Amanda Dutra, estudante de Ciências Biológicas, desenvolve estudo sobre restauração ecológica de áreas ribeirinhas
Postado as 27/07/2020 13:19:38
Por Júlia Amaral
Chuva de sementes é o termo utilizado para se referir à quantidade de sementes que chegam ao solo por meio de diferentes formas de dispersão: pelo vento, pelos mecanismos da própria planta ou por animais. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), nossa estudante de Ciências Biológicas Amanda Dutra procurou verificar se a chuva de sementes em áreas degradadas nas margens do rio Forqueta teria potencial para a regeneração da cobertura vegetal. A regeneração das áreas ribeirinhas está diretamente relacionada ao bem-estar da população humana e à proteção do solo, pois elas têm a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica do leito e das margens dos rios e a biodiversidade.
Intitulado “Caracterização da chuva de sementes em áreas de floresta ribeirinha degradada no Sul do Brasil”, o trabalho foi orientado pela professora Dra. Elizete Maria de Freitas e revelou que a chuva de sementes, com as características analisadas nas áreas do estudo, não seria capaz de promover a recuperação da cobertura vegetal. Isso se deve à abundância de sementes de espécies exóticas invasoras e à ausência de sementes de espécies arbóreas nativas na chuva de sementes. “Os resultados observados permitem inferir, a partir da chuva de sementes, que o processo de regeneração natural apresentará resultado somente em longo prazo nas áreas em que o estudo foi feito”, explica Amanda. Conforme a pesquisa, a invasão de espécies compromete, em sua maioria, a sucessão ecológica, pois ambientes degradados são propícios à invasão dessas espécies, dificultando o desenvolvimento de espécies nativas.
Segundo Amanda, o estudo foi feito para analisar a capacidade de regeneração da mata ciliar, pois a recuperação dessas áreas muitas vezes depende de intervenções que permitem acelerar o processo de restauração ecológica. Para chegar a essa conclusão, Amanda avaliou a diversidade de sementes dispersadas em três áreas na margem do rio Forqueta, localizadas nos municípios de Travesseiro e Marques de Souza.
Para o estudo, foram instalados 10 coletores de 1 m² em cada área e quinzenalmente foi realizada a coleta das sementes que caíram na armadilha para posterior quantificação e identificação. Nesse processo, foram coletadas 3.163 sementes de plantas nativas e 2.988 de plantas exóticas, sendo que as áreas diferiram entre si, mas apresentaram semelhança entre os coletores quando pertencentes às mesmas áreas.
A orientadora do trabalho de Amanda comenta que “a ideia do estudo surgiu a partir das constantes observações feitas por técnicos da área ambiental sobre a sucessão natural. Alguns defendiam a possibilidade de que a cobertura vegetal das margens do rio Taquari poderia se regenerar naturalmente, se isoladas de qualquer ação humana. Essa é a grande importância do estudo, pois os resultados evidenciam a necessidade de ações que garantam o sucesso na restauração da vegetação das áreas degradadas nas margens de rios e arroios do Vale do Taquari”.
A partir do trabalho foi possível saber que a sucessão natural pode favorecer a recuperação da vegetação em algumas áreas, dependendo do tipo de comunidade vegetal que existe nas proximidades, mas deve ser acompanhada do controle das plantas invasoras.
O trabalho de Amanda, desenvolvido no Laboratório de Botânica da Universidade, está vinculado ao curso de Ciências Biológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Univates.