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Laboratório de Acarologia identifica praga quarentenária na cultura da maçã

Postado em 03/08/2017 10h26min

Por Nicole Morás

Praga quarentenária é todo organismo de natureza animal e/ou vegetal que estando presente em outros países ou regiões, mesmo sob controle permanente, constitui ameaça à economia agrícola do país ou região importadora. Esses organismos são geralmente exóticos para esse país ou região e podem ser transportados de um local para outro auxiliados pelo homem e seus meios de transporte, por meio do trânsito de plantas, animais ou por frutos e sementes infestados. As pragas quarentenárias, listadas na Instrução Normativa Mapa 41/2008 (IN 41/2008), agrupam-se em duas categorias: A1 – são as pragas exóticas não presentes no país; e A2 – são pragas de importância econômica potencial, já presentes no país, porém apresentando disseminação localizada e submetidas a programa oficial de controle.

Cada país tem postos alfandegários localizados em suas fronteiras e em suas principais entradas para fiscalizar não apenas mercadorias importadas, como também produtos de origem animal e vegetal. O principal objetivo desses postos é identificar espécies que ainda não tenham sido introduzidas no Brasil, evitando sua entrada e para que não ocorram danos econômicos a alguns cultivos.

Recentemente, em atividades de coleta na cultura da macieira, as doutorandas da Univates Darliane Evangelho Silva, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), e Joseane Moreira do Nascimento, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), notaram espécimes de eriofídeos em folhas de macieira em Vacaria, fato incomum até o presente momento. Como uma das atividades do Laboratório de Acarologia da Instituição, vinculado ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), é a identificação de ácaros nas diversas culturas, foi realizada a identificação do espécime coletado, concluindo ser Aculus schlechtendali (Eriophyidae), uma praga quarentenária segundo a IN 41/2008.

Indivíduos dessa espécie, montados em lâminas de microscopia, foram levados pelo professor Juarez Ferla para a Universidade de Bari, Itália, onde esteve realizando estudos no período de sua licença sabática. Na universidade italiana trabalha o pesquisador Dr. Enrico de Lillo, especialista em eriofídeos, que confirmou a identificação. Esse cuidado é realizado pois a cadeia da maçã envolve valores econômicos significativos. O ácaro Aculus schlechtendali a partir de agora assume a categoria A2, isto é, passa a ser uma praga de importância econômica potencial presente no Brasil, com disseminação localizada e submetida a programa oficial de controle.

Nesse caso, o Laboratório de Acarologia precisou informar ao Ministério da Agricultura (Mapa) a presença desse organismo no país e, recentemente, o Mapa reconheceu a presença dessa espécie no Brasil. Em ofício enviado ao professor Juarez Ferla, o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa registrou “agradecimento pelas informações prestadas e pela contribuição com o sistema oficial de vigilância fitossanitária”. Assim, oficialmente o Brasil passa a ser o terceiro país da América do Sul que registra a presença desse ácaro em plantas de maçã. O professor Juarez destaca “o espírito científico das doutorandas em notar organismos diferentes ,durante a realização das atividades corriqueiras de sua pesquisa”. Além disso, reforça que “essas informações disponibilizadas pelo Laboratório de Acarologia ajudam a cadeia da maçã na identificação de possíveis problemas que possam vir a ser enfrentados, reforçando a função científico-social do Laboratório”.

Saiba mais
O Brasil está entre os dez maiores produtores de maçãs do mundo, com produção anual de mais de um milhão de toneladas, concentrada principalmente nos três estados do Sul do país: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

O Aculus schlechtendali, conhecido por ácaro da ferrugem da maçã (Apple Rust Mite), foi coletado em pomar comercial de maçã no município de Vacaria (RS), entre novembro de 2016 e janeiro de 2017. Essa região está dentro da grande área de produção de maçã do Sul do Brasil.

Até o presente momento, o Aculus schlechtendali está presente nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Europa e alguns países africanos e asiáticos. Na América Latina já pode ser encontrado no Chile e na Argentina.

Texto: Nicole Morás
Fotos: Divulgação

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Doutor Enrico de Lillo e doutor Juarez Ferla

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Os danos causados por essa espécie podem ser observados nas figuras

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