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A Língua Portuguesa para imigrantes por meio de interfaces digitais

Postado em 31/03/2017 08h46min

Por Tiago Silva

Uma área de estudos do projeto Veredas da Linguagem, o eixo Linguagem e Tecnologia desenvolve e aprimora, desde 2014, objetos digitais de aprendizagem (ODA) da Língua Portuguesa em sala de aula. Disponíveis gratuitamente em plataforma online no Repositório de Objetos de Aprendizagem da Univates (Roau), os ODA se destacam pelo feedback instrutivo: o estudante recebe orientações com o intuito de qualificar a sua compreensão textual e aprimorar suas habilidades linguísticas.
 
Neste ano, o grupo que desenvolve os ODA — professores, estudantes e bolsistas da Instituição — está organizando uma proposta inovadora: a criação de instrumentos que auxiliem no ensino e na aprendizagem da Língua Portuguesa como língua adicional a imigrantes estrangeiros.
 
A plataforma é estruturada em forma de roteiro, com apoio do software Hot Potatoes, em que são pensadas as possibilidades de interações que guiam a aprendizagem. A ideia surgiu de aulas de português para imigrantes, no Colégio Estadual Castelo Branco em Lajeado, organizadas pelo eixo Linguagem e Ensino do projeto Veredas.
 
“Dessa experiência a gente tirou várias ideias”, conta a coordenadora do eixo Linguagem e Tecnologia, Juliana Thiesen Fuchs. “Fizemos gravações de cenas cotidianas, como na farmácia, posto de saúde, em pedidos de informação comuns. Queremos explorar questões que os imigrantes mais precisam para auxiliá-los”, explica. A interface está em fase de programação de software e finalização de design. A expectativa é que seja lançada até o fim do mês de abril.
 
De acordo com Juliana, o recurso pode ser usado em sala de aula ou de forma autônoma pelo usuário, sem o auxílio de uma terceira pessoa. “O nosso diferencial continua sendo os feedbacks, que são muito mais complicados de se elaborar para uma pessoa que não fala nossa língua. Então temos que dar essas orientações utilizando mais imagens e vídeos. Foi o nosso grande desafio. Em alguns objetos, a gente usa o recurso da tradução, mas procuramos passar esse feedback em português para que eles se habituem com a língua”, detalha.
 
Metacognição
 
Conforme a doutora em Linguística Kári Lúcia Forneck, coordenadora do curso de Letras e integrante do projeto, a interação proporcionada pelos objetos digitais é efetiva porque trabalha a partir da metacognição: faz com que o aluno desenvolva estratégias de leitura e compreensão das informações de forma mais apurada, consciente e autônoma. “Parecem simples os objetos, mas têm um conceito de aprendizagem que os fundamenta”, afirma.
 
De acordo com ela, além da possibilidade de aprendizagem da Língua Portuguesa como idioma adicional, também estão sendo desenvolvidos objetos de aprendizagens para outras áreas do ensino além da linguística e da literatura. A preocupação agora é diversificar o conteúdo e tornar o formato dos ODA mais atrativo com vídeos, imagens e ilustrações. “Esse tipo de aprendizagem digital pode ser uma metodologia ativa de ensino, que explora habilidades de metacognição”, defende a professora, ao lembrar que testes práticos feitos com alunos em sala de aula apontaram melhora dos estudantes na compreensão leitora.
 
As experiências observadas com a plataforma de interface digital já resultaram em publicações de e-books, artigos e pesquisas. Para disseminar os objetos digitais disponíveis no Roau, o projeto Veredas realiza oficinas em escolas, apresenta a plataforma em eventos no Brasil e no exterior. “Em ambientes acadêmicos, a proposta tem impacto muito positivo, justamente por ser original no que diz respeito ao feedback instrutivo e à autonomia de aprendizagem proporcionados ao usuário”, afirma Kári.
 
Texto: Tiago Silva
Plataforma digital se destaca pelo feedback instrutivo

Tiago Silva

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Ana Amélia Ritt

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