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Algoritmos e receita de bolo, o que tem a ver?

Postado em 06/07/2018 08h57min e atualizado em 06/07/2018 09h19min

Por Ana Amélia Ritt

Você já deve ter percebido que alguns produtos que desejamos comprar de forma on-line nos perseguem, né? Por exemplo, você está no Facebook e abre uma nova guia. Digita no Google o modelo daquele celular que tanto sonha, mas desiste. Entra no Instagram, rola a linha do tempo e… quem aparece novamente? Ele mesmo.

Essa técnica é chamada de retargeting ou remarketing e é, conforme o professor do Curso Técnico em Comunicação Visual Maico Adriano Eckert, uma das mais eficazes estratégias de venda em canais digitais.

Os algoritmos compreendem nosso comportamento e, auxiliados por ferramentas como Pixel do Facebook, monitoram nossos acessos, preferências e navegações
Professor Maico Adriano Eckert

Outro caso é a ordem em que as publicações de redes sociais aparecem para o usuário - cronológica ou de relevância (este baseado no número de likes, comentários, perfis procurados e compartilhamento de publicações). 

As duas situações envolvem a presença de algoritmos, e eles não estão só em sites ou apps, mas em tudo o que possui recurso computacional. 

Mas, afinal, o que é um algoritmo?

O algoritmo é um conjunto de passos para que um programa de computador possa realizar uma tarefa. É quase como uma receita de bolo: os ingredientes, a ordem que eles devem ser colocados, o modo de preparo e o resultado, que varia conforme a execução das ações. 

“Algumas pesquisas indicam que, toda vez em que abrimos nosso Facebook, 15 mil posts estão prontos para serem distribuídos na nossa tela. E isso só aumenta. Como somos uma sociedade que prima pela quantidade de amigos conectados a nós em mídias sociais, imagine a quantidade de mensagens prontas para serem despejadas no nosso feed”, desafia Eckert. Além disso, o algoritmo torna o ambiente mais organizado, produtivo e interessante, já que o robô entende nossas preferências e relacionamentos mais diretos. 

Segundo a professora do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Maria Claudete Wildner, também são aplicadas lógicas mais complexas de tratamento de dados para o funcionamento. “No que diz respeito a textos e fotos, algoritmos robustos têm o trabalho de classificar todo esse conteúdo de forma a identificar inteligentemente dentro de um texto a sua principal ideia e então cruzar essa informação com as demais estatísticas para realizar a sugestão para as pessoas”, conta.

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Eckert acrescenta que os algoritmos servem para organizar as informações distribuídas nas redes e direcionar os conteúdos mais relevantes à comunidade digital presente nas plataformas. Além disso, são amplamente utilizados para "ler" comportamentos, ou seja, contribuem para marcas compreenderem seu público.

Por exemplo, sabe quando o Netflix manda notificação recomendando uma série? Essa também é uma forma de utilizar o algoritmo. Por meio dos acessos recentes e preferências, a plataforma personaliza o conteúdo para o cliente, e isso também ocorre no Spotify ou em sites de notícias.

Essa “linha de raciocínio que busca uma solução” - ou melhor, o algoritmo - pode ser benéfica ou maléfica. Apesar de auxiliar na seleção de produtos para o consumo conforme suas últimas buscas, o algoritmo acaba formando um “filtro bolha” quando se trata de informação. Ou seja, ele influencia na divulgação de postagens, notícias e sugestões nas redes sociais ou sites de busca. Assim dificilmente são exploradas informações com opiniões diferentes ou situações “desconfortáveis” ao nosso olhar, que são igualmente importantes para analisarmos diferentes pontos de vista.

Sem algoritmos

Tuane Eggers

Criada em 2015, a Vero é uma rede social que surge com a proposta de não utilizar manipulação de algoritmos nem publicidade. Assim ela defende ser verdadeira, mostrando o conteúdo dos seus amigos em tempo real. O porém desse discurso é que a rede social, após atingir um milhão de usuários cadastrados, passará a sugerir um valor para pagamento anual. 

Para Eckert, é difícil sermos capazes de lidar com uma rede social que não tenha em seu mecanismo um algoritmo para filtrar publicações. “Talvez em seu início, quando ainda estiver pouco populada, sim. Mas, à medida que a rede cresce, o volume de publicações torna meio que impossível gerenciar e absorver todo o conteúdo gerado por lá”, explica.

Além de gostos pessoais

Estudos recentes têm utilizado algoritmos para detectar doenças em humanos, e a tendência é que isso se torne ainda mais frequente. Pesquisadores da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, desenvolveram um algoritmo que se mostrou mais eficaz do que radiologistas humanos para diagnosticar casos de pneumonia. 

Já o Google está desenvolvendo, em parceria com a Verily, um equipamento para escanear e analisar a parte de trás de um olho humano. Os dados do paciente são guardados em um software, aí o algoritmo prevê o risco de o paciente apresentar doenças do coração ou de sofrer um ataque cardíaco. Para “treinar” os algoritmos, os cientistas utilizaram um equipamento com dados de quase 300 mil pacientes. Apesar de os algoritmos poderem tornar mais rápida a identificação das doenças, auxiliando os médicos, o método ainda precisa ser testado muitas vezes antes que, de fato, seja utilizado na prática clínica com pacientes reais.

 

Essa matéria faz parte da 7ª edição da Revista Univates. Confira a edição completa aqui.