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Notícias

08 Dezembro de 2021

Chico César e Geraldo Azevedo se afinam na irmandade

♪ A chegada do show Violivoz à cidade do Rio de Janeiro (RJ) no primeiro fim de semana deste mês de dezembro de 2021, em duas apresentações que lotaram o Circo Voador, confirmou a alta expectativa em torno desta turnê nacional que junta Chico César e Geraldo Azevedo em encontro inédito.
 
Compositores nordestinos de gerações distintas, o paraibano Chico e o pernambucano Geraldo reiteraram afinidades e se afinaram nas diferenças em show eletrizante que aportou no caloroso palco carioca do Circo Voador nos últimos minutos de sábado, 4 de dezembro.
 
A potência dos respectivos cancioneiros dos artistas foi amplificada pela energia do público, cujo coro forte e espontâneo foi ouvido desde Táxi lunar (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Alceu Valença, 1979), primeira música do roteiro que alternou hits dos dois compositores e que culminou, no bis, com Dona da minha cabeça (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, 1986).
 
Como o engenhoso título Violivoz já sugere, o show de Chico César e Geraldo Azevedo foi construído somente com base nos violões e vozes dos artistas. Só que a trama de violões do show tem pegada e alta carga de eletricidade, distanciando Violivoz do clima ameno dos recitais acústicos.
 
Em alguns momentos, os artistas se enfrentaram no palco do Circo com os respectivos violões em duelo fraterno, regido pela irmandade enfatizada nas afinidades das obras.
 
Ficou claro no show, por exemplo, o vínculo afetuoso da canção romântica mais cultuada do cancioneiro de Geraldo Azevedo, Dia branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha, 1978) – cantada por Chico, com Geraldo ao violão – com uma das mais apaixonantes baladas de Chico César, Pensar em você (1999), música alocada ao lado de Dia branco e não por acaso já cantada por Geraldo no show anterior que deu origem ao álbum ao vivo Solo contigo (2019).
 
 
Outras músicas foram reunidas por afinidades rítmicas, casos do xotes Deus me proteja (Chico César, 2008) – “Obrigado, Juliette!”, saudou Chico ao ouvir o coro do público nessa música pouco conhecida até ser cantarolada por Juliette na edição de 2021 do programa Big Brother Brasil (TV Globo) – e Moça bonita (Geraldo Azevedo e José Carlos Capinam, 1981).
 
 
Mote do show Violivoz, as afinidades musicais, poéticas e ideológicas entre Chico César e Geraldo Azevedo estão fincadas nas raízes nordestinas que sustentam os cancioneiros dos compositores.
 
Só que a obra de Geraldo Azevedo foi construída com influências de bossa nova e da latinidade entranhada no universo musical hispânico enquanto a obra de Chico César teve o acréscimo da batida do rock, das emoções mais desbragadas da canção sentimental brasileira – veia que saltou no medley que amalgamou Da taça (Chico César, 2015), Onde estará o meu amor? (Chico César, 1996) e Diana (Paul Anka, 1957, em versão em português de Fred Jorge, 1958) – e do balanço do reggae.
 
 
Foi na cadência do gênero jamaicano que, com Pedrada (Chico César, 2019), os artistas reforçaram o tom também político de show. Antes, os cantores já haviam feito acontecer o engajamento com a inserção da canção Pra não dizer que não falei de flores (Caminhando) (Geraldo Vandré, 1968) no meio de outro reggae, Mama África (Chico César, 1995).
 
Antes do reggae Pedrada, a verborrágica canção folk Reis do agronegócio (Chico César e Carlos Rennó, 2015) já tinha disparado crítica sem rodeios à política nada ambientalista dos barões do campo em letra longa, cantada por Chico como se personificasse um Bob Dylan do sertão nordestino.
 
“Nessa sociedade / A verdade parece mentir / Mesmo assim sem jeito / Tenho amor no peito”, cantaram Chico e Geraldo, dando o recado através dos versos de Nem na rodoviária, primeira das duas parcerias inéditas dos compositores, apresentadas lado a lado no roteiro, em números que naturalmente surtiram menor efeito popular.
 
A outra música inédita foi Tudo de amor, canção romântica criada a partir de melodia feita por Geraldo ao violão e letrada por Chico. Somente o tempo poderá dizer se essas duas inéditas terão cacifes para alcançarem o status de standards como Chorando e cantando (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, 1986) e À primeira vista (Chico César, 1995), músicas revividas no show.
 
 
Violivoz é espetáculo valorizado pela real interação entre os dois artistas, reiterada por duetos em músicas como Você se lembra? (Geraldo Azevedo, Pippo Spera e Fausto Nilo, 1996) e pelo duelo instrumental que irrompeu no canto de Bicho de sete cabeças (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha, 1979).
 
Foi bonito ouvir Chico cantar Sétimo céu (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, 1988) e Geraldo entrar em Estado de poesia (Chico César, 2012).
 
Aliás, o show Violivoz transcorreu em embriagante estado de poesia, inclusive quando os artistas abordaram canções alheias como Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975), ode à liberdade de amar.
 
Prevista para ter entrado em cena em maio de 2020, em cronograma inviabilizado pela pandemia, a turnê Violivoz está em cartaz pelo Brasil desde outubro deste ano de 2021, já tendo passado por Recife (PE), Natal (RN), Aracaju (SE), Maceió (AL) e Porto Alegre (RS).
 
A julgar pela consagradora estreia carioca, o show conjunto de Chico César e Geraldo Azevedo ainda vai correr muito chão Brasil afora, enfatizando a irmandade que rege esses dois artistas exponenciais da nação nordestina.
 
Fonte: g1

 

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