As
formas
de
aprender
são
muitas
e
também
o
são
as
de
ensinar .
Estilos ,
aptidões
e
preferências
variam
de
pessoa
a
pessoa ,
mas
todas
podem
encontrar
seu
espaço
e
desenvolver
novas
habilidades
utilizando
a
aprendizagem
a
distância –
principalmente
através
do
uso
de
ferramentas
que
facilitem
o
acesso
à
internet .
Esta
é
uma
das
principais
ideias
que
o
livro
Aprendizagem
a
distância ,
de
Fredric
Litto ,
sustenta
ao
longo
de
suas
páginas ,
numa
defesa
apaixonada
da
dita
educação
a
distância
(EaD ),
no
intuito
de
provocar
reflexões
em
educadores
que
já
utilizam
a
EaD
como
ferramenta
e
introduzir
a
prática
àqueles
que
não
a
utilizam .
Fredric
Litto ,
que
é
presidente
da
Associação
Brasileira
de
Ensino
a
Distância
(Abed ),
tem
experiência
de
longa
data
em
EaD :
graduado
em
rádio
e
TV
pela
Universidade
da
Califórnia –
Los
Angeles
(UCLA ),
nos
Estados
Unidos ,
é
PhD
em
comunicação
pela
Universidade
de
Indiana
e
atua
na
área
de
educação
a
distância
desde
1957 ,
quando
trabalhou
com
rádio-educação
na
Pacific
Foundation
KPFK-FM
e
na
UCLA
Radio .
Foi
professor
da
Escola
de
Comunicações
e
Artes
da
Universidade
de
São
Paulo
(USP )
entre
1971
e
2003
e
é
fundador
da
Escola
do
Futuro ,
laboratório
da
USP
que
se
dedica
à
pesquisa
sobre
as
aplicações
das
tecnologias
da
informação
na
educação .
Dividido
em
cinco
seções
principais ,
o
livro
aborda
desde
a
relação
entre
trabalho
e
ensino ,
passando
por
discussões
sobre
as
mudanças
que
a
educação
vem
sofrendo
ao
longo
dos
anos
(principalmente
com
o
advento
de
uma
sociedade
digitalizada )
até
as
vantagens ,
desvantagens ,
preconceitos
e
desafios
no
que
concerne
à
EaD .
Litto
parte
da
premissa
de
que
a
educação
convencional
tem
uma
estrutura
rígida
e
altamente
hierarquizada ,
com
o
professor
na
posição
de
poder ,
portador
do
papel
ativo
no
processo
de
aprendizagem ,
e
com
o
aluno
como
o
elemento
passivo
da
equação ,
um
mero
receptáculo
de
informações
estanques
(que
ele
não
pode
escolher
de
acordo
com
suas
necessidades
e
interesses ).
Com
a
educação
a
distância ,
todo
esse
cenário
se
transforma :
o
aluno
pode
escolher
que
tipo
de
conhecimento
quer
absorver ,
quando
e
como
fazê-lo ,
o
que
cria
uma
possibilidade
muito
grande
de
engajamento
com
o
objeto
de
estudo .
Existe ,
assim ,
uma
maior
proximidade
emocional
entre
estudante
e
aprendizagem
e
é
mais
fácil
ver
que
utilidade
tem
aquele
conhecimento ,
já
que
a
iniciativa
parte
da
necessidade
e
da
vontade
do
aluno .
O
professor
não
é
mais ,
de
acordo
com
essa
visão ,
a
fonte
do
conhecimento
e
nem
está
acima
do
aluno –
pelo
contrário ,
está
ao
seu
lado ,
ainda
que
distante ,
trabalhando
na
função
de
orientador
e
moderador
de
um
debate
que
acontece
entre
quem
aprende .
Em
alguns
casos ,
lembra
Litto ,
ele
nem
é
necessário
(quando
não
se
trata
de
um
curso
formal ,
por
exemplo ).
O
autor
chama
a
atenção
para
as
mudanças
e
transformações
que
estão
ocorrendo
e
vão
continuar
a
acontecer ,
considerando-as
inevitáveis .
"O
professor
que
limita
seu
trabalho
à
entrega
de
fatos
e
conhecimentos
aos
alunos
logo
será
substituído
por
computadores
e
sites
da
internet
que
fazem
essa
tarefa
vinte
e
quatro
horas
por
dia ,
sete
dias
por
semana .
Mas
o
profissional
que
concentra
seus
esforços
na
criação
de
ambientes
e
tarefas
que
permitam
aos
alunos ,
por
si
mesmos ,
chegar
a
fatos
e
conhecimentos
sob
diferentes
possibilidades
de
interpretação
da
informação
obtida ,
nunca
será
substituído
na
aprendizagem
presencial
ou
a
distância ",
pondera .
A
prática
de
EaD ,
que
vem
muito
antes
do
surgimento
dos
ambientes
virtuais
de
aprendizagem
da
internet –
a
Universidade
de
Londres ,
por
exemplo ,
já
tinha
cursos
por
correspondência
em
1858;
e
cursos
com
material
gravado
em
vídeo
e
áudio
também
foram
largamente
utilizados
antes
da
convergência
de
funções
dos
novos
meios
de
comunicação –,
é ,
segundo
Litto ,
uma
forma
de
promover
uma
maior
capilaridade
do
conhecimento ,
principalmente ,
entre
pessoas
que
não
têm
fácil
acesso
a
escolas
formais
por
morarem
em
lugares
isolados
ou
por
terem
uma
rotina
que
não
as
permite
frequentar
aulas
presenciais .
Esse
é
um
ponto
importante
para
a
EAD ,
mas
nem
tudo
são
flores :
muitos
cursos
podem
não
oferecer
a
qualidade
que
prometem ,
o
risco
de
evasão
é
alto
e
há
lugares ,
como
o
Brasil ,
em
que
a
EaD
ainda
não
é
vista
como
parte
da
cultura
educacional ,
mas
como
um
elemento
extra
cujas
políticas
exigem
outro
tipo
de
regulação .
A
qualidade
dos
métodos
de
avaliação
também
pode
ser
geradora
de
polêmica ,
mas
Litto
acredita
firmemente
que
é
possível
avaliar
o
rendimento
de
um
curso
com
qualidade ,
através
de
exercícios
que
testem
mais
a
capacidade
de
síntese
e
articulação
de
ideias
do
que ,
necessariamente ,
a
memória
dos
alunos .
Outra
questão
importante
que
o
pesquisador
levanta
é
que
a
EaD ,
embora
altamente
inclusiva
e
facilitadora
de
novas
possibilidades ,
não
é
algo
para
todos .
Litto
reitera
que
é
preciso
que
os
alunos
sejam
muito
motivados ,
autônomos ,
pró-ativos
e
independentes
e
estejam
dispostos
a
compartilhar
ideias
e
dúvidas ,
pois ,
apesar
de
oferecer
mais
flexibilidade ,
a
EaD
não
faz
com
que
a
aprendizagem
em
si
seja
mais
fácil :
exige
mais
engajamento
por
parte
do
estudante ,
já
que ,
como
disse
Litto ,
nessa
modalidade
não
se
pode
apenas
esperar
receber
o
conhecimento
do
professor
de
forma
passiva .
E ,
como
se
sabe ,
não
são
apenas
aspectos
psicológicos
que
fazem
a
cisão
entre
incluídos
e
não-incluídos
no
mundo
digital
no
Brasil .
Há
os
indicadores
sociais
–
ainda
que
relativamente
otimistas ,
estão
muito
aquém
do
ideal :
segundo
pesquisa
da
Fundação
Getúlio
Vargas
publicada
no
fim
de
julho ,
metade
da
população
tem
acesso
a
meios
digitais ,
mas
grande
parte
dessa
metade
está
concentrada
em
locais
com
altos
níveis
de
qualidade
de
vida
(os
piores
índices
de
inclusão
estão
concentrados
na
região
Norte ).
A
distância
entre
as
cidades
mais
e
menos
incluídas
é
abissal :
a
taxa
de
inclusão
de
Fernando
Falcão
(MA )
é
de
3,7%
e
a
de
Florianópolis
(SC ),
77% .
Para
que
a
EaD
realmente
cumpra
seus
objetivos ,
essas
taxas
precisam
ser
muito
menos
heterogêneas .
Essa
questão
é
pouco
abordada
no
livro ,
mas
não
é
um
tema
que
Litto
deixa
escapar
completamente ,
embora
pudesse
ser
mais
explorado .
Transitando
entre
esses
e
outros
temas
concernentes
à
tele-educação ,
Aprendizagem
a
distância
é
um
livro
com
linguagem
bastante
simples
e
(por
vezes ,
excessivamente )
didática ,
que
serve
bem
para
o
objetivo
a
que
se
propõe :
fazer
uma
introdução
descomplicada ,
curta
e
direta
das
possibilidades
da
EaD .
Assume
um
tom
bastante
otimista
sem
desprezar ,
no
entanto ,
aspectos
técnicos
e
alguns
questionamentos .
Tem
ilustrações
muito
bem-humoradas
do
cartunista
Caruso
e
é
uma
leitura
bastante
válida ,
tanto
para
quem
já
trabalha
na
área
quanto
para
quem
tem
curiosidade
sobre
o
assunto
de
maneira
menos
específica .
Fonte:
http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&tipo=resenha&edicao=81
Sobre