UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES (S&OP) EM EMPRESA DE BEBIDAS Guilherme Ricardo Bohnert Lajeado, novembro de 2017. Guilherme Ricardo Bohnert PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES (S&OP) EM EMPRESA DE BEBIDAS Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso – Etapa II, do Curso de Engenharia de Produção, da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, como parte da exigência para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Me. William Jacobs. Lajeado, novembro de 2017. Guilherme Ricardo Bohnert PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES (S&OP) EM EMPRESA DE BEBIDAS A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso – Etapa II, na linha de formação específica em Engenharia de Produção, da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, como exigência para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção: Prof. Manfred Costa, UNIVATES Mestre pela UFRGS, Porto Alegre. Prof. Willian Jacobs, UNIVATES Mestre pela UFSM, Santa Maria. Prof. Márcia Jussara Hepp Rehfeldt, UNIVATES Doutora pela UFRGS, Porto Alegre. Lajeado, 08 de dezembro de 2017. RESUMO O setor de bebidas é um dos mais competitivos no Brasil e no mundo. A globalização do mercado e suas mudanças frequentes tornam evidente a busca por novas técnicas de planejamento integrado para as diversas áreas de uma empresa, como marketing, financeiro, operações e vendas, sendo estes realizados de médio a longo prazo. O Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) é um processo que possui como propósito desenvolver um plano coordenado para toda a empresa. O presente estudo tem por objetivo definir um processo de S&OP que possibilite integrar os planos de vendas, marketing, financeiro e operações, garantindo o alinhamento entre áreas em empresa do ramo de bebidas. O estudo aborda os processos de caracterização e implementação do S&OP. Buscou-se também, a avaliação do estágio de maturidade do S&OP, levantando-se pontos de melhoria. Para isso, utilizou-se uma pesquisa de natureza aplicada, com objetivos exploratórios e descritivos de forma a levantar informações para a pesquisa. Em relação à abordagem, classifica-se como qualitativa e, quanto aos procedimentos técnicos, caracteriza-se por pesquisa bibliográfica, estudo de caso e pesquisa-ação. Quanto aos resultados, através de análises antecipadas das restrições de operações e vendas possibilitou-se o equilíbrio entre planos, além da execução de um processo robusto, com um alinhamento de informações em todos os níveis da estrutura organizacional da empresa. A aplicação do processo definido possibilita também a obtenção de um estágio de nível avançado na execução do S&OP, com um processo robusto que permite o alinhamento e harmonia entre as áreas. Palavras-chave: Planejamento de Vendas e Operações (S&OP). Planejamento e Controle da Produção (PCP). Planos Integrados. Empresa de bebidas. ABSTRACT The beverage sector is one of the most competitive in Brazil and in the world. The market globalization and its frequent changes requires the search for new integrated planning techniques for the many areas of a company, such as marketing, financial, operations and sales, which are carried out in the medium to long term. Sales and Operations Planning (S&OP) is a process whose purpose is to develop a coordinated plan for the entire company. The objective of this study is to define an S&OP process that allows integrating the sales, marketing, financial and operations plans, ensuring the alignment between areas in the beverage business. The study address S&OP characterization and implementation processes. It also sought to assess the S&OP maturity stage, raising points for improvement. For this, a research of an applied nature was used, with exploratory and descriptive objectives in order to obtain information for the research. Regarding the approach, it is classified as qualitative and, in terms of technical procedures, is characterized by bibliographic research, case study and action research. As for the results, through an analysis of the restrictions of operations and sales, it was possible to balance the plans, as well as to execute a robust process, with an alignment of information at all levels of the company's organizational structure. The application of the developed process also allows obtaining an advanced level stage in the execution of the S & OP, with a robust process that allows the alignment and harmony between the areas. Keywords: Sales and Operations Planning (S&OP). Production Planning and Control (PCP). Integrated Plans. Beverages company. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Benefícios obtidos com a adoção do S&OP ............................................. 14 Figura 2 – Estrutura de um Sistema de PCP............................................................. 18 Figura 3 – Estrutura de Caracterização do Processo de S&OP ................................ 25 Figura 4 – Modelo de Cronograma de S&OP ............................................................ 25 Figura 5 – Modelo de time fence ............................................................................... 32 Figura 6 – Arquitetura tecnológica do S&OP ............................................................. 33 Figura 7 – Estrutura de Implementação do S&OP .................................................... 34 Figura 8 – Atividades pertencentes ao ciclo S&OP ................................................... 35 Figura 9 – Planilha S&OP em valor monetário .......................................................... 41 Figura 10 – Consolidação de informações ................................................................ 42 Figura 11 – Indicadores de Desempenho mais utilizados no S&OP ......................... 49 Figura 12 – Classificações da Pesquisa Científica .................................................... 56 Figura 13 – Planejamento do Método de Pesquisa ................................................... 59 Figura 14 – Cronograma de Definição do Processo de S&OP .................................. 65 Figura 15 – Estrutura hierárquica do Processo de S&OP ......................................... 68 Figura 16 – Distribuição das Famílias no faturamento .............................................. 70 Figura 17 – Horizonte de Planejamento e time fence ................................................ 72 Figura 18 – Cronograma de Definição da Implementação ........................................ 74 Figura 19 – Ciclo de S&OP utilizado pela empresa ................................................... 75 Figura 20 – Ciclo de S&OP definido .......................................................................... 75 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Conceitos importantes à Equipe de S&OP ............................................. 27 Quadro 2 – Estrutura de Responsabilidades ............................................................. 28 Quadro 3 – Estruturação de famílias de produtos ..................................................... 29 Quadro 4 – Questões a serem tratadas na fase de Planejamento de materiais e capacidade ................................................................................................................ 37 Quadro 5 – Atividades referentes ao teste piloto ....................................................... 43 Quadro 6 – Modelo de Lista de Verificação ............................................................... 46 Quadro 7 – Pontuação do nível de S&OP ................................................................. 47 Quadro 8 – Indicadores para o processo de S&OP .................................................. 48 Quadro 9 – Modelo de avaliação de maturidade do S&OP ....................................... 51 Quadro 10 – Modelo de integração do S&OP ........................................................... 53 Quadro 11 – Informações do processo analisadas ................................................... 63 Quadro 12 – Análise dos critérios do processo ......................................................... 64 Quadro 13 – Tópicos abordados no treinamento de S&OP ...................................... 66 Quadro 14 – Papéis e responsabilidades no Processo de S&OP ............................. 67 Quadro 15 – Famílias de Produtos para o Processo de S&OP ................................. 69 Quadro 16 – Atividades do ciclo de S&OP definido ................................................... 76 Quadro 17 – Comparativo entre políticas de S&OP .................................................. 77 Quadro 18 – Informações contidas na planilha de S&OP ......................................... 78 Quadro 19 – Entregas setoriais para processo de S&OP ......................................... 78 Quadro 20 – Informações de decisão de famílias para o teste piloto ........................ 79 Quadro 21 – Pontos para desenvolvimento ao processo de S&OP .......................... 80 Quadro 22 – Critérios de avaliação da Revisão Crítica ............................................. 81 Quadro 23 – Indicadores de desempenho para o S&OP .......................................... 83 Quadro 24 – Estágio de Maturidade do S&OP executado ........................................ 85 Quadro 25 – Pontos de melhoria ao processo executado ......................................... 86 LISTA DE ABREVIATURAS AFEBRAS Associação de Fabricantes de Refrigerantes do Brasil AMBEV Companhia de Bebidas das Américas APS Advanced Planning and Scheduling Systems CRP Capacity Requirements Planning DRP Distribution Requirements Planning EBITA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization ERP Enterprise Resource Planning IBP Integrated Business Planning ILOS Instituto de Logística e Supply Chain MPS Master Production Schedule MRP Material Requirement Planning P&D Pesquisa e Desenvolvimento PCP Planejamento e Controle da Produção RCCP Rough Cut Capacity Planning RS Rio Grande do Sul S&OP Sales and Operations Planning S.A. Sociedade por Ações SFC Shop Floor Control SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 Tema ................................................................................................................... 13 1.2 Delimitação do estudo ...................................................................................... 13 1.3 Objetivos ............................................................................................................ 13 1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 13 1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13 1.4 Justificativa ........................................................................................................ 14 1.5 Estrutura ............................................................................................................ 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17 2.1 Planejamento e Controle da Produção ............................................................ 17 2.1.1 Planejamento Estratégico .............................................................................. 19 2.1.2 Gestão da Demanda ....................................................................................... 19 2.1.3 Planejamento Mestre da Produção ............................................................... 19 2.1.4 Planejamento Grosseiro de Capacidade ...................................................... 20 2.1.5 Planejamento das Necessidades de Materiais ............................................ 20 2.1.6 Planejamento de Capacidade de Curto Prazo ............................................. 20 2.1.7 Shop Floor Control ......................................................................................... 21 2.1.8 Compras .......................................................................................................... 21 2.2 Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) .............................................. 21 2.3 Caracterização do processo de Planejamento de Vendas e Operações ...... 23 2.3.1 Definição do cronograma de implementação do S&OP .............................. 25 2.3.2 Treinamento das pessoas envolvidas .......................................................... 26 2.3.3 Definição de papéis e responsabilidades .................................................... 27 2.3.4 Definição das famílias e subfamílias de produtos ...................................... 28 2.3.5 Definição do horizonte de planejamento e time fence ................................ 30 2.3.6 Definição do sistema de informação para o S&OP ..................................... 32 2.4 Implementação do processo de S&OP ............................................................ 34 2.4.1 Aplicação das etapas do Ciclo de S&OP ...................................................... 35 2.4.2 Levantamento de dados ................................................................................ 36 2.4.3 Planejamento da Demanda ............................................................................ 36 2.4.4 Planejamento de materiais e capacidade ..................................................... 37 2.4.4.1 Pré-reunião de S&OP .................................................................................. 38 2.4.4.2 Reunião Executiva de S&OP ...................................................................... 38 2.4.5 Política de S&OP ............................................................................................ 39 2.4.6 Criação dos relatórios de S&OP ................................................................... 40 2.4.7 Teste piloto e ajustes S&OP .......................................................................... 43 2.4.8 Primeiro ciclo S&OP....................................................................................... 44 2.4.9 Melhoria Contínua .......................................................................................... 46 2.4.10 Indicadores de desempenho ....................................................................... 48 2.5 Maturidade do Processo de S&OP .................................................................. 50 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 55 3.1 Método científico ............................................................................................... 55 3.2 Planejamento do método .................................................................................. 58 4 PROCESSO DE S&OP EM EMPRESA DE BEBIDAS .......................................... 62 4.1 Caracterização da empresa .............................................................................. 62 4.2 Análise do planejamento de vendas e das operações ................................... 63 4.3 Definição das características do Processo de S&OP .................................... 65 4.3.1 Treinamento e Capacitação dos Envolvidos ................................................ 66 4.3.2 Papéis e Responsabilidades ......................................................................... 67 4.3.3 Definição das Famílias de Produtos ............................................................. 69 4.3.4 Horizonte de Planejamento e time fence ...................................................... 71 4.3.5 Sistema de Informação para o S&OP ........................................................... 72 4.4 Definição da etapa de Implementação do Processo de S&OP ...................... 73 4.4.1 Ciclo Mensal do Processo de S&OP ............................................................. 74 4.4.2 Política de S&OP ............................................................................................ 76 4.4.3 Relatórios de S&OP........................................................................................ 77 4.4.4 Teste Piloto do Processo de S&OP ............................................................... 79 4.4.5 Análise das informações obtidas .................................................................. 80 4.4.6 Melhoria Contínua .......................................................................................... 81 4.4.7 Indicadores de desempenho ......................................................................... 82 4.5 Análise do Estágio de Maturidade do Processo de S&OP............................. 84 5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 87 5.1 Conclusões Finais ............................................................................................. 87 5.2 Sugestões de trabalhos futuros ....................................................................... 88 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90 APÊNDICES ............................................................................................................. 96 APÊNDICE A – Formulário de Entrevista .............................................................. 97 APÊNDICE B – Planilha de S&OP .......................................................................... 99 APÊNDICE C – Planilha de S&OP ........................................................................ 100 APÊNDICE D – Lista de Verificação ..................................................................... 101 11 1 INTRODUÇÃO O setor de bebidas é um dos mais competitivos no Brasil e no mundo, sendo que duas das maiores empresas estão neste segmento, grupo Coca-Cola e a Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV). De acordo com a AFEBRAS, é um mercado altamente disputado, em que empresas necessitam obrigatoriamente analisar e garantir uma confiabilidade nos seus processos internos, a fim de proporcionar a eficácia de sua funcionalidade, propondo diariamente melhorias para manter-se no mercado e atender as necessidades do cliente. A crescente globalização do mercado, bem como suas mudanças frequentes torna cada vez mais necessária uma busca por técnicas de planejamento que propiciem o atingimento das metas estabelecidas na estratégia empresarial. Novos métodos possibilitam uma grande quantidade de informações, muitas vezes analisadas de formas isoladas e levando a decisões parciais, afetando dessa forma outros departamentos e comprometendo o resultado global da empresa (NAVARRO; LIMA, 2006). Conforme Nogueira, Sato e Alcantara (2012), o principal desafio das empresas, quanto ao desdobramento das decisões estratégicas, é o estabelecimento de melhores métodos para desdobrar o plano estratégico em operações diárias, de maneira a balancear de forma adequada suprimentos e demanda, aumentando o nível de serviço ao cliente. Para Tanajura e Cabral (2011), a coordenação das atividades que uma empresa precisa realizar para almejar seus objetivos tem que estar alinhada em um 12 único direcionamento, sendo ele firme e plenamente conhecido pela organização. Uma estratégia organizacional competitiva bem traçada é a primeira etapa para a obtenção de seus objetivos. Além disso, o processo de planejamento constitui-se de uma importante etapa para tomada de decisões em relação às diversas áreas de uma empresa, consistindo basicamente em fases de determinação de objetivos, análise de fatores importantes para a execução do plano elaborado, geração de ações e monitoramento dos resultados (PORTO, 2006). Dentro desse contexto, surge então o processo de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP), que possibilita manter uma estratégia empresarial alinhada aos processos funcionais da organização, proporcionando ao planejamento da empresa uma busca pelo objetivo comum em todas as áreas (CRUZ, 2017). Ainda, com o processo de S&OP torna-se possível o realinhamento dos planos estratégicos das áreas funcionais da empresa, buscando auxiliar a organização no alcance de suas metas e objetivos (PEDROSO; SILVA, 2015). Vale ressaltar ainda que o S&OP tem a capacidade de oferecer um melhor atendimento ao cliente, abaixar os níveis de estoques, diminuir os prazos de entregas aos clientes, estabilizar os índices de produção, possibilitar a alta administração um controle efetivo sobre a empresa, criando dessa forma, uma equipe de trabalho entre Vendas, Operações, Finanças e Desenvolvimento de Produtos (WALLACE, 2008). Dessa forma, é possível se verificar a importância da execução de planejamentos cada vez mais eficientes e eficazes, capazes de desdobrar a estratégia empresarial garantindo a integração interna e reduzindo variações existentes nos diversos planos existentes dentro de uma organização. Essas divergências são provenientes de variações encontradas entre demanda e suprimentos. Acredita-se que esse processo de planejamento pode ser otimizado através da aplicação da metodologia de S&OP, sendo capaz de reduzir a divergência entre esses planos e garantir o alinhamento entre áreas. A principal questão a ser respondida é: qual é a forma mais apropriada para o processo de S&OP numa empresa de bebidas? 13 1.1 Tema O tema abordado neste estudo consiste na definição de um processo de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) para uma empresa de bebidas. 1.2 Delimitação do estudo Este estudo abordará as etapas de caracterização, implementação e avaliação de maturidade de um processo de S&OP, sendo expostas e descritas ao longo do trabalho. Por questões estratégicas, a empresa em estudo solicitou para que não seja divulgado o seu nome, bem como nenhum valor financeiro e nenhuma meta de seus indicadores neste trabalho. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral O objetivo do estudo é definir o processo de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) mais apropriado, com base em pesquisa bibliográfica, para uma empresa do ramo de bebidas. 1.3.2 Objetivos específicos São objetivos específicos do estudo: - Revisar a literatura referente ao S&OP, verificando os principais aspectos a se considerar na sua definição e implementação em empresa de bebidas; - Definir, por meio de um estudo de caso, as etapas de caracterização e implementação do processo de S&OP; 14 - Avaliar o estágio de maturidade do processo de S&OP executado e analisar pontos de melhoria. 1.4 Justificativa O estudo tem como proposta aperfeiçoar o processo de tomada de decisões e reduzir a divergência dos planos das diversas áreas de uma empresa do ramo de bebidas, sincronizando assim a demanda e oferta da mesma. Segundo o ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain (2010) existem alguns benefícios que resultam da aplicação do S&OP. Na Figura 1 são exemplificados os benefícios resultantes do S&OP. Figura 1 – Benefícios obtidos com a adoção do S&OP Fonte: ILOS (2010, p. 8). Sendo assim, é possível analisar o percentual de citações de cada benefício que as companhias vêm alcançando ao longo da utilização do processo de S&OP. Dessa forma, este trabalho buscará avaliar formas de melhorar o desempenho do processo de planejamento em empresas, o que possibilitará a obtenção dos benefícios citados acima. Para Palmatier e Crum (2002), os benefícios obtidos através do S&OP são amplos e à medida que as organizações ganham uma maior experiência com a realização dos ciclos do S&OP, as mesmas conseguem melhorar o seu desempenho no processo, o que de fato leva a melhoria de todo o negócio. Além disso, com o 79% 77% 75% 68% 63% 54% 52% 36% Melhoria da acurácia da previsão de vendas Otimização no uso de ativos Redução de estoques Redução no tempo de programação da produção Melhoria no pedido perfeito para o cliente Melhoria no lançamento dos novos produtos Aumento da receita da empresa Melhoria do relacionamento com prestadores… Benefícios do S&OP % de citações 15 S&OP é possível obter-se um gerenciamento do negócio de forma mais eficaz pela equipe de gestão da organização. Segundo Pedroso (2014), o S&OP atua ainda como um processo mais colaborativo, ou seja, integra as diversas áreas funcionais da empresa, sendo uma das suas prioridades a facilitação do planejamento da produção, o planejamento da demanda e a transmissão do fluxo de informações entre esses planejamentos. O S&OP também busca facilitar a transmissão das informações, proporcionando uma sincronização entre os planejamentos e também os tornando mais aprimorados. Ainda, a utilização do processo de S&OP objetiva a ligação da visão do futuro com a situação atual da organização, obtendo-se assim planejamentos contínuos, com a finalidade de corrigir qualquer desequilíbrio entre demanda e produção. Silva, Esteves e Pedroso (2012) citam a importância do S&OP quanto à criação de planos mais realistas, sendo determinados de maneira mais aprimorada e com metas funcionais. Dessa forma, têm-se metas estratégicas bem próximas das atividades do nível tático. Com isso, almeja-se com este trabalho a exposição da definição de um processo de planejamento integrado e com isso, evidenciarem-se os métodos de redução das variações encontradas em toda a cadeia produtiva de uma empresa, desde a demanda até o planejamento de suprimentos. Além disso, busca-se a análise de formas de aplicação de pontos de melhoria em planejamentos de vendas e das operações, mencionando-se métodos de avaliação de maturidade do processo, e, para isso, se utilizará o desdobramento do Planejamento de Vendas e Operações (S&OP). 1.5 Estrutura O primeiro capítulo apresenta a introdução do trabalho, o tema, objetivos gerais, objetivos específicos, justificativas para a pesquisa, delimitação do trabalho e a estrutura de como o trabalho foi elaborado. O segundo capítulo é destinado à revisão bibliográfica da literatura dos temas abordados no trabalho. 16 O terceiro capítulo remete à metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho. O quarto capítulo apresenta a caracterização da empresa e o processo de planejamento da empresa. Este capítulo também ressalta o estudo de caso e a execução do desenvolvimento do projeto, conforme metodologia do Processo de S&OP. No quinto capítulo foram descritas as considerações finais do trabalho, bem como sugestões de trabalhos futuros. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo aborda assuntos relacionados ao Planejamento de Vendas e Operações, a definição de sua caracterização e a metodologia de implementação, incluindo etapas de criação de documentos e desenvolvimento deste processo, bem como a avaliação de maturidade do mesmo. 2.1 Planejamento e Controle da Produção Segundo Vollmann et al. (2006), o sistema de Planejamento e Controle da Produção (PCP) ocupa-se de todos os aspectos da produção em uma organização, inclusive do gerenciamento de materiais, da programação de máquinas e pessoas e da coordenação de fornecedores e principais clientes. O PCP é responsável ainda por determinar o que, quanto, quando, como, onde e quem irá produzir, inclusive sistematizando e aplicando da melhor forma possível os recursos produtivos de maneira a atender os planos estabelecidos. Para a execução do processo de transformação em um sistema produtivo, ele precisa ser pensado em termos de prazo, dessa forma o planejamento analisa o seu horizonte em três níveis: o longo, o médio e curto prazo. As atividades do PCP são basicamente divididas em três níveis hierárquicos de planejamento e controle das atividades produtivas, sendo eles: nível estratégico, nível tático e nível operacional (CASTRO et al., 2015). 18 Na Figura 2 é exemplificado um modelo de estrutura de um sistema geral de PCP e seus os níveis hierárquicos e de horizonte. Figura 2 – Estrutura de um Sistema de PCP Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), os módulos acima apresentados formam uma hierarquia de planejamento, em que as decisões realizadas nos níveis superiores interferem nas decisões de níveis inferiores. Sendo assim, essa estrutura possibilita vincular o planejamento de longo prazo, realizado pelo S&OP, às decisões delimitadas no curtíssimo prazo, sendo essas gerenciadas pelo nível operacional, garantindo um alto grau de coerência entre todos os níveis de decisões. Dentro desse contexto, Vollmann et al. (2006) destacam ainda a importância que o PCP tem para o processo de S&OP. Essa importância se dá ao fato do plano de operações ser desmembrado principalmente através dos módulos relacionados Estratégico Longo Prazo Tático Médio Prazo Operacional Curto Prazo Operacional Execução Planejamento Estratégico S&OP Plano de produção agregado MPSRCCP Gestão de Demanda MRPCRP SFCCompras 19 ao PCP: planejamento estratégico, planejamento mestre da produção, gerenciamento da demanda, planejamento das necessidades de materiais, planejamento de capacidade e recursos, compras e, por fim, o controle de chão de fábrica. 2.1.1 Planejamento Estratégico Esse planejamento tem como objetivo a escolha de linha de produtos, localização de novas fábricas, projeto dos processos industriais, envolvendo horizontes de longo prazo (ZATTAR, 2004). O planejamento estratégico é apoiado pelo S&OP, através das análises e revisões periódicas realizadas por este processo, o que de fato garante a sua viabilidade, efetividade e seu equilíbrio (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). 2.1.2 Gestão da Demanda A Gestão da Demanda é composta por atividades como previsão, cadastramento de pedidos, promessa de data de entrega, serviço ao cliente e distribuição física, sendo essa inserida pela área de vendas por meio de informações de mercado (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). As informações fornecidas pela Gestão da Demanda são utilizadas pelo S&OP para desenvolver os planos de vendas e de operações num nível razoável de agregação (VOLLMANN et al., 2006). 2.1.3 Planejamento Mestre da Produção A principal função do Planejamento Mestre de Produção é balancear os níveis de suprimentos e demanda dos produtos finais, período a período. Esse processo é realizado através de uma definição de programas detalhados de produção dos produtos finais, suportando assim os planos agregados desenvolvidos pelo S&OP (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). Nesse contexto, o Planejamento Mestre de Produção deve ser mantido de acordo com o plano de operações realizado pelo S&OP (VOLLMANN et al., 2006). 20 2.1.4 Planejamento Grosseiro de Capacidade O Planejamento Grosseiro de Capacidade visa suportar as decisões tomadas no Planejamento Mestre da Produção, tendo como objetivo a antecipação das necessidades de capacidade de recursos com prazos de poucos meses para obtenção, a geração de um plano de produção viável e o suporte à decisão de quanto produzir de cada produto (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). Nesse planejamento, são realizados cálculos grosseiros, apenas para os recursos críticos (OLIVEIRA; HATAKEYAMA; PILATTI, 2006). O objetivo principal desse planejamento é analisar se será possível cumprir o plano de recursos estabelecido no S&OP, devendo existir uma correta desagregação do que se definiu no seu processo de planejamento (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). 2.1.5 Planejamento das Necessidades de Materiais O Planejamento das Necessidades de Materiais permite a tomada de decisão, com base no Planejamento Mestre da Produção, de quanto e quando produzir e comprar os diversos semi-acabados, componentes e matérias-primas (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). Um serviço crítico fornecido pelo Planejamento das Necessidades de Materiais é o aviso aos sistemas de Shop Floor Control de todas as alterações nos planos de materiais executados (VOLLMANN et al., 2006). 2.1.6 Planejamento de Capacidade de Curto Prazo A principal funcionalidade do Planejamento de Capacidade de Curto Prazo é suportar as decisões do Planejamento das Necessidades de Materiais, tendo como objetivo a antecipação das necessidades de capacidade de recursos com prazo de poucas semanas para obtenção e a geração de um plano detalhado de produção e compras que seja viável (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). Inclui-se nessas decisões a consideração sobre tamanho dos lotes, lead times e as ordens planejadas para liberação futura (VOLLMANN et al., 2006). 21 2.1.7 Shop Floor Control O Shop Floor Control é responsável por complementar os recursos do Planejamento das Necessidades de Materiais, munindo o planejador de informações coordenadas e detalhadas dos eventos do chão de fábrica, na medida em que estes ocorrem (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). Este módulo determina o tempo médio de espera nos centros de trabalho, alocando máquinas e trabalhadores (ZATTAR, 2004). 2.1.8 Compras O módulo de Compras tem uma função semelhante ao Shop Floor Control, em que, nesse caso, controla as ordens de compras dos materiais fazendo interface entre o planejamento e os fornecedores de componentes e matérias-primas (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). Este módulo é responsável também pelos programas de desenvolvimento de fornecedores (ZATTAR, 2004). O subcapítulo a seguir trata do Planejamento de Vendas e Operações, sendo cada etapa do processo detalhada, bem como suas fases de caracterização e implementação. 2.2 Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) O Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) é um processo que tem como propósito desenvolver um plano coordenado para toda a empresa, relacionando os objetivos estratégicos da produção e tratando dos vários planejamentos, como o planejamento de marketing, planejamento financeiro, planejamento de operações e planejamento de vendas. Dessa forma, o S&OP garante os principais processos de comunicação para a alta administração controlar as diversas atividades da empresa (VOLLMANN et al., 2006). Kralik e Fogliatto (2016) consideram o S&OP como um processo utilizado pela alta gerência da organização para dar suporte no planejamento e na execução dos 22 planos estratégicos, garantindo a priorização de demandas, avaliação e priorização de riscos, o que de fato permite um melhor controle da variabilidade dos planos de venda e de produção da empresa e uma tomada de decisões efetivamente mais rápida. Nesse contexto, o S&OP tem quatro fundamentos: demanda, suprimento, volume e mix. O volume diz respeito a quanto produzir e as taxas de produção por famílias de produtos; e o mix, diz respeito às decisões detalhadas referentes a quais produtos individuais devem ser produzidos, bem como a sequência e a quais pedidos de clientes. Ainda, necessita-se a manutenção de um equilíbrio entre demanda e suprimento, papel esse importante no S&OP realizado através da coordenação dos planos das diferentes áreas (VOLLMAN et al., 2006). As estratégias dos diferentes negócios da empresa devem ser coerentes, necessitando de uma sinergia para o atingimento dos objetivos estratégicos. As estratégias funcionais das áreas de negócio devem ter integração e sinergia, para que dessa forma, se possa gerar competitividade ao negócio (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008; PEDROSO, 2014). Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), o S&OP é uma importante ferramenta dentro do processo de gestão de empresas, pois garante uma integração vertical entre os níveis de decisões, estratégicos e operacionais, assegurando que a definição realizada durante a elaboração estratégica seja realmente realizada por meio de decisões operacionais. Também, fornece uma integração horizontal entre decisões de mesmo nível, porém em diferentes funções da empresa, como por exemplo, marketing, manufatura e finanças. O processo de integração vertical ocorre a medida que há a definição dos planos operacionais de curto prazo por meio dos planos estratégicos de longo prazo, objetivando-se a coordenação de recursos logísticos e da cadeia de suprimentos, garantindo dessa forma a satisfação das solicitações específicas dos clientes. Evidencia-se também essa integração a partir do momento em que os planos de cada departamento são revisados continuamente com a finalidade de verificar a situação atual da empresa, direcionando assim o cumprimento dos objetivos estratégicos. Já a integração horizontal garante a elaboração de planos realísticos e 23 funcionais tendo em vista um mesmo objetivo. Dessa forma, tem-se um consenso mútuo das capacidades, restrições e dificuldades de cada setor (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Nesse processo, tem-se o desenvolvimento dos planos financeiros da empresa, visando atender as expectativas da alta administração. Após, o setor de vendas cria os seus planos e também ações de marketing visando atingir as metas estabelecidas para cada grupo de produto da empresa, buscando atender a meta de resultados desejados. Por fim, o setor de operações desenvolve os seus planos de manufatura, materiais e de logística, visando o atendimento da demanda da empresa considerando suas restrições operacionais e de sua cadeia de suprimentos (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007). Sendo assim, o processo de Planejamento de Vendas e Operações abrange decisões agregadas, ou seja, definições que se referem à mão de obra, aquisição de maquinário, ampliação de linhas de produção, entre outros. Ainda, o S&OP considera períodos de planejamento mais agregados durante sua execução, como bimestres ou trimestres (CORRÊA, GIANESI; CAON, 2008). O subcapítulo a seguir trata da caracterização de um processo de S&OP, bem como as principais atividades desse processo. 2.3 Caracterização do processo de Planejamento de Vendas e Operações Wallace (2008) explica que o processo de S&OP não é complexo, porém, é de difícil implementação, o que de fato necessita de algumas atenções na sua fase de inicial como, por exemplo: Ter conhecimento prévio das práticas de produção, comercial, distribuição e estoques; Não desprezar a força cultural da empresa; Se tratar de um novo processo; Novo processo significa mudanças; 24 Mudanças significam pessoas mudando aspectos de como seu trabalho é realizado; Pessoas precisam de entendimento dos processos e visão do futuro para realizarem mudanças necessárias; Executivos não podem realizar tarefas que demandam muito tempo, devido ao fato de serem pessoas tipicamente ocupadas. Ainda, segundo o autor, caso não ocorra a verificação dessas considerações na fase inicial do processo, o mesmo irá desmoronar e nunca será concluído com sucesso. Se tratando ainda do início do processo, Alexander (2013) menciona que o S&OP não deve ter um escopo muito amplo, pois dessa forma, torna-se difícil a realização de mudanças no projeto por este abranger muitas áreas diferentes da organização. Um fator de sucesso para a execução do S&OP é a aprovação da proposta e apoio da alta direção, pois o processo é pautado pelo envolvimento dos principais executivos da empresa na condução, permitindo assim a concentração de esforços e foco no projeto. É importante também que essa aprovação ocorra para que se tenha a possibilidade de investimentos para treinamentos e ferramentas necessárias para o desenvolvimento do processo (LINARES, 2004). Segundo Silva, Esteves e Pedroso (2012), para uma verificação do sucesso do processo, a proposta inicial do projeto na empresa deve incluir a estruturação dos processos internos, formalização das medidas de desempenho e a mensuração do S&OP. Quanto ao andamento do processo, funcionalidades como a utilização de dados confiáveis e com formato didático para sua utilização não devem ser subestimadas, para que dessa forma se busque garantir o seu alto grau de organização e controle (LINARES, 2004). Segundo Wallace (2008), a metodologia básica compõem algumas etapas. Na Figura 3 são apresentadas as etapas do processo inicial de implementação do S&OP. 25 Figura 3 – Estrutura de Caracterização do Processo de S&OP Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). Para Linares (2004), a peça chave para superar os desafios do projeto de S&OP é a mudança da rotina de trabalho das pessoas, ou seja, as mudanças de hábitos, pois esse fator é algo complexo e não deve ser negligenciado no processo. 2.3.1 Definição do cronograma de implementação do S&OP A etapa de criação do cronograma define basicamente o tempo que se gastará com todo o processo de S&OP e também qual será a urgência de cada atividade. Nesse documento, devem-se detalhar as atividades que irão compor o processo, bem como conter a descrição de como funcionarão os ciclos do S&OP ainda em testes (KRALIK; FOGLIATTO, 2016). Na Figura 4 é exemplificado um modelo de cronograma de S&OP. Figura 4 – Modelo de Cronograma de S&OP Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). Segundo Linares (2004), Wallace (2008) e Trindade (2013), o processo de caracterização e implementação do S&OP, varia entre nove a dez meses, o que irá depender do número de famílias de produtos existentes e do comprometimento da equipe envolvida no processo. Além disso, o S&OP tem um ciclo mensal, o que acaba permitindo a aquisição de experiências e especializações apenas uma vez a Elaboração do processo de S&OP Apresentação inicial/Treinam ento Definir Papéis e Responsabilidades Definir famílias de produtos Definir horizonte de planejamento Definir Sistema de Informação Criar o Cronograma 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caracterização do Processo Implementação do Processo Mês Treinamento das Pessoas Envolvidas no Processo Definição dos papéis e responsabilidades Definir famílias de produtos, horizonte de planejamento e time fences Aplicar o ciclo S&OP e criar Política de S&OP Definir modelo matemático Automatização do Processo Melhoria Contínua Realizar teste piloto com 1 ou 2 famílias Criar os relatórios de S&OP Realizar ciclo de S&OP e trazer todas as famílias ao processo 26 cada mês. Os autores explicam ainda que o processo de caracterização e implementação do S&OP são considerados desde a etapa de Treinamento das Pessoas Envolvidas até a Melhoria Contínua, sendo essas atividades executadas de forma sequencial e muitas delas em paralelo. 2.3.2 Treinamento das pessoas envolvidas Segundo Barbeiro (2005), o processo de S&OP depende das pessoas envolvidas e no processo de negociação entre cada um. Dessa forma, é extremamente importante o estabelecimento de equipes para a condução do processo de implementação do S&OP, bem como para o desenvolvimento dos participantes. Além disso, é importante que haja a compreensão dos benefícios por parte desses. Para o sucesso do processo, recursos e pessoas devem estar bem alinhados e comprometidos. A melhor forma de iniciar um processo de S&OP é realizando uma revisão conceitual em relação ao assunto. Com isso, tem-se a transferência de informações para a capacitação dos envolvidos, em que haverá o entendimento das capacidades do processo, adequação das capacidades do S&OP aos problemas da empresa, criação de uma análise de viabilidade econômica e por fim, a tomada de decisão quanto ao prosseguimento ou não do processo (WALLACE, 2008). Segundo Barbeiro (2005), a revisão conceitual deve ter duração de aproximadamente duas horas e deve ser realizada na presença de uma pessoa com conhecimento em S&OP, para que haja a transferência suficiente de informações sobre o processo, capacitando assim a equipe participante. Prosseguindo com o processo de S&OP, faz-se necessária a execução de um treinamento para aprendizado sobre o Planejamento de Vendas e Operações, com intuito de aquisição de um sólido conhecimento do processo. Nessa reunião, é necessária a participação da alta e média administração, responsáveis pela demanda, bem como planejadores e programadores (WALLACE, 2008). Trindade (2013) enfatiza a importância de a equipe participante ser treinada com base em conceitos apresentados no Quadro 1. 27 Quadro 1 – Conceitos importantes à Equipe de S&OP Assunto Fundamentação Entendimento geral de S&OP Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008); Vollmann et al. (2006). Conceitos de Horizontes de Planejamento e time fence; Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Conceitos de Famílias de Produtos Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Indicadores de Desempenho Corrêa, Gianesi e Caon (2008) Modelo de Reunião para S&OP Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Resultados esperados com a implantação do S&OP Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008); Vollmann et al. (2006). Pontos importantes e premissas na implantação do S&OP Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008); Vollmann et al. (2006). Pessoas responsáveis para suporte Wallace (2008); Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Carga Horária Total 8 horas Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Trindade (2013). Segundo o autor, o treinamento dura aproximadamente 8 horas. Para Wallace (2008), é importante que se invista pelo menos esse período no treinamento, a fim de se agregar o conhecimento do S&OP e garantir que os envolvidos tenham o máximo de aprendizado possível, visando à correta estruturação do processo. O S&OP é a combinação de uma série de atividades preparatórias, executadas pelos diversos setores da organização, para que a alta administração seja capaz de avaliar as alternativas e tomar as decisões necessárias ao processo. Dessa forma, as principais linhas desse processo devem ser detalhadas de maneira explícita para garantir que os procedimentos sejam executados da melhor maneira possível pelos envolvidos (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). 2.3.3 Definição de papéis e responsabilidades Wallace (2008) define a etapa de papéis e responsabilidades como “a hora de sistematizar o projeto”. Sendo assim, se faz necessário o encaminhamento de termos que irão nortear as responsabilidades de cada envolvido no projeto. 28 Segundo Barbeiro (2005), a definição dos papéis e responsabilidades para uma implementação e execução adequadas se faz necessária no processo de caracterização do S&OP. Basicamente, tem-se a estrutura apresentada no Quadro 2 como responsabilidades no processo de implementação do S&OP. Quadro 2 – Estrutura de Responsabilidades Papel Responsabilidade Patrocinador Executivo de fundamental importância na liderança do processo, tendo autonomia para definir e legitimar o processo. Líder do Projeto Responsável pelo gerenciamento operacional e coordenação do processo de implementação. Consultor Externo Orientador do processo, auxiliando no planejamento e treinamento. Dono do Processo Responsável pela implementação e execução do processo após esse estar implementado. Equipe de Revisão de Demanda Equipe responsável pela condução do processo de planejamento da demanda. Equipe de Revisão de Suprimentos Equipe responsável pela condução do processo de planejamento de suprimentos. Equipe Executiva do S&OP Equipe multifuncional responsável pela construção de fóruns decisórios no processo. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Barbeiro (2005). É imprescindível a descrição das responsabilidades de forma clara para cada um dos representantes da estrutura do processo, sendo que o Patrocinador deve estar no principal nível hierárquico desse, para manter a atenção de todos os envolvidos, gerenciando quaisquer conflitos entre esses e garantindo o comprometimento com o processo (AROZO, 2006). Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), os participantes do processo de S&OP não poderão estar ausentes nas reuniões, devendo obrigatoriamente haver um substituto de igual autonomia para tomada de decisões. Nesse caso, é necessário que fiquem claras as responsabilidades de cada um no processo de alterações de planos, adição ou redução de recursos, entre outras atividades. 2.3.4 Definição das famílias e subfamílias de produtos Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), a empresa deve definir famílias de 29 produtos para o planejamento do S&OP. Porém, é necessária a adesão de algum método de agregação que possibilite uma tratativa uniforme a todos os setores quanto à caracterização das famílias de produtos. Wallace (2008) afirma que muitas empresas possuem padrões pré- estabelecidos de famílias, identificadas antes mesmo da adesão do S&OP e apresentadas com uma grande quantidade de detalhes. Porém, algumas empresas não possuem esse detalhamento, sendo essa uma etapa inicial muito importante. Dessa forma, as famílias de produtos podem ser estruturadas conforme Quadro 3. Quadro 3 – Estruturação de famílias de produtos Método Exemplo Tipo de produto Uísque, uísque escocês, gin. Característica do produto Alto desempenho, padrão. Tamanho do produto Grande, médio, pequeno. Marca Taurus, Contour, Focus. Segmento de mercado Industrial, consumidor. Cliente Cliente X, Cliente Y. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). Segundo o autor, os métodos citados no Quadro 3 remetem a maneira que a empresa apresenta os seus produtos ao cliente, ou seja, é importante que a mesma simplesmente tenha bem definido como ela vai ao mercado com seus produtos, para que então ela enquadre a sua classificação de famílias a esses métodos. Segundo Tanajura e Cabral (2011), pode-se utilizar para o processo de agregação o impacto do produto no faturamento da empresa, exemplificado na Equação 1, ou ainda, produtos em desenvolvimento para algum nicho de mercado e produtos com fatores críticos, como por exemplo, queda de produção, venda ou nível de estoque. TotaloFaturamentR$ XProdutooFaturamentR$ X Produto oFaturament Impacto (1) É importante ainda, realizar uma agregação em um número baixo de famílias, porém, com grandes quantidades de produtos nas mesmas, obtendo-se dessa forma um planejamento mais preciso e uma menor quantidade de trabalho para realizá-lo, tornando-se prática, inclusive, a análise realizada pela alta administração (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). 30 Wallace (2008) afirma que para um processo de planejamento de vendas e operações não gerar qualquer problema, o número ideal de famílias de produtos deve estar entre seis a doze. Deve ainda haver uma exceção às regras de agregação, como em casos de novos produtos. Sendo assim, produtos novos devem ser alocados em diferentes famílias, proporcionando dessa forma um destaque nesses produtos com a finalidade de refinar os processos de planejamento de vendas, suprimentos e recursos (TRINDADE, 2013). É importante também ao processo a definição de subfamílias de produtos, pois se pode necessitar a análise dessas para obter-se uma melhor visão de todo o processo (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Segundo Palmatier (2013), as áreas de vendas, suprimentos e financeira geralmente irão conduzir o processo a um nível de subfamílias na reunião de Pré- S&OP para que se tenha esse maior detalhamento, sendo um fator necessário para uma melhor compreensão do mix, bem como oferta e demanda dos produtos. Após a conclusão da análise das subfamílias na reunião de Pré-S&OP, a informação é agregada para as famílias de produto com a finalidade de análise do Executivo. Segundo Wallace (2008), a classificação de subfamílias está entre o nível de famílias de produtos e os produtos individuais. Esse grupo é classificado como uma divisão adicional, podendo essa ser classificada de acordo com o comportamento da demanda dos produtos que irão compô-la. É de responsabilidade da equipe de Pré- S&OP o monitoramento das subfamílias para a garantia do progresso, conforme o plano estabelecido para essas. 2.3.5 Definição do horizonte de planejamento e time fence A empresa deve estabelecer um horizonte de planejamento adequado a sua característica de mercado. Este horizonte será estabelecido em relação ao recurso mais crítico em função do tempo. O período de planejamento deve ser o suficiente para que se possibilite a provisão de recursos necessários à produção pretendida pelos setores envolvidos no processo (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). 31 Segundo Kralik e Flogiatto (2016), o horizonte de planejamento define o período a frente a ser analisado, considerando o tempo mínimo de resposta dos setores, como tempo de compra de materiais, tempo de contratação de pessoal, tempo de aquisição de equipamentos, dentre outros. Esse horizonte varia de acordo com os prazos de entregas de fornecedores, por exemplo. Horizontes de planejamento com um período de tempo muito extenso prejudicam de forma considerável o fator de qualidade dos planos das diversas áreas da empresa, sendo esse fator considerado importante para o sucesso do S&OP (CRUZ, 2017). Para Grimson e Pyke (2007), o horizonte de planejamento do S&OP mais comum é de 6 a 18 meses, interligando todos os níveis da empresa, sendo que para produtos sazonais, por exemplo, o horizonte é frequentemente de 12 meses. Tratando-se do time fence, esse é o período no qual as informações de planejamento não poderão ser alteradas pelo sistema após a confirmação dos planos. Todas as áreas devem entender que mudanças realizadas dentro de um curto prazo acarretarão em custos mais elevados para a empresa. Dessa forma, o time fence define três intervalos no horizonte de planejamento (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008): Primeiro intervalo: período em que não há tempo suficiente para obtenção de novos materiais ou adição de capacidade. Apenas mudanças de extrema emergência devem ser consideradas. Segundo intervalo: períodos correspondentes a planos de capacidade e compras de materiais já definidos. Nesse período, mudanças devem ser analisadas com cuidado. Terceiro intervalo: mudanças podem ser realizadas nesse período, não havendo grandes problemas em efetuá-las, pois há tempo suficiente para aquisição de materiais e capacidade necessária. Wallace (2008) exemplifica um modelo de time fence, apresentado na Figura 5. 32 Figura 5 – Modelo de time fence Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). Dessa forma, temos a indisponibilidade de mudanças para o mês corrente ao planejamento, 30% de possibilidade para o segundo mês subsequente ao planejamento, 30% para o terceiro e quarto, 30% para o quinto e sexto e 40% a partir do sétimo mês de planejamento. Segundo Trindade (2013), o time fence não retira a flexibilidade da empresa. Porém, toda a flexibilidade implicará em custos adicionais, sendo esses maiores que os custos de não realizar quaisquer mudanças. Mas, nada impede que cada caso seja analisado e as mudanças venham a ocorrer. Nesse contexto, a área de marketing necessita de time fence menores para que se possibilite o atendimento aos clientes de forma mais rápida possível. Porém, áreas de engenharia, compras e manufatura, necessitam de time fence mais longos, pelo fato de mudanças nessas áreas ocorrerem de forma mais lenta e com um custo mais elevado. Dessa forma, a definição do time fence deve ser um processo de negociação, levando em consideração os objetivos estratégicos da empresa e o equilíbrio entre custo e flexibilidade (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). 2.3.6 Definição do sistema de informação para o S&OP Segundo Lapide (2005), a maneira mais simples e rápida de realizar o balanceamento da produção e venda através do S&OP se dá por meio da utilização de planilhas eletrônicas, sendo essa a forma mais rudimentar de trabalho. Porém, deve-se levar em consideração a utilização de softwares que permitam a otimização dos processos de S&OP e assim possibilite a interação com sistemas de Enterprise Resource Planning e planilhas eletrônicas, tanto na importação quanto na exportação de dados (TANAJURA; CABRAL, 2011). Lapide (2005) recomenda que o S&OP seja suportado por três modelos de 33 sistemas de informações: Sistema de Demanda, Sistema de Suprimentos e Banco de Trabalho do S&OP. Na Figura 6 é exemplificado o modelo de arquitetura tecnológica do S&OP. Figura 6 – Arquitetura tecnológica do S&OP Fonte: Barbeiro (2005, p. 48). Segundo Nogueira, Sato e Alcantara (2012), softwares mais avançados de S&OP possibilitam a disponibilização das informações referentes a planos de venda e de marketing, bem como o plano consensado em um programa específico que tenha interface com todas as áreas participantes do processo. Dessa forma, a informação é lapidada e enviada em forma de planilhas eletrônicas para a fase de análise de restrições. Então, os valores analisados pela equipe de planejamento de produção são enviados para a equipe responsável pela demanda. Após o término da reunião executiva de S&OP esta planilha é importada para o sistema ERP. Dessa forma, considera-se significantemente a utilização de tecnologia de informação no processo de S&OP, porém o processo não é apenas uma aplicação dessas tecnologias e sim uma combinação de sistemas de informações, com elementos importantes de planejamento financeiro, de marketing e de suprimentos, compondo os processos organizacionais e as responsabilidades para elaborar o consenso, executando por fim os planos colaborativos. Sendo assim, um processo de S&OP é considerado eficaz dentro da organização quando tem a combinação de processos e tecnologias (BOWERSOX et al., 2013). 34 O subcapítulo a seguir trata da implementação de um processo de S&OP, bem como as principais atividades desse processo. 2.4 Implementação do processo de S&OP A implementação do processo de S&OP deve contemplar uma metodologia com algumas etapas básicas. Na Figura 7 são descritas as etapas necessárias para esse processo (WALLACE, 2008). Figura 7 – Estrutura de Implementação do S&OP Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). Segundo Luz, Gabbi e Rupental (2015), para o êxito na implementação do S&OP a empresa não deverá cometer o erro de menosprezar as etapas que formam esse processo, por conter atividades de fácil condução. Para que um processo de S&OP tenha êxito em sua implementação, é necessário o atendimento de 11 requisitos: comprometimento da empresa com o processo, planejamento de reuniões bem definido, definição de responsabilidades de cada representante, horizonte de planejamento fixo, ferramentas de apoio a decisão, grau de agregação dos produtos, acompanhamento financeiro, documentação do processo, reuniões com objetivo para tomada de decisão, monitoramento de desempenho do processo, fluxo de informação entre áreas envolvidas (AROZO, 2006). Porém, segundo Pedroso (2014), o processo de implementação do S&OP necessita ser cuidadosamente planejado, para que assim, obtenha-se o sucesso esperado nessa etapa. Ainda segundo a autora, existem inúmeras barreiras ao processo de implementação do S&OP, porém a organização deve estar munida de planos coerentes entre si, requerendo a participação efetiva das diversas áreas funcionais da empresa, havendo a necessidade de uma cultura de integração, a fim de quebrar as barreiras que se estabelecem entre as áreas funcionais. Implementação do S&OP Verificação das Etapas do Ciclo de S&OP Criação da Política de S&OP Criação dos Relatórios de S&OP Teste Piloto do Ciclo de S&OP Execução do Primeiro Ciclo Oficial de S&OP Melhoria Contínua do Processo 35 2.4.1 Aplicação das etapas do Ciclo de S&OP O S&OP é um processo estruturado, desenvolvido através de reuniões mensais, coletando informações de diferentes departamentos, sendo essas discutidas, analisadas e aprovadas, e por fim, levadas a planos funcionais que suportem as necessidades de cada departamento. Porém, esse processo necessita de um trabalho preliminar que começa logo ao final de cada mês, decorrendo por alguns dias, em que finaliza numa reunião mensal de S&OP Executivo (LEMA, 2010). Basicamente, o processo de S&OP é composto por cinco fases dependentes uma das outras, ou seja, a fase 2 do ciclo do processo só é iniciada após a finalização da fase 1, por exemplo. Dessa forma, qualquer informação contida na fase que é executada durante o ciclo do S&OP causará impacto nas etapas seguintes a esta (TRINDADE, 2013). Na Figura 8 é representado o ciclo mensal do S&OP e sua sequência. Figura 8 – Atividades pertencentes ao ciclo S&OP Fonte: Nogueira, Sato e Alcantara (2012, p. 5). Com isso, visualiza-se a sequência das etapas do processo, em que cada etapa tem uma função importante no processo e são repetidas mensalmente pelos departamentos (TRINDADE, 2013). 36 Segundo Kralik e Fogliatto (2016), é fundamental que se realize a representação da sequência do processo de S&OP, pois dessa forma, as etapas do processo, a identificação dos envolvidos e a sequência de atividades tornam-se detalhadas conforme as particularidades da empresa em que o processo está sendo implementado. A disciplina com o seguimento das etapas definirá o sucesso da implementação do S&OP. Dessa forma, esses cinco passos devem ser comandados pelos grupos, a fim de garantir a geração de informações para o processo decisório (NAVARRO; LIMA, 2006). 2.4.2 Levantamento de dados A etapa de levantamento de dados ocorre logo ao final de cada mês, sendo composta por (WALLACE, 2008; VOLLMANN et. al, 2006): Atualização dos dados do mês recém-terminado, ou seja, vendas reais, produção e inventários; Geração dos dados das análises de vendas, relatórios estatísticos de previsão e planilhas para o pessoal de vendas; Divulgação das informações citadas ao pessoal adequado. Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), esse é também o momento em que há a agregação dos produtos por famílias, pois os parâmetros de tempos e utilização de recursos necessitam de uma representação por famílias, devida sua necessidade de revisão periódica. Essa necessidade ocorre em relação a mudanças na composição das famílias e também devido a variações no mix de produção e vendas. 2.4.3 Planejamento da Demanda Segundo Wallace (2008), a etapa de planejamento de demanda é uma 37 atividade de responsabilidade da área de vendas e marketing, em que essas analisam, discutem e ajustam as informações recebidas da fase de Levantamento de dados. Nessa previsão deve-se incluir tanto os produtos existentes como também os novos produtos. Para Trindade (2013), nessa etapa cria-se um plano de demanda completo, em que este é feito em comum acordo com as áreas envolvidas, permitindo assim o gerenciamento do processo de planejamento de demanda. Realiza-se também a revisão dos dados de previsão de demanda, com a finalidade de atender as necessidades do mercado. O propósito desse plano é abastecer o Planejamento de Suprimentos. 2.4.4 Planejamento de materiais e capacidade Essa é a fase de planejamento dos critérios relacionados ao planejamento de capacidade de recursos e suprimentos. O plano de operações elaborado é comparado a cada grupo de família de produtos, considerando as mudanças realizadas na previsão de vendas ou mudanças ocorridas nos níveis necessitados de estoque. Caso a demanda exceda o plano de suprimentos, deve-se modificar o plano de operações (VOLLMANN et al., 2006). Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), planos alternativos de produção podem ser gerados devido ao fato de raramente conseguir-se estabelecer um plano que atenda a todos os objetivos da empresa, sem que ocorram problemas a serem resolvidos. Dessa forma, deve-se tratar de algumas questões, como descrito no Quadro 4. Quadro 4 – Questões a serem tratadas na fase de Planejamento de materiais e capacidade Atividade Descrição Por quê? 1 Antecipação de Produção Atendimento de demanda futura. 2 Ampliação de Capacidade Planejamento de horas extras, contratação de mão- de-obra, instalação de novas linhas. (Continua...) 38 3 Gerenciamento de atrasos Compatibilização da demanda com possibilidades de produção. 4 Aquisição de Materiais Críticos em tempos menores Possibilitar aumento de volume de produção. 5 Desenvolvimento de novos fornecedores Evitar limitações de fornecedores. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Ainda segundo os autores, as principais questões implicam na decisão de como estabelecer o plano de produção ao longo do horizonte de planejamento, visando atender a demanda e utilizar a capacidade disponível, formando o mínimo de estoques. 2.4.4.1 Pré-reunião de S&OP A finalidade dessa etapa é assegurar que todos os planos estejam alinhados entre si e com o plano estratégico da empresa, a fim de garantir apenas uma projeção dos planos de volume e financeiro, em que os pontos relevantes são sumarizados na reunião executiva de S&OP (BARBEIRO, 2005). Segundo Vollmann et al. (2006), a pré-reunião de S&OP é responsável ainda por garantir a tomada de decisões quanto ao equilíbrio de demanda e suprimentos, solucionar problemas em que existam diferenças nas recomendações para a reunião de S&OP Executivo e por fim, identificar questões não resolvidas para discussão na reunião Executiva. 2.4.4.2 Reunião Executiva de S&OP A reunião executiva de S&OP é o principal evento do ciclo mensal de S&OP, pois os planos realizados para a empresa são integrados em um único plano, devendo estes ser os mais realistas possíveis, de forma a evitar grandes variações ao longo de toda a cadeia da organização. Essa etapa ocorre uma vez ao mês, após a pré-reunião de S&OP (BARBEIRO, 2005). Segundo Vollmann et al. (2006), a reunião executiva de S&OP é responsável por garantir a tomada de decisões quanto aos planos de operações para cada (...Continuação) 39 família de produto, autorizar gastos para mudanças nas taxas de aquisição e produção, relatar o impacto coletivo financeiro dos planos de operações e vendas das famílias de produtos para o plano estratégico, direcionar em quais áreas o grupo da pré-reunião de S&OP foi incapaz de chegar a um consenso e por fim, rever o desempenho da empresa e analisar o nível de serviço ao cliente através da verificação dos indicadores utilizados para estes fins. 2.4.5 Política de S&OP Segundo Wallace (2008), a criação de uma política de S&OP se faz extremamente necessária para o sucesso na implementação e operação do processo, podendo ser realizada de forma simples. Para Kralik e Fogliatto (2016), nesse documento, pontos importantes de decisão devem ser abordados e precisam ser definidos com atenção, visando à viabilidade da execução do processo. Nele devem estar de forma bem explicita tópicos abordando: O objetivo que a empresa deseja alcançar com o S&OP; As atividades que englobam o processo, bem como o fluxo dessas; A programação de reuniões em longo prazo; As pessoas-chave que participarão, bem como seus substitutos em caso de não comparecimento; As famílias de produtos escolhidas para o planejamento; O horizonte de planejamento a ser analisado; O horizonte fixo de planejamento; As responsabilidades dos envolvidos no processo; Os resultados esperados e uma listagem de todas as mudanças e alterações realizadas no processo. 40 Ainda segundo os autores, a política de Planejamento de Vendas e Operações é um documento com as principais caracterizações do processo e não deve ser confundida com um procedimento de como executar o S&OP em uma organização. Corrêa, Gianesi e Caon (2008) afirmam que a política de S&OP deve estabelecer aspectos suscetíveis a mudança e que conforme definições prévias tornam o processo decisório mais fácil. Os parâmetros definidos nesse documento podem sofrer alterações em qualquer momento, apenas necessitando que haja uma justificativa e consenso, excepcionalmente se for ao sentido de aprimorar o processo de decisão. A disciplina é um fator muito importante para os integrantes do processo de S&OP, sendo imprescindível que a equipe de liderança da organização tenha essa visão, pois a política de implementação não terá sucesso caso não haja certo grau de disciplina (LAPIDE, 2004). 2.4.6 Criação dos relatórios de S&OP Para uma melhor análise dos dados pertencentes ao processo, podem-se criar planilhas específicas em forma de relatórios para as reuniões de S&OP, sendo essas divididas em basicamente três partes: desempenho, contendo dados históricos; planos com perspectivas de vendas, operações e inventários e; projeções em valor monetário, proporcionando dessa forma a visão financeira do término do ano a ser analisado (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Segundo Barbeiro (2005), o S&OP é um processo de análise de dados, criação de planos e comunicação de informações na empresa. Dessa forma, os dados são muito importantes e uma correta organização desses garante a facilidade na tomada de decisões e na criação de cenários a serem simulados. Na Figura 9 é exemplificado um modelo de planilha de S&OP, por valor monetário. 41 Figura 9 – Planilha S&OP em valor monetário Fonte: Linares (2004, p. 67). Segundo Barbeiro (2005), não existe uma apresentação padrão apropriada para todas as empresas, sendo essas definidas a partir da necessidade gerada pela equipe responsável pelo processo, porém realizada de maneira consensual para que dessa forma evitem-se eventuais conflitos. Corrêa, Gianesi e Caon (2008) mencionam que a planilha utilizada para o S&OP não precisa ser muito refinada, sendo que o mais importante é que as informações estejam disponíveis e visíveis para a tomada de decisão, eliminando a busca por informações na reunião de S&OP. Ainda, é importante que três informações sejam disponibilizadas: o desempenho passado, a situação atual e os atuais planos para o futuro. É importante destacar que cada família de produto deve estar em uma planilha, sendo esta dividida em períodos de tempo. O período de planejamento ideal para as famílias é de 12 meses. A planilha deve conter ainda três partes importantes: o plano de demanda, o plano de operações e por fim, o plano de inventário (BARBEIRO, 2005). A apresentação desses três diferentes planos é de extrema importância ao processo. O plano de operações divide-se em: plano atual, sendo evidenciado o que foi definido no ciclo de S&OP anterior, e o novo plano, em que este é a proposição do plano discutido no ciclo atual. Já o de vendas divide-se em: previsão de vendas atual e previsão de vendas nova, apresentando-se da mesma forma que o plano de operações. Por fim, o Plano de Inventário, sendo este MESES Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Dias no mês 20 17 20 21 19 21 23 21 22 22 20 17 20 17 22 Plano de Vendas Plano Atual 4800 4200 5400 5400 6000 6000 6000 5400 5400 4800 4800 4200 4800 4800 Novo Plano 4920 4500 5610 5700 6150 6150 6150 5550 5550 4800 4800 4500 5100 5100 5700 Diferença 120 300 210 6% 2% 2% 2% 3% 3% 0% 0% 7% 6% 6% Diferença Acumulada 120 420 630 Plano de Produção Plano Atual 2720 2480 2720 2880 3200 3200 3200 3200 2560 2560 2560 2400 2720 2720 Novo Plano 2624 2400 2608 2880 3200 3360 3360 3200 3200 2560 2560 2400 2880 2880 2880 Diferença -96 -80 -112 Diferença Acumulada -96 -176 -288 Estoque de Acabados Plano Atual 1700 1955 1785 1785 1785 1785 1785 2125 1785 1785 1785 1955 2125 2295 Novo Plano 1530 1530 1530 1207 1037 952 1037 1122 1377 1632 1632 1632 1632 1802 1972 1802 Diferença -170 -425 -578 HISTÓRICO PLANEJAMENTO 42 dividido e apresentado da mesma maneira que os planos de operações e vendas (WALLACE, 2008). Segundo Wallace (2008), pode-se adicionar algumas informações à planilha de S&OP como número de dias úteis do mês, volume diário de vendas e saldo de estoque final de cada mês. Com isso, têm-se todas as informações relevantes ao processo em um único local, auxiliando as análises necessárias. Com todas as informações definidas, consolidam-se as informações com os dados de todas as famílias para obtenção dos planos de utilização de recursos, análises de desempenho e desempenho financeiro (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2008). Na Figura 10 é representada a consolidação das planilhas do S&OP. Figura 10 – Consolidação de informações Fonte: Corrêa, Gianesi e Caon (2008, p. 182). Ainda, segundo os autores, essa atividade visa garantir a análise de viabilidade dos planos gerados. 43 2.4.7 Teste piloto e ajustes S&OP Segundo Kralik e Flogiatto (2016), na fase de teste piloto e ajustes do processo de S&OP realizam-se simulações do processo que foi planejado para a empresa. Nesse momento, é extremamente importante a observação de ajustes realizados nas definições feitas para o mesmo. Sendo assim, deve-se revisar tanto o ciclo do processo quanto a política de S&OP. Porém, volumes de demanda consensados ainda não são inseridos no planejamento da produção. Para Barbeiro (2005), esse é o momento da criação de famílias que serão testadas nessa fase, com o intuito de capacitar o grupo no processo de S&OP e, da mesma forma, não gastar muito tempo na preparação dos dados, sendo importante escolher famílias com média complexidade, evitando-se famílias com problemas de capacidade de produção, devido ao fato de o momento ter como objetivo a implementação do processo, bem como seu funcionamento. Segundo Wallace (2008), nessa etapa tem-se basicamente a execução de um ciclo mensal de S&OP, em que todas as etapas desse processo devem ser executadas e avaliadas. O teste do processo de S&OP deve-se começar tendo como base uma ou duas famílias de produtos (WALLACE, 2008; PEDROSO, 2014). No Quadro 5 são apresentas as atividades necessárias a fase de teste piloto do S&OP. Quadro 5 – Atividades referentes ao teste piloto Atividade Descrição O que fazer? 1 Levantamento de dados Executar e atualizar os relatórios e planilhas de Previsão de Vendas, enviando ao Planejamento de Demanda. 2 Planejamento de Demanda Gerar previsões para as famílias do teste piloto, enviando informações ao Planejamento de Operações. 3 Planejamento de Suprimentos Gerar Plano de Operações para as famílias do teste piloto, atendendo a Previsão de Vendas, levando estoques ao nível desejado. 4 Reunião Pré-S&OP Executar a Reunião de Pré-S&OP com as áreas participantes, formulando recomendações a Reunião Executiva. 5 Reunião Executiva S&OP Tomar as decisões relativas as famílias do teste piloto, solicitando feedback do grupo participante quanto a melhorias necessárias. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). 44 Com a inicialização do teste piloto, procura-se também encontrar possíveis erros no decorrer da execução do ciclo do processo de S&OP (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Wallace (2008) explica que na maioria dos casos o ciclo do S&OP inicia com uma eficiência razoável, devido ao fato de se iniciar o aprendizado da empresa quanto ao processo. É importante ainda que ao iniciar os testes não se leve todo o material para a primeira reunião Executiva de S&OP. Ao invés disso, deve-se ter uma conversação preliminar com a Equipe Executiva, para que dessa forma, a reunião seja mais produtiva. Por fim, permite-se ainda a colaboração dos participantes quanto ao posicionamento das informações na planilha de S&OP, possibilitando uma facilidade de manuseio da mesma. Essas alterações devem ficar registradas na política de S&OP, juntamente com a data e o motivo da mudança (KRALIK; FOGLIATTO, 2016). 2.4.8 Primeiro ciclo S&OP Kralik e Fogliatto (2016) consideram essa como uma das etapas finais do processo de implementação do S&OP, contemplando seu ciclo oficial, seguindo as alterações feitas na etapa do teste piloto e dos ajustes iniciais. Ainda, diferentemente da etapa citada, nessa fase temos a inserção no planejamento de produção das quantidades de demanda consensadas. Tem-se também a inserção das demais famílias ao processo de S&OP. Ao mesmo tempo, adicionam-se as funções de Planejamento Financeiro, Planejamento de Suprimentos, bem como os novos produtos. Estima-se que o período de tempo dessa atividade ocorra do 4º mês até o 9º mês e que esse momento é a parte essencial do processo de implementação do S&OP, pois todas as peças desse são reunidas (WALLACE, 2008). Para o Planejamento Financeiro, deve-se realizar a transformação das unidades para valores financeiros, ou seja, em reais. Desta forma, possibilita-se a comparação entre os valores projetados para o ano fiscal, gerados pelo S&OP, e os valores do Plano Estratégico da empresa para as famílias analisadas. Torna-se 45 importante também a inserção de dados de margem bruta a fim de informar os participantes do andamento do processo (BARBEIRO, 2005). Quanto ao Planejamento de Suprimentos, Wallace (2008) cita a importância de verificar o alinhamento da empresa entre os recursos e famílias de produtos. Se a organização tiver um alinhamento bem próximo entre esses dois itens deve-se adicionar o Planejamento de Suprimentos da mesma maneira que se adicionaram as famílias de produtos ao processo. Porém, se a empresa não possuir esse alinhamento justo, deve-se então definir uma divisão das famílias de produtos, analisando-se as necessidades futuras da produção, trazendo-as para o processo de S&OP em uma sequência que faça o planejamento funcionar mais rápido (WALLACE, 2008). Nessa fase, deve-se realizar a inclusão de novos produtos ao processo de S&OP. É necessário que questões referentes a lançamentos de novos produtos fiquem visíveis em todas as etapas do processo. Essa fase tem como propósito a certificação de que qualquer atividade nova, que impacte de maneira potencial a capacidade de suprimentos, seja identificada, documentada e o impacto potencial seja quantificado, garantindo também que todas as informações de demanda e suprimentos pertencentes aos novos eventos sejam consideradas ao S&OP (BARBEIRO, 2005). Por fim, devem-se desdobrar os detalhes do planejamento mestre da produção, agregando às famílias de produtos e comparando-os com o plano do S&OP. Essa atividade ajuda a garantir que as decisões tomadas no processo de S&OP são transmitidas de cima para baixo aos programas que afetam o chão de fábrica e os processos logísticos (WALLACE, 2008). Cabe ainda a equipe participante, gerar o entendimento das informações e de suas fontes, corrigir os erros de cadastros no processo de forma a garantir a precisão das informações trabalhadas e apresentadas durante todo o processo (BARBEIRO, 2005). 46 2.4.9 Melhoria Contínua O S&OP é um processo que necessita de melhoria contínua, pois quanto melhor for este processo, maior será o retorno da empresa em questões relacionadas ao nível de serviço, acuracidade e financeiro (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Segundo Wallace (2008), duas ferramentas capazes de suportar a melhoria do processo interno, sendo a Revisão Crítica do S&OP e a Lista de Verificação. A Revisão Crítica do processo deve ser realizada ao final de cada reunião do S&OP Executivo, ocorrendo em todos os meses e durando normalmente de dez a trinta minutos. Nesse momento, deve-se solicitar aos participantes as opiniões de cada um em relação a reunião, indicando inclusive as áreas a serem melhoradas (BARBEIRO, 2005). É imprescindível que as críticas colocadas ao final da reunião não sejam vistas como más notícias, mas sim como oportunidades de melhoria, sendo importante ainda a documentação em ata das observações, sendo elas encaminhadas antes da próxima reunião (WALLACE, 2008). A segunda ferramenta, Lista de Verificação, contém uma série de vinte e cinco itens que podem ser respondidos com ‘sim’, ‘Em parte’ e ‘não’. Pode-se ainda, levantar oportunidades a fim de se atingir o nível desejado de S&OP, sendo possível evitar as expectativas frustradas, além de deixar muito claro os objetivos a serem alcançados com o processo (BARBEIRO, 2005). No Quadro 6 é exemplificado um modelo de Lista de Verificação. Quadro 6 – Modelo de Lista de Verificação Nº Questão para verificação: Sim Em parte Não 1 O Planejamento de Vendas e Operações é um processo mensal que envolve tanto a média como a alta administração, incluindo o presidente. 2 O ciclo mensal do S&OP consiste de uma fase de Planejamento da Demanda, uma fase de Planejamento de Suprimentos, uma reunião de Pré- S&OP, e uma reunião do S&OP Executivo que inclui o presidente. 3 Uma política do Planejamento de Vendas e Operações por escrito detalha os participantes, as responsabilidades, os tempos, e os objetivos de cada etapa do processo. (Continua...) 47 4 O número de famílias de produtos é na faixa de 5 a 15. As sub-famílias são utilizadas nas etapas do Pré-S&OP em que forem necessárias. 5 As estratégias de demanda e oferta para cada família de produtos são revisadas formalmente a cada trimestre nas reuniões de Pré-S&OP e S&OP Executivo com uma visão voltada ao aumento das metas de atendimento ao cliente, de redução do inventário de produtos acabados e de redução dos pedidos pendentes/atrasados aos clientes. 6 A planilha S&OP contém todas as informações importantes em uma só página: o desempenho passado em relação ao plano, as estatísticas de atendimento ao cliente, e as futuras previsões e planos de operações. 7 O Programa de Produção é comparado, pelo menos mensalmente, com o Plano de operações de S&OP para garantir que o Programa seja definido aos níveis aprovados na reunião de S&OP Executivo. 8 O Planejamento de Vendas e Operações é um processo de tomada de decisões. A equipe do Pré-S&OP decide as recomendações a fazer ao grupo executivo, e a Equipe do S&OP Executivo decide aceitar essas recomendações ou adotar uma das alternativas. 9 No clima da melhoria continua, um breve resumo crítico da reunião do S&OP Executivo é realizado no final de cada reunião. É solicitado um “feedback” de todos os participantes. 10 O processo de Planejamento de Vendas e Operações tornou-se a base para as tomadas de decisões relativas às questões de demanda e oferta. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Wallace (2008). O início da utilização da Lista de Verificação deve ocorrer durante o mês após o teste piloto, ou seja, durante o terceiro mês, pois a utilização desta ferramenta na fase inicial irá indicar as áreas aonde as coisas vão bem, atuando na forma de feedback (WALLACE, 2008). Para cada resposta da lista tem-se uma pontuação: SIM = 1, Em Parte = 0,5 e Não = 0. Ao final, observa-se a pontuação total, conforme o Quadro 7 (BARBEIRO, 2005). Quadro 7 – Pontuação do nível de S&OP Pontuação Nível S&OP é considerado: O que fazer? 23 a 25 Excelente Manter o aprimoramento. 20 a 22 Bom Realizar Planos de Ações e Aprimoramento. 17 a 19 Regular Menor que 17 Fraco Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Barbeiro (2005). Barbeiro (2005) salienta a importância de realizar o diagnóstico do processo de S&OP em conjunto com a equipe Executiva, preparando-se inclusive um relatório preliminar antes da tomada de ações e aprimoramento. Torna-se importante também analisar as questões externas ao S&OP, ou seja, (...Continuação) 48 a busca por melhorias quanto a necessidade de dias de cobertura de estoque de matérias-primas e maiores nível de serviço de fornecedores (TRINDADE, 2013). Basicamente o que precisa ser feito é verificar os processos básicos através de questionamentos referentes a níveis de estoques, inventários e serviços, e começar a realizar suas avaliações, a fim de se melhorar as questões externas e garantir uma flexibilidade dos fornecedores, reduzindo-se os inventários e melhorando a situação financeira da empresa (WALLACE, 2008). 2.4.10 Indicadores de desempenho Indicadores de desempenho podem ser aplicados nas diversas áreas funcionais da empresa para a avaliação da eficácia do processo, ou seja, evidenciando dessa forma, se o processo de S&OP está realmente atingindo o que era esperado pela equipe e proporcionando assim, uma capacidade de verificar métricas de melhorias para esse (PEDROSO, 2014). Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2008), é importante que junto com a implementação do S&OP se busque a adesão de indicadores de desempenho das operações, para que dessa maneira haja o esforço para a melhoria contínua. Ainda, é imprescindível que o desempenho futuro que a empresa deseja alcançar seja bem definido. Indicadores chave para o processo de S&OP são mensurados no Quadro 8. Quadro 8 – Indicadores para o processo de S&OP Indicador Metodologia Cálculo Equação Nível de serviço ao cliente Inclui-se nesse índice a pontualidade de entrega dos pedidos, prazo de entrega, qualidade de entrega e produto, devoluções de cliente. (Entregas no prazo / Total de entregas) x 100 ou (Qtd. Devoluções / Total de entregas) x 100 2 Nível de estoque Consideram-se níveis de estoque de produtos acabados, matérias-primas e estoque de materiais em processo. Qtd. Estoque / média de saída 3 Desempenho Comercial Índice obtido através da acurácia da previsão de vendas e cumprimento do plano de venda. (Venda Realizada / Previsão de Venda) x 100 4 (Continua...) 49 Desempenho de Operações Refere-se ao cumprimento do plano de produção e a produtividade operacional. (Produção Realizada / Produção Programada) x 100 5 Cumprimento Planos P&D Cumprimento dos planos de desenvolvimento e introdução de novos produtos. (Qtd. Planos Cumpridos / Qtd. Planos desenvolvidos) x 100 6 Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2008). Ainda, segundo os autores, um aspecto fundamental é o estabelecimento das tendências de cada um dos indicadores aplicados ao processo de S&OP. Julianelli (2010) evidencia na Figura 11 os principais indicadores de desempenho utilizados por empresas brasileiras, além dos citados por Corrêa, Gianesi e Caon (2008), bem como o percentual de utilização de cada por estas. Figura 11 – Indicadores de Desempenho mais utilizados no S&OP Fonte: Julianelli (2010, p. 1). Para Noroozi e Wikner (2014), empresas que têm como estratégia a produção para estoque normalmente competem a baixos preços, nesse caso, métricas como custo e produtividade devem ser aplicados ao âmbito de S&OP. Já empresas que têm como estratégia a produção conforme pedidos geralmente competem com base em projetos, flexibilidade e tempo de entrega dos pedidos. Dessa forma, devem-se considerar importante índices de flexibilidade e tempo de entrega prometido ao cliente. Porém, para que benefícios sejam realmente alcançados com o processo deve-se haver um progresso diário de acompanhamento, em que planos de Vendas (...Continuação) 50 e Operações devem ser monitorados, inclusive com a criação de ações corretivas, sendo essas, geradas de forma imediata (BAUMANN, 2010). Ainda, para que se almejem os objetivos de um processo, seus resultados devem ser comparados e mensurados a padrões pré-estabelecidos. Precisa-se ainda manter os valores de padrões dentro de um limite, controlando-se assim o processo e o mantendo de forma constante, o que de fato permite a comparação entre parâmetros de valores atuais e planejados (GUNASEKARAN; PATEL; MCGAUGHEY, 2004). O subcapítulo a seguir trata da análise de maturidade de um processo de S&OP, bem como as principais atividades desse processo. 2.5 Maturidade do Processo de S&OP O processo de S&OP avança conforme os ciclos desse são executados pela empresa, sendo esse absorvido pela mesma, implicando em uma evolução em diferentes estágios de maturidade, possibilitando assim uma avaliação e classificação do S&OP e ainda, disponibilizando formas de mensurar o progresso do processo no decorrer do tempo (PEDROSO, 2014). Diversos padrões de mensuração do estágio de evolução e maturidade do processo de S&OP foram propostos por diferentes autores (WING; PERRY, 2001; LAPIDE, 2005; GRIMSON; PYKE, 2007; CECERE; BARRETT; MOORAJ, 2009). Dentro dessa abordagem consideram-se os mais destacados os modelos de maturidade de Lapide (2005) e de integração do processo de Grimson e Pyke (2007), por retratarem amplas abordagens, englobando mais variáveis em seu contexto (PEDROSO, 2014). Segundo Lapide (2005), os modelos de maturidade de processo são úteis para a inovação e mudanças nos processos. Esses tipos de modelos apresentam etapas, sendo a primeira a menos avançada e a última a mais avançada. É imprescindível mencionar ainda que muitas vezes a última fase do processo é praticamente inalcançável, tornando-se ideal a empresa esforçar-se para alcançá- las. 51 No Quadro 9 é apresentado o modelo de maturidade de Lapide (2005). Quadro 9 – Modelo de avaliação de maturidade do S&OP Processo Estágio 1 Processo Marginal Estágio 2 Processo rudimentar Estágio 3 Processo clássico Estágio 4 Processo ideal Reuniões Encontros informais, agendamentos esporádicos. Encontros formais, agendamentos rotineiros, assiduidade e participação inconsistentes. Encontros formais com 100% de participação e assiduidade. Encontros orientados a eventos, agendamento realizado quando necessário, devido à detecção de alguma mudança ou algum desbalanceamento entre a demanda e suprimento. Integração do processo Processos desarticulados com planos separados. Planos operacionais não alinhados com os planos de demanda. Processos com alguma integração. Planos operacionais alinhados com os planos de demanda. Processos integrados. Planos operacionais e de demanda integrados. Colaboração externa com um pequeno número de fornecedores e clientes. Processo estendido. Planos operacionais e de demanda alinhados internamente e externamente. Colaboração externa com a maioria dos colaboradores e clientes Tecnologia Mínima. Várias planilhas eletrônicas independentes. Aplicações separadas. Sistema de planejamento de demanda, sistemas APS individuais para várias fábricas. Aplicações integradas. Aplicações de previsão de demanda e planejamento de operações integradas. Informações externas manualmente inseridas no processo. Conjunto completo de tecnologias integradas. Sistema S&OP específico com um sistema de colaboração externa integrado aos sistemas de previsão de demanda e planejamento operacional. Fonte: Lapide (2005, p. 14). Ainda, segundo o autor, o modelo acima deve ser utilizado como metodologia aplicada ao diagnóstico para que assim a empresa possa melhorar o seu processo, podendo obter-se a fase em que a mesma se encontra por meio de sua aplicação e verificação. O primeiro estágio do modelo de maturidade é chamado “Processo Marginal”. Nesse processo encontram-se empresas que têm o processo de S&OP estabelecido de maneira menos formal, em que na maioria das vezes as reuniões são canceladas por falta de prioridade (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012). Os departamentos 52 trabalham de forma independente e sem organização, impedindo a integração dos planos elaborados. A tecnologia é pouco aplicada no processo, utilizando-se planilhas separadas para cada planejamento (PEDROSO, 2014). O segundo estágio denomina-se “Processo Rudimentar”, em que os planejamentos são formais, mas não são totalmente integrados. As reuniões são agendadas, porém há pouco comparecimento dos integrantes. Há a utilização de softwares mais avançados e planilhas distintas nos departamentos (NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). Na terceira etapa, chamada “Processo Clássico”, apresenta-se um processo mais avançado com informações colaborativas e um planejamento nos padrões de um processo de S&OP. Reuniões são executadas de forma rotineira, possibilitando o equilíbrio entre demanda e suprimentos. Os softwares utilizados são integrados e promovem planejamento conjunto entre departamentos (LAPIDE, 2005; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). A quarta e última etapa chama-se “Processo Ideal”, sendo essa inalcançável pelas empresas, utilizado apenas como referência com a finalidade de estimular a melhoria contínua. Essa etapa executa as reuniões apenas quando alguém as propõe ou quando há o desbalanceamento entre suprimento e demanda. Os processos expandem-se para fora da empresa, trazendo informações de clientes e fornecedores. Os sistemas constantemente acompanham a oferta e a demanda, em tempo real (LAPIDE, 2005; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). Se tratando do modelo de Grimson e Pyke (2007), tem-se a distribuição das etapas em cinco dimensões. A primeira etapa começa com a empresa que não tem nenhuma prática de S&OP e a etapa cinco a mais avançada com aplicação de tecnologia de ponta, não sendo encontrada nenhuma empresa em tal situação (GRIMSON; PYKE, 2007). No Quadro 10 é apresentado o modelo de integração de Grimson e Pyke (2007). 53 Quadro 10 – Modelo de integração do S&OP Processo Estágio 1 sem S&OP Estágio 2 S&OP reativo Estágio 3 S&OP padrão Estágio 4 S&OP avançado Estágio 5 S&OP pró- ativo Processos de negócios Reuniões e colaborações Sem reuniões ou colaboração. Discussões em reuniões executivas com foco em objetivos financeiros. Pré-reuniões e reuniões S&OP com algumas informações de clientes e fornecedores. Incorporação de informações de clientes e fornecedores e sua participação em algumas reuniões. Reuniões pré- agendadas e também orientadas a eventos. Acesso aos dados externos em tempo real. Estrutura organizacional Inexistente. Não existe a função formal de S&OP e os integrantes da equipe em outras posições na empresa. A função de S&OP é parte de outra função: Gerente de produtos ou de suprimentos. Equipe formal de S&OP com participação executiva. Por meio da organização, o S&OP é entendido como uma ferramenta de otimização de lucros da empresa. Medidas de desempenho Inexistentes. Confrontam os planos operacionais e de demanda. Estágio 2 mais medidas de precisões das previsões. Estágio 3 mais medidas que considerem a introdução de novos produtos e a efetividade do processo de S&OP. Estágio 4 mais medidas que considerem o lucro da empresa. Processos de informação Tecnologia de informação Gerentes mantêm planilhas individuais e não existe uma consolidação da informação. Ainda muitas planilhas, mas com alguma consolidação realizada manualmente. Informação centralizada. Sistema de planejamento de operações. Processos automatizados, sistema de planejamento de operações integrado a um ERP, mas não otimizado. Sistema S&OP. Sistema integrado e otimizado de S&OP com interfaceamento com sistema ERP, sistemas de previsões e finanças. Simulações em tempo real. Integração de planos Não existe planejamento formal. Operações tentam somente atender aos pedidos. O plano de vendas direciona as operações em um processo de cima para baixo, e a utilização de capacidade é ignorada. Integração de planos. Processos direcionados em somente uma direção com planos de baixo para cima que considerem os objetivos organizacionais. Planos altamente integrados com processos concorrentes e colaborativos. Restrições consideradas em ambas as direções. Estágio 4 mais processos focando otimização de lucros por toda a empresa. Fonte: Grimson e Pyke (2007, p. 330). Segundo os autores, o avanço do processo de S&OP para a etapa 5 não se torna possível devido a falta de tecnologia sofisticada para apoiar essa metodologia. Na primeira fase do modelo, denominada “Sem S&OP”, a empresa não tem reuniões estabelecidas, havendo uma independência entre vendas e operações. Também, não existem medidas de desempenho do processo, bem como 54 planejamentos realizados de forma formal (GRIMSON; PYKE, 2007; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). Na segunda fase “S&OP Reativo”, as reuniões são executadas apenas entre a alta administração e sua discussão basicamente se trata de questões ligadas a finanças da empresa. Não há elaboração de planos integrados, as informações de operações não são utilizadas para ajustar os planos de vendas (GRIMSON; PYKE, 2007; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). A terceira fase chama-se “S&OP Padrão” e é o ponto em que o S&OP é formalizado, havendo um processo evolutivo. Há compartilhamento de informações ente planos, a partir de reuniões formais. As informações são automatizadas e centralizadas e há medições de desempenho principalmente na área de operações (GRIMSON; PYKE, 2007; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). Na quarta fase, chamada “S&OP Avançado”, temos a presença de clientes e fornecedores nas reuniões de S&OP. Há uma equipe formal participante do processo, possibilitando um plano colaborativo. São realizadas medições de eficácia do processo e os planos de vendas e operações são integrados. Utilizam-se softwares de otimização de receita na sua execução (GRIMSON; PYKE, 2007; NOGUEIRA; SATO; ALCANTARA, 2012; PEDROSO, 2014). Já na quinta e última fase, denominada “S&OP pró-ativo”, todos os processos da quarta fase são executados, porém as reuniões acontecem em eventos, não sendo programadas. As informações são compartilhadas em tempo real e os planos são totalmente integrados. Nessa fase, visa-se a maximização da receita e avalia-se a rentabilidade da empresa. Utilizam-se softwares que buscam soluções integradas em tempo real, aperfeiçoando decisões de Vendas e Op