Para conhecer e descrever novas espécies de ácaros da Floresta Amazônica, o bolsista de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates doutor Dinarte Gonçalves realiza visita ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, Amazonas. O estudo é realizado por meio de colaboração com a Dra. Elizabeth Franklin e o Dr. José Wellington de Morais, da Coordenação de Biodiversidade (Cbio) do Inpa, e em parceria com o mestre Matheus dos Santos Rocha, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Biologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e diplomado em Ciências Biológicas pela Univates.

De acordo com Gonçalves, o foco é os ácaros da família Cunaxidae e da ordem Mesostigmata em ambientes naturais da Floresta Amazônica, por meio de material biológico coletado pelo Laboratório de Sistemática e Ecologia de Invertebrados do Solo. “Como especialistas em Taxonomia de Mesostigmata - grupo de ácaros predadores comumente utilizados em programas de controle biológico -, fomos convidados a ir até o Inpa para realizar trabalho de identificação de novas espécies. As possíveis novas espécies de ácaros que serão descritas serão publicadas em revistas científicas especializadas. Essas publicações serão em conjunto com os pesquisadores do Inpa”, explica ele.

Conforme o Inpa, o estudo da acarofauna edáfica de Mesostigmata e Cunaxidae na Floresta Amazônica preenche a lacuna do conhecimento sobre esse grupo de organismos em ambientes extremamente importantes do Brasil. A partir do conhecimento da riqueza e da abundância das espécies, assim como sua composição, poderá se determinar os padrões característicos dessa fauna. Além disso, esse estudo servirá de base para pesquisas posteriores no Amazonas, visto que a fauna desses grupos nunca foi estudada no Estado. Muitos ácaros predadores que habitam áreas naturais podem apresentar potencial para desempenhar o controle natural de pragas em agroecossistemas. Dessa forma, é importante o conhecimento desses reservatórios de inimigos naturais em ambiente natural para que se possa elaborar e implementar programas de controle biológico. Essa necessidade de conhecimento se torna ainda mais importante ao considerarmos o alto grau de expansão agrícola e pecuária no Amazonas.

A colaboração também ressalta a importância da preservação apropriada do material biológico coletado em diversos projetos, principalmente PPBio e Cenbam, e que podem agora servir como um repositório precioso para diversos especialistas no Brasil e no mundo.

Saiba mais
Criado em 1952 e implementado em 1954, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ao longo dos anos, vem realizando estudos científicos do meio físico e das condições de vida da região amazônica para promover o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconômico regional. Atualmente, o Inpa é referência mundial em biologia tropical.
Os primeiros anos do Inpa foram caracterizados por pesquisas, levantamentos e inventários de fauna e de flora. Hoje, o desafio é expandir de forma sustentável o uso dos recursos naturais da Amazônia. O Inpa ainda possui três núcleos de pesquisas localizados nos Estados do Acre, Roraima e Rondônia.

Texto: Elizabeth Franklin Chilson (Inpa)/Nicole Morás (Univates)