Conforme o novo Acordo, a palavra "PARA-QUEDAS" que era grafada com hífen, agora será escrita sem hífen. Assim: PARAQUEDAS. A justificativa: "o falante perdeu a noção de composição". Entretanto, mantém-se o hífen em PARA-RAIOS. Será que nesta não se perdeu a noção de composição? Em outras palavras, alegar que o falante perdeu a noção de composição, de que eram duas palavras da língua, não pode ser usado como critério, pois é totalmente subjetivo; afinal não temos nenhuma pesquisa que ateste essa perda da noção de composição.

Ainda segundo o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), não se usa hífen em locuções como cão de guarda, fim de semana, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso, como água-de-colônia, cor-de-rosa, pé-de-meia. Curiosamente, a palavra "pé-de-moleque", que era grafada com hífen por haver uma nova significação, não está nessa relação de consagradas pelo uso, e o VOLP a registra como PÉ DE MOLEQUE, assim, sem hífen. É como se estivéssemos desconsiderando toda a regra sobre o processo de composição: a junção de palavras que constituem uma unidade sintagmática e semântica, explicitada acima.

Mais um detalhe. A palavra BICO DE PAPAGAIO, quando se refera ao bico do animal, não será grafada com hífen uma vez que não surge uma "nova significação", ou seja, não é uma palavra composta. Todavia, a planta que recebe esse nome é uma nova significação, e o hífen é mantido: BICO-DE-PAPAGAIO, assim como foi mantido em termos da botânica e da zoologia.
Exemplos: Bem-me-quer, erva-doce, bem-te-vi, cobra-d'água...