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Professora da Univates pesquisa marcadores de toxicidade em doenças onco-hematológicas

Postado as 17/04/2019 14:28:03

Por Lucas George Wendt/Dipes e Geórgia Muccillo Dexheimer/CCBS

Lucas George Wendt/Dipes

Durante o mestrado, a professora Geórgia Muccillo Dexheimer desenvolveu um estudo no qual trabalhou com expressão gênica em uma cultura de células de câncer colorretal tratadas com extrato de uma planta nativa do Rio Grande do Sul, a Calyptranthes grandifolia. “Os genes analisados participam de vias de sinalização inflamatória, algo que é bastante investigado em associação ao câncer”, detalha a pesquisadora, que concluiu sua dissertação e, posteriormente, sua tese pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates.

O doutorado da docente do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), mesmo que não tenha seguido a linha de estudo, foi desenvolvido no contexto do câncer e da expressão gênica, porém utilizando amostras de sangue de pacientes com doenças onco-hematológicas para análise de toxicidade.

O objetivo do projeto de doutorado foi relacionar os níveis de expressão gênica de três genes pré-selecionados com o aparecimento de toxicidades que os pacientes sofrem durante o tratamento quimioterápico.

“Para os genes estudados, não tivemos relação direta com a toxicidade, mas é importante estimular essa discussão, já que os estudos em geral relacionam a expressão gênica com estadiamento, tipo de câncer, prognóstico, mas nunca com a toxicidade”, explica a docente.

Os eventos tóxicos durante o tratamento quimioterápico afetam diretamente a qualidade de vida do paciente e podem ser considerados leves ou graves, estes últimos por vezes levando o paciente a óbito. “Nesse sentido, consideramos muito importante a investigação de possíveis marcadores de toxicidade, para evitá-la ou amenizá-la”, observa.

Pacientes com doenças onco-hematológicas (leucemias, linfomas, síndromes proliferativas e displasias, por exemplo) em fase de diagnóstico foram convidados a participar do estudo.

“Eles eram abordados nessa fase para que ainda não tivessem realizado nenhum tipo de tratamento quimioterápico. Após o aceite, uma amostra de sangue era coletada e o paciente era acompanhado para a confirmação do diagnóstico e sua inclusão no estudo”, revela Geórgia.

Nicole Morás

PPGBiotec forma primeira doutora

Após o início do tratamento oncológico, uma nova amostra de sangue era coletada. O ácido ribonucleico (RNA) foi extraído das amostras e foi realizada a síntese de ácido desoxirribonucleico complementar (DNAc) para o estudo da expressão gênica. Para essa etapa, foi realizada a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real. Além disso, durante o período de 12 meses, os dados dos pacientes foram observados, a partir das evoluções médicas e exames de rotina, para anotar possíveis toxicidades apresentadas (classificadas em cinco graus, conforme o Common Terminology Criteria for Adverse Events, um documento com um conjunto de critérios para a classificação padronizada de efeitos adversos de drogas usadas na terapia do câncer) e o desfecho, como remissão da doença, doença ativa, progressão ou óbito. Ao final do estudo, foram realizadas análises estatísticas para relacionar os dados com os níveis de expressão gênica.

“Em qualquer tese, acredito que o mais importante é a proposta do estudo, aquilo que se traz para discussão como ponto central”, diz a doutora. “Milhares de genes já foram associados com as especificidades do câncer, então é realmente muito difícil escolher o gene para iniciar um estudo. A proposta da nossa pesquisa é utilizar a ciência, com o auxílio de ferramentas biotecnológicas, para a busca de biomarcadores que possam predizer um possível evento tóxico que o paciente possa desenvolver ao longo do tratamento quimioterápico”.

Estudos grandes em oncologia normalmente são caros, envolvem anos e anos de estudos e testes na busca de novos tratamentos ou novos métodos de diagnóstico. “Temos que nos empenhar também no desenvolvimento de testes rápidos e, principalmente, acessíveis para melhorar o que temos no mercado hoje”, observa a pesquisadora.

Os custos para o tratamento de um paciente oncológico hoje são elevados, e as toxicidades que a quimioterapia pode causar podem elevar ainda mais esses custos com internação, medicação e atendimento médico. Além disso, a toxicidade pode exigir a diminuição da dose ou até a interrupção do tratamento, o que pode ser ruim no tratamento do câncer.

“O tema da toxicidade é ainda pouco abordado em estudos científicos para a busca de biomarcadores, mas esperamos que ele ganhe força e que possa auxiliar e melhorar o acompanhamento dos pacientes durante o tratamento”.

O estudo intitulado “Análise da expressão gênica de EZH2, IDH2 E TET2 na pesquisa de marcadores de toxicidade e progressão no tratamento de doenças onco-hematológicas” foi orientado pela professora doutora Ana Lúcia Abujamra. A banca examinadora contou com os professores doutores Lauro José Gregianin (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Ivan Cunha Bustamante Filho (Univates) e Ramatis de Oliveira (Univates).

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