As professoras da Univates Cássia Regina Gotler Medeiros e Olinda Lechmann Saldanha foram selecionadas para apresentar trabalhos científicos no VII Congresso Ibero-americano de Investigação Qualitativa em Saúde. O encontro acontece na Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona, na Espanha, entre os dias 5 e 7 de setembro. O tema que norteará as apresentações no congresso é “Cidadania e transdisciplinaridade: tecendo redes”, e os estudos a serem apresentados pelas docentes analisam as trajetórias das pessoas na busca por cuidado nos serviços de saúde e as estratégias para qualificar esse cuidado na atenção básica.

Psicóloga e coordenadora da Clínica Universitária Regional de Educação e Saúde (Cures), a professora Olinda Saldanha pesquisou, no trabalho “Apoio matricial e institucional para a qualificação da atenção básica no enfrentamento às condições crônicas”, formas de capacitar a atenção básica no enfrentamento de doenças crônicas. “É um estudo desenvolvido com as equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) da região, com o intuito de melhorar os processos de trabalho, a articulação entre a rede local e, ainda, observar as diferentes necessidades das pessoas com condições crônicas. Entender esse fluxo é importante para evitar quadros de agravamento da situação de saúde”, ressalta.

No mesmo sentido, a professora dos cursos de Enfermagem e Medicina Cassia Medeiros avaliou, na pesquisa “As trajetórias assistenciais revelando a rede de atenção à saúde das pessoas com doenças cardiovasculares”, o funcionamento da rede a partir da ótica de pessoas com doenças cardiovasculares que buscam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O que aparece de forma clara no trabalho é o que chamamos de ‘mix público-privado’. Ao mesmo tempo em que as pessoas utilizam o serviço público, também utilizam o serviço privado, principalmente em consultas de média complexidade, por terem acesso com mais rapidez. No entanto, quando precisam de atendimentos de alta complexidade, como cirurgias cardíacas, retornam ao SUS”, observa.
Como ponto em comum, as pesquisadoras identificaram, a partir das pesquisas de campo, dificuldades de comunicação na rede de saúde. Perceberam falhas na troca de informações entre os profissionais que trabalham na atenção básica, na média e na alta complexidade. “A fragilidade da comunicação compromete a continuidade da atenção nos diversos níveis da rede, ocorrendo sobreposição de exames e medicamentos, além do que, algumas vezes, o usuário fica sem vínculo com os serviços de saúde”, explica Cássia.

A partir desse olhar, as docentes defendem que o ensino, na academia, fomente essa integração dos profissionais de saúde. “A Univates tem trabalhado nisso, em projetos pedagógicos que busquem uma formação em que os alunos aprendam a trabalhar de acordo com uma lógica integrada e interdisciplinar”, ressalta Cássia, ao que a professora Olinda complementa: “Um dos objetivos da Cures é ser um espaço para promoção de práticas interdisciplinares. Os estagiários convivem com diferentes áreas dentro da Cures e também se comunicam com profissionais que estão na rede, nas ESF, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas clínicas e hospitais”, exemplifica.

Saiba mais
— Cassia Regina Gotler Medeiros é doutora em Enfermagem, professora nos cursos de Enfermagem e Medicina na Univates e coordenadora do Grupo de Estudos em Desenvolvimento de Sistemas de Saúde (Gedess) da Instituição.

— Olinda Lechmann Saldanha é psicóloga, doutora em Ensino, professora do curso de Psicologia na Univates e coordenadora da Clínica Universitária Regional de Educação e Saúde (Cures).

Texto: Tiago Silva
Foto: Tiago Silva
Legenda: Professoras Cássia Medeiros e Olinda Saldanha participarão de congresso em Barcelona.