Pedro Luis começou em abril passado a fazer shows com o repertório de Luiz Melodia, morto em 2017. Três meses depois, ainda preferia não cantar “Juventude Transviada”.
O verso “Uma mulher não deve vacilar”, que passou ileso em 1976, podia ser rejeitado hoje pelo público feminino.
“Comecei a cantar no bis, e a música foi muito bem recebida por homens, mulheres e não binários. Acho que, por ser do Melodia, parece que a mulher está sendo protegida, e não ofendida”, arrisca Pedro Luis.
“Juventude Transviada” virou o single que marcou o lançamento de “Vale Quanto Pesa – Pérolas de Luiz Melodia”. As 13 faixas estão nas plataformas digitais e se tornarão CD em janeiro. Nos dias 5 e 6 haverá apresentações no Sesc Bom Retiro.
A boa aceitação dos shows confirmou, para Pedro Luis, que a obra de Melodia continua firme e forte. Mas não impediu que ele se incomodasse ao perceber que algumas plateias não conheciam canções como “Pérola Negra” e “Estácio, Holly Estácio”.
“Os jovens ainda conhecem pouco. Fiquei me sentindo na responsabilidade de mostrar mais essa obra, que é ímpar”, diz.
O cantor e compositor tinha 13 anos quando foi lançado, em 1973, “Pérola Negra”, disco presente hoje em quase todas as listas dos melhores já lançados no Brasil.
A música-título tinha sido interpretada por Gal Costa e “Estácio, Holly Estácio”, por Maria Bethânia. O LP ainda trazia outras oito músicas diferentes de tudo o que se conhecia, além de uma voz idem.
“Fiquei muito impressionado”, conta Pedro Luis. “Minha família vivia em torno de música, e a gente ouvia de tudo. Eu me reconheci no Melodia, na aversão dele a amarras.”