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Univates realiza atividades em festividade cultural dos indígenas Kaingang

Postado em 10/04/2018 11h29min e atualizado em 10/04/2018 11h38min

Por Nicole Morás

Nos dias 05, 06 e 07 de abril foi realizada a Semana Cultural na Terra Indígena Foxá (palavra que na língua Kaingang significa cedro), no bairro Jardim do Cedro, em Lajeado/RS. O evento contou com a participação de estudantes, bolsistas de extensão e de iniciação científica, mestrandos, doutorandos e professores. Os participantes são vinculados ao projeto de extensão História e Cultura Kaingang, ao curso de licenciatura em História, e ao projeto de pesquisa Identidade Étnicas em Espaços Territoriais da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates, coordenados pelo professor Dr. Luís Fernando Laroque.

A atividade, realizada em conjunto com as lideranças indígenas, especialistas cerimoniais e a comunidade Kaingang, objetivou promover ações dedicadas à cultura indígena, reunir os kujà (líderes espirituais) para a festividade do Kikikói (cerimônia religiosa), reunir indígenas Kaingang de outras terras indígenas, oportunizando espaços de convivência, e propiciar que a comunidade não indígena pudesse conhecer a terra indígena Foxá de Lajeado, sua cultura e sua tradição.

Divulgação

De acordo com Laroque, o Kikikói é o mais expressivo cerimonial da cultura Kaingang e vem sendo registrado pelos não índios desde o século XIX. Na cerimônia, o povo Kaingang se divide em dois grupos, que representam os clãs dos ancestrais míticos Kamé e Kayrucré, de forma a potencializar o povo e no qual os espíritos dos falecidos seguem o caminho para a aldeia dos mortos. Com isso, os espíritos falecidos protegem a comunidade de doenças.

No evento ocorrido na Comunidade Foxá, em Lajeado, os kujà e lideranças espirituais realizaram uma série de ritos compostos de rezas, fogos, cantos e danças. Como parte das festividades, também foi realizado o corte de uma árvore, no tronco da qual foi confeccionado um cocho onde foi preparado o Kiki - uma bebida composta principalmente de mel natural e plantas nativas, que, após fermentado, foi tomado no último dia do ritual. O Kiki representa uma rede simbólica que expressa o encontro entre o mundo humano e não humano.

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Os bolsistas de extensão Bruno Mallmann Cavalheiro e Ernesto Pereira Bastos Neto, do curso de História, as doutorandas do PPGAD Fabiane Prestes e Emeli Lappe, que estão estudando a terra Foxá em suas pesquisas, e os demais estudantes que participaram da Semana Cultural dividiram-se em grupos para realizar atividades extensionistas e de pesquisa. Os discentes também auxiliaram em reuniões dos Kaingang com agências oficias e não oficiais que tratam da questão indígena e, a pedido dos Kaingang, fizeram os registros fotográficos e fílmicos de todos os momentos.

Programação

Nos dia 05 e 06 de abril, participaram das atividades principalmente estudantes e professores da educação básica do Vale do Taquari. Já nos dias 06 e 07 de abril, Kaingangs das terras indígenas Jamã Tÿ Tãnh/Estrela, Pó Mág/Tabaí, Pó Nãnh Mág e Ká Mág/Farroupilha, Por Fi Gâ/São Leopoldo, Nonoai/Nonoai, Votouro/Benjamin Constant do Sul participaram da programação. Também estiveram presentes integrantes de agências, como Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) , Fundação Nacional do Índio (Funai), Emater, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit), Ministério Público Federal, Prefeitura de Lajeado, Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin), professores e estudantes universitários e pesquisadores da Univates, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Conforme Laroque, as atividades da Semana Cultural, mediadas pelos integrantes dos projetos, foram intensas e impactam na formação pessoal e profissional dos estudantes que participaram das atividades. “O evento também contribui  para a promoção do respeito aos povos indígenas e a percepção da importância do diálogo e da convivência entre diferentes grupos étnicos em prol da construção de uma sociedade plural, que é característica do Vale do Taquari, do Rio Grande do Sul e do Brasil”, analisa ele.