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Divulgação

Pesquisa de Mestrado vinculada ao PPGBiotec analisa possível potencial antitumoral de planta nativa

Postado as 07/06/2019 10:56:31

Por Carla Bagnara

Você conhece a planta jaracatiá ou mamãozinho-do-mato? Sabia que ela é nativa do Brasil e possui potencial para uso na área alimentícia e da saúde?

Carla Bagnara

A Química Industrial Lilian de Fátima Ferreira da Silva aproveitou tais características da espécie Vasconcellea quercifolia, da mesma família do mamão, e investigou, como atividade paralela à sua pesquisa de mestrado em Biotecnologia na Univates, a potencialidade antitumoral da planta.

A pesquisa desenvolvida por Lilian, sob orientação da doutora Elisete Maria de Freitas, é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Universidade do Vale do Taquari - Univates. Conforme Lilian, trata-se de uma pesquisa preliminar, que identifica a possível potencialidade da espécie, conhecida como mamãozinho-do-mato, para tratamento de câncer.

A pesquisa faz parte de uma série de investigações que estão sendo realizadas sobre as potencialidades da planta. Ainda não podemos afirmar que o mamãozinho-do-mato é um antitumoral, mas sim, que os resultados obtidos indicam que a planta possui compostos com potencial para serem explorados na busca de novos fármacos contra células cancerígenas. Este estudo preliminar mostra e serve de estímulo para que as pesquisas com a espécie tenham sequência
Lilian da Silva, mestre em Biotecnologia

Os resultados e o próximo passo

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Para chegar a essas conclusões, a equipe do Laboratório de Botânica da Univates trabalhou em parceria com outros professores da Univates, doutor Eduardo Miranda Ethur e doutora Lucélia Hoehne, e com a professora doutora Alessandra Nejar Bruno do Instituto Federal de Porto Alegre (IFSul). Assim, Lilian realizou parte das práticas na Univates e outra parte, a análise antitumoral, no IFSul. Após coletar o látex da planta - substância branca e leitosa que escorre quando a planta sofre algum corte - e separar a fração de interesse, o material foi colocado em contato com células de câncer uterino e células de câncer de mama, que ficaram incubadas por 24 horas, período avaliado no estudo.

Principais resultados se deram nas células de câncer uterino, tendo redução de mais de 75% das células cancerígenas após o período de 24 horas de incubação. Porém esses testes são realizados in vitro, por isso se tratam de resultados preliminares
Líliam da Silva, mestre em Biotecnologia

Lilian afirma que sua pesquisa foi apenas o primeiro passo da investigação da potencialidade antitumoral do látex de mamãozinho-do-mato. Agora é necessário que outros pesquisadores, por meio de parcerias, deem sequência ao estudo. A professora orientadora da pesquisa e coordenadora do Laboratório de Botânica da Univates, doutora Elisete Maria de Freitas, reafirma o caráter preliminar do estudo e destaca que essas pesquisas são como um “pontapé inicial” e salienta que não se deve passar a utilizar partes da planta ou o seu látex para o tratamento do câncer.

“Por outro lado, precisamos passar a dar mais importância para as plantas que temos em nosso meio, em nossas florestas, pois elas podem ter várias utilidades. É preciso conhecer as espécies que compõem a biodiversidade regional e valorizá-las, para então explorá-las de forma sustentável”, comenta Elisete.

Estudos com plantas nativas

Lucas George Wendt

 

Conforme a coordenadora Elisete, o Laboratório de Botânica da Univates, em paralelo com outros estudos, trabalha, em parceria com outros pesquisadores da Univates e de outras Instituições, com pesquisas que investigam as potencialidades de plantas nativas para usos no controle biológico de plantas invasoras, na indústria de alimentos e na área da saúde. Atualmente, na área da saúde, são três focos principais de investigação em andamento, utilizando plantas nativas: atividades antioxidante, antimicrobiana e antitumoral. As três principais espécies nativas estudadas são a bananinha-do-mato (Bromelia antiacantha), a amora-preta (Rubus sellowii) e o mamãozinho-do-mato (Vasconcellea quercifolia).

“Trabalhamos com bioprospecção de espécies vegetais nativas. Ou seja, investigamos possibilidades para a exploração econômica, e sustentável, de diferentes plantas nativas, tanto para a  produção de alimentos como para aplicação na área da saúde, ou ainda para o futuro desenvolvimento, a partir de extratos e óleos de plantas, de bioherbicidas para o controle de plantas invasoras”, explica Elisete.

Os estudos realizados no Laboratório ocorrem em parceria com outras instituições e laboratórios e em conjunto com pesquisadores e alunos vinculados aos cursos de Ciências Biológicas e aos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS). O Laboratório de Botânica também integra os laboratórios do Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari, o Tecnovates.

Saiba mais: características de Vasconcellea quercifolia

Pertencente à família Caricaceae e popularmente conhecida como mamãozinho-do-mato ou jacaratiá, a espécie é nativa do Brasil e ocorre desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, podendo ser encontrada também em regiões tropicais e subtropicais da América Central, América do Sul e África. Sua ocorrência é em bordas de matas e capoeiras. É considerada uma Planta Alimentícia Não Convencional (Panc), ou seja, plantas nativas com potencial para uso na alimentação.

“Conforme uso popular, a medula caulinar (centro do caule) ralada é utilizada em substituição ao coco no preparo de um doce, denominado doce-do-pau-ralado. Os frutos verdes, quando cozidos, podem substituir a batata-inglesa (Solanum tuberosum) em purês e saladas, enquanto os maduros podem substituir a abóbora (Cucurbita maxima) e as sementes maduras e secas podem ser utilizadas como pimenta-do-reino. A composição de seus frutos é rica em: amido, proteínas, lipídios, fibra alimentar, potássio e nitrogênio”, explica Lilian. Dentre as proteínas, destaca-se a papaína que o Brasil importa para uso na indústria farmacêutica e de alimentos.