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Notícias

03 Janeiro de 2023

Rita Lee faz 75 anos e o segundo álbum solo da artista completa 50 anos

♪ MEMÓRIA – Hoje, 31 de dezembro de 2022, Rita Lee Jones faz 75 anos entronizada como a Santa Rita de Sampa e do rock do Brasil. Em 1972, quando ainda caminhava para os 25 anos, a cantora e compositora paulistana lançou o segundo álbum solo, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, via Polydor, selo popular da gravadora Philips.
 
Esse álbum completa 50 anos em 2022 reconhecido mais como um disco do grupo Mutantes – o que de fato é – do que como o segundo álbum da carreira solo de Rita. Em 1970, a artista já havia lançado um real primeiro álbum solo, Build up, com relativo sucesso. Já esse segundo disco teria sido gestado como álbum dos Mutantes, grupo que já havia lançado outro álbum com repertório inédito naquele ano, Mutantes e seus cometas no país do Baurets, posto no mercado em maio de 1972.
 
Só que o executivo André Midani (1932 – 2019), homem forte da Philips, já manifestava desinteresse em investir nos Mutantes. A Midani, interessava (muito) mais apostar no carisma de Rita Lee em carreira solo do que em um segundo disco dos Mutantes naquele ano de 1972 – até porque o contrato do grupo previa somente um disco anual.
 
Foi desse modo que, com a devida interferência de Midani, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida chegou ao mercado em outubro daquele ano como o segundo álbum solo de Rita com capa que expõe autorretrato da cantora.
 
Gravado em julho de 1972 nos 16 canais do Estúdio Eldorado, na cidade de São Paulo (SP), o disco soa de fato como um disco dos Mutantes. Um disco bom, mas sem o vigor e a coesão dos álbuns iniciais do trio formado por Rita em 1966 com os irmãos Arnaldo Baptista – produtor musical de Hoje é o dia do resto da sua vida e piloto do sintetizador e dos pianos usados na gravação do disco – e Sérgio Dias (guitarra).
 
Na época do disco, o grupo já incorporava o baixista Arnolpho Lima (que faria carreira bem-sucedida a partir da segunda metade dos anos 1970 como o produtor musical Liminha) e o baterista Ronaldo Leme.
 
Se o rock Vamos tratar da saúde (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Liminha) reverberou o som dos Mutantes, Beija-me amor (Arnaldo Baptista e Élcio Decário) ecoou a aura kitsch de algumas faixas do primeiro disco solo de Rita, o já mencionado Build up, mas com a letra alterada para a música ser aprovada pela censura.
 
Outra referência ao álbum da cantora em 1970, esta explícita, foi feita na faixa De novo aqui meu bom José (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias e Liminha), música de título alusivo a José (1970), versão em português – curiosamente escrita pela cantora Nara Leão (1942 – 1989) – de Joseph, canção do compositor francês de origem grega Georges Moustaki (1924 – 2013).
 
José foi o único sucesso radiofônico do álbum Build up (a música Sucesso, aqui vou eu ganharia relevo com o passar dos anos), o que sublinha a ironia do grupo – e da própria Rita Lee – na gravação dessa faixa de Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida.
 
A rigor o último disco gravado por Rita com os irmãos Baptista, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida é basicamente um álbum de rock, mas surpreende quando cai no samba em Teimosia (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Liminha) e Amor em preto e branco (Arnaldo Baptista e Rita Lee), música em que a roqueira bossa nova expressa o amor masoquista pelo Corinthians, time do futebol paulistano. A faixa embute trecho de narração de jogo do time.
 
Momento gracioso no álbum, o rock rural Tiroleite (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) é lampejo do deboche dos Mutantes em tempos áureos.
 
Em que pesem os acertos, Hoje é o dia do resto da sua vida chega aos 50 anos com valor mais documental do que musical. Rita sairia dos Mutantes ainda em 1972, formaria em 1973 a efêmera dupla Cilibrinas do Éden com a guitarrista Lúcia Turnbull – creditada na ficha técnica como vocalista deste disco de 1972 (ela participou efetivamente das faixas Vamos tratar da saúde e De novo aqui meu bom José – e encontraria prumo com a banda Tuttti Frutti a partir de 1974 antes de se entronizar no panteão pop brasileiro ao lado de Roberto de Carvalho.
 
Já o grupo Mutantes se desviaria a partir de 1973 para o trilho progressivo – caminho já apontado na última faixa do álbum Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, Superfície do planeta (Arnaldo Baptista), música cantada por Sérgio Dias – e se manteria em cena, entre idas e vindas, por conta da tenacidade do remanescente guitarrista Sérgio Dias.
 
Ficaram para a posteridade álbuns como este já cinquentenário disco solo de 1972 que saiu como LP de Rita Lee quando, na realidade, selou o fim do casamento musical dos irmãos com a roqueira sempre no fundo sempre mutante que chega hoje aos 75 anos.
 
Fonte: g1
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