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Ozônio como alternativa para purificação de superfícies e ambientes

Postado as 28/08/2020 15:22:35

Por Lucas George Wendt

 

A Universidade do Vale do Taquari - Univates, por meio da Incubadora Tecnológica - Inovates, oferece espaço para empreendedores desenvolverem seus negócios. A incubadora está vinculada ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari - Tecnovates. Um dos empresários que se beneficia do espaço é Alberto Valdameri, fundador da Alvap, empresa de geradores de ozônio que atualmente é residente na estrutura do Parque.

 

A relação começou em 2009 e, de lá para cá, a Alvap passou por todas as etapas do processo de acompanhamento realizado pela incubadora: pré-incubação, incubação e graduação, culminando com a atual residência no Parque. Ser residente significa poder utilizar a estrutura do Tecnovates para pesquisa e desenvolvimento. A relação é benéfica para ambas as organizações. Por exemplo, em 2018 a Alvap se tornou a primeira empresa do Tecnovates com o registro de patente deferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial por meio do trabalho realizado com o apoio da Univates.

O negócio

“Tudo o que foi desenvolvido foi no Parque”, conta Valdameri. A Alvap desenvolve equipamentos geradores de ozônio com o objetivo de evitar a contaminação ambiental e em superfícies. Por meio de reações químicas desencadeadas, o ozônio se transforma num potente bactericida, atuando sobre ampla gama de microorganismos, como vírus, fungos e bactérias e até mesmo ácaros. O manejo do ozônio, pela Alvap, é utilizado para a limpeza de frutas, purificação de água, utilização na indústria e na agricultura. Produtores de verduras, legumes e frutas, além de aves, suínos, leite, frigoríficos e agroindústrias se beneficiam dos equipamentos da Alvap. Nesta área existe uma demanda por desenvolvimento de novos produtos e novas aplicações para o ozônio, com os quais a empresa também têm trabalhado. As ideias surgem, inclusive com a interação da empresa com outras áreas da Univates além do Parque, como o Unianálises. “Vamos testando para ver o que funciona e o que não”, comenta Valdameri. A estrutura dos laboratórios e apoio de professores que conhecem a área da microbiologia foram essenciais no início. “Dão um norte para gente. Como o foco do Parque foi a área de alimentos, a Alvap também rumou por esse caminho. Conheci bastante dessa área”.

Novos mercados

 

Além disso, recentemente, a Alvap passou a testar a aplicação de ozônio na higienização de ambientes e espaços de saúde, abrindo para a empresa um novo mercado. O início do desenvolvimento das atividades na área foi a procura, por um professor da Univates, para o suporte da Alvap em um trabalho de conclusão de curso de um estudante de graduação. “O trabalho era sobre desinfecção de salas médicas, especialmente salas de exames de endoscopia, que apresentam prevalência de fungos”, explica Valdameri. Foram coletadas amostras em alguns ambientes e a aplicação do ozônio se mostrou eficiente. De lá para cá, por cerca de dois anos, Valdameri seguiu pesquisando a relação entre o ozônio e fungos e bactérias em ambientes de saúde sem, no entanto, lançar comercialmente o gerador para este tipo de ambiente. Uma outra empresa, a Medical San, de Estrela, recentemente vinculada ao Tecnovates, chegou ao Parque também tendo um de seus propósitos o trabalho com o ozônio. A partir daí surgiu surgiu uma relação entre a Alvap e a Medical San.

 

Nesse nicho estão clínicas médicas e estéticas, além dos ramos de hotelaria e automóveis. Por meio da parceria com a Medical San, a Alvap passa a atuar com produtos contra a contaminação cruzada em ambiente fechados. A parceria permitiu a criação de cerca de 1,5 mil equipamentos em apenas dois meses. Nos últimos dez anos cerca de 800 equipamentos haviam sido comercializados pela Alvap.

 

“Num contexto de Saúde você tem muito mais vírus e bactérias diferentes. Alguns bastante resistentes. Na área de alimentos a prevalência são os fungos. Muda o microorganismo, mas o jeito de atacá-lo é o mesmo. As variáveis são a dosagem e o tempo necessários. Cada ambiente tem sua especificidade”, explica Valdameri.  No caso dos ambientes de Saúde, a descontaminação deve ser realizada na ausência de pessoas — por exemplo, durante a noite. Para isso alguns dos equipamentos comercializados pela Alvap têm a possibilidade de programar a reação para descontaminar o ambiente durante a noite e deixá-lo limpo para as atividades do dia seguinte.

Como os geradores funcionam?

Divulgação

 

Para entender o funcionamento dos geradores da Alvap é necessário compreender a composição do ozônio, um dos gases que compõem a atmosfera terrestre, e suas funções. O ozônio é uma molécula composta por três átomos de oxigênio, por isso seu símbolo é o O3. Na atmosfera o ozônio filtra os raios ultravioletas do Sol criando uma camada protetora ao redor da Terra. Isso acontece quando a radiação ultravioleta vinda do sol quebra em dois as moléculas de oxigênio (o O2). Um dos átomos se une a uma outra molécula de oxigênio (O2) e forma o ozônio (O3) a partir da soma das moléculas. Descargas elétricas também têm o mesmo efeito — o que, para a Alvap, é mais eficiente. Dentro de um dispositivo que filtra o ar do ambiente, o equipamento da empresa emite descargas elétricas sobre o oxigênio. O aparelho é um tubo por meio do qual o oxigênio que passa é quebrado pela descarga elétrica. As moléculas quebradas, então, se recombinam e formam o O3. “Depois aplica-se o O3 no ambiente desejado. Ele vai atacar o que for orgânico: vírus, fungos, bactérias e ácaros”, explica Valdameri. Ozônio oxida a matéria orgânica e volta a ser oxigênio. “Caso o ambiente esteja limpo o ozônio também torna a se recombinar voltando a ser oxigênio”. Não é possível armazenar o ozônio, pois ele vai constantemente se recombinar e se transformar em oxigênio. “Por isso é necessário um equipamento para ativar/provocar a reação no próprio ambiente”.