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Professor da Univates integra a equipe do MapBiomas

Postado as 11/09/2019 09:24:49

Por Júlia Amaral

 

Nos últimos 34 anos, o Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação nativa - o equivalente a 20 vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Essa informação foi coletada por meio do Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil (MapBiomas), que tem como um dos integrantes o Coordenador dos Cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Controle e Automação e professor do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Juliano Schirmbeck. O projeto busca contribuir para o entendimento da dinâmica do uso do solo no Brasil e em outros países tropicais. De 27 a 30 de agosto, Schirmbeck esteve em Brasília nos seminários de lançamento da quarta versão do MapBiomas. Esta versão, além de apresentar melhorias na metodologia do projeto, traz dados atualizados sobre desmatamento no Brasil.  

Divulgação

“O conceito de desmatamento que usamos é sobre a perda de qualquer tipo de vegetação nativa”, explica o professor. O MapBiomas, iniciativa de um conjunto de universidades, empresas privadas e organizações não governamentais, funciona há três anos e utiliza imagens de satélite coletadas desde 1985. Além de catalogar o que foi retirado de vegetação nativa, o projeto consegue interpretar se o espaço foi destinado para área agrícola, urbana, pastagens ou se foi abandonado. 

Uma das análises feitas pelo projeto, divulgada no final de agosto deste ano, diz que, em 1985, as florestas representavam 69% do território brasileiro. Número que recuou para 59% até 2018. Todos os dados apurados são públicos e estão disponíveis na internet. O projeto também lançou dados sobre desmatamento e regeneração da vegetação nativa, a denominada vegetação secundária.  Do total da vegetação nativa existente no ano de 2017, 8% correspondiam a vegetação secundária, totalizando mais de 44 milhões hectares.

Cada bioma brasileiro conta com sua equipe de monitoramento. Schirmbeck, natural de Roca Sales, integra o grupo desde outubro do último ano e trabalha com o bioma Pampa, que corresponde ao extremo sul do Brasil. “Minha função no projeto é de desenvolvimento de rotina de programação, com o processamento dos dados na nuvem da Google. Os demais colegas da equipe são biólogos, geólogos e bolsistas de iniciação científica. Cada um traz o conhecimento sobre sua região. É por isso que conseguimos desenvolver um projeto na magnitude que é o Brasil”, conta. Em geral, os dados coletados são usados por instituições de ensino, com fins científicos ou por órgãos de gestão e planejamento de território. 

MapBiomas Alerta

A mesma equipe do MapBiomas desenvolve um projeto paralelo chamado MapBiomas Alerta. Este último coleta os dados de desmatamento gerados por sistemas de detecção por satélite que incluem o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), o SAD e o GLAD.“As imagens usadas por estes projetos têm menor resolução espacial. Ou seja, para ver com que a floresta foi derrubada é necessários ter certa prática no processo de análise visual de imagens”, conta Schirmbeck. 

Neste caso, para constatar que a floresta foi destruída, é necessário um perito em interpretação de imagem. Portanto, a informação não serve para gerar, de imediato, um laudo judicial ou algum tipo de intervenção legal frente ao desmatamento. A proposta do MapBiomas Alertas é detalhar as áreas para as quais foram gerados os alertas com imagens de alta resolução espacial, permitindo um nível de fotointerpretação, que um leigo na interpretação de imagens consegue identificar o desmatamento. “Assim, possibilita que o agente judicial ou o órgão de fiscalização de governo responsável, olhe para aquela imagem e consiga ver de cara que ocorreu um desmatamento”, explica Juliano. 

Em seis meses, o Brasil registrou 4,5 mil alertas de desmatamento, estando 95% desses em áreas ilegais, ou seja, sem autorização prévia. Todos esses dados também são públicos e estão disponíveis na internet. É possível, inclusive, ver com clareza o antes e depois de áreas desmatadas por todo o Brasil e saber se elas teriam ou não autorização para tal. 

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Influência da Amazônia em outros biomas

O Rio Grande do Sul é dividido em dois tipos de bioma: Pampa e Mata Atlântica. Mesmo longe da Amazônia, a chuva que cai aqui e em São Paulo depende da floresta. “Se nós olharmos a nossa faixa de localização geográfica, entre as latitudes de 30 graus sul ou  norte, nos outros lugares do planeta estão presentes vários desertos. Exceto no Sul e Centro Sul do Brasil. Isso porque toda a nossa floresta amazônica é um mecanismo de bombeamento de água para atmosfera, a qual gera chuva que vem até esta região”, explica o professor Schirmbeck.  

Existe uma tendência de circulação de ar atmosférica em altitudes que vai do oceano Atlântico para o oceano Pacífico. Essa umidade se depara contra a cordilheira dos Andes, desce e faz com que a chuva caia nas regiões centro sul do Brasil. “Se plantarmos pasto na Amazônia inteira, aqui vira deserto. Isso falando só em condições hídricas, sem considerar todo ecossistema que temos lá”, alerta Schirmbeck. “Os dados que coletamos indicam uma tendência a uma nova corrida frenética pelo desmatamento, mas muitas vezes a terra acaba não sendo usada”, diz. Para o professor, é mais importante desenvolver e aprimorar as tecnologias de produção de alimentos sem necessidade de desmatar mais. Dessa forma, será possível aproveitar mais e melhor as áreas que já foram desmatadas.

Inscrições abertas para vestibular

Os cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Controle e Automação estão com inscrições abertas para o vestibular. No total são 48 cursos presenciais e 14 a distância (EAD) oferecidos pela Univates.

É possível ingressar com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir de 2009 ou aproveitar o resultado de um vestibular anterior da Univates. Outra opção que busca facilitar o processo de ingresso nos cursos - presenciais ou a distância - é a realização de provas agendadas nos 17 polos da Univates. As inscrições para os cursos presenciais podem ser realizadas em univates.br/vestibular/inscricao.  Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail vemprauni@univates.br ou pelo telefone 0800 7 07 08 09.