado contexto social, ampliando a capacidade de refletir criticamente 

nossas próprias formas de ver, estar e viver.  

 É necessário retomarmos, também, ao que Barbosa (2001, p.4) destaca sobre a corrente 

sociocrítica, tendo em vista a reflexão. O autor aponta que “é pertinente sublinhar que 

necessariamente os alunos não transitam para a dimensão do conhecimento reflexivo, de modo 

que o professor possui grande responsabilidade para tal.” É através destas palavras que a função 

do professor fica em evidência por estar desenvolvendo um trabalho consistente e um 

acompanhamento efetivo com a turma, para que a Matemática cumpra com o seu dever social. 

Nesta perspectiva, Barbosa (2001, p.5) contribui afirmando que “o que chamamos de corrente 

sócio-crítica de Modelagem sublinha que as atividades devem potencializar a reflexão sobre a 

Matemática, a própria Modelagem e seu significado social.” 

 Ainda, Barbosa (2001) aposta em um currículo diferenciado, que disponha de múltiplas 

possibilidades educativas, que seja o contrário das correntes pragmática e científica. Não busca 

tirar ou acrescentar conteúdos no currículo de Matemática ou, ainda, gerar discussões sobre o 



21 
 

que pode ser considerado “melhor”, ser útil ou não.  Desse modo, Barbosa (2001, p.5) aponta 

que: 

[...] não advogamos um currículo baseado nem somente nas aplicações nem somente 

na estrutura da matemática. Julgamos que a educação matemática deve envolver todas 

as instâncias implicadas no conhecimento matemático. Modelagem é uma delas. É 

necessária, mas não suficiente (BARBOSA, 2001, p.5). 

 Em termos de procedimentos metodológicos, Barbosa (2001, p.8) recusa “a ideia de 

associar Modelagem exclusivamente à modalidade de projetos. Outros tipos de atividades de 

Modelagem, que demandam menos tempo e são mais simplificadas, também podem ser 

consideradas.” Neste sentido, o autor nos apresenta três configurações distintas para a 

abordagem da Modelagem Matemática, de modo que cada uma delas é vista como um caso. 

 Segundo Barbosa (2001), no caso 1, o professor é quem propõe à turma a situação-

problema, bem como todos os dados necessários para sua resolução. Aos alunos cabe a 

responsabilidade de resolverem a problemática. No caso 2, o professor dispõe como ponto de 

partida para a investigação, o apontamento da situação-problema, com temática voltada às mais 

diferentes áreas do conhecimento. Os alunos são desafiados a buscarem todos os dados 

necessários para a resolução do problema em questão; fato que, certamente, se estenderá por 

mais aulas e para o qual poderão ser utilizados diferentes suportes de pesquisa, locais e, até 

mesmo, profissionais de diferentes áreas afins. Já o caso 3, exige mais autonomia por parte do 

aluno e flexibilidade e interação/mediação por parte do professor, onde “a partir de temas não-

matemáticos, os alunos formulam e resolvem problemas. Eles também são responsáveis pela 

coleta de informações e simplificação das situações-problema. É via do trabalho de projetos.” 

(BARBOSA, 2001, p.9) 

 É possível notarmos que, conforme os alunos vão transitando entre cada caso, seguindo 

a escala caso 1, caso 2 e, por fim, caso 3, há um maior envolvimento por parte do aluno para 

com a realização da proposta. Desta forma, apresento o esquema de Barbosa (2001, p.9), que 

nos auxiliará na compreensão da participação do professor e aluno durante o processo de 

Modelagem Matemática, tendo em vista os três casos citados anteriormente: 

 

 

 



22 
 

Figura 2 – O aluno e o professor nos casos de Modelagem, segundo Barbosa (2001, p.9) 

   
Fonte: Barbosa (2001, p.9) 

 

 Podemos observar que, à medida que a autonomia dos alunos em cada caso aumenta, a 

centralização no professor diminui, de forma que a aprendizagem começa a exigir mais do 

aluno. Mesmo assim, a atuação do professor é essencial, mesmo que tenha tomado outra forma. 

Ele passa a ser um copartícipe do conhecimento. Ao mesmo tempo em que o aluno aprende, o 

professor também está aprendendo, sendo os dois coautores da aprendizagem.  

Como visto até aqui, existem diferentes conceitos e diferentes formas de pensar a 

Modelagem Matemática, assim como o modo pelo qual acontece a Modelagem Matemática, 

tendo em vista o seu procedimento metodológico. Barbosa (2004) posiciona-se de um modo 

que nos faz pensar que a Modelagem Matemática vai muito além da aplicação. Mesmo sabendo 

que a Modelagem Matemática, em sua história, foi influenciada pelos pesquisadores da 

Matemática Aplicada, não podemos resumir a Modelagem Matemática somente a essa 

perspectiva. Sendo assim, Barbosa (2004) admite que: 

Muitas vezes, Modelagem é conceituada, em termos genéricos, como a aplicação de 

matemática em outras áreas do conhecimento, o que, a meu ver, é uma limitação 

teórica. Dessa forma, Modelagem é um grande ‘guarda-chuva’, onde cabe quase tudo. 

Com isso, não quero dizer que exista a necessidade de se ter fronteiras claras, mas de 

se ter maior clareza sobre o que chamamos de Modelagem (BARBOSA, 2004, p 1-

2). 

 

 Em virtude deste apontamento, podemos observar as convergências e divergências entre 

as concepções de Modelagem Matemática defendidas por Barbosa e por Biembengut e Hein. 

Levando em conta as concepções de Modelagem Matemática defendidas por Barbosa e por 

Biembengut e Hein, podemos concluir que ambas as concepções são desenvolvidas a partir de 



23 
 

uma situação/tema e, através deste tema, desenvolvem-se questões a serem respondidas. A 

pesquisa é evidente que também acontece, mas o restante do procedimento é o que de fato se 

difere. A proposta de Modelagem Matemática, apontada por Biembengut e Hein (2005), está 

fortemente ligada a conteúdos matemáticos e à sua utilização por meio dos modelos 

matemáticos; enquanto que a corrente sociocrítica, defendida por Barbosa, tem em vista a 

Modelagem Matemática como um recurso para responder dúvidas e, até mesmo, problemas 

sociais, fazendo o uso da Matemática também, mas não de modo tão sistemático e metódico. 

Como apontam Silva, Barbosa e Oliveira (2013, p.48): 

As discussões sobre modelagem matemática têm sido crescentes na comunidade de 

educação matemática como uma possibilidade de gerar investigações de problemas 

com referência na realidade na sala de aula de matemática (Barbosa, 2007; Oliveira, 

2007; Cargnin-Stieler; Bisognin, 2011). Por modelagem, compreendemos como um 

ambiente de aprendizagem, no qual os estudantes são convidados a investigar, 

utilizando a matemática, situações com referência na realidade (Barbosa, 2007). Em 

vista disso, argumentamos que, ao trabalhar com modelagem, os estudantes são 

desafiados a assumirem uma postura crítica e participativa com vistas ao exercício da 

cidadania (Barbosa, 2007). A expressão “ambiente de aprendizagem” é utilizada por 

Skovsmose (2000) para se referir às condições proporcionadas aos estudantes para 

desenvolverem suas ações (SILVA; BARBOSA; OLIVEIRA, 2013, p. 48). 

 

 Por meio desta citação, podemos elencar uma série de fatores que contribuem na 

qualificação do Ensino de Matemática, tendo em vista a perspectiva sociocrítica da Modelagem 

Matemática. Iniciarei discutindo sobre o fato do aluno estar engajado na investigação, onde, 

por meio de pesquisas a diversas fontes e materiais, se fará o levantamento de dados sobre a 

temática, assim como o aprofundamento com o tema a ser pesquisado. A investigação não 

culmina na simples pesquisa, mas na inter-relação para com temas relacionados à realidade do 

aluno, tanto em sala de aula, como em seu âmbito social. Desta forma, a investigação provoca 

o aluno a refletir sobre aspectos sociais, sendo capaz de analisar e se posicionar de maneira 

crítica perante a situações cotidianas. 

 A Modelagem Matemática, consoante com a corrente sociocrítica elaborada por Jonei 

C. Barbosa, tem como principal objetivo possibilitar que a Matemática cumpra seu papel social, 

permitindo que o aluno atue como um cidadão participativo (ativo), e não como um cidadão 

passivo que, por vezes, por desconhecer algum assunto, ou não saber vincular o conhecimento 

matemático ao tema em questão, passa a aceitar certas decisões sem questionar a veracidade 

das mesmas. Sendo assim, Barbosa (2011) contribui com esta visão destacando que: 

A modelagem matemática pode ter como propósito desenvolver atividades que 

ofereçam subsídios aos alunos na compreensão de como a matemática é utilizada nas 

práticas sociais (BARBOSA, 2001). Essa perspectiva de modelagem – denominada 

sócio-crítica por Barbosa (2003) – enfatiza a atuação do aluno na sociedade, 



24 
 

analisando o papel da matemática nos debates sociais (SILVA; BARBOSA, 2011, p. 

198). 

 

 De fato, a Modelagem Matemática vem para mostrar não que a Matemática está em 

todos os lugares, mas, sim, como e quando podemos fazer o uso da mesma para resolver 

problemas sociais ou, até mesmo, situações-problema sobre os quais se tenha dúvidas e 

curiosidades. De modo simplificado, Barbosa (2004, p. 2) salienta que, “em geral, são 

apresentados cinco argumentos: motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para 

utilizar a matemática em diferentes áreas, desenvolvimento de habilidades gerais de exploração 

e compreensão do papel sociocultural da matemática”, para inserir a Modelagem Matemática 

no currículo, levando em consideração seus benefícios à Educação Matemática. Sobretudo, em 

sua bibliografia, o autor esclarece que, dentre ambas as situações, a compreensão do papel 

sociocultural é a mais importante.   

 A inovação no Ensino da Matemática é outro aspecto que vale a pena ser destacado, 

pois a Modelagem Matemática quebra com toda e qualquer estrutura linear de conhecimento e 

de organização. Não se tem a previsão do que será estudado, dos termos matemáticos que serão 

utilizados, ao menos não no início do trabalho com Modelagem Matemática, porque esta 

proposta visa uma construção coletiva e colaborativa entre aluno e professor. Para além da 

inovação, também é possível estar trabalhando em uma mesma turma com várias temáticas e 

encaminhamentos diversos quanto ao uso da Matemática. Novamente, a estrutura tradicional, 

vista pelo olhar de que todos devem aprender a mesma coisa ao mesmo tempo, é rompida. 

Todos aprendem, através de seu interesse de pesquisa, principalmente no caso 3, em que a 

própria situação-problema/problematização é construída pelo grupo de alunos, assim como o 

levantamento de dados e resolução, em tempos diferentes, respeitando o tempo de 

aprendizagem de cada aluno.  

 Assim, inspirada nestes referenciais teóricos, explicito que, ao longo deste estudo, 

principalmente ao longo da prática pedagógica investigativa, estarei trabalhando de modo mais 

próximo à perspectiva sociocrítica de Modelagem Matemática idealizada por Barbosa, referida 

no caso 1.  

No próximo capítulo apresento os aspectos metodológicos desta pesquisa, bem como 

caminhos que foram percorridos ao longo da prática pedagógica investigativa desenvolvida no 

primeiro semestre do ano de dois mil e quinze. 



 

 

 

 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

 

 O propósito deste capítulo é evidenciar os caminhos que foram percorridos durante a 

realização da pesquisa/intervenção. Para tanto, organizei-o em duas seções. A primeira 

intitulada “Da metodologia de investigação”, que apresenta, de modo geral, a metodologia de 

investigação utilizada, bem como as estratégias e procedimentos adotados. Já no segundo 

momento, “Da prática pedagógica investigativa”, tive a intensão de esclarecer algumas ações 

desenvolvidas durante o segundo semestre de 2014. Também, nesta seção, busquei descrever 

aspectos característicos da instituição de ensino na qual se desenvolveu a proposta de 

investigação/intervenção e uma breve descrição dos passos que foram efetivados ao longo do 

primeiro semestre de 2015, consoante à proposta de prática pedagógica investigativa. Destaco, 

ainda, que a prática pedagógica investigativa em questão, não teve o propósito de estar pré-

estruturada antes de haver o contato com a turma na qual a proposta foi desenvolvida. Isso deve-

se ao fato da proposta seguir a concepção de Modelagem Matemática idealizada por Jonei 

Cerqueira Barbosa, mais conhecida por corrente sociocrítica.  

Deste modo, a proposta de prática pedagógica investigativa partiu do interesse da turma. 

Por isso, não tive o intuito de trazer as propostas previamente estruturadas. Portanto, a prática 

pedagógica investigativa, bem como a temática que foi abordada, encaminhamentos de estudos, 

e outros, foram definidos ao longo do processo de conhecimento da turma, situação esta que 

será apresentada ao longo deste capítulo. 

 

 

 



26 
 

3.1 Da metodologia de investigação 

 A metodologia de investigação utilizada nesta monografia caracteriza-se por ser de 

natureza qualitativa. De acordo com o problema de pesquisa, centrado no seguinte 

questionamento: “Quais são as possibilidades e limitações de uma prática pedagógica 

investigativa efetivada em uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental, tendo como aportes 

teóricos, estudos do campo da Modelagem Matemática?” é visível que não tive o propósito de 

realizar uma análise quantitativa. Não foi de meu intuito saber quantos alunos conseguiram 

desenvolver com êxito a proposta de Modelagem Matemática e quantos não conseguiram. 

Busquei, de fato, perceber quais foram as possibilidades e limitações relativas a uma prática 

centrada na tendência da Modelagem Matemática, tendo por referência, a concepção de 

Modelagem Matemática de Jonei Cerqueira Barbosa. Para tanto, destaco as contribuições de 

Neves (1996, p.1) sobre a abordagem de pesquisa qualitativa: 

[...] a pesquisa qualitativa costuma ser direcionada, ao longo de seu desenvolvimento; 

além disso, não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente, não emprega 

instrumental estatístico para análise de dados; seu foco de interesse é amplo e parte de 

uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos. Dela faz parte 

a obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador 

com a situação/objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, é frequente que o 

pesquisador procure entender fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da 

situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos estudados. 

 Ainda, Bauer e Gaskell (2002) apontam elementos característicos da pesquisa 

qualitativa e que, por conseguinte, diferem da pesquisa quantitativa. Os autores destacam que, 

enquanto a pesquisa qualitativa apresenta seus dados através de textos, realiza sua análise por 

meio de interpretação, seu protótipo centra-se em entrevistas de profundidade e, por fim, sua 

qualidade é soft; a pesquisa quantitativa busca dados numéricos, uma análise estatística, um 

protótipo de pesquisa de opinião e uma qualidade hard. Conforme os autores Bauer e Gaskell 

(2002, p. 22-23): 

Tem havido muita discussão sobre as diferenças entre pesquisa quantitativa e 

qualitativa. A pesquisa quantitativa lida com números, usa modelos estatísticos para 

explicar os dados, e é considerada pesquisa hard. O protótipo mais conhecido é a 

pesquisa de levantamento de opinião. Em contraste, a pesquisa qualitativa evita 

números, lida com interpretações das realidades sociais, e é considerada pesquisa soft. 

O protótipo mais conhecido é, provavelmente, a entrevista em profundidade. 

 Nesse sentido, tendo por referência a discussão que os autores acima citados fazem sobre 

a escolha do método qualitativo e quantitativo, os mesmos, Bauer e Gaskell (2002, p. 24), ainda 

afirmam que: 



27 
 

[...] O que a discussão sobre a pesquisa qualitativa tem conseguido foi desmistificar a 

sofisticação estatística como único caminho para se conseguir resultados 

significativos. O prestígio ligado aos dados numéricos possui tal poder de persuasão 

que, em alguns contextos, a má qualidade dos dados é mascarada e compensada por 

uma sofisticação numérica. A estatística, como um recurso retórico, contudo, 

preocupa-se com o problema relativo ao tipo de informações que são analisadas: se 

colocarmos informações irrelevantes, teremos estatísticas irrelevantes. No nosso 

ponto de vista, a grande conquista da discussão sobre métodos qualitativos é que ela, 

no que se refere à pesquisa e ao treinamento, deslocou a atenção da análise em direção 

à questões referentes à qualidade e à coleta de dados (BAUER; GASKELL, 2002, 

p.24). 

 

 

O material de pesquisa que foi coletado ao longo da pesquisa/intervenção, constituiu-se 

em: diário de campo do pesquisador, filmagens da prática pedagógica investigativa, fotos de 

situações de ensino desenvolvidas ao longo da prática pedagógica investigativa, material escrito 

dos alunos e gravações de áudio das aulas. Por prática pedagógica investigativa, Azevedo apud 

Biaca e Royer, a compreendem como: 

[...] uma interação que se faz como corresponsabilidade de professor e alunos no 

processo de aprendizagem. Neste sentido, cabe ao docente [...] mediar o ensino de 

forma desafiadora, mantendo vivo o interesse do aluno auxiliando-o a buscar novos 

conceitos e estratégias de uso de conceitos, incentivando-o nas suas relações sociais 

(AZEVEDO apud BIACA e ROYER, 2012, texto digital). 

 

 Ainda, as mesmas autoras Biaca e Royer (2012, texto digital) destacam que “Na prática 

investigativa, o professor assume o papel de mediador pedagógico, tornando-se provocador, 

contraditor, facilitador, orientador.” Ao mesmo tempo que denotam tais características que o 

professor assume ao longo da prática, também abordam que o mesmo possibilita a aproximação 

entre conhecimento científico e conhecimento cotidiano, sendo o professor “unificador do 

conhecimento cotidiano e científico de seus alunos, assumindo sua responsabilidade social na 

construção/reconstrução do conhecimento científico das novas gerações, em função da 

transformação da realidade” (BIACA E ROYER, 2012, texto digital). 

 

3.2 Da prática pedagógica investigativa 

A prática pedagógica investigativa foi desenvolvida no primeiro semestre do ano de dois 

mil e quinze, em uma escola municipal do Vale do Taquari, com uma turma de 5º ano do Ensino 

Fundamental, e esteve centrada na concepção de Modelagem Matemática defendida por Jonei 

Cerqueira Barbosa, partindo de uma proposta de Modelagem Matemática de caso 1. A proposta 

de prática não foi pensada, construída e projetada previamente; só depois de conhecer os alunos 



28 
 

e perceber seus interesses de pesquisa, em relação ao trabalho de Modelagem Matemática, é 

que foi construído um plano de ação.  

Antes de iniciar a proposta de prática pedagógica investigativa, desenvolvi duas 

observações em dois turnos de aula, que corresponderam a duas tardes, no mês de março de 

dois mil e quinze. Tive o intuito de observar as aulas de Matemática que a turma de 5º ano veio 

a ter, sob prática, planejamento e interferências de seu professor titular. Durante as observações, 

fiz uso de um diário de campo para registrar como os alunos se envolviam com a Matemática 

proposta em sala de aula. Também, durante as observações, tive o propósito de perceber os 

interesses que os alunos de 5º ano demonstraram em discutir e os assuntos que se faziam 

presentes em seus grupos de diálogo, curiosidades, entre outras circunstâncias, e que podiam 

ser trabalhadas na perspectiva sociocrítica de Modelagem Matemática. 

As observações ocorreram nos dias dez e doze de março. Em ambas as tardes foram 

ministradas, pelo professor titular/professor regente, atividades relacionadas à disciplina de 

Matemática, acompanhada de outra área do conhecimento, conforme cronograma semanal da 

turma. Na terça-feira, a aula iniciou-se com atividades de Matemática e, posteriormente, 

iniciaram-se atividades relativas à disciplina de História. Já na quinta-feira, a aula também 

iniciou-se com Matemática e, logo após, deu-se sequência com atividades relativas à Geografia.    

 Pelo que pude observar e, após, confirmar com o professor titular, a turma possuía 20 

alunos. Destes, sete eram meninas e treze eram meninos, todos de faixa etária que variava dos 

9 aos 13 anos. Como a escola fica no centro do município, ou seja, na zona urbana, em um dos 

três bairros que o município possui, é fato que ela atende alunos das mais variadas localidades 

do interior e centro do município. Isso ocorre nos Anos Iniciais, mas, principalmente, nas 

turmas dos Anos Finais, porque não é possível encontrar a oferta destas turmas nas escolas 

multisseriadas da zona rural.  

 De início, muito silêncio. Um silêncio um tanto exagerado e perturbador. Como se 

tivessem combinado fazer este silêncio no dia anterior. Me vem à memória aqueles combinados 

que ao menos eu fiz quando estava desenvolvendo meu estágio do Curso Normal – quando vier 

visita, sejam queridos, comportados e não façam bagunça - e que nunca dão certo. Um 

combinado que vai sendo esquecido aos poucos e, por fim, deixa de ser combinado e passa a 

ser uma promessa não cumprida. De fato, este silêncio persistiu nos primeiros momentos da 

aula, mas, conforme o tempo foi passando, os próprios alunos já nem se importavam com a 



29 
 

minha presença e, ao que me pareceu, passaram a agir normalmente. Além do silêncio, logo 

que entrei na sala, na terça-feira, pude perceber que os alunos já estavam me aguardando e, de 

primeiro momento, estavam preocupados com atitudes comportamentais. Isso pode ser visto 

através das falas dos próprios alunos que remetiam a pensar que eu estaria ali para acompanhar 

a aula e para observar o comportamento de cada um. Em uma breve fala, expliquei o motivo de 

eu estar lá naquela tarde, sobre a pesquisa que estava em andamento e as práticas que seriam 

realizadas no próximo mês.  

 Neste dia (terça-feira), o primeiro momento da aula caracterizou-se pela correção de 

cálculos de divisão, desenvolvida de maneira simples. Para cada operação matemática, um 

aluno era convidado a ir ao quadro para desenvolver o cálculo, enquanto os demais faziam a 

correção/acompanhamento em seus cadernos. Caso surgisse algo no cálculo que não estava 

certo, o próprio professor apagava a parte do cálculo que não correspondia ao que se pedia e, 

com um giz de cor de maior destaque (vermelho, rosa ou amarelo), procedia a finalização do 

mesmo.  

 No segundo momento da aula, o professor da turma transcreveu no quadro, quatro 

problemas matemáticos, ambos envolvendo a divisão.  Os problemas matemáticos priorizavam 

o treino de cálculos de divisão, onde os alunos teriam que ler o enunciado, extrair as 

informações necessárias aos cálculos e aplicar o cálculo de divisão. 

 Percebi que, conforme a turma concluía a atividade, os alunos ficavam livres para 

auxiliar os colegas, conversar, desenvolver algum desenho ou se ocupar com algo que 

trouxeram de casa. Nestes momentos, os desenhos de carros tomaram conta do ambiente, assim 

como as conversas entre duplas e, ainda, haviam aqueles que se reuniam para fazer, juntos, os 

cálculos propostos pelo professor. O engraçado é que, quando eu me aproximava um pouco 

mais, para escutar as conversas, algumas paravam no mesmo momento em que me percebiam. 

As conversas tinham como pauta jogos de videogame, Playstation, GTA (Grand Theft Auto), 

namoros e combinações entre amigos e amigas para um pousar na casa de outro.  

 Quando foi sugerida a correção dos problemas no quadro, houve prontidão por parte dos 

alunos, em desenvolver os cálculos no quadro, seguido das respostas completas, fato que achei 

bem interessante. Me pareceu que a maioria gostava deste tipo de atividades. 

 No recreio, acompanhei a turma e, me espantei com tamanha agitação.  Praticamente 

todos estavam correndo e brincando de “menina pega menino e menino pega menina” – o maior 



30 
 

“fuzuê!” Mas a questão que mais me marcou, ocorreu antes de reparar neste movimentos de 

“liberdade” dos alunos. Logo que saímos para o recreio, conversávamos sobre a quadra que 

estava em construção nos fundos do pátio da escola, e que no período2 em que eu havia 

trabalhado na escola não existia ainda. Frente a isso, os alunos (um grupo de meninos) 

começaram a relatar-me que a quadra, que ali estava sendo concluída, iniciou sua construção 

ainda no ano de 2014, mas que, a maior parte da mesma, foi realizada durante o período de 

férias de verão. Portanto, não puderam acompanhar todo este processo. Neste momento, 

também demonstraram interesse em poder logo fazer o uso da quadra, a qual, no momento em 

que desenvolvi as observações, estava isolada com fita, para que ninguém a utilizasse antes da 

inauguração e aprovação da obra por um especialista responsável. 

 Nos direcionamos à quadra, já que fui levada até ela pelos alunos que me 

acompanharam. Neste momento, eu estava movida, tanto pelo interesse dos alunos em mostrar 

como estava o andamento da obra e mostrar o mais novo espaço da escola que logo poderiam 

estar usufruindo, quanto pela minha vontade em conhecer o local, que na ocasião em que ainda 

trabalhava na escola, era tão aguardado.  

A quadra poliesportiva coberta segue o padrão de construção do Ministério da 

Educação. Foi construída nos fundos do pátio da escola, por meio de recursos federais e 

municipais.  Quando foram desenvolvidas as observações, já havia data prevista para 

inauguração, que aconteceria ainda no mês de março. No entanto, houve um problema com a 

pintura da quadra, que descascou, e que, por isso, deveria ser lixada e pintada novamente.  

 Ao chegar próximo à quadra, os alunos que me acompanharam conversavam sobre as 

medidas da quadra e que ela estava de acordo com o padrão das quadras olímpicas, sendo que 

apenas as pessoas com 2,2 metros conseguiriam se pendurar na cesta de basquete ao fazer cesta 

(novidade que não havia antes). Falavam sobre sua beleza e sobre sua rede que ainda estava 

faltando. Era nitidamente visível a alegria e ansiedade em poder desfrutar deste novo 

empreendimento. Outra situação que surgiu, e que ficou em evidência entre os alunos, era a 

natureza do dinheiro que foi investido para a construção da quadra. Frases que nos remetiam a 

pensar que, provavelmente, foi a prefeitura ou o governo que forneceu. Aliás, essa avaliação 

normalmente ocorre de maneira equivocada. 

                                                           
2 Lecionei na escola, através de concurso público municipal, entre os meses de fevereiro de 2013 à abril de 2014, 

atuando nas turmas de 4º ano do Ensino Fundamental.  



31 
 

Destaco que este acontecimento, de fato, me chamou atenção e interesse em trabalhar 

em sala de aula, em uma proposta futura de Modelagem Matemática, segundo as concepções 

de Jonei Cerqueira Barbosa. Foi um tema que, no momento real em que os alunos se encontram, 

despertou interesse deles, por ser novo; e também há a questão social, que vai ao encontro de 

um possível estudo sobre a natureza dos recursos destinados à compra e construção de bens 

públicos.  

 Posterior ao recreio, a aula a ser ministrada foi de História. Nesta, cada aluno recebeu 

um livro didático e foi orientado a ler o capítulo dois, respondendo as questões propostas pelo 

professor, relativas às tribos indígenas do Rio Grande do Sul. Este momento da aula constituiu-

se das seguintes etapas: cópia das perguntas, leitura do capítulo, realização das questões e 

correção. Por fim, sobraram alguns minutinhos antes da aula encerrar e, o professor distribuiu 

aos alunos um caça-palavras, com palavras diversas.  

  Na aula de quinta-feira, logo que os alunos estraram na sala, um assunto já pairava no 

ar: o aniversário dos irmãos gêmeos da turma que aconteceria no outro dia (sexta-feira, 13/3). 

As combinações foram as mais diversas: um traria farinha, outro os ovos e, ao longe, alguém 

dizia que areia não poderia faltar. Fiquei surpresa por estes “rituais” ainda acontecerem nas 

escolas, e que ainda não se tenha discutido nada em relação ao desperdício de alimentos, sobre 

a fome, a miséria e a opção de fazer uma comemoração diferenciada e mais vantajosa a todos 

com os alimentos citados: um bolo, por exemplo.  

Neste dia, as atividades iniciaram-se por meio da realização de cálculos de multiplicação 

por dois números e de divisão por um número. Logo que os cálculos foram escritos pelo 

professor no quadro, surgiu do fundo da sala a seguinte pergunta: “Pode usar calculadora?”, e 

como resposta “Tu já sabe!” Me deparei pensando sobre o seguinte: Por que na escola não se 

pode utilizar a calculadora? Um recurso tão presente na vida das pessoas, assim como os 

celulares, os tablets, os notebooks e os computadores. Destaco que esse assunto me chamou 

muita atenção e logo me fez pensar em possibilidades de ação relativas ao meu estudo em 

questão.  

 O procedimento dos cálculos desenvolvido pelos alunos foi o mesmo que o adotado na 

aula passada. Contagem pelos dedos, desenho de risquinhos, contagem mental e logo que 

concluíam, poderiam conversar, desenhar ou auxiliar-se nos cálculos. Neste meio tempo, em 

que alguns estavam prontos, me chamou a atenção um aluno que havia desenhado uma planta 



32 
 

baixa da casa de sua avó que morava em Venâncio Aires. A casa possuía três andares, garagem, 

inúmeros quartos, quatro banheiros e demais cômodos. A representação não ficou das melhores, 

não havia nenhuma proporção, escala, mas, por meio da explicação oral do aluno, foi possível 

compreender o que era cada espaço representado e ter uma noção de como era realmente a casa. 

Ao ser perguntado sobre o motivo que o levara a realizar aquele esboço, foi dado como resposta 

a vontade de mostrar como era a casa de sua avó para um amigo da turma.  

 Dando continuidade à aula de Matemática, os alunos tiveram como proposta, escrever 

os seguintes números por extenso: 2.576 – 32.827 – 25 – 453 – 4.251 – 9.308. Logo após, 

ocorreu a correção, seguida do intervalo de aula.  

 Retornando à sala de aula, deu-se início à aula de Geografia, em que cada aluno recebeu 

o livro didático da disciplina e teve como orientação ler o capítulo dois (coincidiu com o 

capítulo de História) para depois responder às questões propostas pelo professor titular da 

turma, referentes à questões sobre noções espaciais. A atividade procedeu-se da mesma forma 

como as atividades de História da aula passada: leitura no livro, responder às questões propostas 

com base no livro e, por fim, correção coletiva. 

Ao término das duas observações desenvolvidas na turma, pude perceber inúmeros 

assuntos de interesse que foram sendo apresentados ao longo deste capítulo. Porém, levando 

em consideração a perspectiva sociocrítica de Modelagem Matemática idealizada por Barbosa, 

pensei que a quadra poliesportiva da escola, que estava em fase de conclusão, poderia se tornar 

um valioso assunto de pesquisa, por se tratar de um assunto que os alunos mostraram interesse, 

e, também, por todo o seu repertório social, já que, se trata de um bem público e que foi 

construído através de recursos federais e municipais, os quais, de uma forma ou de outra, foram 

gerados a partir da renda da própria sociedade que paga impostos, taxas, entre outros.  

Contudo, destaco que, através das observações que desenvolvi acerca de duas aulas, 

somadas aos interesses da turma, pude ter uma noção de onde partir na proposta de intervenção 

com a turma. Foi essencial ter desenvolvido tais observações, porque pude conhecer a turma e 

ter um maior contato com seus interesses.  

 Ainda durante as observações, entreguei para os pais dos alunos, mediante 

encaminhamento pelos alunos, um termo de consentimento (conforme APÊNDICE A), para 

melhor compreensão e autorização dos pais frente às propostas que o projeto visava desenvolver 



33 
 

com a turma e a finalidade de uso das imagens e registros das atividades realizadas durante o 

projeto. 

 Somente após definido o problema de pesquisa, que emergiu das observações 

desenvolvidas ao longo do mês de março, é que foi possível traçar uma série de possibilidades 

de práticas e propostas a serem desenvolvidas com a turma. No entanto, como a prática esteve 

centrada na perspectiva da Modelagem Matemática, não foi possível levar um planejamento 

pronto, fechado, acabado. Ambas as aulas direcionavam as aulas seguintes a outros rumos, de 

tal forma que, possibilitaram em uma reconstrução do conceito de planejamento e aula, trazendo 

à tona, um planejamento participativo.  

 Para que os objetivos da pesquisa fossem atingidos, desenvolvi, nos meses de abril e 

maio, seis encontros com a turma, ambos de quatro horas/aula. Os encontros foram 

desenvolvidos semanalmente, nas terças e quintas-feiras. Apenas o último encontro, que 

caracterizou-se por uma roda de conversa sobre todos os encontros, ocorreu em uma quarta-

feira, durante apenas uma hora. Neste, os alunos foram estimulados a relatarem suas percepções 

em relação à proposta de trabalho que foi conduzida com a turma, sob a perspectiva da 

Modelagem Matemática. Este diálogo foi gravado e conduzido por questões norteadoras 

mediadas pela professora investigadora, as quais foram pensadas e elaboradas ao longo da 

prática pedagógica investigativa. Este momento teve o propósito de fazer uma avaliação da 

prática pedagógica investigativa, apontar as construções individuais e coletivas alcançadas ao 

longo da proposta, facilidades, dificuldades e reflexões acerca do uso da Matemática para 

resolver situações cotidianas.  

 Durante a realização das práticas pedagógicas investigativas, tive o intuito de 

desenvolver registros sobre os alunos, de suas colocações, reflexões, formas de pensar e de 

resolver matematicamente situações que envolvam conceitos matemáticos. Tudo isso foi 

registrado no diário de campo, que também foi utilizado ao longo das observações das aulas 

propostas pelo professor regente da turma. Registros fotográficos e cópias dos materiais, 

produzidos pelos alunos durante o processo de investigação, também caracterizam-se por ser 

alternativas adotadas como instrumentos de pesquisa utilizados ao longo das propostas de 

investigação/intervenção que, posteriormente, possibilitaram a análise de dados.  

 Sobretudo, venho destacar que, para a prática pedagógica investigativa de fato 

acontecer, ocorreu ainda no semestre B de 2014, uma apresentação informal da temática do 



34 
 

projeto de pesquisa à equipe diretiva da escola onde ocorreu a investigação. No momento, 

houve um breve contato com a turma e atual professor regente. Também, houve a necessidade 

de fazer a retirada de cartas de apresentação com a coordenadora do Curso de Pedagogia, do 

Centro Universitário UNIVATES, para que fosse realizada uma apresentação formal do projeto 

de pesquisa, à Secretaria de Educação do município da escola onde aconteceu a 

pesquisa/intervenção. Além da apresentação formal à Secretaria de Educação, houve um novo 

contato com a equipe diretiva da escola, com prévio agendamento, para o início das atividades 

relativas à pesquisa através de observações. 

 A apresentação formal aconteceu, de fato, no mês de outubro de 2014. No dia, foi 

apresentada a proposta do projeto de pesquisa, com o objetivo de se realizar práticas 

pedagógicas em uma escola do município, centrada na Modelagem Matemática, consoante a 

perspectiva sociocrítica, caso 1, idealizada por Jonei Cerqueira Barbosa. A proposta de 

pesquisa/intervenção foi aceita e autorizada, conforme apresenta o Anexo A3. 

 A escola, na qual desenvolvi a proposta de prática pedagógica investigativa, caracteriza-

se por ser uma das maiores escolas municipais de um dos municípios do Vale do Taquari que, 

atualmente, possui cerca de 7.744 habitantes, conforme o censo de 2.000. A escola localiza-se 

no centro da cidade, foi fundada no dia vinte e oito de fevereiro de mil novecentos e sessenta e 

dois (28/02/1.962), e, atualmente, atende cerca de 268 alunos nos três turnos (manhã – tarde - 

noite), ofertando o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano), com 86 alunos nos Anos Iniciais e 159 

nos Anos Finais. A escola também oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA), em que atende 

cinco alunos da 3ª etapa (6º e 7º ano) e dezoito alunos da 4ª etapa (8º e 9º ano), totalizando 23 

alunos nesta modalidade de ensino. Todas as turmas de Anos Iniciais frequentam as aulas à 

tarde e os alunos do EJA à noite. As turmas dos Anos Finais (6º ao 9º ano) estão organizadas, 

tanto no turno da manhã, quanto no da tarde, já que há mais de uma turma para cada ano escolar.  

No turno da manhã, a escola oferece o Programa Mais Educação para os alunos de 1º 

ao 6º ano, que participam do turno extraclasse e permanecem na escola ao meio-dia, com 

horário de descanso. Na escola, o programa atende 40 alunos que são organizados em duas 

                                                           
3 Para manter sigilo quanto ao nome da instituição e demais pessoas envolvidas com a pesquisa, no Anexo A foram 

retirados todos os nomes e assinaturas que pudessem expor a instituição de ensino e responsáveis pela instituição 

onde aconteceu a prática pedagógica investigativa. No entanto, o documento original encontra-se arquivado com 

a professora pesquisadora.  



35 
 

turmas. A Turma 1 constitui-se de 22 alunos do 1º ao 5º ano. A Turma 2 atende parte dos alunos 

do 4º e 5º ano, juntamente com os alunos das duas turmas de 6ºano, totalizando 18 alunos. 

Em sua estrutura, a escola oferece seis salas de aula, uma sala de professores, uma 

secretaria/direção, cozinha, refeitório, biblioteca com espaço para pesquisa nos computadores, 

e, ainda, possui uma quadra coberta logo em frente à escola, destinada a práticas desportivas 

(localizada no terreno frontal da escola, separado por uma rua); conta, também, com uma 

segunda quadra coberta, que está em construção e que se encontra no pátio da própria escola. 

Pracinha, área de brita, “chimarródromo” (quiosque com bancos e churrasqueira, resgatando 

traços da cultura gaúcha), horta, também são alguns dos espaços que a escola disponibiliza. 

Atualmente há 21 professores e 4 funcionários que atuam na escola.   

Após explicar os caminhos metodológicos adotados nesta prática pedagógica 

investigativa, informo que, ao longo deste estudo, as identidades dos participantes da pesquisa 

e da instituição de ensino, onde desenvolvi a proposta de ação/intervenção, serão mantidas em 

sigilo. Desta forma, referente à escola, somente se apontará que a mesma situa-se em um dos 

municípios do Vale do Taquari e, em relação aos alunos, estes foram identificados a partir das 

letras do alfabeto, que vão do A ao T, totalizando vinte letras, pois foram vinte alunos que 

participaram deste estudo. Vale lembrar que não foi seguida nenhuma ordem para a 

identificação dos alunos por meio de letras. Cada qual foi identificado por uma letra, 

aleatoriamente, ao longo desta pesquisa.   

A seguir, no próximo capítulo, apresento aspectos relativos à prática pedagógica 

investigativa que desenvolvi através de seis encontros, ao longo dos meses de abril e maio, na 

turma do 5º ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública do Vale do Taquari/RS. 



 

 

 

 

4 DO TRABALHO PEDAGÓGICO 

 

4.1 Para início de conversa... 

Ao longo deste capítulo, apresento os movimentos relativos à proposta de Modelagem 

Matemática realizados ao longo dos seis encontros com a turma de 5º ano do Ensino 

Fundamental, de uma escola pública do Vale do Taquari, durante os meses de abril e maio de 

dois mil e quinze. Objetivo, neste capítulo, apresentar o que aconteceu ao longo dos encontros, 

pois não houve um planejamento sobre o que se faria desde o início, mas, uma construção com 

a turma. Os encontros partiram da problemática inicial relativa à natureza dos investimentos 

mobilizados para a construção da quadra poliesportiva coberta da escola. Vale lembrar que a 

referida proposta caracteriza-se por ser meu primeiro uso da Modelagem Matemática em sala 

de aula, com uma turma de alunos, sendo eu a mediadora da proposta. Portanto, como o próprio 

Dionísio Burak ressaltou, ao longo de uma das palestras do II Observatório da Educação 

UNIVATES, realizada do dia 10 de abril do corrente ano, iniciantes em Modelagem 

Matemática precisam ser estimulados a fazer Modelagem, iniciando na prática. Desta forma, 

precisam aprender fazendo e, de início, este fazer pode se desenvolver em curtos períodos de 5 

ou 6 aulas. Ainda, Burak destacou que muitos trabalhos de Modelagem Matemática podem 

levar bimestres, trimestres, semestres, ou mais, mas ficou claro que não seria necessário, logo 

de início, fazer algo “estonteante” em termos de Modelagem. Valeria começar aos poucos, 

aprendendo, qualificando-se e, cada vez mais, aprimorando-se.  

Frente a isso, desenvolvi minhas práticas pedagógicas investigativas em seis encontros, 

de forma que, no sexto, aconteceu o fechamento das propostas, juntamente com um diálogo, 

que foi gravado e que serviu de parâmetro de qualidade da proposta de Modelagem Matemática, 

na perspectiva sociocrítica, para a turma. 



37 
 

4.2 Primeiro encontro - 14 de abril de 2015 

 Para o primeiro encontro, organizamo-nos com as classes em meia lua, dispondo as 

cadeiras ao centro, para que fosse possível realizar uma roda de conversa participativa. Neste 

momento, os alunos foram instigados a relatarem tudo o que sabiam sobre a quadra 

poliesportiva coberta da escola, como uma explosão de ideias que possibilitasse inúmeros 

caminhos para a conversa.  

 Frente a esta situação, a professora pesquisadora lançou alguns questionamentos à 

turma, que remetiam a pensar sobre a natureza dos investimentos realizados na quadra. Todos 

os questionamentos foram realizados de maneira natural, ao longo do diálogo, possibilitando o 

entrecruzamento de ideias e informações trazidas pelos próprios alunos. Além das questões que 

seguem, naturalmente, surgiram demais problemáticas que foram lançadas ao longo da 

conversação. 

 Quem fez a quadra? 

 Quanto tempo levou para que ela fosse concluída? Tempo de construção. 

 Quanto vocês acham que foi gasto para a construção da quadra? 

 De onde veio o dinheiro para que a quadra fosse construída? 

As questões objetivavam a reflexão sobre a origem do dinheiro gasto ao longo da obra, 

o que repercute nos impostos que pagamos no dia a dia.  

A seguir, desenvolvemos a leitura coletiva da reportagem intitulada Quadra 

poliesportiva coberta da Cidade [...] começa a receber cobertura4, extraída do site oficial do 

município onde foi desenvolvida a prática pedagógica investigativa.  

Através da leitura da reportagem citada, ocorreu o levantamento de dados relativos à 

construção da quadra, tais como tempo de construção, início da obra, valor investido, valor 

repassado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e valor repassado 

pelo município. Somente a partir da reportagem, não haveria como chegar a todos os dados 

citados. No entanto, como a professora pesquisadora havia entrado em contato com a prefeitura 

                                                           
4 A reportagem citada pode ser encontrada nos anexos. Salvo que, os dados exclusivos relativos ao nome do 

município, nome da escola e outros dados foram tarjados para que não fosse possível a identificação dos mesmos, 

mantendo-os assim em sigilo.  



38 
 

 

municipal, as informações puderam ser confirmadas, convergidas e, outras ainda, apresentadas 

à turma pelas falas da professora.  

Relativo ao levantamento de dados, pode-se perceber que, como a obra ainda não está 

totalmente finalizada, não houve como estabelecer um período de construção. No momento em 

que a pesquisa aconteceu, faltavam alguns acabamentos como repintura da quadra e colocação 

das redes e das goleiras. A obra iniciou-se em 4 de abril de 2014 e foi possível, graças a recursos 

federais e municipais investidos, que totalizam o valor de 279.352,59 reais. Por meio da 

prefeitura municipal, ficamos cientes que 180.000,00 reais foram repassados via recursos 

federais, e os demais 99.352,59 reais são provenientes da contrapartida do município. 

Para finalizar, a turma se organizou em duplas, por preferência, e teve como proposta 

responder ao questionário a seguir, descrevendo o que sabiam sobre cada assunto que as 

questões remetiam a pensar. Antes, ocorreu uma leitura coletiva, com intuito de esclarecer 

qualquer dúvida que viesse a surgir quanto à interpretação das perguntas. No mais, cada dupla 

iniciou seu trabalho, expondo seu conhecimento acerca de cada tema, suas dúvidas e 

contribuições.  

Quadro 1 – Questionário proposto à turma no dia 14 de abril de 2015 

PARA PENSAR EM DUPLAS: 

1. Que tipos de impostos vocês conhecem? Liste-os abaixo, acompanhados por uma breve 

explicação dos mesmos. 

2. A coleta de impostos no Brasil se dá por diferentes instâncias (municipal, estadual e 

federal). Que tipos de ações prejudicam esta coleta? Citem as que vocês conhecem e 

expliquem. 

3. Citem abaixo, em forma de lista, os bens públicos que podemos encontrar em nosso 

município: 

4. Que atitudes devemos ter em relação aos bens públicos/patrimônios públicos? 

Justifiquem. 

Fonte: da autora. 

Desenvolvo, neste momento, uma breve referência ao andamento desta proposta de aula, 

que, ao longo de sua ação, sofreu alterações. Após os alunos terem respondido às questões, eu 

tinha como propósito desenvolver uma roda de conversa, com debate sobre as questões e análise 



39 
 

das respostas. Porém, isso não foi possível pelo fato da atividade ter se prolongado mais do que 

o esperado e, também, pelo motivo de eu ter percebido que algumas das duplas, provavelmente, 

não se sentiriam bem em apresentar suas respostas, o que prejudicaria a qualidade do debate. 

Desta forma, optei em alterar a programação, deixando a explanação das questões para o 

próximo dia, para que todas as respostas pudessem ser projetadas e visualizadas através de uso 

de um Datashow, e, a partir deste recurso, desenvolver uma análise crítica acerca de cada 

pergunta sugerida para pensar. 

 

4.3 Segundo encontro - 16 de abril de 2015 

 Para este dia, já havia sido agendada, com antecedência, uma palestra/conversa com o 

contador municipal, que se dispôs a conversar com a turma sobre os impostos. Antes de sua 

chegada, desenvolvemos a análise das respostas de todas as duplas frente às perguntas propostas 

na atividade da prática anterior. Como citado anteriormente do subitem que antecede este, eu 

organizei todas as respostas em um único documento Word5, uma resposta abaixo da outra, sem 

fazer menção aos nomes dos autores das respostas. Os autores foram identificados como dupla 

A, dupla B, e, assim, sucessivamente, até chegar a dupla de letra J, já que se formaram dez 

duplas.  

 Este momento foi essencial, já que foi possível esclarecer diversas dúvidas 

demonstradas pelas duplas, tais como o que seriam os impostos, diferenciação entre local 

público e bem público, conversa sobre as práticas que prejudicam a arrecadação de impostos 

(pirataria, contrabando, sonegação, desvio de dinheiro público) e outras que podem ser 

observadas através da leitura completa do documento. Para finalizar este momento, ao final do 

documento, a professora desenvolveu uma listagem de “pérolas” do quinto ano, que se 

caracterizaram pelas palavras que foram escritas de maneira equivocada. Ressaltei a 

importância de fazer a releitura de todo o material que é escrito, assim como atentar para que 

os mesmos erros não fossem repetidos.  

 Em seguida, assistimos ao vídeo intitulado A origem dos tributos6, que apresenta, ao 

longo de sua animação, conceitos referentes à origem do dinheiro investido em bens públicos, 

que vem dos tributos. De forma breve, é apresentada no vídeo, a origem dos tributos, que 

                                                           
5 O referido documento Word está disponibilizado nos anexos desta monografia. 
6 O vídeo citado pode ser encontrado no link: <https://www.youtube.com/watch?v=nVxQtbiAvMA>  



40 
 

surgiram, inicialmente, em forma de presentes que eram dados aos chefes (de tribos, de 

comunidades...). A palavra tributo significa o que é repartido pelas tribos. Com o passar dos 

anos, os tributos passaram a deixar de ser presentes e passaram a ser obrigação. O vídeo também 

faz referência a Tiradentes, que se revoltou pela cobrança injusta de tributos cobrados pelos 

governantes portugueses. Após este ocorrido, foram criadas leis que dispõem sobre a cobrança 

e uso dos tributos, que possuem uma finalidade social (para o benefício público). Por fim, 

destaca que os governantes não podem utilizar o dinheiro público como bem entendem, mas, 

sim, devem fazer um orçamento público, para saber como e onde vão gastar o dinheiro público. 

Logo em seguida ao vídeo, ocorreu uma breve conversa sobre as impressões da turma frente às 

informações apresentadas ao longo da animação.  

 Dando continuidade às propostas, recebemos a visita do contador municipal, que 

discorreu sobre os seguintes aspectos: 

 Principais impostos federais, estaduais e municipais cobrados no Brasil. 

 Exemplificação da questão anterior, explicando aos alunos como ocorre a arrecadação 

dos mesmos. 

 Onde fica o dinheiro que é arrecadado? 

 O que é feito com ele? Qual é o seu destino? 

 Planejamento orçamentário. 

 Quando o município precisa de uma verba estadual e/ou federal, quais são os 

procedimentos que deve seguir? – projetos 

 Licitações – o que são? Como funcionam? 

 Qual é o valor obtido pelo município na arrecadação anual de impostos? 

 Quanto é destinado a cada setor? (saúde, educação, segurança...) 

 Como foi o procedimento para a construção da quadra poliesportiva da escola? 

 Importância dos impostos para o município. 

 Ações que beneficiam/auxiliam para que, de fato, a cobrança de impostos seja realizada 

– nota fiscal e outros. 

 Ações que prejudicam a arrecadação de impostos. 

 Como deve ser a nota fiscal para que ela seja considerada válida? Se possível, trazer 

exemplos. 

 Quanto de impostos pagamos sobre o que compramos? 

 Há como os munícipes acompanharem os gastos públicos municipais? Como? 



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Após a visita, a turma teve como proposta elaborar um relatório (como tema de casa) 

contendo as informações que lhe chamaram atenção ao longo da explanação desenvolvida pelo 

contador municipal.  

 

4.4 Terceiro encontro - 23 de abril de 2015 

Neste dia, a aula iniciou-se com um trabalho de análise em grupos. Desta maneira, a 

turma organizou-se em três grandes grupos, que tiveram a proposta de observar, ler, comparar 

e manusear notas fiscais diversas, a fim de desenvolver um levantamento de dados das 

informações que se assemelhavam entre as notas fiscais. Passado um tempo, o tempo necessário 

para que cada grupo realizasse a análise, cada qual apresentou o que haviam observado. Após 

a explanação de cada grupo, desenvolvemos, coletivamente, um levantamento, no quadro, dos 

itens necessários (dados/informações) de uma nota fiscal.   

Ainda, aproveitando o material que estava sendo manuseado/explorado, os alunos foram 

incentivados a buscarem, nas notas fiscais, os valores aproximados de tributos arrecadados na 

compra. Neste momento, aconteceu uma breve explanação realizada pela professora, frente à 

lei 12.741/2012, que exige que, a partir de junho/2013, todo documento fiscal ou equivalente 

emitido, contenha a informação do valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos 

federais, estaduais e municipais, cuja incidência influencia na formação dos respectivos preços 

de venda. 

Para dar continuidade aos estudos, a professora pesquisadora desenvolveu os seguintes 

questionamentos à turma:  

 De que forma são apresentados os valores dos tributos nas notas fiscais? 

 Por que valor aproximado e não valor real de tributos cobrados? 

 O que sabem por porcentagem? 

 Onde encontramos situações em que utilizamos porcentagem? 

 Se um produto custa R$ 200,00 e 50% deste valor são os impostos cobrados pelo 

produto, quanto pagaremos de imposto? 

 E se a taxa fosse de 25%, quanto de imposto pagaríamos pelo produto? E no caso de 

10%? 



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Busquei relacionar a porcentagem com as frações, levando em consideração que 50% é 

a metade, ou seja, divide-se por dois. Vinte e cinco por cento é uma parte de quatro, portanto, 

divide-se em quatro. Dez por cento é uma parte de dez, sendo, desta forma, necessária a divisão 

em 10 partes iguais. Também houve a representação simbólica, no quadro das porcentagens 

(100% - 50% - 25% - 10%). Outra inferência desenvolvida, partiu da própria palavra 

porcentagem, onde atribuí-mo-lhe o significado de por cem. Que a cada cem reais, 10 reais são 

impostos, juros, descontos, quando se trata de 10%, por exemplo. 

Após as discussões, a professora entregou, a cada aluno, o desafio a seguir que, 

inicialmente, foi desenvolvido de forma indivudual e, após, em conjunto.  

Quadro 2 – Desafio proposto à turma no dia 23 de abril de 2015 

Conforme o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), um videogame possui 

72,18% de impostos cobrados sobre o seu valor. Levando em consideração que um videogame 

XBOX custa R$ 1.169,90, quanto pagaremos de impostos sobre o seu valor? 

Fonte: da autora. 

A questão foi lida coletivamente e foi analisada, além de desenvolver-se uma estimativa 

de quanto seria o valor de impostos cobrados, em dinheiro, sobre o produto. Também, os alunos 

foram instigados a realizarem uma aproximação, por meio de cálculos, que permitissem 

encontrar um valor aproximado de impostos cobrados sobre o produto informado, levando em 

consideração o que foi conversado anteriormente sobre 100%, 50%, 25% e 10%.  

  

4.5 Quarto encontro - 28 de abril de 2015 

 Para a tarde deste dia, objetivei a resolução das duas atividades que seguem. Ambas 

foram propostas em duas situações, sendo a primeira individual e a segunda coletiva, com 

análise das diferentes maneiras (estratégias) que a turma utilizou para chegar ao resultado.  

 

 

 



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Quadro 3 – Atividade 1, proposta à turma no dia 28 de abril de 2015 

Resolva as seguintes questões: 

1) Observe o cupom fiscal a seguir e responda as questões a, b e c: 

 

FONTE: http://blogdegenerostextuais.blogspot.com.br/2014/05/cupom-fiscal-trabalhar-esse-genero-em.html 

a) Qual é o valor total da compra? Explique como você chegou até este valor. 

b) Sabendo que 26,17% da compra correspondem aos impostos cobrados, qual é, 

aproximadamente, o valor total (em reais) de impostos cobrados? Explique como você 

chegou a este resultado. 

c) Caso a compra estivesse livre de impostos, quanto seria o valor a ser cobrado? Explique 

como chegou a este resultado. 

Fonte: da autora. 

 

 

 



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Quadro 4 – Atividade 2, proposta à turma no dia 28 de abril de 2015 

 

2) Observe o cupom fiscal a seguir e responda as questões a, b e c: 

 

FONTE: http://www.liberal.com.br/noticia/AEBE14259