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Tecnovates contará com Food FabLab

Postado em 22/03/2018 14h45min e atualizado em 22/03/2018 14h51min

Por Informativo do Vale - 22/03/2018

Tuane Eggers

Contribuir para o desenvolvimento da região é a essência da atuação do Parque Científi co e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), idealizado pela Univates. O moderno complexo de laboratórios serve como espaço de pesquisa e desenvolvimento (P&D) às empresas do Vale, aos parceiros do parque e a quem tem uma ideia que queira tirar do papel - e precise de suporte para ir adiante. Este ambiente de inovação também é a porta de entrada de investimentos da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia na região. Em janeiro, três editais da Sdect repassaram cerca de R$ 2 milhões ao Vale, com a contrapartida institucional da universidade. Serão investidos na criação de dois novos laboratórios junto à estrutura do Tecnovates: o de Práticas de Produção de Alimentos (o Food FabLab) e o de Biotransformação de Alimentos. Ainda foi contemplado o projeto “Qualificação na produção de mudas de erva-mate”, que objetiva estudar a semente da planta ervateira. Em uma série de três reportagens, o jornal O Informativo do Vale apresenta cada uma destas iniciativas.

 

Experimentação

 

Leandro Thomé e Luciane Dullius são sócios em um empreendimento que será lançado em breve na região. “Entramos no Tecnovates com um projeto completamente diferente. Depois, mudamos radicalmente”, conta Thomé. A ideia, inovadora para o Vale, parte da empresa idealizada pelos dois que, agora, dá os passos iniciais na incubação no Tecnovates. Ainda sem nome, o projeto engloba o trabalho com frutas e sucos orgânicos frescos. “Vamos começar passo a passo.” Evitar o desperdício e proporcionar mais qualidade de vida e saúde aos futuros consumidores são os objetivos da iniciativa, que pode contar com a estrutura do Food FabLab. “Quando mudamos o projeto, logo a Cíntia falou sobre o investimento na cozinha. Foi uma coincidência”, revela Thomé, empolgado. “Não poderemos produzir aqui. Não vai ser a nossa cozinha, mas vamos realizar os testes necessários para entregar um produto de qualidade.” 

 

Os ciclos de processamento das frutas - a matéria-prima do empreendimento - serão diários. Para ajudar a viabilizar o projeto, testes terão de ser feitos e a nova cozinha-laboratório vai ser útil. “Se eu iniciasse este projeto fora do Tecnovates, eu mesmo assim iria procurar a Univates para me oferecer apoio”, comenta Thomé, para quem o ambiente de inovação do Tecnovates é muito importante. Além de poder utilizar a estrutura, o acompanhamento e assessoria por parte de professores especialistas em diversas áreas é uma das vantagens de quem é incubado. “Tenho vários mentores, com quem levamos o projeto adiante.” Além disso, é necessário ter a segurança de produzir em um ambiente de testes antes de iniciar comercialmente. “Para nós, este investimento vem bem a calhar. Queremos fazer os testes de durabilidade, embalagem, validade e oxidação, por exemplo. Assim vou poder chegar no cliente e oferecer garantias”, completa.

 

Mais que tecnologia 

 

Um laboratório tecnológico. Mas não apenas isso. O projeto cria um novo espaço para que iniciativas surgidas na região possam desenvolver seus testes, com equipamentos de ponta, simulando condições, como, por exemplo, o tempo de prateleira - útil para determinar a validade de alimentos. O Programa RS Tecnópole, da Sdect, que oferece apoio às incubadoras, garante R$ 299.977,91 à implementação do Food FabLab, no Prédio 21 da Univates. Também está prevista a contrapartida de R$ 76.096,88 da Univates. O custo total é de R$ 376.074,79. A coordenadora do Tecnovates, Cíntia Agostini, comemora a implementação do FabLab. “Um ganho é o incremento de conhecimento nas áreas prioritárias para a região e instituição. Outro, é que ele contribui para o desenvolvimento regional.” 

 

No fim de fevereiro, após trâmites internos na Sdect, os recursos haviam sido liberados. A Univates, enquanto gestora dos valores, tem agora a responsabilidade de empregar as verbas, desenvolver os projetos e apresentar os resultados no prazo de até um ano. “Estamos comprando os equipamentos e vamos instalar os laboratórios. A expectativa é para, em abril, já ter a maior parte das instalações concluídas. Em maio, vamos começar a trabalhar efetivamente”, conta Cíntia. Prioritariamente, poderão se valer da estrutura as incubadas e os futuros incubados da Inovates. “Isso, no entanto, não impede que atendamos a outros parceiros”, destaca Cíntia. Entre os equipamentos adquiridos, está uma câmara de testagem rápida para tempo de prateleira e um reator de oxidação de alimentos. Quefir, farinha, queijo e suco orgânico são alguns dos produtos com os quais trabalham as empresas que usarão a cozinha-laboratório, inclusive para rodar lotes pilotos. Além disso, o Food FabLab fica à disposição da Univates - o que permitirá o envolvimento de alunos de graduação, mestrado e doutorado, por meio de bolsas, com os projetos que se apropriarão da estrutura, no futuro. “Você está capacitando pessoas em áreas estratégicas no contexto regional”, revela. Ele poderá contribuir para ampliação das cadeias produtivas, ao oferecer espaço para industrialização e processamento de produtos inovadores.

 

PróBios 

 

O quefir é um complemento alimentar de alto valor terapêutico. Probiótico, é rico em bactérias e micro-organismos benéficos à flora intestinal. Em Lajeado, uma iniciativa inédita no Brasil se dedica a desenvolver produtos a base do quefir. “Inicialmente, começamos com iogurte, depois a ricota. Agora temos o cream-cheese e o cheesecake (torta de queijo) também”, destaca Luciana Flores Hoy. Junto com os sócios, Luciano Pires e Rejane Flores, ela está à frente da PróBios - que hoje é uma das incubadas no Inovates. “Temos um processo anterior à Univates. Essa relação vem para complementar o nosso produto.” Empolgada, Luciana revela que tem expectativas sobre a possibilidade de usar a cozinha-laboratório. “Em relação ao iogurte, hoje trabalhamos com quatro frutas. Quando tentamos o mamão, ficou amargo. A partir do Food FabLab, poderemos entender o que acontece”, diz. Em razão de ser um produto com características diferentes, sem conservantes e integralmente natural, algumas particularidades se impõem ao trabalho com o quefir. No caso da PróBios, elas podem ser melhor entendidas e superadas por meio da parceria com o Tecnovates. “Precisamos de tecnologias para desenvolver o tempo de prateleira, por exemplo”, diz Luciana. “A Inovates veio como um alento. Podemos pesquisar e experimentar com mais segurança”, comenta. Ainda, conforme a empreendedora, será possível fomentar o manual de boas práticas da PróBios, e expandir as informações nutricionais específicas para o produto, com o início das atividades do Food FabLab.

 

Meta própria

 

O que vem por aí? “Uma das metas é a produção de um produto cru com características do Vale do Taquari”, revela Cíntia Agostini. “Vamos empenhar pesquisadores - como contrapartida ao repasse - para produzir um tipo de presunto cru com características regionais”, detalha. No futuro, o Tecnovates vai capacitar em empresas vinculadas e agroindústrias para poder transferir essa tecnologia à sociedade. As determinações metodológicas, a produção, as análises sensorial, microbiológica e físico-químicas serão, inicialmente, realizadas no Tecnovates. “Nós faremos o primeiro lote. Depois, questionaremos: ‘quem quer tocar isso comercialmente?’ Aí procuraremos parceiros.”

 

Fonte: Lucas George Wendt | Informativo do Vale - 22/03/2018