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Diogo Luiz-Wikimedia

Estudo da Univates observa mudanças morfológicas em libélulas de mesma espécie conforme variação da vegetação no Pampa

Postado as 06/10/2021 14:12:15

Por Lucas George Wendt

Um estudo realizado pela Universidade do Vale do Taquari - Univates, por meio do Laboratório de Evolução e Ecologia, indica que as libélulas são sensíveis a mudanças na estrutura da vegetação nas pastagens subtropicais sul-americanas. 

O estudo Intraspecific morphological variation in the dragonfly Erythrodiplax media (Odonata: Libellulidae) among South American grassland Physiognomies foi publicado no periódico Neotropical Entomology. Participaram da pesquisa Mateus Marques Pires, Gérson Luiz Ely-Junior, Marina Schmidt Dalzochio, Eduardo Périco e Göran Sahlén, este último, pesquisador da Universidade de Halmstad, na Suécia. A equipe da Univates é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD).  

A pesquisa analisou a variação morfológica intraespecífica, ou seja, aquela que acontece entre indivíduos de uma mesma espécie, na libélula Erythrodiplax media, comparando os resultados com as fisionomias e estruturas das pastagens nas quais os insetos foram encontrados. As pastagens correspondem aos tipos “Costeira”, “Planalto” e “Estépicos” e ocorrem nos campos do Sul do Brasil. 

Tuane Eggers

Eduardo Périco

Eduardo Périco

O professor Eduardo Périco explica as características específicas por trás de cada definição. “Os campos do Pampa, na mais recente classificação adotada, foram divididos em ‘Costeiros’, que ficam próximo à zona litorânea, fácil de ver quando se está na Estrada do Mar; em ‘Planalto’ (campos altos), que ficam na região de encontro do Pampa com a Mata Atlântica; e ‘Estépicos’, que são os campos clássicos do Pampa, na região de Uruguaiana, Bagé, Dom Pedrito - aqueles campos que a gente lembra quando pensa no bioma Pampa”, exemplifica. 

Importância deste tipo de estudo 

O trabalho desenvolvido tem impacto direto na definição de áreas de proteção do bioma Pampa. “Só 3% do Bioma está em área de preservação. Esses 3% não abrangem todos os tipos de campos - as fisionomias - do Pampa”, argumenta Périco. “O trabalho mostrou que mesmo indivíduos de uma mesma espécie reagem de forma diferente  - por meio da morfometria - aos elementos da paisagem, neste caso às diferentes variações do campo”. Os pesquisadores defendem que, para manter a diversidade, tanto de espécies como de indivíduos, é necessária a demarcação de áreas de proteção que sejam representativas de todos os ecossistemas, ou diferentes fisionomias, do bioma Pampa.

Divulgação




A pesquisa 

Foram medidas seis características morfológicas: comprimento total do corpo, altura do tórax, comprimento e largura das asas anteriores e posteriores de 90 espécimes. O que os pesquisadores fizeram foi testar o efeito do tipo de campo no conjunto de características usando a técnica de análise de variância múltipla unilateral (MANOVA, na sigla em inglês) e análise de componentes principais (PCA, também na sigla em inglês), separadamente para cada sexo. 

Após as comparações, foi possível determinar que a fisionomia das pastagens afetou a morfologia tanto de machos quanto de fêmeas. Após as medidas terem sido realizadas, os dados foram correlacionados com os tipos de campo nos quais os espécimes foram encontrados. “Quanto maior a correlação, mais aquele tipo de campo está associado àquela medida, por exemplo, de largura da asa, do tórax”, explica Périco. 

Resultados 

O primeiro eixo do PCA separou os espécimes de acordo com o comprimento do corpo, altura do tórax e largura da asa, enquanto o segundo eixo do PCA dividiu os espécimes de acordo com o comprimento da asa e altura do tórax de espécimes com asas mais largas e comprimentos de corpo mais longos.

Os machos encontrados na vegetação do tipo “Costeira” tinham comprimento de corpo mais longo e altura do tórax mais curta do que os das pastagens do “Planalto” e os do “Estépico”, enquanto os machos do campo “Estépico” tinham asas dianteiras e posteriores mais longas do que os espécimes das pastagens “Costeira” e “Planalto”. 

As fêmeas do litoral (“Costeira”) tinham asas anteriores significativamente mais curtas do que os espécimes das pastagens de “Estépica” e asas posteriores mais curtas do que as pastagens do “Planalto”. “Nossos resultados são provavelmente explicados pelas diferenças no clima e na complexidade do habitat entre os tipos de pastagens e indicam que os processos que conduzem o desempenho dos odonatos variam entre os biótopos de pastagens”, complementa o professor. 

Este estudo indica potencialmente que as libélulas são sensíveis a mudanças na estrutura da vegetação nas pastagens subtropicais sul-americanas.

PPGAD está com inscrições abertas

O Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) está com inscrições abertas para o seu processo de seleção com um total de 35 vagas: 20 para mestrado e 15 para doutorado. Em ambos os processos seletivos as inscrições podem ser realizadas até o dia 22 de outubro. 

O PPGAD tem por objetivo promover visão integrada da questão ambiental, em suas perspectivas históricas, econômicas, sociais e ecológicas, por meio do desenvolvimento e da aplicação de tecnologias e metodologias voltadas à solução de problemas ligados à área ambiental.

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