Univates participa de ação interinstitucional que avalia danos e riscos socioambientais em Cruzeiro do Sul

Postado as 21/10/2025 12:26:47

Por Lucas George Wendt

Com informações de Brasil de Fato 

A Universidade do Vale do Taquari – Univates participou, na terça-feira (23), de uma VisitAção a comunidades rurais de Cruzeiro do Sul (RS) duramente afetadas pelas enchentes de maio de 2024. A iniciativa, promovida pela rede de articulação do Projeto Cáritas nas Emergências: Comunidades Mobilizadas no Enfrentamento às Mudanças Climáticas, reuniu 29 representantes de 13 organizações governamentais e não governamentais, com o objetivo de analisar os danos e riscos socioambientais e pensar estratégias para fortalecer a resiliência local.

A atividade percorreu cerca de 20 quilômetros por áreas das comunidades Bom Fim, São Miguel e Desterro, três das sete localidades rurais mais atingidas pelo desastre. Entre os participantes estavam representantes da Univates, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), além de movimentos sociais e órgãos públicos como a Defesa Civil, Emater e Prefeitura de Cruzeiro do Sul.

Diagnóstico socioambiental com base científica

Durante a visita, o geólogo, pesquisador e professor Rafael Spiekermann, representando a Univates, contribuiu com a análise técnica sobre o comportamento do solo e dos corpos hídricos na região. Ele destacou que os estudos realizados pela universidade indicam que a lagoa Crispim é uma formação natural antiga, com milhares de anos, e que o rio Taquari tem um histórico de movimentação natural do seu curso, fatores que ajudam a compreender a dinâmica das inundações recentes.

“Essas evidências geológicas mostram que há uma complexa interação entre o solo, o relevo e o regime das águas, o que exige políticas públicas de manejo territorial mais integradas”, explicou Spiekermann.

Além do acompanhamento técnico, a Univates também contribuiu com materiais de apoio para o diagnóstico coletivo. Cada participante da VisitAção recebeu o Mapa do Zoneamento das Áreas de Risco de Cruzeiro do Sul, elaborado em parceria entre a Univates, a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O documento oferece subsídios científicos para a análise de vulnerabilidades e para o planejamento urbano e ambiental do município.

Comunidades em reconstrução

A VisitAção teve quatro paradas principais. A primeira foi na região conhecida como Demanda, entre as comunidades Bom Fim e São Miguel, onde o alagamento interrompe a mobilidade dos moradores. Em seguida, o grupo visitou um ponto da RS-130, na encosta do rio Taquari, onde a erosão avança a cada cheia. A engenheira ambiental Tanara Schmidt, da prefeitura, apresentou ações de recuperação ambiental e destacou o desafio de equilibrar urgência e viabilidade técnica.

Na Barragem Eclusa, na comunidade Desterro, técnicos e gestores debateram o impacto da estrutura e o projeto de instalação de uma hidrelétrica. O coordenador municipal do Meio Ambiente, Diego Sehn, apresentou o funcionamento da “escada do peixe”, que permite a reprodução de espécies locais. Já representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) questionaram a ausência de estudos atualizados de impacto ambiental e social.

A última parada foi na Escola Estadual Itaipava Ramos, em São Miguel, duramente afetada pela enchente de maio de 2024. A supervisora Deisi Prado relatou o esforço coletivo para reconstruir o prédio e acolher as crianças da comunidade. A escola participa, junto à Cáritas, da elaboração do Dicionário das Comunidades para o Enfrentamento das Mudanças Climáticas, projeto de educação ambiental e memória social.

Próximos passos

As observações coletadas durante a VisitAção servirão de base para o Diagnóstico Socioterritorial de Cruzeiro do Sul, em elaboração pela equipe do Projeto Cáritas nas Emergências, pela Univates e por outras instituições parceiras. O relatório reunirá informações técnicas e sociais para orientar políticas públicas de prevenção, proteção e sustentabilidade.

Com informações de Marilene Maia, assessora do Projeto Cáritas nas Emergências. Edição: Katia Marko.

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