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Notícias

27 Outubro de 2017

A moda também é incluir

Para facilitar o dia a dia de pessoas com deficiência, diversas tecnologias auxiliam nas atividades cotidianas e há iniciativas para incluir essas pessoas nas escolas, universidades e no mercado de trabalho. E, apesar de ser um movimento recente, a moda não fica de fora disso.

Um dos pioneiros a pensar no vestuário adaptado foi o estilista francês Chris Ambraisse Boston após desenhar uma cadeirante em um metrô que relatou seu amor pela moda e a sua dificuldade em encontrar peças adaptáveis e com design atraente. Foi então que Boston passou a estudar o assunto e fundou a marca A&K Classics, a qual une multifuncionalidade com estética. Boston também aplica o conceito de sustentabilidade em suas coleções ao reaproveitar tecidos que seriam descartados.

No Brasil, o olhar inclusivo da moda teve início a partir do 1º Concurso de Moda Inclusiva, realizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Governo de São Paulo em 2009. Com o objetivo de estimular estudantes de moda a lançarem um olhar fashion e a desenvolverem soluções que facilitem o cotidiano da pessoa com deficiência, o ponto alto do concurso é o desfile de moda inclusiva - uma prática que já foi adotada em diversas outras cidades do Brasil e do mundo, como Milão, a capital internacional da moda. Na Univates, o Desfile de Moda Inclusiva é realizado pelo curso de Design de Moda desde 2016, em parceria com a empresa Mercur, quando 16 modelos desfilaram peças produzidas especialmente para eles por estudantes da Instituição.

Moda com propósito

A diplomada Heloísa Beneduzi abordou a moda inclusiva em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “A partir da pesquisa realizada para a elaboração do artigo científico que foi apresentado para a banca, ficou claro que existe a possibilidade de uma empresa ser economicamente sustentável oferecendo produtos de moda inclusiva”, afirma ela, acrescentando que a escolha pelo tema está relacionada à decisão de que seria muito importante para ela abordar a moda com propósito, por meio da moda inclusiva. “Apesar de bastante desafiador, vejo que o papel do designer deve ser este de questionar e chamar a atenção para os mais diversos assuntos, buscando tornar a moda cada vez mais justa e a favor de todas as pessoas”, conclui Heloísa.

Uma das mulheres que desfilou a coleção proposta por Heloísa em seu TCC foi Tatiane Stoll. Diagnosticada com hemimelia fibular ao nascer, a jovem tem baixa estatura por conta da ausência da fíbula e consequente encurtamento dos membros inferiores. “As roupas não são adaptadas e isso não se refere apenas a quem tem baixa estatura, mas também a pessoas muito magras, ou acima do peso, por exemplo. Eu sempre caminhei, mas em função de algumas cirurgias, desfilei em uma cadeira de rodas e percebi que são necessárias roupas com elásticos, por exemplo, o que ajuda na hora da pessoa se vestir”, analisou ela, que geralmente precisa fazer bainha em calças e saias e conta com a mãe para isso.

Tatiane, que participou da primeira turma do curso Aprendizagem Assistente Administrativo para Pessoas com Deficiência promovido pela Univates e desde então trabalha, acredita que a moda é muito importante para a autoestima. “Escolhemos a roupa pelo nosso humor, às vezes, e isso interfere na nossa autoestima. Gosto de estar por dentro das tendências, gosto muito de calças flare, mas não me importo se eu não tiver uma determinada roupa, e também gosto de uma maquiagem natural”, afirmou ela. Sobre desfilar algumas peças elaborada especialmente para ela, Tatiane disse ter se sentido muito feliz com o convite. “Eu gostaria que as pessoas enxergassem o que a gente vê, que se colocassem em nosso lugar. Por isso, a Heloísa está de parabéns por dar visibilidade à moda com propósito”, finalizou ela.

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